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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000425321

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2092486-43.2018.8.26.0000, da Comarca de Santana de Parnaíba, em que é agravante
CONDOMINIO VIVENDAS DE MARIA FERNANDA, são agravados NATALIA ASSIS
MASCARENHAS e ADRIANA DOS SANTOS BARROS.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 25ª Câmara de Direito Privado


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao
recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores HUGO CREPALDI


(Presidente sem voto), EDGARD ROSA E CARMEN LUCIA DA SILVA.

São Paulo, 8 de junho de 2018.

Claudio Hamilton
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Agravo de Instrumento nº 2092486-43.2018.8.26.0000


Comarca: Santana de Parnaíba
Agravante: Condomínio Vivendas de Maria Fernanda
Agravada: Adriana dos Santos Barros
Juiz(a): Bruno Paes Straforini

VOTO 17.972

AGRAVO DE INSTRUMENTO EXECUÇÃO Cotas


condominiais Carta de citação (AR) recebida por terceiro
Invalidade Determinação de citação por oficial de justiça -
Cabimento - Validade do ato - Decisão reformada Recurso
provido.

CONDOMÍNIO VIVENDAS DE MARIA

FERNANDA agrava de instrumento da decisão proferida nos autos

da ação de execução de título extrajudicial que move em face de

ADRIANA DOS SANTOS BARROS, pela qual o MM. Juiz a quo

considerou inválida a citação efetivada nos autos, em razão do AR

ter sido recebido por terceiro, que não pessoa da família.

Determinou a intimação da executada por oficial de justiça, após

recolhimento das custas devidas.

Aduz o agravante, em síntese, que fora efetivada

a citação da executada por carta (AR). Ocorre que decorrido o

prazo legal sem cumprimento da obrigação, requereu a penhora on

line, a fim de bloqueios de ativos financeiros em nome da

executada.

Afirma que demonstrou a veracidade do endereço

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informado, pois extraído do Instrumento Particular de Compromisso

de Compra e Venda firmado entre a executada e Maria Fernanda

Empreendimentos Imobiliários e que referido endereço é o mesmo

constante do cadastro de proprietários da Administradora do

Condomínio exequente. Ademais, o endereço em questão é

referente a um condomínio.

Sustenta que diante do atual Código de Processo

Civil é possível que a citação de condômino ocorra por correio e

através de recebimento pelo porteiro, como no caso em questão.

Portanto, há de ser considerado válido o ato citatório.

Requer a concessão do efeito suspensivo e ao

final o provimento do recurso com cassação da decisão hostilizada,

reconhecendo-a equivocada e determinando o prosseguimento do

feito.

Deferido o efeito suspensivo, dispensou-se a

intimação da parte contrária para contraminuta, ante a ausente

citação.

É o relatório.

Trata-se de ação de execução para cobrança de

cotas condominiais inadimplidas. Determinada a citação da

executada que ocorreu por meio de carta de citação (AR),

conforme se verifica a fls. 75. Infere-se que foi devolvida aos autos

com recebimento por terceira pessoa (fls. 77).

Com razão a insurgência recursal. O recurso

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admite acolhimento.

Pelo que se vê, restou frutífera a entrega do aviso

de recebimento (AR) no endereço ativo da executada, aquele

constante de documento firmado entre as partes conforme

informado pelo exequente.

Após decurso do prazo legal sem pagamento do

débito exequendo e o retorno positivo do AR aos autos, requereu o

exequente a penhora on line sobre ativos financeiros em nome da

executada.

O juízo a quo entendeu ser inválido o ato citatório

efetivado, determinando a reiteração por oficial de justiça, após

recolhimento das custas pertinentes. Essa a razão do

inconformismo.

Constata-se que a carta (AR) aponta a executada

como destinatária e foi recebida sem qualquer resistência no

endereço indicado e declarado por ela no documento de fls. 14/15,

como sua residência e domicílio. Com base nas informações do

exequente, trata-se referido endereço de condomínio de

apartamentos, onde evidentemente, há uma portaria com

responsáveis pelo recebimento das correspondências entregues.

A questão levantada a respeito de nulidade da

citação, não prevalece.

A carta de citação fora encaminhada para o

endereço da executada e foi recebido por terceira pessoa (fls. 77),

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provavelmente porque encarregada desse serviço no condomínio,

presumindo-se pela entrega ao seu destinatário.

O novo Código autoriza a entrega da

correspondência ao funcionário da portaria, não sendo exigida a

entrega pessoal ou assinatura do próprio citando.

O artigo 248, § 4º, do novo Código de Processo

Civil dispõe:

“Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o

escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da

petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para

resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório.

(...)

§ 4º. Nos condomínios edilícios ou nos

loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do

mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento

de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o

recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o

destinatário da correspondência está ausente”.

Desta forma, considera-se válida a citação

quando realizada pelo correio e recebida, sem oposição, por

aquele que está incumbido de receber correspondência no local de

destino, desde que corretamente endereçada.

Diante do exposto, reconhece-se a validade da

citação efetivada, afastada qualquer nulidade ou violação de

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princípios, reformando-se a decisão nos termos em que proferida.


Em face do exposto, dá-se provimento ao
recurso.

CLÁUDIO HAMILTON
Relator

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