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Direito Fiscal 2 - Irc
Direito Fiscal 2 - Irc
Será que o IRC é muito importante para Portugal? Não, há autores que até defendem que se devia acabar com
o IRC- a receita que se obtém de IRC é muito inferior à receita que se obtém de IRS.
As empresas não são importantes por aquilo que pagam, elas são importantes porque a partir da reforma dos anos
80, elas tornaram-se os principais “ajudantes” da administração tributária. Houve uma espécie de privatização da
administração dos impostos. As empresas hoje, mais do que contribuintes, elas são gestoras em matéria de
impostos. As empresas têm um papel muito importante no que diz respeito às retenções nas fontes: elas entregam
aos trabalhadores o salário líquido e a empresa entrega essa retenção na fonte diretamente nos cofres do Estado.
“Administração privada dos impostos”→ A AT pode sempre fazer as chamadas inspeções tributárias- averiguar
se houve rendimentos que foram ocultados e, com base nisso, fazer eventuais liquidações adicionais. Opondo-se
ao que fazia anteriormente, onde aplicava as normas de tributação com elementos que disponha ex ante→ passou
a ser fiscalizadora ≠ “Administração Pública dos Impostos” (vigorou até finais anos oitenta).
3. Sujeitos passivos: não são eles que sofrem o desfalque patrimonial, mas são eles que retêm aos trabalhadores
e entregam no cofre do estado. Temos 2 situações:
3.1. IVA→ As empresas têm um papel muito importante em matéria de aplicação do IVA:
A NESTLÉ vende o seu produto a 100; entrega no estado 6% do IVA (isto não é IVA que ele vai suportar,
ele cobra os 6% ao Pingo Doce, pega neles e mete nos cofres do Estado; o pingo doce liquida 12% de
IVA, os 6% que pagou à NESTLÉ para reembolsar, mais x% que entrega nos cofres do Estado).
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O consumidor final é que vai suportar o IVA porque já não pode fazer a repercussão legal do imposto a
ninguém. Cada empresa liquida IVA nas suas vendas e deduz o IVA que ela suportou.
As empresas têm um papel fundamental para que isto funcione. O IVA é dos impostos melhores
pensados: não é aqui fácil a evasão fiscal. O sistema da repercussão legal faz com que ele funcione. A
determinação do IVA, o facto de os produtos essenciais terem menos IVA, está tudo pensado tendo em
conta o suportador económico do IVA que é o consumidor final.
3.2. Retenção na fonte→ As empresas têm um papel muito importante no que diz respeito às retenções nas
fontes: elas entregam aos trabalhadores o salário líquido e a empresa entrega essa retenção na fonte
diretamente nos cofres do Estado.
Artigo 28º da Lei Geral Tributária: O 28º/1 vale quer para os casos de substituição total ou parcial, quer
para os casos em que a retenção na fonte é definitiva (caso dos juros) ou retenção na fonte devido a
imposto devido a final. O 28º/2 vale apenas para as situações de substituição parcial. O 28º/3 vale
apenas para as situações de substituição total.
Nº1- sempre que o substituto retém e não entrega, só ela é responsável por esse imposto.
Nº2- não reteve ou reteve menos, primeiramente o responsável é o trabalhador, se ele não tiver
património suficiente para satisfazer o pagamento da dívida, subsidiariamente chama-se a entidade
patronal. 1º responde o substituído, e depois chamamos subsidiariamente o substituto.
Contudo, há uma situação em que apenas a entidade patronal é responsável: juros
compensatórios. Porque é que a entidade patronal fica responsável por juros compensatórios? Ora,
os juros compensatórios visam compensar a administração por ela ter tido um atraso na liquidação,
não conseguiu liquidar o imposto mais cedo porque o sujeito não lhe permitiu.
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▪ “Fundamentalmente” – a utilização deste advérbio já nos indica que as empresas não têm de ser sempre
tributadas pelo rendimento real. Rendimento real é querer-se atingir o rendimento efetivo que a
empresa tem, que se consegue visualizar através da contabilidade da empresa.
▪ Há situações em que não se consegue atingir esse rendimento real. Regra geral, uma empresa é avaliada
através de uma avaliação direta- tem como objetivo apurar o rendimento real, espelhado através da
contabilidade da empresa; há situações em que isso não é possível- avaliação indireta (87º/a) LGT). A
avaliação indireta pretende descobrir a real capacidade contributiva da empresa através de indícios,
presunções, critérios do artigo 90º da LGT. Regra geral, deve ser tributada pelo seu rendimento real. Há
situações em que não é possível e tenta-se alcançar o rendimento real presumido. A avaliação indireta
NUNCA é mais vantajosa para o contribuinte, parte sempre de presunções extremamente subjetivas.
▪ Rendimento normal (que não é o presumido) - foi aquele que vigorou entre nós durante muito tempo.
Foi o ex libris da reforma de Salazar- corresponde ao rendimento que o contribuinte PODERIA ter
obtido. Verificam-se quais eram os rendimentos que aquela empresa normalmente teria que ter.
Compromete a justiça fiscal, a melhor forma de alcançar a igualdade contributiva é através do
rendimento real. Rendimento normal: fácil de aplicar, de gerir, e dá receita, mas não é justo.
▪ Mito do rendimento real- é mito porque há situações em que não é possível que isso aconteça. Por
outro lado, para apurar o rendimento real, o próprio rendimento real parte de presunções- o próprio
cálculo parte de indícios, ele próprio já não é real.
Há outra situação que também nos permite verificar de alguma certa se abdica do apuramento do
rendimento real, em prol da simplicidade- o regime simplificado. É o regime aplicado às empresas
(desde 2014) - o regime simplificado é baseado não no rendimento efetivo que a empresa tem, mas
numa presunção, tem-se como aceite que x% são receitas e outros x% são despesas. Isto interessa
àqueles em que a percentagem de receitas seja superior à presunção. Isto não é verdadeiramente uma
apuração pelo rendimento real (aplica-se às PME).
(3 exemplos no CIRC)
1. Artigo 63º CIRS- a AT não pode aceitar os preços declarados nas transações entre sociedades
com relações especiais.
Nos preços de transferência podemos ter uma utilização das faculdades legais do contribuinte
com o objetivo de falsear a quantificação/qualificação dos factos tributáveis para obter uma
redução do imposto – este método consiste em comparar os preços dos bens e serviços que
ocorrem nas transações no mercado, com aqueles que são praticados entre empresas
relacionadas. Percebeu-se que as empresas com relações especiais entre si, jogavam entre si.
Por exemplo: transferiam lucros de empresas mãe para as filiais estabelecidas em paraísos
fiscais; ou havia uma empresa do grupo com muitos lucros e outra com prejuízos e transferiam
os lucros entre si.
2. Artigo 66º CIRC- que ocorre quando temos sociedades sediadas em paraísos fiscais e os seus
sócios-gerentes têm residência em PT. A AT pode imputar aos sócios residentes em território
português os lucros obtidos por sociedades sedeadas em paraísos fiscais.
Estas cláusulas podem ser aplicadas, mas elas não são presunções ilidíveis.
3. Artigo 49º/10 CIRC- a AT pode requalificar as operações com instrumentos financeiros
derivados quando se verifique desfasamento entre substância e a forma das mesmas.
Cláusula geral anti abuso de 1999 era excessivamente ampla; nesse sentido, alterou-se esta redação da
clausula geral anti abuso, sendo necessário adaptar a legislação portuguesa à OCDE. Para transpormos
diretivas da EU, tivemos de alterar a redação da nossa cláusula geral, que consta do 38º da LGT.
A redação atual tem 3 focos diferentes daqueles que tínhamos antigamente:
1) antes, a AT tinha de provar que a finalidade principal daquele esquema era a obtenção de vantagem
fiscal; hoje, a AT tem de demonstrar que aquele esquema não tem qualquer lógica, a não ser para obter
uma poupança fiscal ilegítima. Basta identificar como uma das finalidades, não tem de ser a finalidade única.
Antes tinha de provar que tinha como ÚNICA ou principal vantagem a elisão fiscal.
2) Passou-se a prever juros compensatórios além dos moratórios- porque se atrasou o pagamento e a
liquidação. Estes juros são majorados em 15 pontos percentuais.
3) Nos casos em que tenha resultado a não retenção na fonte com carácter definitivo- há aqui uma regra
específica no artigo 38º da LGT- vai ter de pagar quem retirou benefícios disto.
➔ Vamos remeter este 38º para o 63º do CPPT. A aplicação da clausula geral anti abuso segue um
procedimento específico que está neste artigo 63º.
Ainda que este procedimento possa ser aberto no prazo de 3 anos após a realização do ato ou a
celebração do negócio jurídico objeto da aplicação da cláusula anti-abuso, exige-se:
1. Que o contribuinte seja ouvido no prazo de 30 dias após a sua notificação, por carta registada; -
n.º 5
2. Que a aplicação da cláusula anti-abuso seja prévia e obrigatoriamente autorizada pelo dirigente
máximo do serviço ou pelo funcionário em quem ele tiver delegado essa competência, sendo que
tal autorização é passível de recurso contencioso autónomo; - n.º 7
3. Que a decisão de aplicação da cláusula anti-abuso seja especialmente fundamentada, devendo a
mesma conter os elementos constantes do n.º 3 do art. 63.º
ACÓRDÃO STA 12/1/2022- até onde vai o ónus da AT? A AT não tem de provar a intenção. Em
direito, a intenção é o dolo. A AT não tem de provar o dolo, que ele tinha o objetivo de prejudicar,
enganar, provar o dolo pode ser complicado, configurando uma prova diabólica. Basta que a AT faça
prova de que a operação realizada não tem um propósito racional à luz do OJ mobilizado e que por
isso a sua intencionalidade se esgota no aforro fiscal a que conduz. Se o objetivo não fosse o aforro
fiscal, que outro objetivo poderia ter? Este esquema só permite isto- feita esta prova, os pressupostos
do art. 38º/2 LGT consideram-se preenchidos.
DUALISMO DA TRIBUTAÇÃO DAS EMPRESAS (empresas tributadas em sede de IRC e das empresas que são
tributadas em sede de IRS)
Já vimos que os empresários em nome individual são tributados em sede de IRS; e as empresas coletivas ou com
forma societária em sede de IRC.
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Porque é que esta divisão da tributação das empresas entre IRC e IRS é artificial?
a. Nem todas as empresas coletivas são tributadas em sede de IRC, porque estão sujeitas à transparência fiscal.
b. Já vimos que o IRC não tributa apenas empresas, ou seja, tributa entidades coletivas que não exercem a título
principal uma atividade económica, industrial, agrícola ou comercial.
c. O IRC tributa entidades às quais não é reconhecida personalidade jurídica, tributa entidades que NÃO
SÃO pessoas coletivas.
EM SUMA: É então artificial a divisão entre IRS e IRC porque o IRC não tributa todas as pessoas coletivas (caso da
transparência fiscal); o IRC tributa entidades não empresariais; e porque o IRC tributa entidades sem personalidade
jurídica.
❖ Ser tributado em sede de IRS ou IRC é diferente: quer no que diz respeito aos gastos contabilísticos, taxa,
pagamentos por conta, derramas e tributações autónomas.
a) Os gastos contabilísticos apresentados em sede de IRC são diferentes dos em IRS – além de não se
poderem apresentar como gastos aqueles previstos em sede de IRC, há outra lista de gastos que não
podem ser tidos em conta (33.º CIRS – gastos não dedutíveis na categoria B). Para as empresas singulares
existe uma dupla lista de gastos não dedutíveis para efeitos fiscais.
b) Taxa aplicável (art. 87º CIRC): Enquanto o rendimento das empresas singulares está sujeito, segundo artigo
68.º do Código do IRS, uma taxa progressiva, o rendimento das empresas coletivas está sujeito a uma taxa
proporcional de 21%, ou uma taxa progressiva em dois escalões de 17%, até aos €25.000, e de 21%, para
os rendimentos superiores, quando se trate de PME.
c) Quanto aos pagamentos por conta, o pagamento especial por conta aplica-se apenas às empresas
coletivas, que não tenha optado pelo regime simplificado.
d) Quanto às derramas e tributações autónomas, as derramas apenas incidem sobre os rendimentos das
empresas coletivas e as tributações autónomas não são totalmente idênticas em IRS e em IRC. E as
tributações autónomas a que se encontrem sujeitas as empresas singulares são menos do que aquelas que
incidem sobre as empresas coletivas. Ora, a lógica das tributações autónomas é a de que não apenas com
rendimento se demonstra capacidade contributiva, podendo ser demonstradas pela despesa –as
tributações autónomas têm uma liquidação conjunta com o IRS ou o IRS (a obrigação não desaparece
mesmo que não se pague IRS ou IRC, ela cristaliza-se, tendo de ser pago um imposto relacionado com a
tributação autónoma).
CONCEITOS IMPORTANTES
1. RENDIMENTO→ noção de rendimento acréscimo e não rendimento produto (eu sou tributada por tudo
aquilo que faz q o meu rendimento aumento, sem ele ter que diminuir). Vou ser tributada, não pelo
rendimento bruto, mas sim pelo rendimento líquido. “A definição de rendimento encontra-se na lei em
sentido amplo, pelo que se consideram rendimentos os resultantes de operações de qualquer natureza e não
apenas os provenientes da atividade normal do sujeito passivo” - art. 20º/1 CIRC (dá-nos elenco taxativo).
2. GASTOS→ só consigo saber o rendimento efetivo, se subtrair os gastos- art. 23º/1 CIRC- “consideram-se
gastos todos os incorridos ou suportados pelo sujeito passivo, que sejam comprovadamente indispensáveis
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para a manutentenção dos rendimentos sujeitos a IRC, ou para a manutenção da fonte produtora,
nomeadamente os do nº 2 do art. 23º”.
CUIDADO: “Todos os gatos e perdas”- NO ENTANTO HÁ LIMITES : art. 23º-A (encargos não dedutíveis
para efeitos fiscais)- nós partimos da contabilidade, no entanto, por vezes não há total correspondência
entre o balanço contabilístico e o fiscal, porque há gastos que são tidos como tal para efeitos de conta , mas
que não são tidos como tal para efeitos fiscais (até está lá o gasto para efeito contabilístico, mas para efeitos
fiscais, o legislador não aceita descontar esse gasto ao rendimento obtido, ou o contrário).
!!!!23º/2/d): artigo interessante- faz parecer que todos os custos administrativos são tidos em conta, mas não
é assim→ 23/a/1/h) IRC: um daqueles casos que é excetuado. Não basta dizes que há um gasto na
contabilidade, tem que ter comprovativos, tem que comprovar que o gasto efetivamente ocorreu (art. 23º/3
IRC!!!!) - senão vão ser sujeitos a tributação autónoma. Isto é importante para evitar fraude fiscal,
movimentando aqui situações em que seria fácil manipular para aumentar o passivo.
3. PERÍODO DE TRIBUTAÇÃO→art. 8º CIRC: “o período de tributação coincide, em regra, com o ano civil. As
entidades residentes e não residentes com estabelecimento estável devem entregar declaração anual” -
importância para incidência temporal; O IRC e um imposto de FORMAÇÃO SUCESSIVA- inicia-se a 1 de
Janeiro do ano e termina a 31 de Dezembro desse mesmo ano (não é sempre assim- podemos ter períodos
de tributação coincidente com o ano civil, podemos ter per superior a 1 ano, ou ate mesmo inferior a 1 ano).
4. ESTABELECIMENTO ESTÁVEL→ “qualquer instalação fixa através da qual seja exercida uma atividade de
natureza comercial, industrial ou agrícola” (art. 5º CIRC).
Nº1/ART 5º: problema deste conceito- conceito em decadência por causa da digitalização da economia.
Realmente a tributação feita ao estabelecimento estável e fixo de uma empresa permite uma tributação justa
do rendimento, no entanto, a economia digital veio mudar isto. Uma empresa pode comercializar em
qualquer parte do mundo sem ter presença física- ou seja, aplicando os critérios da fonte e do território
(critério tradicional) o rendimento não será tributado nesse pais (se a Amazon vender produtos a Portugal,
Portugal não conseguira tributar a Amazon, porque esta empresa não tem estabelecimento estável em
Portugal). Então hoje a discussão pauta-se a nível mundial, a necessidade de se alterar o art. 5º da convenção
do modelo da OCDE.
5. CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS→ “técnica contabilística que visa apresentar contas de um grupo empresarial
como se de uma sede única de tratasse” - é exigida isto quando se trata de um grupo empresarial, obrigando
as empresas a apresentar as contas como se fosse uma única conta, de forma agregada.
INCIDÊNCIA DO IRC
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empresarial (ex: associações, fundações, etc), mas também tributa entidades que não tem personalidade
jurídica (ex: heranças jacentes, sociedades comerciais irregularmente constituídas…).
o Quem são então os sujeitos obrigados ao pagamento do IRC? ART. 2º CIRC:
Alínea c)→ permite-nos avaliar que o IRC tributa tanto entidades residentes como entidades não
residentes.
o Uma pessoa não residente em Portugal, como vimos no IRS, pode ser tributada através dos rendimentos
obtidos em Portugal, havendo 2 tipos de tributação:
1. Tributação pelo rendimento mundial (worldwide income): tributar a pessoa residente por todos os
rendimentos- internamente e no exterior;
2. Tributação pelo rendimento da fonte: tributar a pessoa não residente só pelos rendimentos obtidos em
Portugal;
Logica do IRS que se aplica também se aplica ao IRC- o IRC pode tributar uma empresa residente em
Portugal por todos os rendimentos que obtenha internamente, ou no exterior; ou pode tributar pessoas
coletivas que não são residentes em Portugal, mas que obtém rendimentos em Portugal.
oART. 2º/3 IRC: são consideradas residentes em Portugal, pessoas coletivas que tenham SEDE (local indicado
como tal no contrato de sociedade) ou DIREÇÃO EFETIVA (local onde são tomadas as decisões correntes
da sua gestão) em território português.
ATENÇÃO→ muitas vezes ocorre uma dualidade de critérios, podendo originar em que 2 Estados se
arroguem da residência do mesmo sujeito passivo. Solução: o melhor seria haver os mesmos critérios em
todos os países, contudo sabemos que tal não é possível visto cada país ter “soberania fiscal” (desde que,
claro, respeitem os princípios basilares do DI). Este problema será então “regra do desempate” - está
prevista na convenção para eliminar a dupla tributação, segundo o art. 4º/3 Modelo OCDE, é o critério da
DIREÇÃO EFETIVA- olha-se para onde é que efetivamente a pessoa coletiva tem a sua direção efetiva.
o São sujeitos do IRC:
1. PESSOAS COLETIVAS: “de direito público ou privado, com sede ou direção efetiva em território
português” (ex: sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, cooperativa, empresas públicas,
etc..) - regra
OBRIGAÇÃO 2. ENTIDADES SEM PERSONALIDADE JURÍDICA: “com sede ou direção efetiva em território
PESSOAL português, cujos rendimentos não sejam tributados diretamente nos seus titulares” (ex: sociedades
civis sem personalidade jurídica, sociedades irregulares, heranças jacentes, etc…). Não são pessoas
jurídicas, mas a lei atribui-lhes personalidade e capacidade tributária, desde que tenham sede ou
direção efetiva em território nacional.
3. ENTIDADES COM OU SEM PERSONALIDADE JURÍDICA que não tenham sede nem direção efetiva
em território português, e cujos rendimentos nele obtidos não estejam sujeitos a IRS.
AC. 06/12/2026- relativo a terrenos baldios; surge a questão de serem ou não tributáveis: “são sujeitos passivos do
IRC as entidades que, carecendo de personalidade jurídica, auferem de rendimentos não tributáveis em IRS ou IRC
diretamente na titularidade de pessoas singulares ou coletivas. Como é o caso do impugnante. Nem se vê porque
que, sendo ele apto para gerar rendimentos, ainda que desprovido de personalidade jurídica, não havia de
ser capaz de contribuir para o esforço coletivo de sustentação do erário público.” - justificação do STA para a
tributação de entidades sem PJ.
Como tal, tributa-se entidades com ou sem personalidade jurídica, não só as que têm sede/direção efetiva em
Portugal, como também as que não têm sede ou direção efetiva em Portugal, cujos rendimentos obtidos neste
território não estejam sujeitos a IRS - vamos pela OBRIGAÇÃO REAL.
Art. 4º/1 CIRC: as entidades com sede ou direção efetiva em Portugal são tributadas pelo critério worldwide
income (pelos rendimentos auferidos dentro e fora do território nacional);
Art. 4º/2 CIRC: as que não tenham sede nem direção efetiva em Portugal são tributadas pela OBRIGAÇÃO REAL
(critério da fonte- apenas pelos rendimentos obtidos em território português).
O nº 3 do art. 4 CIRC ajuda-nos, dizendo quais os rendimentos é que se consideram obtidos em Portugal.
o Pessoas coletivas não sujeitas a IRC- casos em que o legislador opta por mandar imputar no rendimento
tributável dos sócios, para efeitos de IRS (em sede categoria B- ART. 20º CIRS) se for pessoa singular ou IRC
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se for uma sociedade, a matéria tributável determinada segundo as regras do CIRC – casos de
TRANSPARÊNCIA FISCAL (ex: sociedades de advogados, etc…).
Isto e assim porque nestas sociedades, o valor da sociedade deriva dos próprios sócios, e não tanto do
capital investido, e por isso o lucro mais não é do que a remuneração do respetivo trabalho desses sócios
(Dra. Suzana Tavares da Silva) - isto ajuda também a evitar a fraude/evasão fiscal.
PROBLEMA: muitas sociedades constituem sociedades interdisciplinares de modo a contornar a letra da
lei, visto já não se inserirem na categoria de sociedades profissionais, fugindo ao regime da transparência
fiscal, não sendo possível tributar em sede de IRS (no entanto, em algumas sociedades isto não e possível
como nas sociedades de advogados).
▪ UMA SOCIEDADE UNIPESSOAL PODE SER SOCIEDADE PROFISSIONAL (essa única pessoa tem que
exercer a atividade), logo insere-se nos requisitos;
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▪ Em sede de IRS, vai ser tributado como? Visto que é não residente? Art. 72º/6 CIRC (taxa 25%); não tem
que declarar rendimentos no final do ano, visto tratar-se de um caso de retenção na fonte a título
definitivo;
▪ Se fosse residente englobava-se no rendimento de categoria B;
▪ Ler artigos 71º,72º do CIRS;
2. IRC- INCIDÊNCIA REAL OU OBJETIVA (ART.3º) - sobre o que é que vai incidir o IRC?
o O art. 3º do IRC faz distinção clara entre residentes e não residentes. Dentro dos residentes faz distinção
entre aquelas sociedades que têm a titulo principal uma atividade empresarial, e aquelas que não o
exercem. Nos não residentes faz-se distinção entre aqueles que têm estabelecimento estável em Portugal,
e aqueles que não têm estabelecimento estável em Portugal.
Nota:
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➔ ESTABELECIMENTO ESTÁVEL: ART. 5º CIRC;
➔ EXCECÕES: ART. 5º/8 CIRC
ISENÇÕES AO IRC:
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o Já vimos que o IRC tem uma aplicação ampla. No entanto, dentro do âmbito de incidência do IRC, existem
isenções.
o Isenção: situação em que a lei, intencionalmente, exclui da tributação sujeitos ou situações que de outro
modo estariam abrangidos pela tributação- “quando a lei subtrai à tributação, através da previsão normativa
de um facto impeditivo, situações e sujeitos que, de outro modo, estariam abrangidos pelo âmbito da norma
de incidência do imposto”.
o Estas isenções justificam-se por razões extrafiscais (quando se quer atingir determinados objetivos de
ordem social ou económica).
o Art. 9º e ss. CIRC- 2 GRANDES GRUPOS DE ISENÇÕES:
1) ISENÇÕES DE CONCESSÃO AUTOMÁTICA- ou porque estão nos artigos 9.º, 10.º, n.º 1, als. a) e b),
14.º, n.º 3 do CIRC ou porque estão inseridas nos paraísos fiscais (EBF);
2) ISENÇÕES DEPENDENTES DE RECONHECIMENTO
➢ ART. 9º CIRC: isenção de natureza pessoal (subjetiva) e automática (que decorre diretamente da lei) - não
faz muito sentido que o Estado se tribute a si mesmo, por isso, as figuras do artigo estão isentas;
No entanto, isto não e sempre assim: no caso das empresas públicas justifica-se que sejam sujeitas a tributação,
porque entram em concorrência direta com as empresas privadas.
➢ ART. 10/1/ B): isenção de natureza pessoal (subjetiva) e automática (que decorre diretamente da lei)-
isenção das instituições particulares de solidariedade social.
Grande questão aqui: estas entidades estão isentas de tributação. No entanto, esta todos os seus rendimentos isentos
em sede de IRC? Ou há alguns que devem ser tributados? Já vamos ver.
ART. 11: isenção de natureza MISTA-: é essencialmente real (objetiva), uma vez que a lei só exclui da tributação
alguns rendimentos, os diretamente derivados do exercício de tais atividades. Mas, é também pessoal porque esta
isenção só está ao alcance de entidades que reúnam determinados requisitos (art. 11.º, n.º 2)
ART 12: não é uma verdadeira isenção, mas sim uma exclusão tributária. A obrigação de pagamento de imposto
existe, só que ocorre em sede de IRS, na esfera jurídica dos sócios (não pagam IRC porque pagam IRS).
ART 13: dependente de autorização e em condições de reciprocidade (ser reconhecido às empresas residentes em
território nacional da mesma natureza) - isenção dos lucros realizados pelas pessoas coletivas e outras entidades de
navegação marítima e aérea não residentes provenientes da exploração de navios ou aeronaves.
ART. 14: isenções gerais resultantes de compromissos internacionais (tanto isenções subjetivas como objetivas).
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Outro exemplo: lares que tem máquinas de lavar roupa para uso do lar. Aproveitam esse material para passar e lavar
roupa o exterior- isso já teria que ser tributado pois esta fora do âmbito estatutário!!!!
Existem 2 métodos para a determinação de matéria coletável em sede de IRC- ART. 16º CIRC:
Art. 90/1/ b)→ se passar esta fase de 30 de novembro do ano seguinte e a empresa não fizer a liquidação pode a
AT fazer? STA- não caduca o direito de a AT exigir a divida e liquidar oficiosamente MC, pois o prazo de caducidade
são 4 anos. Este limite de 30 de novembro é um mero guia.
NOTA- Há 2 prazos:
1. CADUCIDADE→ prazo para tornar a divida certa e exigível, sendo o prazo de que a AT dispõe para poder
promover a cobrança coerciva das dívidas. Prazo para liquidar a divida; (“fiz os cálculos, deves isto”): 4 anos
(ART. 45º/4 LGT)
2. PRESCRICAÇÃO → prazo para pagar. Prazo que a AT dispõe para tornar líquida e exigível a obrigação de
imposto- (a AT já tornou a divida certa e exigível, tendo eu conhecimento de que devo x; se eu n pagar em 8
anos e a AT não disser nada, prescreve e eu não tenho que pagar): 8 anos (ART. 48º LGT)
➢ A incidência real ou objetiva é importante para a determinação da MC. Para a determinar temos sempre que olhar
para a entidade e ver se ela esta sujeita a determinação da MC através do lucro ou através do rendimento o
global.
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RESOLUÇÃO:
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REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO (ART. 86º-A E 86º-B)→ DIRECIONADO PARA MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS (PME)
➢ ART. 87 LGT: o legislador inclui o regime simplificado no caso de avaliação indireta. Mas este é um verdadeiro
caso de avaliação indireta? NÃO
1) Qual e o objetivo de avaliar indireamente uma empresa? A determinação do rendimento real, visto que tal
não foi possivel por contabilidade,por exemplo. Quer -se, então, atraves de indícios e presunções do art.
90ºLGT chegar ao rendimento real.
2) E no regime simplifcado? Não se quer chegar ao rendimento real, mas sim aceitar a um rendimento
PRESUMIDO, aceitando menos rigor na determinação da MC (por isso não podemos considerar um
verdadeiro caso de avaliação indireta).
O regime simplificado é uma OPÇÃO (quando que na avaliação indireta não é opção; é mesmo porque
não havia meios de realizar pela contabilidade organizada). Ao invés da MC ser determinada pela
contabilidade organizada, pode ser determinada pelas presunções que o próprio legislador estabelece.
Ou seja, não de trata de um método subsidirario para quantificação da MC, mas antes de uma opção do
sujeito passivo.
➢ De qualquer das formas, a empresa, mesmo optando pelo regime simplificado, tem que TER SEMPRE
CONTABILIDADE!!!- não e uma contibilidade como se fosse uma contabilidade organanizada, mas tem que ter
uma contabilidade simples. Mas porque? porque o patrimonio da empresa não se pode confunfir com o
patrimonio dos socios!!!
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➢ ART. 86º-A/1: REQUISITOS PARA UMA SOCIEDADE PODER OPTAR POR REGIME SIMPLIFICADO (REQUISITOS
COMULATIVOS)
➢ PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DE TRIBUTAÇÃO DAS EMPRESAS PELO RENDIMENTO REAL- não é absoluto , é
tendencial , temos o exemplo deste caso de regime simplificado.
➢ ART. 86º-B/1- COEFICIENTES PARA EFEITO DE APLICAÇÃO DO REGIME SIMPLIFICADO
▪ Os coeficientes aplicáveis às vendas e prestações de serviços (als. a) e c) do n.º 1 do art. 86.º-B) são
reduzidos em 50% e 25% no primeiro e segundo períodos posteriores ao início da atividade,
respetivamente- muito vantajoso para empresas que estejam a começar.
▪ As entidades que optarem pelo regime simplificado estão dispensadas de realizar o pagamento especial
por conta e determinados encargos não se encontram sujeitos a tributação autónoma (nomeadamente os
referentes a despesas de representação, ajudas de custo, compensação pela deslocação em viatura própria
do trabalhador e os gastos relativos a indemnizações, bónus e outras variáveis pagos a determinados
membros dos órgãos sociais).
PROBLEMA: e se não houver rendimento por parte da empresa e for feito a presunção de acordo com o regime
simplificado ? mesmo assim terá a empresa que pagar? STA- não permite pleo pp do tributação das empresas pelo
rendimento real; só tributamos uma empresa que tem capacidade contributiva!. Seria violação do pp constitucional
da igualdade ao tributar identicamente empresas em atividade que geram lucro e empresas inativas, sem
fundamento material bastante (art.13º CRP). Assim esta não é uma presunção cega nem absoluta!!!
▪ Estes regimes são diferentes quanto ao seu acesso, quanto aos requisitos a preencher, a nivel de coeficientes o
regime simplifcado de irc e mais vantajoso do que o regime de irs.
▪ Umas das diferenças do regime simplificado em sede de IRC e em sede de IRS prende-se com a necessidade,
ou ausência da mesma, de aderir a esse regime. Ou seja, no regime simplificado em sede de IRS o legislador
optou por incluir diretamente neste regime todos aqueles que não tenham ultrapassado no período de
tributação imediatamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos dessa categoria de € 200.000,00.
Contudo, os sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado podem optar pelo regime da contabilidade.
Não significa isto que o regime simplificado em sede de IRS não é opcional. De facto, continua a ser uma opção
do sujeito passivo, mas aqui em se manter neste regime ou sair do mesmo
No caso do regime simplificado em sede de IRC, verificamos que aqui o sujeito passivo, para ficar abrangido
pelo regime simplificado, já tem que optar pelo mesmo. Assim, ao contrário do IRS onde o sujeito passivo já está
à partida dentro do mesmo, tendo de declarar que pretende o regime de contabilidade se pretender sair
daquele regime, no IRC o sujeito passivo, mesmo que preencha os requisitos, não está dentro deste regime,
tendo de optar, aqui, por entrar no mesmo.
No IRS (categoria B) o sujeito passivo opta por sair, esta automaticamente no regime de contabilidade
organizada; no IRC o sujeito passivo opta por entrar (mesmo preenchendo todos os requisitos, so fica sujeita se
a empresa escolher).
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3º e 4º AULA FISCAL- 27/02/2023 e 06/03/2023
➢ Pergunta que sai muito: existe uma dependência parcial entre a contabilidade e o resultado
contabilístico?
Quer entidades residentes, quer não residente e com estabelecimento estável em Portugal, para além do
pagamento do IRC podemos ainda ter outros adicionais:
o Entidades que não são consideradas PME - para alem do IRC terão que pagar uma sobretaxa → DERRAMA
ESTADUAL – para pagar isto a empresa tem que ter no mínimo de lucro tributável 1,5 milhão + ainda vão ter
que pagar também DERRAMA MUNICIPAL;
o As PME - vão ter que pagar DERRAMA MUNICIPAL (à partida não vão ter que pagar derrama estadual).
▪ Os municípios deliberam em assembleia municipal a derrama municipal que so pode ir ao limite máximo
estabelecido nos artigos (1.5% sobre o lucro tributável);
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▪ Aplica-se a todas as empresas que gerem rendimentos na sua área geográfica- atendendo sobre a proporção
de rendimentos que são recebido na própria área geográfica (por exemplo o continente existe em várias zonas
no pais, mas taxa só vai incidir no rendimento gerado na área geográfica em questão).
▪ Lógica: as empresas deixam pegadas nos municípios (utilizam infraestruturaras, estradas, por vezes o
município tem que fazer obras para acomodar aquela empresa, etc..); as empresas beneficiam de uma série
de bens públicos fornecidos pelo próprio município, portanto estes precisam de se financiar.
▪ Imposto autónomo face ao IRC, até porque quem lança a taxa da derrama é a própria assembleia municipal.
➔ Assim a derrama municipal e a estadual são muito diferentes: na estadual pretende-se sobretaxar a
capacidade contributiva expressa pelas empresas que tem um lucro superior a x; na municipal o objetivo não é
taxar a capacidade contributiva, mas sim criar uma fonte de financiamento para um município e compensar o
desgaste que é deixada pelas mesmas no município.
➔ Derrama estadual e municipal tem em comum→ têm uma incidência objetiva igual: incidem sobre o lucro
tributável das entidades;
➔ Esta possibilidade de uma assembleia municipal determinar o montante da derrama viola o pp. da
legalidade fiscal (art. 165º CRP/1/i))???? Ora, como sabemos, a criação dos impostos é matéria de
competência exclusiva, ou seja, é matéria que a partida só a AR pode legislar, exceto dada autorização ao
governo, que legisla através do DL, que a AR autoriza através de uma lei de autorização.
Alínea i): “criação de impostos” - não se refere só a impostos, mas também de outros elementos essenciais
(art. 103º- TAXA, INCIDENCIA, BASENEFICIOS FISCAIS E GARANTIAS) - a taxa é um elemento essencial.
Assim pode a assembleia municipal definir um elemento essencial? Considera-se que sim; é um desvio
do pp da legalidade fiscal→ 238º/4 CRP (NÃO DEFINE através de lei, define através de regulamento)!!!
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Como sabemos, temos o princípio de Tributar as empresas pelo rendimento real, que é espelhado pela contabilidade.
No entanto, as vezes não é possível determinar o rendimento real- umas vezes por opção, como acontece no regime
simplificado, e outros porque não é mesmo possível determinar o rendimento real. Ora, quando não e possível
determinar o rendimento real, temos que seguir pelo rendimento normal e avaliar por métodos indiretos:
Avaliação Indireta: 83º/2 LGT- utiliza-se quando há uma impossibilidade de determinar a matéria coletável por
métodos diretos, sendo que é EXCECIONAL e SUBSIDIÁRIA, utilizado apenas nas situações previstas. Visa-se, deste
modo, determinar o valor real a partir de presunções e indícios. O que o legislador pretende é alcançar um
rendimento que considera não estar espelhado na contabilidade; ou então inverter o ónus da prova (se tu de
facto tivestes este rendimentos, então prova-o).
ART. 82º LGT: nº1- a avaliação direta é feita pela AT (caso do IRS) e nos casos de autoliquidação, a competência é do
sujeito passivo (caso do IRC); Nº2- no caso da avaliação indireta, a competência é da AT- ex: faz normalmente no
seguimento de uma inspeção tributária.
Art. 90º LGT- elenco não taxativo de indícios e presunções que a AT pode lançar mão.
➔ Nº1/art. 81º LGT- diz-nos este artigo que so pode haver avaliação indireta quando o legislador diz que isto é
possível- “casos expressamente previstos na lei” - 87º LGT:
1. Regime simplificado→ apesar do legislador colocar no art. 87º/1/a) este como caso de avaliação indireta,
isto é INCORRETO (iremos ver a frente).
2. Impossibilidade de comprovação e quantificação direta e exata dos elementos indispensáveis à correta
determinação da matéria tributável – para o Dr. Casalta Nabais é o único verdadeiro caso de av. Indireta;
verdadeiramente só há motivo para av. Indiretamente a MC de uma empresa, porque é impossível, não
existindo elementos, para avaliar por métodos diretos- remissão para 88º (elenco exemplificativo de
situações de impossibilidade).
3. Declaração sistemática de prejuízos fiscais em (pelo menos) três anos consecutivos ou em três anos num
período de cinco (arts. 87.º/1/e e 90.º LGT)
4. Manifestações de fortuna (art. 87.º/1/d e 89.º-A LGT)
5. Acréscimos injustificados de património (arts. 87.º/1/f e 89.º-A/5 LGT)
Art. 91.LGT
✓ O sujeito passivo tem que ser notificado que irá ser avaliado por meios indiretos;
✓ Não se aplica aos casos de regime simplificado (demonstra falso caso de avaliação indireta), nem às situações
de manifestação de fortuna;
✓ Prazo 30 dias para fazer um requerimento fundamentado às finanças da minha área fiscal;
✓ O procedimento especial de revisão ocorre entre 2 peritos (do sujeito passivo/ do AT);
✓ A liquidação, durante este pedido, fica suspensa, sendo a AT não pode vir liquidar o imposto, enquanto este
pedido não for decidido.
✓ Os peritos vão discutir o montante fixado da matéria coletável, tentando chegar a um acordo:
I. 92º/3 LGT- Havendo acordo, o tributo é liquidado com base na matéria tributável acordada. O sujeito
passivo só poderá impugnar depois disto, se se provar que o perito extravasou os poderes de
representação.
II. 92º/6 LGT- Na falta de acordo, a AT fixa o valor que entender adequado, já podendo o sujeito passivo
impugnar judicialmente.
++ pode haver nomeação de um perito independente (raro porque é caro). Vantagens: 1) 92º/7 LGT:
quando há não há acordo entre os peritos (AT e independente), a AT tem que fundamentar porque é que
adere ou rejeita o parecer do perito independente; 2) 92º/8 LGT: se houver acordo entre o contribuinte e
perito independente, mas a AT fixar valor diferente, o contribuinte pode impugnar esta decisão (tem boas
razões para o fazer). A impugnação ou reclamação graciosa tem efeitos suspensivos-desde o momento da
notificação até ao momento da decisão final do procedimento do 91º.
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➔ 86º/5 LGT: O pedido de revisão é um preliminar indispensável para a posterior impugnação da liquidação com
fundamento nestes 2 argumentos (por isso é essencial quando uma empresa é avaliada por métodos indiretos,
a primeira coisa que tem que fazer é ver se deve ser lançado mão do mecanismo do art. 91º):
1. Erro na quantificação;
2. Pressupostos de determinação da avaliação indireta da matéria coletável (87º/1 LGT) não se verificam;
➔ Quid iuris quando há reversão do processo de execução fiscal (ex: a empresa é notificada, não faz nada,
há o ato final de liquidação e ela não paga. O que acontece? Execução fiscal- no entanto, não tem
património, o que acontece? Subsidiariamente vai-se aos gerentes… (REVERSÃO DA DIVIDA)→ ART. 28º)?
Dado que o art. 22º/5 LGT garante ao responsável subsidiário as mesmas condições do devedor principal,
permite-se que este impugne com base nos fundamentos do art 86º/5 LGT, de modo a ter os mesmos meios de
defesa que o responsável original (o anterior não tem culpa que o subsidiário não tenha feito o pedido de
revisão)→ ou seja, não só podem impugnar como fazer o próprio pedido de revisão (mesmo tendo passado
anos da primeira notificação).
SUPREMO TRIBUNAL ADMINISTRATIVO→ permite que o responsável subsidiário, a partir do momento em que o
processo de execução fiscal reverta para ele, no prazo de 30 dias, possa vir a lançar mão do pedido de revisão do
art. 91º LGT. Porque? pode conseguir resolver o problema ser ir a tribunal.
Correção quantitativa: correção da matéria coletável determinada com base em métodos indiretos;
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MODALIDADES DE PAGAMENTO→ Como é que se paga o IRC? Como sabemos, o montante do imposto não
coincide com a coleta líquida apurada, uma vez que ainda há deduções à coleta. Ora, dentro destas deduções que
se reportam ao pagamento do IRC temos:
➔ Art. 104º/1/a): Três pagamentos por conta, no próprio período de tributação a que respeita o lucro tributável,
com vencimento em julho, setembro e 15 de dezembro (ou no 7º, 9º e dia 15 do 12º mês do período de
tributação, no caso de entidades cujo período de tributação não corresponda ao ano civil).
Nº2- Há lugar a reembolso do sujeito passivo, há um acerto final;
Art. 107º→ a empresa pode não fazer o último pagamento: “se o pagamento por conta já efetuado for igual
ou superior (…) pode deixar de efetuar o terceiro pagamento por conta”. → A EMPR ESA TEM QUE TER A
CERTEZA DISTO→ Nº2 : senão paga juros compensatórios;
➔ Art. 114º/2 e 5 REGIT: Caso a empresa não pague, no prazo de 90 dias incorrem numa infração tributária;
➔ 105º/Nº1 CIRC: olho para aquilo que ganhei no ano anterior (porque ainda não sei o que vou ganhar este ano)
e vou fazer os cálculos com esse valor (se depois ganhar mais, pago o resto; caso contrário, terei reembolso);
Os pagamentos por conta são calculados com base no imposto liquidado relativamente ao período de
tributação imediatamente anterior, deduzindo retenções na fonte não suscetíveis de compensação ou
reembolso (retenções na fonte a título definitivo).
➔ 105º/Nº2 CIRC: olhando para o ano anterior, deduzo retenções na fonte não suscetíveis de compensação ou
reembolso, e dá-me o valor: 1) se o valor foi igual ou inferior a 500000, tenho que pagar 80% (repartido por
três montantes iguais) desse valor a título de pagamento por conta; se for superior a 500000, então eu vou ter
que pagar 95% (repartido por três montantes iguais) desse montante (Nº3).
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➔ No caso de 1º ano da empresa, o nº1 do art.105º-A fala de “período de tributação anterior”, visto: a empresa vai
pagar a derrama no fim do ano!!!
➔ O ano de referência é sempre o ano anterior; imaginemos que o ano passado corre muito bem e o ano atual
corre muito mal- não interessa, paga a derrama relativa ao ano anterior e depois faz-se acertos.
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LIQUIDAÇÃO DO IRC- 89º CIRC
o A regra é que o IRC é autoliquidado pelas próprias empresas até 31 de maio do ano seguinte àquele que os
rendimentos dizem respeito.
o No entanto, pode a AT fazer ela própria fazer uma liquidação administrativa se a empresa não o fizer;
o Liquidação adicional- ocorre quando se suspeita que a empresa devia pagar mais do que pagou, sendo
necessário fazer uma liquidação por métodos indiretos.
3. OS AJUSTAMENTOS AO LUCRO
TRIBUTÁVEL
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entram para o lucro tributável, mas vamos excecionar alguns casos, os dispostos no art. 24º.
4. RENDIMENTO:
1. Rendimento- produto: (TEORIA DA FONTE) - resultado obtido a partir da participação em uma atividade
produtiva (conceito que acabou por se tornar inoperativo perante a divulgação dos rendimentos de capitais
– art. 5.º CIRS).
2. Rendimento acréscimo: (TEORIA DO RENDIMENTO-ACRÉSCIMO ou do INCREMENTO PATRIMONIAL) -
para englobar todas as manifestações de incremento líquido do património de um sujeito, que pode ser
gasto sem diminuição do património inicial. Inclui na noção de rendimentos ganhos de fontes não duráveis
(ex: mais-valias, prémios de jogo, subsídios, indemnizações, etc). Esta conceção extensiva de rendimento
permite concretizar melhor a igualdade na tributação, uma vez que todos os ganhos, independentemente
da sua origem, ficam, tendencialmente, sujeitos a uma mesma tributação.
5. RENDIMENTOS E GANHOS: Art. 20º→ os proveitos ou ganhos não são apenas os que derivem do normal
prosseguimento da atividade da empresa, da concretização do seu escopo social. São também proveitos os
ganhos obtidos acessoriamente ao exercício da atividade (ex: rendimentos de capitais = juros, mais-valias)
6. GASTOS E PERDAS :Art. 23º→ todos os gastos e perdas suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir
os rendimentos sujeitos a IRC.
➢ As empresas so podem deduzir estas ajudas de custo se existir o mapa (documento através od qual
seja possível efetuar o controlo das deslocações) → é ai que reside a diferença entre 23º/2/d) e 23º-
A /1/h)→ muito provável que saia!!!!!!
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5ª AULA FISCAL II- 13/03/2023
RETENÇÃO NA FONTE PARCIAL /IMPOSTO PAGO POR CONTA- o sujeito passivo (empresa) tem na mesma
que manter uma relação com a AT; o substituído não fica completamente desonerado para com a AT; vai na
mesma ter que fazer liquidação do IRC- é uma retenção na fonte por conta devido final (33º LGT)
Estão no art. 94º CIRC uma série de rendimentos das empresas que são retidas na fonte; lembrado sempre
que a retenção na fonte se aplica apenas para rendimentos obtidos em território português.
Quando uma empresa vai para receber, por exemplo os rendimentos referentes à alínea a) (royalties), a
empresa que vai pagar retém logo uma parte, ao invés de entregar o montante total ao sujeito passivo.
A retenção na fonte traduz-se na obrigação para uma terceira entidade, que não o Estado nem o sujeito
passivo- será, em regra, a entidade pagadora dos rendimentos, que irá proceder à retenção de uma
percentagem desses rendimentos, a título de imposto sobre o rendimento, neste caso, o IRC.
Vantagens: evita a fraude e evasão fiscal; antecipação da receita para o Estado; “anestesia fiscal”; aumenta a
garantia de pagamento do imposto (colocando o substituto em certos casos, no papel de responsável
tributário).
Nº3/ art. 94º→ as retenções na fonte a título de IRC são feitas em sede de retenção na fonte a título parcial
(“natureza de imposto por conta”), exceto nos casos das alíneas do mesmo artigo!!!!!!
Nº6/art. 94º→ empresas que retém, têm que entregar ate dia 20 do mês seguintes o montante retido;
94/3/b)→ no que toca a não residente, sem EE, os seus rendimentos não têm sempre caráter definitivo, porque?
“NÃO SE TRATANDO DE RENDIMENTOS PREDIAIS”
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**LGT
Nº1: aplica-se tanto aos casos de retenção na fonte a título definitivo como parcial. Neste caso, houve retenção na
fonte, que não foi entregue aos cofres do estado pela entidade que procedeu a retenção. Então, só o substituto fica
responsável pelo pagamento; o substituído fica desonerado.
Nº2: aplica-se a casos de retenção na fonte a título parcial (residentes ou não residentes com EE). Casos em que não
foi feita retenção, ou foi feita retenção a uma taxa inferior a que devia ser feita. Neste caso, em primeira linha há e
responsável o substituído- porquê? Porquê era ele que tinha que ter o desfalque patrimonial. Subsidiariamente (em
2º linha, por exemplo se o substituído não tiver rendimentos /património), então vai ser chamado o substituto:
EXCETO relativamente aos juros compensatórios, em que o substituto responde em primeira linha.
Nº3: caso de retenção total; o substituo não retém em, ou retém a uma taxa inferior, o substituto é o responsável
principal, em 1º linha; o substituído é responsável em 2 º linha. Porquê? porque e mais fácil irmos a residentes em
Portugal exigir a divida, do que a não residentes.
Nota:
❖ Relacionada com a liquidação do IRC- concorrem para o lucro tributável, mas são tributadas autonomamente
porque o IRC e IRS tributam rendimentos, enquanto que estas tributam despesas→ porquê? porque ao fazer
certas despesas se demonstra CAPACIDADE CONTRIBUTIVA;
❖ Visa então tributar um conjunto de realidades que não tem nada a ver com o lucro real das empresas (exemplos:
despesas de representação, ajudas de custo, etcco…)
❖ Visa evitar fraude e evasão fiscal ao camuflar os lucros + inegável o objetivo de obter também mais receita fiscal.
Ex: tenho uma empresa e compro uma rota de barcos- nasce ai uma obrigação de pagar TA (nascimento do facto
tributário é INSTANTANEO); no entanto, só pago quando fizer a liquidação do IRC. E se não tiver nada para pagar
de IRC? Não liquido o IRC mas liquido a TA - Liquida-se com o IRC para ser mais simples, mas e autónomo dele.
Há então um diferimento temporal da liquidação e do pagamento do imposto. Problema que isto coloca?
RETROATIVIDADE FISCAL- alteração da lei relativa a taxas entre o momento da despesa e liquidação, o que se faz?
A nova taxa aplica-se (STA).
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88º/3,6,18→
88º/7→
88º/1,2→
88º/8→
88º/9→
88º/13/a)→
88º/13/b)→
88º/11→
Art.88º/18→ taxa extrafiscal: busca que as pessoas sejam mais amigas do ambiente;
Art. 88º/6/b)→ excluem-se da tributação autónoma as viaturas que uma empresa adquira para dar aos trabalhadores
para utilizarem no exercícios e fora do seu exercícios de funções - porque o trabalhador já o vai pagar no IRS.
!!!!! Art. 88º/9→ 23-A/1/h): “deslocação em viatura própria do trabalhador a serviço da entidade patronal não
faturado ao cliente, NÃO HAVENDO MAPA” (havendo mapa, é dedutível para efeitos fiscais, não havendo, não é
dedutível: 23º/d)º 23º-A/1/h))- sendo ou não dedutível, esse tipo de despesas, de deslocação…., quando não e
faturado ao cliente é tributado autonomamente- porque essas ajudas de custo eram feitas para colocar salários
baixos e aumentá-los através destas ajudas de custo, assim ao tributar-se autonomamente garante-se o pagamento-
este encargo pode ou não ser dedutível de acordo com o art. 23-A;
Art. 88º/14→ chegando ao final do período de tributação e a empresa tiver prejuízo fiscal, as taxas vistas
anteriormente sobrem 10 pontos percentuais (se andaste a fazer essas despesas para lapidar o teu património, então
essas despesas que fizeste vais ter que as pagar ainda com agravamento- podes não pagar IRC mas pagas de forma
agravada TA).
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Ver também se estas despesas
podem ser deduzidas 23º-A/1/h)
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Para resolver este caso pratico teríamos que saber se era substituição parcial ou total, como sabemos isso? Se é ou
não residente e com ou sem EE→ se a empresa for não residente e sem EE, a retenção seria a título definitivo; caso
a empresa tenha sede em Portugal ou não for residente mas com EE, então é uma retenção parcial.
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