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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SAÚDE MOÇAMBIQUE LICHINGA

TRABALHO DE MIC COM FINS AVALIATIVOS

INVESTIGAÇÃO E ÉTICA

NOMES DOS MEBROS DO GRUPO NOME DO DOCENTE


Diventino Lopes Marcos da Costa
Edivania Imede Assane
Lasme Alcine
Riquito Baptista Pedro

Lichinga, Março de 2023


INSTITUTO POLITÉCNICO DE SAÚDE MOÇAMBIQUE LICHINGA
TRABALHO DE MIC COM FINS AVALIATIVOS

INVESTIGAÇÃO E ÉTICA

NOMES DOS MEBROS DO GRUPO NOME DO DOCENTE


Diventino Lopes Marcos da Costa
Edivania Imede Assane
Lasme Alcine
Riquito Baptista Pedro

Lichinga, Março de 2023


Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Objectivo ...................................................................................................................... 3

1.1.1. Geral ..................................................................................................................... 3

1.1.2. Especifico ............................................................................................................. 3

1.2. Metodologia ................................................................................................................. 3

2. Investigação e Ética ............................................................................................................. 4

2.1. Investigação Cientifica ................................................................................................ 4

2.2. Conceitos e Definições de Pesquisa............................................................................. 5

2.3. O Processo de Pesquisa ................................................................................................ 6

2.4. Tipos de Pesquisa......................................................................................................... 7

2.5. Ética e responsabilidade na pesquisa ........................................................................... 8

2.6. Importância da Ética na Pesquisa Científica ................................................................ 9

3. Conclusão .......................................................................................................................... 12

4. Referencias bibliográficas ................................................................................................. 13


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1. Introdução
Na Universidade, a aprendizagem, a docência, o ensino, só serão significativas se forem
sustentadas por uma permanente atividade de construção do conhecimento. Tanto quanto o
aluno, o professor precisa da pesquisa para bem conduzir um ensino eficaz. Essa exigência
decorre de duas injunções: primeiro, quem lida com processos e produtos do conhecimento
precisa ficar em permanente situação de estudo pois o conhecimento é uma atividade histórica,
que se encontra em contínuo devir, e o mínimo que se exige de um professor é que ele
acompanhe o desenvolvimento do saber de sua área; mas além disso, impõe-se a postura
investigativa porque o conhecimento é um processo de construção dos objetos, ou seja, todos
os produtos do conhecimento são consequências de processos de produção dos mesmos,
processo que precisa ser refeito, sem o que não ocorre apropriação, o que se reforça pelas
exigências da situação pedagógica de aprendizagem.

Investigação e ética é o tema que iremos desenvolver neste trabalho. O presente trabalho tem
como objectivo desenvolver o domínio sobre o papel da investigação científica na construção
do conhecimento. Pesquisa científica é a aplicação prática de um conjunto de processos
metódicos de investigação utilizados por um pesquisador para o desenvolvimento de um estudo.
Ela caracteriza-se por ser uma investigação extremamente disciplinada, que segue as regras
formais dos procedimentos para adquirir as informações necessárias e levantar as hipóteses que
dão suporte para a análise feita pelo pesquisador (cientista).

1.1.Objectivo
1.1.1. Geral
 Analisar o papel da investigação científica na construção do conhecimento.

1.1.2. Especifico
 Definir o conceito de pesquisa cientifica;
 Identificar os tipos de pesquisa;
 Explicar a importância da ética na pesquisa cientifica.

1.2.Metodologia
O presente trabalho foi elaborado com base na leitura de varais obras literárias, manuais e livros
que abordam assuntos relacionados com o tema em questão. Como não basta-se recorreu-se
também ao uso da internet.
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2. Investigação e Ética
2.1.Investigação Cientifica
Para Severino (2007, cit. em Magibire, 2019), na Universidade, a aprendizagem, a docência, o
ensino, só será significativa se forem sustentadas por uma permanente atividade de construção
do conhecimento. Tanto quanto o aluno, o professor precisa da pesquisa para bem conduzir um
ensino eficaz. De acordo com o autor acima citado, refere-se que:

Essa exigência decorre de duas injunções: primeiro quem lida com processos e produtos
do conhecimento precisam ficar em permanente situação de estudo, pois o
conhecimento é uma atividade histórica, que se encontra em contínuo devir, e o mínimo
que se exige de um professor é que ele acompanhe o desenvolvimento do saber de sua
área; mas, além disso, impõe-se a postura investigativa porque o conhecimento é um
processo de construção dos objetos, ou seja, todos os produtos do conhecimento são
consequências de processos de produção dos mesmos, processo que precisa ser refeito,
sem o que não ocorre apropriação, o que se reforça pelas exigências da situação
pedagógica de aprendizagem (p. 21).

São dois os motivos pelos quais o professor precisa manter-se envolvido com a pesquisa:
primeiro, para acompanhar o desenvolvimento histórico do conhecimento, segundo, porque o
conhecimento só se realiza como construção de objetos.

Segundo Severino (2007, cit. em Magibire, 2019), tendo bem presentes as finalidades do ensino
superior, aos professores universitários se impõe o compromisso com um investimento
sistemático no planejamento de suas disciplinas, na qualificação de sua interação pedagógica
com seus alunos e numa concepção do ensino e da aprendizagem como processo de construção
do conhecimento bem como num cuidado especial com a avaliação.

O plano de ensino deve ser a expressão de uma proposta pedagógica que dê uma visão
integral do curso pensado com vistas ao desenvolvimento do aluno mediado pelos
processos de aprendizagem. Além de constituir o roteiro do trabalho docente e da
caminhada do aluno, ele deve mediar a proposta educativa visada pelo curso em geral e
pela disciplina em particular. Daí a importância que tem a justificativa para alicerçar as
programações. A interação comunicativa, a capacidade de estabelecimento de uma
relação profissional e democrática que se configure fundamentalmente pelo respeito
mútuo, dimensão que tem a ver com o relacionamento humano e com a necessidade de
um contrato entre as partes, de modo que a autoridade não se confunda com o
autoritarismo nem a liberdade com libertinagem (Magibire, 2019, p. 22).
O que está em pauta é uma concepção da aprendizagem como processo de construção do
conhecimento. Consequentemente torna-se imprescindível a adoção de estratégias diretamente
vinculadas de modo que experiências práticas possam ser mobilizadas para essa aprendizagem.
Ou seja, que a própria prática da pesquisa seja caminho do processo de ensino e aprendizagem.
Nessa linha, todas as disciplinas do curso devem se articular, fazendo que ocorra envolvimento
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de todos os docentes. É necessária uma atitude coletiva convergente em termos de exigência de


padrão de produção acadêmica.

O cuidado crítico com avaliação é exigência fundamental na prática docente


universitária. Sem dúvida, este é aspecto delicado do processo educacional, dado o
índice de poder que ele envolve. Porque quando se torna um mecanismo de opressão
estiola toda a fecundidade pedagógica. O critério a prevalecer aqui é o da medida da
justiça, ou seja, que não se marque nem pela dominação nem pelo protecionismo. O
ensino não pode realizar-se de forma aleatória, diletante, espontaneisticamente
conduzido, mesmo quando o professor tenha um domínio muito grande da matéria,
adquirido por acúmulo de experiência. Toda aula, como intervenção pedagógica, exige,
da parte do professor, um cuidadoso planejamento (Magibire, 2019).
Em primeiro lugar, o professor precisa planejar sua disciplina, com antecedência. Isso não deve
ser feito apenas em função de obrigações burocráticas formais de registro acadêmico, mas em
função da necessidade de um roteiro de trabalho. Este planejamento deve ser feito antes do
início do exercício letivo, quando deve ser distribuído e divulgado para todos os alunos. Em
segundo lugar, a cada semana, a aula deve ser preparada, roteirizada, em consonância e
coerência com o plano da disciplina e com a lógica temática em desenvolvimento.

No planejamento da disciplina, é preciso levar em conta o plano maior do curso, uma vez que
a disciplina é uma parte de um todo, organicamente articulado para que possa responder,
adequadamente, ao projeto formativo do aluno. A programação da disciplina deve conter os
seguintes elementos: Justificativa, objetivos, conteúdos temáticos, metodologia de trabalho,
avaliação, leituras complementares e cronograma (Magibire, 2019).

É por isso que a programação da disciplina deve começar com a justificativa; trata-se de mostrar
aos alunos o lugar que ela ocupa, em função de seu conteúdo, no projeto formativo. Apresentar
a justificativa é fundamental, pois todos precisamos saber a razão pela qual uma atividade é
desenvolvida. Não é válido usar apenas argumentos de autoridade, de tradição ou de
determinação legal (Magibire, 2019).

2.2.Conceitos e Definições de Pesquisa


Entendemos a pesquisa como um acto dinâmico de questionamento, indagação e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelarmos determinados objetos e buscarmos
resposta significativa para uma dúvida ou problema. Portanto, pesquisar é procurar, é obter
respostas, é conhecer o desconhecido, é desvelar o que está oculto na realidade observada.

Ao contrário do que diz o senso comum, fazer pesquisa não é privilégio apenas dos iluminados;
entretanto, pesquisar é uma atividade que requer disciplina, rigor e fidedignidade no
levantamento e no trato dos dados obtidos para tal. Segundo Luna (1999), desenvolver uma
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pesquisa visa à produção de conhecimento novo, relevante teórica e socialmente, além de


fidedigno (p. 8).

É certo que não se trata de tarefa fácil, principalmente para os iniciantes na prática da pesquisa,
como também é certo que não se trata de algo impossível de ser realizado. Tomada em sentido
amplo, pesquisa é toda atividade voltada para a solução de problemas; como atividade de busca,
indagação, investigação, inquirição da realidade, é a atividade que vai nos permitir, no âmbito
da ciência, elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na
compreensão dessa realidade e nos oriente em nossas ações (Pádua, 2002, p. 31).

Partindo do princípio de que os seres humanos estabelecem relações desde o seu nascimento
como forma de sobrevivência no grupo social do qual faz parte, concordamos com Santos
(2000, p. 17) ao afirmar que “pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual,
visando melhorar as condições práticas de existência”. Assim, toda pesquisa surge de uma
dúvida, de uma necessidade de conhecer mais e melhor determinado objeto. Da sua dúvida
inicial, o sujeito busca soluções para saná-la, orientado pela sua visão de mundo.

2.3.O Processo de Pesquisa


De acordo com Santos (2000), de maneira esquematizada a atividade humana pode ser assim
representada:
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Sendo a pesquisa intencional ao sujeito, é necessária uma organização lógica e uma preparação
metodológica para que o pesquisador obtenha êxito em seus propósitos. Partindo da ideia de
que a pesquisa é intencional e busca elucidar as lacunas teórico-práticas, é importante destacar
que seu universo abrange passos que se percorre, elucidando a própria temática escolhida na
investigação. Tal universo é sempre amplo, daí a necessidade da elaboração de uma boa revisão
da literatura, indicando a abrangência da temática em estudo.

2.4.Tipos de Pesquisa
A existência de inúmeros tipos de pesquisa (há praticamente uma classificação diferente para
cada obra que trata do assunto) gera dificuldade até de comunicação e compreensão a priori do
tipo de investigação que se pretende realizar e o que ele realmente significa. Como não existem
restrições acerca do tipo de pesquisa a ser desenvolvido pelo investigador, a escolha de um tipo
adequado vai depender das necessidades específicas de cada estudo e da natureza do objeto.
Vale alertar para os cuidados a serem tomados na adoção de uma ou outra classificação, pois
nem sempre se utilizam critérios e objetivos adequados.

Adotamos para este material a classificação de Köche (1997), pela objetividade do


critério que ele adota – o procedimento geral para a investigação do problema – e pela
presença das categorias que ele utiliza, em classificações de vários autores. Nada
impede, porém, que sejam indicados outros tipos (como Estudo de Caso, Pesquisa-
Ação, entre outros), desde que se tenha clareza dos critérios usados para classificação,
de sua qualificação e da fonte que a cita.
Köche (1997) indica quatro tipos de pesquisa: bibliográfica, experimental, descritiva e
exploratória. A pesquisa bibliográfica levanta o conhecimento disponível na área, identificando
as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar
o problema que é objeto da investigação. É fundamental para todos os demais tipos de
investigação, já que não se pode proceder ao estudo de algo sem se identificar o que já foi
produzido sobre o assunto.

Essa pesquisa evita que se tome como inédito o conhecimento já existente, que se repitam
estudos já desenvolvidos, bem como que se elaborem pesquisas desguarnecidas de
fundamentação teórica. Por ser etapa obrigatória a todos os demais tipos de pesquisa, não há
unanimidade entre os autores sobre a caracterização de estudos eminentemente bibliográficos
como pesquisas científicas, embora esse tipo esteja presente na maioria das classificações.

Na pesquisa experimental, o investigador analisa o problema, constrói suas hipóteses e


trabalha manipulando os possíveis fatores, as variáveis, que se referem ao fenômeno
observado, para avaliar como se dão as relações preditas pelas hipóteses. Nesse tipo de
pesquisa a manipulação na quantidade e na qualidade das variáveis proporciona o estudo
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da relação entre causas e efeitos de um determinado fenômeno, podendo o investigador


controlar e avaliar os resultados dessas relações […] (Köche, 1997, p. 76).
Esse tipo de pesquisa é usado preferencialmente nas Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde.
Sua aplicação não tem sido bem vista nas Ciências Humanas e Sociais, por várias correntes, em
razão das características do seu objeto de estudo. É realizado geralmente em laboratórios, por
requerer o controle de aspectos do problema e exigir experimentação, mas pode ser também
desenvolvido em campo (em situações não-artificiais).

A pesquisa descritiva opõe-se à pesquisa experimental, pois nela não há manipulação


de variáveis nem a busca da relação causal, mas procura-se, a partir de dados presentes
na realidade, tal como se apresentam, verificar a relação existente entre variáveis
importantes de um dado objeto de investigação, para melhor explicá-lo. Nesse tipo de
pesquisa não são mudadas informações ou práticas existentes na realidade: os dados são
coletados sem alterações para que sejam organizados e analisados, obtendo-se a
confirmação ou não das hipóteses levantadas. É um dos tipos de pesquisa mais utilizado
nas Ciências Sociais.
A pesquisa exploratória, ao contrário das demais, é realizada quando não existe um sistema de
teorias e conhecimentos já desenvolvido. Nela não se trabalha com a relação ou manipulação
de variáveis, mas com o levantamento da presença das variáveis e da sua caracterização
quantitativa ou qualitativa. Objetiva descrever a natureza das variáveis que se deseja conhecer.

2.5.Ética e responsabilidade na pesquisa


Segundo Teixeira (2000, cit. em Magibire, 2019) as directrizes básicas em pesquisa científica
foram estabelecidas pela primeira vez em 1947, no Código de Nuremberg, no qual ficou
definido que seria indispensável o consentimento do participante de pesquisa clínica. Este
código tinha com principal finalidade controlar atrocidades cometidas pelo regime nazista.

Em 1964, foi redigida a declaração de Helsinque pela Organização Médica Mundial que
estabelece os princípios orientadores da pesquisa médica e em 1982 as Directrizes
Internacionais para pesquisas Biomédicas, que envolvem seres humanos. A
preocupação com as questões éticas surge quanto a ciência, ou os seus pesquisadores,
extrapolam os limites da dignidade humana, principalmente nas experiências com seres
humanos. Um dos grandes princípios na pesquisa é o consentimento esclarecido dos
envolvidos, dos participantes. Tal deve ser feito com clareza e uma linguagem acessível.
Normalmente, em todas as pesquisas no momento de colecta de dados é importante ter em mãos
uma carta de apresentação (credencial). Se os informantes forem menor, uma autorização
expressa do encarregado ou responsável.

É preciso ter em conta que o pesquisador ao lidar com a pessoa humana deve preservar sempre
a sua dignidade. Ademais, a ciência não é feita apenas de certezas, mas também de erros, que
quanto cometidos em humanos podem deixar sequelas graves. Hoje, o debate sobre a ética na
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pesquisa atinge também outros seres animais. Os principais aspectos éticos que devem
fundamentar a realização das pesquisas científicas são:

1. A legalidade: a observância das normas dos comités de ética da área científica em


referência;
2. O profissionalismo: manifestado na verdade racional e fidelidade aos factos e na busca
de conhecimentos sólidos;
3. A confidencialidade e privacidade: que consiste na não utilização dos
dados/resultados em prejuízo das comunidades e pessoas pesquisadas;
4. A boa fé ou confiança: manifestada no consentimento livre e esclarecido, na liberdade
de participação das pessoas sem represálias;
5. O respeito pela integridade das pessoas;
6. O retorno dos dados: assumindo-se o compromisso de que os participantes sejam
informados sobre os resultados da pesquisa;
7. O não plágio: em nenhum momento o pesquisador deve se apropriar do trabalho
intelectual de outrem com sendo seu.

2.6.Importância da Ética na Pesquisa Científica


“Ciência sem consciência – a importância da ética na pesquisa científica”. O analista do Kings
College Fellipe Grácio em seu artigo “Scientists can’t claim to be neutral about their
discoveries” publicado no “The Conversation” nos brinda com uma reflexão de visceral
importância sobre a ética aplicada às pesquisas. Nesse artigo ele questiona o quanto de isenção
um cientista pode alegar, quando por fim suas descobertas são mal aplicadas e podem
representar um perigo para a humanidade (Magibire, 2019).

Essa sensação persegue a história humana, desde que inventos magníficos como o navio, o
automóvel e o avião, foram transformados em máquinas de guerra. Ou mesmo ante as brumas
radioativas de Hiroshima e Nagasaki — Oppenheimer — o pai da bomba atômica — num
discurso emocionado se autodenominar “a morte, o destruidor de mundos” (Magibire, 2019).

À medida que a pesquisa científica afeta o mundo convém ficarmos de sobreaviso. Isso por que
a ciência é feita por pessoas. E todas as pessoas, mesmo sendo cientistas, possuem interesses,
intenções e ambições. Para agravar esse quadro, a ciência é financiada por governos e por
empresas — cujas políticas podem nem sempre visar o bem comum – entendendo essa
expressão, em seu sentido mais amplo como sendo o bem, em sua essência, estendido para toda
a humanidade (Magibire, 2019).
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Fica cada vez mais claro que pesquisa científica atual, em seus passos mais decisivos, está
condicionada às regras de financiamento, às expectativas sobre seus resultados e às forças
sociais e de instituições que moldam seus rumos.

Ora vejamos:

 Ninguém investe sem a expectativa de ganhar dinheiro com seu investimento;


 Mesmo moralmente condenadas, a ambição e a ganância continuam a ditar as regras
do mercado também no século XXI.

Ou não?

Na década de 1950, quando Jonas Salk — um dos cientistas que participou do desenvolvimento
da vacina contra a poliomielite — foi questionado sobre se ele patentearia a vacina. Ele
respondeu com outra pergunta:

 Você poderia patentear o sol?

Em outras palavras: pode um cientista propor ou aceitar a privatização de um conhecimento


que beneficiaria a todos? Existem duas linhas de pensamento sobre essa questão: O primeiro
viés advém de empresas (e de governos) que comercializam ciência e tecnologia e são
detentores de muitas patentes. Seu principal argumento pode ser assim resumido: Como o
investimento em programas de pesquisa científica é extremamente oneroso, tanto para empresas
quanto para nações é natural oferecer garantia para os investidores de que ocorrerá o retorno
desses investimentos.

E tais garantias passam invariavelmente pela reserva de mercado e obviamente a privatização


das descobertas, protegidas por leis de propriedade intelectual. O argumento contrário à
privatização dos resultados aponta que a restrição do uso de muitas descobertas atrapalha o
aperfeiçoamento da própria descoberta, além de reprimir a inovação e o desenvolvimento de
novos produtos (Magibire, 2019).

Além de que, ao negar o benefício a outro ser humano se estaria também praticando uma forma
de desumanidade. Por exemplo, A indústria farmacêutica Novartis tentou bloquear
recentemente a fabricação na Índia de um medicamento genérico aplicado na terapia do câncer.
Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Ciências Econômicas, tem uma posição radicalmente contra
as leis de propriedade intelectual. Ele enfatiza que essa prática visa apenas garantir lucros
exorbitantes para as desenvolvedoras, que por congelamento do desenvolvimento científico,
certifica-se de não haver concorrência (Magibire, 2019).
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Pela lei dos mercados é fácil observar o que se resulta de um monopólio, seja em que área for.
Ele dá o exemplo da Myriad Genetics, uma empresa que alegou propriedade intelectual sobre
genes humanos. Este é um exemplo extremo, mas suas observações são amplamente aplicáveis.
Ele explica que, neste caso: Geneticistas têm argumentado que o registro de patentes sobre os
genes realmente tende a impedir o aperfeiçoamento de vários testes genéticos (como prevenção
de doenças genéticas, por exemplo), e de modo geral, interferir com o avanço da própria ciência.

Todo o progresso científico é fundamento em conhecimento. Ao tornar-se esse


conhecimento menos disponível impede-se o progresso, ou na melhor das hipóteses,
torna-o menos imediato. É fácil observar que o cientista está no centro deste processo e
ele não pode mais se furtar das questões éticas envolvidas em seu trabalho. Não pode
mais evadir-se das questões pertinentes sobre a natureza do progresso científico, sobre
as decisões de financiamento de suas pesquisas, ou quais forças estão por trás dos ditos
investidores e quais são os interesses que servem. Eu mesmo, não canso de repetir para
meus alunos, que nossas decisões sobre as nossas carreiras afetam não só nossas vidas,
mas também a dos que nos cercam. Eu como cientista não posso alegar neutralidade em
questões como esta. Nenhum cientista pode (Magibire, 2019).
E se Jonas Salk tivesse decidido trabalhar para uma empresa farmacêutica e patenteasse a vacina
contra a poliomielite? Quantas pessoas morreriam, ou teriam sequelas por toda a vida?
Considere-se uma questão relevante para o futuro: Se uma vacina contra a malária ou contra
AIDS fosse desenvolvida, deveria ser protegida por registro de patentes, de tal forma que os
preços desse monopólio maximizassem sua receita, mas não seus resultados na saúde pública?

De modo mais geral: os cientistas podem realmente justificar os resultados previsíveis dos
projetos em que estão envolvidos? O que deve ser feito, então, para maximizar o benefício da
ciência visando o bem comum?

Para começar, podemos educar os cientistas e também fiscalizá-los. E para isso é


necessário que o cidadão busque inteirar-se do que vem a ser ciência e de qual é o real
trabalho do cientista. É preciso que cada um busque entender as decisões tomadas tanto
pelos cientistas quanto pelas instituições de pesquisa e querer fazer parte delas. É
legítimo e necessário pedir aos cientistas e aos acadêmicos, e também às instituições,
que justifiquem o uso que dão aos fundos de investimentos em pesquisa;
É justo fiscalizar as ações privadas e públicas nos programas sociais, e debater as prioridades
políticas na esfera pública. E também submeter as decisões sobre a investigação científica e
suas metas de trabalho ao escrutínio da sociedade. A ciência é uma força incrivelmente
poderosa que consome uma grande quantidade de recursos, por isso precisamos ter certeza de
que está sendo orientada numa boa direção e para tal é necessário que cada cidadão procure
cumprir com o seu papel (Magibire, 2019).
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3. Conclusão
Conclui-se que, a pesquisa é um acto dinâmico de questionamento, indagação e
aprofundamento consciente na tentativa de desvelarmos determinados objetos e buscarmos
resposta significativa para uma dúvida ou problema. Portanto, pesquisar é procurar, é obter
respostas, é conhecer o desconhecido, é desvelar o que está oculto na realidade observada.

Ao contrário do que diz o senso comum, fazer pesquisa não é privilégio apenas dos iluminados;
entretanto, pesquisar é uma atividade que requer disciplina, rigor e fidedignidade no
levantamento e no trato dos dados obtidos para tal. Desenvolver uma pesquisa visa à produção
de conhecimento novo, relevante teórica e socialmente, além de fidedigno.

As directrizes básicas em pesquisa científica foram estabelecidas pela primeira vez em 1947,
no Código de Nuremberg, no qual ficou definido que seria indispensável o consentimento do
participante de pesquisa clínica. Este código tinha com principal finalidade controlar
atrocidades cometidas pelo regime nazista.

Em 1964, foi redigida a declaração de Helsinque pela Organização Médica Mundial que
estabelece os princípios orientadores da pesquisa médica e em 1982 as Directrizes
Internacionais para pesquisas Biomédicas, que envolvem seres humanos.

A preocupação com as questões éticas surge quanto a ciência, ou os seus pesquisadores,


extrapolam os limites da dignidade humana, principalmente nas experiências com seres
humanos. Um dos grandes princípios na pesquisa é o consentimento esclarecido dos
envolvidos, dos participantes. Tal deve ser feito com clareza e uma linguagem acessível.
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4. Referencias bibliográficas
Köche, José Carlos. (1997). Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática
da pesquisa. 14ª ed. rev. e ampl. Petrópolis: Vozes.

Lima, Manolita Correia de. (2004). Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São
Paulo: Saraiva.

Magibire, Zacarias Mendes. (2019). Manual de Tronco Comum: Disciplina de Metodologia de


Investigação Cientifica. Beira – Moçambique.

Pádua, Elisabete Matallo Marchesini de. (2002). Metodologia da Pesquisa: Abordagem


teórico-prática. 9ª ed. São Paulo: Papirus.

Santos, Antonio Raimundo dos. (2000). Metodologia Científica: a construção do


conhecimento. 3ª ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora.

Luna, Sérgio V. de. (1999). Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo: EDUC.

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