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CAPÍTULO IX

REFLEXÕES SOBRE A TERAPIA ANALÍTICO-


COMPORTAMENTAL: DAS BASES FILOSÓFICAS E
METODOLÓGICAS À PRÁTICA CLÍNICA

Nilse Chiapetti
Joselma Tavares Frutuoso
Lizandra de Campos Brandani
Melyssa Kellyane Cavalcanti Galdino
Giovanna Wanderley Petrucci Toscano

A terapia comportamental, ou analítico-comportamental (TAC),


fundamenta-se no Behaviorismo Radical, e utiliza-se dos princípios da
análise experimental do comportamento no contexto clínico. O termo
comportamento designa as relações entre o organismo e o ambiente, de
forma que não faz sentido falar do mesmo sem mencionar as circunstâncias
em que ocorre (Costa, 2002; Farias, 2010).
A Análise do Comportamento utiliza-se da noção de contingências e
de avaliação funcional para descrever as leis que regem as relações organismo-
ambiente. Propõe a identificação de relações de dependência entre eventos a
partir de uma noção de causalidade selecionista (e não mecanicista). Entende
que comportamentos complexos são selecionados por contingências complexas,
as quais possam ter originado e estar mantendo padrões de comportamento
que trazem sofrimento ao indivíduo (Neno, 2003). Consequentemente, no
processo psicoterapêutico, mudanças de comportamentos são buscadas a partir
de rearranjos nas contingências que os controlam (Costa, 2002).
Intervenções nessa perspectiva baseiam-se na análise funcional do
comportamento. Fazer uma análise funcional é especificar a ocasião em
que a resposta ocorre, a própria resposta e as consequências reforçadoras.
O processo terapêutico dirige-se ao aprendizado de novas maneiras de agir,

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visando fortalecer comportamentos desejados, em substituição aos que
causam sofrimento, ampliando, dessa forma, o repertório comportamental
do cliente (Del Prette, 2011)
O presente capítulo tem por objetivo abordar aspectos essenciais
da filosofia e da metodologia que fundamentam a prática do terapeuta
comportamental. Apresentam-se ainda considerações acerca do foco da
interpretação e da intervenção na terapia comportamental, das etapas da
terapia, metodologia, entre outros aspectos. Para finalizar, apresenta-se a
Terapia Analítica Funcional (FAP), de Kohlenberg e Tsai (1991/2001),
um modelo que se destaca entre as terapias comportamentais de terceira
geração, evidenciando a concepção e papel da relação terapêutica na FAP e
na terapia analítico-comportamental.

1. Bases filosóficas e metodológicas da terapia


comportamental

1.1 O behaviorismo metodológico de Watson

O behaviorismo metodológico surgiu com Watson, em 1913,


propondo que o intento da Psicologia deveria ser a previsão e o controle
do comportamento. A Psicologia passa a ser definida como ciência do
comportamento e os psicólogos passam a estudar os eventos ambientais
(estímulos) e as respostas observáveis do organismo, tanto de seres humanos
quanto de animais (influência do evolucionismo darwiniano). Critérios de
cientificidade que não estavam presentes no estudo da consciência agora
podiam ser atendidos: o comportamento era observável diretamente e de
forma consensual (critério de verdade científica) e podia ser mensurado
utilizando-se o método experimental. Watson contribuiu para que a
Psicologia fosse compreendida a partir de um enfoque científico, e ainda
para os modelos clássicos representantes da primeira das três ondas da

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terapia comportamental, apresentadas mais adiante (Alves & Isidro-
Marinho, 2010; Baum, 1994/1999; Matos, 1997).
Watson queria uma Psicologia livre de concepções mentalistas e de
métodos subjetivos de investigação. Não negava a existência da mente,
mas entendia que, por ser diferente do corpo, não podia ser acessada
pelos órgãos sensoriais; negava seu status causal, atribuindo ao ambiente
(estímulos ambientais) esse papel. Descartou, assim, o estudo do que era
definido como “mental”, como sentimentos, emoções e pensamentos,
posteriormente chamados de eventos encobertos por Skinner, que incluiu
nessa categoria comportamentos respondentes ou operantes, destacando
que eram regidos pelas mesmas leis que explicavam os comportamentos
públicos ou abertos (Baum, 1999; Chiesa; 1994/2006; Matos, 1997).
Por reconhecer como comportamento respostas observáveis do
organismo (de glândulas e músculos), eliciadas por estímulos ambientais,
esse behaviorismo ficou conhecido como a psicologia do estímulo-
resposta (S→R). O paradigma se aplica aos comportamentos reflexos
ou respondentes: um estímulo (S) específico leva a uma resposta
igualmente específica e previsível do organismo (R). Sua origem está
na história evolutiva das espécies: o organismo reage para se adaptar. A
relação descreve, a princípio, um estímulo incondicionado (US) que
elicia respostas incondicionadas (UR/inatas). No condicionamento, a
apresentação simultânea (pareamento) de um estímulo neutro (NS) com
um estímulo incondicionado (US), resulta em um novo reflexo, onde uma
resposta condicionada (CR) passa a ser eliciada diante da apresentação de
um estímulo condicionado (CS). Esta nova relação tem sua origem na
história ontogenética da pessoa, referindo-se ao conjunto de aprendizagens
respondentes (Catania, 1999; Ferster, Culbertson & Perrott Boren,
1968/1979; Matos, 1997)24.

24 O exemplo mais conhecido do condicionamento respondente/clássico ou “pavloviano” é o da resposta


de salivação em cães (CR) diante do estímulo “campainha” (CS), quando este estímulo, a princípio
neutro (NS) para a resposta de salivação, é apresentado concomitantemente, ou seja, é pareado com a

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Watson e Raynor (1920, como citados em Wier, 2005) ampliaram o
paradigma de condicionamento clássico de Pavlov. Em um experimento realizado
com Albert, uma criança de nove meses, evidenciaram o condicionamento
de respostas de medo de objetos neutros (NS), a partir do pareamento desses
estímulos com estímulos eliciadores de medo (US ou incondicionados). Após
várias apresentações simultâneas de um rato branco (NS) com um barulho
assustador (US), o estímulo neutro passou a eliciar a resposta de medo. Além
disso, evidenciaram que ocorria “transferência” ou generalização da resposta de
medo para outros animais e objetos que tinham similaridade com o rato (coelho,
cachorro e outros estímulos). Watson e Raynor acreditavam que tal resposta
tendia a ser persistente e propuseram formas de removê-la experimentalmente,
como a habituação, o recondicionamento e a imitação social. Com a saída do
menino do hospital onde realizavam os experimentos, não puderam determinar
se era possível extinguir as respostas condicionadas.
Posteriormente, Mary Cover Jones evidenciou que respostas instaladas
por condicionamento, como medo, podiam ser removidas através de um
procedimento semelhante. Em um estudo de caso, no ano de 1924, Jones relatou
o caso do pequeno Peter, dando continuidade ao estudo de Watson com Albert.
O menino demonstrava medo (de origem desconhecida) diante de vários objetos
e animais (coelho, rato branco, casaco de pele, pluma e algodão). Jones empregou
o condicionamento direto e a imitação social, e ambos os procedimentos foram
eficazes na eliminação da resposta de medo (Wier, 2005).
Jones estabeleceu uma “escala de tolerância” - espécie de hierarquia
de medo, onde descrevia passos sucessivos em direção à tolerância ao
estímulo condicionado. Definiu o condicionamento direto como a tentativa
de associar ao objeto temido um estímulo capaz de provocar uma resposta
positiva ou agradável. Assim, Peter era colocado no cadeirão, com fome, e
recebia alimentos dos quais gostava. Enquanto isso, o objeto mais temido
(coelho) era gradualmente aproximado, numa gaiola. Tal associação resultou

apresentação de pó de carne, um estímulo incondicionado (US) para tal resposta, um certo número de
vezes (Ferster, Culbertson & Perrott Boren, 1968/1979).

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no aumento da tolerância em relação ao estímulo negativo e na substituição
do medo por uma resposta positiva, ou pelo menos por uma resposta de
medo muito reduzida (Jones, 1924a, como citada em Wier, 2005).
Na imitação social, que Jones chamou de “descondicionamento”,
crianças que não tinham medo de coelhos eram trazidas para brincar com Peter
e o animal era apresentado durante parte do tempo. A intenção era que Peter
imitasse o comportamento das crianças, que brincavam com o animal. Ao final
do experimento a resposta de medo intenso deu lugar ao que Jones chamou de
“indiferença tranquila”, e o menino passou até mesmo a brincar com o coelho,
imitando os demais (Jones, 1924b, como citada em Wier, 2005).
Jones teve evidente impacto no campo da psicologia e da terapia
comportamental, de tal forma que tem sido considerada a “mãe da terapia
comportamental”. O condicionamento direto é considerado precursor da
dessensibilização sistemática, cujo componente central é o pareamento de
um estímulo eliciador de medo com um estímulo que elicia uma resposta
incompatível (ou seja, positiva), resultando em redução do medo. Jones
também demonstrou a imitação social com humanos em experimentos
clínicos, posteriormente estabelecida como importante forma de
aprendizagem do comportamento social (Wier, 2005).
Embora com outros nomes e com variações, a idéia de Jones de “graus de
tolerância” e seus métodos de “condicionamento direto” e de “descondicionamento”
são usados até hoje (dessensibilização ao vivo e imitação) para extinguir ou
modificar comportamentos que geram dificuldades ao indivíduo ou àqueles com
os quais ele interage, ensinando novos comportamentos, respostas incompatíveis
e/ou alternativas àquelas consideradas não-adaptativas (relacionadas, por
exemplo, aos comportamentos-problema ou às queixas).

1.2 O behaviorismo radical de Skinner

Skinner postulou o Behaviorismo Radical como a filosofia da ciência


do comportamento. Com o conceito de operante o autor estabeleceu uma

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nova e mais abrangente forma de compreender o comportamento, pois
evidencia o poder ativo do ser humano. Enquanto o respondente é uma
relação previsível e unidirecional entre um estímulo ambiental antecedente e
a resposta do organismo (S→R), em que o ambiente (estimulo antecedente)
causa ou “elicia” a resposta, o operante produz efeitos no ambiente onde
ocorre e é afetado (sua ocorrência futura) por tais efeitos, abrangendo a
imensa maioria das ações do organismo, inclusive aquelas respostas que são
observáveis apenas pelo indivíduo que se comporta (encobertas), abordadas
mais adiante (Alves & Isidro-Marinho, 2010; Baum, 1994/1999; Catania,
1999; Marçal, 2010; Pessôa & Velasco, 2012).
Os principais pressupostos filosóficos do behaviorismo radical
fundamentam a prática do terapeuta na TAC: a visão determinista,
interacionista, contextualista e externalista de causalidade, o modelo
selecionista na análise do comportamento e a perspectiva monista. Portanto,
é importante abordá-los, ainda que de forma breve.
Decorrente de uma visão determinista e interacionista, o
comportamento operante é entendido como resultado da relação entre
organismo e ambiente: o organismo age em função de contingências
ambientais presentes e passadas (história de aprendizagem). Estamos
falando de uma contingência de três termos: SD-R-SR. O primeiro termo
da contingências, SD, é um estímulo discriminativo (antecedente), e refere-
se a eventos que dão pistas quanto à probabilidade de uma dada resposta
(R) ser seguida por uma certa consequência (SR), o que é determinado pela
história de aprendizagem do indivíduo. R diz respeito a qualquer atividade
do organismo; as respostas podem ser ações observáveis publicamente
(respostas motoras, verbais, etc.) ou eventos privados (pensamento,
sentimentos, sensações, etc.). SR representa os efeitos produzidos no
ambiente pela resposta do organismo - as consequências mantenedoras do
comportamento25. O comportamento, nesse sentido, é descrito a partir da

25 Conseqüência é melhor definida como qualquer evento que exerce algum controle sobre a resposta que
a produziu, isto é, que afeta a probabilidade desta ocorrer novamente, podendo ser bastante diversificada

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identificação das circunstâncias em que ocorre, deixando de representar a
expressão de fenômenos subjacentes ou inacessíveis (Baum, 1994/1999;
Catania, 1999; Marçal, 2010).
O ambiente também tem um significado mais amplo, aplicando-se
ao conjunto de estímulos (eventos ambientais) que interferem nas ações
do organismo. Dito de outra forma, o ambiente é tudo aquilo que afeta
o comportamento em dado momento, podendo incluir estímulos físicos
(objetos que nos cercam) e sociais (no caso de humanos, produtos da cultura)
ou públicos (acessíveis a mais de um observador) e privados (acessíveis apenas
ao organismo afetado por eles). Ambiente se aplica então a “(...) qualquer
evento no universo capaz de afetar o organismo, mas parte do universo
está circunscrita no interior da própria pele (...)” (Skinner, 1953/2003, p.
281). Evidenciando uma clara mudança de paradigma, Skinner considera os
eventos privados capazes de controlar o comportamento.
Um exemplo de comportamento como relação entre organismo e
ambiente pode ser assim estabelecido: há um jogo de basquete onde o
adversário exerce uma forte marcação (SD). Então o jogador pode emitir
diversas respostas, como falar (alto) coisas para si mesmo ou para os demais
(Rs públicas), pensar em estratégias para afastar o oponente ou planejar
a sua próxima jogada (Rs encobertas), por exemplo: “sei que serei bem
sucedido (descrição do reforçador) se conseguir fazer (R) a bola entrar na
cesta”. Assim, ele se comporta como falou ou como pensou, ou seja, diante
do comportamento do adversário (SD) ele desvia seu corpo (R) produzindo
o afastamento do oponente (Sr-) ou lança a bola para a cesta (R) fazendo-a
entrar (Sr+). Todas as respostas operantes emitidas neste momento da
partida provavelmente serão selecionadas e terão maior probabilidade

do ponto de vista de sua funcionalidade. O reforço aumenta/mantém a probabilidade de ocorrência das


respostas que o precedem, por oferecer algo (um estímulo apetitivo) ao organismo (SR+ ou reforço
positivo), ou por retirar um estímulo aversivo (indesejável) do ambiente (SR- ou reforço negativo), enquanto
consequências aversivas reduzem a probabilidade de ocorrência das respostas que as precedem, por
produzir um estímulo aversivo (P+ ou punição positiva), ou por retirar um estímulo reforçador positivo do
ambiente (P- ou punição negativa) (Ferster, Culbertson & Boren, 1968/1979).

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de ocorrência em situações semelhantes no futuro, pois produziram
consequências reforçadoras positivas (bola na cesta, pontos para o seu time)
e negativas (afastamento do oponente).
Outras respostas operantes podem ser emitidas conforme as condições
antecedentes e consequentes, a depender da história de aprendizagem e
das contingências presentes durante a partida. Por exemplo, evitar certos
jogadores do time adversário (R), ou passar a bola para o parceiro que está
mais próximo da cesta (R) para que este faça a última jogada que produz
bola na cesta (Sr+). Caso produzam conseqüências desejadas, apresentarão
um aumento na probabilidade de serem emitidas em situações semelhantes
(SD). Por outro lado, considerando os mesmos estímulos antecedentes,
proximidade da cesta (SD), se o jogador passa a bola (R) para seu amigo
e ele erra diversas vezes (P-), a resposta de passar a bola para que ele faça a
última jogada (R) tende a diminuir.26
Como vimos, o operante é afetado pelas consequências que produz
no ambiente. Os estímulos que antecedem a resposta do organismo,
nesse caso, exercem função discriminativa, isto é, sinalizam ao organismo
a possibilidade de uma dada resposta ser seguida por uma determinada
consequência. Este processo de discriminação é explicado pela história
de aprendizagem desse organismo, conforme apontam Sério, Andery,
Micheletto e Gioia (2008):

26 Por tratar-se de um texto introdutório sobre a terapia comportamental, apresentou-se o paradigma de três
termos (SD-R- SR) proposto por Skinner para análise funcional do comportamento. Atualmente discute-se outros
fenômenos ambientais que afetam o responder, como é o caso das operações motivadoras/estabelecedoras.
Estas variáveis motivacionais são definidas em função de seus dois principais efeitos, conforme apontam
Cunha e Marinho (2005): “efeito estabelecedor do reforço e efeito evocativo. O efeito estabelecedor do reforço
é caracterizado pela alteração momentânea da efetividade reforçadora de algum (...) evento; o efeito evocativo
(...) é caracterizado pela alteração momentânea da frequência de um tipo de comportamento que tem sido
reforçado por aquele (...) evento” (p.30). Já as operações motivacionais abolidoras interferem diminuindo o
efeito reforçador de um dado estímulo ou aumentando o seu valor punidor. Neste caso, toda a classe operante
relacionada a estes estímulos tende a diminuir de frequência. No exemplo do jogo de basquete, uma sequência
de derrotas sucessivas da equipe e a pressão do patrocinador podem aumentar o valor reforçador da bola na
cesta e a consequente vitória do time (Cunha & Marinho, 2005).

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O estabelecimento do controle de estímulos
antecedentes sobre a emissão da resposta é (...)
produto de uma história específica de reforçamento.
Uma história na qual a resposta foi seguida de
reforço quando emitida na presença de determinados
estímulos e não foi seguida de reforço quando emitida
na presença de outros estímulos (...), [ou seja], uma
história de reforçamento diferencial. Como resultado
dessa história: a) a resposta será emitida dependendo
dos estímulos presentes e b) a apresentação de
determinados estímulos alterará a probabilidade de
emissão da resposta (...). Chamamos de discriminação
o controle de estímulos assim estabelecido (p.12-13).

Outro exemplo desta relação entre o organismo e o ambiente pode ser


observado na situação terapêutica. O início da sessão pode ser um SD para
que uma cliente fale sobre a briga que teve com o companheiro durante a
semana (operantes verbais), ao mesmo tempo em que ela pode pensar: “será
que o meu terapeuta vai me achar imatura por não saber lidar com isso?”
(operante verbal privado) e sentir um frio na barriga (CR privada), eliciado
pelo olhar do terapeuta (CS, sendo um estímulo social e público). Diante
desta resposta verbal do cliente, o terapeuta pode fazer mais perguntas,
demonstrar acolhimento e sorrir, ou emitir outras respostas, e todas podem
ter função reforçadora para que o cliente fale mais sobre os conflitos conjugais.
Ou as perguntas do terapeuta podem ser aversivas para o cliente, que pode
mudar de assunto (R de fuga/esquiva) e esta resposta tem a função de não
aprofundar em questões delicadas e que produzem sofrimento.
Como explica Skinner (1953/2003), quando o indivíduo se
comporta, modifica o ambiente e é modificado por ele. Isso implica numa
mudança contínua do comportamento em função do contexto, ilustrando
a visão contextualista do behaviorismo radical.
A concepção de homem Skinneriana é marcada pelo caráter relacional
envolvido no comportamento, e pelo modelo selecionista de causalidade,

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profundamente influenciado pela teoria da evolução por seleção natural, de
Charles Darwin. De acordo com tal modelo, o comportamento é produto de
processos básicos de variação e seleção (Marçal, 2010; Baum, 1994/1999).
O comportamento é selecionado pelas consequências que produz, e
esse processo de seleção ocorre em três níveis: (1) das contingências de
sobrevivência responsáveis pela seleção natural das espécies (filogênese); (2)
das contingências de reforçamento responsáveis pelos repertórios adquiridos
por seus membros (ontogênese); e (3) das contingências especiais mantidas
por um ambiente social que evoluiu (cultura) (Skinner, 1981/1987).
Sendo o comportamento humano resultado das histórias filogenética
(história da espécie), ontogenética (história de reforçamento individual) e
cultural (evolução cultural), a tríplice determinação ambiental não pode ser
dissociada. Qualquer tentativa de fragmentação de uma destas três histórias
obscureceria a compreensão de um homem complexo e multideterminado.
Estes três níveis de seleção produzem histórias de vida inigualáveis, e
consequentemente, indivíduos únicos. É esta multiplicidade que constitui
a identidade de cada ser humano (Micheletto, 1997).
Compreender o comportamento numa perspectiva selecionista
conduz a uma conceituação idiossincrática dos fenômenos clínicos de cada
cliente, e consequentemente, a uma dinâmica específica no tratamento.
Assim, dois indivíduos diagnosticados com a mesma “patologia”,
apresentarão repertórios comportamentais e histórias de condicionamento
diferentes. Uma vez que se entende que são estímulos ambientais
específicos que explicam e mantém dado comportamento, e que, ademais,
comportamentos topograficamente similares podem ter funções bastante
diferentes nos dois indivíduos, evidencia-se a singularidade da análise e
intervenção, bem como a inadequação de rótulos que supostamente
explicariam padrões comportamentais (Alves & Isidro-Marinho, 2010).
Se os repertórios comportamentais são produto de histórias de variação
e seleção nos níveis biológico, individual e cultural (Skinner, 1981/1987),
torna-se inadequada a dicotomia normal-patológico. Comportamentos

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percebidos como “patológicos” se mantêm porque foram selecionados na
história do indivíduo, por isso são “funcionais”, uma vez que produzem certas
conseqüências. Em outras palavras, não é apropriado dizer que o indivíduo está
“doente” e por isso apresenta certos comportamentos. A “doença” se refere a
uma classe de respostas selecionadas pelas contingências às quais o indivíduo
foi e/ou está sendo exposto (Alves & Isidro-Marinho, 2010; Marçal, 2010).
O repertório de respostas emitidas pelo indivíduo inclui aquelas que
se situam dentro da sua pele. Frequentemente considerada uma dimensão
à parte, onde são encontradas representações mentais, sentimentos,
cognições, ou ainda as causas dos comportamentos, a subjetividade, de
acordo com a filosofia behaviorista radical, é constituída seguindo os
mesmos princípios que explicam os comportamentos observáveis (Marçal,
2010). Envolve os processos de reforçamento e treino discriminativo, isto
é, os mesmos processos de seleção ontogenética e cultural. Por exemplo, a
criança interage com a comunidade verbal, e esta nomeia seus sentimentos
(identificando, por exemplo, que ela está feliz, ou triste), seus pensamentos,
relaciona suas ações com valores e regras (convenções sociais), e tudo isso
passa a fazer parte da chamada subjetividade (Baum, 1994/1999).
Tais considerações apontam para outro aspecto que merece destaque
no behaviorismo radical: a perspectiva monista que, oposta à divisão
mente-corpo herdada da filosofia, propõe que há, no ser humano, apenas
uma natureza material, afastando toda metafísica do saber científico. Os
comportamentos, públicos ou privados, são entendidos como manifestações
naturais do organismo. Os chamados “fenômenos mentais” não são vistos
como entidades de natureza especial ou como causa de comportamentos
observáveis, mas como respostas diferentes por ocorrerem “sob a pele”. São
diferentes apenas no acesso, já que só o próprio indivíduo pode acessar
os eventos privados dele (pensar, sentir, sonhar, fantasiar, raciocinar, etc.)
(Baum, 1994/1999; Simonassi, Tourinho & Silva, 2001).
Ilustrando essa posição e evidenciando a perspectiva externalista
de causalidade, Skinner assevera que os sentimentos (estados corporais),

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frequentemente considerados causa de comportamentos, são “subprodutos
das contingências em vigor”. Assim, “(...) não choramos porque estamos
tristes ou sentimos tristeza porque choramos; nós choramos e sentimos
tristeza porque aconteceu alguma coisa” (Skinner, 1989/1995, p. 103); o
ambiente determina as duas respostas.
A subjetividade é, assim, um fenômeno produzido pela seleção
filo e ontogenética, mas principalmente construído a partir da relação de
um indivíduo com outros membros da mesma cultura (terceiro nível de
seleção). O conhecimento desta individualidade e a consequente reação
a ela, na forma de comportamento operante, de autoconhecimento e de
autogoverno, só se tornou possível com a emergência do comportamento
verbal e da evolução de ambientes sociais (cultura) promovida por essa
classe de comportamentos (Andery, 1997).
A determinação cultural enfatiza um tipo de seleção peculiar ao
homem, já que ele é capaz de perpetuar suas práticas de uma geração
para a outra graças ao comportamento verbal. Quando chegaram
neste estágio evolucionário os indivíduos passaram a aprender novos
repertórios não apenas interagindo diretamente com o ambiente, mas
também por meio de instruções transmitidas verbalmente pelos seus
pares. Comportamentos selecionados individualmente (condicionamento
operante), no nível ontogenético, passaram a ser propagados para outros
indivíduos de um mesmo grupo. Esta passagem foi responsável pela criação
de práticas culturais que, por sua vez, também foram selecionadas pelas
suas consequências para o grupo como um todo. A comunidade verbal
(ambientes sociais) e as práticas culturais são fundamentais, portanto, na
formação dessa importante parte do repertório dos seres humanos: sua
subjetividade (Sampaio & Andery, 2012).
Em síntese, conforme propõe Chiesa (1994/2006), o Behaviorismo
Radical, que se caracteriza por ser a filosofia da ciência do comportamento,
estabelece o comportamento como objeto de estudo em si mesmo, entende
que a maior parte do repertório comportamental humano é operante e,

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portanto, representada pelo paradigma SD-R-SR. Ademais, numa clara
concepção monista de homem, explica o comportamento sem recorrer a
mediadores como o sistema nervoso, entidades psicológicas ou cognições.

2. A evolução da terapia comportamental

A terapia comportamental passou por três ondas ou gerações.


Sua origem está relacionada a Watson e ao estudo do condicionamento
reflexo de respostas de medo na década de 20. Rejeitando o subjetivismo
dominante na psicologia clínica, a primeira onda caracterizou-se por
modelos fundamentados no condicionamento pavloviano. Os resultados
das pesquisas de Watson eram incorporados pelos terapeutas, em práticas
marcadas pelo caráter tecnicista, com predomínio do emprego de técnicas de
exposição. Os profissionais buscavam unir ciência e terapia, através de uma
abordagem de base experimental, e assim, eficiente. Focar comportamentos
observáveis possibilitava demonstrar os efeitos produzidos pelas técnicas
terapêuticas (Barcellos & Haydu, 1995; Vandenberghe, 2007).
Na década de 50 teve início a aplicação de princípios operantes,
como modelagem, reforçamento diferencial e extinção, até então estudados
em laboratório. Seguia-se o caráter tecnicista e a terapia de modificação do
comportamento era conduzida em ambientes construídos artificialmente.
Os analistas do comportamento usavam, na clínica, procedimentos para
ensinar comportamentos escolhidos como adequados, desconsiderando o
relacionamento genuíno entre terapeuta e cliente. O público-alvo eram
pessoas com retardo mental, autismo ou outros problemas, e o objetivo
era aumentar ou diminuir a freqüência de comportamentos-alvo (Braga &
Vandenberghe, 2006).
A atuação do terapeuta era direcionada ao reforçamento planejado
e ao tratamento de problemas isolados e específicos, desconsiderando-se
os eventos privados (Marçal, 2010). O modelo de aprendizagem operante

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contribuiu bastante para a terapia comportamental, mas sua aceitação
não foi unânime e nem duradoura, parecendo, aos clínicos pavlovianos
- terapeutas dos modelos tradicionais da primeira onda -, apontar para
uma visão superficial. Estes consideravam mais útil atuar nas respostas
emocionais que consideravam estar na base dos comportamentos-problema
que enfrentavam no consultório (Vandenbergue, 2007).
É importante ressaltar que, a despeito das críticas aos modelos clássicos
de terapia comportamental, é evidente a integração de componentes
de tais modelos nos atuais. Um exemplo é o emprego de técnicas como
relaxamento, exposição ao vivo, entre outras, em programas de tratamento
para transtornos de ansiedade (Costa, 2002).
A segunda onda, valorizando o ser humano racional, era uma tentativa
de complementar o modelo da terapia comportamental clássica, considerada
mecanicista. Surgem as terapias cujo modelo é mediacional, em meados
da década de 50, propondo que processos psicológicos e comportamentos
são mediados por sistemas de crenças subjacentes (estruturas e processos
cognitivos). São as terapias cognitivo-comportamentais, considerando que
os problemas psicológicos acontecem quando o indivíduo tem crenças e
pensamentos distorcidos que o fazem interpretar o mundo de maneira
incorreta, sendo a mudanças nessas crenças e pensamentos o foco da terapia. O
objetivo do terapeuta é modificar a estrutura cognitiva e os processos cognitivos
do cliente (reestruturação cognitiva). Nessa direção emprega técnicas de
mudança cognitiva e também tarefas de modificação do comportamento. O
foco tecnicista da primeira geração continua (Vandenberghe, 2007).
Testemunhou-se a revolução cognitiva, promovida por clínicos de
abordagem psicanalítica (como Ellis e Beck) e comportamental (como
Mahoney e Meychenbaum), com modelos de tratamento dos transtornos
mentais marcados por inovações técnicas.
A terceira onda ou “terceira geração” das terapias comportamentais
tem lugar em meados dos anos 80, momento em que a prática terapêutica
comportamental traz uma mudança paradigmática através de modelos

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enraizados no Behaviorismo Radical, os quais buscaram uma distinção da
análise aplicada do comportamento e da postura tecnicista, e uma aproximação
da análise clínica. Tais modelos ganharam um formato próximo do que se
apresenta atualmente, e foram propostos ao mesmo tempo em que se criou
um terreno propício ao avanço da teoria comportamental, com o estudo
de temas como emoção, motivação, comportamento verbal e as chamadas
“relações simbólicas”. Isso permitiu que o analista do comportamento
pudesse lidar de forma mais consistente, na prática terapêutica, com processos
comportamentais complexos (Del Prette, 2011; Vandenberghe, 2007).
Dispostos a superar as limitações impostas pelo tratamento restrito
à aplicação de técnicas, característico das terapias comportamental clássica
e cognitivo-comportamental, os analistas do comportamento passaram a
evidenciar a importância de uma avaliação ampla do comportamento do
indivíduo aplicada às diversas áreas da sua vida.
Os modelos propõem muito mais do que a modificação de emoções
(primeira onda) ou pensamentos (segunda onda), e vão além da eliminação de
comportamentos-problema e instalação de outros, desejáveis. A intervenção
direciona-se à construção de um repertório marcado por habilidades mais
amplas e flexíveis, que permitam uma interação saudável do cliente com o
mundo. Menor ênfase é dada aos processos psicopatológicos e maior atenção
aos modos particulares com que cada cliente lida com o cotidiano. Assim,
enquanto nas duas primeiras ondas havia uma tentativa direta de modificar
pensamentos ou sentimentos, a análise clínica do comportamento nos
modelos atuais é fundamentada numa visão contextual de eventos privados e
relações interpessoais (Del Prette, 2011; Vandenberghe, 2007).
Há uma ênfase na análise do processo terapêutico, e não no
comportamento “problemático” em si, e com isso passa-se a trabalhar com a
vivência genuína e espontânea do cliente e do terapeuta. Antes considerada
um contexto favorável para a aplicação de técnicas, a relação terapêutica
(relação de afeto entre o cliente e o terapeuta) passa a ser reconhecida
como um instrumento de mudança terapêutica, já que se configura numa

- 205 -
interação social, e como qualquer outra que ocorre em outros contextos
fora da terapia, é propícia aos processos de aprendizagem comportamental
(Vandenberghe, 2007; Vandenberghe & Pereira, 2005).
Finalmente, para a terapia analítico-comportamental (TAC), a
análise do comportamento verbal, incluindo os pensamentos e cognições
e o discurso ou narrativa que as pessoas constroem sobre si mesmas e
sobre as interações que estabelecem, passa a ser essencial no processo, pois
permite a compreensão e a intervenção sobre os problemas. Conforme
Meyer, Oshiro, Donadone, Mayer & Starling (2008, como citados em Del
Prette, 2011, p. 18), “a análise do comportamento verbal seria a base de um
modelo explicativo para se compreender episódios comportamentais mais
complexos, o que poderia levar ao aprimoramento da prática em terapia
analítico-comportamental.”
Del Prette (2011, p. 18) reforça esta posição ressaltando que

O que une as propostas da terceira onda é a análise


das influências contextuais sobre o comportamento
verbal humano, bem como uma abordagem funcional
sobre a cognição e a emoção, em que a relação da
pessoa com sentimentos e pensamentos (...) é o
alvo. (...) a terceira onda da terapia comportamental
representa um movimento de distanciamento do
cognitivismo e de retorno ao Behaviorismo Radical,
particularmente para a análise funcional e para a
proposta de modelos de intervenção baseados em
questões sobre o comportamento verbal.

Ainda que seja fonte essencial de dados sobre as contingências


que afetam o comportamento do cliente (Del Prette, 2011), o relato verbal
agrega uma dificuldade ao processo terapêutico. Em primeiro lugar pode
ser impreciso. Ademais, por ser um comportamento operante, o relato
é mantido por variáveis ambientais, incluindo o setting terapêutico, o

- 206 -
terapeuta e tudo o que este faz (ambiente para o cliente). Cabe ao terapeuta
atentar para as funções do relato no contexto da relação terapêutica.
Destacam-se entre os modelos da terceira onda a Psicoterapia
Analítica Funcional (FAP), de Kohlenberg e Tsai, a Terapia de Aceitação
e Compromisso (ACT), de Hayes, Strosahl e Wilson, a Terapia
Comportamental Integrativa de Casal, de Jacobson e Christensen, e a
Terapia Comportamental Dialética, de Linehan (Vandenberghe, 2007).

3. A terapia analítico-comportamental (TAC)

Conforme Del Prette (2011, p. 14), a psicoterapia existe porque


existe o sofrimento.

Quando um indivíduo em sofrimento necessita do


auxílio da psicoterapia pode-se dizer que: a) não teve
oportunidade para aprender certos repertórios para
lidar com as demandas do seu cotidiano; b) aprendeu
repertórios que, embora funcionem, produzem
punição concomitante e/ou a longo prazo (e.g., uma
criança que é imediatamente atendida quando se
comporta de modo agressivo mas que a longo prazo
produz afastamento dos colegas); c) aprendeu o
repertório-alvo, mas outras respostas acabam sendo
reforçadas em maior magnitude e/ou de forma mais
contingente (e.g., uma criança que nem sempre
é atendida ao pedir algo com educação, mas sim
quando grita e ordena); d) aprendeu o repertório
adequado, que, por algum motivo deixa de ser
reforçado em uma nova situação (e.g., uma criança
transferida de escola ou que responde de maneira já
muito infantil para sua idade). A terapia analítico-
comportamental é uma modalidade de atendimento
clínico que intervém sobre quaisquer das situações

- 207 -
citadas e se baseia na análise do comportamento e
nos pressupostos do Behaviorismo Radical.

A intervenção tem por objetivo identificar e analisar funcionalmente


as variáveis externas que controlam os comportamentos do cliente, com o
intuito de modificá-los, se isso for desejável, visando seu bem-estar, o que
se traduz, em última instância, na redução da exposição a conseqüências
negativas e ampliação das suas oportunidades de expor-se a conseqüências
positivas ou reforçadoras (Neri, 1987, como citada em Costa, 2002). O
comportamento deve ser analisado diretamente, através da observação, ou
indiretamente, a partir do relato verbal, pelo cliente, das relações funcionais
referidas. O terapeuta investiga as causas dos comportamentos do cliente, os
fatores envolvidos na sua manutenção e as consequências para o indivíduo
e para o ambiente (Costa, 2002; Farias, 2010).
Os modelos de terapia comportamental propõem uma intervenção
baseada numa avaliação precisa do comportamento-alvo, incluindo as
variáveis do ambiente onde o comportamento ocorre, sua topografia,
dimensões e funções, a frequência de ocorrência, a determinação e a
quantificação das mudanças desejadas e também a história de reforçamento
(Farias, 2010; Lopes, Lopes & Lobato, 2006). A partir dessa avaliação
escolhe-se o programa de intervenção apropriado às necessidades e
características do cliente.
O terapeuta ajuda o cliente a discriminar contingências que operam
na determinação e manutenção do comportamento, o que possibilita sua
previsão e controle nas relações cotidianas, incluindo o contexto da terapia,
já que na relação terapêutica se reproduzem padrões de comportamento
comuns nos demais contextos (Delitti, 2001; Marçal, 2010).
Del Prette e Almeida (2012) chamam a atenção para a análise de
contingências, mais ampla do que as estratégias ou práticas, constituindo-
se em um modo de compreender o comportamento humano, na TAC.
Assim, no contexto da análise de contingências, a análise funcional do

- 208 -
comportamento e técnicas sistematizadas, eventualmente empregadas na
terapia, podem ser tomadas como ferramentas que permitem a análise
molecular de cada comportamento (incluindo variáveis determinantes) e a
intervenção sobre os mesmos.
As estratégias de intervenção direcionam-se ao setting terapêutico,
com especial atenção à análise operante do comportamento verbal, à
relação terapêutica e à análise dos eventos privados, mantendo sempre o
caráter externalista de causalidade (Delitti, 2001).
O emprego da análise funcional do comportamento, aliada à
percepção da relação terapêutica como “curativa”, aspecto abordado mais
adiante, está em acordo com a perspectiva selecionista de causalidade na
concepção do comportamento.
Quanto aos eventos privados ou encobertos (emoções, sentimentos,
desejos, fantasias, sonhos e pensamentos), são tão importantes na TAC
quanto os comportamentos abertos (observáveis). Para o analista do
comportamento emoções, sonhos, afetos e subjetividade

(...) são constituintes das relações indivíduo-


ambiente e, como tais, não são nem mais nem menos
importantes do que quaisquer outros constituintes
de tais relações. Além disso (...) não são vistos como
causas de outros comportamentos. Porque “causas”
estão na historia filogenética, ontogenética e cultural.
Isso tudo: sonhos, emoções, afetos e subjetividade,
são produtos dessas histórias e, como tais, não
deveriam ser confundidos com a história que os
gerou (Benvenuti, Andery, Guedes, Micheletto,
Gioia & Sério, 2004).

Tais eventos (encobertos) não possuem status de causa, mas não deixam
de desempenhar um papel importante na análise de contingências responsáveis
pela aquisição e manutenção de repertórios comportamentais complexos.

- 209 -
De acordo com Skinner, os eventos privados são úteis, pois “eles são pistas
(1) para o comportamento passado e as condições que o afetaram, (2) para
o comportamento atual e as condições que o afetam e (3) para as condições
relacionadas com o comportamento futuro” (Skinner, 1974/1995, p. 31).
Skinner (1953/2003) assevera ainda que “o mundo debaixo da pele”
deve ser levado em conta como mais comportamentos a serem considerados,
diferentes apenas no acesso (perspectiva monista), sendo conhecidos pelo
terapeuta a partir do relato verbal do cliente (ou de outros) sobre seus
comportamentos, bem como pela observação do seu comportamento verbal
e não verbal (respondentes e operantes, correlatos de eventos privados,
como por exemplo, enrubescer, suar, gaguejar, baixar a cabeça, etc.).
Zamignani (2003) chama a atenção não apenas para a importância
dos eventos privados relatados pelo cliente, mas também para os sentimentos
e pensamentos que a presença do cliente e seu comportamento suscitam
no terapeuta. “[...] os estímulos e respostas que ocorrem sob a pele do
terapeuta ou do cliente podem estar envolvidos em diferentes processos
comportamentais e podem exercer um papel importante na construção
de um repertório de autoconhecimento, objetivo de todo processo
psicoterápico” (p. 7).
A importância desse assunto – produção de consciência e de auto-
conhecimento -, bem como a relação entre autoconhecimento e autocontrole,
é abordada por Skinner (1953/2003; 1974/1995). Consciência se refere a
um comportamento verbal discriminativo que envolve a autodescrição,
expressando, assim, um conhecimento sobre o próprio comportamento e
estímulos a eles relacionados. Na perspectiva analítico-comportamental,
portanto, conhecer a si ou ter consciência de si mesmo é discriminar e
descrever seus próprios comportamentos, sejam eles abertos e encobertos.
Partindo dessa lógica, o cliente demonstra estar mais consciente de si quando
se mostra mais sensível ao controle do ambiente, ou seja, demonstra ter
condições de descrever seu comportamento e discriminar as variáveis que o
controlam (Brandemburg & Weber, 2005; Marçal, 2003).

- 210 -
Como vimos, estar consciente ou ter auto-conhecimento envolve a
capacidade de discriminar, que origina-se de um processo de reforçamento
diferencial, o qual torna mais provável a ocorrência de uma resposta
diante de um estímulo específico (Catania, 1999; Skinner, 1953/2003). O
indivíduo, então, emite o comportamento verbal de descrever seu próprio
comportamento (aberto e encoberto) porque é reforçado pela comunidade
verbal quando o faz. Portanto esse reforço é social.
Skinner (1974/1995) diferencia os comportamentos, produtos de
contingências ambientais, e o relato ou descrição de comportamentos
(abertos ou encobertos) ou de suas causas, produto de contingências
específicas, verbais e organizadas por uma comunidade. Isso evidencia que
o autoconhecimento é um repertório adquirido nas relações com o outro
por sermos membros de uma cultura que valoriza este tipo de repertório.
A terapia qualifica-se como um ambiente planejado para que tal
aprendizagem ocorra, sobretudo quando as contingências presentes em
outros contextos são fracas na promoção deste repertório (Brandenburg &
Weber, 2005). Quando descreve seu comportamento, na terapia, o cliente
demonstra ter ou estar buscando autoconhecimento, e sua conduta está
sob controle do terapeuta, de suas perguntas, do Setting terapêutico, entre
outros estímulos discriminativos que indicam que será compreendido e
aceito (reforçado ou não punido), o que aumenta a probabilidade de agir
dessa forma nesse contexto, ampliando os possíveis benefícios do processo,
reduzindo o sofrimento e promovendo sua qualidade de vida.
Para finalizar, abordando o que define uma terapia comportamental,
e o que faria parte da prática do terapeuta comportamental, Meyer (2003)
destaca que não é suficiente acreditar que sentimentos não são causa de
comportamentos observáveis, ou que o ambiente afeta o comportamento,
ou ainda aplicar procedimentos operantes, para ser considerado terapeuta
comportamental. Considera ainda que são essenciais, no nível metodológico,
a análise de contingências, no nível conceitual, o conhecimento e a

- 211 -
aplicação, mesmo que assistemática, de princípios de comportamento, e
no nível filosófico, pelo menos a rejeição ao mentalismo.
Em síntese, de acordo com Del Prette (2011), as terapias comportamentais
são empíricas, contextualistas (foco no ambiente e contexto), funcionalistas
(interesse nas variáveis mantenedoras do comportamento), probabilísticas
(o comportamento é percebido como previsível), monistas (rejeição do
dualismo mente e corpo) e relacionais (o comportamento é entendido como
resultado da interação entre o organismo e o ambiente).

3.1 Fases do processo psicoterapêutico na TAC

O processo possui algumas fases, com objetivos mais ou menos


específicos: inicial, intermediária e final (Lima, 1981, como citado em
Costa, 2002). Esta divisão acaba tendo função didática, já que na prática
da terapia estes processos muitas vezes se fundem e ocorrem evoluções e
retorno a etapas anteriores.
A etapa inicial refere-se à avaliação do caso, destacando-se o
levantamento da queixa e a coleta de informações sobre a situação atual do
cliente, incluindo os comportamentos-problema e também os “saudáveis”,
as pessoas e contextos relacionados aos comportamentos, ou, mais
especificamente, as variáveis controladoras e a história de aprendizagem.
Acerca da avaliação, é importante lembrar que o uso de categorias
nosológicas é inadequado por enfatizar a topografia da resposta e não a função
desta, e pelo caráter internalista de tais classificações, que leva a supor que
possíveis causas de comportamentos ou “sintomas” seriam processos subjacentes,
contrapondo-se a uma compreensão analítico-comportamental, que pressupõe
ser a aprendizagem o processo central na aquisição de comportamentos.
Considerar o comportamento como a relação entre organismo e ambiente
implica em aceitar que não é possível reproduzir as mesmas combinações
de variáveis controladoras em momentos distintos e com pessoas diferentes.
Assim, como já consideramos, o terapeuta fará a análise da forma como um

- 212 -
sujeito teve seu repertório comportamental construído ao longo de sua história
de aprendizagem, e que o faz um indivíduo único, não cabendo a escolha de
uma conduta terapêutica idêntica à empregada com outros indivíduos (Araújo
& Medeiros, 2003; Lopes, Lopes & Lobato, 2006).
Silvares (2008) propõe quatro fases na avaliação: identificação do
problema, análise funcional, estabelecimento do tratamento e verificação
da eficácia do tratamento.
A fase 1, identificação do problema, está direcionada à descrição e
pormenorização do problema, incluindo determinação da frequência,
intensidade, duração, conveniência do comportamento, classificação como
excesso ou déficit comportamental, a obtenção da história do problema,
a identificação de possíveis variáveis de controle e a seleção dos objetivos
(Leonardi, Borges & Cassas, 2012; Silvares, 2008).
A fase 2, análise funcional, ou análise das contingências ambientais que
informam como um comportamento-problema é mantido no repertório
do indivíduo (momento atual), além das condições que marcaram sua
instalação ou história de reforçamento, inicia-se quando o terapeuta se
depara com uma queixa, (Costa, 2002; Delitti, 2001; Leonardi, Borges &
Cassas, 2012; Marçal, 2010; Silvares, 2008).
Um momento importante no processo terapêutico comportamental
é a devolução, situado entre a fase inicial (avaliação) e a intermediária
(intervenção). Juntos, terapeuta e cliente podem discutir sobre metas
terapêuticas e sobre formas de atingi-las (Costa, 2002; Leonardi, Borges
& Cassas, 2012; Marçal, 2010; Silvares, 2008). A oportunidade de avaliar,
junto com o terapeuta, as possíveis hipóteses sobre como se mantém e como
foram instalados os padrões de comportamento, é o aspecto educativo da
terapia comportamental, pois o cliente tem a oportunidade de começar a
observar e discriminar as condições que controlam seu comportamento,
condição obrigatória para a eficácia da terapia (Delitti, 2001). Alguns
autores sugerem a elaboração de hipóteses para comportamentos isolados
(microanálises), e de uma hipótese mais ampla, capaz de explicar a

- 213 -
situação atual do cliente em termos da inter-relação entre seus diversos
comportamentos (macroanálise) (Costa, 2002).
A fase 3 refere-se ao estabelecimento do tratamento para o cliente e a
determinação das estratégias de intervenção. Tais decisões passam pela avaliação
dos recursos e habilidades de que dispõem o cliente, bem como sua motivação e
de pessoas envolvidas, como o grupo familiar, quando for o caso (Silvares, 2008).
A fase 4 está voltada à verificação da eficácia do processo psicoterápico
e perdura durante todo o tratamento, podendo seguir-se após o seu término,
no sentido de avaliar seus efeitos (follow-up). Isso quer dizer que a avaliação
mescla-se ao processo terapêutico, fornecendo indicadores de sua eficácia, e
possibilitando o estabelecimento de novas estratégias na direção do alcance dos
objetivos, quando for o caso (Leonardi, Borges & Cassas, 2012; Silvares, 2008)
Em suma, a avaliação (funcional) tem quatro objetivos: a) identificar
o comportamento-alvo e as variáveis ambientais mantenedoras; b)
determinar a intervenção apropriada; c) monitorar o progresso obtido com
a implementação das estratégias de intervenção; d) determinar a eficácia
das estratégias implementadas. Fundamenta, pois, a compreensão do caso
e a tomada de decisões na clínica (Leonardi, Borges & Cassas, 2012).
Costa (2002) sugere a elaboração de microanálises ou hipóteses que
explicam comportamentos específicos nas diversas áreas da vida do cliente
(quadro1). As áreas componentes da ficha do cliente dependem do quadro
clínico que se apresenta, e serão registrados os comportamentos que se
destacam, favorecendo uma macroanálise.

Comportamento Comportamento
Áreas
adaptado inadequado
Interação familiar
Relações afetivas
Trabalho
Lazer

Quadro 1: Ficha de organização de microanálise (cf. Costa, 2002, p. 13).

- 214 -
Realizada a avaliação funcional do comportamento (queixas), tem
lugar a etapa intermediária do processo, que se refere à intervenção, com
a aplicação de estratégias, incluindo eventualmente técnicas específicas,
visando modificar o comportamento do cliente. Busca-se promover a
redução da frequência de comportamentos que geram consequências
aversivas para ele mesmo ou para aqueles que com ele se relacionam, e/ou
a redução da frequência de comportamentos que produzam consequências
reforçadoras. Focam-se comportamentos abertos e privados (Costa, 2002)
relacionados com os problemas (queixas).
É importante lembrar que se nos primeiros modelos as técnicas
eram a própria metodologia da terapia comportamental, e tinham tanta
importância a ponto da terapia ser reduzida a aplicação de um conjunto
de técnicas e o terapeuta ser considerado uma espécie de “engenheiro do
comportamento”, não importando suas características e habilidades, nem
tampouco a relação terapêutica (Vandenberghe, 2007). A perspectiva
selecionista do comportamento evidenciou a necessidade de buscar os
determinantes ambientais do comportamento, e as técnicas sistematizadas
continuaram a ser vistas como úteis, mas somente se baseadas numa análise
funcional do comportamento, que fundamenta toda a prática do terapeuta
(Del Prette e Almeida, 2012).
A fase terminal do processo terapêutico, ou de acompanhamento,
ocorre quando os objetivos terapêuticos foram alcançados e o cliente
demonstra a capacidade de administrar sua vida por si mesmo,
recomendando-se a “alta”. Embora não hajam critérios bem definidos
sobre como e quando “dar alta”, geralmente o que ocorre é o espaçamento
dos atendimentos, inicialmente, e depois o acompanhamento ou follow-
up via telefone, periodicamente, para verificar se a evolução observada
ao longo do processo se mantém (Costa, 2002). A manutenção da
relação terapêutica para além do tempo necessário não é recomendada,
pois não permite que o cliente coloque em prática as habilidades de
enfretamento aprendidas.

- 215 -
4. Terapia Analítica Funcional (FAP)

Entre as modalidades comportamentais da terceira onda, a


psicoterapia analítica funcional (FAP), de Kohlenberg e Tsai (1991/2001),
é referida como uma proposta sistematizada e completa tanto do ponto de
vista filosófico e teórico, quanto prático, e que por isso mesmo tem sido
amplamente aceita (Conte & Brandão, 1999). Por esse motivo é apresentada
para ilustrar o emprego prático da terapia analítico-comportamental.
A FAP é uma proposta de intervenção sistematizada, cuja ênfase está
na análise da relação terapêutica como forma de promover alterações no
comportamento do cliente, especialmente dos que o trouxeram à terapia, porque
serão reproduzidos na relação com o terapeuta, e assim podem ser modificados
via modelagem direta. Em outras palavras, o modo como o cliente se comporta
em relação ao terapeuta é semelhante ao modo como se comporta com outras
pessoas em contextos distintos (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001; Tsai et al., 2011).
O contato direto com o comportamento do cliente, no setting
terapêutico, leva o terapeuta a levantar hipóteses sobre as variáveis que afetam
seu comportamento, dentro e fora da sessão (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001;
Tsai et al., 2011). A reprodução de padrões de comportamento do cliente, na
relação terapêutica, ocorre devido à equivalência funcional entre a situação
terapêutica e o ambiente natural do indivíduo, aspecto que também favorece
a generalização das mudanças comportamentais para outras situações.
Fundamentado no Behaviorismo Radical o modelo preconiza que
os problemas de cada cliente são oriundos do processo de aprendizagem
individual. O terapeuta busca identificar os comportamentos que ocorrem
em terapia e que estão relacionados com problemas do cotidiano do cliente,
avaliá-los e classificá-los, com propósito de intervir em direção à mudança
desejada. A FAP considera que parte do problema tem origem numa
história de fuga e esquiva de situações aversivas. Se tais comportamentos
são reproduzidos em sessão, o terapeuta deve trabalhar visando o bloqueio
da esquiva emocional e a promoção da aceitação das emoções associadas

- 216 -
ao enfrentamento de tais situações. Isto só é possível num ambiente
marcado pela confiança e empatia, onde o cliente possa sentir-se acolhido
(Kohlenberg & Tsai, 1991/2001; Tsai et al., 2011).
Os comportamentos do cliente que acontecem na relação com o terapeuta
e que estão relacionados com o seu problema do cotidiano são chamados de
comportamentos clinicamente relevantes (CCRs) e são classificados em três
tipos: CCRs 1, 2 e 3 (Kohlenberg & Tsai, 1991/2001; Tsai et al., 2011).
CCR1: comportamentos que fazem parte do problema do cliente
que procura ou é levado à terapia, e que devem ser enfraquecidos ao longo
do processo psicoterápico para que se possa promover a emergência de
padrões mais desejáveis ou efetivos de comportamentos (Alves & Isidro-
Marinho, 2010; Braga & Vanderberghe, 2006).
CCR2: comportamentos que se referem à melhora do cliente,
ocorridos nas sessões, e que devem ser reforçados. Podem apresentar-se
em baixa frequência ou não aparecer no início do processo terapêutico,
mas com a redução dos CCR1 e reforços do terapeuta tendem a ser
mais freqüentes. Se o cliente relata a ocorrência de comportamentos
funcionalmente similares ao enfrentar problemas no dia a dia, significa que
está tendo progressos e que está havendo generalização desses resultados
para outros contextos. Assim pode-se dizer que a terapia está sendo efetiva
(Alves & Isidro-Marinho, 2010).
CCR3: interpretações do cliente sobre seus próprios comportamentos,
que vão sendo modificadas ao longo da terapia, à medida que ele aprende a
fazer a análise funcional do seu comportamento. Com a evolução do processo
o cliente se torna progressivamente capaz de descrever as contingências que
explicam e controlam seu comportamento, o que significa autoconhecimento
(Alves & Isidro-Marinho, 2010; Tsai et al., 2011).
Na FAP, o objetivo da relação terapêutica é colocar o cliente em contato
direto com as contingências que controlam seu comportamento, a fim de
enfraquecer os CCRs1, fortalecer os CCRs2 e modificar os CCRs3, tornando
tais respostas mais construtivas. O cliente trará para as sessões e para a relação

- 217 -
terapêutica os CCRs, que então podem ser modelados por meio de reforçadores
naturais (p.ex., reações genuínas do terapeuta). Fora do contexto da terapia
consequências de comportamentos similares do cliente tem o mesmo efeito
(Braga & Vandenberghe, 2006; Kohlenberg & Tsai, 1991/2001).
Kohlenberg e Tsai (1991/2001) sugerem cinco regras que tornariam
mais fáceis a atuação do terapeuta nas tarefas de observar, evocar e
consequenciar CCRs:

• Primeira regra: atentar aos CCRs na sessão. Isto possibilitaria maior


intensidade das reações emocionais de ambos, cliente e terapeuta,
bem como aumentaria as chances do terapeuta consequenciar
adequadamente e de forma natural o comportamento do cliente.
• Segunda regra: evocar os CCRs. Uma relação terapêutica de boa
qualidade facilita ao terapeuta evocar os CCR1 (comportamentos-
problema), que podem então ser modelados diretamente, e
favorece a emergência de CCR2 (comportamentos desejáveis).
• Terceira regra: reforçar de forma natural os CCRs2, ou seja o
progresso (comportamentos adequados) apresentado pelo cliente.
• Quarta regra: atentar para os efeitos potencialmente reforçadores
do comportamento do terapeuta que consequenciam a emissão
dos CCRs do cliente, o que implica na necessidade do terapeuta
desenvolver a auto-observação do próprio comportamento.
• Quinta regra: colocar em evidência as variáveis que afetam os CCRs
do cliente, tornando-o consciente de seu próprio comportamento,
o que implica em fazer análises funcionais do mesmo (Alves &
Isidro-Marinho, 2010; Braga &Vandenberghe, 2006).

Nem todos os comportamentos que ocorrem na sessão são CCRs e os


que são devem ser contextualizados e classificados em CCRs1 ou CCRs2,
considerando que sua função pode variar de cliente para cliente. Dessa

- 218 -
forma o terapeuta evita incorrer no erro de punir um CCR2, agravando os
problemas do cliente (Brandão, 2000; Conte & Brandão, 1999).

5. A relação terapêutica na terapia analítico-


comportamental

Como vimos, a relação terapêutica é um componente fundamental


nos modelos terapêuticos comportamentais atuais, merecendo consideração
especial nesse ensaio. Esta relação difere das demais por se tratar de uma
situação marcada pela empatia, aceitação (ausência de julgamento), e
fundamentalmente pela intimidade (Braga & Vandenberghe, 2006;
Vandenberghe, 2007; Velasco & Cirino, 2005).
A empatia é fundamental na relação terapêutica, pois torna mais
fácil a compreensão dos códigos trazidos pelo cliente. O cliente torna-se
capaz de observar a si mesmo e discriminar as contingências que estão em
operação em sua vida, afetando seu comportamento, bem como alterá-las
quando for desejável. Quando os clientes percebem seus terapeutas como
cuidadosos e empáticos sentem-se mais seguros e confortáveis, o que favorece
o estabelecimento de uma aliança forte e afetiva e o sucesso no tratamento.
Intimidade surge quando as pessoas se mostram como são, comunicam-
se abertamente, partilhando experiências e segredos, sofrimento e sentimentos
positivos (amor, esperança, alegria, orgulho e outros). As emoções evocadas
pela psicoterapia podem ser dolorosas. Assim, o papel do terapeuta é bloquear
a esquiva, até que essas respostas diminuam em intensidade, o que é mais fácil
num clima de confiança, respeito e honestidade. Se o cliente tolerar e tentar
entender suas reações emocionais em vez de esquivar-se delas, é possível
promover o desenvolvimento de outros repertórios pela possibilidade de ter
contato com reforçadores distanciados até então pela evitação. Quando essa
estratégia, mesmo tendo efeito punitivo, ocorre num contexto relacional
de intimidade, o cliente terá mais condições para suportar suas frustrações,

- 219 -
aumentando as oportunidades para a ampliação do seu repertório de
enfrentamento (Braga, Vandenberghe & Pereira, 2005; Delitti, 2001).
A psicoterapia é um processo complexo que ocorre em um contexto
interpessoal no qual terapeuta e cliente interagem (um é ambiente para o outro)
provocando mudanças em ambos (Velasco & Cirino, 2002). Baseada nessa
prerrogativa, a FAP, apresentada no tópico anterior, propõe a sistematização da
relação terapêutica como instrumento crucial no contexto clínico. Considera
que comportamentos abertos e encobertos (p. ex., sentimentos) ocorrem e
devem ser analisados para o benefício do cliente no sentido de promover
autoconhecimento. Além disso, recomenda que o terapeuta atente aos seus
próprios sentimentos relacionados ao cliente. A discriminação das emoções
evocadas pelo comportamento do cliente (raiva, ansiedade, pena, admiração
em relação ao cliente) é uma das principais estratégias para ter acesso às
contingências relevantes da sua vida e pode ajudar na conscientização do
cliente sobre o impacto que seus comportamentos têm sobre as pessoas com
quem interage (Brandão, 2000; Kohlenberg & Tsai, 1991/2001).
De acordo com a FAP, uma relação bem estabelecida, onde o cliente
possa confiar no terapeuta, sentir-se aceito e livre de julgamento, é a base
para o sucesso na escolha e aplicação de técnicas e procedimentos (Meyer
& Vermes, 2001). Nessa perspectiva, Kohlenberg e Tsai (1991/2001)
consideram que a relação terapêutica não é apenas um componente
fundamental da terapia, mas sim, é curativa.
É importante considerar que tais pressupostos acerca da relevância
da relação terapêutica no processo aplica-se não somente à FAP mas às
terapias comportamentais atuais ou contextuais, de modo geral.

Considerações finais

A terapia comportamental, em seus primeiros modelos, voltou-


se à aplicação de procedimentos fundamentados no condicionamento

- 220 -
pavloviano e nas descobertas de Watson sobre a aquisição e a extinção de
respostas específicas, particularmente respostas emocionais que estariam na
base de comportamentos-problema. Ainda nesse movimento denominado
de “primeira onda das terapias comportamentais”, surgiram os modelos de
modificação do comportamento, voltados à aplicação de princípios operantes,
direcionados ao aumento ou redução da freqüência de comportamentos
selecionados, com um público específico, como portadores de retardo
mental, esquizofrenia, autismo, etc. (Braga & Vandenberghe, 2006).
Posteriormente surgiram as terapias cognitivo-comportamentais,
num movimento chamado de segunda onda das terapias comportamentais,
propondo que os problemas de comportamento têm sua base em
interpretações errôneas da realidade. Esta forma de compreender os
problemas de comportamento explica o papel central da reestruturação
cognitiva no tratamento (Vandenberghe, 2007).
Após um longo caminho marcado por modelos tecnicistas, surgiram
as propostas da terceira geração de terapias comportamentais (atuais),
tendo como base o Behaviorismo Radical e os princípios da análise
experimental do comportamento. Propondo a importância da avaliação
ampla do repertório comportamental do indivíduo e de uma análise e
intervenção idiossincrática, abandonam a compreensão de que processos
psicopatológicos estariam na base dos problemas que motivam a busca de
ajuda. Fundamentalmente compartilham uma visão contextual de eventos
privados e de relações interpessoais, atribuindo, por isso mesmo, grande
valor à relação terapeuta-cliente (Del Prette, 2011; Vandenberghe, 2007).
Os modelos comportamentais atuais consideram que a aprendizagem
é o processo fundamental na aquisição de comportamentos que produzem
sofrimento ao indivíduo ou aos demais, tanto quanto para o desenvolvimento
de padrões comportamentais mais desejáveis (Costa, 2002; Farias, 2010).
Outro princípio fundamental que afeta a prática clínica comportamental
é a compreensão do comportamento enquanto interação organismo –
ambiente, de forma que não faz sentido analisá-lo destituído da relação com

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suas variáveis controladoras (ambientais). Sendo assim, qualquer tentativa
de compreender e intervir sobre o comportamento (aberto ou encoberto),
deverá ocorrer a partir da análise funcional do mesmo (Delitti, 2001).
Finalmente, numa posição monista, tais modelos se pautam
no pressuposto de que comportamentos privados são diferentes dos
comportamentos abertos apenas no acesso (apenas o próprio indivíduo
tem acesso ao que ocorre “debaixo da pele”). São determinados pelas
mesmas contingências ambientais que determinam os comportamentos
observáveis (Skinner, 1953/2003). O recorte da análise e da intervenção é,
nesse sentido, externalista.
As estratégias de intervenção, no setting terapêutico, privilegiam
a análise do comportamento verbal, a relação terapêutica e a análise dos
eventos privados (Delitti, 2001).
Destaca-se a importância da análise do comportamento verbal
do cliente, como fonte de informações sobre contingências que operam
mantendo o seu comportamento, nos diversos contextos (Del Prette,
2011). O cliente descreve suas interações, e assim fornece dados sobre a
forma como percebe a si mesmo em tais contextos e eventos, permitindo ao
terapeuta acessar, compreender e intervir sobre padrões comportamentais
complexos, os quais tendem a se repetir, inclusive na terapia. É necessário
considerar, porém, que o relato verbal pode ser impreciso. Além disso,
por ser um comportamento operante, é mantido por variáveis ambientais,
incluindo o fato de estar no setting terapêutico e a presença do terapeuta e
sua atuação (ambiente para o cliente). Assim, o terapeuta deve atentar para
as funções do relato no contexto na relação terapêutica.
Finalmente, a TAC, através de análises funcionais do comportamento,
especialmente das relações que o cliente estabelece no seu cotidiano, prevê a
ampliação da sua consciência (auto-conhecimento) acerca das contingências
que controlam seu comportamento, incluindo aquelas que lhe deram
origem (história de aprendizagem), e aquelas que atuam mantendo suas
dificuldades atuais. Tornar o cliente sensível às contingências que controlam

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sua conduta é um primeiro passo para a mudança, e, portanto, um objetivo
fundamental da TAC (Zamignani, 2003). Espera-se que o cliente, a
partir desse conhecimento, desenvolva habilidades de enfrentamento que
permitam a redução da exposição a conseqüências aversivas e a ampliação
do acesso a conseqüências positivamente reforçadoras, promotoras de
melhor qualidade de vida, com menos sofrimento e mais satisfação.

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