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João Victor S.

Lima – Medicina - UNINOVAFAPI – 5P

Anestesia local

Os anestésicos locais agem sobre os neurônios promovendo


bloqueio REVERSÍVEL da condução do sinal neuronal

 Como: a molécula do anestésico age diretamente


sobre a membrana celular do neurônio, ligando-se, de
forma não permanente, a um receptor específico no
poro dos canais de sódio

LEMBRAR COMO OCORRE A CONDUÇÃO DO SINAL


NEURONAL: o fluxo do sinal se dá por meio das diferenças de
potencial (ddp) entre as regiões externa e a interna da célula que
possui valores negativos quando comparado ao meio extracelular

 A ddp é estabelecida principalmente pela bomba de


Sódio (Na) e Potássio (K) que, ao transportar Sódio para
o meio extracelular e Potássio para o meio intracelular,
eleva essa ddp As principais diferenças observadas na prática clínica como
latência, potência e toxicidade referentes aos anestésicos locais
estão relacionadas as suas composições químicas (um anel
benzênico, uma amina terciária e um grupo éster ou amida)

Exemplo de anestésicos
aminoamidas: lidocaína ,
ropivacaína, bupivacaína,
prilocaína,

Os anestésicos locais agem sobre a condução impedindo a


propagação dos impulsos nervosos, porque interferem na Exemplo de anestésicos
permeabilidade da membrana ao Na, bloqueando esses canais aminoésteres: procaína,
benzocaína, tetracaína,
 Esse bloqueio está diretamente relacionado ao
cloroprocaína, cocaína
diâmetro do neurônio: quanto maior o diâmetro da
fibra nervosa, maior a concentração da droga para
atingir um bloqueio eficiente
 Portanto, fibras A demandam mais anestésicos
locais do que fibras C para gerar o mesmo efeito,
por exemplo
Fibras A: tem diâmetro maior (são mais grossas)
então precisam de mais anestésicos

OBS:

1. Fibras A e A =
fibras rápidas, de
grande diâmetro
2. Fibras A e C =
fibras lentas, de
pequeno
diâmetro

Fibras C: têm menor diâmetro (são mais finas 


não tem mielina) então precisam de menos 1
anestésico
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quanto maior a dosagem sobre os órgãos, mais


afetados serão  o cérebro e o coração são os
A concentração mínima de anestésico local para gerar o bloqueio primeiros a serem afetados pelas dosagens tóxicas
é influenciada diretamente pelo diâmetro da fibra nervosa e
inversamente a elevações de pH

 Por isso que a anestesia sensitiva nem sempre está 1. Aminoésteres: são metabolizados pela
associada ao bloqueio motor, porém, caso haja o pseudocolinesterase plasmática (principalmente no
bloqueio motor, é altamente provável que o bloqueio fígado) com eliminação dos metabólitos solúveis em
sensitivo esteja estabelecido água pela urina
2. Aminoamidas: são metabolizados por enzimas
Em caso de feridas abertas, a administração do anestésico local
microssomais no fígado e eliminados pelos rins
deve ser efetuada por fora da ferida, pois o pH de dentro da
ferida provavelmente estará alterado reduzindo a ação do As meias-vidas plasmáticas, em geral, são curtas, de
mesmo aproximadamente até 2 horas

 A aplicação deve ser fora da ferida também para evitar


a propagação de contaminação de tecidos superficiais
para tecidos mais profundos As reações adversas relacionadas ao uso de anestésicos locais
podem ser sistêmicas ou locais

Efeitos sistêmicos: neurotoxicidade e a cardiotoxicidade


A combinação de anestésicos com a epinefrina é bastante
 Essas respostas sistêmicas são reações vasovagais ou
utilizada
psicomotoras, que estão relacionadas às doses
 Isso, porque a epinefrina reduz a velocidade de administradas (geralmente quando administradas em
absorção sistêmica e consequentemente a toxicidade grandes quantidades) ou por efeitos colaterais da
do anestésico pelo mecanismo de vasoconstrição adição de adrenalina em soluções
 A neurotoxicidade causa o bloqueio das vias
Essa combinação é segura quando usada com anestésicos locais
inibitórias no cérebro, gerando queda de controle
de curta e média duração, como a lidocaína e procaína que
da atividade excitatória  podendo se manifestar
sofrem aumento do tempo de ação da droga
como espasmos e convulsões
Contraindicações para a combinação de epinefrina + anestésico  Devido ao bloqueio dos canais de sódio, podem
local: pacientes hipertensos, diabéticos e tabagistas ocorrer efeitos cardiotóxicos resultando em
 A epinefrina também não deve ser usada com variações do potencial de ação em células
anestésico locais em regiões como dedos e mamilos cardíacas  algumas alterações podem ser
percebidas no eletrocardiograma, incluindo
intervalos PR e QRS

Principais efeitos problemáticos: arritmias cardíacas, depressão do


sistema nervoso central, convulsões, hipertensão e reações
alérgicas

Além disso, os anestésicos locais têm o potencial de causar danos


oxidativos à hemoglobina, o que forma a metemoglobina (a
benzocaína e a prilocaína são as principais relacionadas à
formação de metemoglobina)

As reações adversas sistêmicas e não alérgicas são muito mais


frequentes que as alérgicas
Depois de aplicados, os anestésicos locais se ligam principalmente
à alfa-1-glicoproteína ácida (mas também podem se ligar à
albumina)

 Caso ocorra a saturação das ligações dos anestésicos


com as proteínas carreadoras, advêm os efeitos tóxicos
associados à fração livre da droga (ou seja, se uma
grande dose de anestésico for aplicada, não vai ter
receptores suficiente, e o restante do anestésico que
não se ligou aos receptores vai causar os efeitos tóxicos)
 A distribuição dos anestésicos obedece ao modelo
farmacocinético de dois compartimentos, e assim,
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Cuidados técnicos para preservar a saúde dos pacientes:

1. Utilizar sempre EPIs


2. Não ultrapassar as doses recomendadas

Na prática, para a lidocaína COM adrenalina, deve-se fazer a


divisão do peso do paciente por 3

3. Usar doses mínimas para o efeito desejado


4. Sempre aspirar cuidadosamente antes de injetar o
anestésico para prevenir a injeção intravascular (regiões
muito vascularizadas, como períneo, couro cabeludo e
face, merecem atenção especial)
EX: adulto com 70Kg, tem-se que a dose máxima é de 70 x 7mg
5. Usar soluções anestésicas com vasoconstritor quando
= 490mg
não houver contraindicação
6. Lembrar que os anestésicos locais devem ser utilizados  Em uma ampola de 2% de lidocaína, cada 1ml
em ambientes onde existam recursos necessários para corresponde a 20mg. Logo, 490 mg/20mg serão 24,5
a realização do tratamento imediato de suas reações ml de volume máximo a ser aspirado
adversas

1. Avisar para o paciente que a agulha vai ser introduzida


Como exemplo de regras para a prática clínica, será utilizada a
e que ele vai sentir principalmente na primeira picada
lidocaína a 2% SEM adrenalina e COM adrenalina com
 Após a primeira introdução da agulha ou botão
apresentação de frasco-ampola com 20 ml cada
anestésico, deve-se evitar mais dor ao paciente e
 LEMBRAR: 1ml de lidocaína contém 20mg da droga fazer a próxima aplicação na periferia da aplicação
anterior, como também circundar a ferida sempre
aplicando próximo a regiões já anestesiadas
2. A seringa deve ser levemente aspirada para verificar se
algum vaso não foi atingido, sendo assim, caso não
venham fluidos que escureçam o líquido da seringa,
deve-se realizar a aplicação normalmente, lentamente
e com firmeza
 Caso contrário, a mudança da posição da agulha
deve ser feita e o procedimento de aspiração
No momento da prática, deve-se perguntar o peso do paciente
realizado novamente até se ter certeza de que o
(ou a depender da situação, realizar uma boa estimativa) como
local está adequado
também dividir esse valor por 4

EX: adulto com 70Kg, tem-se que a dose máxima é de 70 x 5mg


= 350 mg

 Em uma ampola de 2% de lidocaína, cada 1 ml


corresponde a 20mg. Logo, 350 mg/ 20mg serão 17,5
ml de volume máximo a ser aspirado. De uma forma
geral

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a) Local e aparência da lesão


b) Botão anestésico: introduza a agulha (1 cm do vértice
da ferida), em ângulo de 45º com a pele, aprofundando
2 a 3 mm apenas; após, puxe o êmbolo da seringa antes
de injetar o AL; na ausência de sangue, injete de 0,5 a 1
mL de AL; aguarde 15 a 30 segundos para o próximo
passo
c) Sem retirar a agulha, gire-a lateralmente, tangenciando
em 1 cm a borda da ferida; introduzindo a agulha em
quase sua totalidade; então, avance paralelo ao
subcutâneo, bem junto à derme, anestesiando as áreas
laterais da ferida
d) Recue a agulha injetando e, sem retirá-la totalmente,
repita o mesmo processo, mas do outro lado da ferida
e) Retire por completo a agulha (sempre injetando) e
repita os processos anteriores alternando-os, a partir de
um ponto já anestesiado (observe o tamanho da agulha
e veja até que ponto foi anestesiado); portanto, não há
necessidade de outro botão anestésico
f) Resultado após sutura simples

ASSISTA: https://youtu.be/KeW6aCFnY8E

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