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ÓPTICA DO BEHAVIORISMO PARA

O ENSINO-APRENDIZAGEM

Discentes:
REINEHR, Edson.
CORREIA, Luciano da Silva.
ANDREATTA, Luiz Ozéias Sepanhaki.
LIMA, Oziel de.
SOUZA, Thomas Morais de.

Docente:
NOBRE, Wyclif Porfírio.

Faculdade Fan – Goiânia/GO


CASA DE CUSTÓDIA DE CURITIBA/PR

RESUMO: As diferentes abordagens sobre aprendizagem, segundo o behaviorismo,


podem ajudar a entender melhor como o indivíduo aprende com base no estímulo
incondicionado e condicionado e, se os mesmos aprendem sendo motivados ou
estimulados. Nessa perspectiva, realizava-se a análise experimental do comportamento
humano, que trabalha com os conceitos de condicionamento clássico: estímulo
condicionado e estímulo incondicionado, assim como a sua relevância para educação e
aprendizagem. Também sabemos que, na pedagogia, qualquer nova abordagem teve por
trás, em sua história, muitos estudiosos que se dedicaram às investigações prévias que
acabaram culminando na abordagem teórica posterior. Este trabalho apresentará as
contribuições do Behaviorismo para a Educação, que apresenta como principais
expoentes Watson e Skinner.
Palavras-chave: Condicionamento clássico; Estímulo condicionado; Estímulo incondicionado;
Aprendizagem; Motivação; Incentivo.

1. INTRODUÇÃO:

O behaviorismo tem o surgimento no início do século XX, nos Estados Unido pelo
teórico John Watson como uma reação ao mentalismo, que estava vigente naquela época
na Europa (MAIA, 2017). O mentalismo basicamente se ocupava em estudar o que as
pessoas pensavam e sentiam. Para o behaviorismo, a psicologia devia se ocupar em
estudar o comportamento e não a consciência; estímulo-resposta e não de imagens e
ideias.
O objeto de estudo do Behaviorismo foi o comportamento. Os behavioristas
negavam qualquer evento mental, porque, para eles, só poderia ser objeto de estudo o
que fosse observável, mensurável e possível de ser controlado, mas sabe-se que os
eventos mentais fogem a todas essas regras. Segundo Skinner, o comportamento era
aprendido em virtude das consequências que ele provocava, ou seja, o sujeito agiria
sobre o ambiente, e o efeito dessa ação provocaria determinado comportamento.
Este trabalho, mostrará uma óptica do behaviorismo no ensino-aprendizagem, qual
era a visão dos behavioristas clássicos, e quais eram suas diferenças em relação aos
seus pensamentos do que era comportamento. Mostrará, também, algumas das leis que
eles usaram para criar essa vertente do behaviorismo. O objetivo deste trabalho é que
todos compreendam o conceito de behaviorismo de uma forma mais fácil.

2. METODOLOGIA
Para a realização deste artigo, onde será abordado o assunto sobre as teorias
behavioristas que contribuíram para o ensino-aprendizagem na educação, baseado em
John Watson, Edward Thorndike e Frederick Skinner, foram realizadas leituras de artigos
científicos de autores como Alisson Siqueira, Claudio Cavalcanti, Fernanda Ostermann,
Marco Moreira, Nelson Piletti e Solange Rossato, que foram disponibilizados pela
plataforma FANDUCA, e leitura de livros pesquisados na Biblioteca Virtual da Faculdade
Fan e na Biblioteca Virtual Pearson, onde retiramos dados através de pesquisa
bibliográfica exploratória com o auxílio e orientação do docente através das aulas ao vivo.
Sendo que, o método de abordagem foi de pesquisa bibliográfica qualitativa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES:

3.1 CONDICIONAMENTO CLÁSSICO OU RESPONDENTE:


A primeira grande compreensão de comportamento se dá pelas descobertas e
experiência de Ivan Pavlov. Essa descoberta foi possível pelo fato de Pavlov ser
fisiologista e, em um de seus experimentos, ter observado a salivação de um cachorro
diante da exposição de um pedaço de carne. Com isso, Pavlov, descobriu que há uma
conexão entre estímulos ambientais neutros e atividades fisiológicas. Dessa forma ele
conseguiu explicar vários comportamentos por intermédio das leis de generalização,
discriminação, inibição e extinção, que SIQUEIRA (2020) define da seguinte maneira:

LEIS SEGUNDO O
CONDICIONAMENTO
CLÁSSICO
• É um comportamento que é
GENERALIZAÇÃO aprendido ao ser executado em um
outro ambiente parecido com o que
ocorreu pela primeira vez;
• Comportamento diferenciado de
DISCRIMINAÇÃO outros, que não vem a ocorrer por
um estímulo diferente;
• Sujeito que diante de um estímulo
INIBIÇÃO eliciado (o que provoca uma
resposta automática), não manifesta
um comportamento;
• Quando um comportamento não se
EXTINÇÃO manifesta ou não tem estímulo,
tende a extinguir.

Assim, a teoria comportamentalista tem como objetivo estudar o comportamento


observável como consequência de necessidades e impulso específicos (o ser humano é
compreendido como um organismo governado por estímulos), isso quer dizer que ele
sofre a ação do ambiente.
Essa teoria surgiu para apresentar para a psicologia como uma ciência
demonstrável, ou seja, que o comportamento era algo passivo de observação e com isso
poderia ser avaliado.
CAVALCANTI e OSTERMANN (2011) ainda explicam o que é estímulo
incondicionado e estímulo condicionado da seguinte maneira:

3.1.1 ESTÍMULO INCONDICIONADO


• Evento que provoca uma resposta automática, reflexo;
• Não necessita de nenhum estímulo neutro para que o evento aconteça;
3.1.2 ESTÍMULO CONDICIONADO
• Estímulo inicialmente neutro, que passa a eliciar uma resposta reflexa a partir de
uma sucessão bem-sucedida de pareamentos;
• Um estímulo neutro, depois de ser emparelhado um número suficiente de vezes
com um estímulo incondicionado, passa a eliciar a mesma resposta que esse,
podendo substituí-lo.

3.2 BEHAVIORISMO METODOLÓGICO E BEHAVIORISMO RADICAL


Em 1913, John Watson começa a usar o termo behaviorismo pela primeira vez com
a publicação do seu artigo “Psicologia: como os behavioristas a veem”. Neste artigo,
Watson, declarava que o foco da psicologia deveria ser o comportamento concreto do ser
humano, visando à sua previsão e controle. Essa “ciência do comportamento” veio a ser
chamada de análise comportamental. Desta forma, Watson cria uma vertente chamada de
behaviorismo metodológico.
O behaviorismo metodológico (PRIMO, 2009) foi o ponto de partida que Watson
deu para começar a estudar o comportamento reflexo, que são aqueles comportamentos
que não tem como controlar/segurar (salivação, bocejo, espirro). O processo que Watson
utilizou foi o condicionamento reflexo ou estímulo-resposta.
Nesta teoria, há uma indicação de que o comportamento humano é previsível e que
tem um caráter empirista. Watson dizia que todo ser humano aprendia tudo a partir do seu
ambiente (o homem estaria à mercê do meio). Falava também que o homem nascia vazio
no que se referia a qualquer informação, porque não possuía nenhuma herança biológica
ao nascer.
Ao contrário ao behaviorismo metodológico, a vertente do behaviorismo radical,
criada por Skinner, não pressupõe que o ser humano nasça vazio, desprovido de qualquer
dote fisiológico e genético e ele não se recusa a estudar o pensamento e nem as
emoções. Contudo, Skinner considera que pensamentos e emoções são comportamentos
(e os estudou desta forma) e, não como processos mentais. Assim, Skinner, desenvolveu
um processo chamando de condicionamento operante. Nada mais é, que quando um
comportamento desencadeia uma consequência e, está, sendo reforçadora, o mesmo
comportamento tende a se repetir (MOREIRA, 1999). Sua teoria resulta na convicção de
que os comportamentos podem ser controlados.
Essa diferença de pensamento é o que separa bastante Skinner e Watson.

3.3 INFLUÊNCIA DO BEHAVIORISMO NO ENSINO/APRENDIZAGEM


O behaviorismo é a condição de tentar explicar algo sem que ele possa ser
observado. Desta forma, compreende a motivação como sendo produzida pela
concentração da atenção e na estimulação do interesse do sujeito diante do ambiente e
enfatiza a aplicação das técnicas com eficácia. Ou seja, não considera variantes internas,
mas sim, como uma ação tecnológica usando programas de reforços, instruções
programadas, fichas de aula, máquinas de ensinar. Tudo isso são instrumentos de
aprendizagem que promovem um condicionamento de respostas operantes.

Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio mundo
especificado para fazê-los escrever e, garanto, qualquer um que eu pegue ao
acaso posso treiná-lo para se transformar em qualquer tipo de especialista que eu
poderia escolher – médico, advogado, artista, comerciante-chefe e, sim, até
mesmo mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações,
tendências, habilidades, vocações e raça dos seus antepassados (WATSON,
1930).

A partir de agora, o trabalho encaminhará o assunto para o entendimento de


ensino/aprendizagem dos principais precursores do behaviorismo: Watson, Thorndike e
Skinner.

3.3.1 John Watson


Para Watson, a aprendizagem se dava como o condicionamento clássico de
Pavlov: o estímulo neutro, quando emparelhado um número suficiente de vezes com um
estímulo incondicionado, passa a provocar uma mesma resposta, automática (dando um
estímulo tem-se uma resposta),do último, substituindo-o (CAVALCANTI e OSTERMANN,
2011). “Quer dizer, esse processo possibilita que cada resposta do repertório original de
reflexos, com o qual nascem os seres humanos, seja eliciada por uma grande variedade
de outros estímulos. É assim, segundo Watson, que se aprende a responder a novas
situações” (Hill, 1990).
Para ele, até as emoções humanas como, por exemplo, o medo, também poderia
ser explicada pelo processo de condicionamento.
CAVALCANTI e OSTERMANN (2011) mostram como Watson explica tais
processos de aprendizagem através de dois princípios:
Principio da Frequência – nesta perspectiva, cabe ao professor promover o maior
número de vezes possível a associação de uma resposta (desejada) a um estímulo
para que o aprendiz adquira conhecimentos.
Principio da Recentidade – coloca que quanto mais recentemente associarmos
uma dada resposta a um dado estímulo, mais provavelmente os associaremos
outra vez. Assim, o professor deverá proporcionar ao estudante o vínculo mais
rápido possível entre a resposta que ele quer que o aluno aprenda e o estímulo a
ela relacionado.

3.3.2 Edward Thorndike


CAVALCANTI e OSTERMANN (2011, p. 20) trazem que para Thorndike, a Lei do
Efeito é uma concepção de aprendizagem na qual uma conexão é fortalecida quando
seguida de uma consequência satisfatória (é mais provável que a mesma resposta seja
dada outra vez ao mesmo estímulo) e, inversamente, se a conexão é seguida de um
“estado irritante”, ela é enfraquecida (é provável que a resposta não seja repetida).
Nessa perspectiva, o professor deverá proporcionar ao aprendiz um reforço
positivo (ex: um elogio), caso o aluno tenha dado uma resposta desejada, ou um reforço
negativo (ex: uma punição) quando o aprendiz apresenta uma resposta indesejada. Os
autores, (CAVALCANTI e OSTERMANN, 2011, p. 20), ainda citam duas leis do teórico
Thorndike: Lei do Exercício e Lei da Prontidão e mais cinco leis subordinadas a estas.
MOREIRA (2022/2023) conceitua essas leis da seguinte forma:

Lei do exercício: o fortalecimento das conexões se dá com a prática (lei do uso) e o


enfraquecimento ou esquecimento quando a prática sofre descontinuidade (lei do
desuso). “O fortalecimento é definido como aumento da probabilidade de ocorrência da
resposta quando a situação se repetir” (HILGARD, 1973, p. 24).
Lei da prontidão: quando uma tendência para a ação (“unidade de condução”) é
despertada por ajustamentos preparatórios, por sets, atitudes ou algo semelhante, a
concretização da tendência em ação é satisfatória e sua não concretização é irritante.
Prontidão significa, assim, preparação para a ação (op. cit., p. 23).

AS CINCO LEIS SUBORDINADAS:


• Lei das Resposta Múltiplas;
• Lei da Atitude ou “Set”
• Lei da Preponderância de Elementos;
• Lei da Resposta por Analogias;
• Lei da Mudança Associativa.
A Lei de Exercícios e a da Prontidão (CAVALCANTI e OSTERMANN, 2011), como
implicação para o ensino-aprendizagem, colocam que:

é preciso prática (lei do uso) para que haja o fortalecimento das conexões; e o
enfraquecimento ou esquecimento ocorre quando a prática sofre interrupção (lei do
desuso). Cabe ao professor, portanto, propor aos alunos a prática da resposta
desejada através de muito exercícios que fortalecem as conexões a serem
aprendidas e, ao mesmo tempo, descontinuar a prática de conexões indesejáveis.
É preciso praticar para melhorar o desempenho;
é preciso que haja prontidão (ajustamentos preparatórios, “set”, atitudes) para que
a concretização de uma ação seja satisfatória. Assim, se o professor demonstrar ao
aluno que sua resposta é culturalmente aceita (se for o caso), mais predisposto ele
estará para responder de uma certa maneira.

3.3.3 Burrhus Frederic Skinner


CAVALCANTI e OSTERMANN (2011) relatam que na concepção skinneriana, a
aprendizagem está relacionada a uma questão de modificação do desempenho: o bom
ensino depende de organizar eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que
o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de como entrou. O objetivo do
behaviorismo skinneriano é o estudo científico do comportamento, ou seja, tem como foco
descobrir as leis naturais que regem as reações do organismo que aprende, a fim de
aumentar o controle das variáveis que o afetam.
“Ele (Skinner) não está preocupado com processos, construtos
intermediários, mas sim com o controle do comportamento observável por meio
das respostas do indivíduo. Isso não significa negar que esses processos existam,
mas que ele acredita serem eles neurológicos em sua natureza e que obedecem
às certas leis. Desde que são previsíveis e obedecem à leis que podem ser
identificadas, esses processos intermediários geram e mantêm relações funcionais
entre as variáveis que o compõem, quais sejam, variáveis de “estímulos” e
variáveis de “respostas”.” (Oliveira, 1973, p. 49)

CAVALCANTI e OSTERMANN (2011) mostram os componentes que decorrem da


aplicação do comportamento operante, que segundo Skinner é uma resposta a estímulos
externos.
3.3.4 COMPONENTES DA APRENDIZAGEM:
Motivação;
Retenção;
Transferência.

O condicionamento operante é o processo de modelar e manter por suas


consequências um (determinado) comportamento particular. Por conseguinte, leva
em conta não somente o que se apresenta antes que haja uma resposta como
também o que acontece após a mesma […] quando um dado comportamento é
seguido por uma dada consequência, apresenta maior probabilidade de repetir-se.
Denominamos reforço à consequência que produz tal efeito. (Skinner, citado por
Fadiman; Frager, 1986, p. 195)

O professor deve, primeiramente, modelar respostas apropriadas aos objetivos


instrucionais, porque os métodos de ensino consistem nos procedimentos e técnicas
necessários que asseguram a transmissão/recepção de informações e, acima de tudo,
conseguir o comportamento adequado pelo controle do ensino.
As etapas básicas de um processo de ensino-aprendizagem na perspectiva
skinneriana (CAVALCANTI e OSTERMANN, 2011), são:
• Estabelecimento de comportamentos terminais, através de objetivos instrucionais;
• Análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequencialmente os passos
da instrução;
• Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas corretas
correspondentes aos objetivos.

4. CONSIDERAÇÃO FINAL:
Em resumo, neste artigo foi apresentado algumas teorias de aprendizagem tendo
como base o Behaviorismo em duas vertentes, o metodológico de John B. Watson (1878-
1958) que é empirista e determinista e considerava que todo o ser humano aprendia tudo
a partir do seu ambiente baseada em estímulo-resposta (E-R) e o radical de Burrhus
Frederic Skinner (1904-1990) que defendia os chamados fenômenos da privacidade
(processos mentais), que são de natureza física, material e, portanto, mensuráveis.
Apresentamos também o conceito de reforço de Thorndike assim como o fenômeno de
reflexo condicionado de Pavlov.
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos
na estrutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que
ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar
as entradas de conhecimento e organizar bem os métodos de aprendizagem. Além disso,
as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o
aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas,
outros serão também relembrados.
Observa-se que cada teoria constrói caminhos para explicar os processos de
desenvolvimento e aprendizagem, que dependem de aspectos diferentes que influenciam
a aprendizagem (autoestima, autoconceito, motivação, estímulos, autoeficácia e
habilidades sociais). Profissionais da educação têm portanto como uma de suas mais
importantes missões, promover no aluno a reflexão sobre as motivações que contribuem
para o seu pleno desenvolvimento cognitivo, assim como estimular sua aprendizagem
através de práticas que contribuam com o seu desempenho em aprender.

5. REFERÊNCIAS

OSTERMANN, Fernanda; CAVALCANTI, Cláudio José de Holanda. Teorias de


Aprendizagem. Porto Alegre: Evangraf; UFRGS, 2011.

SIQUEIRA, Alisson Rogério Caetano de. Dificuldades e transtornos de aprendizagem.


Curitiba: Contentus, 2020.

MOREIRA, Marco Antonio. Teorias da aprendizagem. Rio de Janeiro: GEN/LTC,


2022/20223.
PILETTI, Nelson; ROSSATO, Solange Marques. Psicologia da aprendizagem: da teoria
do condicionamento ao construtivismo. São Paulo: Contexto, 2012.

MAIA, Christiane Martinatti. Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem.


Curitiba: InterSaberes, 2017.

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