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O Município de Serra Grande-PB nos autos da presente ação

ordinária requer o reconhecimento da conexão da presente

demanda com o Processo Nº 0001626-29.2011.815.0211.

O banco promovido, em sua manifestação, requereu o

indeferimento do pedido de conexão afirmando que uma das ações

judiciais (0001626-29.2011.815.0211) já se encontra com trânsito

em julgado.

Relatados no essencial. DECIDO.

O Código de Processo Civil estabelece hipóteses que justificam a

modificação da competência, excepcionando a máxima da

perpetuatio jurisdionis.

Por sua vez, em seu art. 55, o Código de Processo Civil pontuou

que:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações

quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.


§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para

decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido

sentenciado.

Ou seja, para reunião dos processos para fins de julgamento

conjunto é necessária que os processos tenham em comum o

pedido ou a causa de pedir.

Além do mais, prestigiando o princípio da segurança jurídica, a

legislação processual ainda estabeleceu que “serão reunidos para

julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de

prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos

separadamente, mesmo sem conexão entre eles.” (art. 55, § 3º, do

CPC).

No caso, na presente ação ordinária o Banco Original (sucessor do

Banco Matone) pugna pela “procedência da demanda,

condenando-se em definitivo o MUNICÍPIO DE SERRA GRANDE-

PB ao cumprimento integral da obrigação de fazer assumida;”. Ou

seja, a instituição financeira objetiva, por meio da presente

demanda o cumprimento dos termos do convênio celebrado com o

Município de Serra Grande-PB.


Por sua vez, nos autos da Ação Civil Pública por Ato de

Improbidade administrativa Nº 0001626-29.2011.8.15.0211, o

Ministério Público requer, entres outros pedidos, a anulação do

ANULAR do “Convênio celebrado entre o Município de Serra

Grande e o Banco Matone, acordado em 11/10/2006”.

No caso, analisando as demandas, mesmo não havendo perfeita

identidade de partes e de pedido, parece claro que o direito de

fundo discutido em ambas as demandas é o mesmo: o convênio

celebrado entre o Município de Serra Grande e o Banco Matone.

Ou seja, a presente ação judicial objetiva o cumprimento que a ação

judicial 0001626-29.2011.8.15.0211 pretende anular. Assim, patente

o risco de “decisões conflitantes ou contraditórias”.

Conforme orientação jurisprudencial, é possível a reunião de

processos, mesmo inexistente conexão stricto sensu, quando

houver o risco de prolação de decisões conflitantes ou

contraditórias caso julgados os feitos separadamente.

Nesse sentido, colaciono o precedente:


ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. FUNAI. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
PREVENÇÃO. CONEXÃO. São conexas as ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir,
razão pela qual devem ser reunidas para julgamento
conjunto, a fim de evitar decisões conflitantes. Contudo, a
reunião de processos por força de conexão, constituindo
regra de direção processual, só faz sentido se nenhum
deles tiver sido ainda sentenciado, na forma do art. 55, §
1º, e da Súmula nº 235 do STJ. - Havendo conexão e
sendo a competência relativa, as ações deverão ser
reunidas no juízo prevento, ou seja, naquele em que se
deu primeiramente o registro ou a distribuição da petição
inicial, conforme estatuem os arts. 58, 59 e 286 do Código
de Processo Civil. - O Superior Tribunal de Justiça possui
entendimento firme no sentido de que, em se tratando de
ações civis públicas, coletivas, populares, ou mesmo
individuais, que persigam lato sensu o desfazimento do
mesmo ato ou procedimento administrativo, notadamente
se de caráter genérico, deve ocorrer a reunião de
processos quando comum o pedido ou a causa de pedir,
bem assim nos casos em que possa haver risco de
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias, se
decididos separadamente os feitos, ainda que não haja
conexão entre eles, em homenagem ao postulado da
segurança jurídica. - É possível a reunião de
processos, mesmo inexistente conexão stricto sensu,
quando houver o risco de prolação de decisões
conflitantes ou contraditórias caso julgados os feitos
separadamente (art. 55, § 3º, CPC). - Mesmo que não
haja perfeita identidade de partes e de pedido, parece
claro que o direito de fundo discutido em ambas as
demandas é o mesmo. Sendo assim, evidente o risco
de decisões conflitantes ou contraditórias, caso as
ações sejam decididas separadamente, sendo
recomendável o julgamento conjunto. Dessa forma,
estando demonstrada, em princípio, a prevenção, correta
a determinação para que os processos tramitem perante a
16ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito
Federal/DF, que é o juiz natural para o exame do caso.
(TRF 4ª R.; AG 5008050-43.2021.4.04.0000; Quarta
Turma; Rel. Des. Fed. Ricardo Teixeira do Valle Pereira;
Julg. 26/05/2021; Publ. PJe 26/05/2021)
Cabe consignar que, ao contrário do que indica o autor, analisando

os autos da ação mencionada percebe-se que esta tramita

normalmente, tendo os autos retornados do Tribunal de Justiça da

Paraíba, após anulação da sentença de mérito.

Ante o exposto, RECONHEÇO a conexão com o processo Nº

0001626-29.2011.8.15.0211, de modo que o julgamento dos

feitos deve ser realizado conjuntamente.

INTIME-SE.

Providencie-se as anotações necessárias quanto à conexão,

certificando nos autos nº 0001626-29.2011.8.15.0211 o teor desta

decisão, bem como procedente à associação do presente feito à

ação indicada.

Datado e assinado eletronicamente.

Itaporanga, datado e assinado eletronicamente.

ANTONIO EUGENIO LEITE FERREIRA NETO

Juiz de Direito

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