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Problema 5
Via dopaminérgica mesolímbica e antagonistas de D2: na esquizofrenia sem tratamento, foi formulada a
hipótese de que a via dopaminérgica mesolímbica está hiperativa, indicada aqui em vermelho, bem como o excesso
de dopamina na sinapse. Isso ocasiona sintomas positivos, como delírios e alucinações. A administração de um
antagonista de D2, como um antipsicótico convencional, bloqueia a ligação da dopamina ao receptor D2, o que
reduz a hiperatividade nessa via e, portanto, os sintomas positivos
Neurolepsia Estão associados a interrupções nas emoções e
-Postula-se que os receptores D2 no comportamentos normais. Os sintomas incluem:
Redução do afeto (expressão reduzida de emoções
sistema dopaminérgico mesolímbico medeiem não
através da expressão facial ou tom de voz) Reduzir
apenas os sintomas positivos da psicose, mas os sentimentos de prazer na vida cotidiana.
também o sistema de recompensa normal do -A quase paralisação da via dopaminérgica
cérebro mesolímbica necessária para melhorar os sintomas
*O nucleus accumbens é amplamente positivos da psicose pode contribuir para o
considerado como o “centro do prazer” no
agravamento da anedonia, da apatia e dos sintomas
cérebro. Pode constituir a via final comum de toda negativos, o que pode explicar, em parte, a elevada
a recompensa e reforço – não apenas a
incidência de tabagismo e uso abusivo de drogas
recompensa normal (como o prazer de comer ilícitas na esquizofrenia
uma boa comida, o orgasmo e ouvir música), como
-Os antipsicóticos também bloqueiam os
também a recompensa artificial do uso abusivo de
receptores D2 na via DA mesocortical, em que a
substâncias DA já pode estar deficiente na esquizofrenia. Isso
-Se os receptores D2 forem estimulados
pode causar ou agravar os sintomas negativos e
em algumas partes da via mesolímbica, isso pode cognitivos, embora exista apenas baixa densidade
levar à experiência do prazer. Assim, se esses
de receptores D2 no córtex
mesmos receptores no sistema mesolímbico forem *Um estado comportamental adverso
bloqueados, isso pode não apenas reduzir os pode ser produzido pelos antipsicóticos
sintomas positivos da esquizofrenia, como também convencionais; denominado “síndrome de déficit
bloquear os mecanismos de recompensa. Desse induzida por neurolépticos”, visto que se assemelha
modo, os pacientes ficam apáticos, com anedonia e muito aos sintomas negativos produzidos pela
falta de motivação, de interesse e de alegria com própria esquizofrenia e lembra a “neurolepsia” em
as interações sociais, um estado que se assemelha animais
muito ao dos sintomas negativos da esquizofrenia
Sintomas negativos da esquizofrenia:
Via dopaminérgica nigroestriatal e antagonistas de D2: a via dopaminérgica nigroestriatal teoricamente não é
afetada na esquizofrenia sem tratamento. Entretanto, o bloqueio dos receptores D2, como aquele produzido por
Marina Ferrari – MD6
um antipsicótico convencional, impede a ligação da dopamina e pode causar efeitos colaterais motores que são
conhecidos como sintomas extrapiramidais (SEP)
Discinesia tardia: o bloqueio prolongado dos receptores D2 na via dopaminérgica nigroestriatal pode causar
suprarregulação desses receptores, o que pode levar ao aparecimento de uma condição motora hipercinética,
conhecida como discinesia tardia
Elevação da prolactina menstruais irregulares ou ausentes). Desse modo, a
-Os receptores de dopamina D2 na via DA hiperprolactinemia pode interferir na fertilidade,
tuberoinfundibular também são bloqueados pelos particularmente nas mulheres. Além disso, também
antipsicóticos convencionais, o que provoca pode levar a desmineralização mais rápida dos
elevação das concentrações plasmáticas de ossos, particularmente em mulheres na pós-
prolactina – denominada hiperprolactinemia menopausa que não estejam recebendo terapia de
-Essa condição está associada a galactorreia (i. reposição estrogênica
e., secreção mamária) e amenorreia (i. e., períodos
Vista ampliada das interações entre serotonina (5HT) e dopamina (DA) na via DA nigroestriatal nos
terminais axônicos do estriado. Normalmente, a 5HT inibe a liberação de DA. (A) A DA está sendo liberada, pois
não há 5HT para interromper sua liberação. Especificamente, não há 5HT no receptor 5HT2A do neurônio DA
nigroestriatal. (B) Agora, a liberação de DA está sendo inibida pela 5HT na via dopaminérgica nigroestriatal. Quando
a 5HT ocupa seu receptor 5HT2A no neurônio DA (círculo vermelho inferior), isso inibe a liberação de DA, de
modo que não há DA presente na sinapse (círculo vermelho superior)
Marina Ferrari – MD6
Figura 5.18 Antagonistas de serotonina 2A na via nigroestriatal. A. Os receptores de dopamina 2 (D2) pós-
sinápticos estão sendo bloqueados por um antagonista de serotonina e de dopamina (ASD) na via dopaminérgica
nigroestriatal. Isso mostra o que aconteceria se o bloqueio de D2 fosse a única ação ativa de um antipsicótico
atípico – o fármaco só iria se ligar aos receptores D2 pós-sinápticos, bloqueando- os. Em contrapartida, (B) mostra
a dupla ação dos ASD, em que ocorre bloqueio tanto dos receptores D2 quanto dos receptores 5HT2A. O fato
interessante é que a segunda ação do antagonismo de 5HT2A reverte, na realidade, a primeira ação do
antagonismo de D2. Isso acontece devido à liberação de dopamina quando a serotonina não pode mais inibir a sua
liberação. Outro termo empregado para isso é desinibição. Assim, o bloqueio do receptor 5HT2A desinibe o
neurônio dopaminérgico, com consequente extravasamento da dopamina. Em consequência, a dopamina pode,
então, competir com o ASD pelo receptor D2 e reverter a inibição. Como o bloqueio de D2 é assim revertido, os
ASD causam poucos sintomas extrapiramidais (SEP) ou nenhum e tampouco ocorre discinesia tardia
Ações antipsicóticas comparáveis -O humor, ou estado de ânimo, é definido
-Por que o antagonismo de 5HT2A não como o tônus afetivo do indivíduo, o estado
reverte as ações antipsicóticas? Embora um emocional basal e difuso em que se encontra a
antipsicótico convencional só possa reduzir a pessoa em determinado momento. E a disposição
dopamina (o que ele faz nos receptores D2 em afetiva de fundo que penetra toda a experiência
todo o cérebro), os antipsicóticos atípicos com suas psíquica, a lente afetiva que dá as vivências do
propriedades antagonistas adicionais de 5HT2A sujeito, a cada momento uma cor particular,
exercem ações efetivas muito mais complicadas ampliando ou reduzindo o impacto das experiências
sobre a atividade da dopamina. Isso porque eles não reais, e muitas vezes, modificando a natureza e o
apenas diminuem a atividade da dopamina por meio sentido das experiências vivenciadas
do bloqueio dos receptores D2, mas também Bases biológicas dos transtornos de
podem aumentar a sua liberação e, portanto, sua
atividade ao estimularem indiretamente os humor
receptores dopaminérgicos. Entretanto, essas ações Regiões e circuitos encefálicos
parecem ser muito diferentes em partes distintas
do cérebro envolvidos
-Na via dopaminérgica nigroestriatal e na via Giro do córtex cingulado anterior
dopaminérgica tuberoinfundibular, ocorre liberação -Vem sendo consistentemente implicado na
de dopamina suficiente pelos antipsicóticos atípicos depressão maior e transtorno bipolar
para reverter, em parte, as ações indesejadas dos -Apresenta 2 subdivisões funcionais: rostrais
SEP e da hiperprolactinemia. Isso não parece e ventrais:
ocorrer na via dopaminérgica mesolímbica, pois as *Estabelecem conexões com o
ações antipsicóticas dos antipsicóticos atípicos são hipocampo, amígdala, córtex pré-frontal orbital,
exatamente tão eficazes quanto as dos insula anterior e o nucleus accumbens
antipsicóticos convencionais, presumivelmente *A subdivisão caudal parece estar
devido a diferenças regionais no modo pelo qual os envolvida em processos cognitivos e o controle do
receptores 5HT2A podem ou não exercer um comportamento, conectando-se com a porção
controle sobre a liberação de dopamina dorsal do córtex pré-frontal, o córtex motor
-A estratégia tem sido explorar esses secundário e o córtex cingulado posterior
diferentes mecanismos farmacológicos regionais -Alterações funcionais que levam ao
para obter os melhores resultados clínicos por meio transtorno do humor são encontradas com maior
do bloqueio simultâneo dos receptores D2 e dos consistência na subdivisão rostral → relacionada
receptores 5HT2A, em que pode ocorrer bloqueio com as emoções e, especialmente na região
efetivo de quantidades diferentes de receptores D2 subgenual (porção ventral do corpo caloso)
em diferentes áreas do cérebro, ao mesmo tempo
Amígdala
e com o mesmo fármaco
-O aumento da amígdala foi encontrado na
depressão; o aumento dos seus níveis basais de
Humor
Marina Ferrari – MD6
atividade foi observado na depressão, transtorno atenção, vigília, motivação e outros estados
bipolar e transtornos de ansiedade cognitivos e emocionais
Hipocampo -Nesse contexto, surgiu a ideia de que a
-Seu volume pode estar diminuído depressão estaria relacionada com a redução na
-Episódio prolongado de depressão maior disponibilidade das monoaminas e consequente
pode produzir atrofia hipocampal deficiência da transmissão sináptica
monoaminérgica → a efetividade dos
Hipótese monoaminérgica antidepressivos resultaria do aumento da
-Afirma que o humor estaria intimamente disponibilidade de monoamina s nas sinapses
ligado aos níveis de neurotransmissores -Ponto fraco da hipótese: se a ação
monoaminérgicos – NA, serotonina e dopamina: inibitória dos antidepressivos sobre a captação de
*São sintetizadas a partir de um monoaminas, ou sobre a MAO, é rápida (muitas
aminoácido precursor e podem tanto ser vezes ocorre já na 1ª dose do medicamento), por
armazenadas em vesículas sinápticas quanto ser que várias semanas de tratamento são necessárias
metabolizadas pela enzima monoaminoxidase para a redução dos sintomas clínicos de
(MAO), que se encontra associada à membrana depressão?
externa da mitocôndria *1ª hipótese: o ↑transmissão sináptica →
*Núcleos serotoninérgicos e ativaria vias de sinalização → induziriam a
noradrenérgicos estão concentrados no tronco expressão de genes → produção de proteínas →
encefálico caudal, enquanto que a maior parte da seriam capazes de alterar a responsividade dos
dopamina é sintetizada em regiões mais rostrais, na neurônicos ou estimulariam a remodelação das
substância negra e na área tegmentar ventral no junções sinápticas de modo que os sintomas
mesencéfalo depressivos comecem a diminuir
*Estas 3 monoaminas possuem a *2ª hipótese: os fármacos
capacidade de se regularem: antidepressivos aumentaria a taxa de neurogênese
-Serotonina: regula a liberação de no giro denteado da formação hipocampal → o
dopamina através de seus receptores 5HT1A, atraso se daria pelo lento desenvolvimento de
5HT2A, 5HT2C. Também regula a liberação de NA novos neurônios e sua incorporação ao circuitos
através de seus receptores 5HT2C e de ambas a *Recentemente foi descoberto que
dopamina e NA pelo receptor 5HT3 estes fármacos poderiam também modificar
-Noradrenalina: regula os covalentemente histonas, contribuindo para que a
neurônios 5HT através de seus receptores α1 e α2. ação dos antidepressivos persistam mesmo após o
Os receptores α1 são aceleradores e os receptores término do tratamento
α2 são o freio para a liberação de serotonina. Os
neurônios noradrenérgicos do locus coeruleus
seguem seu percurso até os núcleos da rafe, onde
liberam NA nos receptores α1 pós-sinápticos nos
corpos celulares dos neurônios serotoninérgicos,
aumentando a liberação de 5HT. Os neurônios
noradrenérgicos também inervam os terminais
axônicos dos neurônios 5HT; aqui, a NA é liberada
diretamente nos receptores α2 pós- sinápticos que
inibem os neurônios 5HT, atuando como freio
sobre a 5HT e inibindo sua liberação. O tipo de
ação da NA que predomina, aceleradora ou de
freio, depende da extremidade do neurônio 5HT
que mais recebe impulso noradrenérgico no
determinado momento
*Juntos, produzem repostas
coordenadas e influenciam funções como alerta,
Marina Ferrari – MD6
resultado da falha do sistema de retroalimentação
negativa do eixo:
concomitante de humor depressivo e pelo menos outros 8 sintomas de um episódio depressivo maior
4 outros sintomas de depressão por 2 a 13 dias associados a sofrimento clinicamente significativo
pelo menos 1x por mês (não associados ao ciclo ou prejuízo que persiste por mais de 4 dias,
Marina Ferrari – MD6
porém menos de 14 dias, em um indivíduo cuja -É usada nas situações em que o clínico
apresentação nunca satisfez critérios para qualquer opta por não especificar a razão pela qual os
outro transtorno depressivo ou transtorno bipolar, critérios para um transtorno depressivo específico
atualmente não satisfaz critérios ativos ou residuais não são satisfeitos e inclui apresentações para as
para qualquer transtorno psicótico e não satisfaz quais não há informações suficientes para fazer um
critérios para depressão breve recorrente diagnóstico mais específico (p. ex., em salas de
*Episódio depressivo com sintomas emergência)
insuficientes: afeto depressivo e pelo menos 1 dos Bipolaridade
outros 8 sintomas de um episódio depressivo
maior associados a sofrimento ou prejuízo Transtorno bipolar tipo I
clinicamente significativo que persiste por pelo -Pacientes com transtorno bipolar tipo I
menos 2 semanas em um indivíduo cuja sofreram pelo menos 1 episódio maníaco. Episódios
apresentação nunca satisfez critérios para qualquer maníacos duram pelo menos 1 semana (ou menos,
outro transtorno depressivo ou transtorno bipolar, se houver hospitalização) e requerem humor
atualmente não satisfaz critérios ativos ou residuais elevado, expansivo ou irritável, acompanhado por
para qualquer transtorno psicótico e não satisfaz aumento da energia/atividade e pelo menos 3
critérios para transtorno de adaptação com outros sintomas (4 se o humor for apenas irritável),
sintomas mistos de ansiedade e depressão como autoestima inflada, redução da necessidade
Outro transtorno depressivo não de sono, loquacidade acima do normal, experiência
subjetiva de que os pensamentos estão acelerados,
especificado
distraibilidade, aumento da atividade dirigida a
-Aplica-se a apresentações em que objetivos e impulsividade
sintomas característicos de um transtorno -Episódios maníacos são, por definição,
depressivo que causa sofrimento clinicamente graves; eles envolvem psicose, hospitalização ou
significativo ou prejuízo no funcionamento social, prejuízo grave do funcionamento ocupacional ou
profissional ou em outras áreas importantes da vida psicossocial. “Aumento da atividade dirigida a
do indivíduo predominam, mas não satisfazem objetivos ou agitação psicomotora” foi
todos os critérios para qualquer transtorno na acrescentado no DSM-5 como um novo sintoma
classe diagnóstica dos transtornos depressivos fundamental de elevação do humor
Transtorno Bipolar tipo I – Critérios diagnósticos
Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para 1 episódio
maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos
maiores
Episódio maníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal
e persistente da atividade dirigi da a objetivos ou da energia, com duração mínima de 1 semana e presente na
maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária)
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, 3 (ou mais) dos seguintes
sintomas (4 se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança
notável do comportamento habitual:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade
2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas 3h de sono)
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados
5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou
irrelevantes), conforme relatado ou observado
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou
agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos)
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex.,
envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos)
C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento
Marina Ferrari – MD6
social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas,
ou existem características psicóticas
D. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento,
outro tratamento) ou a outra condição médica
*Nota: Um episódio maníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento,
eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse
tratamento, é evidência suficiente para um episódio maníaco e, portanto, para um diagnóstico de transtorno
bipolar tipo I
*Nota: Os Critérios A-D representam um episódio maníaco. Pelo menos 1 episódio maníaco na vida é
necessário para o diagnóstico de transtorno bipolar tipo I
Episódio hipomaníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal
e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de 4 dias consecutivos e presente na maior parte do
dia, quase todos os dias
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, 3 (ou mais) dos seguintes
sintomas (4 se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao
comportamento habitual e estão presentes em grau significativo:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade
2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono)
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados
5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou
irrelevantes), conforme relatado ou observado
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou
agitação psicomotora
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex.,
envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos)
C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo
quando assintomático
D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas
E.. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou
profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é
maníaco
F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento,
outro tratamento)
*Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento,
eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse
tratamento, é evidência suficiente para um diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela
para que 1 ou 2 sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de
antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem
necessariamente indicativos de uma diátese bipolar
*Nota: Os Critérios A-F representam um episódio hipomaníaco. Esses episódios são comuns no transtorno
bipolar tipo I, embora não necessários para o diagnóstico desse transtorno
Episódio depressivo maior
A. 5 (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e
representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos 1 dos sintomas é (1) humor
deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer
*Nota: Não incluir sintomas que sejam claramente atribuíveis a outra condição médica
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex.,
sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso).
(Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do
dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa)
Marina Ferrari – MD6
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais de 5% do peso
corporal em 1 mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o
insucesso em obter o ganho de peso esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase diária
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas; não meramente
sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os
dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente)
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo
ou observação feita por outra pessoa)
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um
plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou
em outras áreas importantes da vida do indivíduo
C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica
*Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Esse tipo de episódio é comum no
transtorno bipolar tipo I, embora não seja necessário para o diagnóstico desse transtorno
Transtorno bipolar tipo II hipomaníacos são definidos de modo semelhante a
episódios maníacos, mas não envolvem psicose,
-Pacientes com transtorno bipolar tipo II
hospitalização nem prejuízo funcional grave, e sua
experimentaram pelo menos 1 episódio
duração mínima é mais breve (4 dias, em vez de
hipomaníaco e pelo menos 1 episódio depressivo
7)
maior, mas nenhum episódio maníaco. Episódios
Transtorno bipolar tipo II – Critérios diagnósticos
Para diagnosticar transtorno bipolar tipo II, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio
hipomaníaco atual ou anterior e os critérios a seguir para um episódio depressivo maior atual ou anterior:
Episódio hipomaníaco
A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal
e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de 4 dias consecutivos e presente na maior parte do
dia, quase todos os dias
B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, 3 (ou mais) dos seguintes
sintomas (4 se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao
comportamento habitual e estão presentes em grau significativo:
1. Autoestima inflada ou grandiosidade
2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono)
3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando
4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados
5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou
irrelevantes), conforme relatado ou observado
6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou
agitação psicomotora
7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex.,
envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos)
C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo
quando assintomático
D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas
E.. O episódio não é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou
profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é
maníaco
F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento,
outro tratamento)
*Nota: Um episódio hipomaníaco completo que surge durante tratamento antidepressivo (p. ex., medicamento,
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eletroconvulsoterapia), mas que persiste em um nível de sinais e sintomas além do efeito fisiológico desse
tratamento, é evidência suficiente para um diagnóstico de episódio hipomaníaco. Recomenda-se, porém, cautela
para que 1 ou 2 sintomas (principalmente aumento da irritabilidade, nervosismo ou agitação após uso de
antidepressivo) não sejam considerados suficientes para o diagnóstico de episódio hipomaníaco nem
necessariamente indicativos de uma diátese bipolar
Episódio depressivo maior
A. 5 (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e
representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos 1 dos sintomas é (1) humor
deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer
*Nota: Não incluir sintomas que sejam claramente atribuíveis a outra condição médica
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex.,
sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex., parece choroso).
(Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)
2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do
dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa)
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., mudança de mais de 5% do peso
corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o
insucesso em obter o ganho de peso esperado.)
4. Insônia ou hipersonia quase diária
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas; não meramente
sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os
dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente)
8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo
ou observação feita por outra pessoa)
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um
plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou
em outras áreas importantes da vida do indivíduo
C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica
*Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. Esse tipo de episódio é comum no
transtorno bipolar tipo I, embora não seja necessário para o diagnóstico desse transtorno
*Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por desastre natural, doença
médica grave ou incapacidade) podem incluir sentimentos de tristeza intensos, ruminação acerca da perda,
insônia, falta de apetite e perda de peso observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio
depressivo. Embora tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de
um episódio depressivo maior, além da resposta normal a uma perda significativa, deve ser também
cuidadosamente considerada. Essa decisão exige inevitavelmente exercício de juízo clínico, baseado na história do
indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda
Transtorno ciclotímico hipomaníaco; e os sintomas depressivos têm nº,
gravidade, abrangência ou duração insuficientes
-Tem como característica essencial, a
para preencher a todos os critérios de um episódio
cronicidade e oscilação do humor, envolvendo
depressivo maior. Durante período inicial de 2 anos
vários períodos de sintomas hipomaníacos e
(1 ano para crianças e adolescentes), os sintomas
períodos de sintomas depressivos distintos entre si
precisam ser persistentes (presentes na maioria dos
(critério A); Os sintomas hipomaníacos têm nº,
dias), e qualquer intervalo sem sintomas não pode
gravidade, abrangência ou duração insuficientes
durar mais do que 2 meses
para preencher a todos os critérios de um episódio
Transtorno ciclotímico – Critérios diagnósticos
A. Por pelo menos 2 anos (1 ano em crianças e adolescentes), presença de vários períodos com sintomas
hipomaníacos que não satisfazem os critérios para episódio hipomaníaco e vários períodos com sintomas
depressivos que não satisfazem os critérios para episódio depressivo maior
Marina Ferrari – MD6
B. Durante o período antes citado de 2 anos (1 ano em crianças e adolescentes), os períodos hipomaníaco e
depressivo estiveram presentes por pelo menos metade do tempo, e o indivíduo não permaneceu sem os
sintomas por mais que 2 meses consecutivos
C. Os critérios para um episódio depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco nunca foram satisfeitos
D. Os sintomas do Critério A não são mais bem explicados por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno
esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno
psicótico especificado ou transtorno espectro da esquizofrenia e outro transtorno fisiológico não especificado
E.. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso,
medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo)
F. Os sintomas causam sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou
em outras áreas importantes da vida do indivíduo
Mania visão negativa que ele tem de si mesmo e acerca
do futuro
-Um episódio maníaco é um período
-Bases neurológicas não estabelecidas, mas
distinto de humor anormal e persistentemente
supõe-se que haja o estabelecimento de um
elevado, expansivo ou irritável que dura pelo menos 1
controle cognitivo neurocortical sobre padrões de
semana, ou menos se o paciente tiver de ser
atividade em circuitos funcionalmente perturbados;
hospitalizado. Um episódio hipomaníaco dura pelo
É efetiva no tratamento da depressão maior leve e
menos 4 dias e é semelhante a um episódio
moderada e para o transtorno da distimia
maníaco, exceto por não ser grave o suficiente
para causar comprometimento no funcionamento Eletroconvulsoterapia (ECT)
social ou ocupacional e por aspectos psicóticos não -Eficiente no tratamento agudo de casos
estarem presentes graves de depressão maior, sendo especialmente
-Tanto a mania como a hipomania estão importante quando há alto risco de suicídio.
associadas com autoestima inflada, necessidade de Também é eficaz em ambas as fases, maníaca e
sono diminuída, distratibilidade, grande atividade física depressiva, do transtorno bipolar
e mental e envolvimento excessivo em -Utilizado quando o paciente não responde
comportamento prazeroso. O transtorno bipolar I é ao uso de medicações ou quando está muito
definido como tendo um curso clínico de 1 ou mais debilitado para ingerir medicamentos; Geralmente
episódios maníacos e, às vezes, episódios consiste em 6-8 sessões:
depressivos maiores. Um episódio misto é um *Instala-se eletrodos unilateralmente
período de pelo menos 1 semana no qual tanto um (mais comum) ou bilateralmente
episódio maníaco quanto um episódio depressivo *O paciente é anestesiado
maior ocorrem quase diariamente. Uma variante de *A estimulação elétrica é realizada nos
transtorno bipolar caracterizada por episódios de níveis mais baixos necessários
depressão maior e hipomania, em vez de mania, é *Resulta no aumento da disponibilidade
conhecida como transtorno bipolar II de aminas biogênicas no encéfalo → não se sabe
como isso ocorre
Tratamento dos transtornos de *O alívio ocorre rapidamente, as vezes
humor após a 1ª sessão de tratamento
-Efeito adverso: prejuízo temporário da
Tratamento não farmacológico memória, com alguns casos de amnésia
Psicoterapia prolongada → a ECT geralmente apaga a
-A psicoterapia usada para combater a memória de eventos que ocorreram até 6 meses
depressão mais estudada é a terapia cognitivo antes do tratamento
comportamental, que se concentra na identificação Tratamento farmacológico
e na correção das interpretações negativas e
Lítio
distorcidas de eventos e pensamentos negativos
automáticos, as quais podem iniciar ou perpetuar o -É a 1ª linha de tratamento e profilaxia do
humor depressivo → o paciente procura superar a transtorno bipolar; também pode ser utilizado no
tratamento de crises maníacas;
Marina Ferrari – MD6
-Não somente trata os episódios agudos de expressão de genes por um complexo de
mania, mas também previne os ciclos recorrentes de transcrição TCF/LEF-1
mania e depressão, chamado de ”estabilizador do *Não se sabe quais genes podem
humor”; ser induzidos por essa via ou como eles estabilizam
-Seus efeitos terapêuticos requerem uma o humor
utilização a longo prazo → mudança adaptativa do Representantes
SNC (não se sabe ao certo como) -Carbolitium®
Farmacodinâmica Efeitos adversos
-É um cátion monovalente que passa -O risco de intoxicação, assim como o perfil
livremente através de canais neuronais de Na+ de efeitos adversos, tem limitado o seu uso,
-Seu mecanismo é desconhecido, sendo fazendo com que outras drogas (ex: valproato -
aventadas 2 hipóteses: anticonvulsivante) sejam mais usadas. Por isso, é
1. O lítio teria capacidade de bloqueio recomendada a monitoração periódica dos seus
das enzimas envolvidas em vias de sinalização níveis séricos no inicio do tratamento, alterações de
intracelular por meio da inibição das fosfatases de doses ou momentos em que haja suspeita de
inosol, inclusive da inosol-monofosfato-fosfatase: intoxicação
*O PiP2 (responsável por formar os -Sede, poliúria (pela ↓estimulação do ADH –
2º mensageiros da proteína Gq – IP3 e DAG) é mecanismo incerto), alteração da memória,
normalmente sintetizado a partir do inositol livre. No tremores das mãos, ganho significativo de peso,
entanto, os neurônios do SNC não pode obter sonolência, náuseas e diarreia, reações alérgicas
inositol livre a partir do plasma devido à BHE, sendo (dermatite, foliculite e vasculite; piora da acne etc.);
necessário reciclar o inositol (requer a geração de aumento benigno e prolongado dos leucócitos
fosfatos de inositol pela hidrólise do fosfatidilinositol), circulantes
ou sintetiza-lo a partir da glicose-6-fosfato
Contraindicações
(intermediário da glicólise)
*A partir do momento em que o lítio -Gravidez: categoria D → anomalias
inibe as fosfatases de inositol, limita a capacidade dos cardiovasculares (malformação de Ebstein)
neurônios de gerar 2º mensageiros → Interações medicamentosas
↓capacidade de disparos em ↑frequência -São múltiplas; carbamazepina, AINEs, iECA,
*O esgotamento do inositol pode tiazídicos, tetraciclina
gerar também a alteração da expressão de genes, Ácido valpróico
os quais modificam propriedades de resposta de -Anticonvulsivo utilizado no tratamento de
neurônios críticos crises de ausência e de convulsões mioclônicas,
2. Outra hipótese é de que o lítio parciais e tonicoclônicas; também é utilizado no
estabilizaria o humor por meio da inibição da tratamento do transtorno bipolar
glicogênio-sintase-quinase tipo 3 (GSK3), uma
Farmacodinâmica
importante enzima na via de sinalização da proteína
Wnt (desempenha notável função no -Parece facilitar a ação do GABA,
desenvolvimento encefálico): possivelmente por aumentar a sua liberação
*Wnt liga-se aos receptores da *In vitro, pode estimular a atividade da
família Frizzled, iniciando uma cascata de sinalização enzima que sintetiza o GABA (ácido glutâmico
para o núcleo que envolve a proteína descarboxilase); OU
citoplasmática Dishevelled (Dsh) e o glicogênio- *Inibir as enzimas que degradam o
sintase-quinase-3β (GSK-3β) que, quando GABA (GABA-transaminase e semialdeído succínico
fosforilado, causa a degradação da proteína β- desidrogenase)
catenina -Como esse anticonvulsivante trata a
*O lítio inibe a GSK-3β e, bipolaridade permanece sem resposta
consequentemente, a degradação da β-catenina, a -Além disso, possui semelhante à da
qual se transloca para o núcleon onde ativa a carbamazepina e da fenitoína por meio do
Marina Ferrari – MD6
+
bloqueio de canais de Na → prolongamento da apresentar distimia, recomenda-se o tratamento ao
inativação dos canais de Na+ longo da vida
-Também produz discretas reduções das Antidepressivos de 1ª geração:
correntes de Ca2+ nos canais do tipo T -Antidepressivos tricíclicos
Representantes -IMAO
-Depakene® Antidepressivos de 2ª geração:
-Inibidores seletivos de recaptação de serotonina
Efeitos adversos
(ISRS)
-Mais comuns incluem sintomas GI -Inibidores de recaptação de serotonina e
(anorexia, náuseas e vômitos) norepenefrina (IRSR)
-Efeitos sobre o SNC: sedação, ataxia, e -Inibidores relativamente seletivos de recaptação de
tremor norepinefrina
-Exantema, alopecia e ↑apetite Antidepressivos tricíclicos – clássicos
-Elevação das transaminases → não causa
(ATCs)
sintomas nos 1ºs meses
-Assim designados em virtude de sua
Interações medicamentosas
estrutura química, que possui 3 anéis
-Valproato inibe o metabolismo de fármacos -Representantes: Imapramina (Tofranil®),
que são substratos do CYP2C9: fenitoína e amitriptilina (Tryptanol®, Amytril®), nortriptilina
fenobarbital (Pamelor®), desipramina, clomipramina (Anafranil®)
-Também inibe as UGTs, e desse modo o Em virtude de seus efeitos colaterais e potencial
metabolismo da lamotrigina e do lorazepam risco de morte em superdosagem, os
-Pode deslocar a fenitoína e outros antidepressivos tricíclicos passaram a ser usados
fármacos da albumina como agentes de 2ª linha na depressão
-Valproato + clonazepam = ausência (raro) Farmacodinâmica
Antidepressivos -Inibem os transportadores de recaptação
-Após o início do tratamento com fármacos de NA (NET) ou da serotonina (SERT) ou ambos:
antidepressivos, geralmente há uma “defasagem *Amitriptilina, doxepina e imipramina: são
terapêutica” com duração de 3-4 semanas antes ATCs com cadeia lateral de amina terciária capazes
da resposta terapêutica mensurável tornar-se de inibir a captação tanto de NA quanto de
evidente; essa é a razão pela qual a serotonina → mais eficazes
eletroconvulsoterapia pode ser tratamento de *Clomipramina: seletiva para a inibição da
escolha para pacientes agitados, deprimidos, com captação da serotonina
↑risco de suicídio -Também bloqueiam os receptores de
-~2/3 dos pacientes irão apresentar uma muitos outros receptores: muscarínicos M1 (Gq), H1
diminuição de 50% nos sintomas de depressão ao histamínicos, α1-adrenérgicos e canais de Na+
longo de um ensaio de 8 semanas; 1/3 vai sensíveis à voltagem → principal limitação para o
apresentar remissão completa em um único seu uso!
antidepressivo Inibidores da monoaminaoxidase
-Se o paciente não responde ao
tratamento após 8 semanas em dose adequada, (IMAOs)
deve-se mudar para um mecanismo de ação -Aprovados para o tratamento da
diferente; se houver resposta parcial, outros depressão: tranilcipromida (Parnate®), fenelzina e
fármacos podem ser adicionados (bupropiona, T3 isocarboxazida; a selegilina (Jumexil®) está
ou antipsicótico atípico) aprovada para o tratamento da depressão
-Após fase de sucesso inicial, iniciar fase de Farmacodinâmica
manutenção de 6-12 meses, após o qual o fármaco -Os IMAO impedem que a MAO degrade a
é gradualmente retirado. Mas se o paciente sofrer NA, a serotonina ou a dopamina nos terminais pós
2 episódios separados de depressão maior ou sinápticos
-A MAO apresenta 2 formas:
Marina Ferrari – MD6
a. Tanto a MAO-A quanto a MAO-B são -Acredita-se, também, que a MAO-
encontradas no cérebro. Acredita-se que os B converta alguns substratos amínicos derivados do
neurônios noradrenérgicos e os neurônios ambiente, denominados protoxinas, em toxinas que
dopaminérgicos contenham tanto MAO-A quanto podem causar lesão dos neurônios e contribuir
MAO-B, talvez com predomínio da atividade da para a causa ou para o declínio da função na
MAO-A, enquanto os neurônios serotoninérgicos doença de Parkinson → a inibição da MAO-B
supostamente contêm apenas MAO-B poderia interromper esse processo
b. A MAO-A também é encontrada no *2 IMAO, a selegilina e a rasagilina,
intestino e no fígado, sendo responsável por quando administrados por VO em doses seletivas
catabolizar as aminas bioativas presentes nos para a inibição da MAO-B, foram aprovados para
alimentos uso em pacientes com doença de Parkinson,
-Os IMAOs têm eficácia equivalente à dos porém não são efetivos como antidepressivos
ATCs, mas raramente são utilizados devido à sua nessas doses seletivas para a MAO-B
toxicidade e importantes interações 3. Inibidores da MAO-A + Inibidores da
medicamentosas e alimentares MAO-B
1. Inibidores seletivos da MAO-A *Quando combinados, observa-se
*Inibe a MAO-A encefálica, aumentando elevação consistente da dopamina, bem como da
preferencialmente os níveis de serotonina e NA serotonina e da noradrenalina – produziria a melhor
(mais metabolizados pela MAO-A). Tanto a MAO-A eficácia antidepressiva em toda a gama de sintomas
quanto a MAO-B metabolizam a dopamina, porém depressivos, desde a diminuição do afeto positivo
a inibição da MAO-A por si só não parece levar a até o aumento do afeto negativo
aumentos consistentes dos níveis de dopamina no *Constitui uma das poucas estratégias
cérebro, já que a MAO-B ainda pode metabolizá-la terapêuticas disponíveis para aumentar a dopamina
*Além disso, os inibidores da MAO-A na depressão e, portanto, para tratar os sintomas
permitem que aminas bioativas provenientes dos refratários de redução afeto positivo
alimentos, com a tiramina, entrem na corrente OBS: Alguns estudos sugerem que pacientes que
sanguínea com ↑concentrações (p.ex. queijos se recuperam da depressão mediante tratamento
maturados); as aminas são captadas pelos neurônios com ISRS, mas que não readquirem
do SN simpático por transportadores, deslocando simultaneamente níveis normais de MAO-A,
aminas endógenas. No entanto, esse processo por apresentam vulnerabilidade contínua à recaída
promover a liberação abundante de NA e Bupropiona
adrenalina, resultando em grave ↑da pressão
Representantes
arterial → inibidores não seletivos da MAO-A e da
-Zyban ®, Zetron®, Wellbutrin SR®
MAO-B e os seletivos da MAO-A exigem que os
pacientes evitem alimentos com ↑teor de Farmacodinâmica
monoaminas (p.ex.: queijos envelhecidos; não é -Age através de mecanismos múltiplos:
restringido o consumo de queijo industrializado ou *Inibe a recaptação de NA (NET) e de
de pizza) dopamina (DAT)
2. Inibidor seletivo da MAO-B *Seu mecanismo de ação envolve ainda
*Não é tão efetivo como ação a liberação pré-sináptica de NA e dopamina
antidepressiva, visto que não há nenhum efeito *Tem efeito sobre o VMAT2,
direto sobre o metabolismo da serotonina ou da transportador vesicular de monoamina
noradrenalina. Além disso, ocorre pouco ou nenhum -Largamente utilizada em combinação com
acúmulo de dopamina, em virtude da ação os ISRS para maior resposta antidepressiva →
continuada da MAO-A mais eficaz na depressão do que na ansiedade
*No entanto, é utilizado no tratamento Inibidores seletivos de receptação de
de Parkinson: serotonina (ISRS)
-Reforça a ação da levodopa
-São eficazes no tratamento da depressão
administrada concomitantemente
maior e são mais seguros quando comparados aos
Marina Ferrari – MD6
ATCs em caso de overdose; são mais seletivos, *Causa o bloqueio de 5-HT2 e de
tendo ↓efeitos adversos; Também são ansiolíticos receptores α1-adrenérgicos → efeitos mais
com eficácia demonstrada no tratamento da TAG, potentes
pânicos, ansiedade social e TOC (1ª linha de *Também inibe o transportador de
tratamento deste); ISRS também são usados no serotonina (SERT)
tratamento do transtorno disfórico pré-menstrual *Difere-se dos tricíclicos e tetracíclicos
*Sertralina e paroxetina também são por não ter quase nenhum efeito anticolinérgico
aprovadas para o tratamento de estresse pós- adverso. Distingue-se também por apresentar
traumático efeitos sedativos mais marcados do que os
Inibidores de receptação de serotonina e encontrados em outros antidepressivos. Por essa
razão, é empregado no tratamento de insônia
norepinefrina (IRSN)
-Mirtazapina:
-Utilizados quando pacientes respondem *Bloqueia potencialmente os receptores
apenas parcialmente aos IRSR H1 histamínicos → sedativos; tratamento de escolha
Representantes para pacientes deprimidos com insônia
-Venlafaxina (Efexor®), Duloxetina *Possui alguma afinidade pelos
(Cymbalta®) receptores α2-adrenérgicos pré-sinápticos do SNC
Farmacodinâmica (Gi), relacionado a sua eficácia terapêutica
-Inibem tanto a SERT quanto a NET; (questionável)
dependendo do fármaco, da dose e da potência *Possui ↑afinidade pelos receptores 5-
em cada local, provocam aumento da HT2A, 5-HT2C e 5-HT3, embora menos do que
neurotransmissão serotoninérgica e noradrenérgica; pelos receptores H1 → não se sabe ao certo qual
Semelhante à ação dos ISRS, a inibição inicial da receptor monoamina é o responsável pelos seus
SERT causa ↑serotonina na fenda sináptica, efeitos antidepressivos, mas acredita-se que sua
ativando autorreceptores 5-HT1A (Gi) e 5- HT1D ação mais potente seria sobre os receptores 5-
(Gi)→ diminui a neurotransmissão serotoninérgica HT2A
por mecanismo de retroalimentação negativa, até *Aumentam a resposta antidepressiva
que os autorreceptores sejam dessensibilizados quando combinados com ISRS (quando comparado
-Venlafaxina: Bloqueia o transportador de à ação do ISRS isoladamente)
recaptação de 5HT e o transportador de
recaptação de NE através de um mecanismo que
depende de sua concentração:
*Em ↓concentrações → o fármaco
comporta-se como um ISRS
*Em ↑concentrações → aumenta
também os níveis de NE
-Duloxetina: Também inibe especificamente
a recaptação de NE e de 5HT, e o seu uso foi
aprovado para o tratamento da dor neuropática e
de outras síndromes de dor, além do tratamento
da depressão
Antagonistas dos receptores de
serotonina (5-HT)
Representantes
-Mirtazapina (Remeron®), Mianserina,
Trazodona (Donaren®), Nefazodona
Farmacodinâmica
-Trazodona: