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br/cargeourbpop-
gp0049-ago-2022-grad-ead-p/)
1. Introdução
Seja bem-vindo(a)! Você iniciará o estudo de Cartogra�a, Geogra�a Urbana e
da População, uma das disciplinas que compõem os cursos de graduação na
modalidade EaD.
2. Informações da Disciplina
Ementa
A Cartogra�a, Geogra�a Urbana e da População colabora para a formação
pro�ssional do futuro professor de Geogra�a, no sentido de pensar as repre-
sentações grá�cas, enquanto uma Linguagem, e, portanto, exigindo conheci-
mentos cientí�cos e técnicos, mas também como fenômeno cultural e social.
São objetos de estudo: as Representações Grá�cas que, apesar de serem ver-
sões particulares como será exposto nos Fundamentos da Cartogra�a, descre-
vem relações espaciais a partir da visualização de imagem e de um conjunto
de dados que permitem leitura, análise e interpretações do mundo. Para tanto,
analisa-se Conceitos, Processos, Estrutura e Conteúdo do espaço e do sistema
urbano e articula-os aos estudos dos Indicadores e Dinâmicas Populacionais.
Neste sentido, aborda a História da Cartogra�a, a coletânea de Signos e os ele-
mentos cartográ�cos e aspectos que permitem a leitura e utilização de mapas,
tanto da Cartogra�a Sistemática quanto da Temática. A disciplina aborda ain-
da a Evolução do Sensoriamento Remoto aplicado à Geogra�a. No desenvolvi-
mento da Geogra�a Urbana e o seu Campo de Estudo aborda Conceitos,
Práticas Socioespaciais e Con�itos Socioambientais nas dimensões da análise
urbana e o Crescimento das cidades e Redes Urbanas. E aborda ainda o
Planejamento e a Produção do Espaço, a leitura do Planejamento e da Política
Urbana e a Metropolização do Espaço. Por �m, apresenta os Fundamentos da
Geogra�a da População e o Crescimento Demográ�co, além das principais
Estrutura da População. E os Movimentos Migratórios.
Objetivo Geral
Compreender os fundamentos e os princípios teóricos da Cartogra�a
Sistemática e Temática, bem como do Sensoriamento Remoto aplicado à
Geogra�a, e estudar os conceitos, os processos, a estrutura e o conteúdo do es-
paço e do sistema urbano e articulá-los aos indicadores e dinâmicas populaci-
onais.
Objetivos Especí�cos
• Conhecer os princípios teóricos da Cartogra�a Sistemática e da
Cartogra�a Temática e suas relações com a Geogra�a.
• Compreender os conceitos básicos e a evolução do Sensoriamento
Remoto.
• Compreender o campo e o objeto da Geogra�a Urbana, bem como os prin-
cipais conceitos referentes a estrutura e a dinâmica das cidades e do sis-
tema urbano.
• Identi�car os processos de crescimento urbano e a constituição de redes
urbanas bem como conhecer a teoria sobre o planejamento urbano e sua
aplicação no Brasil.
• Re�etir sobre os indicadores utilizados na análise populacional e aplicar
os conceitos e fundamentos da geogra�a urbana e da análise populacio-
nal na interpretação da realidade urbana local.
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Prática Pedagógica
Para ler a íntegra dessa recente legislação, conhecida como BNC-Formação, clique aqui
(https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779).
1. Identi�cação.
2. Caracterização.
3. Observação.
4. Planejamento.
5. Aplicação.
6. Relatório Final.
Para ter acesso a descrição das etapas do desenvolvimento da Prática Pedagógica desta disciplina, con-
sulte os Ciclos 2 e 4 nas ferramentas Plano de Ensino e Portfólio.
Portfólio 1
Horas Totais
Atribuídas
Atividade Nota
20h
Planejamento e orga-
Etapa 1 nização da Prática 5h
Pedagógica. 3.0 pontos
Contextualização da
Etapa 2 15h
Prática Pedagógica.
Portfólio 2
Horas Totais
Atribuídas
Atividade Nota
80h
Observação de ambi-
Etapa 3 entes e situações de 15h
aprendizagem - aula.
Elaboração do plano
Etapa 4 de aula ou da sequên- 20h 10 pontos (3.0 pontos
cia didática. dedicados à
Fundamentação
Desenvolvimento da Teórica)
Etapa 5 25h
prática (regência)
Elaboração e entrega
Etapa 6 do relatório crítico- 20h
re�exivo.
3. Ofícios e Documentos
Nas diferentes etapas da Prática Pedagógica, será necessária a geração, preen-
chimento e assinatura de diferentes documentos obrigatórios disponíveis na
SAV (ferramenta Material). Veja quais são eles:
Importante:
Caso você realize a Prática Pedagógica de mais de uma disciplina em uma mesma escola, o Pedido de
Autorização para Prática Pedagógica de Estudante e o Termo de Compromisso para Práticas Pedagógicas
poderão ser únicos. Lembre-se, apenas, de sempre enviá-los nos respectivos Portfólios de cada disciplina.
4. Sistema Avaliativo
As disciplinas com carga horária de Prática Pedagógica terão uma estrutura
avaliativa diferente das demais, com atividades que serão desenvolvidas pre-
sencialmente em ambientes escolares, em etapas que deverão ser cumpridas
de acordo com o cronograma da disciplina.
No quadro a seguir, veja como está estruturado todo o sistema avaliativo das
disciplinas nessa modalidade:
Valor/pon-
Instrumento Composição Aplicação Ciclo
tos
2 questões re- 2,0
Questões
ferentes a cada (0,40 por ci-
Online SAV Todos
ciclo de apren- clo)
dizagem
Fórum de
Interatividade SAV 1º 2,0
Abertura
1ª e 2ª etapas
Portfólio 1 SAV 2º 3,0
da atividade
Prova interdis-
ciplinar objeti-
va, formada
por 6 questões
NOTA de múltipla es-
1 colha, que con- Aplicada
Avaliação
templam os de modo
Semestral
conteúdos e as online, Todos 3,0
Interdisciplinar
competências com aces-
(ASI)
de todas as so na SAV.
disciplinas do
semestre letivo
em um único
instrumento de
avaliação
Relatório Final
das Práticas
Portfólio 2 Pedagógicas
NOTA
Relatório �nal desenvolvidas SAV 4º 10,00
2
e documenta-
ção comproba-
tória
5. Aprovação/Validação da Prática
A aprovação da Prática Pedagógica estará atrelada ao atendimento dos objeti-
vos propostos. A não realização da atividade proposta gerará dependência da
disciplina.
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Objetivos
• Compreender as representações grá�cas enquanto uma linguagem.
• Analisar o espaço como representação.
• Introduzir os fundamentos teóricos da Cartogra�a, apresentando algu-
mas de�nições e a metodologia cartográ�ca.
Conteúdos
• Representações grá�cas enquanto uma Linguagem, exigindo conheci-
mentos cientí�cos e técnicos, mas também como fenômeno cultural e
social.
• Novos desa�os teóricos para o mapa a partir da análise do espaço como
representação.
• Introdução aos fundamentos da Cartogra�a, algumas de�nições e meto-
dologia cartográ�ca.
Problematização
O que são representações grá�cas? Quais são os novos desa�os teóricos para
os mapas? O espaço como representação: por que a necessidade da
Cartogra�a? Quais são os fundamentos teóricos e as de�nições da
Cartogra�a? Qual a relação entre Cartogra�a e Geogra�a? O que é localização
e orientação?
Bons estudos!
1. Introdução
Neste primeiro ciclo de aprendizagem, estudaremos as representações grá�-
cas enquanto uma linguagem, e propomos um olhar para os novos desa�os
teóricos para o mapa a partir da análise do espaço como representação. Por
�m, veremos uma introdução dos fundamentos da Cartogra�a, apresentando
algumas de�nições e a metodologia cartográ�ca.
Bons estudos!
Este livro é um projeto feito a várias mãos e que traz componentes im-
portantes sobre a Geogra�a. Portanto, recomendamos que faça a busca
pelo nome da obra A necessidade da Geogra�a (CARLOS; CRUZ, 2019), que
está disponível na Biblioteca Virtual Pearson.
Não é uma ciência nem uma arte, mas é, sem dúvida alguma, um método cientí�co
que se destina a expressar fatos e fenômenos observados na superfície da Terra e,
por extensão, na de outros astros como a Lua, Marte etc., através de simbologia pró-
pria (OLIVEIRA, 1988, n. p.).
Já Duarte (2002, p. 21) considera que tanto a ciência como a arte fazem parte
das atividades que dizem respeito à Cartogra�a e, segundo o autor, ela pode
ser considerada uma ciência porque:
Como você pode perceber, essa preocupação persiste até hoje e se faz mais
evidente com o aumento da tecnologia e com o avanço da globalização. A so-
ciedade necessita cada vez mais dos mapas e das cartas, tanto para localizar-
se, como para obter informações sobre a localização de fenômenos como: o au-
mento da população, a criminalidade, a ocorrência de algum con�ito, ou ainda
para identi�car determinadas feições geográ�cas – como �orestas, desertos e
rios. Essas informações cartográ�cas estão sempre presentes nos meios de
comunicação, como jornais, revistas, televisão e internet.
Assim, o objetivo da cartogra�a tem mudado. Hoje toda uma linha de pesquisa
em cartogra�a, decorrente do movimento de visualização cartográ�ca, busca o
estabelecimento de parâmetros para novas relações entre o leitor e o mapa.
Ramos (2005, p. 16), fala sobre a comunicação e visualização cartográ�ca:
[...] o uso de representações visuais concretas – seja em papel seja por meio de
computador ou outra mídia – para tornar contextos e problemas espaciais visíveis,
engajando-se às mais poderosas habilidades humanas para o processamento de
informação, aquelas associadas à visão.
Visualização geográ�ca (GVis) pode ser de�nida como uma forma de visualização
de informações baseadas em mapas que enfatiza o desenvolvimento e a avaliação
de métodos visuais desenhados para facilitar a exploração, análise, síntese e apre-
sentação de informação georreferenciada. GVis possui uma ênfase que combina o
desenvolvimento de teoria, ferramentas e métodos, e no entendimento de como as
ferramentas e métodos são usados para propiciar o entendimento e facilitar a to-
mada de decisão.
A visualização não é apenas uma nova abordagem cartográ�ca, mas também uma
nova forma de pensar a aplicação da cartogra�a como instrumentos de pesquisa.
[...]
Linguagem cartográ�ca
Segundo Joly (1990, p. 13), a Cartogra�a pode ser considerada uma linguagem,
pois “utiliza uma gama de símbolos compreensíveis por todos, com um míni-
mo de iniciação”. Como uma linguagem, a Cartogra�a exprime, mediante o
emprego de signos, um pensamento e um desejo de comunicação com outras
pessoas, embora ela seja uma linguagem exclusivamente visual.
A Semiologia grá�ca está ao mesmo tempo ligada às diversas teorias das formas e
de sua representação e às teorias da informação, desenvolvidas pela psicologia
contemporânea. Aplicada à cartogra�a, ela permite avaliar as vantagens e os limi-
tes das variáveis visuais empregadas na simbologia cartográ�ca e, portanto formu-
lar as regras de uma utilização racional da linguagem cartográ�ca.
Por essa razão, é possível elaborar regras para uma utilização lógica da lin-
guagem cartográ�ca (JOLY, 1990). Esta linguagem apresenta componentes e
variáveis que dão ao mapa a vantagem de permitir a representação dos obje-
tos observados na superfície terrestre em um plano, mantendo sua posição ab-
soluta e suas relações em distâncias e direções.
Para Pancher (2012 apud Joly, 1990), “um mapa pode ser uma imagem carto-
grá�ca simples ou uma �gura formada pela associação de várias imagens car-
tográ�cas percebidas ao mesmo tempo pelo leitor”. Essas imagens, por de�ni-
ção, estão destinadas a ser vistas e lidas por um observador e, portanto, o car-
tógrafo deve, como o pintor ou o desenhista, dobrar-se às leis psico�siológicas
da percepção visual.
Essa é uma das maiores restrições da criação cartográ�ca. No arsenal dos pro-
cedimentos grá�cos, o cartógrafo deve escolher os que facilitarão a leitura rá-
pida e a assimilação da informação por um usuário não obrigatoriamente es-
pecializado.
Dentro disso, o cartógrafo dispõe, de acordo com Bertin (1973, n. p.), de seis va-
riáveis retinianas, ou variáveis visuais, por meio das quais pode exprimir a di-
ferenciação local dos componentes de quali�cação. Essas seis variáveis são as
seguintes:
Valor (intensidade), ou matiz da cor, é resultado de uma adição à cor pura ou cor
“chapada” de certa quantidade de branco que enfraquece a tonalidade e permite di-
ferenciar subgrupos de um conjunto de um mesmo tamanho ou da mesma forma, e
também um bom meio de classi�cação para ordenar uma série progressiva.
Vídeos complementares
5. Considerações
Chegamos ao �nal do primeiro ciclo de aprendizagem. Até aqui foi apresenta-
do a você que a Cartogra�a não se trata apenas da construção de cartas e ma-
pas, mas também da leitura e interpretação destes, a partir de uma linguagem
própria.
Vimos que as novas tecnologias digitais vêm mudando e já é certo que muda-
ram a nossa percepção espacial, este será um desa�o para os professores de
Geogra�a.
No último tópico deste ciclo, você teve uma imersão sobre as de�nições e os
conceitos da cartogra�a e sugerimos alguns materiais multimídias como ví-
deos e podcasts que lhe auxiliam na aprendizagem.
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Objetivos
• Conhecer a História da Cartogra�a.
• Estudar e identi�car a coletânea de Signos e os elementos cartográ�cos.
• Diferenciar e compreender a Cartográ�ca Sistemática e a Cartogra�a
Temática.
• Analisar Sensoriamento Remoto aplicado à Geogra�a.
Conteúdos
• História da Cartogra�a.
• A coletânea de Signos;
• Elementos cartográ�cos e aspectos que permitem a leitura e utilização
de mapas, tanto da Cartogra�a Sistemática quanto da Temática.
• Evolução do Sensoriamento Remoto aplicado à Geogra�a.
Problematização
Como evoluiu a Cartogra�a? Quais são os fundamentos teóricos da
Cartogra�a? Qual a relação entre Cartogra�a e Geogra�a? O que é localização
e orientação? O que é e como se calcula a escala cartográ�ca? A Cartogra�a é
uma arte ou uma ciência? Quais são os tipos de projeções cartográ�cas exis-
tentes? Qual a diferença entre Cartogra�a Sistemática e Cartogra�a
Temática? Quais os principais conceitos relacionados à leitura e à utilização
de mapas e grá�cos? Como é trabalhada a linguagem cartográ�ca no ensino
de Geogra�a? Como o sensoriamento remoto é aplicada à Geogra�a?
Orientação para o estudo
Para o melhor aproveitamento deste ciclo de estudos, acesse os materiais
complementares para ampliar seus conhecimentos quanto aos temas abor-
dados. Assista ao(s) vídeo(s) sugerido(s) e não deixe de responder ao quiz. Ele
não vale nota, mas testa seus conhecimentos.
Bons estudos!
1. Introdução
Neste segundo ciclo de aprendizagem, conheceremos a História da
Cartogra�a, passando pelos signos e os elementos cartográ�cos que permitem
a leitura crítica das representações grá�cas. Além disso, será apresentado as-
pectos que permitem a caracterização e diferenciação entre cartogra�a siste-
mática e cartogra�a temática. Por �m, será analisado o Sensoriamento
Remoto aplicado à Geogra�a.
Bons estudos!
2. História da Cartogra�a
A História da cartogra�a é paralela com o desenvolvimento das técnicas e, a
partir de uma Geogra�a sistematizada (século XIX), reconhecemos que os ma-
pas da Geogra�a sempre foram destaques e um diferencial para esta ciência.
Enquanto disciplina, a associação entre Geogra�a e o mapa ocorre até hoje.
Para iniciar este ciclo de aprendizagem, realize a leitura do artigo Os Mapas da
Geogra�a, de Marcello Martinelli, que aborda na história, o momento em que
houve o franco desenvolvimento de mapas solicitado para atender a demanda
de uma produção geográ�ca. É importante notar neste artigo que a renovação
da ciência cartográ�ca ocorre após novo contexto intelectual, quando o ho-
mem se tornou objeto de ciência.
Cartogra�a e geogra�a
Como mencionamos anteriormente, das ciências relacionadas à Cartogra�a a
mais importante é a Geogra�a, independentemente de qual ramo os fatos e os
fenômenos a serem mapeados tenham sido originados.
[...] hoje tornou-se essencial para o ensino de Geogra�a, seja para o aluno suprir as
necessidades de seu dia-a-dia seja para entender o ambiente a seu redor. Onde, o
aluno, por meio de mapas e cartas topográ�cas, tem acesso a informações físicas,
econômicas, sociais e humanas do ambiente. O que contribui de forma contunden-
te para que, o aluno, entenda melhor os processos e os fenômenos provocados tanto
pela ação do homem quanto pela natureza.
Os temas analíticos podem ser obtidos por correlação entre vários temas elementa-
res ou entre séries estatísticas. São representados na utilização da técnica mais
conveniente e têm o objetivo de melhorar a visualização, incluindo, além de mapas,
outras formas de representação como grá�cos, blocos diagramas e croquis.
Veja o quadro presente na Figura 2, elaborado por Sanchez (1981), no qual ele
diferencia a Cartogra�a Temática da Sistemática:
Entretanto, Joly (1990) elucida esta questão ao a�rmar que se convencionou inter-
nacionalmente, adotar o termo cartogra�a temática para designar todos os mapas
que tratam de outro assunto além da simples representação do terreno.
Rosa (1996) ressalta que em qualquer um dos campos da Cartogra�a, a coleta, o re-
gistro, a análise e a edição dos dados em formato grá�co são operações tradicionais
e rotineiras. Embora haja uma estreita dependência da cartogra�a temática em re-
lação à sistemática - uma vez que esta fornece a base para todos os tipos de mapas,
há uma grande diferença quanto aos métodos utilizados, que sofreram alterações
profundas com o advento das novas tecnologias.
Atualmente, mesmo considerando que a cartogra�a temática está muito mais liga-
da à Geogra�a do que a cartogra�a sistemática, e que não é exclusiva da Geogra�a,
ela é reconhecida como a Cartogra�a da Geogra�a como escreveu Lacoste (1988).
Ele deixou claro que não é possível relacionar à Geogra�a a elaboração de cada um
dos diferentes tipos de mapas resultantes de pesquisas realizadas por geólogos, bo-
tânicos e climatólogos entre outros. Por outro lado, ressaltou que se considerarmos
conjuntamente os diferentes tipos de mapas temáticos que representam um mes-
mo território, parece legítimo, considerá-los como objetos geográ�cos.
Neste trabalho, Lacoste levanta a seguinte questão sobre os mapas: Por que é ne-
cessário procurar considerar conjuntamente as representações espaciais estabele-
cidas pelas diferentes disciplinas cientí�cas? E responde, enfatizando a relação da
Geogra�a com a Cartogra�a:
Porque a ação seja ela do tipo econômico ou militar, por exemplo, não se aplica, na
realidade, sobre um espaço abstrato cuja diferenciação resulta da análise de uma
só disciplina, mas sobre um território concreto cuja diversidade e complexidade só
podem ser extraídas por uma visão global.
Localização e orientação
Desde os primórdios, localizar-se e orientar-se no espaço geográ�co sempre
foi uma preocupação do ser humano. Isso acontecia a principio pela necessi-
dade de encontrar alimento e abrigo. No entanto, com o passar do tempo sur-
giram novas necessidades como traçar rotas de comércio e de navegação, pla-
nejar manobras no campo de batalha, encontrar recursos no subsolo, de�nir o
melhor local para a instalação de uma indústria, entre outros.
Coordenadas Geográ�cas
O globo terrestre pode ser dividido em uma rede de linhas imaginárias que
permitem localizar qualquer ponto de sua superfície. Essas linhas determi-
nam dois tipos de medidas: a latitude e a longitude, que em conjunto são cha-
madas de coordenadas geográ�cas (MOREIRA; SENE, 2004). Assim, para loca-
lizar qualquer lugar, na superfície terrestre, de forma exata, é necessário usar
duas indicações, uma letra e um número. Há necessidade de utilizar elemen-
tos de referencia que possibilitam localizar com exatidão qualquer lugar da
Terra.
Cada meridiano possui seu antimeridiano, isto é um meridiano oposto que, junto
com ele, forma uma circunferência. Todos os meridianos têm o mesmo tamanho.
Convencionou-se o meridiano de Greenwich, que passa próximo a cidade de
Londres, na Inglaterra, como o meridiano principal, o marco zero. A partir dos para-
lelos e meridianos, estabeleceram-se as coordenadas geográ�cas, que são medidas
em graus, para localizar qualquer ponto na superfície terrestre.
Existem pelo menos quatro modos de designar uma localização exata para qual-
quer ponto no globo terrestre. Nos três primeiros sistemas, o globo é dividido em la-
titudes, que vão de 0 a 90º (Norte e Sul) e longitude, que vão de 0 a 180º (Leste ou
Oeste). Para efeitos práticos, usam-se as siglas internacionais para os pontos carde-
ais: N=Norte, S=Sul, E=Leste/Este, W=Oeste.
Fusos horários
Sobre isso, Geomult (2010 apud Moreira e Sene 2007) discorre que:
Dividindo-se os 360 graus da esfera terrestre pelas 24 horas de duração do movi-
mento de rotação, resultam 15 graus. Portanto, a cada 15 graus que a Terra gira,
passa-se uma hora, e cada uma dessas 24 divisões recebe o nome de fuso horário.
O fuso de referência se estende de 7º30’ para leste a 7º30’ para oeste do meridiano
de Greenwich, o que totaliza uma “faixa” de 15 graus. Portanto a longitude na qual
termina o fuso seguinte a leste é 22º30’ E (e, para o fuso correspondente a oeste,
22º30’ W). Somando continuamente 15º a essas longitudes, obteremos os limites
teóricos dos demais fusos do planeta.
As horas mudam, uma a uma, à medida que passamos de um fuso a outro, entre-
tanto, como as linhas que os separam cortam várias unidades politico-
administrativas ao meio, os países �zeram adaptações estabelecendo, assim, os li-
mites práticos dos fusos, na tentativa de manter, na medida do possível, um horário
uni�cado num mesmo pais, estado ou província. No caso dos fusos teóricos, basta-
ria, para determinarmos a diferença de horário entre duas localidades, saber a dis-
tância leste-oeste entre elas, em graus, e dividi-la por 15, a medida de cada fuso.
Porém, com a adoção dos limites práticos, em alguns locais os fusos podem medir
mais ou menos que os tradicionais 15º.
O mapa de fusos do planeta mostra que as horas aumentam para leste e diminuem
para oeste, de qualquer referencial adotado. Isso ocorre porque a Terra gira de oeste
para leste. Como o Sol nasce de leste, à medida que nos deslocamos nessa direção,
estamos indo para um local onde o Sol nasceu antes; portanto nessa região as ho-
ras estão “adiantadas” em relação ao local onde partimos. Quando nos deslocamos
para oeste, entretanto, estamos nos dirigindo a um local onde o Sol nasce mais tar-
de; portanto nesse lugar as horas estão “atrasadas” em relação ao nosso ponto de
partida.
Esboço histórico
Precedendo a própria escrita, os mapas são formas muito antigas de comuni-
cação. Eles servem, sobretudo para representar os elementos que compõem a
paisagem geográ�ca. Essa representação é feita a partir de elementos como
pontos, linhas texturas cores e textos, denominados signos da cartogra�a.
O primeiro deles é a planta de um templo, que forma parte da estátua de Gudea (sé-
culo XXI a.C.), e incorpora uma escala grá�ca; o segundo, desenhado em escala, é o
celebre plano do povoado de Nippur (1.500 a.C.), o qual mostra as muralhas da cida-
de, canais, armazéns e até um parque; o terceiro exemplo é a primeira representa-
ção orientada de que se tem notícias, conhecida como o mapa de Nuzi, nele �gura
uma propriedade rural, com uma superfície de uns 121 hectares, e o nome de seu
proprietário. Entretanto o mais interessante é que, sobre o mesmo, se observa a pre-
sença de três pontos cardeais: Este (na sua parte superior), Norte e Oeste
(MORALES, 2008).
Morales (2008), discorre que nesse período, surge a civilização egípcia que vai
adquirir um grande desenvolvimento na Astronomia e na Matemática.
Heródoto vai a�rmar, muitos anos depois que nessa região é que se inventou
também a Geometria. Nas biogra�as de Pitágoras, constata-se que o conheci-
mento esteve in�uenciado em seu aprendizado adquirido no Egito, onde de-
senvolveu a Geometria prática que deu origem a Topogra�a em meados do sé-
culo IV a.C.
Ainda segundo o autor citado anteriormente, os podemos dizer que a geome-
tria dos egípcios vem se re�etindo há tempos memoráveis, em sua agrimen-
sura. Desde esse período, o povo egípcio tem o conhecimento de “replantear os
detalhes topográ�cos desaparecidos pelas cheias do rio Nilo”.
O papiro de Turín tem de duas partes sendo que a mais importante tem chega
a medir 40 cm de altura, apresentando um desenho de dois caminhos parale-
los entre si, conectados por outro um outro caminho transversal que percorre
regiões montanhosas de cor rosácea. As cores são explicadas a partir de um
texto que mostra o que signi�ca cada uma das zonas coloridas. Segundo
Brandão et. al. (2012), “o signi�cado da cor é explicado por um texto que classi-
�ca as zonas coloridas como as zonas em que se extraia o ouro”.
Mapas orientais
Os chineses desenvolveram uma cartogra�a de excelente qualidade e os ára-
bes criaram a primeira bússola. Neste item conheceremos algumas das con-
tribuições da cartogra�a chinesa. Que também é muito antiga e apresenta for-
mas muito particulares de representação, sendo de grande importância para
cartogra�a, pois in�uenciou muitos mapas posteriormente criados pelos euro-
peus.
Ainda segundo Choi Chi Hong, o cartógrafo Pei Xiu, de Xi Jin (224-271), faz
um relato das experiências dos antigos cartógrafos, apresentando os seis prin-
cípios da cartogra�a, denominados, a Escala, a Direção, o Caminho, o “Gao
Xia”, o “Fang Xie” e o “Yu Zhi”. Os três últimos levam em conta os princípios da
distância segundo uma linha reta, sendo que ainda hoje, a escala, a direção e a
distância são elementos fundamentas da Cartogra�a moderna.
Esses artigos que foram desenterrados do túmulo Ma Wang Dui provaram que
a China já dominava e fazia uso de avançadas técnicas de medição há muitos
e muitos anos. Sendo que pela primeira vez, é a�rmado a importância da esca-
la e da direção, através dos “seis princípios” (HONG 2001).
Os mapas antigos descobertos nas Dinastias Ming e Qing possuíam uma gran-
de componente artística, pois possuíam uma característica muito mais artísti-
ca do que de mapas. Pei Xiu, acreditava que na cartogra�a devia ser aplicado o
método de “Ji Li Hua Fang”, que consistia em traçar vários quadratinhos no
plano, para que fosse atingida uma grande precisão física.
Hong (2001) aponta durante a Dinastia Ming, tanto a quantidade quanto o tipo
de mapas multiplicaram-se. No entanto, embora as teorias cartográ�cas mais
cientí�cas do Ocidente mesmo tendo chegado a china, por volta do ano de
1573-1619, não foram aceitos pelos chineses pois seus pensamentos eram mui-
to tradicionais e muito radicais nessa época.
Contribuição grega
Veremos agora algumas das contribuições gregas para a história da cartogra-
�a e utilizaremos como base o artigo A evolução dos mapas através da histó-
ria, de Mario Ruíz Morales.
Segundo o autor,
[...] era considerado um dos mais importantes geógrafos gregos, sendo o primeiro a
descrever e dimensionar o Ecumene (mundo conhecido), assinalando 60.000 está-
dios de Este a Oeste e 40.000 estádios de Norte a Sul.
Na representação cartográ�ca que se lhe atribui, traçou como principal linha dire-
triz (o diagrama), uma que discorre de Oeste a Este, seguindo o Mediterrâneo, de
modo que a superfície terrestre �cava dividida em duas metades, uma septentrio-
nal e outra meridional. A segunda linha diretriz era uma perpendicular à anterior,
traçada em Rodas, a qual coincidia sensivelmente com o meridiano Siena-
Lysimachia” .
Dicearco fez também uma descrição geral da Terra e realizou um estudo sobre a al-
tura dos montes do Peloponeso e da Grécia, que resultou num dado muito signi�ca-
tivo, mesmo com o pouco interesse mostrado pelos antigos no conhecimento do re-
levo terrestre.
Ptolomeu foi o pioneiro a falar de longitudes, nos termos semelhantes aos atu-
ais, introduzindo a simbologia para a representação cartográ�ca antecedente
dos símbolos convencionais (MORALES, 2008).
A estagnação da cartogra�a
Durante a Idade Média, a evolução do conhecimento cientí�co – e, consequen-
temente, da cartogra�a – �cou estagnado e reprimido por representar ideias
contrárias às da Igreja Católica (DUARTE, 2002). Essa estagnação geográ�ca,
que ocorre na Idade Média, foi tão expressivo que a esfericidade da Terra che-
gou a ser considerada uma ideia banal e pois não se ajustava ao conteúdo da
Bíblia, que era considerada o livro da verdade.
Com o início das Grandes Navegações, ainda na Idade Média, começam a ser
elaborados os Portulanos, que vão se dividir em dois grupos distintos, ou seja o
grupo dos espanhóis e o grupo dos italianos. Os italianos tinham como princi-
pal característica desenhar somente o perímetro do litoral, sendo que os espa-
nhóis estendiam sua representação para a zona continental, simbolizando
melhor as características físicas, desenhando rios e representando monta-
nhas e planícies assim como as posições das cidades e outros lugares de inte-
resse. Aos espanhóis, pertence ainda o atlas catalão ou de Cresques, que foi
confeccionado por uma família judia de Mallorca em 1375, onde aparece pela
primeira vez a palavra Granada (MORALES, 2008).
Veja, na Figura 11, um exemplo de portulano (no caso, elaborado por João
Teixeira Albernaz):
Uma importante �gura desse período foi Gerhard (Gerardo) Mercator, respon-
sável pelo desenvolvimento de vários estudos sobre Matemática e Cartogra�a.
Entretanto, seu trabalho mais importante é sua Projeção Cartográ�ca, que de�-
ne meridianos retos e equidistantes, além de paralelos também retos, porém,
cada vez mais espaçados entre si nos polos.
[...] 98,9% do território brasileiro encontrava-se mapeado; desse total, 61,2% veio a
ser mapeado pelo Serviço Geográ�co, 30,5% pelo Instituto Brasileiro de Geogra�a e
Estatística e 7,2% por terceiros.
Enquanto comunicação, os mapas são muito antigos. Cada povo nas suas dis-
tintas maneiras percebeu e produziu imagens espaciais e contribuiu para o
desenvolvimento da Cartogra�a: dos desenhos pré-históricos gravados em ca-
verna até a alta tecnologia e o uso da computação grá�ca, nos dias de hoje. A
sua estima, enquanto linguagem e comunicação, está materializada pelos ma-
pas, independentemente do material usado na sua produção. Para exempli�-
car essa abrangência e riqueza da cartogra�a, veremos a seguir vídeo intitula-
do "História: a história da cartogra�a e a importância dos mapas".
É interessante notar que o professor é historiador e faz uma relação entre pro-
dução de mapas, povos e o contexto vivido na época, inclusive do papel e im-
portância daquele que produz o mapa. Destaca também, assim como Marcello
Martinelli, a visão impregnada de quem elabora o mapa. É uma interpretação
acerca do território representado, a partir de escolhas que carregam o saber
socialmente construídos. Um saber que, enquanto produto social, está atrelado
ao poder. E isso é visível ainda hoje nos planisférios que encontramos nos ma-
teriais didáticos, por exemplo, elaborados a partir de uma visão eurocentrista.
Moreira e Sene (2004) relatam que a escala é a responsável por fazer essa rela-
ção e estabelecer essa correspondência, assim ela vai expressar o quanto os
elementos do espaço geográ�co foram reduzidos para caberem numa folha de
papel ou numa tela de computador.
[...] impossível encontrarmos uma rua de qualquer cidade num mapa-múndi, por-
que na escala utilizada nesse tipo de representação até mesmo uma metrópole se
torna apenas um ponto. Para representar uma rua, é preciso usar uma escala mais
adequada.
Todas as cartas são construídas fazendo uso de uma escala. Uma exceção é dos
mapas-esboços, onde a maior preocupação é fornecer a noção do comportamento
espacial dos fatos (sua dimensão relativa), e não o seu tamanho (dimensão absolu-
ta).
Devemos saber que mapas em escala real não existem, ou seja, em que cada
medida feita no mapa corresponda à mesma medida no terreno. Assim, se-
gundo os autores citados anteriormente:
Se um desenho fosse tão grande a ponto de sua escala ser de 1 por 1, é mais adequa-
do chamá-lo de “planta” ou apenas, um desenho. Por exemplo, desenhistas de pe-
ças mecânicas, que muitas vezes fazem desenhos da dimensão normal do objeto ou
maior (ampliado). Contudo, esses desenhos não são mapas.
Quanto às escalas quantitativas, nos mapas e cartas elas são geralmente apre-
sentadas de acordo com uma das três formas a seguir:
Escala Expressa ou Explícita: Indica (verbalmente) que um certo número de unida-
des (centímetros, metros, quilômetros, etc.) no mapa corresponde a um outro nú-
mero de unidades no terreno (metros, milhas). É essencial dizer as unidades de me-
dição de ambas as partes, por exemplo:
Portanto é representada pela fração, E= d/D, que relaciona dois valores que tem a
mesma unidade de medida (centímetro, metro, pés, polegadas, quilômetros, etc.).
Por isto é importante lembrar que a escala numérica não tem unidade desde que
qualquer que sejam as unidades elas se anulam numa fração. Este tipo de escala é
a mais precisa para o uso no cálculo de distâncias exatas. Portanto esse é o tipo
mais utilizado nas ciências, especialmente na cartogra�a, geodésia, topogra�a, ge-
ogra�a e em qualquer estudo detalhado de uma área terrestre. ( Éválido notar nes-
tes exemplos que a distância no mapa é sempre estabelecida antes tendo como va-
lor a unidade). Exemplo:
Uma escala verbal de “2cm equivale a 500m” não deve ser traduzida como
2cm:500m. O correto é escrevê-la como uma fração representativa: 1:25.000 ou
1/25.000 (pois, 500m = 50.000cm, portanto a relação é de 2/50.000, que simpli�cada
resulta em (2/50.000) / 2 = 1/25.000.
Esses autores ressaltam que para evitar confusão é preciso lembrar que a ex-
pressão “mapa de escala pequena” não signi�ca o mesmo que “mapa peque-
no”. Este último se refere ao tamanho do papel. O autor coloca ainda alguns
lembretes para resumir os aspectos das escalas qualitativas:
3) Se um mapa numa escala, por exemplo, de 1:50.000 for ampliado para uma escala
de 1:10.000, passará a ser cinco vezes mais extenso e cinco vezes mais largo. O no-
vo mapa terá vinte e cinco vezes o tamanho da folha requerida para o mapa origi-
nalmente numa escala menor.
4) Quanto maior for a escala do mapa, menor será a porção da superfície da Terra
que pode ser representada numa folha de tamanho conveniente, porém maior o nú-
mero de detalhes (número de características, etc.) podem ser apresentados.
5) Quanto menor a escala, maior a porção da Superfície terrestre que pode ser re-
presentada numa folha do tamanho conveniente, porém, será menor o número de
detalhes que poderão ser apresentados.
de 1:25.000
Cartas topográ�cas,
Escala Média Escala de Semi-detalhe até
cobertura do solo
1:250.000
[...]
a) Para achar a distância (D) no terreno, divide-se a distância (d) no mapa pela es-
cala fracionária (E):
D = d/E
D = d x Demon
b) Para achar a distância no mapa (d) multiplica-se a escala (E) pela distância no
terreno.
c) Para achar a escala (E), divide-se a distância no mapa (d) pela distância (D) no
terreno:
Os mapas desenhados numa escala grande, tais como cadastrais, permitem que se
mostre muito sobre detalhes topográ�cos, como cercas, valas, atalhos, etc.
O fato desses mapas possuírem uma grande escala permite que se realize uma re-
presentação sem exageros graves dos acidentes importantes. Mas, a cobertura es-
pacial de cada carta é pequena e os custos altos.
MAIOR UNIDADE
Deka da 10¹ 10
Mega M 104
Giga G 105
Tera T 106
Peta P 107
Exa E 108
MENOR UNIDADE
Micro µ
Nano n
Pico p
Femto f
atto a
Fonte: adaptado de Anderson (2012, p. 2).
Outro assunto abordado pelo autor referente ao estudo das escalas, é a trans-
formação de uma escala grá�ca em escala numérica. Para transformar uma
escala grá�ca medimos a extensão da escala numérica num mapa e depois
convertemos os valores como descrito a seguir.
Partindo do princípio de que uma escala numérica representa 1cm ( ou 1mm) equi-
valente a um número de centímetros medidos na escala grá�ca e o valor real que
ele representa (em quilômetros ou metros) no terreno 1/comprimento da escala =
X/distância correspondente no terreno (ANDERSON et al., 2012, p. 2).
Então simplesmente desenha-se uma linha reta e, começando com um ponto zero
à extrema esquerda da linha, e enumera-se cada centímetro com múltiplos conse-
cutivos do valor obtido. Se esse não for conveniente, divide-se o valor por 10 pelo
valor por centímetro, obtendo a medida de centímetros equivalente a um múltiplo
de 1km dependendo da escala [...] (ANDERSON et al., 2012, p. 2).
Ou seja,
1000mm 1m = 1000mm
Problemas resolvidos
Usando o mapa da Figura 17, como calcular a distância real entre Lisboa
e Lyon, empregando a escala grá�ca?
Figura 17 Mapa que mostra as cidades de Lisboa (Portugal) e Lyon (França).
Resolução:
Assim, podemos utilizar uma regra de três para calcular o valor que que-
remos descobrir:
X---------------------------0,000145
0,00002x = 200,000145
x = 0,029/0,00002
x = 1450km
Problemas resolvidos
2x = 20.000.000
x = 20.000.000/2
x = 10.000.000
1cm---------------10.000.000
5cm--------------- x
x = 10.000.000 . 5
Para compreender o princípio de que a Terra sendo uma esfera, ao ser coloca-
da numa folha de papel, deve se adaptar à forma plana, basta pressionar o glo-
bo terrestre para que ele �que plano. Você perceberá que ao sofrer tal pressão o
globo irá partir-se em vários lugares, como ilustra a Figura 18:
Uma projeção cartográ�ca, segundo Pancher (2012 apud Duarte, 2002) “é a ba-
se para a construção dos mapas, à medida em que se constitui numa rede de
paralelos e meridianos, sobre a qual os mapas poderão ser desenhados”.
O cilindro ou cone passa a ser um plano com a rede geográ�ca nele inscrita,
constituindo-se, então, em uma projeção cartográ�ca cilíndrica ou cônica.
[...] todas as representações da Terra com a exceção das de escala grande e de pe-
quenas regiões, que possuem curvaturas negligenciáveis, teriam que ser globos ou
segmentos curvos de globos, os quais são volumosos, dispendiosos, e de difícil pro-
dução e comercialização em massa. Além disso, a �m de examinar uma distribui-
ção espacial do mundo inteiro, os usuários do globo precisam girar e possivelmente
inclinar o globo tão bem quanto mover os seus olhos. Porém para transformar num
plano as superfícies curvas, como as da Terra, Lua, de Marte, ou de uma “cabeça”
esférica e é preciso usar projeções, as quais sempre causam distorções nas formas
e nas relações de distância.
A respeito das distorções geométricas inerentes, as vantagens dos mapas planos
excedem de longe suas desvantagens; portanto, as vantagens associadas aos glo-
bos grandes e sem distorções são sobrepujadas, para a maioria dos usos, simples-
mente pelas di�culdades de seu manejo.
Segundo o autor, para conseguir manter essa similitude são alteradas as áre-
as, como é o caso da projeção de Mercator, na qual os ângulos das �guras pe-
quenas são conservados, mas as grandes áreas aparecem aumentadas. O caso
da Groenlândia, exemplo comum em livros didáticos, e que aparece no planis-
fério construído nessa projeção com superfície superior à América do Sul, em-
bora seja oito vezes menor.
Essa projeção é considerada por alguns como a mais correta, porque mostra o
tamanho real das massas continentais, ao contrário da projeção de Mercator,
que aumenta a área dos países do hemisfério Norte, onde estão os grupos do-
minantes no que tange às questões econômica e cultural (NOGUEIRA, 2009).
Já a Equidistância é a propriedade que:
Superfícies de projeção
A superfície terrestre, por ser uma esfera ou elipsoide, não é reproduzida sobre
o plano sem grandes deformações. Devido a isso foi desenvolvida uma manei-
ra de minimizar esse problema por meio da criação de superfícies intermediá-
rias ou auxiliares. Essas superfícies são chamadas de superfícies de projeção
e podem ser o plano ou uma superfície auxiliar desenvolvível em um plano
como o cilindro ou o cone. Podemos observar as superfícies de projeção na
Figura 21:
Normais ou Polares
Horizontais ou Oblíquas
Projeções Equivalentes
A projeção equivalente é aquela que possui característica de igualdade de áre-
as, isto é:
• Cada área está em verdadeira grandeza e, por isto, pode ser relacionada com
outras em qualquer outro setor da representação.
• Envolve transformação inexata dos ângulos e distâncias e é importante em
mapas usados para comparar densidade e os dados de distribuição, como no
caso da demogra�a (GEOLAB, 2012).
Segundo Yoshizane (2012) “as escalas máximas e mínimas são recíprocas: a.b
= 1, mantendo uma escala de área uniforme”.
Projeções A�láticas
De acordo com Nogueira (2009), as projeções a�láticas são aquelas que não
conservam ângulos e nem as áreas sendo que nestes sistemas é dada a prefe-
rencia para reduzir ambas as deformações em vez de eliminar uma a custa de
contemplar a outra. Yoshizane (2012) relata que “as projeções a�láticas não
conservem área, distância, forma ou ângulos, mas podem apresentar alguma
outra propriedade especí�ca que justi�que a sua construção”.
Projeções Equidistantes
De acordo com Geolab (2012), qualquer uma das projeções anteriormente cita-
das pode:
Ainda de acordo com o autor, o modo do traçado, as projeções podem ser clas-
si�cadas em:
Planas ou azimutais
As superfícies de projeção planas ou azimutais podem ser ortográ�ca, estereo-
grá�ca, azimutal equivalente de Lambert, azimutal equidistante, gnomônica
(conforme ilustram as Figuras 23 e 24).
Figura 23 Ortográ�ca: foi popular durante a 2a Guerra Mundial. Com os voos espaciais, foi rebuscada, pois lembra a fo-
Figura 24 Estereográ�cas: o aspecto oblíquo tem sido usado para projeção planimétrica de corpos celestes: Lua, Marte,
Mercúrio, Vênus. O aspecto polar elipsóidico tem sido usado para mapear as regiões polares (Ártico e Antártico).
Figura 25 Azimutal Equivalente de Lambert: não é perspectiva, podendo ser chamada de “sintética” por ter sido de-
Figura 27 Gnomônica: sendo utilizadas como cartas polares de navegação; navegação marítima e aérea; rádio e radio-
Cilíndricas
As superfícies de projeção cilíndrica podem ser classi�cadas em Mercator,
Transversa de Mercator, Equivalente de Lambert e Oblíqua de Mercator, como
ilustram as Figuras 28, 29, 30 e 31.
Figura 28 Mercator: é ainda bastante empregada em Atlas e cartas que necessitem mostrar direções (cartas magnéti-
cas e geológicas). Praticamente todos os mapas de fusos horários são impressos na projeção de Mercator.
Figura 29 Transversa de Mercator: utilizada para mapeamentos topográ�cos e é base para a projeção UTM (Universal
Transversa de Mercator).
Ainda de acordo com Duarte, (2002), à proporção que a latitude aumenta, a es-
cala sobre os paralelos vai sendo progressivamente exagerada e, ao mesmo
tempo, vai diminuindo sobre os meridianos na proporção inversa.
Figura 30 Equivalente de Lambert, na qual há uma grande distorção nas altas latitudes devido à desigualdade entre a
Figura 31 Oblíqua de Mercator: é uma projeção semelhante à projeção regular de Mercator, em que o cilindro é tangen-
Desse modo, podemos a�rmar, de acordo com IBGE (1998), que as projeções do
tipo planas ou azimutais são apropriadas para cartas equivalentes em baixas
latitudes e para a confecção de mapas mundiais de baixas latitudes.
Projeções cônicas
As projeções cônicas podem ser classi�cadas em: Equivalente de Albers,
Cônica conforme de Lambert e Policônica.
Equivalente de Albers
Policônica
Figura 36 Tangente.
Figura 37 Secante.
por um acordo geográ�co mundial, os fusos UTM são de seis graus de largura, enu-
merados crescentemente de oeste para leste a partir do meridiano 180º, que se en-
contra no Oceano Pací�co. As regiões polares recebem um tratamento especial e
tomam a forma circular. São necessários 60 fusos de seis graus para cobrir uma es-
fera de 360º. Cada fuso, é bem alongado, possui um meridiano central absoluta-
mente reto e poucas distorções como pode ser visto na �gura 18. En�m, a UTM é
muito bem adequada para cartas de escala entre 1:1000.000 até 1:10.000. Somente é
preciso subdividir a área em tamanhos convenientes para o mapeamento e para
um sistema de coordenadas quadriculadas [...].
Coordenadas UTM
Em cada fuso da projeção UTM estão marcadas linhas quadriculares de 100 por 100
km com tantas subdivisões quantas se desejem como numa folha de papel milime-
trado.
cas.
As quadriculas de uma faixa de UTM possuem um limite oeste, ele está exatamen-
te a 500.000m (500km) a oeste do meridiano central da faixa. Com isso, a linha li-
mite do lado oeste tem o valor zero no sistema métrico decimal. Todas as medidas
na direção leste são positivas e chamadas de abcissas, isto é são medidas feitas na
direção leste a partir da linha zero. Contudo, na realidade essa linha zero nunca
aparece numa carta topográ�ca porque ela extrapola a folha, os lugares terrestres
mapeados em cada faixa nunca vão além de 340km do meridiano central. É neces-
sário lembrar que em cada uma dessass sessenta faixas do sistema UTM tem sua
própria “linha zero”. Sendo assim, as abcissas (numerações a leste da linha zero)
estão anotadas nas margens horizontais das cartas [...] (ANDERSON et al., 2012).
Figura 40 Uma régua com duas escalas para medição de coordenadas UTM.
Os números pequenos que �cam no alto à esquerda signi�cam as centenas de
quilômetros de separação entre aquele ponto e a linha zero, que está no extremo
oeste, eles geralmente não são usados quando se está referindo somente às coorde-
nadas contidas em uma carta.
[...]
Combinando a abcissa com a ordenada cada ponto da superfície da Terra tem seu
par de coordenadas, dentro de uma faixa UTM. Esta quadrícula de coordenadas po-
de ser subdividida quantas vezes se quiser para obter uma precisão de centenas ou
dezenas de metros, e até frações deste, se a carta está numa escala adequada para
tanta precisão .
[...]
• Ciência.
• Arte.
• Técnica.
• Ciência: de acordo com Duarte (2002), a cartogra�a pode ser considerada uma
ciência, pois está inserida em um campo de atividade humana que requer o
desenvolvimento de conhecimentos especí�cos, aplicação sistemática de
operações de campo e laboratório, planejamento dessas operações, metodolo-
gia de trabalho e aplicação de técnicas, além do conhecimento de outras ciên-
cias.
• Arte: a sensibilidade artística é própria, também, de todo trabalho cartográ�-
co. Por ser caracterizado como documento exclusivamente visual, o mapa es-
tá submetido a leis �siológicas de percepção da imagem. Assim, para que se
cumpra corretamente sua função de transmitir a informação ao receptor
(dentro da ótica de comunicação), é essencial que haja harmonia entre cores,
símbolos, boa disposição dos elementos (traçados, legenda, letreiros), respei-
tando sempre as regras da semiologia grá�ca, e primando pela estética.
Nesse sentido, Duarte (1991) a�rma que o trabalho cartográ�co deve objetivar
o ideal da beleza. Deve-se salientar que a arte não quer dizer complexidade, e
muito menos que deva se priorizar o aspecto decorativo do mapa em detri-
mento da precisão de sua informação. Na representação cartográ�ca, o cará-
ter artístico, juntamente com o cientí�co, deve compor um conjunto harmoni-
oso, que satisfaça o leitor por meio da beleza, e garanta a qualidade e o nível
de informação fornecida.
• Técnica: a técnica justi�ca-se pelo fato de que todo conjunto de operações ser
direcionado à obtenção de um documento com caráter altamente técnico, o
mapa. Seu objetivo primeiro, de comunicar uma idéia sem dar margens a in-
terpretações contraditórias (MARTINELLI, 1991), con�rma esta posição. Outro
fator que destaca claramente a tecnicidade do mapa é, como indica Joly
(2003), que a atividade cartográ�ca engloba as atividades que vão desde o le-
vantamento de campo, ou mesmo de documentos cartográ�cos já existentes
na bibliogra�a, até a impressão de�nitiva e publicação do mapa elaborado.
Mas será que é necessário que todos aprendam essas características tão pecu-
liares da ciência cartográ�ca? A justi�cativa para aceitarmos a a�rmativa an-
terior é muito simples.
Sendo assim, é aconselhável que conheçamos todas as suas etapas. Como sa-
lientou Joly (2003), as operações cartográ�cas são extensas, vão desde o le-
vantamento de dados até a divulgação do material. No entanto, isso não signi-
�ca que devemos dominar o manuseio de cada etapa do processo de elabora-
ção do mapa. É desejável, pelo menos no campo pro�ssional, que haja especia-
listas para as diversas etapas do trabalho cartográ�co.
Comunicação cartográ�ca
Há inúmeras formas de comunicar uma mensagem. De maneira simplista, po-
demos indicar a comunicação por meio da fala (comunicação verbal), da mú-
sica, da escrita e de várias outras possibilidades desenvolvidas ao longo da
história do homem.
Linguagem
Qualquer e todo sistema de signos que serve como meio de comunicação de idéias ou senti-
mentos através de signos convencionais, sonoros, grá�cos, gestuais etc., podendo ser perce-
bida pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva a distinguir várias espécies de lingua-
gem: visual, auditiva, tátil, etc., ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo
tempo, de elementos diversos, como se faz nos �lmes que misturam a linguagem visual
com a sonora (ALMEIDA, 1980, n. p.; HOUAISS, 2001, n. p.).
• Remetente: é aquele que envia a mensagem. Dessa forma, para que uma
mensagem seja transmitida com e�ciência será necessário que o cartó-
grafo (remetente) apresente pleno domínio das técnicas cartográ�cas, pa-
ra que possa conceber a simbologia mais adequada capaz de representar
a informação desejada, obtendo êxito na transmissão da informação. No
entanto, somente obteremos sucesso se o cartógrafo compreender a natu-
reza da informação que estará representando. Ou seja, é preciso que o car-
tógrafo compreenda e domine o assunto.
Complementando essa de�nição, Joly (2003, p. 134) a�rma que “[...] para um
bom cartógrafo, primeiro é preciso ser um bom especialista. É preciso domi-
nar o assunto a ser tratado [...] ao mesmo tempo que uma séria maestria da
composição grá�ca”.
Isso signi�ca que o remetente só será capaz de elaborar uma boa mensagem
visual se possuir um bom repertório. Nesse contexto, cabe de�nir repertório e
destinatário.
Visualização Cartográ�ca
Segundo Ramos (2001), a visualização cartográ�ca é uma nova forma de con-
ceber a cartogra�a.
Como podemos observar, o mapa não é capaz de informar nada. A solução pa-
ra este problema, como menciona Joly (2003), foi bastante simples: multiplicá-
los e diversi�cá-los.
Podem ser utilizados por muito tem- Geralmente os dados são superados
po. com rapidez.
Sempre servem de base para outras Raramente servem de base para ou-
representações. tras representações.
Fonte: adaptado de Archela (2000); Duarte (1991, p. 22).
Re�etindo sobre essa de�nição, Santos (2002) a�rma que ela se aproxima mui-
to da Geogra�a, visto que nela se apresentam dois elementos fundamentais
para essas ciências: a relação Natureza – Sociedade.
Com base na compreensão dos conteúdos estudados, responda: qual das ima-
gens a seguir (Figura 45) possui a maior escala?
Figura 45 Imagem escala terra Brasil.
Como podemos notar, a imagem apresentada pela Figura “B” apresenta uma
escala cartográ�ca maior se comparada à escala da Figura “A”. Acompanhe,
agora, o caso a seguir.
A confusão que fazemos para responder a essas questões está no fato de utili-
zarmos o termo escala aleatoriamente em nosso cotidiano. Como salienta
Castro (2003), na Geogra�a, o raciocínio analógico entre escala cartográ�ca e
escala geográ�ca di�culta a problematização deste conceito.
Re�etindo sobre esse assunto, Castro (2003, p. 119) a�rma que “[...] referir-se ao
local como grande escala e ao mundo como pequena escala é utilizar a fração
como base descritiva e analítica, quando ela é apenas um instrumental”.
De acordo com Castro (2003, n.p.): “A análise geográ�ca dos fenômenos requer
objetivar os espaços na escala em que eles são percebidos”.
Como indicado pelo IBGE, o menor comprimento grá�co que se pode represen-
tar em um desenho é um ponto com diâmetro igual ou superior a 0,2mm.
A medida de 0,2mm �cou estabelecida como erro grá�co – o menor ponto per-
ceptível pelo homem. Assim, partindo de uma escala cartográ�ca de�nida,
pode-se determinar o erro admissível ou erro tolerável para um determinado
elemento, que é calculado da seguinte forma:
Et = 0,0002m * M
Onde:
a) Et = 0,0002m * M
b) Et = 0,0002*1
c) Et = 0,0002
M = Et / 0,0002
• M = 10 / 0,0002
• M = 50 000
Generalização cartográ�ca
A escolha e a conveniência da escala a ser utilizada dependerão das dimen-
sões da porção do território que se queira mapear, bem como do objetivo do
mapa.
Tais fatores irão determinar a quantidade dos detalhes que se deseja visuali-
zar baseando-se em suas dimensões reais.
9. Tradução grá�ca
Para iniciarmos os estudos deste tópico, é importante relembrar a de�nição de
Cartogra�a Temática, vejamos:
Para facilitar nossos estudos, aceitaremos quatro regras básicas propostas por
Duarte (1991), as quais serão tomadas como “leis” na representação grá�ca,
mais precisamente para a representação temática.
No decorrer deste tópico, abordaremos cada uma das leis da representação te-
mática.
Desse modo, Bertin (1967), em sua teoria, a�rma que a representação grá�ca
tem por base transcrever visualmente três relações lógicas fundamentais que
podem se estabelecer entre objetos.
Desse modo, tanto o emissor quanto o receptor têm uma única interpretação
dos fatos representados.
Com esse processo, Bertin (1967) a�rma que se efetiva o esquema de comuni-
cação monossêmica, o qual se refere à expressão que remete a um mesmo
sentido. O signo monossêmico é fechado, impede uma leitura plural. Cada sig-
ni�cado corresponde a um único signi�cante.
Na semiologia grá�ca, a relação entre objetos é tratada pelo nível de organiza-
ção. Ele transcreve a relação que existe entre os objetos de um determinado te-
ma. A compreensão dessa relação é fundamental para selecionar apropriada-
mente a melhor forma de se representar gra�camente os dados. Vale dizer,
neste contexto, que o conceito de nível de organização utilizado pela semiolo-
gia grá�ca é correlato ao conceito de escala de mensuração, muito utilizado
pela Estatística.
Estatística Semiologia
Grá�ca
(Escala de
mensura- (Nível de Síntese descritiva das relações entre objetos
ção) Organização)
Temos que:
Tamanho
O tamanho compreende a variação da dimensão dos símbolos (altura, largura,
profundidade), permitindo que sejam extraídas informações sobre a grandeza
dos componentes do mapa. Esta é a variável mais apropriada quando se pre-
tende transmitir um nível de informação quantitativo (Q). Observe a ilustração
pela Figura 48.
Fonte: Martinelli (1991, n. p.).
Figura 48 Tamanho.
Valor (intensidade)
A variável valor, consiste na diversi�cação da tonalidade de uma cor, quando
valores fortes e fracos são representados, respectivamente, por tons escuros e
claros, ou seja, variação do preto ao branco (ou de qualquer outra variação to-
nal). Essa variável é dissociativa, pois dissocia qualquer outra variável com a
qual ela pode combinar. Vale destacar que, no caso de uma só tinta, a técnica
de degrade é que mostrará a intensidade do fenômeno. Acompanhe a demons-
tração dessa variável por meio da Figura 49.
Figura 49 Valor.
A variação de valores fracos e fortes por tonalidades claras e escuras vale para
todas as relações ordenadas ou quantitativas. Por exemplo, se representásse-
mos a expansão da área urbana de uma cidade, os bairros mais antigos seriam
representados por cores mais claras, e os bairros mais recentes seriam indica-
dos por valores mais escuros. A sequência de cores segue uma ordem lógica já
de�nida, que será apresentada posteriormente.
Granulação (Textura)
Esta opção é pouco usada, e se assemelha à variável valor, porém de�nida co-
mo uma variação de tamanho de elementos �gurados, sem modi�cação da
proporção de cor. É obtida a partir do tamanho e espaçamento das primitivas
grá�cas ponto e linha. Nesse caso, as linhas apresentam sempre a mesma di-
reção, variando apenas o espaçamento ou a espessura, capaz de transmitir a
sensação de diferentes valores. Veja mediante a Figura 50 a variável granula-
ção.
Figura 50 Granulação.
Cor
A cor é uma variável seletiva que mais se empregada nas representações, jun-
tamente com as variáveis tamanho e valor. Ela pode ser usada para agrupar
objetos pertencentes a uma mesma classe ou distinguir grupos de formas se-
melhantes, ou ainda sugerir noções de hierarquia a elas. É uma variável muito
importante e complexa, principalmente devido à intensi�cação de seu uso e à
utilização dos recursos dos softwares grá�cos que são aprimorados constan-
temente. Além disso, em termos de manuseio, ela é a mais delicada, pois con-
tém maior número de conceitos, o que di�culta o seu uso. Em função dessas
características, a variável cor será analisada com mais profundamente logo
adiante.
Figura 51 Cor.
Orientação
A orientação (Figura 52) é aplicada como linhas e formas alongadas, a varia-
ção na direção das linhas que preenchem a área é obrigatória, mas a distância
entre elas deve ser a mesma. Além disso, esta variável corresponde à inclina-
ção do traço nas representações em uma só linha, quando então usamos ha-
churas e tramas.
Loch (2006) considera que as diferentes direções assumidas pelas linhas são:
vertical, horizontal e inclinada (45°).
Figura 52 Orientação.
Forma
Trata-se do efeito ou da con�guração dos símbolos, podendo ser usadas varia-
ções geométricas, combinações de traços e �guras, além de símbolos evocati-
vos. Neste caso, devemos prestar atenção às convenções cartográ�cas adota-
das para representação de determinados temas e objetos, como, por exemplo, a
mineração representada por dois martelos cruzados, aeroporto pelo símbolo
de um avião, entre outros. E por �m a forma (Figura 53) representa uma variá-
vel ideal para diferenciar inúmeros caracteres, ou seja, para diferenciar dados
qualitativos. Vejamos:
Fonte: Martinelli (1991, n. p.).
Figura 53 Forma.
De acordo com Joly (2003), cada uma dessas variáveis tem suas propriedades
perceptivas, no entanto, nenhuma delas possui todas as propriedades ao mes-
mo tempo. Em contrapartida, é possível combinar muitas variáveis num mes-
mo ponto no plano para caracterizar várias qualidades de um mesmo objeto,
como, por exemplo, a forma mais a cor.
Martinelli (1991) destaca que as seis variáveis visuais mais as duas dimensões
do plano têm propriedades perceptivas necessárias para uma adequada trans-
crição grá�ca que deve ser considerada para traduzir adequadamente as três
relações fundamentais entre objetos, a relação de similaridade e diversidade,
de ordem e de proporcionalidade.
De acordo com Farina (1986), a cor não existe por si só, na realidade ela é uma
sensação, ou uma realidade sensorial. Ou seja, o que percebemos é apenas a
re�exão de parte da radiação eletromagnética (REM), proveniente de determi-
nada fonte, que pode ser natural, como o sol, ou qualquer outra fonte arti�cial
que emita luz visível, como uma lâmpada. A luz visível que incide sobre a su-
perfície da terra, ao interagir com a matéria, tem uma parte absorvida e outra,
re�etida, sendo que esta última é interceptada por nossos olhos.
Também é com base nas reações �siológicas causadas pelas cores que as pro-
pagandas e o marketing em geral se assentam. As cores expostas de forma
isoladas ou combinadas são capazes de despertar desejos como fome, sede,
consumo, sensação de bem-estar, irritação, excitação, relaxamento, volume,
distância, proximidade etc. Logo, a escolha das cores não é aleatória, pois
existe uma ordem natural que rege a harmonia para o uso das cores, e esta or-
dem está intimamente ligada à distribuição espectral das cores.
O uso das cores no mapa deve ser considerado em conjunto com os elementos
que compõem o produto cartográ�co, que proporcione um resultado percepti-
velmente harmonioso, leve aos olhos de quem o vê.
A cor-luz baseia-se na luz solar e pode ser vista por meio dos raios luminosos.
A cor-luz representa a própria luz, capaz de se decompor em várias cores. A
formação das cores nesse sistema é feita pelo processo aditivo. No sistema
cor-luz, as cores primárias serão: verde, vermelho e azul.
O círculo das cores pode facilitar o entendimento das paletas de cores utiliza-
das nos sistemas grá�cos (Figura 56) para geração de mapas digitais. A
sequência de cores apresentadas será fundamental para a representação de
ordem, hierarquia, similaridade/diversidade entre objetos.
Podem ser usados diferentes matizes como verde, azul e magenta, de brilhos e
saturação semelhantes. Cada cor é associada a uma classe, o que torna possí-
vel indicar as classes temáticas semelhantes (mesmas cores) ou distintas (co-
res diferentes).
As cores empregadas podem ser de matizes claros para escuros, como, por
exemplo, verde, amarelo, laranja e vermelho, método conhecido por esquema
sequencial, que se utiliza do método harmonia policromática. Observe o mapa
de declividade apresentado pela Figura 58.
Observe que no esquema sequencial (Figura 58) a harmonia das cores é forma-
da pelo emprego de cores vizinhas no círculo cromático.
Figura 58 Declividade.
A cor, como vimos, é uma realidade sensorial, induzida por determinado com-
primento de onda eletromagnética. Em contato com nosso sistema visual, ca-
da comprimento é processado e interpretado por nosso cérebro de distintas
maneiras; consequentemente, nosso corpo responderá de diferentes maneiras
a cada comprimento de onda. Dessa forma, entramos num assunto extrema-
mente importante para a comunicação visual, que é o poder psicológico e �si-
ológico exercido pela cor sobre o indivíduo.
Por existir tais reações, a cor assume um caráter estratégico e pode ser mani-
pulada para realçar ou mascarar certas informações. Esse tema é tão impor-
tante e tão relevante quando estamos tratando de comunicação visual que sua
discussão não cabe no momento, até mesmo porque, agora, é muito mais im-
portante conhecermos como é que as cores podem ser aplicadas, segundo a
natureza da informação espacial.
12. Sensoriamento Remoto Aplicado à
Geogra�a
O que vem à nossa mente quando ouvimos falar em sensoriamento remoto?
Figura 61 Satélites arti�ciais: Hubble e Landsat (satélites de origem norte-americana em órbita na Terra).
Procure, por exemplo, o estado de São Paulo e aponte a região da grande São
Paulo. E o restante? O que mais podemos reconhecer a partir da observação
das luzes noturnas que enfeitam a superfície terrestre?
Figura 63 Global city lights.
Figura 64 Planisfério (mosaico constituído por centenas de imagens orbitais obtidas na presença da luz do Sol sobre a
superfície terrestre).
No entanto, por meio dessa imagem, mal temos a percepção do relevo (repare
que nem mesmo a cadeia montanhosa do Himalaia pode ser delimitada com
precisão), dando a impressão de que a crosta terrestre é uma imensa planície.
Entre todas as cidades do globo, nessa escala, podemos inferir somente as me-
galópoles, que, com muita atenção, percebemos que despontam como peque-
nas manchas escuras ao meio da vastidão de terras, dando-nos a sensação de
que a natureza ainda não foi alterada pelo trabalho antrópico.
Dessa forma, a visão que o homem tem da Terra passou de um ponto de vista
horizontal e limitado para um vertical e amplo; do chão para o balão, posteri-
ormente, ao avião, e, hoje, os satélites que orbitam a Terra a centenas de quilô-
metros da superfície são verdadeiras extensões arti�ciais de nossos olhos.
Cada um desses estágios permitiu ao homem que realizasse inúmeras inter-
pretações e conclusões a respeito do planeta Terra.
Dessa forma, o que antes era tecnologia exclusiva de militares, com �nalidade
estratégica e de guerra, passou a ser propriedade de uma sociedade que utiliza
esse material para realizar críticas à ação do próprio homem em sua interação
com o meio ambiente.
Talvez ainda não tenhamos notado, mas deparamo-nos com produtos de sen-
soriamento remoto a todo o momento.
Nos telejornais ou mesmo em mídias impressas, podemos observar produtos
de satélites meteorológicos (veja na Figura 65a), com os quais arriscamos fa-
zer a previsão do tempo, observando a característica da distribuição das nu-
vens sobre diversas áreas.
Talvez possamos a�rmar que a agricultura é uma das áreas que mais se bene-
�ciou com o desenvolvimento do sensoriamento remoto, evoluindo para o que
hoje denominamos agricultura de precisão.
Esse termo sempre foi muito utilizado como sinônimo de natureza ou mais es-
peci�camente dos elementos físicos que o compõem.
Mas nos afastamos apenas como uma estratégia, para enxergamos o proble-
ma com outros olhos e, após termos levantado erros e achado caminhos para
uma solução, voltamos a nos incluir em nosso planeta, respaldados com mais
informações para enfrentar a realidade. Assim, tentamos contornar alguns er-
ros e, ao mesmo tempo, prevenir-nos de outros.
Aponta Sausen (1998) que o homem, em toda a sua curiosidade, não se satisfez
apenas com o que podia ver ao nível do solo. Na busca por informações sobre
o seu ambiente, passou a procurar plataformas mais elevadas que lhe permi-
tissem ampliar o seu campo de visão. Subiu em árvores para ver do alto e, de
forma mais geral, o local onde vivia. Escalou colinas e montanhas, o que lhe
possibilitou uma visão não só do local onde vivia, mas também de toda a re-
gião ao seu redor.
Como menciona Novo (1992), em 1856, quando uma câmara fotográ�ca foi co-
locada num balão (Figura 66b) e apontada para baixo, em direção à superfície
da Terra, é que foi obtida a primeira fotogra�a aérea e o primeiro produto do
que hoje consideramos sensoriamento remoto.
Figura 66 Máquina fotográ�ca do ano de 1906 (a). Reprodução de um dos modelos de balões construídos no �nal do
século 19 (b).
Veja, na Figura 67, um dos mais poderosos caças da Primeira Grande Guerra.
Figura 67 O SPAD S.XIII foi um caça biplano francês da Primeira Guerra Mundial.
Figura 72 CBERS-2B.
• Monitoramento ambiental.
• Aplicações como mapas de queimadas e des�orestamento da região
amazônica.
• Estudos na área de desenvolvimento urbano nas grandes capitais do país.
Restringindo dessa forma sua de�nição, surgem dois novos elementos a se-
rem considerados:
• Como um objeto pode ser registrado a distância sem que haja o contato fí-
sico?
• Quais informações são de interesse ao sensoriamento remoto?
Fussel et al. (1986) destaca que essa diferenciação pode ser atribuída conside-
rando o modo de implementação do sensoriamento remoto.
Figura 74 Níveis de aquisição de dados por sensoriamento remoto. Três distâncias do sensor à superfície terrestre:
Moraes (2002) observa que, para cada nível de coleta de dado, há um tipo ade-
quado de tecnologia para o registro das informações, ou seja, há diferentes
sensores.
Os aparelhos utilizados para obter dados em campo não geram imagens, mas
sim grá�cos. Normalmente, eles registram a intensidade da radiação que está
sendo re�etida (irradiância) por um alvo.
Figura 75 Dimensão da área observada por sensoriamento remoto em virtude do nível de aquisição da imagem.
Desse modo, quanto maior a resolução temporal, ou seja, quanto maior a sua
repetitividade de coleta de informação sobre uma mesma área, melhor será
para o monitoramento e controle do espaço observado, pois mais registros são
adquiridos num curto lapso de tempo.
O autor a�rma que esta resolução está associada à capacidade do sistema sen-
sor em discriminar sinais elétricos com pequenas diferenças de intensidade.
Esta diferenciação resulta na quantidade de níveis de cinza apresentada na
imagem. Observe a Figura 79.
Figura 79 Resolução radiométrica. Capacidade do sensor em distinguir diferentes alvos que possuem próximos valo-
res de re�ectância. A maioria das imagens disponíveis atualmente possui 256 (de 0 a 255, sendo que o zero também é
Figura 80 Imagem do satélite Quickbird, com resolução espacial de 60 cm. Rio de Janeiro/Brasil.
Outra classi�cação para os sistemas sensores tem por base a fonte de radia-
ção.
Figura 81 Sistemas passivos: sistemas que recebem a re�exão da radiação solar (a). Sistemas ativos: sistemas que
Observe que, no sistema passivo, a radiação que incide nos alvos da superfície
terrestre provém do Sol (fonte externa). Ao interagir com os alvos, parte da ra-
diação é re�etida, atingindo, posteriormente, o detector de um sistema sensor.
Em contrapartida, se o sistema sensor possui uma fonte de radiação, isto é,
não depende de uma fonte externa para irradiar o alvo, ele é dito ativo.
Uma vez que a energia emitida, espalhada ou re�etida pelo alvo atinge o sen-
sor, este deve ser capaz de realizar duas funções básicas:
• focalizar a energia sobre um detetor;
• transformar a energia focalizada numa intensidade de sinal elétrico pas-
sível de ser registrado de forma permanente (como a imagem).
Sensores fotográ�cos
Segundo Moreira (2001), sensores fotográ�cos são todos os dispositivos que
registram a energia re�etida pelos alvos da superfície terrestre em uma pelí-
cula fotossensível, ou seja, o detetor tradicionalmente chamado �lme fotográ-
�co.
Os produtos obtidos por esses sistemas são as fotogra�as aéreas, que podem
ser pancromáticas (apresentadas em preto e branco) ou coloridas (normal ou
falsa cor).
Sensores orbitais
Figura 85 O nome em vermelho refere-se ao sensor, o nome em preto designa o satélite (plataforma) que comporta o
sensor.
Pode haver o uso do mesmo sistema sensor em mais de um satélite, pois eles
não são exclusivos, a não ser nos satélites comerciais. Estes, por serem desen-
volvidos com uma �nalidade especí�ca, não têm sua tecnologia divulgada.
Atenção!
Os sistemas sensores, principalmente os orbitais, viabilizam o levantamento, a análise e o monitoramento
sistemático de elementos do meio físico terrestre. Como exemplo de monitoramento, podemos destacar o
programa do Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE, denominado Sistema DETER – Detecção de
Desmatamento em Tempo Real (http://www.obt.inpe.br/deter/), entre outros, como PRODES
(http://www.obt.inpe.br/prodes/index.html) e CANASAT (http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/).
Informação complementar
Imagens ou fotogra�as aéreas de mesma área, porém, obtidas de uma posição diferente, nos
permitem uma visão tridimensional da paisagem. Segundo Florenzano (2002), a estereos-
copia refere-se ao uso da visão binocular na observação de um par de fotogra�as ou ima-
gens desse tipo. Ela é um recurso que proporciona, mantendo a perspectiva vertical, uma
visão de imagens ou fotogra�as em três dimensões (3D). O estereocópio é o equipamento
utilizado para observarmos pares estereoscópicos.
Informação Complementar
A aquisição de dados de uso do solo/cobertura vegetal por meio de registros aerofotogramé-
tricos é realizada por procedimentos de foto-interpretação, amplamente difundidos por ma-
nuais especí�cos, como o American Society of Photogrammetry (1952).
Geoprocessamento
O geoprocessamento engloba a área do conhecimento que tem por base técnicas matemáti-
cas e computacionais com a �nalidade de tratamento e análise de informações geográ�cas.
Quanto ao uso dos SIGs, podemos elencar quatro grandes �nalidades ligadas
aos estudos ambientais:
• mapeamento temático;
• diagnóstico ambiental;
• avaliação de impacto ambiental;
• ordenamento territorial (CÂMARA et al., 1998, p. 86)
Os SIGs, por meio dos seus diferentes módulos, permitem a elaboração das di-
versas análises necessárias ao conhecimento da ocupação atual do solo em
uma determinada área, além de permitir a caracterização dos elementos da
paisagem, fornecendo valores quantitativos de suas extensões e a distribuição
espacial dos diferentes tipos de fragmentos que a compõe.
Já sobre a inserção dos SIGs, podemos a�rmar que ela permitiu quanti�car e
tratar as informações extraídas, gerando, sob supervisão do pesquisador, ma-
pas derivados, como os de riscos ambientais. A estrutura do SIG é capaz de ar-
mazenar informações georreferenciadas em um banco de dados geográ�co,
além de permitir a constante atualização dos dados e, consequentemente, a
retomada dos dados arquivados para futuros planejamentos na área.
No Brasil, têm sido realizados eventos especí�cos na área de SIGs e geotecnologias de uma
forma geral. Especialmente a partir do início dos anos de 1990, como GEOBRASIL, posterior-
mente o Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto realizado pelo INPE, têm sido apre-
sentados e publicados trabalhos de diversos interesses temáticos.
Deve-se destacar, também, a atenção dada nesse evento à área da educação.
Para conhecer um pouco mais sobre o assunto e interagir em diversos fóruns e redes de
discussão, sugerimos o site FOSSGIS Brasil (https://www.geocursos.com.br/fossgis/). Nesse
site, promovem-se o debate e a divulgação de tecnologias livres de geoprocessamento.
De acordo com Vygotsky (1988), a ideia de mediação indica que, enquanto su-
jeito do conhecimento, o homem não tem acesso direto aos objetos, mas aces-
so mediado, por meio de recortes do real, operados pelos sistemas simbólicos
de que dispõe. Assim, a construção do conhecimento é mediada por outros su-
jeitos. O “outro sujeito” pode apresentar-se por meio de objetos, da organização
do ambiente e do mundo cultural que rodeia o indivíduo.
Neste contexto, pode ser inserida a Cartogra�a. Como uma linguagem media-
dora entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
Brasil (1997, p. 35), na análise do PCN, observa que os objetivos gerais propos-
tos para a área da Geogra�a tentam sanar determinados problemas conceitu-
ais. Esses problemas podem ser resumidos a: abandono de conteúdos funda-
mentais como espaço, paisagem, território etc.; discussão de conceitos sem
exempli�cações; modismos para temáticas atuais; memorização de conteúdos
desnecessários e, principalmente, o dualismo entre geogra�a física e humana.
Diante deste contexto, é nítido o esforço por parte do PCN em fazer com que o
aluno reconheça e compreenda mais amplamente as relações e as interações
entre fenômenos sociais, fenômenos naturais e entre ambos, e a consequente
transformação do espaço geográ�co.
De acordo com Brasil (1997, p. 54), para atingir seus objetivos propostos, o PCN
sugere pequenos objetivos especí�cos, que dão liberdade ao professor tratar
dos temas de maneira livre, dada a generalização em que são apresentados.
Re�etindo sobre este contexto, Brasil (1997) argumenta que o aluno será capaz
de:
De modo geral, podemos perceber que a preocupação dos autores que produ-
zem o material didático em relação à Cartogra�a é de simplesmente usá-la co-
mo uma ferramenta para a compreensão e exempli�cação dos assuntos trata-
dos, e não utilizá-la como uma forma de conhecimento em si ou mesmo como
construção do conhecimento.
A Cartogra�a insere-se como grande aliada para compreensão dos temas abordados, como
veículo de entendimento da ocorrência e espacialização dos fenômenos.
Uma última re�exão sobre o uso dos mapas na grande maioria das escolas,
apresentados em apostilas ou em livros tradicionais, leva à conclusão de que a
maneira como eles são utilizados, apresentando o conteúdo imediato do texto,
mas não integrando e incorporando o que já foi apresentado, expõe ao aluno
uma realidade um tanto caótica, pois os fenômenos aparecem desordenados e
independentes. Assim, os conteúdos dos mapas pouco ou em nada subsidiam
o aluno no desenvolvimento/entendimento da realidade.
PCN e Cartogra�a
Tanto para a pesquisa como para o ensino da Geogra�a é preciso ter clareza sobre a
escolha do recorte e da escala com que se irá trabalhar. Vale a pena lembrar que, no
estudo dos lugares, para que o aluno possa se situar melhor, a Cartogra�a estará
neste ciclo priorizando a grande escala, garantindo-lhe maior detalhamento dos
fatores que caracterizam o espaço de vivência no seu cotidiano.
Devemos entender a Cartogra�a como uma construção social, não como algo
pronto, acabado e estático. A Cartogra�a, como também a Cartogra�a Escolar, não é
meramente um amontoado de técnicas, ela constrói, reconstrói e, acima de tudo,
revela informações (SANTOS 2002, p. 10).
Ao ver os mapas nos livros didáticos, o aluno receberá como informação que
os dados relevantes são aqueles expressos nas representações. Dessa forma,
são essas informações que serão valorizadas pelo aluno.
Atenção!
As informações trabalhadas em representações cartográ�cas são selecionadas como relevantes por seus
elaboradores e, muitas vezes, estes são sujeitos aos interesses daqueles que �nanciam estas confecções.
Vale destacar que uma parte desse crescimento pode ser correlacionada com
o fortalecimento e a ampliação dos cursos de Pós-graduação no país, e outra
deve-se ao crescimento intrínseco da tecnologia de imageamento e de proces-
samento de dados.
Assim, à medida que novos e crescentes problemas são postos e novos instru-
mentos de imageamento e análise surgem, é natural que haja crescente inte-
resse pelo sensoriamento remoto.
Novo (1992) aponta que o Brasil é um país que apresenta dimensões continen-
tais, com regiões contendo �orestas tropicais e grandes áreas de difícil acesso
e baixa densidade populacional; extensa região costeira; vastos ecossistemas;
agricultura intensa em algumas regiões e expansões das fronteiras agrícolas
em outras; questões ambientais de variados tipos; fronteiras longas e pouco
habitadas; riqueza de recursos naturais, necessitando de mapeamento e ge-
renciamento.
Figura 87 Complementação de parâmetros de cena para �ltragem das cenas disponíveis. Satélite, intervalo de tempo,
Por �m, indique país, município e estado de interesse. Neste exemplo, seguire-
mos com a região de Batatais-SP (Figura 88). Clique em “Executar”.
Figura 88 Indicação da disponibilidade de imagens na região de interesse e limite entre as orbitas (linha amarela sen-
Figura 89 Seleção das imagens segundo critérios de �ltro estabelecidos pelo usuário.
Figura 91 Finalização do pedido e direcionamento do arquivo (Link FTP) ao endereço de e-mail do usuário.
Vale destacar que as imagens obtidas são denominadas “brutas”, ou seja, são
imagens sem edições, (apenas pré-processadas), individuais para cada banda,
em tons de cinza. Possuem georreferenciamento, ou seja, cada ponto na ima-
gem tem sua localização de�nida pelas coordenadas geográ�cas, o que permi-
te sobreposição com outros produtos cartográ�cos que assim estejam tam-
bém. Como mencionamos, para utilizar da melhor forma, é indicado o uso de
um SIG.
Atualmente, pode ser encarado como uma das mais poderosas ferramentas de
mercado e planejamento, dado o elevado potencial estratégico de seus dados e
informações, além, é claro, de ser um dos principais passatempo de qualquer
geógrafo!
Por meio desse software gratuito, é possível navegar em 3D, ou até mesmo ob-
ter imagens de qualquer ponto do globo terrestre em boa qualidade e resolu-
ção. Porém, as imagens desse programa não devem ser utilizadas para �ns ci-
entí�cos, pois os procedimentos de tratamento não são especi�cados, e o geor-
referenciamento é apenas aproximado.
Figura 93 Indicação de limites entre imagens na composição do mosaico. As diferenças de sensores, iluminação, ân-
gulo de inclinação do sensor e �uxos de energia, além das características da atmosfera no instante do imagieamento,
Figura 95 Localização de países, estados, cidades, bairros e ruas, inserindo no campo “voar para” o local desejado.
Vale ressaltar que o uso escolar dos produtos e das técnicas de sensoriamento
remoto se apresenta como recurso para o processo de discussão/construção
de conceitos pelos alunos, além de ser um conteúdo em si mesmo.
18. Considerações
Neste ciclo, inicialmente estudamos como a cartogra�a evoluiu identi�cando
e interpretando os principais eventos no percurso da História da Cartogra�a
que levaram o homem a mapear e a sistematizar a superfície terrestre.
Observamos que o seu desenvolvimento está diretamente relacionado as téc-
nicas e inovação, dos primeiros mapas até os dias atuais com o advento da
Cartogra�a Digital.
gp0049-ago-2022-grad-ead-p/)
Objetivos
• Compreender o campo e o objeto da Geogra�a Urbana, bem como os
principais conceitos referentes a estrutura e a dinâmica das cidades e
do sistema urbano.
• Identi�car o conjunto temático que envolve três dimensões da análise
urbana: os con�itos socioespaciais urbanos, os socioambientais e as re-
presentações espaciais.
• Identi�car os processos de crescimento urbano e a constituição de redes
urbanas.
Conteúdos
• Geogra�a Urbana e o seu Campo de Estudo: Conceitos, Práticas
Socioespaciais e Con�itos Socioambientais nas dimensões da análise
urbana e o Crescimento das cidades e Redes Urbanas.
Problematização
Qual o campo de estudo da Geogra�a Urbana? Como de�nir o espaço urbano?
Como ocorre a produção e o uso do solo no espaço urbano? O que é a cidade?
Quais condições possibilitaram o surgimento e a evolução das cidades?
Quais os elementos do tecido e do sítio urbano? Quais as diferenças internas
das cidades? Qual o signi�cado do conceito de lugar para a geogra�a? Qual o
debate da pluralidade teórico-metodológica na Geogra�a atual para as análi-
ses urbanas? O que são os con�itos socioespaciais urbanos e socioambien-
tais? Como estas dimensões espaciais se articulam, entrecruzando, com as
formas de representação? Quais as características da urbanização brasileira?
O que é rede urbana? Como se caracteriza a rede urbana brasileira? Como o
processo de urbanização in�uenciou historicamente a con�guração da rede
urbana brasileira? Quais as características da rede urbana paulista? Quais as
diferenças entre metrópole, megalópole e cidades globais?
Bons estudos!
1. Introdução
Neste terceiro ciclo de aprendizagem, conheceremos o campo de estudo da
Geogra�a Urbana. Veremos que, atualmente, ela assumiu o papel de com-
preender a cidade com base na realidade vivida e que o pesquisador está inse-
rido no espaço urbano, fazendo parte das transformações que ocorrem nesse
espaço. Assim, o espaço urbano e as interações sociais que nele ocorrem são o
objeto de estudo da Geogra�a Urbana. Além disso, trataremos a forma como a
cidade se estrutura e se con�gura, bem como estudaremos dois temas de
grande relevância para a compreensão e estudo da organização do território
brasileiro: a urbanização brasileira e a rede urbana.
3. Campo da geogra�a urbana
De acordo com Carlos (1994, p. 9): “Não existe geogra�a sem a produção geo-
grá�ca, sem o ‘pensar-se’ a realidade, sem a explicação teórica advinda da in-
terpretação no real”.
A Geogra�a, ciência que tem como objeto de estudo o espaço e as relações so-
ciais que nele ocorrem, aborda a questão urbana por meio do dinamismo espa-
cial, buscando identi�car e explicitar a localização e a distribuição dos fenô-
menos físicos e humanos sobre o espaço urbano (CLARK, 1985).
O estudo da Geogra�a Urbana é algo recente, teve início na década de 1910. Seu
objeto de pesquisa vem passando por uma reestruturação, acompanhando as
mudanças epistemológicas da ciência geográ�ca, desde a Geogra�a
Tradicional até a Geogra�a Quantitativa e à Geogra�a Crítica.
Na década de 1960, o estudo da Geogra�a Urbana por meio de modelos foi am-
plamente utilizado, no qual Chorley e Haggett (1967) tiveram grande participa-
ção. O estudo de modelos foi desenvolvido em dois campos distintos: da locali-
zação de cidades e da estrutura social e espacial interna das cidades (CLARK,
1985).
Década de 1970
A década de 1970 foi um momento marcante no estudo do urbano, pois, nesse
período, ocorre uma ruptura e uma transformação na produção do conheci-
mento sobre o urbano. Segundo Carlos (1994, p. 159):
A passagem do entendimento da organização do espaço ao espaço produzido apon-
ta uma superação importante [...] a dimensão social assume papel preponderante,
abrindo novas perspectivas para a geogra�a.
[...] o espaço (urbano, rural) é analisado como fruto do processo de produção que se
estabelece no seio da sociedade, que tem por objetivo a reprodução da existência
humana, sendo, portanto, fruto do trabalho.
Nesse sentido, a população passa a ser vista como produtora do espaço. O es-
tudo da realidade urbana passa a ser o objetivo da Geogra�a Urbana, e, com is-
so, o espaço passa a ganhar uma dimensão social e histórica. Carlos (1994, p.
194) ressalta, ainda, que:
[...] esta seria uma especialização da geogra�a que trata de uma especi�cidade do
real: a cidade [...] a geogra�a urbana trata do fenômeno urbano [...] entendido como
qualquer manifestação que diz respeito à cidade, seja quanto ao processo de urba-
nização, seja quanto ao crescimento das cidades ou ao estudo da estrutura interna
das mesmas.
3. Espaço urbano
O que é o espaço urbano? O geógrafo Roberto Lobato Corrêa (2005, p. 7), discute
essa questão em seu livro O espaço urbano. A reposta dada por ele é:
Ainda para Corrêa (2005, p. 145), “[...] [o espaço urbano] é fragmentado e articu-
lado, re�exo e condição social, e campo simbólico de lutas”.
De acordo com Carlos (1994, p. 12), “[...] o urbano vai-se reproduzindo a partir
da luta de interesses entre o que é fundamental para a reprodução, de um lado,
do capital e, de outro, da vida”.
Além disso: “O espaço urbano é o lugar onde os diferentes grupos sociais vi-
vem e se reproduzem” (CORRÊA, 1993, p. 23). Cada lugar representa uma reali-
dade social. Nele, estão embutidos as características locais, a cultura, os cos-
tumes, formas especiais que revelam um sentimento, laços de afeição, possí-
veis de proporcionar alegrias e tristezas ao homem. Ou seja, o espaço urbano
passa a ter dimensões e signi�cados variados segundo as diferentes classes e
grupos sociais.
“O espaço da cidade é, também, o cenário e o objeto das lutas sociais, pois es-
tas visam, a�nal de contas, o direito à cidade, à cidadania plena e igual para
todos” (CORRÊA, 1996, p. 151).
Com base nas ideias aqui expostas e nos escritos de Corrêa (1993), é importan-
te revisarmos algumas informações para melhor compreensão do espaço ur-
bano:
A produção do espaço urbano está, pois, relacionada aos diferentes usos do so-
lo, ou seja, à forma como o espaço vai ser apropriado e quem se apropriará
desse espaço. Isso, na sociedade capitalista, irá gerar vários con�itos pelo do-
mínio do espaço.
4. Breve discussão sobre o uso do solo na soci-
edade capitalista
Antes de iniciarmos esse tópico, é preciso esclarecer a expressão “uso do solo”.
Uso do solo
O termo “uso do solo” necessita de esclarecimento uma vez que o modo mais correto seria
“uso da terra”, porém o termo uso do solo acabou sendo utilizado por vários autores, pesqui-
sadores e na própria legislação brasileira (lei de parcelamento do solo). Assim, em acordo
com o referencial bibliográ�co consultado para a elaboração desse texto utilizaremos o ter-
mo “uso do solo”.
O solo e as benfeitorias são mercadorias das quais nenhum indivíduo pode dispen-
sar. Não posso existir sem ocupar espaço, não posso trabalhar sem ocupar um lu-
gar e fazer uso de objetos materiais aí localizados, e não posso viver sem moradia
de alguma espécie. É impossível existir sem alguma quantidade dessas mercadori-
as.
[...] o capital imobiliário é, portanto, um falso capital. Ele é, sem dúvida, um valor
que se valoriza, mas a origem de sua valorização não é atividade produtiva, mas a
monopolização do acesso a uma condição indispensável àquela atividade.
O valor que o solo possui serve como monopólio das classes mais abastadas
sobre as menos favorecidas economicamente. E para que a classe dominante
exerça seu poder, à classe de menor renda cabem as terras sem valor, como
aquelas nas encostas de morros, várzea de rios, terrenos afastados da área
central, sem infraestrutura e equipamentos urbanos necessários. Para Carlos
(2005, p. 33):
O uso do solo dá-se pela reprodução do capital e, por isso, ocorre de forma de-
sigual e injusta, uma vez que nem todos possuem esse capital – re�exo do
modelo econômico adotado no país. Como a�rma Singer (1980, p. 33), “[...] a ci-
dade capitalista não tem lugar para os pobres”. É preciso ter renda monetária
como requisito indispensável para ter acesso à “mercadoria” solo. No entanto,
a economia capitalista não assegura o mínimo de renda a todos, ou seja, nem
todos têm meios para pagar pelo direito de ocupar um pedaço de solo urbano.
Carlos (2005, p. 33) coloca que “[...] pensar numa cidade humana, num novo
urbano signi�ca a superação da atual ordem econômica, social, jurídica,
política e ideológica, a partir da participação de toda a sociedade brasileira”.
Assim, para que haja melhor distribuição do solo e de seu uso é preciso rever o
modo de (re)produção do espaço, sendo este fundamental para uma sociedade
mais justa e equitativa.
Dessa forma, o uso do solo pode ser visto como a base das contradições,
injustiças e desigualdades sociais que estão presentes no processo de
produção do espaço urbano.
5. A cidade
O que é a cidade?
Essa pergunta deveria ser fácil de ser respondida, a�nal, segundo o censo do
IBGE (2000), a população urbana do Brasil é de 81,25 %. Logo, é bem provável
que você viva em uma cidade, ou, ao menos, já esteve em uma. Se pensarmos
na palavra cidade, certamente conseguiremos fazer várias analogias: prédios,
ruas, semáforos, pessoas, carros, congestionamento, ruídos, falta de tempo etc.
Há mais de sessenta anos, Lewis Mumford (1985, p. 27), urbanista, disse que
“[...] a cidade é o ponto de concentração máxima de poder e cultura da comuni-
dade”. O geógrafo David Harvey (1972) considera a cidade como a expressão
concreta de processos sociais na forma de um ambiente físico construído so-
bre o espaço geográ�co. Já Pierre George (1983), grande estudioso da geogra�a
urbana, diz que é quase impossível de�nir o que é cidade.
Talvez, seja difícil encontrar uma de�nição exata. No entanto, é possível ado-
tar alguns parâmetros. Por exemplo, a ONU considera que uma cidade é um
todo aglomerado com mais de 20 mil habitantes.
Lynch, em seu livro The image of the city (1960), estudou os principais itens
que compõem uma cidade por meio da imagem que as pessoas fazem dela.
Para tanto, algumas pessoas foram entrevistadas e desenharam o mapa da ci-
dade, cada uma a seu modo. Lynch (1960) levantou os cinco principais ele-
mentos presentes na paisagem urbana, nos mapas desenhados: caminhos,
bordas ou margens, nós, bairros e marcos (Figura 2).
Fonte: Clark (1982, p. 39).
Um pouco de história...
As cidades, como fenômeno urbano, mudaram muito no decorrer da história.
De acordo com Davis (1972, p. 13), no livro Cidades: urbanização da humanida-
de, “[...] as sociedades urbanizadas, nas quais a maioria das pessoas vive agru-
pada em cidades, representam um estágio novo, e fundamental, da evolução
social”.
O conjunto de aspectos materiais, através dos quais a cidade se apresenta aos nos-
sos olhos, ao mesmo tempo como entidade concreta e como organismo vivo.
Compreende os dados do presente e os do passado recente ou mais antigo, mas
também compreende elementos inertes (patrimônio imobiliário) e elementos mó-
veis (as pessoas e as mercadorias).
Infraestrutura
Infraestrutura pode ser conceituada como um sistema técnico de equipamentos e serviços
necessários ao desenvolvimento das funções urbanas, podendo estas funções ser vistas sob
os aspectos social, econômico e institucional. Sob o aspecto social, a infraestrutura urbana
visa promover adequadas condições de moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e segu-
rança. No que se refere ao aspecto econômico, a infraestrutura urbana deve propiciar o de-
senvolvimento das atividades produtivas, isto é, a produção e comercialização de bens e
serviços. E sob o aspecto institucional, entende-se que a infraestrutura urbana deva propi-
ciar os meios necessários ao desenvolvimento das atividades político-administrativas, en-
tre os quais se inclui a gerência da própria cidade (ZMITROWICZ, 1997, p. 2).
Milton Santos (1989), em sua obra Manual de Geogra�a Urbana, analisa os ele-
mentos presentes no tecido urbano, bem como aquilo que o compõe. Com base
nessa obra, faremos a análise de alguns desses elementos:
1. O plano urbano: a cidade é marcada pelo traçado das vias, das ferrovias, das
praças, pela distribuição de espaços vazios e ocupados. A esse conjunto deno-
minamos “plano urbano”, que é a forma como o espaço urbano se con�gura.
7. Sítio urbano
Podemos de�nir sítio urbano, grosso modo, como o local onde a cidade foi
construída, ou seja, a sua base topográ�ca, que pode ser uma planície, um
planalto etc. O sítio urbano é responsável pela con�guração da cidade, pela
paisagem propriamente dita e até os modos de vida (SANTOS, 1989).
Em cidades planas do interior de São Paulo, como Rio Claro, é comum o uso de
bicicletas para locomoção. Já em Belo Horizonte (MG), com relevo mais
acidentado, a circulação se dá especialmente por automóveis.
Como o sítio urbano em que está inserida a cidade na qual você vive
in�uencia sua vida?
Consequências
Análise da área
Urbanização do desenvolvi- Shevky e Bell (1955)
social
mento societário
Padrões sociais e
Ecologia fatori-
Análise fatorial espaciais na ci- Berry (1971)
al
dade
Teoria do uso do
solo urbano; me-
Materialismo his-
Marxista canismo de alo- Harvey (1973)
tórico
cação de mora-
dores.
Fonte: Clark (1982, p. 182).
Figura 6 Modelo das zonas concêntricas da estrutura social e espacial urbana, de Burgess.
Figura 7 Modelo de organização interna da cidade de Hoyt (1) e Harris e Ullman (2).
A Área Central constitui-se no foco principal não apenas da cidade, mas também
de sua hinterlândia. Nela concentram-se principais atividades comerciais, de
serviços, da gestão pública e privada, e os terminais de transportes inter-regionais
e intraurbanos. Ela se destaca na paisagem pela sua verticalização.
Toda cidade tem o seu centro, todo centro tem funções e características seme-
lhantes. A área central é um componente essencial da estrutura urbana e
apresenta, segundo Spósito (1991, p. 6), a seguinte caracterização:
No interior da cidade, o centro não está necessariamente no centro geográ�co, e
nem sempre ocupa o sítio histórico onde esta cidade se originou. Ele é antes de tu-
do ponto de convergência/divergência, é o nó de circulação, é o lugar para onde to-
dos se dirigem para algumas atividades e, em contrapartida, é o ponto de onde to-
dos se deslocam para a interação destas atividades aí localizadas com as outras
que se realizam no interior da cidade ou fora dela. Assim, o centro pode ser quali�-
cado como integrador e dispersor ao mesmo tempo.
Descentralização e subcentros
O centro não é a única forma de expressão da centralidade urbana. Como uma
organização espacial em contínua transformação, a cidade cresce, fazendo au-
mentar também sua capacidade de ofertar bens e serviços, tanto aos seus ha-
bitantes como aos residentes nas cidades de sua hinterlândia.
Assim, a partir da criação do subcentro a população pôde ter mais acesso fá-
cil ao comércio e aos serviços, diminuindo o tempo e o valor gasto com via-
gens.
Segundo Villaça (1998, p. 10), “O subcentro consiste numa réplica em tamanho
menor do centro principal [...]”, uma vez que atende aos mesmos requisitos de
otimização de acesso apresentados anteriormente para o centro principal. A
diferença é que o subcentro apresenta tais requisitos apenas para uma parte
da cidade, enquanto o centro principal cumpre-os para toda a cidade
(VILLAÇA, 1998). Nesse sentido, os subcentros são importantes no intento de
trazer maior conforto à população local.
O bairro
De acordo com Carlos (1992, p. 36): “A cidade diferencia-se por bairros, alguns
em extremo processo de mudança; mas cada bairro isoladamente, impede o
entendimento da cidade em sua multiplicidade, em sua unidade”.
Segundo Ferreira (2004), o bairro constitui o espaço urbano familiar do citadino (aquele que habita a cida-
de).
O lugar traduz os espaços nos quais as pessoas constroem os seus laços afetivos e
subjetivos, pois pertencer a um território e fazer parte de sua paisagem signi�ca es-
tabelecer laços de identidade com cada um deles. É no lugar que cada pessoa busca
suas referências pessoais e constrói o seu sistema de valores e são estes valores
que fundamentam a vida em sociedade, permitindo a cada indivíduo indenti�car-
se como pertencente a um lugar, e, a cada lugar, manifestar os elementos que lhe
dão uma identidade única.
A geógrafa Ana Fani Carlos (1996, p. 45), em seu livro O lugar no/do mundo, faz
uma importante análise sobre o signi�cado de lugar na Geogra�a:
[...] (a metrópole) só pode ser vivida parcialmente, o que nos remeteria à discussão
do bairro como espaço imediato da vida das relações cotidianas mais �nas – as re-
lações de vizinhança, o ir às compras, o caminhar, o encontro dos conhecidos, o jo-
go de bola, as brincadeiras, o percurso de uma prática vivida/reconhecida em pe-
quenos atos corriqueiros, e aparentemente sem sentido, que criam laços profundos
de identidade, habitante-habitante, habitante-lugar. São lugares que o homem habi-
ta dentro da cidade que dizem respeito a seu cotidiano e a sua vida – onde se loco-
move, trabalha, passeia, �ana, isto é, pelas formas através das quais o homem se
apropria e que vão ganhando signi�cado dado pelo uso. [...] São a rua, a praça, o
bairro – espaços do vivido, apropriados através do corpo-, espaços públicos, dividi-
dos entre zonas de veículos e a calçada de pedestres, que dizem respeito ao passo e
a um ritmo que é humano e que pode fugir ao do tempo da técnica [...] É também o
espaço da casa e dos circuitos de compras, dos passeios, etc.
Cada homem vale pelo lugar onde está: o seu valor como produtor, consumidor, ci-
dadão depende da sua localização no território. Seu valor vai mudando, incessante-
mente, para melhor ou para pior, em função das diferenças de acessibilidade (tem-
po, freqüência, preço), independente de sua própria condição. Pessoas com as mes-
mas virtualidades, a mesma formação, até mesmo o mesmo salário têm valor dife-
rente segundo o lugar em que vivem: as OPORTUNIDADES SÃO AS MESMAS. Por
isso, a possibilidade de ser mais ou menos cidadão depende, em larga proporção, do
ponto do território onde se está. Enquanto um lugar vem a ser a condição de sua
pobreza, um outro lugar poderia, no mesmo momento histórico, facilitar o acesso
àqueles bens e serviços que lhes são teoricamente devidos, mas que, de fato lhe fal-
tam.
Na citação do professor Milton Santos, podemos perceber a importância do lu-
gar na vida humana e no entendimento do espaço geográ�co. Cada lugar tem
características únicas que vão imprimir particularidades ao cidadão que vive
e mora ali.
• separar, marginalizar;
• desligar, afastar e isolar.
[...] a cidade cresceu, expandiu seus limites, dispersou-se em periferias cada vez
mais distantes reproduzindo uma hierarquia espacial diferenciada que se articula
ao processo de apropriação que determina os usos e produz guetos, rede�nindo o
uso do espaço público e privado.
Figura 12 Região Metropolitana de São Paulo – segregação espacial da renda familiar superior a 15 salários mínimos
(1987).
Localização e acessibilidade
Para Santos (1987, p. 30): “Cada homem vale pelo lugar onde está, o seu valor
como produtor, consumidor, cidadão depende de sua localização no território”.
Segundo Villaça (1998, p. 10): “A localização resulta do esforço do homem que
inconscientemente visa um menor deslocamento; é um produto do homem
sobre a natureza”.
Periferia
Veja o que diz Paviani (1983, p. 44)
[...] a periferia não é só a expansão física da cidade para as áreas periurbanas, cons-
tituindo um processo espacial, mas também como áreas com problemas de inaces-
so (econômico e social) aos bens e serviços por parte de um considerável contin-
gente.
A periferia é re�exo da exploração do trabalho, característica do
desenvolvimento econômico adotado no país. Como expõe Kowarick (1993, p.
44),
Santos (1993, p. 106), numa discussão sobre a organização interna das cidades,
evidencia as problemáticas existentes em todas elas, em diferentes graus.
Para o autor, a especulação imobiliária e a produção de periferias fazem parte
de um círculo vicioso:
As cidades são grandes porque há especulação e vice-versa; há especulação porque
há vazios e vice-versa; porque há vazios as cidades são grandes. O modelo rodoviá-
rio urbano é fator do crescimento disperso e de espraiamento da cidade. Havendo
especulação, há criação mercantil da escassez e acentua-se o problema do acesso à
terra e à habitação. Mas o dé�cit de residências também leva à especulação, e os
dois juntos conduzem à periferização da população mais pobre e, de novo, ao au-
mento do tamanho urbano. As carências em serviços alimentam a especulação,
pela valorização diferencial das diversas frações do território urbano. A organiza-
ção dos transportes obedece a essa lógica e torna ainda mais pobres os que devem
viver longe dos centros, não apenas porque devem pagar caro seus deslocamentos
como porque os serviços e bens são mais dispendiosos nas periferias. E isso forta-
lece os centros em detrimento das periferias, num verdadeiro círculo vicioso.
Vale ressaltar que os vazios urbanos são espaços não construídos na cidade
(grandes terrenos) à espera de valorização, por meio da instalação de infraes-
trutura e equipamentos públicos no seu entorno, pelo poder público.
Para romper com esse círculo vicioso deveria existir maior intervenção do po-
der público. Desse modo, o crescimento e a expansão das cidades ocorreriam
de forma planejada, e não de forma aleatória, conforme os anseios das classes
dominantes, do capital.
Na periferia a qualidade de vida dos habitantes é precária, visto que eles se de-
param com diversos problemas, como a segregação social, a falta de acessibi-
lidade, a falta de infraestrutura e outros.
Os problemas vividos nas periferias são muitos, tanto os sociais como os am-
bientais, o que tem gerado uma degradação cada vez maior do meio ambiente
e da qualidade de vida urbana.
Nos últimos anos, podemos ver uma crescente ocupação da periferia pelas
classes média e alta. Elas procuram fugir do caos da cidade, como a poluição,
a violência, os congestionamentos etc., buscando, um ambiente tranquilo, de
paisagem agradável, de modo a garantir melhor qualidade de vida.
Esse deslocamento das classes mais elevadas foi propiciado, entre outros
motivos, pela melhoria nas rodovias e avenidas, pela construção de estradas
modernas e de alta velocidade, possibilitando a diminuição de barreiras e
maior rapidez no deslocamento.
[...] a de�nição do tema qualidade de vida pode variar de indivíduo para indivíduo,
com diferentes status de cultura e renda, em função da amplitude de elementos ob-
jetivos, subjetivos e coletivos envolvidos na questão.
Segundo Troppmair (1992, p. 13), “[...] qualidade de vida são os parâmetros físi-
cos, químicos, biológicos, psíquicos e sociais que permitam o desenvolvimento
harmonioso, pleno e digno da vida”. Assim, uma boa qualidade de vida possi-
bilita ao homem melhor convivência com o seu meio.
Outros fatores apontados pelo autor são: a segurança, que seria a preservação
da segurança física contra a agressão, assaltos e roubos (perigos da vida urba-
na), e a liberdade, que abrange a liberdade de escolha, de expressão, de movi-
mento (acessibilidade), de informação e de opção econômica. Observe a Figura
13.
Fonte: Wilheim (1976, p. 15).
Diante dos textos, vimos que as cidades possuem variações de lugar para lu-
gar, variam no espaço e no tempo. Diferentes con�gurações e modos de vida
de�nem a cidade, que tem a concentração de pessoas, serviços e mercadorias
como seus elementos formadores. Vimos os principais itens que compõem
uma cidade, quais os fatores levam a descentralização e a formação de sub-
centros, e vimos, também, que foram desenvolvidos modelos para auxiliar o
estudo da estrutura urbana.
Dica de leitura!
"[...] se a luta pela cidadania hoje é cada vez mais uma luta pelo espaço
da reprodução da vida e demanda uma prática socioespacial revolucio-
nário ao nível do cotidiano", como o autor escreve, então podemos suge-
rir a próxima leitura, a da prática socioespacial da resistência (p. 53-64).
E para �nalizar, sugerimos a leitura do texto que foi base para a elabora-
ção deste tópico, que se propõe identi�car e analisar "alguns conjuntos
temáticos e conceituais e dimensões pertinentes para o debate da plura-
lidade teórico-metodológica na Geogra�a atual", por meio das dimensões
dos con�itos socioespaciais, socioambientais e representações: dimen-
sões da análise urbana (p. 65-88).
Agora, você será convidado a estudar dois temas de grande importância para
a compreensão da organização do território brasileiro: a urbanização brasilei-
ra, a rede urbana e o crescimento e expansão das cidades.
O Brasil apresenta não apenas cidades milionárias, mas também cidades in-
termediárias (médias) e cidades locais (pequenas). Porém, segundo Santos
(1993, p. 10), “[...] todas adotando um modelo geográ�co de crescimento esprai-
ado, com um tamanho desmesurado que é causa e efeito da especulação”.
O autor Nestor Gourlart Rei Filho (apud SANTOS, 1993), realizou um estudo so-
bre a urbanização do Brasil, do descobrimento até 1720, e constatou que até o
�nal desse período, o Brasil contava apenas com 63 vilas e oito cidades.
[...] processo social complexo, que tanto inclui a formação de um mercado nacio-
nal, quanto aos esforços de equipamento do território para torná-lo integrado, como
a expansão do consumo em formas diversas, o que impulsiona a vida de relações
(leia-se terceirização) e ativa o próprio processo de urbanização.
Durante séculos, o Brasil foi um país agrícola. Esse quadro, entretanto, reverte-
se no século 20. No período entre 1940 e 1980, há uma inversão quanto ao lugar
de habitação da população brasileira, que se torna predominantemente urba-
na. Em 1940, a taxa de urbanização era de 26,35%; em 1980 já alcançava 68,86%;
assim, em 40 anos, a população urbana mais que dobrou. Esse crescimento é
apresentado nos grá�cos das Figuras 16 e 17.
Nas décadas de 1940 a 1950, a taxa de natalidade era de 44,4%, mas, com o ele-
vado índice de mortalidade, ela passou a ser de 20,6%. Já na década de 1950 a
1960, além de a taxa de natalidade continuar alta, 43,3%, a de mortalidade
apresenta quedas, 13,4%. Esses dados mostram uma melhoria nas condições
de vida (ROSSINI, 1985).
Após a Segunda Guerra Mundial, passa a existir uma maior integração do ter-
ritório. As estradas de ferro ampliam-se e conectam-se em diferentes partes.
Há, também, a construção de rodovias, tornando o deslocamento mais rápido.
Assim, ocorre um grande investimento em infraestrutura, interligando diver-
sas partes do território com a região polar do país.
No Sul e no Sudeste, onde existe uma rede urbana mais desenvolvida, a interação
entre as cidades acelera o processo de divisão territorial do trabalho que lhes deu
origem e, por sua vez, vai permitir o avanço dos índices de urbanização, renovando
assim, num círculo virtuoso, os impulsos para um novo patamar na divisão inter-
nacional do trabalho. Enquanto isso, os índices de urbanização �cam estagnados
ou evoluem lentamente no Norte, onde devemos esperar os anos 1960 para que a si-
tuação se desbloqueie, graças ao desenvolvimento das comunicações e do consu-
mo e à amplitude maior do intercâmbio com as demais regiões do País, graças à in-
dustrialização e à modernização da sociedade e do Estado.
É a partir dos anos 1950 que se nota mais francamente uma tendência à aglomera-
ção da população e da urbanização. Os núcleos com mais de 20 mil habitantes
vêem crescer sua participação no conjunto da população brasileira, passando de
pouco menos de 15% do total em 1940 para quase o dobro (28,43%) em 1960, para
constituir mais de metade (51%) da população em 1980. Esses mesmos núcleos com
mais de 20 mil habitantes reuniam quase metade (47,7%) da população urbana em
1940, mais de três quintos (63,64%) em 1960 e mais de três quartos (75, 48%) em
1980.
Por meio dos mapas (Figura 18), é possível observar o aumento de cidades com
mais de 20 mil habitantes, evidenciando o processo de urbanização.
Figura 19 Evolução das aglomerações urbanas (com mais de 100 mil habitantes) no país.
Observa-se pelo grá�co (Figura 19) que, enquanto em 1940 eram apenas 12 ci-
dades em todo o país, em 1996, esse número passa a ser de 175. Veja os mapas
na Figura 20.
Desmetropolização
Ao mesmo tempo em que os números evidenciam o crescimento da metropo-
lização, eles também mostram outro fenômeno: a desmetropolização, ou seja,
a repartição, com outros grandes núcleos, de novos contingentes de população
urbana, como de�ne Santos (1993).
1950/1970 1970/1991
Classes de tama- Participação Participação
Crescimento Crescimento
nhos dos centros no cresci- no cresci-
absoluto absoluto
urbanos mento nacio- mento
(1.000 hab.) (1.000 hab.)
(1000 hab.) nal (%) nacional (%)
[...] os próximos anos marcarão ainda um crescente �uxo de pobres para as grandes
cidades. Em resumo, a metropolização se dará também como “involução”, enquanto
a qualidade de vida poderá melhorar nas cidades médias.
A urbanização recente
Hoje, já não se pode mais falar em Brasil rural e Brasil urbano, mas, sim, em
Brasil agrícola e Brasil urbano.
Conforme mostra Santos (1993), a população rural diminui cada vez mais, en-
quanto há um aumento da população agrícola e um crescimento ainda maior
da população urbana. “Entre 1960 e 1980, a população agrícola aumenta cerca
de 36%, ao passo que a população rural cresce somente quatro milésimos por
cento, mais precisamente 0, 0038%” (SANTOS, 1993, p. 132).
Vale lembrar que a população agrícola é aquela que reside na cidade e traba-
lha em atividades rurais, como é o caso dos boias-frias.
Tudo isso mostra uma tendência maior à urbanização, aliada à queda na taxa
de natalidade e mortalidade, e à crescente mobilidade das pessoas no territó-
rio brasileiro.
Aumenta o número de cidades locais e sua força, assim como os centros regionais,
ao passo que as metrópoles regionais tendem a crescer relativamente mais que as
próprias metrópoles do Sudeste [...]. Esse salto qualitativo não invalida o fato de São
Paulo, Rio de Janeiro e Brasília manterem posição de comando sobre o território
nacional, com uma espécie de divisão do trabalho metropolitano que permite dis-
tinguir claramente entre as três e, entre elas, as metrópoles regionais.
Essa reestruturação sócio-espacial, exposta por Ribeiro e Lago (1994), traz mu-
danças na dinâmica urbano-regional. A relocalização industrial no território
brasileiro leva a um novo redirecionamento dos �uxos migratórios e ao cresci-
mento de cidades de porte médio no interior do país.
No �nal dos anos 1970, começamos a presenciar uma tendência à desconcen-
tração industrial em São Paulo, que se consolida na década de 1980, mediante
a dispersão espacial da indústria para o interior do Estado.
Conforme Pintaudi e Carlos (1995, p. 13), “[...] isso ocorre em função do desen-
volvimento de novas tecnologias que produzem transformações na organiza-
ção do trabalho e da produção, fato que produz uma nova articulação espaci-
al”.
Cria-se, assim, uma nova distribuição das indústrias, pois o capital migra
constantemente em busca de melhores condições de acumulação. O resultado
é a procura por novas vantagens locacionais e incentivos �scais, buscando
localizar-se próximo aos principais eixos de circulação (PINTAUDI; CARLOS,
1995).
Segundo o Ipea et al. (2002), o Brasil tem sentido o re�exo das mudanças es-
truturais na economia mundial e no padrão de urbanização. Isso tem in�uen-
ciado as políticas locacionais das indústrias, o que, por sua vez, se re�ete na
dinâmica demográ�ca e no surgimento de novos centros de importância.
Uma análise das quatro últimas décadas, não obstante con�rme a distribuição
concentrada da população urbana brasileira, aponta para uma tendência bem
marcada do papel das pequenas e médias cidades no crescimento demográ�-
co do país, na dinâmica territorial e na con�guração da rede urbana brasileira
(IPEA et al., 2002).
As cidades diferenciam-se umas das outras – cada uma tem sua especialida-
de e sua função – e ocupam diferentes espaços no território. A localização das
cidades, e como elas se distribuem e se organizam no território, é de grande
importância para o estudo da dinâmica territorial, do ponto de vista econômi-
co, social e político.
Como expõe George (apud SANTOS, 1993, p. 63), “[...] para que exista a rede ur-
bana, é necessário discernir diversas relações que estabeleçam conexões fun-
cionais permanentes entre os elementos urbanos da rede e entre eles e o meio
rural”.
Santos (1993, p. 64) ainda a�rma que:
Para Corrêa (2006, p. 27), a rede urbana caracteriza-se como “[...] um conjunto
de centros funcionalmente articulados e que re�ete e reforça as
características sociais e econômicas de um território”, compreendida aqui
como uma hierarquia urbana. Muitas das teorias sobre a rede urbana partem
da Teoria dos Lugares Centrais desenvolvida por Christaller, a qual veremos a
seguir.
A situação com cidades é um pouco diferente. Numa mesma região nós vemos ci-
dades grandes e pequenas de todas as categorias, uma categoria ao lado da outra.
Às vezes elas se aglomeram em certas regiões de uma maneira inverossímil e apa-
rentemente insensata. Às vezes há regiões grandes nas quais não há um único lu-
gar que mereça a designação de cidade, ou até mesmo de mercado. Normalmente, é
a�rmado que a conexão entre a cidade e a atividade pro�ssional de seus habitantes
não é acidental, mas baseada na natureza de ambas. Mas por que há, então, cidades
grandes e cidades pequenas; e por que elas estão distribuídas tão irregularmente?
Christaller (1974) começou por de�nir a cidade como uma “localidade central”,
ou seja, um lugar cuja função seria a de suprir de bens e serviços um determi-
nado espaço circundante, sua hinterlândia, sua área de mercado.
Partindo desse conceito, sua explicação para a distribuição das cidades foi for-
mulada em termos funcionais. Ele baseou-se na hipótese de que a rede urbana
poderia ser deduzida das zonas de mercado das localidades centrais, cujas di-
mensões variariam segundo os produtos e os serviços ofertados (de acordo
com sua centralidade).
Christaller (apud BRAGA, 2001) elaborou dois conceitos para explicar esse mo-
delo de rede e hierarquia urbana: o Limite Crítico da Demanda, ou seja, a de-
manda mínima necessária para determinar o fornecimento do serviço; e o
Alcance Médio do Serviço, que depende da distância econômica entre os luga-
res (vinculada basicamente aos custos de transporte). A partir de tais funda-
mentos teóricos e do estudo da rede de cidades do sul da Alemanha, o autor
desenvolveu sua tese chegando ao conhecido modelo hexagonal.
Pressupostos e princípios:
Onde:
Algumas suposições nos revelam a espécie de paisagem sobre a qual seu sis-
tema seria construído:
1. Uma imensa planície, com solo de igual fertilidade em toda parte e igual
distribuição de recursos.
2. Uma distribuição uniforme da população e do poder de compra.
3. Uma rede de transportes uniforme em todas as direções.
4. Um alcance constante de qualquer bem central, qualquer que seja o lugar
central a partir do qual ele seja oferecido.
Veja nas Figuras 25, 26, 27 e 28 a representação das estruturas da Teoria dos
Lugares Centrais de Christaller.
Fonte: Clark (1982, p. 130).
Figura 25 Teoria clássica dos Lugares Centrais: relações entre preços, distância e demanda na planície isotrópica de
transporte.
Fonte: Clark (1982, p. 132).
Figura 26 Teoria clássica dos Lugares Centrais: a derivação da hierarquia funcional da provisão de serviços.
Figura 28 Teoria clássica dos Lugares Centrais: redes k=3, k=4 e k=7.
O que foi mostrado aqui é um pequeno resumo do que seria a Teoria dos
Lugares Centrais. O próprio Christaller (1974, p. 73) ressalta alguns pontos
críticos da teoria por ele desenvolvida:
É com base nessa citação de Faissol (1994) que iniciaremos nossos estudos
sobre a rede urbana brasileira. Vamos lá!
Re�exão social, a rede urbana constitui-se também em uma condição social, uma
matriz da qual deverá se veri�car a reprodução das condições de existência,
envolvendo a produção, a circulação e o consumo, assim como diversos aspectos
das relações sociais.
O conceito de rede urbana e a forma como ela está hierarquizada pode variar
de autor para autor, de trabalho para trabalho, pois há diferentes metodologias
para de�ni-la. Para estudarmos a rede urbana brasileira tomaremos como ba-
se o trabalho desenvolvido pelo IBGE, em 2007, denominado “Região de
In�uência das cidades”, que classi�ca a rede urbana brasileira em cinco gran-
des níveis:
2) Capital regional: integram esse nível setenta centros que, como as metrópo-
les, também relacionam-se com o estrato superior da rede urbana. Com capa-
cidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área
de in�uência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um con-
junto de atividades, por grande número de municípios. Assim como o anterior,
este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as capitais
estaduais não classi�cadas no nível metropolitano e Campinas; o segundo e o
terceiro grupos, além da diferenciação de porte, têm padrão de localização re-
gionalizado, sendo o segundo mais presente no Centro-Sul e o terceiro nas de-
mais regiões do País. Os grupos são:
3) Centro sub-regional: nível composto por 169 centros com atividades de ges-
tão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territo-
rial. Além disso, têm área de atuação mais reduzida e os relacionamentos com
centros externos à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três me-
trópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupa-
ção do Nordeste e do Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densa-
mente povoados das Regiões Norte e Centro-Oeste, estão também subdividi-
dos em:
a) Centro sub-regional A: constituído por 85 cidades, com medianas de 95
mil habitantes e 112 relacionamentos.
4) Centro de zona: nível formado por 556 cidades de menor porte e com atua-
ção restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares.
Subdivide-se em:
5) Centro local: as demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação não extra-
polam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm
população dominantemente inferior a dez mil habitantes (mediana de 8.133
habitantes).
Observando o mapa (Figura 29) e com base nos estudos realizados pelo IBGE
(2007), podemos perceber que a distribuição dos níveis hierárquicos no territó-
rio é desigual. Os estados litorâneos concentram o maior número de lugares
centrais, onde o �uxo de informação e mercadoria é muito maior do que em
relação ao interior do país.
É possível perceber, ainda, que existem áreas que contam com uma rede urba-
na estruturada, com a presença de níveis encaixados e situados em intervalos
regulares. Em contraposição, há áreas onde há ausência de níveis hierárqui-
cos intermediários.
A rede urbana brasileira pode ser vista como “armadura” da estrutura sócio-
espacial contemporânea (IPEA et al., 2002). Formada pelos �uxos de pessoas e
mercadorias, desempenha grande signi�cado na análise territorial e constitui
importante subsídio à formulação de políticas territoriais de âmbito nacional,
regional e municipal.
Com o surgimento da indústria, a rede urbana dos diferentes países foi profunda-
mente alterada, assim como a organização de seus territórios (crescimento de cen-
tros urbanos existentes, multiplicação do número das cidades, etc.). [...] Essa fase de
desenvolvimento impulsionou a emergência das metrópoles, que, a partir de então,
reforçam o seu poder de decisão e sua participação nas economias nacionais e nos
circuitos econômicos internacionalizados. Mas, a partir dos anos 70, mutações
conjunturais e estruturais na economia mundial levam a novas transformações no
padrão da urbanização. Desde então, os países industrializados vêm passando, si-
multaneamente, por profunda reestruturação de suas bases produtivas e sociais, e
por radical transformação da natureza, dos atores e dos lugares do crescimento
econômico, a qual tem repercutido, por sua vez, em seus vizinhos menos desenvol-
vidos.
O Estado de São Paulo possui a mais ampla e complexa rede urbana do país,
apresentando inter-relacionamentos com os estados vizinhos e causando im-
pacto em todo o território nacional. O Ipea et al. (2002, p. 111) aponta que:
a rede urbana foi Estruturada a partir da capital, sua constituição remonta ao sécu-
lo passado, quando, após o dinamismo econômico impulsionado pelo complexo ca-
feeiro, a região passou por processo contínuo e permanente de ocupação.
A rede urbana paulista conta com a participação cada vez maior das cidades
médias, que têm crescido em tamanho e em quantidade, fortalecendo e rearti-
culando o seu papel (REANI, 2007).
[...] este conceito foi criado por Patrick Geddes em 1915, referindo-se à junção de ci-
dades em expansão, mas sem a predominância de um centro principal, como ocor-
re na metrópole. A conurbação é constituída pela proliferação de espaços contínu-
os, com pouca hierarquização entre eles, e sem qualquer plano conjunto[...]
[...] o termo megalópole, criado pelo francês Jean Gottman na década de 1960,
refere-se a uma grande área suburbana ou periurbana que contém mais de uma re-
gião metropolitana. O exemplo clássico de megalópole é o eixo que se estende de
Boston a Washington, por cerca de 600 km na costa atlântica dos Estados Unidos,
englobando as grandes metrópoles de Nova Iorque, Filadél�a e Baltimore.
13. Considerações
Neste ciclo, conhecemos o campo da Geogra�a Urbana e vimos que o seu pa-
pel atualmente é o de compreender a cidade com base na realidade vivida.
Vimos também que o pesquisador está inserido no espaço urbano e faz parte
das transformações que ocorrem nesse espaço. Ainda no primeiro tópico tam-
bém vimos uma breve discussão em torno do uso do solo na sociedade capita-
lista e como isso re�ete na formação do espaço urbano. Assim, trouxemos no
segundo tópico a leitura de artigos do livro Geogra�a Urbana Crítica (2018),
nos levando a pensar na noção de práticas socioespaciais, um processo contí-
nuo da reprodução social capitalista. Vimos sobre a da prática socioespacial
da resistência e, em seguida, identi�camos e analisamos por meio das dimen-
sões dos con�itos socioespaciais urbanos, socioambientais e das representa-
ções espaciais, alguns conceitos para o debate da pluralidade teórico-
metodológica na Geogra�a atual. Por �m, vimos dois temas de grande impor-
tância para a compreensão da organização do território brasileiros: a urbani-
zação brasileira e a rede urbana e o crescimento e expansão das cidades.
No próximo ciclo, abordaremos propostas, instrumentos e leis para o planeja-
mento urbano, buscando adequar os padrões físicos espaciais às necessidades
da sociedade, minimizando os con�itos socioespaciais com vistas ao equilí-
brio ambiental e melhor qualidade de vida, se é que isso seja possível em uma
sociedade capitalista.
(https://md.claretiano.edu.br/cargeourbpop-
gp0049-ago-2022-grad-ead-p/)
Objetivos
• Conhecer a teoria sobre o planejamento urbano e sua aplicação no
Brasil.
• Interpretar o desenvolvimento do planejamento urbano e a sua implan-
tação no país.
• Conhecer a política urbana brasileira, suas principais leis e instrumen-
tos.
• Identi�car o conceito de metropolização no processo da dinâmica e pro-
dução espacial.
Conteúdos
• Planejamento e a Produção do Espaço.
• A leitura do Planejamento e da Política Urbana.
• Metropolização do Espaço.
Problematização
O que é planejamento urbano? Quais as principais concepções teóricas e prá-
ticas do planejamento urbano? Quais as características do planejamento ur-
bano no Brasil? O que é Política Urbana? O que é o Plano Diretor? Qual a im-
portância do Estatuto da Cidade para o planejamento urbano no Brasil? Quais
as principais leis urbanísticas do Brasil? Qual o objetivo de cada uma? Quais
os princípios da Carta de Atenas? Quais as características do planejamento
da cidade de Brasília? O que é metropolização do espaço? E o lugar-
mercadoria?
Orientação para o estudo
Neste ciclo de aprendizagem você deverá �nalizar o Projeto de Prática da dis-
ciplina iniciado no 2º Ciclo de Aprendizagem. Para tanto, é fundamental que
leia atentamente as instruções para seu desenvolvimento. Além disso, suge-
rimos o podcast do canal Sem Fronteira (https://anchor.fm
/podcastsemfronteira/episodes/A-pesquisa-da-Geogra�a-Urbana-eg28vu),
intitulado “A pesquisa da Geogra�a Urbana”, que retoma, de maneira geral,
tudo o que foi estudado no ciclo anterior permitindo que você se aprofunde
neste, com um olhar mais atento.
1. Introdução
Neste ciclo, conheceremos o que é planejamento urbano e qual a sua impor-
tância para bom desenvolvimento e crescimento das cidades. Estudaremos,
também, que adotar políticas urbanas que dão diretrizes para o ordenamento
espacial, por meio de leis e instrumentos, viabilizam a implantação de tais po-
líticas. E, por �m, traremos uma discussão em torno da Política Urbana no
Brasil.
Bons estudos!
2. Planejamento urbano
Para pensar o planejamento urbano, é preciso adotar as políticas urbanas e di-
retrizes para o ordenamento espacial das cidades, por meio de leis e instru-
mentos que viabilizem a implantação de tais políticas.
Campos Filho (2001) expõe a ideia inicial do que seria o planejamento urbano
numa de�nição bastante simpli�cada, a�rmando que, para alguns, fazer um
planejamento urbano signi�ca ordenar as cidades e resolver seus problemas.
Para tanto, bastaria listar os problemas e estabelecer uma ordem de priorida-
des na implantação de sua solução, por meio de técnicas adequadas, depen-
dendo dos recursos disponíveis. Seguindo esse método, o objetivo seria alcan-
çado, desde que perseguido honestamente.
Parece ser bem fácil planejar as cidades, mas será que é tão simples assim?
Foi de acordo com esse princípio que se desenvolveu na Europa e nos Estados
Unidos, no �nal do século 19, uma grande ação prática e teórica: o urbanismo
técnico-setorial. Este era baseado na racionalidade da organização e na quali-
dade estética (visual) dos espaços, pouco se importando com a organização
social, onde as cidades industrializadas sofriam um processo de deterioração.
Conhecido, também, como urbanismo sanitarista produziu o saneamento de
áreas inundáveis que, especialmente nos bairros populares, corriam no meio
das ruas, produzindo vários surtos epidêmicos, como a varíola.
Essa vertente do urbanismo, que não punha em causa as raízes dos males existen-
tes nas cidades, teve uma aceitação crescente, embora combatida, como ocorre ain-
da hoje, por aqueles que vêem nesses regulamentos administrativos um cercea-
mento do direito ao uso irrestrito da propriedade imobiliária urbana.
Howard propôs uma propriedade coletiva da terra com uma organização produtiva
agrícola e industrial de pequena escala, em uma cidade jardim de 32 mil habitan-
tes, proposta como modelo universal e antídoto para os males causados por uma
industrialização selvagem (CAMPOS FILHO, 2001, p. 10).
Após a Segunda Guerra Mundial, em meados do século 20, ocorre uma aproxi-
mação entre os urbanistas utópicos e os urbanistas técnico-setoriais. As cida-
des passam desse modo, a serem pensadas levando-se em consideração uma
ação prática governamental e globalizante, política, teorizada e reformuladora
das instituições sociais, ou seja, o planejamento urbano passa a levar em con-
sideração algumas das questões sociais da época (CAMPOS FILHO, 2001).
Essa linha urbanística também não foi capaz de resolver os problemas urba-
nos, pois pautava-se especialmente na construção e na desconstrução de bair-
ros inteiros. Não era capaz de perceber a lógica da desordem urbana, da deteri-
oração ambiental, das habitações precárias e da falta de infraestrutura gene-
ralizada.
Podemos destacar como grande contribuição para o estudo das questões urba-
nas as pesquisas desenvolvidas por Engels e Marx, que analisando o sistema
capitalista, colocaram este como a base da organização da sociedade e ocupa-
ção do espaço urbano. Assim, a terra passa a ser entendida como mercadoria e
a renda da terra fator causal para os problemas urbanos.
A capital Brasília teve sua obra �nalizada na década de 1960. A cidade é exemplo
de planejamento no mundo todo. Ela foi baseada na corrente urbanística
racionalista-progressita que teve como principal precursor o arquiteto e urbanista,
franco-suiço, Le Corbusier. O plano de Brasília segue os princípios colocados na
Carta de Atenas, documento escrito em 1933, mas publicado em 1942. A Carta de
Atenas foi resultado do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) e
escrita fundamentalmente por Le Corbusier. Nesse documento o autor coloca as
principais concepções do urbanismo moderno.
O mentor de Brasília foi o arquiteto e urbanista Lucio Costa, ele conseguiu repro-
duzir os princípios e formas criados na Carta de Atenas, dando vida ao urbanismo
moderno, através da Cidade Funcional. Lucio Costa foi responsável pelo projeto do
Plano Piloto, enquanto que o arquiteto Oscar Niemeyer foi quem projetou os monu-
mentos e criou as formas. Segundo ele:
Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, in�exível, cria-
da pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que en-
contro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas
ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o
universo, o universo curvo de Einstein (NIEMEYER apud IAB, 2011).
Para o Prof. Dr. Roberto Segre (2010 apud UOL, 2010), a capital Brasília representa a
grandiosidade do urbanismo moderno, é um modelo único de cidade. Porém, a sua
concepção envolve não só beleza e grandiosidade, mas também, traços negativos
que retratam o terceiro mundo. A pobreza e a desigualdade social também estão
presentes em Brasília, a cidade foi planejada e projetada para parcela economica-
mente favorecida da sociedade brasileira. A classe com menos poder aquisitivo
coube a ocupação de suas margens, dando origem as cidades satélites, que cresce-
ram e se devolveram sem nenhum planejamento urbano, circundado um dos mai-
ores projetos do urbanismo moderno que foi Brasília.
O arquiteto Frederico de Holanda (2010, apud UOL 2010) faz uma discussão acerca
do uso do solo e especulação imobiliária, para ele o modo como ocorreu a constru-
ção ocupação de Brasília, acabou gerando uma forte segregação e exclusão social.
Tal fato mostra que o Plano urbanístico baseado na Carta de Atenas e no urbanis-
mo moderno ainda não atingiu o planejamento ideal para as cidades. Fica o pen-
samento: será possível construir cidades sustentáveis?
Porém, todas essas medidas tomadas pelo Estado não são o que caracteriza-
mos como planejamento urbano, pois não têm como objetivo a organização e a
ordenação do espaço urbano e não foram formuladas e aplicadas para cada ci-
dade individualmente. São medidas pontuais para solucionar problemas mo-
mentâneos, sem pensar em longo prazo.
Como explica Scarlato (1995), o planejamento urbano no Brasil sempre foi pou-
co aplicado. A ação do Estado pouco se manifestou enquanto se veri�cava a
grande urbanização/industrialização que comandava a produção do espaço
urbano. Sua ação deu-se sempre no sentido de intervir para ajustar a desor-
dem, e não para suprimi-la.
Como nos coloca Flávio Villaça (1995, p. 45), “no Brasil, o que se pode chamar
de ‘planejamento urbano’ tem dois componentes fundamentais e bastante in-
dependentes um do outro. Um é o zoneamento e o outro o planejamento, este
representado pela �gura do plano diretor e seus equivalentes”.
Assim, o Brasil não tem planejado suas cidades com e�ciência. Podemos ver
isso quando caminhamos pelas ruas ou assistimos ao noticiário: o tráfego car-
regado, os transportes públicos lotados, as habitações em encostas, as en-
chentes, e assim por diante.
Villaça (1995) a�rma que o plano diretor está em crise. Inicialmente, ele surge
no país no início do século 20 com o objetivo de “melhoramento e embeleza-
mento”, para melhorar as condições higiênicas e facilitar a circulação entre
seus diversos pontos, dando ao mesmo tempo mais beleza e harmonia e suas
construções. Esse tipo de planejamento/plano diretor perdurou até meados do
século 20. A partir de então, o plano diretor passa a ser substituído por um pla-
no que “[...] nunca atingira seus objetivos e que passará a ser, como ainda é ho-
je, o plano discurso, o plano inconseqüente” (1995, p. 46).
Atualmente, muitas cidades têm plano diretor, mas muitas vezes esses são ex-
tremamente técnicos e pouco utilizados, como coloca Maricato (2000, p. 124):
[...] não é por falta de Planos Urbanísticos que as cidades brasileiras apresentam
problemas graves [...], mas por que seu crescimento se faz ao largo dos planos apro-
vados nas Câmaras Municipais, que seguem interesses tradicionais da política lo-
cal e grupos especí�cos ligados ao governo de plantão.
O Brasil deu dois passos de grande importância nesse sentido, o primeiro foi a
aprovação do Estatuto da Cidade, Lei no 10.257/01, que regulamenta os Artigos
182 e 183 da Constituição Federal e o segundo, a criação do Ministério das
Cidades, instituído em 1º de janeiro de 2003, por meio da Medida Provisória nº
103, depois convertida na Lei nº 10.683, de 28 de maio do mesmo ano, sendo
responsável pelas seguintes Secretarias Nacionais: de Habitação, de
Saneamento Ambiental, de Transporte e Mobilidade e de Programas Urbanos.
Lembrando que neste ciclo você deve �nalizar o Projeto de Prática e este
será um texto fundamental em sua formação pro�ssional e para a con-
clusão desta disciplina.
[...] na prática atribuir usos e ocupações desejáveis ao solo urbano confronta direta-
mente com a propriedade da terra e o mercado imobiliário local e consequente-
mente com poder social, econômico e político de um dado território.
[...] perpetua-se assim uma dinâmica altamente perversa sob o ponto de vista urba-
nístico – de um lado, áreas reguladas, são produzidos “vazios” e áreas subutiliza-
das; de outro, reproduz-se ao in�nito a precariedade dos assentamentos populares.
A despeito de sua aparente irracionalidade urbanística, esta dinâmica tem alta ren-
tabilidade política.
[...] não se trata de desordem ou falta de plano, mas sim da formulação de um pacto
territorial que preside o desenvolvimento da cidade há mais de 50 anos,
impedindo-o de crescer com graça, justiça e beleza.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta me-
tros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a pa-
ra sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja pro-
prietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão
de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do
estado civil.
O Artigo 182 torna obrigatório o Plano Diretor, aprovado pela Câmara, para ci-
dades com mais de 20 mil habitantes, controlando assim o desenvolvimento e
a expansão urbana. O município passa a ter autonomia para legislar sobre as-
suntos de interesses locais (Artigo 30). As desapropriações de imóveis urba-
nos passam a ser feitos mediante indenização. O artigo ainda prevê o parcela-
mento ou edi�cação compulsórios; imposto sobre a propriedade predial e ter-
ritorial urbana progressiva no tempo; desapropriação com pagamento medi-
ante títulos da dívida pública. No entanto, esses instrumentos são facultados
ao poder municipal. O Artigo 183 prevê o domínio de área urbana de até 250
m2, ocupada por cinco anos ininterruptamente, e coloca, ainda, que os imóveis
públicos não serão adquiridos por usucapião.
Podemos destacar aqui, também, o Artigo 225 (BRASIL, 2011), que é comple-
mentar na medida em que coloca como sendo importante o meio ambiente
para proporcionar sadia qualidade de vida, sendo este direito de todos:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e fu-
turas gerações.
[...] a nova lei delega esta tarefa para os municípios, oferecendo para as cidades um
conjunto inovador de instrumentos de intervenção sobre seus territórios, além de
uma nova concepção de planejamento e gestão urbanos.
A nova lei veio nortear o planejamento urbano, tendo como objetivo a promo-
ção da equidade e um ambiente mais equilibrado. Em seu Capítulo I “Diretrizes
Gerais”, no Artigo 1º, Parágrafo Único (BRASIL, 2011b), coloca que:
[...] Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que
regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do
bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
Dessa forma, o Estatuto tem como objetivo organizar as cidades de forma mais
justa e equitativa, com distribuição de bens e serviços à população, de modo a
garantir um ambiente equilibrado. Para isso, o Estatuto pode se utilizar dos
instrumentos de regulação e ordenação urbanística, produzindo, assim, cida-
des sustentáveis.
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para �ns de moradia;
i) parcelamento, edi�cação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais me-
nos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito;
O Estatuto da Cidade, segundo Saule Jr. (2001), de�ne quais são as ferramentas
que o Poder Público, especialmente o município, deve utilizar para enfrentar
os problemas de desigualdade social e territorial nas cidades, mediante a apli-
cação das seguintes diretrizes e instrumentos de política urbana:
[...] este poderá ser utilizado para evitar a ocupação de áreas não su�cientemente
equipadas, evitar a retenção especulativa de imóveis vagos ou subutilizados, pre-
servar o patrimônio cultural ou ambiental, exigir a urbanização ou ocupação com-
pulsórias de imóveis ociosos, captar recursos �nanceiros destinados ao desenvolvi-
mento urbano e exigir a reparação de impactos ambientais.
Como expõe Leonelli (2003), ao parcelar uma terra privada, está se de�nindo o
uso coletivo. Uso e destinação que todos os cidadãos terão que compartilhar
nessa e nas futuras gerações. Portanto, a aprovação de loteamentos consiste
em um ato do poder público municipal de mais alta responsabilidade quanto à
qualidade de vida urbana.
Segundo Villaça (1999, p. 172), “[...] a Lei Federal 6766/79, que regula os lotea-
mentos, é a mais próxima do planejamento urbano, pois trata-se de uma lei es-
peci�camente espacial. Seu objetivo é organizar o espaço”. Desse modo, essa
lei tem sido o principal meio para normatizar a organização das cidades nas
últimas décadas no país. A lei disciplina o parcelamento do solo, com parâme-
tros urbanísticos mínimos para implantação de loteamentos, além de poderes
para criminalizar o promotor de loteamentos ilegais, entre outros.
1. Área mínima de lote igual ou maior do que 125 m² e frente mínima de 5 me-
tros, exceto nos casos de urbanização especí�ca ou edi�cação de conjuntos
habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos com-
petentes.
2. Reserva obrigatória de faixa não edi�cante de 15 metros de cada lado ao longo
das águas correntes, dormentes, dutos, rodovias e ferrovias.
3. Proporcionalidade entre a densidade de ocupação prevista para a gleba e as
áreas de circulação, equipamentos urbanos e comunitários e espaços livres
de uso público.
4. Percentagem de áreas públicas não inferior a 35% do total da área da gleba lo-
teada.
5. Proibição do parcelamento em terrenos com declividade superior a 30%, exce-
to se atendidas as exigências especí�cas das autoridades competentes
(BRASIL, 2011c).
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em fai-
xa marginal cuja largura mínima seja:
c) nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'água", qualquer
que seja a sua situação topográ�ca, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de
largura;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vege-
tação.
Ficam, assim, estabelecidas, mediante o Código Florestal, as áreas de preser-
vação permanente (APPs) como sendo aquelas: ao longo dos cursos d’água,
nascentes, olhos d’água, lagoas, lagos ou reservatórios, com respectivas faixas
de largura, que variam conforme a largura do curso d’água. Cabe salientar que
o Código Florestal é posterior a Lei nº 6.766/79, que previa a faixa não edi�-
cante de 15 metros ao longo de cursos d’água. Segundo o Código Florestal, a
faixa mínima é de 30 metros, variando para maior conforme a largura do cur-
so d’água.
Foram levantadas aqui algumas das principais Leis Federais de grande rele-
vância para a implantação da política urbana. Essas leis trazem as diretrizes e
instrumentos para efetivação do planejamento urbano com qualidade e justiça
social, por meio da gestão democrática, garantia da função social da proprie-
dade urbana e preservação do meio ambiente equilibrado.
4. Metropolização do Espaço
Neste último tópico, vamos ler artigos do livro A necessidade da Geogra�a
(2019), que traz questões respondidas por renomados geógrafos brasileiros. O
primeiro texto (que indicamos a seguir), é de Sandra Lencioni, sobre a metro-
polização do espaço. A pesquisadora entende que a metropolização, enquanto
conceito, se coloca na pauta atual das discussões para compreender a dinâmi-
ca espacial. Ela parte da de�nição do conceito para, em seguida, discutir algu-
mas das principais concepções de metropolização, "procurando desvelar sua
potencialidade para a compreensão do real", como escreveu.
Sugerimos, agora, que você dê uma pausa na sua leitura e re�ita sobre
sua aprendizagem realizando a questão a seguir.
5. Considerações
Neste ciclo de aprendizagem você estudou o planejamento urbano e a po-
lítica urbana, a partir de uma discussão em torno do nosso país.
Trouxemos as legislações mais importantes que ditam as diretrizes para
o ordenamento espacial e ousamos, ao inserir a análise do conceito de
metropolização do espaço, uma discussão atual, necessária, para a com-
preensão da dinâmica do espaço.
gp0049-ago-2022-grad-ead-p/)
Objetivos
• Identi�car e re�etir sobre os fundamentos da Geogra�a da População.
• Identi�car as fases do crescimento demográ�co, bem como a estrutura
da população.
• Compreender os fatores que impulsionam os movimentos migratórios
nacionais e internacionais.
Conteúdos
• Fundamentos da Geogra�a da População e o Crescimento Demográ�co.
• Principais Estruturas da População.
• Movimentos Migratórios.
Problematização
O que é população? Como este conceito evoluiu? Qual a importância do estu-
do demográ�co? Qual o conceito de demogra�a? Qual a importância do estu-
do da demogra�a na Geogra�a? Quais são as fases do crescimento demográ-
�co? Quais são as estruturas da população etária e ocupacional? O que é pirâ-
mide etária? O que é estrutura populacional? Quais são as teorias demográ�-
cas? O que são movimentos migratórios? Quais fatores impulsionam os mo-
vimentos populacionais? Quais as diferenças entre os movimentos migrató-
rios internacionais e nacionais?
1. Introdução
Neste quinto e último ciclo de aprendizagem, estudaremos a Geogra�a da
População, identi�cando e re�etindo sobre os fundamentos deste ramo da
Geogra�a. Veremos as fases do crescimento demográ�co, assim como a estru-
tura da população. E, por �m, veremos os fatores que impulsionam os movi-
mentos migratórios nacionais e internacionais.
Bons estudos!
4. Movimentos migratórios
Neste tópico, veremos os fatores que impulsionam os movimentos populacio-
nais, internacionais e nacionais. Estudaremos de�nições que, sabemos, são
carregadas de carga ideológica e histórica e, porque não dizer de senso co-
mum, sobre imigrante e refugiado. Dê início, o texto parte das classi�cações
utilizando o termo migração. E, em seguida, propõe uma análise a partir dos
fatores de ordem socioeconômica, culturais, políticos e de aspectos naturais.
Por �m, são colocadas situações nacionais e internacionais, identi�cando as
suas causas e contribuições para a formação de uma sociedade multicultural
e multiétnica. Retorne a obra Geogra�a da População (ARAUJO, 2016), anteri-
ormente citada, e leia as páginas 123 a 141.
Vídeo complementar
5. Considerações
Neste ciclo de aprendizagem, vimos como a Geogra�a da População é impor-
tante e não pode ser analisada separadamente do espaço geográ�co, o objeto
de estudo da Geogra�a. Desse modo, conceituou-se "população" e vimos os
fundamentos deste ramo da Geogra�a Humana. Vimos, também que este estu-
do não é novo e trouxemos uma análise desde a antiguidade até os tempos
atuais.
6. Considerações Finais
Nesta disciplina você teve a oportunidade de re�etir sobre temas relacionados
à Cartogra�a, Geogra�a Urbana e da População, os quais serão de muita valia
para a sua vida pro�ssional e formação continuada.