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Checklist Abdome Agudo:

 Anamnese: nome, idade, sexo, peso, alergias, acompanhante;


 Questionar: localização da dor (dor visceral é pouco localizatorio), irradia para algum lugar, o quanto dói 0-10,
há quanto tempo (aguda ou crônica), algo que melhora, algo que piora, febre, diarreia, vômito, falta de apetite,
teve algo parecido assim antes, medicações em uso, usou algo para aliviar a dor?
 MOVE: monitorização (PA, FC, FR, SatO2, Tax), oxigenação (SatO2 <= 94%), 2 acessos venosos calibrosos,
exames posteriormente a anamnese.
o Dor visceral: estruturas retroperitoneais/estômago/fígado (dor em região epigástrica), estruturas
intestinais/apêndice (dor periumbilical), bexiga/cólon distal/órgãos pélvicos e genitourinário (dor em
região suprapúbica); dor somática é dor da peritonite – descompressão brusca; dor referida/dor
irradiada;
o Diagnósticos diferenciais: dor difusa (pancreatite, gastroenterite, DIII, obstrução intestinal), dor em
quadrante superior direito (cólica biliar, colecistite, pancreatite, abcesso hepático), quadrante superior
esquerdo (dispepsia, pancreatite, RGE, miocardites), quadrante inferior direito (apendicite, divertículo,
gestação ectópica, cistos ovarianos, endometriose), quadrante inferior esquerdo (diverticulite,
gestação ectópica, DIP, pielonefrite), psorite (infecção do músculo psoas, ocorre usualmente em
usuários de injeções consecutivas);
 Obstrução intestinal: dor intermitente, cólica, progressão para constante com distensão
abdominal;
 Doença biliar: intensificação repentina, dor > 1 hora, duração em média 5 -16 horas;
 Peritonite: dor a movimentação brusca  pacientes mais quietos;
 Aneurisma de aorta: dor associada a presença de massa pulsátil;
 Apendicite deve ser considerada em qualquer paciente com dor em QID (ponto de MacBurney)
de abdome! Mais comum em adolescentes e adultos jovem (menos em extremos etários), dor
periumbilical que migra para FID em até 12 horas, vômitos, anorexia, febre, dor e DB+ em FID.
 Gestação ectópica rota: mulher em idade fértil, FR são DIP/DIU/tto infertilidade/gestação
ectópica prévia, apresentação com dor aguda e forte em FI com dor a palpação de anexo,
peritonite e choque;
 Hemorragia digestiva maciça: 40-70 anos, histórico de úlcera péptica/gastrite/varizes
gastresofágicas, apresenta hematêmese/hematoquezia/melena, alterações hemodinâmicas,
choque, abdome inocente
 Exame físico: aspecto geral (BEG/MEG/REG), sinais vitais (taquicardia – sinais de choque), febre, inspeção
abdominal (cicatrizes, sinais de herpes zooster), sinal de Grey-Turner (equimose em flanco – sangramento
retroperitoneal), sinal de Cullen (equimoses em região umbilical – sangramento intraperitoneal) sinal de
Blumberg, (dor à descompressão na palpação da fossa ilíaca direita) . Ausculta abdominal (RHA presentes?
Ativos?). Palpação: descompressão brusca (busca por peritonite – comprimir por 15-30s, dor é mais forte
quando aperta ou solta?), rigidez de parede abdominal, sinal de Murphy (inspiração cortada ao palpar margem
costal direita anterior), sinal do Psoas (decúbito dorsal levantar coxa e sofrer resistência lateral – quando a
direita positiva apendicite), sinal de Rovsing (pressão em QIE e dor referida é no QID = apendicite).
 Sinais de alarme dor abdominal aguda: sinais de choque (má perfusão periférica/instabilidade hemodinâmica-
hipotensão, alteração estado mental, FC > 100 bpm, FR >22 irpm, DU < 0,5 mg/kg/h, lactato > 2mmol), febre,
incio subido com intensidade já máxima, > 65 anos, imunossupressão, etilismo, doença cardiovascular, cx
abdominal recente, início de gravidez, vômitos associados, sinais de irritação peritoneal com DB+.
 Exames: hemograma, leucograma, PCR, glicemia, eletrólitos, função renal, urina 1, amilase e lipase, lactato
(isquemia mesentérica), BHCG (mulheres em idade fértil), RX abdome? USG abdome (1ª escolha), TC com
contraste (avaliar CI que pode ser EV ou VO).
 Escore de Alvarado: > 7 já é indicativo de cirurgia
 Avaliar possibilidade de sepse – ESCORE de SOFA, Qsofa (alteração do nível de consciência + FR > 22 irpm + PAS <
100), choque séptico (sepse grave com hipotensão arterial refratária à reposição volêmica, sendo necessário
uso de drogas vasoativas), SIRS (2 ou mais dos 4 critérios abaixo: Temperatura > 38,3°C ou < 36,0°C
(Temperatura central) | FC > 90 bpm| FR > 20ipm ou PaCO2 < 32 mmHg ou necessidade de ventilação
mecânica| Leucócitos > 12.000/mm ou < 4.000/mm ou > 10% de formas imaturas. - Sepse: SIRS e infecção
documentada ou presumida)

 Tratamento:
o Analgesia: QUESTIONAR ALERGIA ANTES! Dor fraca (diprona 1-2 ampolas – 1g em 2ml - EV diluídos em
10 ml AD de 6h/6h a depender da dor); dor média (4-6 na EAD  DIPRONA + TRAMADOL (tramadol 1
amp = 5mmg/ml – diluir 1 ampola – 100 mg em 100 ml de SF 0,9% associar antiemético sempre, EV
6h/6h – máx 400 mg); dor severa/refratária: DIPRONA + MORFINA (0,05 mg/kg 20min/20min). Se
alergia a DIPRONA  paracetamol (proscrito em hepatopata) 500 mg a 1g 6h/6h (não exceder 4g em
24hrs);
o Se escore de SOFA positivo prosseguir com protocolo de sepse  reposição volêmica 30ml/kg de
ringer lactato + antibioticoterapia na 1ª hora + drogas vasoativas – noradrenalina 0,01 a 2mcg/kg/min
em BIC sempre!
o Antiemético: metoclorpramida 10mg VO ou EV até 4 vezes ao dia (máx1-2 mg/kg dia) OU domperidona
(10-20 mg 3-4 vezes dia);
o Antibioticoterapia: em casos de sepse abdominal/peritonite (amplo espectro)  ceftriaxona 1g EV +
metronidazol
o Reposição volêmica (se choque): Hemorrágico (repor cristaloide EV alvo PAS >70 + vasopressor se
necessário), não hemorrágico (cristaloide 250-500 ml RV vasopressor se necessário)
 Casos graves  protocolo de transfusão maciça: Transamin 1g EV até 3 horas do início e 1g EV
pelas próximas 8hrs) + transfusão maciça (1:1:1).
 Solicitar avaliação do cirurgião ou ginecologista a depender da etiologia (apendicite, gestação ectópica rota,
HDA, pancreatite)

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