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AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS PIAGETIANOS E

PSICOPEDAGOGIA

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Sumário
AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS PIAGETIANOS E

PSICOPEDAGOGIA ........................................................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 4

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4

2.A PSICOLOGIA DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET ..................................... 14

2.1 INFLUÊNCIAS DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO ................................... 18


2.2 CONTRIBUIÇÕES DAS IDEIAS DE PIAGET PARA A EDUCAÇÃO
CONTEMPORÂNEA ........................................................................................ 19
3. PRESSUPOSTOS DA TEORIA PIAGETIANA ............................................. 23

3.1 COMPREENSÕES DO CONSTRUTIVISMO ACERCA DO


CONTEXTO ESCOLAR ................................................................................... 26
4. AS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE JEAN PIAGET PARA A

APRENDIZAGEM............................................................................................. 30

5. REFLEXÕES DE PIAGET SOBRE ALGUNS RAMOS DE ENSINO ............ 32

6. A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR .. 36

QUAL É O OBJETIVO DA PSICOPEDAGOGIA? ............................................ 36


A APRENDIZAGEM NA ESCOLA .................................................................... 37
A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR ...... 38
COMO O PSICOPEDAGOGO ATUA NO CONTEXTO ESCOLAR .................... 39
COMO O ATENDIMENTO CLÍNICO AJUDA OS PACIENTES NO CONTEXTO
ESCOLAR ..................................................................................................................... 40
7. O EDUCADOR E O EDUCANDO: A PRÁTICA DOCENTE SOBRE O OLHAR

PSICOPEDAGÓGICO ...................................................................................... 40

7.1 O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL: O SEU PAPEL NO


PLANEJAMENTO ESCOLAR .......................................................................... 42

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8. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 46

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-


sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

1. INTRODUÇÃO

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Será retomado as obras pedagógicas de Jean Piaget com o objetivo de
extrair as contribuições que podem ser aplicadas à prática pedagógica do/a pro-
fessor/a. É importante ressaltar que a prática de sala de aula não é uma ação
desvinculada do contexto maior em que o/a professor/a está inserido/a, porque
a sua prática é a construção histórica de sua condição de ser professor/a. A partir
da abordagem piagetiana, pode-se caracterizar os procedimentos didáticos de-
senvolvidos em sala de aula como sendo de dois tipos: aqueles que favorecem
a autonomia do aluno e aqueles que não favorecem essa autonomia. A partir
desta perspectiva, diferentes metodologias podem ser concebidas para um
mesmo fim, desde que levem em consideração as estruturas que o aluno dispõe
para que ocorra o processo de aprendizagem. Com base em Piaget, entende-se
que todas as discussões em torno dos procedimentos da educação mostram que
as realidades que constituem o processo educativo não são dadas a priori e nem
resultam dos dados exclusivamente colhidos do meio exterior, pois as mesmas
se desenvolvem nas relações interindividuais do aluno. Nesse sentido, as rea-
ções dos alunos estão diretamente ligadas às relações que os mesmos estabe-
lecem no espaço sociocultural em que vivem, decorrendo desta conexão o seu
processo formativo.

Na obra O juízo moral na criança (1994), Piaget aborda a formulação das


regras do jogo de bolinhas que são instituídas pelas crianças; mostra como a
necessidade de estabelecer regras comuns faz com que elas incorporem o res-
peito à lei. Essa brincadeira, tão comum na vida da criança, traz elementos ex-
tremamente significativos para as suas ações posteriores, pois aí estão presen-
tes dois grupos de fenômenos: as atividades e a consciência dessas atividades.
No estudo da construção dessas regras, observa-se em geral, que as mesmas
são transmitidas pelos adultos e a criança fica impedida de construir, ela mesma,
as regras. Isso leva Piaget a se interessar pelos jogos infantis, pois nestes as
regras são construídas pelas próprias crianças. A abordagem da construção das
regras pela criança mostra que a prática pedagógica deve ser no sentido de de-
senvolver atividades em que os alunos se sintam envolvidos na produção do
significado de suas ações e, conseqüentemente, o aprendizado se torne mais

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prazeroso e mais significativo. Isso exige repensar as formulações forjadas his-
toricamente sobre o papel do professor como transmissor de conteúdos ou faci-
litador do mesmo.

De acordo com Piaget, em seu processo de desenvolvimento, o indivíduo


percorre três tipos de regras:

a) a regra motora que nasce da inteligência pré-verbal e independente de


toda relação social;

b) a regra coercitiva que é consequência do respeito unilateral e

c) a regra racional que decorre do respeito mútuo.

Esses três tipos de regras se articulam no processo de relações pedagógi-


cas em sala de aula e pode tomar rumos que trarão contribuições ou não ao
aprendizado. Se as relações se derem de forma coercitiva em que o aluno não
participa, é passivo, por conseguinte, não há contribuições ao processo de co-
nhecimento e a aprendizagem será, no máximo, uma memorização que deve ser
repetida corretamente. Se, ao contrário, predominar o tipo racional em que pre-
valece o respeito mútuo, as relações entre o professor e o aluno são de busca e
desafio constante diante do conhecimento. Dessa forma, o conhecimento passa
a ser significativo e, ao mesmo tempo, possibilita o envolvimento do aluno com
o processo de sua construção. Destarte, um processo em que só o professor
sabe e o aluno nada sabe, faz com que as relações pedagógicas de sala de aula
sejam assimiladas a deveres, propriamente ditos.

Este procedimento faz com que o conhecimento se torne absoluto e sacra-


lizado e, dessa forma, impossibilita as discussões e debates em sala de aula,
pois predomina a palavra do/a professor/a como quem detém o saber e, nesse
sentido, os demais devem se calar. Portanto, o/a professor/a não pode ser ques-
tionado e assim o dever é essencialmente heterônimo e as exigências operacio-
nalizadas por meio da ação docente devem ser observadas ao pé da letra, acar-
retando uma concepção objetiva de responsabilidade. É necessário compreen-
der que o pensamento verbal da criança é uma tomada de consciência progres-
siva dos esquemas construídos pela ação. Por isso evolui, segundo a idade com

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uma certa regularidade. Todavia, a escola nem sempre acompanha este desen-
rolar natural da criança conduzindo o processo de aprendizagem de forma auto-
ritária, inibindo as iniciativas próprias da infância e, conseqüentemente, impe-
dindo o seu desenvolvimento intelectual. Isso traz conseqüências para a vida
acadêmica futura.

Deve ser feito, então, um trabalho de resgate da autonomia do aluno, en-


volvendo o mesmo em atividades que propiciem a descoberta e os desafios. Por
isso, o conhecimento não pode ser “depositado” na mente do aluno pelo/a pro-
fessor/a, mas deve ser construído na trama das ações e interações em que tanto
professor/a quanto alunos se sintam desafiados a desvendar a realidade. Piaget
argumenta com insistência que desde o momento em que a criança inicia sua
vida escolar, há uma relação imposta pelo/a professor/a; é uma relação em que
não há reciprocidade. Esta forma de convivência entre professor/a e aluno, às
vezes, se torna tensa, caracterizando a existência de ações conflitantes no inte-
rior da escola, o que requer um redimensionamento da prática educativa na pers-
pectiva de desenvolver a reciprocidade. É preciso ressaltar que somente a reci-
procidade possibilita a autonomia do indivíduo. Esta é possível quando o respeito
mútuo é bastante forte para que o aluno sinta interiormente a necessidade de
tratar os outros como gostaria de ser tratado. Isso leva à autonomia no processo
de aprendizagem, pois o/ a aluno/a não precisa aceitar o modelo de organização
do espaço de construção de conhecimento, se este não possibilitar o exercício
do questionamento, do debate, da busca, do desafio etc.

No espaço acadêmico, a aquisição das relações de responsabilidade, com-


promisso e respeito mútuo constituem o núcleo fundamental das relações huma-
nas. Existem dois tipos de respeito: o respeito unilateral, que se caracteriza por
uma relação de alguém que manda e outro que obedece, e o respeito mútuo que
se caracteriza por uma relação de cooperação. Somente este último conduz à
responsabilidade, pois o aluno, também participa e, ao fazer isso, constrói sua
autonomia. Assim, as normas podem ser melhor compreendidas e vivenciadas.
O respeito mútuo leva à cooperação em sala de aula que, por sua vez, conduz
à responsabilidade do aluno diante do trabalho desenvolvido na prática escolar.
Nesse sentido, Piaget ressalta “... que o fim da educação moral é constituir per-
sonalidades autônomas aptas à cooperação...” (1998a, p. 32).

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Esta oposição entre respeito unilateral e respeito mútuo não ajuda a escla-
recer os procedimentos metodológicos de sala de aula, por isso Piaget aproveita
as contribuições e os limites de cada um e aponta para os procedimentos ativos
da educação como sendo o melhor caminho para formar um ser autônomo e
livre. Para isto, é necessário falar de relações pedagógicas, partindo das intera-
ções que o aluno estabelece com a realidade e que vão construir seus esquemas
de ação. Dessa forma, Piaget destaca a escola ativa em que a vida do aluno
deve estar ligada a toda atividade escolar. Assim, o desenvolvimento moral é
decorrente tanto do respeito mútuo como do respeito unilateral e a cooperação
no trabalho escolar se caracteriza como o procedimento mais propício da edu-
cação escolar.

Este procedimento leva o aluno a compreender que não é único e que,


juntos, podem encontrar soluções para os problemas do dia-a-dia, tais como re-
solver um problema relacionado ao conteúdo, discutir problemas relacionados
às teorias epistemológicas, resolver um problema do cotidiano, etc. Com isso, o
método ativo não impõe pela autoridade aquilo que o aluno pode buscar por si
mesmo e, ainda mais, contribui para criar um espaço em que o aluno possa re-
alizar suas próprias experiências e discuti-las à luz dos conhecimentos que dis-
põe. Uma prática pedagógica baseada na autoridade torna o indivíduo cada vez
menos livre, pois as ações pedagógicas são realizadas por meio da coação por
parte do/a professor/a. As ações pedagógicas se manifestam nas avaliações
(provas), nas rotulações (não sabe, é burro, não estuda, é preguiçoso etc), nas
ameaças (cuidado com a prova, vai reprovar, nunca vai sair da escola, você vai
ver o que vai acontecer, etc) e, enfim, na prática pedagógica autoritária. O aluno
acaba recebendo o conhecimento simultaneamente prático, efetivo e ideológico
que as autoridades tanto políticas como educacionais detêm. Essas práticas fa-
zem com que o processo pedagógico torne o indivíduo cada vez menos livre com
o avanço da idade, trazendo conseqüências desastrosas para o mesmo.

Essas consequências se manifestam nas dificuldades do adulto de se ex-


pressar, expor aquilo que pensa, colocar no “papel” as suas elaborações intelec-
tuais, enfim, tem medo de encarar a realidade em que está inserido. Na prática
pedagógica, o aluno deve ser instigado sempre a buscar o conhecimento através
da pesquisa individual e coletiva, dos trabalhos em grupos, dos seminários, dos

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debates, das discussões enfim, de todos os procedimentos que possibilitem a
participação ativa do aluno. O/a professor/a não pode deixar o aluno caminhar
sozinho, senão o seu papel fica sem importância; pelo contrário, deve discutir
com o aluno, desafiando-o sempre a avançar em seu processo de conhecimento.
Por isso deve ser um profundo conhecedor da sua área de conhecimento. Para
realizar o seu trabalho, o professor/a pode lançar mão de todos os recursos dis-
poníveis, pois o valor dos recursos está nas atividades que desencadeiam, nas
atividades operatórias que propiciam.

É necessário ressaltar que se os recursos não possibilitarem a realização


de atividades que desafiem os alunos, permanecem apenas no verbalismo da
imagem mais refinada que a palavra e não ajudam em nada o processo de co-
nhecimento do aluno. Portanto, os recursos não podem dispensar o papel do/a
professor/a de provocar as atividades operatórias em salas de aula. Nesse sen-
tido, a escola deve ser vista como o espaço da liberdade, que leva o/a aluno/a
ao esforço de construir para si uma representação das coi sas e, ao mesmo
tempo, um projeto pessoal de vida. A esse respeito, o processo educativo não
pode dicotomizar a vida do aluno de sua educação intelectual, pois não se forma
o indivíduo apenas para a escola, mas para interagir com as várias dimensões
que compõem a vida em sociedade. Destacando a importância de que o docente
não seja dono da verdade, para que a inteligência do aluno não seja submetida
a sua autoridade, Piaget assim preleciona: “... a formação do espírito é uma só,
e se a inteligência do aluno for submetida à autoridade de um professor no ter-
reno dos conhecimentos, a consciência moral não conseguirá libertar-se a ponto
de construir uma regra de conduta adaptada aos problemas atuais” (1998a, p.
165).

A educação deve conduzir o aluno para construir, por conta própria, as so-
luções para os problemas enfrentados no dia-a-dia, pois somente a ação efetiva
pode construir o progresso da consciência e o amadurecimento pessoal para
enfrentar os desafios exigidos pela vida em sociedade. Nesse aspecto, merecem
destaque os métodos ativos para formar pessoas participantes que tragam o
progresso ao futuro da sociedade. Para alcançar esta meta, é necessário anali-
sar o que terá mais êxito: se a transmissão de verdades prontas e acabadas por
meio da repetição ou uma assimilação mais ativa. Nesse sentido, Piaget mostra

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que as funções essenciais da inteligência consistem em construir estruturas, es-
truturando o real. Esta estruturação do real não é repetição, é ação sobre o ob-
jeto para transformá-lo; é captar os mecanismos dessa transformação, possibili-
tando organizar o real em ato ou em pensamento e não, enquanto, cópia. O
trabalho pedagógico deve desenvolver na prática de sala de aula a vivência da
solidariedade, fazendo com que a criança descubra, desafiada pelo/a profes-
sor/a, as leis das relações sociais.

Piaget diz que num primeiro momento, a solidariedade é externa e a regra


deve ser obedecida e num segundo momento, a solidariedade se torna interna
e são as próprias crianças que elaboram as regras de convivência. Esses dois
tipos de solidariedade conduzem ou ao respeito unilateral ou ao respeito mútuo,
os quais têm implicações na prática pedagógica, estendendo-se ao mundo das
relações sociais mais amplas. O respeito unilateral conduz à obediência passiva,
cerceando o aluno do seu direito à liberdade, enquanto o respeito mútuo conduz
à cooperação. Esta é definida por Piaget como sendo

(...) o conjunto das interações entre indivíduos iguais (por oposição às


interações entre superiores e inferiores) e diferenciados (em contrapo-
sição ao conformismo compulsório). Sociologicamente, a cooperação
organizou-se em correlação com a divisão do trabalho social e com a
diferenciação psicológica dos indivíduos que dela resultou. A coopera-
ção supõe, então, a autonomia dos indivíduos, ou seja, a liberdade de
pensamento, a liberdade moral e a liberdade política (1998a, p. 153).

A solidariedade verdadeira só pode ser construída num espaço em que


exista a cooperação, possibilitando que cada um compreenda o outro. Por isso
é importante que, na de sala de aula, os alunos trabalhem juntos para que tomem
consciência da solidariedade intelectual dos indivíduos e, ao mesmo tempo, ela-
borem a sua própria. Isso, segundo Piaget, passa pelo processo de os alunos
colaborarem no seu próprio trabalho. Nesse sentido, é importante que quando a
criança inicia sua vida escolar, o ambiente seja desafiador propiciando-lhe a
construção das regras de convivência humana. Assim é possível desenvolver a
perspectiva de que a verdade nunca está pronta, é um esforço permanente de
todos os que têm um espírito aberto às novas possibilidades.

A cooperação deve ser vivida em todos os aspectos da vida escolar e extra-


escolar do aluno. Esta perspectiva constrói a autonomia a qual leva à liberdade;

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o indivíduo faz uma avaliação crítica do sentido da experiência e da necessidade
de coerência lógica, pressupondo o livre jogo das funções intelectuais. Esta li-
berdade decorre de um efetivo compromisso educacional, pois “toda pessoa tem
direito à educação”. Isso leva a reconhecer claramente o papel dos fatores soci-
ais na formação do indivíduo. Por isso, o direito à educação implica uma ambi-
ência social específica, pois a educação é condição formadora do próprio desen-
volvimento do indivíduo. Nesse sentido, Piaget afirma que o direito à educação
significa “... garantir para toda criança o pleno desenvolvimento de funções men-
tais e a aquisição dos conhecimentos, bem como dos valores morais que corres-
pondam ao exercício dessas funções, até a adaptação à vida social atual...”
(1984, p. 34).

O/a educador/a tem diante de si um grande desafio: construir um instru-


mental que possibilite ao aluno compreender e agir diante das circunstâncias em
que se encontra inserido e, ao mesmo tempo, permitir-lhe relacionar os fatos
entre si. Para que isso aconteça são necessárias algumas condições:

1) é preciso sair do egocentrismo intelectual e moral, em que nos faz ser o


centro do mundo, em que se entende que todo o processo de conhecimento
gira em torno do próprio sujeito,

2) livrar-nos das coerções sociais que nos mantêm ligados às tradições, ao


passado e ao grupo social ao qual pertencemos para alargar os horizontes
e ampliar nossa visão de mundo, saindo do pequeno grupo que nos cerca,

3) promover a reciprocidade, compreendendo que o ponto de vista pessoal


não é o único possível, embora seja muito importante para que tanto o/a
professor/a como os alunos mostrem as suas concepções de conheci-
mento, de escola, de sociedade, de aprendizagem, de ser humano, de vida,
etc.

Caracterizando esta importância, Piaget afirma “...creio que cada um deve


manter sua perspectiva particular, pois ela é, em última instância, o único laço
que existe com o real.” (1998a, p. 103). Por isso é preciso abandonar o egocen-
trismo para construir outro instrumento: a lógica das relações, pois toda adapta-
ção do indivíduo ao espaço ou ao grupo implica a lógica das relações com os

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demais membros do grupo social. A cooperação ainda encontra muita resistên-
cia devido ao processo educativo que se mantém de forma tradicional, pois se
entende como natural coerção na escola. No entanto, os novos métodos insistem
que os alunos devem se relacionar, através das mais diversas atividades desen-
volvidas tanto no espaço escolar como extra-escolar. Nesse sentido, somente
uma pedagogia das relações sociais possibilita atitudes sadias e permitirá aos
alunos um avanço na compreensão da vida em sociedade, em suas mais diver-
sas circunstâncias. Por isso, somente uma educação que coloque em prática a
reciprocidade e a cooperação está em condições de transformar as crianças, os
adolescentes e os jovens desenvolvendo neles um espírito ativo, criativo e que
todos, na vida adulta, tomem decisões diante das exigências da vida, no sentido
de construir a sua autonomia e, conseqüentemente, a cidadania plena.

Este processo pedagógico deve ser feito por meio dos métodos ativos. Pi-
aget destaca dois:

1) o self-government que possibilita desenvolver a personalidade e o espí-


rito de solidariedade no aluno, levando-o à autonomia interior. Este proce-
dimento ensina os alunos a sairem do egocentrismo e a realizarem ações
conjuntas, submetendo-se às normas comuns. É necessário observar que
as crianças, até os 7-8 anos, não manifestam disposição para a coopera-
ção. A partir desta idade, há um início de cooperação, quando as regras
deixam de ser dispersas; há o começo do controle mútuo, que substitui a
obediência aos adultos. Somente a partir dos 11-12 anos é que a coopera-
ção se manifesta de forma mais precisa gerando uma obediência às regras
como conseqüência do respeito mútuo e que deve ser aceita pelo grupo.

2) O trabalho em grupo é muito importante para o desenvolvimento intelec-


tual, pois possibilita a organização cognitiva do indivíduo, o pensamento
objetivo e comunicável e, ao mesmo tempo, se descubra, aprendendo a
conhecer os outros e a desenvolver suas atividades numa perspectiva de
conjunto.

O processo acontece através da discussão, da troca de idéias, debates, da


cola boração no jogo e na realização da pesquisa acadêmica, etc. Este trabalho

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grupal fortalece as relações de cooperação, o que é muito significativo, pois esta
(a cooperação) é uma fonte de regras para o pensamento. A cooperação possi-
bilita exercitar o pensamento, fazendo com que o aluno elabore análises concei-
tuais que estejam de acordo consigo mesmo, ou seja, sendo honesto na organi-
zação e na conduta do pensamento. Por isso a cooperação é condição funda-
mental para a formação da própria capacidade de pensar. Os novos métodos
favorecem a adaptação, ou seja, o equilíbrio a partir das trocas entre o indivíduo
e os objetos, pois utilizam as tendências próprias da infância e a atividade es-
pontânea da criança em seu desenvolvimento mental. Essa adaptação é um
equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, pois o pensamento é adaptado
à realidade quando o indivíduo assimila a seus esquemas essa realidade. Por
isso

a adaptação supõe uma interação (...) entre o sujeito e o objeto, que o


primeiro possa incorporar a si o segundo levando em conta as suas
particularidades; a adaptação é tanto maior quanto forem melhor dife-
renciadas e mais complementares essa assimilação e essa acomoda-
ção. (PIAGET, 1998b, p. 157).

A forma de trabalho desenvolvido pela escola ativa mostra que o esforço


deve vir do próprio aluno e não pode ser imposto, pois o aluno é sujeito do pro-
cesso de busca do conhecimento e, por isso, deve ter uma atuação ativa, agir
sobre os conteúdos, as informações provenientes da experiência, a partir dos
esquemas de ações e operações que o próprio aluno dispõe. Esses esquemas
vão sendo construídos no processo próprio de suas atividades discentes, ou
seja, de atuação sobre o que está sendo “descoberto” no processo pedagógico
da sala de aula. Esta perspectiva mostra simplesmente que as leis da inteligên-
cia devem ser respeitadas. Estas leis indicam que antes da linguagem, há uma
inteligência prática na criança que já organiza no plano da ação, um universo
sólido e coerente. Esta inteligência prática precede a inteligência refletida.

Os métodos novos “... se inspiram todos mais ou menos na doutrina do


justo meio, dando lugar de um lado à maturação estrutural e de outro às influên-
cias da experiência e do meio social e físico ...” (Ibidem, p. 173). Aqui não se
pode negar que uma mudança na prática pedagógica exige a formação do/a
professor/a, pois os métodos ativos são mais difíceis de ser realizados, exigem
uma nova metodologia de trabalho que conduza à participação do aluno e, para

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isso, faz-se necessário um conhecimento profundo dos métodos ativos por parte
do/a professor/a. O/a professor/a não pode afirmar que trabalha com um deter-
minado método sem conhecê-lo o suficiente para avaliar os seus resultados. Isso
não se faz do “dia para a noite”, exige estudos e muito esforço por parte do/a
professor/a. O desconhecimento e o despreparo levam muitos docentes a con-
fundirem métodos ativos com métodos intuitivos, fazendo com que pensem que
a atividade do sujeito se reduz a ações concretas, quando, na realidade, o tra-
balho pedagógico deve levá-lo a uma reflexão interior e abstrata de suas próprias
ações. Outra confusão é entender que as atividades que incidem sobre objetos
concretos se reduzem a um processo figurativo, em que se forneça uma imagem
mental aos objetos em questão. Isso não contribui para o processo de conheci-
mento, pois este não é cópia em percepção ou imagens mentais dos objetos em
questão.

2. A PSICO-
LOGIA
DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET

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A epistemologia genética, criada pelo suíço Jean Piaget é a teoria do co-
nhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Criada enquanto
método clínico no campo da psicologia estuda o desenvolvimento comportamen-
tal da criança propiciado por cada fase do desenvolvimento biológico. De acordo
com Piaget a criança passa por quatro fases do desenvolvimento que vão desde
o nascimento até a adolescência. Com formação em biologia, Piaget concebeu
uma teoria na qual defende que a criança adquire novas capacidades de pensa-
mento de acordo com o que lhe é oferecido em cada fase do seu desenvolvi-
mento. Os níveis de desenvolvimento propostos por Piaget são: sensório motor,
intuitivo ou simbólico, operações concretas e operações formais ou lógico-formal
(MASTELLA et al., 2014). O nível sensório-motor se inicia ao nascimento, diz
respeito à fase da criança que, antes de a linguagem, já tem a capacidade de
reagir a estímulos e de obter assimilações pertinentes a este nível, no qual ainda
não diferencia ou seleciona os estímulos. É o nível da acomodação ou indiferen-
ciação.

O autor divide este nível em seis estádios. No estádio I as assimilações da


criança partem de uma assimilação funcional ou reprodutiva que se prolonga a
uma assimilação generalizadora para se organizar numa assimilação recognitiva
(de quando já conhece o objeto apresentado). Está relacionado aos reflexos do
recém-nascido, através dos quais este vai reconhecendo o ambiente e as pes-
soas. O estádio II é o que a criança possui hábitos, que repousam num esquema
sensório-motor do conjunto. O estádio III, que ocorre por volta dos quatro meses
da criança é onde se inicia a coordenação da visão com a preensão, na qual a
criança tenta pegar objetos que estão ao alcance da sua visão, é o estádio inicial
de formação identificável da inteligência. O estádio IV é onde a criança consegue
demonstrar a inteligência prática, na qual há uma finalidade nos movimentos. O
estádio V, por volta do 11º/12º mês de vida, adquire diferenciação dos meios
conhecidos. É quando, se não consegue o objetivo por um meio, é capaz de
testar outros, para que o alcance (PIAGET E BARBELINHELDER, 2009).

O segundo nível é o intuitivo ou simbólico. Nesta fase se dá o aparecimento


da função semiótica. É quando a criança começa a evocar simbolicamente um
objeto ausente. Esta fase começa por volta dos dois anos de idade, e é quando

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a criança tem a capacidade de representar através de gestos, desenhos ou lin-
guagem, objetos que estejam ausentes. Nesta fase ocorre também a imitação,
segundo Piaget, uma representação da imitação. A função semiótica proposta
pelo autor envolve os símbolos, que são motivados pela semelhança com o seu
significado, e os sinais que são arbitrários, recebidos pela criança pela imitação
e remodelados por ela à sua maneira (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009).
Esta fase dura até os sete anos de idade, aproximadamente, e é o período da
imaginação, do pensamento intuitivo, imaginário e também, do egocentrismo
(MASTELLA et al., 2014). O egocentrismo, apesar de Piaget rejeitar o termo,
seria a subjetividade centrada no “eu”, no qual a criança percebe o mundo a
partir de si mesma (Piaget, 2009). É uma forma de perceber o mundo quando
ainda não está formada a capacidade de abstração, quando a criança ainda con-
cebe tudo a partir do próprio ponto de vista. Difere-se este termo, portanto, do
egoísmo, pois o adulto já tem a capacidade de pensar socialmente.

O termo ”egocentrismo" é algumas vezes confundido com “egoísmo”,


que significa fazer alguma coisa para benefício próprio, mesmo sa-
bendo que esse ato não convém ou magoa outra pessoa. Egocen-
trismo é diferente de egoísmo na medida em que se refere à total ina-
bilidade de ver outro ponto de vista. As crianças de três a quatro anos
estão interessadas apenas no que “elas” fazem, e não lhes ocorrem
comparar sua performance com nenhuma outra (MESQUITA apud
MASTELLA et al., 2014).

Algumas possibilidades de aquisição desta fase são descritas por Piaget


(2009) como a linguagem, o desenho, as imagens mentais e as imagens-cópia,
além da própria imitação. Este período, também concebido como pré-operatório,
é quando a criança já tem a representação do mundo, mas com capacidade de
abstração limitada. O período das abstrações é o das operações concretas, que
acontece entre os sete e doze anos da criança. Nesta fase já está desapare-
cendo o egocentrismo e a criança já é capaz de utilizar o pensamento, de distin-
guir a fantasia da realidade e de compreender noções como conservação, dife-
renciar entre aparência e realidade (MASTELLA et al., 2014). Piaget denota que
as operações são passíveis de reversibilidade (inversões) ou reciprocidade, para
as quais a criança desta fase já usa dessas habilidades. As operações concretas
são de classificações, seriações, correspondências termo a termo, que suportam
agrupamentos e requerem uma dedução coerente (PIAGET E BARBEL-INHEL-
DER, 2009).

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O último estágio de desenvolvimento proposto por Piaget é o das opera-
ções formais ou lógico-formal. Neste último nível, a principal característica ad-
quirida pelo adolescente é a autonomia. A partir de então o sujeito é capaz de
diferenciar forma e conteúdo e de raciocinar corretamente sobre proposições nas
quais não acredita, de elaborar e compreender hipóteses. Nesta fase o sujeito já
se refere ao universal (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009). A elaboração de
conceitos é importante para que o adolescente em formação construa o seu de-
senvolvimento motor, cognitivo e emocional (MASTELLA et al., 2014). O autor
concebe o desenvolvimento da criança enquanto a sucessão de três grandes
construções, as quais se iniciam pelo desenvolvimento dos esquemas sensório-
motores, passando depois às construções das relações semióticas, do pensa-
mento e das conexões interindividuais e, por fim, das operações concretas.

Cabe ressaltar que algumas funções não são limitadas a um só nível do


desenvolvimento. Um exemplo é a função das interações sociais e afetivas que
perpassa desde o nível sensório-motor ao das operações concretas, cujos as-
pectos afetivos, sociais e cognitivos da conduta permanecem indissociáveis ao
longo do desenvolvimento. Portanto, o esquema proposto por Piaget compre-
ende o desenvolvimento da afetividade e da motivação como processos à parte
dos níveis de desenvolvimento cognitivo. O autor afirma que a afetividade cons-
titui a energética das condutas enquanto que a cognição constitui as estruturas.
Os sentimentos estão também sujeitos à maturação e se enriquecem ao longo
do convívio social ou interindividual. (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009). O
produto das assimilações e acomodações é equilibração, necessária para “con-
ciliar as contribuições da maturação, da experiência dos objetos e da experiência
social” (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009, p. 141). Este é o conceito central
da teoria interacionista do conhecimento, que pode ser perturbado por algum
desequilíbrio ou equilibrado pelo processo de regulação, de acordo com a dinâ-
mica da vida vivida do sujeito e a experiência real.

Piaget identificou quatro fatores atuantes no processo de desenvolvi-


mento cognitivo: maturação, experiência com o mundo físico, experiên-
cias sociais e equilibração (ou auto-regulação). A equilibração é o fator
mais importante. As experiências sociais, onde se inclui a interação entre
crianças, coetânea ou não, só são relevantes na medida em que elas
podem afetar o processo de equilibrarão ao introduzir o conflito cognitivo.
(LIMA, 1990, p. 8)

17
2.1 Influências Da Psicologia Na Educação

A influência da psicologia sobre a educação se dá a partir do fato de que,


enquanto esta busca explicar o “não aprender” aquela fornece informações so-
bre comportamento e aprendizado que sistematizam o conhecimento e formula
teorias que propiciam essa explicação (LIMA, 1990). Para Lima (1990), essa
relação nem sempre harmoniosa foi marcada períodos críticos ou acríticos, a
partir do momento histórico e do país onde ocorreu. Em 1913, o Behaviorismo
inaugurado por Watson estuda o desenvolvimento de uma maneira determinista
e defende que o aprendizado ocorre por condicionamento do tipo operante e
clássico, sendo que alguns comportamentos são moldados por um tipo de con-
dicionamento e outros por outro tipo. Já Pavlov, mesmo sendo behaviorista, ad-
mitia a internos na aprendizagem (LIMA, 1990).

Lima (1990) defende que o Behaviorismo foi um movimento mais local-


izado, de caráter regional, nos Estados Unidos, e não global. Para a autora, o
pensamento behaviorista cometeu o grande equívoco de negar as influências
internas e a existência da consciência, sendo então gradativamente substituído
pelo cognitivismo. A psicologia cognitivista, embora considere a existência dos
processos internos, conserva o experimentalismo característico do behaviorismo
(LIMA, 1990). No Brasil, nota-se a forte influência norte-americana na psicologia
e na educação, consequência da tradução indireta de obras de autores como
Piaget e Vygotsky, traduzidas para o português das versões norte-americanas
ao invés das obras originais e modificando, muitas vezes, o sentido de termos e,
consequentemente, de conceitos (LIMA, 1990).

O construtivismo de Piaget avança no sentido de considerar a criança en-


quanto sujeito ativo no desenvolvimento cognitivo. Após este período, a ciência
da educação, motivada pelos processos políticos mundiais e pela existência do
socialismo, passa a ser permeada pelos processos sociais e como eles partici-
pam do desenvolvimento cognitivo. Retoma-se então autores como Vygostsky,
Leontiev, Luria e outros. (LIMA, 1990). Estes autores, apesar de incluírem os
meios social e cultural como elementos do aprendizado, concordam também que
a criança seja sujeito ativo no processo de apreensão cognitiva.

18
Ao interacionismo do indivíduo com o mundo físico, proposto pelo mo-
delo piagetiano, vem se colocar a questão do social, constituindo o só-
ciointeracionismo. Fortalece-se a noção de que o indivíduo aprende na
interação com o outro e enfatiza-se a importância da interação entre
parceiros. Nas duas últimas décadas, verifica-se uma linha de pes-
quisa que se propõe a estudar a função da interação entre crianças no
processo de construção do desenvolvimento cognitivo e da linguagem.
(LIMA, 1990, p. 10)

Mastella et al. (2014) afirma que a teoria de Piaget não pode ser concebida
somente como uma teoria do desenvolvimento mas também como uma teoria
da aprendizagem, uma vez que não há aprendizagem sem desenvolvimento. As
forças que moldam a aprendizagem seriam, para a autora, Maturação, experiên-
cia ativa, equilibração e interação social.

2.2 Contribuições Das Ideias De Piaget Para A Educação Con-


temporânea

Em seu trabalho sobre a influência de Piaget na educação atual, Mastella


et al. (2014) enfatiza a importância da contribuição deste autor na educação,
uma vez que concebe a educação enquanto processo dos estágios de conheci-
mento no qual se pode formar indivíduos inovadores, criativos, autônomos, com
capacidade de produção e ainda participativos do processo de construção do
conhecimento. Para a autora, quando o professor conhece os estágios de de-
senvolvimento da criança, pode propor atividades de aprendizagem compatíveis
com esses estágios. O professor estaria, assim, oferecendo as oportunidades
necessárias para que a criança, em cada fase, pudesse construir o conheci-
mento (MASTELLA et al., 2014). A autora também ressalta que o ensino funda-
mental de nove anos, no Brasil, foi concebido considerando as fases do desen-
volvimento cognitivo da criança, embora tal afirmação não conste dos documen-
tos oficiais brasileiros. Segundo Vasconcelos (1994) a concepção da Epistemo-
logia Construtivista foi feita por Piaget em 1967, no último capítulo de uma obra
de muitos autores, denominada Logique et Connaissance Scientifique.

Este autor traz alguns atributos do construtivismo, enquanto uma teoria do


conhecimento da educação, a saber: valoriza as ações enquanto operações do

19
sujeito cognoscente, o construtivismo tem função apenas formalizante, o conhe-
cimento é concebido como um "tornar-se" antes de um "ser", o conhecimento só
tem sentido enquanto uma teoria da ação e não enquanto uma teoria da repre-
sentação é produto de uma ação espontânea ou desencadeada, mas nunca in-
duzida. Sanchis e Mahfouz (2010) analisam que Piaget, embora tenha produzido
muitos escritos para a área de educação, não pretendia ser realizar métodos
pedagógicos. No entanto, escolas denominadas construtivistas seguem méto-
dos baseados na teoria Piagetiana ou em autores correlatos. As autoras indicam
o lugar de Piaget no conhecimento contemporâneo e o pioneirismo do mesmo
em utilizar a palavra Construtivismo pela primeira vez. Enfatizam ainda como se
organiza o pensamento construtivista:

Dentro dessa posição, a especificidade do construtivismo de Piaget


está no fato de que essa construção do conhecimento (ativa por parte
do sujeito, mas possibilitada por sua inserção no mundo) é o que per-
mite a construção de estruturas de compreensão (no sujeito) cada vez
mais equilibradas, ao mesmo tempo em que uma estruturação (em ter-
mos de significado) cada vez mais abrangente do mundo. Um constru-
tivismo em que gênese/estrutura e sujeito/objeto se relacionam perma-
nentemente. (SANCHIS E MAHFOUD, 2010, p.21)

As autoras contam como a obra do pensador suíço foi difundida pelo mundo
e como afetam a educação de uma forma geral. Dizem que muitos pesquisado-
res, em seus trabalhos específicos se referenciam na obra de Piaget, que trata
de temas diversos, mas com a finalidade de debater a construção do conheci-
mento. Dentre os autores citados pelas autoras Emília Ferreiro estudou os pro-
cessos de aquisição da linguagem escrita pelas crianças, sob a orientação de
Piaget, em Genebra. Seu trabalho questiona a relação entre o real e a represen-
tação, e concluem que a escrita não é apenas cópia de um modelo, mas sim um
processo de construção por parte da criança, o que corrobora com os processos
de construção descritos por Piaget (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). Outro pes-
quisador que seguiu a linha piagetiana foi o psicólogo norte-americano Lawrence
Kohlberg, que pesquisou o desenvolvimento moral da criança e do adolescente.
Para ele, o desenvolvimento moral se dá em termos de estágios hierarquizados
que podem ser agrupados em três grandes níveis: o chamado de pré-convenci-
onal, o convencional e o pósconvencional.

20
No primeiro as regras são interpretadas de acordo com as consequências
das próprias condutas e do poder físico das figuras de autoridade. No segundo
nível as normas já não dependem de consequências imediatas, sendo justifica-
das pela manutenção das expectativas dos grupos sociais nos quais se está in-
serido e no terceiro nível, as regras são aceitas, mas com aceitação baseada em
princípios morais mais gerais (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). No Brasil, as
ideias de Piaget foram representadas inicialmente pela Escola Nova, que em-
bora um movimento mundial, chegou cronologicamente atrasada ao Brasil e se
deparou com problemas como o analfabetismo. Ao contrário dos outros países,
no Brasil iniciou-se o escolanovismo nas escolas públicas e posteriormente nas
escolas experimentais e jardins da infância de iniciativa privada (VASCONCE-
LOS, 1996). De acordo com Vasconcelos (1996), os educadores do século XX
reivindicavam uma escola que fosse renovada e correspondesse às estratégias
de reconstrução social a partir da educação. Ainda no Brasil, Sanchis e Mahfouz
(2010) citam Lauro de Oliveira Lima e Fernando Becker (2010), que construíram
linhas pedagógicas baseados na teoria piagetiana. O primeiro fundou um centro
educacional construtivista no Rio de Janeiro e ainda escreveu sobre o desenvol-
vimento da inteligência na teoria piagetiana.

A tendência geral do processo biológico (compreendendo-se como for-


mas adaptativas do processo biológico os fenômenos psicológicos e
sociológicos) é a reprodução (...). Como o real está em permanente
reorganização, a simples reprodução seria letal para o processo vital
(...). Daí o mecanismo de reequilibração majorante (...), pela qual a
vida, por reequilibração, supera as agressões do meio, produzindo a
evolução (e, em termos microssociológicos, o desenvolvimento da cri-
ança) (LIMA apud SANCHIS e MAHFOUD, 2010, p. 24).

Becker toma a obra de Piaget como uma proposta transformadora para a


qual se desenvolve apoiado nos processos estruturantes do conhecimento e da
compreensão da realidade, se aproximando mais de Piaget e Paulo Freire na
sua construção do pensamento pedagógico:

(...) o homem só compreende bem aquilo que faz, e só faz bem o que
compreende: fazer e compreender (Piaget) equivale a agir e refletir
(Freire) desde que dialeticamente entendidos; tomada de consciência
(Piaget) e processo de conscientização (Freire) são processos pareci-
dos, talvez quase idênticos, sobretudo no que têm de atividade cria-
dora e inventiva, desde que entendidos como função da ação do pró-
prio homem e não de um ensino unidirecional ou de uma repetitiva
doutrinação (BECKER apud SANCHIS E MAHFOUD, 2010, p. 25).

21
Uma importante crítica formulada pelas autoras é a de que as interpreta-
ções reducionistas da obra de Piaget reduzem a teoria do autor ao pré-formismo
ou ao empirismo. Na qual, o primeiro caso estaria concebendo uma inteligência
préformada e no segundo a inteligência se desenvolveria apenas condicionada
pelo ambiente. As autoras ressaltam que, em ambas as interpretações, nota-se
a redução da noção de sujeito dentro do construtivismo piagetiano, pois em ne-
nhuma das interpretação não há lugar para um sujeito autônomo e criativo que
constrói seu conhecimento através de suas ações, conforme postulado por Pi-
aget (SANCHIS E MAHFOUD, 2010).
Piaget, apesar de não ser e nem se pretender pedagogo um modelo de
aprendizagem, o construtivismo mesmo quando no campo da psicologia, é tra-
tado dentro da psicologia escolar. Além disso, ficou constituído o espaço escolar
como lugar preferencial de aplicação do construtivismo. Sanchis e Mahfoud
(2010) lembram o lugar “des-naturalizado” de Piaget na psicologia, onde cons-
truiu seu trabalho epistemológico mais aplicado na prática pedagógica, no qual
se desenvolveu o campo primordial de seu trabalho, sendo de certa forma, con-
cebido mais como pedagogo, do que como psicólogo, ou biólogo, que original-
mente, representa sua formação. O construtivismo constitui um modelo de
aprendizagem interativo, que vai se contrapor a um modelo empirista.

A interação é condição, mas não é suficiente. O conhecimento deve


ser construído, a partir dessa interação, através de um processo em
que as aquisições anteriores são a possibilidade para as posteriores,
sendo que as novas aquisições se integram (e não se agregam) às
mais antigas. Por isso, uma concepção construtivista e interacionista
do processo de construção do conhecimento se opõe a uma con-
cepção cumulativa, em que cada nova aquisição se soma às demais
(processo linear de construção do conhecimento), pois, ao integrar-se,
o conhecimento sempre se transforma. O construtivismo, como quadro
organizador da atividade humana, considera o conhecimento como re-
sultado de uma reelaboração e reestruturação por parte do sujeito
(PARRAT-DAYAN apud SANCHIS E MAHFOUD, 2010, p.27).

O construtivismo trabalha a aprendizagem além da aprendizagem formal e


considera todos os processos ligados à construção cognitiva do sujeito. O sujeito
para o construtivismo está em constante aprendizado desde o momento em que
nasce e até sua morte (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). Pode-se dizer que o
grande feito de Piaget foi o de ajudar a compreender o objeto do conhecimento
e os mecanismos que possibilitam a sua aquisição. Os processos de acumula-
ção e assimilação, a prática ativa de acordo com o nível de desenvolvimento da

22
criança e a mediação deste aprendizado pelo professor. Seguindo a análise da
aplicação prática da teoria construtivista na pedagogia Sanchis e Mahfouz (2010)
relembram que a aplicação da teoria não passa apenas pelos aspectos perten-
centes à teoria, e envolve uma complexidade de elementos que permeiam o fe-
nômeno educativo, como os políticos, econômicos, familiares, institucionais, etc.
e só pode ser aplicado quando em equilíbrio de forças com esses fatores, o que
pode explicar (grifo nosso) a não inserção das teorias piagetianas nos documen-
tos institucionais brasileiros.

3. PRESSUPOSTOS DA TEORIA PIAGETIANA

Piaget fundamentou a sua teoria nos estudos da Biologia, da Filosofia, da


Física, da Lógica, da Matemática, da Psicologia e, sobretudo, nos estudos da
Teoria da Epistemologia Genética: nomenclatura comumente utilizada para de-
nominar a Teoria do Conhecimento. Então, realizando pesquisas que tinham por
enfoque compreender como o sujeito consegue progredir de um nível de conhe-
cimento mais rudimentar a outro nível de conhecimento mais estruturado, che-
gando à conclusão de que o desenvolvimento da inteligência está intrinseca-
mente relacionado à adaptação do sujeito ao meio: é suscitado devido à intera-
ção do sujeito com os objetos da sua realidade. Portanto, sendo construídas es-
truturas de inteligências, as quais recebem a incumbência de possibilizar ao su-
jeito adaptar-se à sua realidade em um processo cada vez mais intenso (Cae-
tano, 2010, p. 1-2).

23
Ainda nesta perspectiva, o processo de adaptação do sujeito à sua reali-
dade, o qual é responsável pelo desenvolvimento da inteligência, é compreen-
dido por dois conceitos: (1) Acomodação e (2) Assimilação. O primeiro refere-se
ao momento em que ocorre a adaptação do sujeito aos objetos da sua realidade,
exercendo assim modificações na sua estrutura. O segundo, ao contrário, refere-
se ao momento em que o sujeito exerce a ação sobre os objetos da sua reali-
dade. Embora sejam conceitos distintos, são indissociáveis (Coutinho, 2001, p.
[...]). Por conseguinte, é imprescindível ressaltar que o equilíbrio entre esses
conceitos, durante o processo de adaptação, é responsável por fomentar a
aprendizagem; o desequilíbrio, porém, por causar perturbações psíquicas, difi-
cultando a aprendizagem. Desse modo, Silva (2010, p. 4-5) conclui proferindo
que tanto o equilíbrio quanto o desequilíbrio do processo de aprendizagem estão
interligados a quatro principais períodos. São eles:

Período sensório-motor: ocorre da nascença aos dois anos de idade.


Caracteriza-se pelos reflexos existentes no mundo externo. A título de
explicação tem-se o fenômeno do amamentar. É importante deixar a
salvo que nesse período a criança não se furta da sua realidade por
completo, ao contrário, está em um momento onde seu processo de
inteligência é eminentemente relacionado à prática, o que Piaget con-
ceituou de indiferenciação. Portanto, é quando surge a acomodação,
porque a particularidade da criança é de toda sensorial e motora, sendo
forçoso estimulá-la com atrativos (Silva, 2010, p. 4-5);

Período intuitivo ou simbólico: ocorre dos dois aos sete anos de idade.
É quando a criança percebe a sua realidade externa e, a partir dos
subsídios que por ela são fornecidos, constrói uma realidade simbólica.
Entretanto, esta simbolização é circunscrita, porque a criança ainda
está demasiado submetida à ação do outro. As crianças nesse período
não conseguem fazer diferenciações matemáticas (Silva, 2010, p. 4-
5);

Período das operações concretas: ocorre dos sete aos onze anos de
idade. É quando a criança dá início ao desenvolvimento das suas es-
truturas mentais, sendo-lhe possibilitada a elaboração de abstrações.
Há duas peculiaridades principais nesse período: a primeira refere-se
às operações matemáticas, pois não são construídas de maneira gen-
eralizada; a segunda refere-se à superação do egocentrismo, sendo
possível colocar-se no lugar do outro (Silva, 2010, p. 4-5);

Período das operações formais: ocorre a partir dos doze anos de idade,
aproximadamente. É, porventura, o período de culminação da criança,
porque é a inserção integral dela no mundo. Assim, o seu pensamento
lógico é desenvolvido, passando a agir de maneira autônoma e a cog-
itar acerca de temas essenciais como, por exemplo, os relacionados à
família (Silva, 2010, p. 4-5).

24
Além do mais, embora tenha conseguido solidificar pressupostos sublimes
concernentes ao desenvolvimento intelectual, Piaget, ainda, objetivou apreender
como é que se dá o desenvolvimento dos valores ético-morais na criança, par-
tindo da perspectiva de que a educação é, particularmente, a responsável por
ressignificar os paradigmas da sociedade (Caetano, 2010, p. 3). Mais especifi-
camente, que a construção da moral é, sobretudo, um processo de aprendiza-
gem de valores, os quais irão direcionar a conduta do sujeito. Sendo assim (PI-
AGET, 1994, p. 23), “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência
de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por
essas regras”. Em consequência das suas pesquisas, chegou à conclusão de
que há avanços significativos referentes ao desenvolvimento moral na criança.
A partir disso, apresentando três períodos principais, são eles: (1) Anomia; (2)
Heterônoma; e (3) Autonomia. Serão mais bem explicados nos parágrafos a se-
guir.

No tocante ao primeiro período. É, em parte, mais simples, porque se refere


à idade que a criança não se encontra cônscia das regras existentes, cumprindo-
as de maneira inconsciente, não as considerando como condutas obrigatórias.
No tocante ao segundo período, heterônoma ou realismo moral. Refere-se ao
momento em que a criança começa a torna-se cônscia das regras existentes na
realidade onde está inscrita, como também a cumpri-las. Entretanto, o cumpri-
mento das regras por ela, nesse período, está intrinsecamente relacionado à
autoridade e à admiração aos adultos. Em consequência, cumprindo as regras
que lhes são apresentadas ou impostas para conservar a afetividade, ou por
medo das punições. Jean Piaget (PIAGET, 1994, p.34) reforça esta linha de ra-
ciocínio proferindo que “A regra é considerada sagrada, intangível, de origem
adulta e de essência eterna; toda a modificação é considerada pela criança como
transgressão”. Quer isso dizer que a regra é compreendida pela criança como
uma lei ríspida, severa, devendo ser obedecida com honra, até que as compre-
enda como norteadoras de conduta moral. Tornando-se indispensável salientar
que nesse período a criança já se encontra consciente dos seus comportamen-
tos, compreendendo, assim, se eles estão ou não equiparados ao que é exigido
pelo social, mesmo estando sob a orientação de adultos.

25
A partir disso, a criança dá início à cogitação acerca dos objetivos e senti-
dos das regras, passando a valorizar significativamente o sentimento de justiça.
Por conseguinte, internalizando-as e avaliando-as sob o seu crivo de moralidade,
motivo que lhe faz ingressar no terceiro estágio de desenvolvimento moral. No
tocante ao terceiro estágio. Segundo Piaget (1994, p. 34), nesse período a cri-
ança despoja-se da concepção de que as regras são, sobretudo, mandamentos
a serem seguidos de maneira inviolável, passando a compreendê-las como or-
ganizadoras das relações, as quais têm como valor principal o respeito, sendo,
portanto, possível realizar algum determinado comportamento com o outro
desde que haja consentimento recíproco. Compreendendo que as regras são
essenciais para que se viva em sociedade.

Em relação ao desenvolvimento da moral, percebe-se que o seu nível mais


preponderante está relacionado ao estágio de autonomia, sendo esse a supera-
ção do estágio de heterônoma. Porém, um não exclui o outro; ao contrário, com-
plementam-se. Em suma, observa-se que a teoria piagetiana faz emergir mu-
danças acadêmicas e sociais, não desqualificando o sujeito tampouco o estig-
matizando. Além disso, conforme salienta Coelho (2010, p. 3-4), pode ser consi-
derada educacional, porque os seus argumentos defendem que o sujeito desen-
volve-se a partir das suas relações, e é ele um dos agentes principais para isso.

3.1 Compreensões Do Construtivismo Acerca Do Contexto Es-


colar

Na construção da sua teoria, Jean Piaget proferiu que o conhecimento


nunca deve ser apresentado ao sujeito de maneira determinativa, fazendo emer-
gir cogitações acerca do estado da pedagogia. Em consequência, percebe-se
que, atualmente, as relações estabelecidas entre os professores e os estudantes
têm recebido um novo caráter, sejam elas em escolas públicas ou privadas. Por
exemplo, sendo mais propícias a diálogos, a mudanças, a dialéticas hodiernas e
a recursos tecnológicos. No entanto, somente isso não faz com que a educação
seja profícua. Portanto, serão elucidadas nos parágrafos a seguir algumas con-
tribuições portentosas desse teórico no que tange à educação.

26
Conforme ressaltado nas partes incipientes, o processo de aprendizagem
está intimamente relacionado ao contexto social. Em consequência, não se pode
furtar à magnitude que as influências dos educadores exercem aos estudantes.
Justifica-se porque os educadores participam do processo de aprendizagem
como mediadores das relações entres os estudantes e as instituições sociais,
não as deixando estarem inflexíveis e autoritárias. Não obstante, é relevante sa-
lientar que os estudantes também são responsáveis pelos seus desenvolvimen-
tos, sendo proativos, ou seja, manifestando as suas reflexões, as suas criativi-
dades, participando assiduamente e tendo auto-organização das informações
instruídas (Silva, 2010, p. 9).

Nesse caso, torna-se indispensável proferir que o conceito de desequilíbrio


psíquico, proposto por Piaget, embora seja uma conjuntura de perturbações, não
é de todo pernicioso. Ao contrário, pode ser essencial, porque suscita o desen-
volvimento do processo de aprendizagem: as dificuldades e os erros são artefa-
tos da concepção do sujeito, portanto, não devem ser ignorados. Nessa linha de
raciocínio, percebe-se que o papel do educador é o de apresentar ao estudante
situações problemáticas acerca dos diversos contextos nos quais ele esteja ins-
crito, assim, dando-lhe liberdade para descobrir novas possibilidades de ação,
mesmo que as sejam meras quimeras (Silva, 2010, p. 10).

Segundo Piaget, nós, seres humanos, estamos à procura da organização


e da generalização das nossas experiências e vivências, através de representa-
ções simbólicas. Compreendendo isso, portanto, os educadores podem possibi-
litar ao estudante novas discussões e vivências, despertando-lhe o raciocínio
concreto (Silva, 2010, p. 10). Para isso, é indispensável que haja comunicação,
porque os contextos nos quais o sujeito está inscrito devem ser compreendidos
como grupos educativos, que façam emergir, sobretudo, discussões, reflexões e
iniciativas de decisão. Ou seja, deve-se ter conhecimento de que a realidade é
dinamizada e exige a participação do sujeito para o seu próprio desenvolvimento.

Ademais, o contexto escolar exerce influências extraordinárias às crianças


e aos adolescentes, pois eles estão em processo de aprendizagem. Sendo as-

27
sim, Piaget ressalta postulando que devido a essas faixas etárias estarem rela-
cionadas ao começo da escolaridade, sinaliza alterações significativas no que
se refere ao desenvolvimento psíquico e social, porque (PIAGET, 1999, p. 40):

Em cada um dos complexos da vida psíquica, quer se trate da inteli-


gência ou da vida afetiva, das relações sociais ou da atividade propri-
amente individual, observa-se o aparecimento de formas de organiza-
ção novas, que complementam as construções esboçadas no decorrer
do período precedente, assegurando-lhes um equilíbrio mais estável e
que também inaugure uma série de interrupta de novas construções
(PIAGET, 1999, p. 40).

Isso é perceptível no contexto escolar, pelo fato de ser ensejado às crian-


ças certo nível de liberdade para trabalharem em grupo ou individualmente e,
sobretudo, por poderem realizar a conversação durante as atividades designa-
das. No entanto, compreender o discernimento das crianças, daquilo que é par-
ticular e grupal, através das atividades realizadas individualmente e em coletivo
no contexto escolar, pode ser uma tarefa complexa, porque elas, com frequên-
cia, iniciam o ato de conversação, mas, não é exato saber se praticam o ato
de auscultação. Em verdade, é possível saber se as crianças dedicam-se ao
mesmo trabalho, mas não se a intenção delas é a de ajuda mútua (Piaget, 1999,
p. 41).

Nessa perspectiva, Jean Piaget (1999) postula que, embora seja impreciso
apreender o intuito das crianças ao estabelecerem as suas relações, é nessa
fase da vida que ocorre o progresso dos relacionamentos interindividuais. Em
consequências, as crianças tornam-se ativas para (PIAGET, 1999, p. 41):

[...] cooperar, porque não confundem mais seu próprio ponto de vista
com o dos outros, dissociando-os mesmo para coordená-los. Isso é
visível na linguagem entre crianças. As discussões tornam-se possí-
veis, porque comportam compreensões a respeito do ponto de vista do
adversário e procura de justificação ou provas para a afirmação própria
(PIAGET, 1999, p. 41).

Com efeito, os seus comportamentos coletivos vão sendo construídos, no-


tando-se com clarividência mudanças relacionadas a atitudes sociais. Quanto a
isso, o contexto escolar disponibiliza-se de instrumentos como, por exemplo, jo-
gos, que são essenciais para o desenvolvimento da moral, porque impõem às
crianças regras de distintas ordens, destinadas a organizar as suas relações e o

28
sentimento de perda e ganha. Em outras palavras, ao invés das escolas apre-
sentarem às crianças condutas impetuosas, munidas de crenças imediatas e de
egocentrismo, devem apresentar-lhes condutas que fazem emergir o discerni-
mento antes de agir, dando início à aquisição do juízo moral (Piaget, 1999, p.
41-42).

No tocante aos adolescentes, percebe-se que os maiores, durante a inscri-


ção no contexto escolar, são abarcados pelo sentimento de colaboração afetiva.
Tornam-se tão solidários que, às vezes, fica complexo discernir se são deveras
capazes de refletir com sensatez, de coordenarem os seus comportamentos com
os dos outros, em consequência, se o processo de socialização é quem faz os
seus pensamentos serem reforçados e interiorizados (Piaget, 1999, p. 41). Além
disso, essa é uma fase decisiva, também, porque é quando a estruturação dos
valores morais se dá realmente, tendo como consequência a sua organização e
a sua hierarquização. É relevante salientar que nessa fase da vida o sujeito,
devido ao início da construção da sua personalidade, consegue estabelecer re-
lações que apresentam sentimento de igualdade, principalmente com os mais
velhos (Piaget, 1999, p. 61-62).

Quanto à vida social do adolescente, o contexto escolar exerce um papel


significativo, porque o sujeito apresenta-se, às vezes, antissocial, tendo ínfimos
interesses. Sendo assim, o contato com outros adolescentes no contexto escolar
serve como base, mesmo que sejam relações impetuosas (Piaget, 1999, p. 63-
64). Em síntese, o processo de aprendizagem não deve – ou pelo menos não
deveria – ser estático, mas, sim, dinâmico e aberto a mudanças, propiciando a
interação do sujeito com a sua realidade. Não obstante, para isso se tornar rea-
lizável, é indispensável, principalmente, a colaboração dos educadores, com
ações que despertem o interesse dos estudantes pelo aprendizado (Silva, 2010,
p. 10).

29
4. AS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE JEAN PIAGET PARA A
APRENDIZAGEM

Para Piaget, o conhecimento construído pelo homem é resultado do seu


esforço de compreender e dar significado ao mundo. Nessa tentativa de intera-
ção e compreensão do meio, o homem desenvolve equipamentos neurológicos
herdados que facilitam o funcionamento intelectual. O organismo do homem é
essencialmente seletivo por organizar os alimentos que lhe podem ser útil; esses
alimentos vão sendo adaptados, de acordo com as necessidades biológicas. À
medida que o homem seleciona os alimentos e inicia a adaptação destes ao
organismo, acontece à assimilação, ou seja, a estrutura biológica acomoda os
alimentos para satisfazer as necessidades do corpo (GOULART, 1995).

Segundo Piaget, esse esquema de organização, assimilação e adaptação


feito pelo organismo pode ser aplicado ao processo de aprendizagem, que se dá
na estrutura cognitiva. A organização seletiva que a cognição realiza dá-se em
um processo permanente de interação do homem com o meio ambiente, por
meio da apreensão do que é útil e necessário à adaptação do homem no mundo.
O processo de organização, adaptação e assimilação de um novo conhecimento
depende de esquemas assimilativos como a repetição e a generalização (GOU-
LART, 1995). As ações, as reflexões e as representações, ao serem repetidas
em situações diferentes, tornam-se novas estruturas, novos conhecimentos. Por-
tanto, a repetição reforça os conhecimentos assimilados, ou preexistentes, tor-
nando-os mais consistentes, o que facilita a aprendizagem e o desenvolvimento

30
da inteligência. Para Piaget, a estrutura cognitiva vai construindo-se concomi-
tante à construção de novos conhecimentos, por meio da busca natural do ho-
mem de adaptar-se ao meio ambiente.

Piaget concebe o homem como sujeito ativo dentro do processo de apren-


dizagem, por entender o conhecimento como o resultado da interação homem-
meio. Ao relacionar-se, o homem não se despoja de sua condição de sujeito
ativo. Segundo (Wachowicz, citado por Matui, 1995, p. 62) "na verdade, o ho-
mem se produz ao produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio
e com os outros homens". A interação social que se segue a cada momento de
nossas vidas é um elemento definidor de nossas ações e de nossos comporta-
mentos sociais. Piaget pensa o ser social como o indivíduo que se relaciona com
os outros, seus semelhantes, de forma equilibrada. Entretanto, Piaget faz uma
ponderação muito interessante sobre relação equilibrada, a qual, segundo ele,
somente pode existir entre pessoas que estejam no mesmo estágio de desen-
volvimento (Taille, 1992). O equilíbrio a que Piaget se refere somente pode existir
entre pessoas que estejam no mesmo nível de desenvolvimento, ou seja: “A ma-
neira de ser social de um adolescente é uma, porque é capaz de participar de
determinadas relações (...) e a maneira de ser social de uma criança de cinco
anos é outra, justamente porque ainda não é capaz de participar de relações
sociais que expressam e que demandam um equilíbrio de trocas intelectuais”.
(TAILLE, 1992, p.14).

Portanto, dependendo do estágio em que a criança esteja, poderá falar-se


de um grau maior ou menor de socialização. Resumidamente, para Piaget, a
socialização possui vários graus. Começa no grau zero, quando a criança é re-
cém-nascida, até o grau máximo, representado pelo conceito de personalidade.
A personalidade significa, portanto, o momento de autonomia do indivíduo,
quando ele já superou o egocentrismo e consegue estabelecer uma relação de
trocas intelectuais recíprocas com os outros. Está claro que, para Piaget, o co-
nhecimento deve ser visto como uma construção em constante processo. Isso
pressupõe entender que a criança é capaz de criar, recriar e experimentar de
forma autônoma, impulsionando seu próprio desenvolvimento.
Nesse sentido, o ato de errar não pode ser visto como falha e, sim, como um
momento necessário da aprendizagem; a ausência do erro denuncia a ausência

31
da experimentação e, consequentemente, a ausência da aprendizagem.

Visto que a socialização e a moral vão sendo consolidadas ao longo da


infância, o trabalho coletivo em Piaget tem o papel de mediador das relações e
de instigador da capacidade de participação, cooperação e respeito mútuo. O
trabalho coletivo socializa, estabelece laços de afetividade e permite, à criança,
perceber-se como parte de uma coletividade, superando seu egocentrismo. No
Construtivismo piagetiano, o educador não é o detentor do saber, mas o facilita-
dor do processo ensino-aprendizagem. O aluno não é mero receptor de conhe-
cimento, mas o agente ativo que constrói conhecimento. A relação professor-
aluno deve ser de respeito mútuo e cooperação. É claro que não se pode tomar
uma teoria como verdade absoluta. O conhecimento é sempre relativo e uma
teoria é sempre limitada. Por isso, uma teoria deve servir, dentre tantas, como
uma possibilidade de construção de uma educação diferenciada.

A própria prática pedagógica, que se renova a cada dia, deve ser vista
como um palco onde se experimenta se inventa e se recria o ato de ensinar:
nesse palco, podem surgir outras teorias. Por fim, na aplicação de uma teoria, é
preciso levar em conta a realidade sociocultural dos alunos para que não se caia
no risco de reproduzir e de copiar mecanicamente determinada concepção de
educação: o que deu certo em determinado lugar não, necessariamente, pode
responder as necessidades de outra e diversa realidade.

5. REFLEXÕES DE PIAGET SOBRE ALGUNS RAMOS DE EN-


SINO

Piaget traz contribuições significativas para algumas áreas específicas do


conhecimento humano, caracterizando o processo de aprendizagem e mos-
trando o que pode e o que deve ser feito para desenvolver o ensino ativo de
forma que o aluno se sinta envolvido no processo de construção do seu conhe-
cimento. Em relação ao ensino de história, Piaget mostra que desconhecemos a
forma como a criança se relaciona com o passado não vivido e de como ultra-
passa a memória individual. A análise desse tema deve contar com a contribui-
ção de pedagogos e psicólogos. Os psicólogos contribuem para descobrir os

32
mecanismos dos fatos e os pedagogos analisam as condições em que os fatos
foram produzidos pelo passado e que são estudados em aulas de história. A
criança pensa a partir de realidades mais conhecidas, concebendo o passado
em função do presente. Nesse sentido, só é possível compreender o estudo das
civilizações antigas e justificar sua presença nos currículos pela relação com a
civilização moderna. Além disso, esta abordagem precisa ser desenvolvida
numa perspectiva sociológica que permita ao aluno uma visão mais abrangente
dos diversos fatores sociais que fazem parte da sociedade atual. Por isso é im-
portante pesquisar com maior profundidade a psicologia das representações his-
tóricas da criança, possibilitando compreender suas atitudes intelectuais espon-
tâneas, e que assim se possa determinar o meio mais apropriado para o ensino
de história.

As ciências naturais (física, química e biologia) desempenham um papel


importante na formação de uma inteligência ativa, crítica e criativa e contribuem
para a pesquisa construtiva, pois ela favorece a atividade do aluno, ajudando-o
a formar o espírito científico. Observa-se um interesse muito grande dos alunos
entre 7 e 12 anos pelas ciências naturais, pois estas atendem ao desenvolvi-
mento intelectual próprio dessa idade. O papel do/a professor/a é discutir e, so-
bretudo, instigar a curiosidade da criança. Para que isso aconteça, o professor
deve ser um mediador que instiga o aluno à atividade e que o leve, por meio da

33
ação, a elaborar suas próprias operações intelectuais, alterando a prática peda-
gógica de impor verdades, através da leitura da realidade, enquanto algo dado
e externo, por uma atividade de descoberta e de invenção das próprias experi-
ências. Este caminho aciona a descoberta de novos problemas e leva o aluno a
ser um experimentador ativo, que busca soluções intelectuais.

Estas ciências evoluíram significativamente em suas pesquisas, e em de-


corrência disso, a sociedade contemporânea sofreu grandes transformações, a
partir dos trabalhos desenvolvidos pelos físicos, químicos e biólogos. Estas pes-
quisas requerem que a escola trabalhe cada vez mais a capacidade hipotético-
dedutiva da criança para possibilitar uma educação do espírito experimental e
que o ensino, em geral, deva insistir mais na pesquisa e na descoberta do que
na repetição. Na educação artística, Piaget destaca que ao observar o desen-
volvimento das funções mentais e das aptidões na criança, dois fatos merecem
uma cuidadosa atenção: o primeiro é que a criança menor parece mais dotada
para o desenho, à expressão simbólica e à música que a mais velha, já em rela-
ção às funções intelectuais e aos sentimentos sociais, observa-se um progresso
contínuo. Já no campo da expressão artística, percebe-se um retrocesso, isso
causa estranheza, pois parece que o espaço familiar e a escola, ao invés de
desenvolverem as formas de expressão infantil, agem de modo a dificultar essas
tendências naturais da criança. O segundo é a dificuldade de estabelecer fases
regulares de desenvolvimento das tendências artísticas na criança.

A educação artística deve ser a educação da espontaneidade da criança,


por isso não pode aceitar a transmissão de uma verdade ou ideal já elaborados.
Estes só são significativos se forem recriados pelo próprio sujeito. Sobre o en-
sino da filosofia, Piaget ressalta que com o objetivo de formar o espírito, a abor-
dagem filosófica constitui elemento essencial para todos os alunos, situando os
valores do conhecimento no conjunto dos outros fins humanos, constituindo uma
espécie de fé racionalizada. Por isso o ensino da filosofia tem diferentes aborda-
gens, dependendo das concepções políticas presentes na administração do Es-
tado. Esta dispersão e falta de unidade fizeram com que a filosofia perdesse
espaço no decorrer do tempo, por exemplo, a lógica saída da reflexão aristoté-
lica, passando pela possibilidade de generalização por Leibniz, conquistou sua

34
autonomia no século XIX, de forma que hoje está muito mais próxima da mate-
mática; poucos filósofos se arriscam a ensiná-la. Da mesma forma, a psicologia
e a sociologia constituíram seu próprio campo de estudo, de investigação. Tudo
isso trouxe uma crise para a filosofia e que perdura até os dias de hoje.

Em relação ao ensino das línguas antigas, Piaget aponta que este tem dois
objetivos: um é formar o espírito histórico e conhecer as civilizações passadas,
para compreender a sociedade atual. Este objetivo é essencial, pois destaca a
importância de estudar as culturas e sua história. O outro objetivo é a formação
do espírito geral e que através do exercício intelectual o sujeito avança significa-
tivamente em outras atividades ligadas ao conhecimento humano. Em relação
ao ensino de línguas, Piaget fala do conflito entre o gramático e o lingüista, mos-
trando o caráter antiquado de certas normas gramaticais, enquanto que a lin-
güística tem avanços significativos constituindo “... uma fonte inesgotável de cul-
tura e permanece quase de todo ausente dos programas do segundo grau...”
(1998b, p. 70). No que tange à matemática, Piaget destaca a necessidade de
observar o desenvolvimento espontâneo das operações lógico-matemáticas na
criança, pois esse desenvolvimento é necessário e não pode ser simplesmente
esquecido pelos estudiosos.

O ensino deve formar e, ao mesmo tempo, trazer os avanços conquistados


nesse campo e não passar a ideia de que conhecimento matemático é pronto e
estático, mas que carrega (como as demais áreas de conhecimento) em sua
formulação a sua própria dinâmica. É preciso que o aluno descubra e não tenha
uma verdade como absoluta. O desafio no ensino da matemática é superar os
métodos arcaicos baseados na transmissão e no verbalismo para primar pela
reinvenção ou na descoberta pelo aluno. Desde os sete anos de idade, a criança
manipula operações de conjunto, de espaço vetorial, etc., mas não sabe disso,
pois são esquemas fundamentais de comportamento e posteriormente de racio-
cínio, antes mesmo de serem objeto de reflexão. É preciso então conciliar os
avanços no campo da matemática com os conhecimentos obtidos pela psicolo-
gia, pois assim abre um futuro promissor para o processo ensino-aprendizagem
desta disciplina. No ensino da matemática, observa-se um paradoxo: alunos com
facilidades em outros campos do saber, têm dificuldades em matemática, pois
esta convida para uma reflexão sobre as estruturas, exigindo um alto grau de

35
abstração; esta é de natureza operatória e procede por etapas a partir das ob-
servações mais concretas.

6. A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ES-


COLAR

A contribuição do psicopedagogo no contexto escolar é expressiva! Este


profissional atua tanto na prevenção de dificuldades de aprendizagem durante a
vida escolar quanto na superação delas. Ele também busca métodos de ensino
adequados para alunos que demonstram ter perturbações no processo de apren-
der. O trabalho desempenhado pelo psicopedagogo no contexto escolar é, en-
tão, de grande importância para o aproveitamento das aulas por parte dos alu-
nos. Do mesmo modo, os pais se beneficiam da atuação do psicopedagogo ins-
titucional. O profissional faz orientações exatas sobre os problemas de aprendi-
zagem dos filhos, aconselhando uma investigação mais profunda de seu qua-
dro.

Qual é o objetivo da psicopedagogia?

A psicopedagogia é o campo da psicologia associado à pedagogia que es-


tuda a relação das pessoas com a aprendizagem. Assim, o profissional desta

36
área busca reduzir dificuldades com o aprender e tratar transtornos de aprendi-
zagem. As crianças costumam ser os principais pacientes dos psicopedago-
gos por uma razão simples. É nesta faixa etária que certas funções cognitivas
começam a se desenvolver. São elas: memória, associação, raciocínio lógico,
atenção, percepção, linguagem, entre outras. Essas competências são estimu-
ladas a todo instante na escola. Deste modo, é mais fácil perceber deficits em
pacientes em idade escolar. Quando a criança não consegue acompanhar o
ritmo dos coleguinhas em sala de aula, fica evidente que algo está dificultando o
seu processo de aprendizagem. Todavia, adolescentes, adultos e idosos tam-
bém podem ter um transtorno específico de aprendizagem. A ausência de diag-
nóstico na infância impede que eles aproveitem as suas experiências acadêmi-
cas e profissionais.

Esses indivíduos podem pensar que possuem menos inteligência e capa-


cidade que outros em virtude dos sintomas de um transtorno de aprendizagem.
Como não receberam um diagnóstico para explicar as suas dificuldades, podem
crescer com um complexo de inferioridade. Neste contexto, a psicopedagogia
também devolve a autoestima dos pacientes, ensinando-lhes que são capazes
de aprender, ler, escrever, calcular e reter informação como os outros. Eles só
precisam das ferramentas e dos métodos exatos para fazer isso.

A aprendizagem na escola

É no ambiente escolar que a criança tem a oportunidade de desenvolver


suas habilidades mais básicas. Além das que dizem respeito à aprendizagem,
as crianças ainda têm a oportunidade de aprimorar as suas capacidades sociais
e adquirirem valores éticos para a vida em sociedade. Logo, é importante que a
experiência da criança na escola, especialmente nos primeiros anos de vida,
seja de boa qualidade. A escola é um local que possibilita múltiplas vivências,
atividades, projetos, novidades e escolhas. Para ser capaz de aproveitar todos
esses elementos, a criança precisar estar no controle do seu processo de apren-
dizagem. Um déficit significa a perca desse controle, levando os pequenos a ex-
perimentarem frustrações.

37
Os transtornos de aprendizagem afetam o desempenho escolar das seguintes
formas:

 Atrasa o desenvolvimento de habilidades básicas, como leitura e escrita;


 Dificulta a realização de cálculos matemáticos;
 Aumenta a ansiedade e a frustração das crianças;
 Reduz o interesse pelo estudo;
 Torna a concentração em sala de aula difícil;
 Estimular comportamentos inadequados;
 Atrapalha a socialização com outras crianças;
 Abala a autoestima;
 Estimula estados de humor negativos, como raiva, desânimo e frustração.

O psicopedagogo que atua em uma instituição de ensino identifica essas


dificuldades em primeira mão. Ele tem acesso privilegiado ao aluno para fazer
julgamentos e análises certeiras durante as aulas. Assim, pode explanar os pro-
blemas identificados na relação da criança com a aprendizagem aos pais.

A contribuição do psicopedagogo no contexto escolar

O psicopedagogo pode atuar tanto em instituições de ensino quanto com o


atendimento clínico de pacientes. Mesmo neste último cenário, o profissional vi-
sita ou entra em contato com a escola onde o paciente está matriculado para ter
um conhecimento aprofundado de suas dificuldades de aprendizagem. O ambi-
ente em que a criança está inserida é um dos pontos mais importantes a serem
considerados durante uma avaliação psicopedagógica. Por muito tempo, as es-
colas enfrentam o seguinte dilema: como lidar com as dificuldades de aprendi-
zagem dos alunos e ao mesmo tempo fazer uma intervenção de qualidade para
que seus deficits sejam superados? O modo de tratar de uma criança com um
transtorno específico de aprendizagem ou qualquer condição que dificulte o pro-
cesso de aprendizado deve ser diferente. Mas como fazer isso sem que esse
tratamento seja visto como uma “atenção especial injusta” por outros pais e alu-
nos? Como favorecer a socialização dessa criança com as demais e elevar a
sua autoconfiança no ambiente escolar?

38
São muitos os questionamentos acerca dos melhores métodos pedagógi-
cos e psicopedagógicos para auxiliar a criança com dificuldade. É por essas e
outras razões que o psicopedagogo institucional é necessário. No âmbito esco-
lar, este profissional determina as perturbações no aprendizado dos alunos com
base na observação e na análise. Além disso, o psicopedagogo é capaz de de-
finir orientações didáticas e metodológicas para auxiliar no tratamento das difi-
culdades e/ou transtorno apresentado pelo aluno.

Como o psicopedagogo atua no contexto escolar

A contribuição do psicopedagogo no contexto escolar é, como dito, extensa


e profunda. O trabalho é feito em conjunto com professores, gestores, alunos e
familiares. Dessa forma, o profissional adquire uma visão ampla da instituição e
dos métodos pedagógicos aplicados. A prática psicopedagógica na escola im-
plica, ainda, em um trabalho preventivo. Entre os objetivos da psicopedagogia
está a transformação de processos de aprendizado maçantes e dificultosos em
prazerosos. Para isso, são usadas ferramentas que conversam com os alunos,
como jogos, brincadeiras e tecnologia. Por conseguinte, o psicopedagogo pos-
sibilita que estudantes desde o ensino infantil ao médio compreendam conteúdos
variados, corroborando para o aumento do rendimento escolar e o desenvolvi-
mento de capacidades. À medida que os alunos se interessam pelas aulas e
aproveitam as metodologias utilizadas pela instituição, eles passam a incorporar
o conhecimento científico no cotidiano. O desejo por mais informação interes-
sante cresce gradualmente. Por exemplo, eles pedem aos pais para serem ma-
triculados em atividade extracurriculares.

Em relação aos transtornos de aprendizagem, o psicopedagogo pode:

 Implantar atividades lúdicas no planejamento escolar visando o benefício


de alunos em situação de dificuldade;
 Auxiliar educadores a lidar com alunos com dificuldades expressivas no
processo de aquisição de conhecimento;
 Promover encontros entre o corpo docente para que sejam discutidas ati-
vidades, ferramentas e métodos psicopedagógicos;
 Colaborar para o planejamento de projetos escolares; e

39
 Conversar com os pais sobre os problemas de aprendizagem dos filhos.

A contribuição do psicopedagogo no contexto escolar também se encontra


na suavização e no aprimoramento de processos metodológicos. Desta forma, o
profissional atua tanto na prevenção quanto no tratamento de interferências na
aprendizagem.

Como o atendimento clínico ajuda os pacientes no contexto escolar

O psicopedagogo clínico atua diretamente com pacientes, ou seja, a aten-


ção do profissional é direcionada exclusivamente para uma pessoa em cada ses-
são. A compreensão das necessidades de aprendizagem, então, é mais pro-
funda. A psicopedagogia clínica normalmente recebe pacientes com dificuldades
expressivas. Isso porque os pais costumam marcar uma consulta com um pro-
fissional somente quando sintomas graves são notados. Se a escola não conta
com um psicopedagogo institucional, a identificação de dificuldades de aprendi-
zagem, especialmente as que podem ser confundidas com comportamentos,
tende a ser mais demorada. O objetivo da psicopedagogia clínica é o mesmo da
institucional: melhorar o relacionamento de pacientes com o aprender. Ela se dá
através da aplicação de testes, jogos e brincadeiras e do compartilhamento de
informações por parte do paciente e familiares.

Outra forma de melhorar a relação dos pacientes com os estudos é por


meio do desenvolvimento de um planejamento escolar com base em suas ne-
cessidades. Sendo assim, o psicopedagogo define, junto com o paciente, méto-
dos de estudo em casa e na escola, além de ajudá-lo a fazer um cronograma de
estudos e arrumar um ambiente propício para estudar. Essa organização é ne-
cessária para descomplicar o processo de aprendizagem.

7. O EDUCADOR E O EDUCANDO: A PRÁTICA DOCENTE SO-


BRE O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO

Cada criança tem o processo de desenvolvimento diferente, algumas


aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais devagar. E

40
nesse momento que é de fundamental importância que o professor analise indi-
vidualmente cada criança para poder adequar os conteúdos conforme a neces-
sidade de cada um. As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir
para que todos aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão
de acordo com a realidade do aluno. A prática do professor em sala de aula é
decisiva no processo de desenvolvimento dos educandos. Esse talvez seja o
momento do professor rever a metodologia utilizada para ensinar seu aluno, at-
ravés de outros métodos ou atividades ele poderá detectar quem realmente está
com dificuldade de aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados
erroneamente, que prejudicam a criança trazendo-lhe várias conseqüências,
como a baixaestima e até mesmo o abandono escolar. “O que é ensinado e
aprendido inconscientemente tem mais probabilidade de permanecer”. (COE-
LHO, 1999 p.12). Assim, deve-se propiciar um ambiente favorável à aprendiza-
gem, ou seja, em que sejam trabalhadas também a auto-estima, a confiança, o
respeito mútuo e a valorização do aluno.

Ao entrarmos em contato com a Psicopedagogia, percebemos, a partir das


leituras e estudos, principalmente dos escritos de Alícia Fernández, que: “ser
ensinante significa abrir um espaço para aprender. Espaço objetivo e subjetivo
em que se realizam dois trabalhos simultâneos: a construção de conhecimentos
e a construção de si mesmo, como sujeito criativo e pensante”. (FERNÁNDEZ,

41
2001, p.30). Portanto, ensinar e aprender são processos interligados. Não po-
demos pensar em um, sem estar em relação ao outro. Ainda segundo Fernandez
(2001, p.29), “entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças
onde se situa o prazer de aprender”. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios,
os avós e demais integrantes da família, como também, os professores e com-
panheiros da escola. De acordo com Sena, Conceição e Vieira (2004), o pro-
cesso de ressignificação da prática pedagógica se constrói por meio de um pro-
cesso que se efetiva pela reflexão criticoreflexiva do professor sobre seu próprio
trabalho, isto é, a partir da base do contexto educativo real, nas necessidades
reais dos sujeitos, nos problemas e dilemas relativos ao ensino e à aprendiza-
gem.

O professor não apenas transmite os conhecimentos ou faz perguntas, mas


também ouve o aluno, deve dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a
expressar-se, a expor suas opiniões. Segundo Firmino (2001) as evidências sug-
erem que um grande número de alunos possui características que requerem
atenção educacional diferenciada. Neste sentido, um trabalho psicopedagógico
pode contribuir muito, auxiliando educadores a aprofundarem seus conhecimen-
tos sobre as teorias do ensino e aprendizagem e as recentes contribuições de
diversas áreas do conhecimento, redefinindo-as e sintetizando-as numa ação
educativa.

7.1 O Psicopedagogo Institucional: O Seu Papel No


Planejamento Escolar

O papel da Psicopedagogia no planejamento escolar é refletir sobre as


ações pedagógicas e suas interferências no processo de aprendizagem do
aluno. Neste momento, devemos ter cuidado para que a reunião não se resuma
à execução de situações ditas pedagógicas e pautadas na mera reprodução de
encontros anteriores. É importante que fique claro que, ao avaliar, o professor
não deve prestar atenção somente no aluno e sim na aprendizagem. Para isso,
ele não precisa necessariamente fazer uso de testes e provas. Mas das ativida-
des de sala de aula como: trabalhos em grupo, exercícios, projetos e a ob-
servação do professor, podem revelar muito sobre a aprendizagem dos educan-
dos, que as simples provas ou testes. O conceito de planejamento é algo bem

42
amplo que pode ser compreendido de várias formas sendo que também pode
ser compreendido como o define Vasconcellos (2000, p. 79):

O planejamento enquanto construção-transformação de repre-


sentações é uma mediação teórica metodológica para ação, que em
função de tal mediação passa a ser consciente e intencional. Tem por
finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar, e
para isto é necessário estabelecer as condições objetivas e subjetivas
prevendo o desenvolvimento da ação no tempo.

As escolas enfrentam um grande desafio: lidar com as dificuldades de


aprendizagem e ao mesmo tempo traçar uma proposta de intervenção capaz de
contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem dos alunos. Dessa
forma, defende-se a importância do Psicopedagogo Institucional, como um
profissional qualificado, que se baseia principalmente na observação e análise
profunda de uma situação concreta, no sentido de não apenas identificar
possíveis perturbações no processo de aprendizagem, mas para promover ori-
entações didático-metodológicas no espaço escolar de acordo com as carac-
terísticas dos indivíduos e grupos. Aprender é o resultado da interação entre es-
truturas mentais e o meio ambiente. O professor é coautor do processo de apren-
dizagem dos alunos e por isso, o conhecimento é construído e reconstruído con-
tinuamente. O conhecimento como cooperação, criatividade e criticidade es-
timula a liberdade e a coragem para transformar, sendo que o aprendiz se torna
no sujeito ator como protagonista da sua aprendizagem. O professor exerce a
sua habilidade de mediador das construções de aprendizagem. Mediar é intervir
para promover mudanças.

A participação do professor, por inteiro, (corpo, organismo, inteligência


e desejo) nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-aprendi-
zagem demanda a participação dos alunos também por inteiro. O or-
ganismo, transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se
mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendiza-
gem, já corporizado. (FERNÁNDEZ, 1990, p.62).

Ainda segundo Fernández (1991) todo o indivíduo tem a sua modalidade


de aprendizagem, ou seja, meios, condições e limites para conhecer. Cada ser
humano é uma criação única, possuem uma série de talentos, capacidades e
maneiras de aprender. Cada um apóia em diferentes sentidos para captar e or-
ganizar a informação, para aproximar dos objetos de conhecimento, quando

43
menciona em objeto refere-se a tudo o que é conhecido como nãoeu. O educa-
dor deve promover a aprendizagem significativa, incentivando as habilidades de
seus aprendizes e mostrando para cada um deles a sua verdadeira potenciali-
dade. As dificuldades encontradas no percurso servirão para torná-los fortes e
capazes de transformar o mundo em que vivem. Esta jornada pode ser muito
prazerosa e surpreendente, pois cada um poderá contribuir para a aprendizagem
do outro.

É impossível ensinar liberdade por meio de uma didática centrada no "eu


do professor", já que todos são únicos, possuem as suas próprias habilidades e
podem aprender. Nesta perspectiva, refletir sobre a importância do direito de
aprender e da necessidade de um psicopedagogo na instituição escolar é algo
essencial no planejamento escolar, isto é, para que os professores e toda co-
munidade escolar possam pensar na busca por parcerias e até mesmo na regu-
lamentação de um psicopedagogo qualificado na unidade escolar. Libâneo
(1994, p. 222) afirma que:

A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento


de formulários para controle administrativo, é, antes, a atividade cons-
ciente da previsão das ações político – pedagógicas, e tendo como
referência permanente às situações didáticas concretas (isto é, a pro-
blemática social, econômica, política e cultural) que envolve a escola,
os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que integram o pro-
cesso de ensino.

Contribuir para o crescimento do processo da aprendizagem e auxiliar no


que diz respeito a qualquer dificuldade em relação ao rendimento escolar, tam-
bém é do âmbito da psicopedagogia, assim como dos educadores em geral. Isso
significa que ter conhecimento de como o aluno constrói seu saber, compreender
as dimensões das relações com a escola, com os professores, com o conteúdo
e relacioná-los aos aspectos afetivos e cognitivos, permitirá uma atuação mais
precisa, segura e eficaz por parte de todos que são responsáveis diretamente
pela aprendizagem de nossos alunos. Segundo Bossa (2000), a presença de um
psicopedagogo no contexto escolar é essencial, ou seja, ele tem muito que fazer
na escola. A sua intervenção inclui:

44
• Orientar os pais;

• Auxiliar os educadores e conseqüentemente à toda comunidade aprendente;

• Buscar instituições parceiras (envolvimento com toda a sociedade);

• Colaborar no desenvolvimento de projetos (Oficinas psicopedagógicas);

• Acompanhar a implementação e implantação de nova proposta metodológica


de ensino;

• Promover encontros socializadores entre corpo docente, discente, coor-


denadores, corpo administrativo e de apoio e dirigentes.

O papel da psicopedagogia na formação de educadores que atuam direta-


mente com o aluno é primordial no contexto escolar e consiste em prepará-los
para lidar com as dificuldades de aprendizagem com muita segurança. A didática
com um olhar psicopedagógico inserida na sala de aula pode contribuir para uma
aprendizagem realmente significativa. Quando o educando se percebe como um
personagem protagonista neste processo de aprendizagem, o desejo de apren-
der é muito maior. A didática com um olhar psicopedagógico nos faz refletir tam-
bém sobre a interrelação professor-aluno. O educador também faz parte de um
processo de participação, integração, entrega e superação. O ato de planejar,
assim assumido, deixará de ser um simples estruturar de meios e recursos, para
tornar-se o momento de decidir sobre a construção de um futuro e principal-
mente, de quebrar paradigmas. O desafio está lançado: A profissão precisa ser
regulamentada e consequentemente, tenhamos Psicopedagogos qualificados
nas unidades escolares de todo o país.

45
8. REFERÊNCIAS

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