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DIREITO CONSTITUCIONAL II
A FUNÇÃO LEGISLATIVA E OS ATOS LEGISLATIVOS
TEMA
Temas a desenvolver na aula
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
PROBLEMA 1: Uma das principais questões que têm acompanhado a caracterização
da função legislativa é saber se os respetivos atos devem necessariamente possuir
normatividade ou se, pelo contrário, são admissíveis manifestações legislativas
não normativas, como as leis-medida.
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
RESPOSTA: Conclui-se, depois da análise cuidadosa dos elementos do Direito
a)
Constitucional Positivo, que são vários os índices que apontam para, em certos
usos da legislação, ela dever ser normativa, cumprindo frisar o mais importante de
todos: a restrição de direitos, liberdades e garantias, que se realiza por ato
legislativo, exigindo-se que o mesmo revista “…carater geral e abstrato…” (Art. 18º, nº
3, primeira parte, da CRP)
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
RESPOSTA: Outro exemplo que pode ser invocado é o da legislação penal, para a
qual são várias as exigências de generalidade que a CRP impõe.
Quedam-se por aqui as indicações seguras, pelo que não se pode erigir a
b)
NORMATIVIDADE a característica geral dos atos legislativos. As leis-medida são,
assim, legítimas, mas na condição de os respetivos efeitos individuais e concretos
não questionarem os princípios constitucionais aplicáveis, sobretudo o da
igualdade, embora este problema não lhes seja específico, a tal exame se
sujeitando a toda e qualquer manifestação de poder público infraconstitucional.
JOÃO LUZ SOARES
A função legislativa
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
PROBLEMA 2: Outro dos problemas fundamentais na definição da função
legislativa refere-se à existência ou não de uma separação material frente às
outras funções jurídico-públicas, principalmente a função administrativa.
Por outras palavras: pergunta-se se há uma reserva material das diversas funções
jurídico-públicas, num debate que se tem essencialmente centrado entre a função
legislativa e a função administrativa.
Em certas matérias, o texto constitucional procede a uma caracterização material
da função legislativa e da função administrativa.
JOÃO LUZ SOARES
A função legislativa
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
Em certas matérias, o texto constitucional procede a uma caracterização material
da função legislativa e da função administrativa, indexando atos com esta
designação a certas disciplinas jurídicas que importa fazer, sendo de referir dois
casos, um na especialidade e outro na generalidade:
• na especialidade, está a restrição legislativa de direitos, liberdades e garantias,
pois que se sabe que esta disciplina jurídica restritiva implica a intervenção
legislativa;
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
• na generalidade, nos casos de reserve de competência legislativa parlamentar,
também implicitamente se impõe uma reserva de ato legislativo, devendo essas
matérias ser disciplinadas por um ato com aquela natureza.
IV PROBLEMAS FUNDAMENTAIS
RESPOSTA: No mais, não se assinalam quaisquer linhas materiais diferenciadoras
entre a função legislativa e a função administrativa: de um modo geral, e além
daquelas reservas enunciadas, em domínios mais ou menis amplos, não há reserva
geral material da função legislativa.
I A RESERVA DE LEI
O sentido fundamental da consagração da reserva de lei acarreta a abolição de
outras modalidades de atos jurídico-públicos para levar a cabo a disciplina
jurídico-normativa que se pretende: se há reserva de lei num dado assunto, não
há lugar à intervenção de atos jurídico-públicos de outra natureza.
Consequentemente, a adoção da reserva de lei para certo regime jurídico elimina a
a possibilidade de esse mesmo regime jurídico ser normativamente versado pelo
recurso a outras instâncias normativas, incluídas noutras funções jurídico-públicas.
II A RESERVA DE LEI
A reserva de lei pode igualmente operar dentro dos específicos atos legislativos
que o sistema constitucional concebe, aparecendo neste caso a reserva de lei como
uma reserva de certas leis ou de certos atos legislativos.
Dai que a reserva de lei se subdivida noutras tantas modalidades, conforme os
critérios operativos para gizar as suas mais importantes contraposições:
• a reserva de Constituição e a reserva de lei;
• a reserva de lei total e a reserva de lei parcial;
• a reserva de lei nacional e a reserva de lei regional
• a reserva de lei parlamentar e a reserva de lei governamental.
JOÃO LUZ SOARES
A reserva de lei a competência legislativa
V A DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL
V A DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL
A A partilha da função legislativa por estes dois órgãos sugere a sinalização de quatro
categorias de competência legislativa:
• a competência legislativa parlamentar exclusiva: o conjunto das matérias em
que só a Assembleia da República pode legislar, nelas se encontrando o núcleo
Mais relevante da legiferação que se concebe, em homenagem à importância
político-legislativa deste órgão;
V A DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL
V A DISTRIBUIÇÃO HORIZONTAL
V A DISTRIBUIÇÃO VERTICAL
B As Regiões Autónomas têm importantes matérias que lhe são atribuídas sob a ótica
da sua competência legislativa, a qual se apresentas do seguinte modo:
• a competência legislativa regional primária: aprovar decretos legislativos
regionais, no âmbito da sua autonomia legislativa;
• a competência legislativa regional autorizada: aprovar decretos legislativos
regionais em matérias que, sendo de reserva relativa da Assembleia da
República, carecem da autorização legislativa desta;
V A DISTRIBUIÇÃO VERTICAL
I Em sentido confirmativo do que aqui se diz está outro preceito que delimita a
competência legislativa do Governo: “Compete ao Governo, no exercício das suas
funções, legislativas (…) fazer decretos-leis de desenvolvimento dos princípios ou
das bases gerais dos regimes jurídicos contidos em leis que a eles se
circunscrevam.” (Art. 198º, nº 1, al. c), da CRP)
I CONCLUSÃO
O entendimento que se retira é o da prevalência dos princípios ou das bases dos
regimes jurídicos criados pela Assembleia da República, os quais devem ser
obedecidos pelo Governo quando este se propõe densifica-los em decretos-leis
de desenvolvimento.
A relação que se fixa entre os atos legislativos de bases e os atos legislativos de
desenvolvimento não é de natureza hierárquica, mas é de cunho funcional,
assinalando-se a prevalência subordinante dos primeiros em relação aos
segundos.
JOÃO LUZ SOARES
Os atos legislativos de bases e de desenvolvimento
II Para que a figura das leis de bases e dos decretos-leis se desenvolvimento tenham
sentido no preciso âmbito relacional definido, é necessário que os mesmos
assentem em determinados pressupostos no tocante ao recorte das respetivas
competências legislativas.
II ❷ não pode ser relativa porque para nela entrar o Governo precisa de estar
munido de uma lei de autorização, mesmo que pretenda o desenvolvimento
de quaisquer bases, e não se bastando a si próprio com a decisão de fazer
um decreto-lei de desenvolvimento.
III Esta autonomia da relação entre a lei de que se atribui tanto à Assembleia da
República como ao Governo de legislarem livremente. bases e o decreto-lei de
desenvolvimento, quando se situa na hipótese de tudo acontecer na competência
legislativa concorrencial dos dois órgãos de soberania em questão, tem
defrontado os obstáculos da sua aparente inutilidade (?), precisamente em nome
da liberdade idêntica.
III O texto da CRP pretende que se vá mais longe e aceitar o alargamento pontual da
competência legislativa parlamentar, quando legisla na área concorrencial através
de leis de bases: a não ser assim, o citado preceito constitucional seria
interpretado com um sentido ordenador mais reduzido, e não nos podemos
esquecer que as disposições constitucionais devem ser interpretados segundo o
resultado que mais eficácia lhes dê.
II O interesse prático das autorizações legislativas surge, por esta via, a duas
velocidades: primeiro, com a produção do ato de autorização, e depois, com o ato
legislativo autorizado.
IV REGIME COMUM
A construção do regime geral das autorizações legislativas inclui quatro tópicos
fundamentais, na sequência da exigência constitucional segundo a qual “ As leis
de autorização legislativa devem definir o objeto, o sentido, a extensão e a
duração da autorização, a qual pode ser prorrogada.” (Art. 165º, nº 2, da CRP)
• o objeto: a necessidade de haver a tipificação do objeto, não se admitindo
autorizações legislativas globais, mas abrangendo um conjunto praticamente
total de matérias em que elas se afiguram delegáveis;
III Do ponto de vista do regime atual, as fontes principais são construídas para a
apreciação dos decretos-leis do Governo por parte da Assembleia da República,
cujo assento normativo está na CRP e no RAR, neste se localizando como um
processo especial.
Este regime é aplicável à apreciação dos decretos legislativos regionais que
sejam aprovados ao abrigo de autorizações legislativas dadas pela Assembleia
da República às Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas.