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Escola Secundária Dr.

José Afonso
11ºG - Português - Cristina Parrado
Pedro Ribeiro, Carolina Vieira, Henrique Elisiário, Gonçalo Cunha, Fabio Alves

PEDRO - ​O Episódio da Corrida de Cavalos insere-se na Crônica de Costumes.


Este episódio tem como objetivos o contacto de Carlos com a sociedade lisboeta e com o
Rei que vai estar a ver as corridas; a visão a nível panorâmico da sociedade lisboeta sob o
olhar de Carlos; a tentativa falhada de igualar Lisboa às capitais europeias, sobretudo Paris;
Criticar o cosmopolitismo postiço da sociedade; a possibilidade de Carlos encontrar
novamente a mulher que viu à entrada do Hotel Central.
O ambiente geral durante o episódio pode ser dividido em 3 zonas:

- O Largo de Belém onde umas tasca de madeira foi armada na véspera o que
demonstra a improvisação do evento, a monotonia tristeza e silêncio, pode ser
evidenciada com a pasmaceira (um trabalhador com o filho ao colo e a mulher) e o
desinteresse no evento (ninguém compra o programa das corridas nem fazem
apostas); o trintanário que fora comprar o bilhete de Craft demora pois o bilheteiro
não tem troco de uma libra, Craft aproxima-se para tentar resolver o problema e é
insultado; as pessoas, principalmente as senhoras, vestem-se com roupa de ir a
missa, inapropriados para este tipo de evento; como traços realistas temos a
descrição do calor, do colorido, dos sons e dos costumes de uma cidade estagnada.

- Entrada do Hipódromo era uma «… abertura escalavrada num muro de


quintarola...». É aqui que surge a primeira discussão / desordem o motivo era um
sujeito que queria entrar sem pagar a carruagem porque o Sr. Saverda lho tinha
prometido, engarrafamento de dog-carts e caleches de praça e consequentes
insultos dos ocupantes e uma intervenção deselegante da polícia. Tudo isto
demonstra a falta de organização, a pelintrice, falta de educação e provincianismo da
sociedade Lisboeta,

CAROLINA
- Chegando ao ​Hipódromo ​que é situado numa colina, sob a aragem vinda do rio que
provoca uma sensação de frescura e paz; os espectadores do evento estavam
apinhados devido às precárias condições das tribunas e espaço envolvente:
A tribuna real estava forrada de uma baetão vermelho de mesa de repartição; as
tribunas públicas com o feitio de traves mal pregadas - o hipódromo parecia um
palanque de arraial - mal pintadas e com fendas; o recinto da tribuna fechado por
um tapume de madeira.
As pessoas não sabiam ocupar os seus lugares «… havia uma fila de senhoras quase
todas de escuro encostadas ao rebordo, outras espalhadas pelos degraus; e o resto
das bancadas permanecia deserto e desconsolado...»

Com os acontecimentos e estado do hipódromo podemos evidenciar a improvisação


do evento, como tudo foi remendado à pressa, que as corridas foram uma iniciativa
sem uma base sólida e que tudo foi retocado sem gosto.

Durante as Corridas as pessoas fumam e falam baixo demonstrando a falta de à-vontade


para com o que estava a acontecer, os espectadores pasmam tal era a falta de interesse no
espetáculo; dois brasileiros chegam a queixarem-se do preço dos bilhetes e consideram as
corridas uma «… sensaboria de rachar...»; a chegada do Rei é saudada com o «Hino da
Carta»

O Bufete é instalado debaixo da tribuna e por dentro assemelha-se a uma taberna «… o


tabuado nu, sem sobrado, sem um ornato, sem uma flor.», é notória também a falta de
higiene «...dois criados, estonteados e sujos, achatam à pressa as fatias de sanduíches com
as mãos húmidas da espuma da cerveja.»

As corridas

- 1ª corrida: ​a do 1º Prémio dos «produtos»:

Os dois cavalos que estavam a correr estavam na verdade a passear num galope
sereno e os assistentes não sabem quem ganhou e, mal a corrida termina, regressam
ao silêncio, à lassidão e ao desapontamento; É nesta corrida que fica ainda mais
evidente o desinteresse pela corrida quer pela ausência de apostas quer pela atitude
dos espectadores que se viram de costas para a pista enquanto fumam e ficam a
contemplar as mulheres.
O provincialismo dos homens é evidente quando ficam parados e embasbacados a
admirar Clifford; É demonstrada também a falta de respeito para com a autoridade
do rei.
A corrida termina com uma cena de insultos e pancadaria por causa de uma burla: a
falsa civilização e requinte social é quebrado deixando emergir o provincianismo,
incultura e grosseria e a inadequação do ambiente cosmopolita das corridas à
vivência social portuguesa «Isto é um país que só suporta hortas e arraiais...»;
«Corridas, como muitas outras coisas civilizadas lá de fora, necessitam primeiro de
gente educada.»; «Do que gostamos é de vinhaça, e viola, e bordoada...».
Tudo isto demonstra a diferença entre o ser e o parecer em que se tentava parecer
civilizado sendo na verdade provinciano.
«Aquela corrida insípida, sem cavalos, sem jóqueis, com meia dúzia de pessoas a
bocejar em roda...» → «… tudo aquilo era uma intrujice...» → porque era «… um
divertimento que não estava nos hábitos do país.»

- 2ª corrida: ​a do Grande Prémio Nacional

O cavalo que recebe mais atenção é «Rabino», é examinado «com o olho sério,
afetando entender» - entre estes encontra-se Carlos da Maia, este que o admira,
notando o seu peito estreito. Por esta altura já surgem apostas nos quatro cavalos
inscritos, e é «Rabino» quem é favorecido. Carlos da Maia procura divertimento, e
«... para animar mais aquele recanto da tribuna ... » decide apostar em «Vladimiro»,
o potro de peito largo e fundo que se encontra em último lugar. Com sentido toda a
gente começa a apostar contra Carlos, mas são desiludidos quando, contra todas as
expectativas, «Vladimiro» vence «Minhoto», isto permitindo que Carlos vença o
poule e que um mau perder tome conta dos restantes.
Chegando a corrida a um fim, a indiferença reinstala-se ao mesmo tempo que as
pessoas dispersam («Mas uma indiferença, um tédio lento, ia pesando outra vez,
desconsoladoramente...»), a música soava desanimada, os rapazes bocejavam com
um ar exausto e as senhoras teriam retomado a anterior imobilidade.

- Conclusões - intenção crítica de Eça

1. o oportunismo e a cupidez dos que se pretendem aproveitar de Carlos apostar no


cavalo menos favorito;
2. o desejo português de ser o primeiro em tudo;
3. a tendência de as pessoas se aperceberem do que é óbvio e de se ​colarem ao
vencedor, evidenciada pelo facto de mesmo os que não haviam apostado no
«Minhoto» o aplaudirem, pois esperavam que fosse ele o vencedor;
4. o patriotismo provinciano que vê em jogo, numa corrida de cavalos, o prestígio do
nosso país: como «Minhoto» era um cavalo português, a sua vitória seria um ato
patriótico;
5. o cansaço rápido que se apodera de nós e que permite que outros venham, de
seguida, colher o fruto do nosso esforço desordenado: o jóquei inglês deixou
primeiro que «Minhoto» se cansasse, para depois o vencer facilmente;
6. o não saber perder, patente na reação das personagens quando o cavalo em que
apostaram perdeu:
● «... o adido italiano (...) empalideceu...»;
● «... atiravam-lhe com um ar amuado as apostas perdidas...»;

● «... a vasta ministra da Baviera, furiosa...»;

● «... o secretário lento e silencioso...».

- 3.ª corrida​: a do Prémio de El-Rei → um cavalo solitário atravessa a meta, sem se


apressar, num galope pacato, e só muito tempo depois chega um outro cavalo, uma
pileca branca arquejando, num esforço doloroso, numa altura em que o jóquei do
cavalo vencedor se encontrava já a conversar com os amigos, encostado à corda da
pista.

- 4.ª corrida​: a do Prémio da Consolação:

● todo o interesse fictício desaparecera e regressa a indiferença geral;

● junto à meta, um dos cavaleiros caíra;

● já à saída, o Vargas, bêbedo, esmurrara um criado de bufete → «... tudo é bom


quando acaba bem.».

​CUNHA ​Em suma, neste episódio, o narrador critica e caricatura uma sociedade que
aplaude a organização das corridas na sua ânsia de imitar o que de melhor há «lá fora»,
sobretudo em Paris, modelo de civilização. Porém, como em Portugal não havia a tradição
nem o hábito de realização de tais eventos, em vez de um grande acontecimento mundano,
assistimos a um grande fiasco, a mais uma manifestação do gosto pela aparência e pelo
postiço, em detrimento daquilo que seja autêntica e genuinamente português.

Os alvos visados por Eça de Queirós são, basicamente, dois:

● a Monarquia, pela falta de autoridade que o Rei demonstra, pois a sua presença não
consegue impedir as várias desordens;

● a alta sociedade lisboeta:

● a incivilização;

● o fracasso total dos objetivos da corrida;

● a falta de decoro e de educação;

● a incultura;

● a grosseria;

● o desinteresse;

● o caráter mimético;

● a improvisação;

● o atraso generalizado;

● o provincianismo: a organização das corridas, que pretendia emprestar-lhes um


toque de civilização, acaba por pôr a nu o quanto há de postiço e de reles no decoro
solene da assistência:

● «... desmanchando a linha postiça de civilização e a atitude forçada de decoro...»;

● a «... massa tumultuosa (...) empurrando-se contra as escadas da tribuna real, onde
um ajudante de el-rei, reluzente de agulhetas e em cabelo, olhava
tranquilamente...»;

● os gritos de «Fora! Fora!», «ordem» e «morra»;


● a reação agressiva do Vargas;

● a fuga espavorida das «... senhoras com as saias apanhadas...».

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