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Exames

complementares
Profª Drª Maria Cecília Moraes Frade
Tópicos abordados
1. ECG
2. Ecocardiograma
3. MAPA
4. Holter
5. Cateterismo
6. Angiotomografia
7. Cintilografia
8. Exames Laboratoriais
9. Caso clínico
10. Conclusões
11. Referências
ECG
❑Descoberto: Willem Einthoven
•prêmio Nobel de Medicina de 1924;
• Fácil
• Baixo custo
✓Determinar a presença e a gravidade de isquemia miocárdica aguda;
✓Localizar sítios de origem de diversas arritmias;
✓Avaliar opções terapêuticas para pacientes com insuficiência cardíaca (IC);
✓Identificar e avaliar pacientes com doenças genéticas suscetíveis de arritmias.
ECG
•Identifica a atividade elétrica do coração;
• Potencial elétrico liberado pelas células miocárdicas;

• Resultante das diferenças na composição iônica entre os meios intra e


extracelular.

•Representação gráfica das diferenças de potenciais geradas no campo elétrico


do coração.
ECG
➢Célula cardíaca

Repouso: Ativação celular:


• interior das células tem um potência • mudanças conformacionais na
de: –96mV; membrana plasmática;
• impermeabilidade da membrana • promovem alterações em sua
plasmática: sódio (N+) e ao cálcio permeabilidade;
(Ca+ ); • passagem de íons → corrente iônica
• intracelular de proteínas carregadas • sinais elétricos (canais de voltagem –
negativamente; voltage-gated);
• equilíbrio eletromecânico do potássio • interações químicas (canais de ligação
(K+). – ligand-gated).
Fase 0 Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4
despolarização repolar. precoce platô Repolar. tardia repouso
• Entrada rápida • Saída • Saída de K+ e • Somente saída • Troca de íons
(e de grande progressiva de também entrada do K+ • Entra Na+ e sai
quantidade) de K+ e entrada de Ca ++ (pouca K+ (bomba de
Na+ Cl- quantidade de sódio/potássio)
• Célula positiva • Diminui parte da Na+ ainda) • Saída de cálcio.
em relação ao entrada do Na+
repouso (10mV).

Potencial
transmembrana:
Teoria do dipolo
•Atividade elétrica cardíaca pode ser representada por um dipolo em forma de vetor:
• Magnitude;
• Direção;
• Sentido.
•Representação vetorial:
• Farpa (cabeça) aponta para as regiões positivas (superfície do miócito ou meio
extracelular que ainda não foi despolarizada)
• Cauda é orientada para as regiões negativas (ou seja, já despolarizadas).
•Quando o eletrodo explorado, por definição o eletrodo (+)
• encara a farpa, temos uma inscrição para cima;
• encara a cauda do vetor, temos uma inscrição negativa.
Planos e derivações
• Anterior DI, DII, DIII
Frontal Periférica
• Posterior AVR, AVL, AVF

• Superior V1, V2, V3, V4, Precordiais


Horizontal
• Inferior V5, V6
Frontal /
Periférica
- +
DI Plano Frontal-
- - DI, DII, DIII
•Bipolares (+ e -);
•Triângulo de Eithoven.

DII DIII

+ +
aVR aVL
+- +- Plano Frontal-
AVR, AVL, AVF
•Unipolares:
- •Afasta: negativa
•Aproxima: positiva

aVF +-
Plano Frontal:
DI, DII, DIII,
AVR, AVL, AVF
Precordias
• 4º espaço intercostal, na margem direita do esterno.
V1:

• 4º espaço intercostal, na margem esquerda do esterno.


V2:

• entre V2 e V4.
V3:

• 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular.


V4:

• 5º espaço intercostal, na linha axilar anterior.


V5:

• 5º espaço intercostal, na linha axilar média.


V6:
Plano Horizontal: V1, V2, V3, V4, V5, V6AR,
AVL, AVF

- +
+
+ + + +
Onda P
•Despolarização dos átrios esquerdo e direito
•Origem no nó sinusal, tem orientação entre –30° e +90°
•Positiva em D1, D2 e aVF
•Amplitude máxima de 2,5mm
•Duração < 110ms
Onda P
Intervalo PR (PRi)
•Período que engloba toda a ativação atrial até o início da ativação ventricular
•Formado pela própria onda P e o segmento PR
•Duração é de 120 a 200ms
Complexo QRS
•Despolarização ventricular
•Uma série de ondas definidas como:
1. Q: primeira deflexão negativa.
2. R: primeira deflexão positiva.
3. S: deflexão negativa após onda R.
Complexo QRS
•A localização espacial do vetor do complexo QRS
fornece o chamado eixo elétrico do coração
•Adulto, varia de –30° a +90 °.
•Há uma transição da morfologia rS, característica de
V1,
•Para o padrão qR, típico do V6, com o r aumentando
progressivamente de tamanho até o máximo em V5 e
o S progressivamente se reduzindo até V6.
•Os padrões intermediários de RS (zona de transição)
habitualmente ocorrem em V3 e V4.
Segmento ST
•Refletem a atividade durante a fase de platô do
potencial de ação: segmento ST
•Fases de repolarização ventricular: onda T
Resumindo
ECG

✓Determina a FC:
•Intervalos R-R;
•Papel milimetrado.
Anormalidades ECG
Sobrecargas Distúrbios de Isquemia
cardíacas: condução: miocárdica:
• atrial • Bloqueios de ramo • redução do
esquerda/direita esquerdo/direito suprimento de
• biatrial • Bloqueios sangue
• ventrículo divisionais • ondas T invertidas
esquerdo/direito nas em V1 e V2
• biventricular • elevação de ST em
aVR.
Ecocardiograma
•Utilização do ultrassom como meio diagnóstico em Cardiologia;
•Os transdutores ultrassônicos utilizados pelos ecocardiógrafos:
• cristal piezoelétrico: gerar e receber as ondas ultrassônicas.
•Corrente elétrica é aplicada ao cristal, ocorrem alternadamente compressão e
expansão desse cristal, o que produz a onda ultrassônica;
•Ultrassom : ondas acústicas com mais de 20.000 Hertz (ciclos por segundo),
portanto inaudíveis ao ouvido humano.
Objetivo: Gravar características • Forma
anatômicas e funcionais de áreas do • Tamanho
coração em diversos planos • Posição estruturas cardíacas
tomográficos.
Ecocardiograma
Determinar:
Ecocardiograma
•Efeito Doppler (Christian Johann
Presença;
Doppler, 1842): deslocamento da
fonte de som; Fluxo sanguíneo dentro
do coração e dos
•Princípio da alteração da
Velocidade; grandes vasos.
frequência da onda sonora,
quando esta atinge um alvo
móvel, como, por exemplo, as ➢ Informação única, de
hemácias. Característica; modo não invasivo,
sobre a hemodinâmica
cardiovascular, antes só
Tempo acessada por meio do
instantâneo;
cateterismo.
Ecocardiograma
Pulsado Contínuo Mapeamento de fluxo a cores

• Avaliar velocidades através • Medir velocidades muito • Excelente combinação de


de valvas e vasos normais e elevadas, essas velocidades imagem bidimensional
calcular a função cardíaca e são convertidas em • Permitir a distribuição
o fluxo. gradientes pressóricos; espacial das velocidades
• Medidas do débito cardíaco • Determinar gradientes gravadas e dispostas sobre
e volumes regurgitantes, a pressóricos de estenoses as estruturas subjacentes.
quantificação de shunts valvares e próteses • Cálculos precisos dos
intracardíacos e a avaliação • Avaliação da pressão volumes e orifícios
da função diastólica sistólica em artéria regurgitantes (p. ex.,
pulmonar por meio da insuficiência mitral).
regurgitação tricúspide
Mapeamento
Pulsado Contínuo
de fluxo a cores

Ecocardiograma
Ecocardiograma
➢Vias de acesso :
•Transtorácico (através da parede torácica)
•Transesofágico (através do esôfago)
Ecocardiograma
Indicações :
1. Estudo anatômico do coração:
• cavidades
• paredes e septos
• válvulas
• vasos
2. Estudo funcional do coração:
•fluxo sanguíneo
•contratilidade
Ecocardiograma
1. Função ventricular
•função ventricular esquerda é um dos pilares na estratificação prognóstica de qualquer
cardiopatia;
•função diastólica do VE, avaliação prognóstica das cardiopatias.
Ecocardiograma
2. Cardiomiopatias
•cavidades dilatadas;
•espessura das paredes:
• normal ou diminuída;
•funções sistólica e diastólica do VE
comprometidas.
•massa ventricular hipertrofia excêntrica.
•Associadas:
• Doença arterial coronariana (DAC);
• Cardiomiopatia chagásica.
Ecocardiograma
Hipertensão arterial;
Doença arterial coronariana;
Doença pericárdicas;
Valvopatias.
MAPA
•MAPA= Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial
•Método indireto de medida da PA
•Paciente recebe o equipamento acoplado a um monitor, qual é fixado a sua
cintura, efetuando as medidas e gravações programadas intermitentemente.
•Uso de 24 horas ou mais de gravações
•Informações:
• Período de vigília: min 16
• Período de sono: min 8
• Medida a cada 20-30 minutos
MAPA
Orientações:

Evitar atividade física 24 horas antes (se não praticante regular) e durante a
realização do exame;
Vestimentas, banhos;

Uso regular da medicação prescrita;

Preenchimento do diário;

Posicionamento do braço, o qual deve permanecer imóvel e estendido durante


as medidas.
MAPA
➢Indicações: •Sintomas de hipotensão
•Hipertensão limítrofe •Episódios de síncope
•Hipertensão episódica •Pesquisa clínica
•Hipertensão de consultório (avental •Suspeita de disfunção autonômica
branco)
•Avaliação do efeito anti-hipertensivo
(quando existem dúvidas do controle
em 24 horas)
MAPA
MAPA
MAPA
Holter
•Eletrocardiografia ambulatorial
•Radioeletrocardiógrafo captar o sinal eletrocardiográfico de um indivíduo por
telemetria e armazená-lo em um gravador.
•Registro contínuo
•Relacionadas:
• Isquemia miocárdica;
• Análise da regulação autonômica.
•Utilizadas três derivações, no tórax
•Duração padrão é de 24 h, observação por um ciclo circadiano completo.
• Até 7 dias.
Avaliação de sintomas que podem
estar relacionados com distúrbios
do ritmo.

Holter

Indicações
Avaliação de risco em pacientes
cardiopatas independentemente da
presença de sintomas.

Avaliação da terapia antiarrítmica.

Avaliação de pacientes portadores


de marca-passo e
cardiodesfibrilador implantável
(CDI).

Avaliação de isquemia miocárdica.


Cateterismo cardíaco
•Exame invasivo

Cinecoronariografia •Realização:
• Eletiva para confirmação da presença de obstruções
das artérias coronárias ou avaliação do funcionamento
das valvas e do músculo cardíaco;
Angiografia
coronariana • Emergência para determinação da exata localização da
obstrução que está causando o infarto agudo do
miocárdio (IAM) e planejamento da melhor estratégia
de intervenção.
Estudo
hemodinâmico
Cateterismo
➢Indicações:
•Estudo da anatomia e função das câmaras cardíacas
•Estudo da anatomia Coronariana
•Estudo da árvore arterial pulmonar
•Estudo da Aorta e seus ramos
•Estudo da circulação intra-cardíaca
•Tratamento de SCA – angioplastia
Cateterismo
➢Doença arterial coronariana (DAC):
oAngina estável
oSíndromes coronarianas agudas
oIAM com supradesnivelamento do segmento ST (supra-ST).
•Exame padrão-ouro
✓Avaliar o risco de morte e de futuros eventos cardiovasculares mediante a
caracterização da presença e extensão de DAC obstrutiva
✓Verificar a viabilidade para revascularização percutânea ou cirúrgica.
Vias de acesso:
1. Artéria Radial (punção)
2. Artéria Braquial (dissecção)
3. Artéria Femural (punção)
4. Veia Braquial (dissecção)
5. Veia Femural (punção)
VP: Ventricular Posterior CX: Circunflexa
DP: Descendente Posterior DA: Descendente Anterior

OAD (oblíqua anterior direita)


Cateterismo
Angiotomografia
•Método não invasivo e rápido (10 minutos)
•Produz imagens planares e tridimensionais, anatômico das estruturas cardíacas
e extracardíaca
•Diagnóstico e prognóstico do método na avaliação de pacientes com doença
coronariana
Angiotomografia
❑Orientações/condições:
•Frequência cardíaca baixa e estável, em torno de 60 bpm.
•Betabloqueador oral (metoprolol VO) e/ou endovenoso (atenolol EV).
•Abstêmio de bebidas cafeinadas.
•Apneia necessária, entre 10 e 12 segundos nos aparelhos.
•Injeção de contraste iodado.
Angiotomografia
Indicações:

Detecção de DAC em pacientes sintomáticos sem DAC conhecida/estratificação de


risco
IC de início recente sem DAC prévia com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (VE)
reduzida.
Avaliação coronariana pré-operatória de cirurgia cardíaca.

Teste ergométrico normal em paciente sintomático.

Pacientes revascularizados sintomáticos para avaliação de patência dos enxertos.


Cintilografia
•Exame realizado pela medicina nuclear: por emissão de pósitrons
•Equipamentos utilizados detectam a radiação emitida pelo paciente que
recebeu o traçador
•Avaliação funcional de um órgão ou doença específica
•95% do pacientes cardiopatas
Cintilografia
traçador é administrado
Repouso em repouso

esforço físico (teste


Duas etapas
ergométrico)

teste farmacológico:
Estresse dipiridamol ou
dobutamina

combinado (dipiridamol
associado a esforço físico).
Cintilografia
❑Estresse:
1. Testes indutores de isquemia promovem, por diferentes vias:
•vasodilatação coronariana
2. Artérias com obstrução significativa, que estão dilatadas já em repouso:
•não conseguem efetuar uma vasodilatação tão efetiva quanto as artérias
normais
Cintilografia
❑Estresse:
3. Oferta sanguínea e a disponibilidade do traçador nas paredes miocárdicas
irrigadas por uma coronária com obstrução significativa estarão
relativamente diminuídas em comparação com as paredes irrigadas por vasos
normais
•Haverá menor captação do traçador com diferenças perfusionais identificadas
nas imagens cintilográficas.
Cintilografia
Indicações:
1. Diagnóstico de DAC em pacientes
sintomáticos;
2. Avaliação do risco;
3. Avaliação pré-operatória de cirurgia não
cardíaca em pacientes sem doença cardíaca
descompensada;
4. Avaliação de risco ou diagnóstico após
revascularização (cirúrgica ou percutânea);
5. Avaliação de viabilidade miocárdica em
pacientes com grave disfunção de VE
constatada.
Cintilografia
EXAMES LABORATORIAIS
• Hemograma
• Dosagem enzimas cardíacas:
• CK-MB,
• troponina,
• mioglobina,
• peptídeo natriurético atrial.

• Perfil lipídico e glicêmico


• Função renal:
• Uréia
• Creatinina
EXAMES LABORATORIAIS
• Tempo de ativação da protrombina – coagulação do sangue
• Marcadores pró-inflamatórios:
• proteína C Reativa;
• TNF-alfa;
• IL-1; IL-6, IL-8.

• Sorologia – Doença de Chagas


• Dosagem de hormônios
Caso clínico:
Paciente L.A.P., mulher, 58 anos, procura serviço de emergência por
queixa de angina em repouso
Troponina positiva: 0,128 – 0,131 – 0,055

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)


Inversão da onda T
QT prolongado
Cateterismo:
Obstrução multiarterial (A. coronária direita e esquerda)
1. Oclusão crônica A. coronária direita
2. Estenose A. descendente anterior (A. coronária esquerda)
3. Estenose A. Circunflexa (A. coronária esquerda)
4. Hipocinesia antero-apical
Ecocardiograma:
➢Fração de ejeção: 58%
➢Hipertrofia concêntrica de Ventrículo esquerdo;
➢Disfunção diastólica de Ventrículo esquerdo;
➢Hipertensão pulmonar discreta (Pressão artéria pulmonar 10mmHg)
Ultrassom:
Direito Esquerdo

• Carótida comum: • Carótida comum: normal


aterosclerose, estenose 70% • Carótida interna: aterosclerose,
• Carótida interna: aterosclerose, estenose 50- 69%
estenose 70% • Carótida externa: normal
• Carótida externa: • Vertebral: normal
aterosclerose, estenose 70%
• Vertebral: normal
Caso clínico:
➢Indicação de CRV;
➢Depressão e distúrbios psiquiátricos graves, maior chance de não
adesão ao tratamento;
➢Optam por tratamento conservador, angioplastia DA.
Conclusões:
√Existem vários exames que avaliam o ritmo, a função, as
estruturas do sistema cardiovascular;
√Eles são complementares e auxiliam no diagnóstico,
prognóstico e tratamento das doenças cardiovasculares;
√Fisioterapia: complementar ao diagnóstico funcional;
√Dar segurança para realização das condutas terapêuticas.
Referências bibliográficas
1. RODRIGUES, Geanderson dos S.; MAGALHÃES, Lucimara F.; BORBA, Ricardo M.; et al. Fisioterapia
Cardiovascular. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2021. E-book. ISBN 9786556902579.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556902579/. Acesso em:
10 out. 2022.
2. FALCÃO, Creso A.; II, Jeronimo M. Cardiologia - Diagnóstico e Tratamento. [Digite o Local da
Editora]: MedBook Editora, 2017. E-book. ISBN 9786557830482. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786557830482/. Acesso em: 10 out. 2022.
3. Ponikowski P. et al. 2016 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic
heart failure: The Task Force for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure of
the European Society of Cardiology (ESC)Developed with the special contribution of the Heart
Failure Association (HFA) of the ESC. Eur Heart J. 2016 Jul 14;37(27):2129-2200. doi:
10.1093/eurheartj/ehw128. Epub 2016 May 20. Erratum in: Eur Heart J. 2016 Dec 30;: PMID:
27206819.
Muito obrigada!!!

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