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DIREITO DO TRABALHO

5. Relação de trabalho

São todas as relações jurídicas fundadas em uma obrigação de fazer consubstanciada no


Intro
trabalho humano. A relação de trabalho é gênero, sendo a relação de emprego uma de suas
dução
espécies.

5.1. Trabalho autônomo

É aquele que se desenvolve por conta própria, sem subordinação. Considera-se autônomo o
prestador de serviços que desenvolve sua atividade sem estar subordinado a horário, livre de
fiscalização do destinatário dos serviços e, eventualmente, com auxílio de terceiros.
O autônomo tem ampla liberdade quanto à forma e ao modo de execução dos serviços, estabelece o
preço dos serviços e assume os riscos do empreendimento.
A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem
exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado.

5.2. Trabalho eventual

É aquele exercido de forma esporádica, descontínua, fortuita.


O trabalhador eventual presta serviços de curta duração para vários tomadores de serviço, sem
habitualidade ou continuidade, não se fixando a uma fonte de trabalho.

5.3. Trabalho temporário

Corresponde a uma relação composta por três partes, que gera, entre elas, vínculos jurídicos distintos
e independentes, inconfundíveis entre si. A relação de trabalho temporário é desenvolvida entre uma
empresa tomadora de serviços (ou empresa cliente), uma empresa de trabalho temporário e o
trabalhador temporário. Há, portanto, uma intermediação de mão de obra, que rompe com a
tradicional simetria da relação mantida entre empregado e empregador. O trabalho temporário pode
versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim a serem executadas na empresa
tomadora de serviços.
A relação jurídica entre a empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços é de natureza
civil. A relação entre o trabalhador temporário e a empresa de trabalho temporário é
majoritariamente considerada relação de emprego.

O trabalho temporário só atende:


a) à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente da empresa tomadora de
serviços, em razão de afastamento por motivo de suspensão ou interrupção do contrato de
trabalho; ou
b) à demanda complementar de serviços por conta de fatores imprevisíveis ou de natureza
intermitente, periódica e sazonal (não é demanda complementar de serviços a demanda contínua
ou permanente ou a decorrente da abertura de filiais).

É proibida a contratação de trabalho temporário para substituição de trabalhadores em greve, salvo


nos casos previstos em lei.
Contrato A contratação do trabalhador temporário deve ser feita através da celebração de
contrato escrito de prestação de serviços, firmado entre a empresa de trabalho
temporário e a tomadora dos serviços. Do contrato deve constar a qualificação das
partes, o motivo justificador da contratação, o prazo da prestação de serviços e o valor
da prestação de serviços. O contrato de trabalho celebrado entre o trabalhador
temporário e a empresa de trabalho temporário deverá ser necessariamente escrito.

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Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de
emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho
temporário, sendo que o contrato individual de trabalho temporário não se confunde
com o contrato por prazo determinado previsto pela CLT.
A duração do referido contrato não poderá, em relação a um mesmo empregador,
exceder o prazo de 180 dias, consecutivos ou não, podendo ser prorrogado por até 90
dias, consecutivos ou não, quando comprovada a manutenção das condições que o
ensejaram. Após o término do período de contratação, o trabalhador temporário
somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo
contrato temporário, após 90 dias do término do contrato anterior, sendo que a nova
contratação em período inferior caracteriza vínculo de emprego com a tomadora.
Não se aplica ao trabalhador temporário o contrato de experiência previsto na CLT e a
indenização por demissão sem justa causa.
a) Anotação do contrato temporário na CTPS;
b) Remuneração equivalente à do empregado substituído ou o mesmo salário do grupo
no qual trabalhou;
c) Indenização ao final do contrato (% dos depósitos do FGTS);
d) Férias proporcionais + 1/3;
e) Jornada de 8h diárias e 44h semanais;
f) Horas extras, com adicional de 50% sobre a hora normal;
Direitos
g) Adicional noturno;
h) Seguro contra acidente do trabalho;
i) Proteção previdenciária;
h) FGTS;
j) Vale-transporte;
k) Seguro-desemprego;
l) Descanso semanal remunerado.
O trabalhador temporário é remunerado pela empresa de trabalho temporário, a quem também cabe a
responsabilidade pelos direitos assegurados ao trabalhador e pela assistência a este. No entanto, caso
não sejam observados os requisitos exigidos pela Lei n. 6.019/74, o vínculo de emprego se formará
com o tomador dos serviços, que passará, neste caso, a ser o responsável pelos salários e direitos do
trabalhador.
A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em
que ocorrer o trabalho temporário.

5.4. Trabalho avulso

É o trabalho prestado de forma esporádica, de curta duração e a diversos tomadores, sem se fixar a
qualquer um deles.
A relação é triangular, envolvendo o fornecedor de mão de obra (entidade intermediária), o
trabalhador avulso e o tomador do serviço.
Exemplo de trabalho avulso é o portuário (trabalhadores de capatazia, estiva, conferência de carga,
conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações).

5.5. Trabalho voluntário

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É a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou
instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais,
científicos, recreativos, ou de assistência à pessoa.
O serviço voluntário não gera vínculo empregatício ou previdenciário. A formalização do trabalho
voluntário se dá através da assinatura pelas partes de “Termo de Adesão”, dele devendo constar o
objeto e as condições de seu exercício. A contratante do trabalhador voluntário pode ressarcir as
despesas devidamente comprovadas que o mesmo tenha realizado na prestação do serviço, sem que
isto caracterize remuneração.

5.6. Estagiário

O estágio não cria vínculo empregatício, desde que preenchidos os seguintes requisitos: a) matrícula
e frequência regular do estudante na escola; b) celebração de um termo de compromisso; c)
interveniência da instituição de ensino; d) compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no
estágio e aquelas previstas nos termos de compromisso. O descumprimento de qualquer obrigação
contida no termo de compromisso também caracteriza o vínculo de emprego entre o estudante e o
concedente do estágio, exceto quando se tratar a parte concedente de ente da Administração Pública
direta ou indireta.
a) Pessoas jurídicas de direito privado;
b) Órgãos da Administração Pública direta, autárquica e fundacional de qualquer
Parte concedente dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
c) Profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus
respectivos conselhos de fiscalização profissional.
a) 4h diárias e 20h semanais no caso de estudantes de educação especial e dos
anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de
jovens e adultos;
Jornada de
b) 6h diárias e 30 horas semanais no caso de estudantes do ensino superior, da
trabalho
educação profissional de nível médio e do ensino médio regular;
c) 40h semanais no caso de estudantes de cursos que alternem teoria e prática,
nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais.
A duração do estágio na mesma entidade concedente não poderá ser superior a 2
Duração
anos, exceto quanto se tratar de estagiário portador de deficiência.
a) Facultativa, nos casos de estágio obrigatório;
b) Compulsória, nos casos de estágio não obrigatório.
Remuneração
A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e
saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício.
Sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 ano, ao estagiário é
Recesso
assegurado um período de recesso de 30 dias.

5.7. Cooperativa de trabalho

Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir


com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem
objetivo de lucro.
Independentemente do ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo de emprego
entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. Todavia, ainda que
sob a forma de trabalho cooperado, se constadas na prática as características da relação de emprego,
esta será reconhecida, sendo a contratação por meio da cooperativa considerada nula.

5.8. Terceirização de serviços

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É a contratação de trabalhadores por interposta pessoa, ou seja, o serviço é prestado através de uma
relação triangular da qual fazem parte o trabalhador, a empresa terceirizante (prestadora dos
serviços) e a tomadora dos serviços. O trabalhador presta serviços para a tomadora, mas sempre por
intermédio da empresa terceirizante, não havendo contratação direta neste caso.

Atividade-meio e atividade-fim
O STF decidiu que é lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo, seja na
atividade-meio ou atividade-fim.

A empresa prestadora de serviços a terceiros contrata, remunera e dirige o trabalho prestado por seus
trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para a realização desses serviços. Não se configura
vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de serviços,
qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante.
A verificação de vínculo empregatício e de infrações trabalhistas em relação ao trabalhador
terceirizado será realizada contra a empresa prestadora dos serviços e não em relação à empresa
contratante, exceto quanto à sua responsabilidade subsidiária ou em caso de infrações relacionadas
às condições de segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores quando o trabalho for realizado
nas suas dependências ou em local previamente convencionado em contrato, e quando for
comprovada fraude na contratação da prestadora.
A caracterização da subordinação jurídica deverá ser demonstrada no caso concreto e incorporará a
submissão direta, habitual e reiterada do trabalhador aos poderes diretivo, regulamentar e disciplinar
da empresa contratante, dentre outros.
O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade
de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de 18 meses, contados a partir da
demissão do empregado.
Os serviços contratados poderão ser executados nas instalações físicas da empresa contratante ou em
outro local, de comum acordo entre as partes.
A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao
período em que ocorrer a prestação de serviços. A responsabilidade subsidiária pelas obrigações
trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços não implicará qualquer tipo
de desconsideração da cadeia produtiva quanto ao vínculo empregatício entre o empregado da
empresa prestadora de serviços e a empresa contratante.
Pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa de prestação de serviços
Contratante
relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal.
São assegurados aos empregados da empresa prestadora de serviços, quando e enquanto os serviços,
que podem ser de qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências
da tomadora, as mesmas condições:
a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios; b) direito
de utilizar os serviços de transporte; c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas
dependências da contratante ou local por ela designado; d) treinamento adequado, fornecido pela
contratada, quando a atividade o exigir.
Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada em número igual ou
superior a 20% (vinte por cento) dos empregados da contratante, esta poderá disponibilizar aos
empregados da contratada os serviços de alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais.

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