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3o Ano
Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2022
Flódio Santos Cuna
Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2022
Índice
Conteúdo
1. Introdução.........................................................................................................................4
1.1. Objectivos gerais e específicos......................................................................................5
2. Revisão Bibliográfica........................................................................................................6
2.1. Negação na visão de Mateus et alii...............................................................................6
2.1.1. Negação na visão de Culioli......................................................................................7
2.1.2. Classificação dos valores da negação........................................................................7
2.1.3. Unidades negativas e os constituintes negados.........................................................9
2.1.4. Os marcadores de negação: não, nem e sem..............................................................9
Marcador de negação Não........................................................................................................9
2.1.5. Posição do marcador de negação Não.....................................................................10
2.1.6. Marcador de negação Nem......................................................................................12
2.1.7. Posição do marcador de negação nem.....................................................................13
2.1.8. Marcador de negação sem.......................................................................................13
2.1.9. Colocação de marcador de negação sem.................................................................14
2.1.10. Sintagmas com quantificadores negativos...............................................................15
2.1.11. Polaridade das unidades que expressam a negação.................................................15
2.1.12. Marcadores de negação e a polaridade negativa......................................................16
2.1.13. Polaridade de frases e o escopo do marcador de negação.......................................16
2.1.14. Concordância negativa.............................................................................................17
3. Considerações Finais.......................................................................................................18
Referencias Bibliográficas.....................................................................................................19
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Introdução
De acordo com esta perspectiva teórica, um termo, nomeadamente um termo negativo, entendido
como um marcador de operações que podem ser reconstruídas pela análise dos enunciados.
Assim, um termo, independentemente do seu estatuto morfológico, deve ser caracterizado
através da diversidade das estruturas enunciativas em que participa.
Objectivo Geral
Objectivos específicos
Neste capítulo, faço uma revisão do ponto de vista descritivo, tendo como base a visão teórica de
dois autores e suas respectivas obras: na perspectiva de MATEUS et al (2003) e na perspectiva
de CULIOLI (1988), referente ao conceito e classificação da negação, as unidades negativas e os
constituintes negados, o uso e a posição dos marcadores de negação: não, nem e sem, os
sintagmas dos quantificadores negativos, a polaridade das unidades que expressam a negação, os
marcadores de negação e a polaridade negativa, a polaridade de frases e o escopo do marcador de
negação e por fim a Concordância Negativa.
MATEUS et al (2003, p. 769), Podemos caracterizar a negação nas línguas naturais como uma
operação que, atuando sobre uma expressão linguística permite denotar quer a inexistência da
situação ou de entidade originalmente reportadas por essa unidade, quer o valor oposto da
propriedade ou quantidade por ela designadas.
CULIOLI (1988, p. 93), introduz, sem pretender ser exaustivo, quatro tipos de indicadores
negativos: (i) indicadores como (não), sem e nem e a respectivamente distribuídos na relação
com verbais; (ii) afixos negativos como in- e mal- (incrédulos, inábeis); (iii) lexemas de
conteúdo negativo como recusar, temer, impedir, desprovido de; tristeza; raramente; (iv)
negativos indefinidos como nunca, nada.
a) Advérbios de negação
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Advérbios de negação são palavras que pertencem a uma subclasse dos advérbios e que podem
ser modificadores do grupo verbal ou de constituintes do grupo verbal. Tradicionalmente
considerava-se ‘não’ o único advérbio de negação, mas as gramáticas mais atuais já admitem
outros, como vemos abaixo.
Exemplos:
a) Advérbios
Locuções adverbiais
CUNHA & CELSO denomina locuções adverbiais como o conjunto de duas ou mais palavras
que tem valor de advérbio e de regra, as locuções adverbiais se formam da associação de uma
preposição com um substantivo, com um adjectivo ou com um advérbio.
Locuções adverbiais
De negação propriamente dita: qual nada; pelo contrário; nem por sombras; também no; etc.
De modo: de nenhum modo; de nenhuma maneira; de modo algum de tempo: nunca por nunca;
nunca mais; em tempo algum, etc.
A negação é uma categoria ausente na generalidade das gramáticas do Português, sendo referida
apenas em raras e avulsas considerações. Constitui excepção a gramática de MATEUS et al
(2003:645), cujo capítulo sobre a negação introduz algumas questões essenciais no estudo da
sintaxe da negação (MATOS 2003:767).
Estamos a referir-nos a itens lexicais como ninguém, nada, nunca. Nota se,
porém que o seu estatuto quantificacional tem sido alvo de debate. Assim por
exemplo, LAKA et al (1997:234) assumem a sua natureza quantificacional
(universal ou existencial), enquanto DESPREZ (1997:123) defende que são
sintagmas indefinidos de valor quantificacional variável. MATEUS et al
(2003:770).
Os marcadores negativos são núcleos que negam as unidades sobre que tem escopo. O português
europeu apresenta três marcadores de negação fundamentais que ocorrem em domínios
estruturas diversos, à saber: não, nem e sem.
Não é o marcador de negação mais generalizado: para além de ser o marcador prototípico da
negação frásica, pode negar sintagmas ou itens lexicais, como exemplificado respectivamente em
(1), (2) e (3), seguintes:
Em (1), a negação tem escopo sobre o predicado, comprámos esse telefone. Em (2) o constituinte
negado é o sintagma nominal os alunos, que é posto em contraste com constituinte nominal os
docentes. Em (3), a negação afecta apenas a palavra a que esta associado (resolúvel). Neste
ultimo caso não funciona como um afixo (3a) que, por vezes, comuta com prefixos de negação cf.
(4), como i (n) em (4), sendo a sua natureza como componente da palavra materializada
graficamente pela presença de um hífen (veja-se (3)).
Na negação o predicado,
Na negação sintagmática todo o sintagma em questão, lexical a palavra negada.
Exemplos:
Não, enquanto marcador de negação frásica, forma como o verbo que precede. Nos complexos
verbais corresponde o primeiro elemento verbal, como uma unidade sintática que não pode ser
fragmentada. Esta propriedade é atestada pelos exemplos que se seguem mal formados.
Quando o marcador não parece ocorrer depois do primeiro verbo, explica pelo facto de poder ser
um verbo que ainda não se auxiliarizou.
O marcador não pode encontrar-se em adjunção estreita ao verbo, apenas admitindo que
pronomes clíticos se interponham. Exemplo:
O marcador de negação frásica não pode ser redobrado. Assim em frases exclamativas, uma
nova ocorrência de não pode surgir numa posição periférica pós-frásica. Exemplo:
A estrutura das frases negativas foi desde os finais dos anos 80 e durante a
década de 90 alvo de investigação intensiva. A partir do estudo de POLLOCK
(1989:234) forma propostas representações da estrutura da frase que expandem
a categoria funcional Flex em dois nós distintos T (empo) e Ac (ordo).
POLLOCK (1989:234) propõe ainda que o marcador de negação frásica
projecte uma categoria funcional entre as projecções de T e Ac, a natureza de
clítico verbal ou de quase clítico do núcleo levaria o núcleo negativo a elevar-
se e a adjungir-se ao verbo em T. MATEUS eta lii, (2003:776).
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O marcador de negação não não pode surgir quando na frase existe um sintagma negativo
precedendo o complexo verbal. Veja-se o contraste entre (15) e (16).
Para a frase poder ser interpretada como negativa, a presença do marcador de negação é
obrigatória quando nenhum outro elemento negativo precede no domínio frásico o núcleo verbal.
Veja os exemplos seguintes:
Ainda sobre MATEUS et al (2003, p. 772), quando não é uma conjunção de coordenação, nem
surge como modificador dos adverbiais mesmo e sequer, podendo este último encontrar-se
explicitamente realizado ou subentendido (veja-se (23)).
(23) Neymar Jr e Messi não fizeram festa de aniversário, por isso nem sequer/nem
mesmo o Mbappé foi convidado.
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Ocorre também como marcador de negação do quantificador todos (cf. (24)). Em (24), todos não
poderia ser substituído por outro quantificador indicado pluralidade como mostram os exemplos
impossíveis de (25).
Exemplos:
Exemplos:
Sem funciona como uma preposição de sentido negativo, como em (26), ou um complementador
negativo (veja-se (27)), que nas frases finitas integra a locução sem que (cf. (28)). Pode ainda
ocorrer como um afixo como em (29) e (30):
A frase subordinada funciona como o seu domínio de negação. Nesse domínio de negação
nenhum outro marcador de negação frásica é admitido (veja-se (34) e (35).
(34) *Neymar Jr saiu de casa sem a Angélica não ter reparado nisso.
(35) *Esse menino chora sem que não tenha motivos para o fazer.
Os exemplos a cima denotam situações que podem ser reportadas pelas frases afirmativas
correspondentes, ou seja:
Quando funciona como marcador de negação sintagmática. Sem procede o sintagma negado;
dada a sua natureza preposicional, como explicitado em (40).
(40) O Flódio fez o trabalho [sp sem [a ajuda do professor, Doutor Rufino]].
MATEUS et al (2003:773), para além dos sintagmas negados através de marcadores de negação,
existem outros que devem a sua natureza negativa à presença de quantificadores negativos que
podem por si sós ou em combinação com nomes formar uma expressão negativa. Os exemplos a
seguir ilustram estes casos.
O quantificador que ocorre com o núcleo nominal realizado é preferencialmente nenhum (a) e
pode aparecer em posição pré ou pós nominal, conforme (41) e (42). Em posição pós-nominal, e
exclusivamente nesta posição, surge também com sentido negativo o quantificador algum (a)
modificando um nome no singular veja-se (43) e (44).
MATEUS et al, (2003:700) usualmente, as unidades que expressam a negação tem polaridade
negativa inerente, ou seja, por isso sós veiculam o sentido da expressão linguística a que se
aplicam. Porém, há expressões que só são interpretadas como negativas quando estão sob facto
de elementos intrinsecamente negativos. São expressões de polaridade subespecificada.
MATEUS et al (2003:780),
Exemplos:
O conteúdo negativo do marcador de negação frásica é especialmente evidente. Ele pode ocorrer
isoladamente, recuperando por si só o conteúdo elíptico de uma frase negativa:
Nem todas as frases que contem constituintes exibindo marcadores negativos apresentam
polaridade negativa. A interpretação de uma frase como afirmativa ou negativa depende do
domínio sintático que os marcadores de negação afectam. Veja-se os exemplos seguintes:
O complementador negativo sem, embora introduza uma frase que é interpretada como negativa
não admite coordenações com frase em que a expressão de polaridade também não apareça. Pelo
contrário é a expressão também que pode ocorrer, confira a frase seguinte:
(50) *Neymar Jr saiu sem que a Angélica o cumprimentasse e a Benedita também não.
(51) Neymar Jr saiu sem que a Angélica o cumprimentasse e a Benedita também.
Nota: em sintaxe, o escopo de uma unidade coincide tipicamente com o seu domínio de
comando.
Concordância negativa
Introdução
O Corpus escrito
Uma das finalidades dos inquéritos era de verificar qual é o domínio dos informantes
relativamente ao uso de aspectos sintáticos da negação. No entanto, identifiquei e inqueri dez 10
estudantes de classes distintos encontrados no meu Bairro, variando de classes entre 8 a e 10a. Os
presentes inqueridos apresentam resultados diversificados.
Numero 7 3
Material e procedimentos
Os alunos tinham que produzir duas frases simples para cada marcador de negação Nem, Sem e
Nem.
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Uma das perguntas que se fez aos inqueridos para testar o seu domínio quanto ao uso do
marcador de negação não foi a seguinte:
Escolhe e coloque o marcador de negação (Não) numa das frases que se seguem:
Vi____esse filme.
Vi esse filme_____.
Vi esse____filme.
Posteriormente a recolha de dados realizou-se a leitura dos dados fornecidos por sujeitos falantes
do português moçambicanos inquiridos para a verificação da integridade das respostas. Em
seguida fiz a comparação das respostas dadas pelos inqueridos onde pude perceber a
percentagem dos que formularem bem e dos que responderam com algumas dificuldades.
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Não
Quanto à posição do marcador de negação não, dos 10 alunos inqueridos 6 colocam-no adjacente
ao verbo.
Nem
Sem
Alguns exemplos:
a) Fala para o António esperar-me nem eu vou para lá.
Se levarmos em consideração o conceito de adverbio de negação nem, as frases em cima estão
completamente erradas, porque dizer nem eu vou para lá, estás a afirmar que você não vai.
O exemplo da alínea b, mostra que as duas pessoas vão ao mesmo sitio, ao contrário do primeiro
exemplo onde tronca-se o adverbio ‘também’ pelo adverbio de negação ‘nem’.
Considerações Finais
Após a pesquisa desencadeada por mim e que culminou com a realização deste trabalho pude
concluir que a tradição gramatical portuguesa considera ‘nem’ apenas uma conjunção
coordenativa correlativa, que ocorre sempre na estrutura ‘nem … nem’. Em outras palavras ela
tem a função de correlacionar duas frases coordenadas, independentes sintaticamente.
Porém, muitos autores atuais divergem na classificação desta palavra. É o caso da gramática de
Antônio Afonso Borregana, na qual se inclui ‘nem’ na subclasse dos advérbios de negação.
Confirma também está classificação o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, dando como
exemplo: “Nem pense em fazer isso”.
A maioria dos gramáticos consideram tal palavra apenas como conjunção coordenativa, mas
torna-se completamente aceitável, com base em diversos exemplos, que a palavra seja
considerada um advérbio de negação.
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Referências Bibliográficas
Instituto António Houaiss. Dicionário Electrónico Houaiss da Língua Portuguesa. S/l: Editora
Objectiva, 2001.
ANEXOS
i) Dados preliminares
Género____________.
Turma_____.
Nacionalidade______________.
A partir dos constituintes linguísticos que se encontram entre parênteses, formule uma
frase correta ao seu critério.
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(7) (desporto, contestam, todos, a, adeptos, derrota, do, os)
______________________________________________________________________________
(8) (Neymar Jr, sem, que o, a Benedita, cumprimentasse saiu, e a Angélica também)
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__________________________________________________________________.
__________________________________________________________________.
_____________________________________________________________________.
_____________________________________________________________________.
_____________________________________________________________________.
Escolha e coloca o marcador de negação (Não) numa das frases que se seguem:
Vi____esse filme.
Vi esse filme_____.
Vi esse____filme.