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Módulo:
JORNADA DE TRABALHO
O que são esses limites das empresas? Significa que o repouso semanal
remunerado deve ser adaptado às empresas que funcionam aos domingos, como
Por fim, a lei ainda é aplicável para os autônomos que trabalhem na forma do
art. 3º, que são os trabalhadores portuários sem vínculo de emprego com o porto:
Art. 3º O regime desta lei será extensivo àqueles que, sob forma
autônoma, trabalhem agrupados, por intermédio de Sindicato, Caixa
Portuária, ou entidade congênere. A remuneração do repouso
obrigatório, nesse caso, consistirá no acréscimo de um 1/6 (um sexto)
calculado sobre os salários efetivamente percebidos pelo trabalhador
e paga juntamente com os mesmos.
A alínea b citada pelo art. 6º, §1º, da Lei 605/1949, trata daquela autorização
que o próprio empregador concede ao empregado para faltar algum dia, para chegar
atrasado ou para sair mais cedo. No caso da alínea c, o próprio empregador resolveu
que, em determinado dia, não haveria trabalho em seu estabelecimento, seja
simplesmente porque não quer abrir naquele dia, seja porque é um feriado que não
tem previsão legal.
O valor da remuneração do repouso semanal remunerado está regulado pelo
art. 7º da Lei 605/1949:
Art. 7º A remuneração do repouso semanal corresponderá:
a) para os que trabalham por dia, semana, quinzena ou mês, à de um
dia de serviço, computadas as horas extraordinárias habitualmente
prestadas;
b) para os que trabalham por hora, à sua jornada norma de trabalho,
computadas as horas extraordinárias habitualmente prestadas;
c) para os que trabalham por tarefa ou peça, o equivalente ao salário
correspondente às tarefas ou peças feitas durante a semana, no
FÉRIAS
Todo empregado que tira férias recebe uma quantia financeira maior que os
outros meses, até porque é nas férias que ele pode consumir mais. Assim, está
previsto neste dispositivo o chamado “terço constitucional de férias”.
O instituto das férias é caracterizado como hipótese de interrupção do
contrato de trabalho. Significa que o empregado não presta serviço, mas recebe
naquele mês como se estivesse trabalhando. Portanto, embora descanse, ele
receberá salário do empregador, desta vez com um terço a mais, conforme dispositivo
constitucional acima.
As férias começam com 30 dias de descanso. Porém, nem todos os
empregados terão exatamente este período concedido. O número de dias de férias
leva em consideração o número de faltas injustificadas que o trabalhador tiver
cometido, ou seja, pode ser que tenha direito a menos dias de férias a depender da
quantidade de faltas cometidas. Para isso, deve ser observada a proporção do art.
130 da CLT:
Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do
contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte
proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço
mais de 5 (cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis)
a 14 (quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a
23 (vinte e três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro)
a 32 (trinta e duas) faltas.
§ 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas do
empregado ao serviço.
§ 2º - O período das férias será computado, para todos os efeitos,
como tempo de serviço.
Já se sabe que, caso o empregado cometa faltas ao serviço, ele pode ter
diminuído o número de dias de férias. Nesse caso, não é qualquer falta que gera essa
diminuição. O art. 131 da CLT faz uma listagem das faltas que não contam para essa
consequência jurídica:
Art. 131 - Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do
artigo anterior, a ausência do empregado:
I - nos casos referidos no art. 473;
Il - durante o licenciamento compulsório da empregada por motivo de
maternidade ou aborto, observados os requisitos para percepção do
salário-maternidade custeado pela Previdência Social;
III - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, excetuada a hipótese do
inciso IV do art. 133;
IV - justificada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver
determinado o desconto do correspondente salário;
V - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito
administrativo ou de prisão preventiva, quando for impronunciado ou
absolvido; e
VI - nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do
inciso III do art. 133.
Quando ocorrer qualquer uma das hipóteses deste art. 133, CLT, o
empregado perderá o período aquisitivo em que ela se der. Ato contínuo, assim que
ele retornar ao serviço, será iniciado um novo período aquisitivo do zero, conforme o
§2º acima.
Uma vez iniciado o período concessivo, o empregado não tem direito de
escolher quando vai tirar férias. É uma prerrogativa do empregador, conforme caput
dos arts. 134 e 136 da CLT:
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em
um só período, nos 12 (doze) meses subseqüentes à data em que o
empregado tiver adquirido o direito.
[...]
Art. 136 - A época da concessão das férias será a que melhor consulte
os interesses do empregador.
Veja-se que a redação diz “concedidas por ato do empregador”. Portanto, não
é direito do empregado escolher a data das férias. Na verdade, como é o empregador
quem dirige a prestação dos serviços, o ordenamento brasileiro concedeu a ele o
direito de escolher o período de férias que mais lhe convier. Assim, ele poderá realizar
as adequações na produção da empresa organizando os quadros de férias que seus
empregados vão tirar.
Trata-se de uma medida legislativa que foi feita para evitar que o empregado
já começasse suas férias próximo a dias em que ele já teria direito a descanso
remunerado. Nesse caso, o legislador decidiu proteger o empregado contra esse tipo
de concessão pela empresa.
Seguindo a análise dos dispositivos celetistas sobre as férias, o que acontece
se elas forem concedidas depois do respectivo período concessivo? Segundo o art.
137 da CLT, serão pagas em dobro:
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de
que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva
remuneração.
§ 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha
concedido as férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo
a fixação, por sentença, da época de gozo das mesmas.
§ 2º - A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do
salário mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida.
§ 3º - Cópia da decisão judicial transitada em julgado será remetida ao
órgão local do Ministério do Trabalho, para fins de aplicação da multa
de caráter administrativo.
O empregador tem até 02 dias antes do início das férias para realizar o
pagamento. Afinal, não adianta o empregado entrar de férias sem dinheiro. O mês
deste descanso anual precisa ser pago com antecedência.
Lidando com este problema, o TST aplicou analogicamente o art. 137 da CLT.
Segundo este artigo, as férias são pagas em dobro quando sua concessão é feita com
atraso, isto é, após o período concessivo. Assim, o TST passou a entender que o
mesmo acontece quando as férias são concedidas, mas com pagamento em atraso.
Nessa situação, foi editada a súmula 450:
Súmula nº 450 do TST
FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA. PAGAMENTO FORA DO
PRAZO. DOBRA DEVIDA. ARTS. 137 E 145 DA CLT. (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 386 da SBDI-1) – Res. 194/2014, DEJT
divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o
terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que
gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo
previsto no art. 145 do mesmo diploma legal.
Diante desta decisão, o TST deverá cancelar sua súmula e passar a aplicar o
entendimento firmado pelo STF.
Leitura Complementar
COUTO, Karen. STF derruba súmula do TST com punição para atraso
no pagamento de férias. Consultor Jurídico. 2022. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2022-ago-09/stf-derruba-sumula-tst-
atraso-pagamento-ferias. Acesso em: 12 ago. 2022.
Legislação
CF/88, Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
[...]
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;
Jurisprudência