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Copyright © 2023 por Nathalia Santos

Todos os direitos reservados.

Título: Jogada Final


Revisão: Marcielle Alves e Stephany Cardozo Gomes
Capa: Thais Alves
Diagramação: Nathalia Santos

Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de


quaisquer meios, sem o consentimento do(a) autor(a) desta obra.
Esta é uma obra de ficção. Todos os nomes, lugares,
acontecimentos e descrições são fruto da mente da autora. Qualquer
semelhança com a realidade é mera coincidência.
Texto revisado conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa.
Eu sempre amei a minha melhor amiga.
Mas não o sentimento de amigos, e sim, o tipo de amor que
um homem sente por uma mulher.
Sempre odiei os ex-namorados dela.
Não apenas por ciúmes, mas porque eles sempre tiveram o
mesmo perfil imbecil de não a fazer feliz.
Vivi com esse sentimento dentro de mim por tempo o
suficiente para sufocá-lo.
E foi o que aconteceu.
Quando o desespero de perdê-la mais uma vez para um idiota
qualquer, invadiu meu peito e a vontade de não querer mais vê-la
chorando por imbecis que amam partir seu coração, inundou meu
corpo, me vi disposto a usar de todos os meus talentos para
conquistar a mulher que sempre deveria ter sido minha.
Essa história não é uma história dramática.
Na verdade, chega a ser cômico a forma que um cara idiota
como eu, resolveu sair da friendzone e propor uma amizade colorida
para, enfim, conquistar a melhor amiga.
Olá! Seja bem-vindo a mais uma história do Nathverso. Dessa
vez, com um livrinho de melhores amigos que se apaixonam.
Devo admitir que tudo tem uma explicação, até mesmo a
construção desse livro.
Jogada Final não era para ter acontecido, não se Taylor Swift e
Travis Kelce não tivessem aparecido juntos e me feito surtar em
1001 surtos diferentes, feito minhas amigas surtarem e me pedirem
tanto por um livro, até que a ideia viesse à minha mente.
Para quem não sabe, sou fã da cantora desde que tinha 14
anos, e ela é a minha maior inspiração em relação à minha vida e
carreira de escritora. Então, de uma forma ou de outra, eu acabaria
escrevendo um livro com grandes referências a ela.
Mas para quem não é fã da loirinha, fique tranquilo, pode se
sentir à vontade lendo esse livro. Consegui dosar bem a história para
os dois tipos de públicos.
Jogada Final é um livro de comédia romântica gostosinha, com
muito hot e muito romance, feito especialmente para ler depois de
um dia difícil, um ano cheio de altos e baixos, ou melhor dizendo:
feito para você relaxar.
Quando a premissa veio para mim, soube que precisava
escrever esse livro e lançar ainda esse ano, pois era perfeito para
uma última leitura de 2023. Felizmente, com muita determinação e
inspiração, tudo deu certo e eu consegui dias maravilhosos
escrevendo sobre Chace e Ocean.
Não esperem aqui plots e dramas pesados, mas esperem por
um romance digno de emoção, que provavelmente fará vocês
desejarem um mocinho literário como Chace Lawson.
Espero que gostem da leitura!
Com carinho,
Nathalia Santos
Jogada Final tem uma playlist no Spotify, sinta-se à vontade
para ouvir, cada música está organizada conforme a ordem dos
capítulos.
Para ouvir, abra a guia “Busca” no Spotify e toque na câmera,
depois aponte para o código abaixo e vai ser direcionado para a
playlist.
Caro leitor, ouvinte e apreciador de histórias desastrosamente
deliciosas, amizade entre homem e mulher dificilmente pode dar
certo.
Anote o que estou dizendo.
Se a sua amizade deu certo até agora, existe uma grande
chance de algum de vocês estar na zona de amigo.
Sei do que estou falando porque eu era essa pessoa.
Cansei de viver meu amor unilateral.
Eu sou o melhor running back da atualidade, e precisei mostrar
que não sou o melhor jogador apenas no campo.
Essa é a história de como um homem como eu, saiu da
friendzone, parou de ser um otário e conquistou a melhor amiga.
Para todos os fãs da loirinha que gostariam de ler o romance
que ela está vivendo: esse é especialmente para nós, que amamos o
clipe de You Belong With Me.
CHACE LAWSON
Toda segunda-feira me reúno com meu melhor amigo, Cole
Fisher, no podcast dele para conversarmos ao vivo sobre vida
pessoal, profissional e, claro, a última partida jogada.
Fisher joga no mesmo time que eu, o New York Octopus, e fica
na posição de tight end, enquanto eu sou o running back da equipe.
— Fizemos um bom jogo ontem, não é mesmo, Lawson? — ele
pergunta enquanto observa o número da audiência subir na tela do
monitor.
As pessoas simplesmente amam uma fofoca, principalmente
quando vem de gente famosa, e metade dessas pessoas que ficam
online para assistir nossas conversas, sabem que em um ou outro
episódio, meu amigo sempre acaba falando demais.
A última vez foi sobre o casamento da minha irmã mais velha.
Ele soltou a língua e disse que minha acompanhante tinha
pegado o buquê, o que gerou um monte de comentários a respeito
de uma namorada que eu estava escondendo.
Logo eu, o cara que não namora.
— Nós sempre fazemos um bom jogo, Fisher — respondo e
ajeito meu fone de ouvido. — Estamos dando nosso melhor para
sermos classificados para os playoffs[1].
Ele assente com a cabeça.
— Próxima semana jogaremos com Denver Broncos, as
pessoas estão perguntando se estamos com medo. — Cole solta um
risinho baixo. — Nós nunca temos medo, galerinha.
— Não podemos falar muito sobre nossas táticas, mas
aguardem por um bom jogo — completo e sorrio de lado. — Por que
não mudamos de assunto para o relacionamento de Cole Fisher e
Kyle Callahan? Meu melhor amigo finalmente está namorando, e foi
o assunto da semana.
Meu companheiro de time sorri daquele modo apaixonado dele.
É sempre assim quando trago à tona o assunto Kyle Callahan, a
mulher alta, esbelta e considerada a mais bonita da lista de modelos
do último ano, e que conquistou o coração do homem à minha
frente.
— Nós paramos a internet — brinca. — Pois é, pessoal... Estou
apaixonado.
Ele não parou a internet, mas é algo que está sendo falado
desde que eles postaram uma foto nas redes sociais, assumindo o
relacionamento. Temos muitos fãs e a modelo, pelo jeito, também
tem muitas pessoas interessadas em sua vida privada.
— É claro que está — zombo. — Olhe para essa cara de
apaixonado.
O desgraçado nem cora.
Ele está amando com orgulho.
Sinto inveja dele!
— Quem é o mais romântico entre vocês? — pergunto para
entreter o público.
— Kyle, com certeza.
Semicerro os olhos para o mentiroso, e ele revira os seus,
abafando uma risada.
— Certo, sou eu! — Dou risada com sua confissão. — Mas isso
não é óbvio? Preciso tratar minha mulher como se fosse uma
princesa.
— Oh... pessoal, ele é mesmo muito cadelinha da sua
namorada. — Nunca perderia uma oportunidade de provocar meu
amigo, ainda mais ao vivo.
— Pelo menos eu tenho uma namorada para ser cadelinha, né,
Chace? — Ai, essa doeu! — Quando vamos ter o vislumbre de vê-lo
em um relacionamento sério?
Controlo a careta que quero fazer, sentindo que a câmera está
focando em mim mais do que o necessário.
Não é como se eu tivesse asco de relacionamento.
É muito pior.
A única mulher que eu gostaria de namorar não está disponível
para mim.
— Próximo tópico, por favor.
Não quero ler mais uma vez nesta semana as pessoas falando
sobre a minha vida amorosa. Me rotulando como um cafajeste
porque nunca apareço em um relacionamento sério.
Talvez eu até seja..., mas esse cafajeste tem um coração que
tem dona, e um pau que não recebe atenção de quem gostaria, e
acaba se enfiando no meio das pernas de encontros de apenas uma
noite.
— Ah, não... Acho que as mais de cem mil pessoas online
querem saber pelo menos qual é o tipo de Chace Lawson — meu
amigo continua provocando, como um lembrete de que ele é tão
bom nisso quanto eu. — E então? Qual é o seu tipo?
Cole pega sua garrafinha de água e toma alguns goles, ansioso
pela minha resposta. Ele sabe o quanto odeio falar sobre essa parte
da minha vida e está fazendo isso de propósito.
Eu deveria saber.
É por isso que minha resposta sai naturalmente dos meus
lábios, sem me importar com as consequências:
— Ocean Bailey.
Fisher cospe a água na frente do monitor, em completo choque
com minha resposta.
Não por eu ter falado o nome da maior cantora da atualidade,
mas pelo fato de que essa cantora é a minha melhor amiga desde o
primeiro dia que abri meus olhos, e porque o cara na minha frente
sabe de tudo o que acontece entre mim e ela.
Espero calmamente meu amigo se recompor e quando isso
acontece, ele se ajeita em frente ao microfone.
— S-sua melhor amiga?
Dou de ombros, vendo que os comentários não param de subir,
chegando até travar o chat do programa.
— Não posso achar minha melhor amiga bonita?
— Não foi isso que perguntei.
— Ah... — Sorrio de lado. — Minha melhor amiga não pode ser
meu crush? O meu tipo de garota?
Ele volta a arregalar os olhos, provavelmente se perguntando o
que está se passando na minha cabeça.
Mas para explicar melhor o que me levou a cometer tal atitude,
temos que voltar um pouco para o passado, não muito tempo,
meses já são o suficiente para entender o que está acontecendo...
Perdê-lo foi um triste azul, como eu nunca tinha sentido
Sentir saudades dele era cinza escuro, totalmente sozinha
Esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém que você nunca encontrou
Mas amá-lo era vermelho
RED – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Os casos de uma noite nunca são complicados para mim.
Eu simplesmente vou até um clube privado, tomo algumas
bebidas com meus amigos do time e quase sempre saio
acompanhado de alguma mulher que me desperta atenção.
Geralmente, elas querem o mesmo que eu, o que é bom, pois isso
não torna as coisas complicadas.
Dessa vez não é diferente.
Encontro uma morena bonita uma hora depois de beber com
os caras, me despeço deles e venho parar no mesmo hotel luxuoso
que trago todas as garotas com quem fico. É um lugar discreto, no
qual minha agente tem um contrato de sigilo. Nada sobre meus
casos pode sair daqui ou então a multa será altíssima.
Até hoje eles têm respeitado isso, mas não quer dizer que o
mundo lá fora não saiba que sou um homem que curte a vida de
solteiro. As pessoas são muito boas em encontrar brechas para
invadir a vida particular de uma figura pública e eu, como um dos
maiores running back da história do futebol americano, sempre
estou propenso a ter minha vida pessoal invadida.
Não posso reclamar.
Esse é o preço que pago por fazer algo que amo, e não
mudaria por nada nesse mundo.
Fecho a porta do quarto atrás de mim e agarro a garota de
cabelos longos e escuros.
Ela é incrivelmente gostosa.
Tem uma cintura fina, bunda firme e boa para apertar, coxas
grossas que me deixariam mais excitado se estivessem ao redor da
minha cintura, e seios médios que terei o prazer de chupar esta
noite.
Tenho certeza de que o nome dela é Mia. A morena não é
exatamente o meu tipo de mulher, porque se vamos falar sobre
tipos, posso acabar assustando por ser o oposto.
Loira, um metro e meio, um corpo gostoso que eu facilmente
partiria ao meio se tivesse a chance de fodê-la. É tímida e safada ao
mesmo tempo, determinada, autêntica, confiante, persistente, um
pouco surtada...
Por que estou pensando nisso?
Terei uma noite incrível com Mia. Começar a semana
extremamente bem depois de gozar bastante nessa boceta e... Meu
telefone toca no fundo do meu bolso.
Só pode ser brincadeira!
Como todo homem sensato e de pau duro por ter a boca e as
mãos de uma mulher gostosa explorando seu corpo, deveria ignorar,
e esse até seria o certo se não fosse aquele toque.
— Hum... você acabou de se tornar mais interessante por
gostar tanto da Ocean ao ponto de ter a música dela como toque do
celular — a mulher diz, mordendo o lóbulo da minha orelha.
Ela realmente não me conhece.
Seguro seus ombros e a afasto alguns centímetros. Mia me
olha confusa enquanto pego o aparelho no bolso.
— Sinto muito. — Peço, balançando o celular na minha mão. —
Preciso atender essa ligação.
Talvez, só talvez, a mulher queira me matar pelo olhar que está
me lançando agora. Mas não é como se eu pudesse ignorar essa
chamada.
Porra!
É ela.
— Oi? Espero que você tenha um bom motivo para me ligar,
estou no meio de um encontro importante. — Atendo a ligação e
tudo o que recebo em troca é o silêncio. — Por que está quieta?
Então eu escuto... no fundo da chamada, quase de forma
inaudível, um soluço.
— Desculpa. — A voz chorosa dela soa do outro lado da linha.
— Estou em Nova York e queria ver você.
Engulo em seco.
Ela está em Nova York? De repente, todo o tesão que estava
sentindo há poucos minutos desaparece.
Maldição!
Eu só queria foder. Será que é tão difícil assim?
— Chace... — Ela chora mais. — Nós terminamos.
Sim, é muito difícil.
Por que fui inventar de ter uma melhor amiga? Por que quando
se trata dela sou tão benevolente? Ou pior... Por que de todas as
mulheres do mundo, me apaixonei justamente por ela?
Isso só pode ser dívida de jogo de uma outra vida!
— Ok — respondo, sem dar muita abertura para falar no
telefone. — Estou a caminho.
Escuto mais um soluço antes de desligar a chamada.
Encaro Mia e lhe lanço um dos meus meio-sorrisos, totalmente
sem graça.
— Era uma mulher? — Os olhos dela fervem em minha direção.
— Você é comprometido?
— Não! — respondo rapidamente.
Que isso? Ser um canalha solteiro tudo bem, agora ser um
canalha comprometido? Detesto traição de todos os tipos!
— É minha irmã. — Não é mentira, aquela um metro e meio
me enxerga mesmo como um irmão. — Sinto muito, gatinha.
Podemos marcar para outra noite...
A morena solta uma risada forçada.
— Babaca!
Ela pega a bolsa que caiu no chão quando entramos e caminha
tão rápido em direção à porta, que em um piscar de olhos, já está
fora do quarto.
Olho para baixo, mais especificamente, em direção ao meu
pau.
— Maldita Ocean Bailey!

Ser o melhor amigo da maior cantora pop da atualidade não é


fácil, e posso provar.
Antes de chegar à entrada do condomínio em que fica o
apartamento da Ocean, sinto que estou sendo filmado. Não é algo
incomum para pessoas famosas como nós, mas considerando que é
de noite, mais especificamente meia-noite, não consigo evitar sentir
raiva.
Não posso arrumar briga. Não posso.
Bandos de fuxiqueiros!
Sei que é o trabalho deles, mas o que custa serem respeitosos
e não uns completos idiotas sem educação? Caralho!
Cumprimento o senhor da recepção, que já me conhece há
anos, e caminho em direção ao elevador.
— Ansioso pelo próximo jogo, Lawson. — O senhorzinho que
não me lembro o nome, soa atrás de mim, parecendo animado.
Viro-me e sorrio para ele. — Mandaram muito bem no jogo de
quinta.
— Continuamos dando o máximo de nós. — O elevador para
no térreo. — Espere pelo nosso melhor, senhor.
É uma pena que não me lembro do nome dele. O cara parece
curtir muito o futebol e é um grande fã do meu time.
Entro no elevador e aperto o botão do décimo terceiro andar
enquanto penso em que momento errei para estar a caminho de
consolar minha melhor amiga quando podia estar recebendo um
boquete.
Posso estar parecendo um idiota, e talvez eu até seja um
pouquinho, afinal, homens são todos canalhas, e sei reconhecer isso,
mas não é esse o ponto.
A questão é que Ocean Bailey deve me odiar muito no fundo
daquele coraçãozinho gentil. Só isso explica o fato de ela me ligar
para ser seu ombro amigo para chorar no seu... o quê? Quinto
término? Porra! Ela só tem 27 anos, por que não consegue ficar
sozinha? Além de ter que ouvir e ler toda a merda que falam sobre
ela lá fora, tenho que me controlar para não a sacudir pelos ombros
e assumir que nenhum homem vai ser bom o bastante para ela.
Não vou entrar no tópico de quem é o ideal para ela.
Digito a senha de entrada do seu apartamento e entro,
encontrando a cantora de cabelos loiros e corpo pequeno,
enxugando suas lágrimas com um lenço, que provavelmente tirou da
caixa quase vazia ao seu lado.
Suspiro, chamando a atenção dela.
Seus olhos azuis brilham em minha direção, tão intensos com
suas emoções tristes que me quebra ao meio.
Esqueço da mulher que saiu do hotel.
Esqueço do tesão que foi interrompido.
Esqueço o motivo que estava reclamando.
Não sinto mais raiva por minha amiga ser tão iludida por caras
idiotas, apenas o cuidado que sempre me cerca quando a olho.
— O que foi agora, meio-metro? — pergunto, fazendo a
mesma graça de sempre com seu apelido ao me aproximar dela. —
Seu melhor amigo está aqui agora.
Sento-me no sofá e nem preciso fazer outro movimento,
porque Ocean vem com rapidez em minha direção, se sentando no
meu colo como nos velhos tempos e deitando a cabeça no meu
ombro. Passo meus braços ao redor do seu corpo, sentindo-a chorar
mais quando sente meu carinho em sua cintura, e esse som, que
tanto odeio vindo dela, me faz voltar a sentir raiva.
Mas não dela.
Do babaca que ela insistiu em namorar por cinco anos.
— N-nós não temos mais salvação — ela admite, se referindo
ao antigo relacionamento. — Precisei terminar, Chace.
— Quer me dizer o que aconteceu?
— O mesmo de sempre... Mark parece que não me entende, e
ele não se esforça por mim, como eu fiz por ele todos esses anos. —
É bom saber que ela acordou. — Acho que não somos compatíveis.
Só agora que você percebeu?
Preciso controlar minha língua ou vou acabar falando uma
merda que vai deixá-la irritada, e como sei que está próximo do dia
dela entrar na TPM, não quero acordar o capeta antes da hora.
— Não é mais uma das brigas de vocês? — Eles discutiram
muito nesses últimos meses, é normal que eu pense que esta
situação seja mais uma delas.
— Não. — O tom de voz demonstra certeza. — É por isso que
vim para Nova York. Não quero ficar em Denver, aquela casa me traz
lembranças.
Descanso meu queixo no topo da cabeça dela enquanto a
abraço e aproveito o momento em que seus olhos não estão em
mim para fazer uma careta.
Lembranças do quê, exatamente? Não consigo entender por
que Ocean gosta tanto daquele idiota!
Eles se envolveram quando minha amiga estava fugindo da
onda de haters por ter namorado um ator mais velho, logo depois de
ter namorado um cantor muito famoso. Eu sei, é confuso pra
caralho.
Minha amiga teve ao todo 5 namorados.
O primeiro foi quando estávamos na escola, ela tinha 15 anos e
não durou muito, porque logo Ocean saiu da cidade e foi lutar pelo
sonho de ser cantora.
Quando minha loira estava no lançamento do seu primeiro
álbum de estúdio, iniciando sua carreira musical, ela se envolveu
com Brody, um autor que deveria ter a mesma idade na época. Eles
só duraram 4 meses. O motivo do término? O babaca a traiu.
Com 19 anos, Ocean teve a brilhante ideia de namorar Aiden,
um cantor que até hoje é tão famoso quanto ela, e sofreu uma
chuva de ataques por causa de fãs ciumentas. Durou pouco, cerca
de 6 meses, e logo terminou por causa do ódio gratuito e da falta de
privacidade que ambos tinham quando estavam juntos.
Ela resolveu ficar um tempo solteira, mas esse tempo só durou
2 anos, porque logo minha melhor amiga estava me apresentando
Asher, um ator quase 15 anos mais velho e por quem estava muito
apaixonada.
Adivinha? A paixão acabou 10 meses depois.
E quando pisquei, Ocean esmagou meu coração ao começar a
namorar com Mark Gallagher, quarterback do New York Titans. Isso
mesmo! Meu rival! Ela não tem nem um pouco de dó do meu pobre
coração.
Por que ainda sou amigo dela?
Ah, porque a amo.
— Pode ficar aqui essa noite? — pergunta, limpando mais uma
vez o rosto com outro lenço. — Não quero ficar sozinha.
Meu coração acelera um pouco, confesso.
Faz tanto tempo que não passo a noite na casa dela, que não
estou preparado para dormir ao seu lado novamente. Sempre
tivemos o costume de dormirmos juntos quando éramos crianças,
adolescentes e adultos solteiros, sem compromissos com outra
pessoa que pudesse estranhar esse nosso comportamento.
Dormir com Ocean é meu momento favorito da nossa amizade,
pois são nesses instantes, que coloco uma ilusão na minha cabeça
de que ela é somente minha. Eu posso abraçá-la, sentir seu corpo
colado ao meu, sentir seu cheiro... posso estar com ela, e isso,
sempre foi importante para mim.
— Já passou da meia-noite, acha mesmo que eu iria para outro
lugar? — provoco um meio-sorriso nos seus lábios. E isso é bom, vê-
la sorrir me conforta. — Só tem um problema... tenho certeza de
que alguém me viu entrar aqui mais cedo.
Ela dá de ombros.
— Não é como se não soubessem da nossa amizade.
Isso.
Nossa amizade.
O motivo que nunca me deixou ir além com ela, que sempre
me paralisa quando penso em tentar conquistar seu coração.
— Vai parar de chorar por aquele idiota? — Não me aguento e
pergunto, recebendo um tapa no peito. — Você sabe que estava
guardando isso há muito tempo.
Ocean levanta o rosto e descansa o queixo no meu ombro.
Meu coração acelera com a proximidade, e tenho até receio de que
ela perceba.
Anos tentando controlar esse órgão estúpido no meu peito, e
não consegui chegar a nenhum resultado.
Tem também o fato de que ela está sentada no meu colo, me
abraçando como se eu fosse tudo o que precisa neste momento.
Nunca poderia reagir normalmente a isso.
Ela é uma mulher muito linda.
A mais linda de todas.
Seus cabelos são longos e loiros, e amo fazer cafuné neles;
seus olhos em um tom de azul, são os mais expressivos que já tive
oportunidade de ver; seu rosto oval e bochechas um pouco
cheinhas, a faz parecer inocente e isso esconde muito da sua
personalidade sexy. Ela também é dona de um sorriso contagiante e
tem a menor altura no mundinho de cantores, com seu 1,51m.
— Desculpa ter ficado com seu rival.
— Por cinco anos — respondo, ressentido pelo tempo e pelo
idiota. — Esse relacionamento poderia ter durado tão pouco quanto
os outros.
Ela bate no meu peito.
— Idiota! — Tenta se afastar, mas a puxo para meu colo
novamente. — Pode ir para sua casa, não te quero mais aqui.
Arqueio as sobrancelhas, achando graça do biquinho que se
forma em seus lábios.
Poderia beijá-los!
Ela já não está mais chorando e isso me deixa aliviado pra
caralho. Ocean vai superar esse filho de uma boa mãe, tão rápido
quanto os outros.
— Estava guardando isso há muito tempo, já falei.
Ela revira os olhos.
— Achei que ele seria o certo, sabe? Mas em todos esses cinco
anos juntos, ele não falou nem uma vez em noivado. — Só de ouvir
essas palavras saindo da boca dela, sinto minha pele se arrepiar. —
E quando pensei que ele iria me pedir em casamento, Mark me veio
com aquele pedido idiota...
— Que pedido? — Seus olhos se arregalam e noto que ela não
queria dizer isso. — Que pedido, meio-metro?
— Mark começou a ter ciúmes de você nesses últimos meses—
responde, me causando um certo choque. — Ele disse que não
éramos apenas amigos, que somos muito próximos. Falou que
estávamos jantando sozinhos sem ele, nos encontrando na casa um
do outro, e implicou porque mando a maioria das minhas músicas
para você antes dele.
Dou risada, achando graça de verdade do babaca.
— Ele acha que somos amigos há três anos? Porra! Nos
conhecemos desde que tomávamos banhos pelados no lago atrás da
casa da sua avó.
Já chega o idiota tê-la roubado de mim!
Queria a nossa amizade também?
— Nós éramos crianças quando nadávamos pelados no lago da
vovó — ela lembra com os olhos brilhantes, parecendo ser
transportada para aquela época. — Então... Nós tivemos mais uma
discussão porque ele queria que eu me afastasse de você porque a
internet toda o via como uma piada por causa do nosso shipper, e
não queria ser mais visto dessa forma. Pelo jeito machucava seu ego
frágil.
Sempre soube que Mark era um idiota, mas admito que estou
me surpreendendo por ser ainda mais. Tudo bem que toda a
internet shippava um relacionamento entre mim e Ocean, e isso
acontece desde que entrei para NFL. O mundo inteiro sabe sobre a
nossa amizade, e muitos acreditam que possa haver mais do que
uma relação de amigos entre nós e que só a gente que não
percebeu ainda.
A questão é que eu percebi, mas a minha querida amiga aqui...
ela é um pouco mais complicada.
— Estar com você machucava o ego dele, ou pensa que não
sei o quanto ele odiava ser visto apenas como seu namorado,
mesmo sendo um quarterback de um time da NFL? Você nunca pôde
ir em um jogo dele, e nesses cinco anos, também nunca foi em um
meu. — Porra! Isso ainda me machuca.
Durante todos esses anos, a nossa amizade não mudou, exceto
por não dormirmos mais juntos, afinal, eu arrumaria briga com o
Mark se pedisse para a loirinha dormir comigo como nos velhos
tempos. E tenho certeza de que se ele soubesse que fazíamos isso,
teria ainda mais paranoias sobre nós.
Acontece que Ocean teve que parar de ir aos meus jogos pois
Mark não gostava. Mas também nunca foi aos dele, porque acabaria
chamando mais atenção do que o esporte jogado.
Eu falei que ele é um grande filho da puta!
— Não queria chamar atenção para mim.
— Você ou ele não queria? Nunca teve medo da fama, Ocean.
Ela suspira.
— Falando assim, parece que o Mark é um babaca. — Mas ele
é! Será que ela não enxerga? — Ele foi bom para mim por um
tempo, tínhamos uma boa relação e... era tranquilo.
Diferente dos outros relacionamentos.
É isso que ela me diz através do seu olhar.
Minha amiga sempre sonhou em viver sua história de amor,
mas a fama parece ter tornado isso ainda mais difícil. Alguns se
aproximam apenas por conveniência; outros nem fazem questão de
tentar se aproximar, porque a invejam... Então, acho que a entendo,
mesmo odiando muito isso.
Ela conheceu Mark em um momento em que precisava separar
a vida pessoal da profissional, pois da forma que estava, com todo o
ódio gratuito que recebia, tudo era julgado e isso a fazia mal.
A fama sempre tem um preço, pois ela é acompanhada de
haters, e sendo uma mulher, a cada álbum mais bem-sucedida,
Ocean sofre até hoje.
Ocean nunca imaginou que faria tanto sucesso, mesmo eu
sempre falando o quanto é merecedora dele. Ela imaginava que
apenas seria uma cantora com alguns hits, não que suas
composições se tornariam hinos aos quais a maioria das pessoas se
conectaria.
Essa mulher canta sobre o que todos querem ouvir:
sentimentos.
Ocean Bailey tem uma capacidade de enxergar tudo ao seu
redor e transformar em letras para suas músicas. Ela tem um dom e,
porra... eu sou o maior fã dessa mulher!
— Desculpa! — Minha amiga pede e me volto para ela. — Sinto
falta de comparecer aos seus jogos.
Com ela me pedindo perdão desse jeito, toda fofa? É difícil não
me render.
Nunca fiquei bravo por muito tempo com Ocean. E depois de
alguns jogos, entendi que não podia exigir algo, não sendo apenas o
melhor amigo.
Se ela não ia até o jogo do namorado que demonstrou amar
tanto, por que iria no meu?
Seria estranho se isso ocorresse, por isso, ela quis evitar
boatos sem sentido.
— Não é como se eu conseguisse ficar bravo com você —
confesso e ela sorri.
A loira me abraça apertado e afunda seu rosto no meu peito.
— Amo você, Chace.
— Eu também te amo, Ocean.
Muito.
Muito mais do que você imagina.
Tanto que o pensamento de não querer mais que você sofra
por esses babacas e me enxergue como um homem, e não só como
melhor amigo, volta a crescer em mim.
Já tinha acabado quando ela se deitou no seu sofá?
Já tinha acabado quando ele desabotoou minha blusa?
Venha aqui, eu sussurrei no seu ouvido
No seu sonho, conforme você adormecia
IS IT OVER NOW? – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Minha vida é um puro surto, mas amo cada detalhe dela.
Acordo com esse pensamento ao ouvir o despertador tocar de
forma estridente em algum lugar do quarto.
Alguém ao meu lado resmunga um palavrão e faz um
movimento tão rápido, que só entendo do que se trata quando o
barulho de algo caindo no chão ecoa. Abro os olhos enquanto os
braços de Chace me apertam contra seu peito, quase me sufocando
no processo. Ele me puxa mais em sua direção, e consigo ter um
vislumbre do meu despertador quebrado, caído no assoalho.
Puta que pariu!
Dou um tapa na coxa grossa do idiota ao meu lado, e ele nem
se mexe. Está tão preso em seu sono profundo, que quero matá-lo.
Foi uma péssima ideia dizer para meu atleta favorito dormir
aqui. Péssima em níveis absurdos!
Ele é muito dorminhoco e nunca faz um esforço para ao menos
tentar não se atrasar, é por isso que a maioria dos seus
compromissos acontecem a partir do meio-dia.
— Chace! — o chamo e dou mais um tapa na perna dele.
Se ao menos o grandão me liberar da chave de braço que está
me dando, já poderei me arrumar para meu compromisso
tranquilamente.
— Chace Lawson!
Mais uma vez cutuco sua coxa e muito sem querer, muito
mesmo, acabo encostando minha mão em algo que não devo.
Mais especificamente, no pau dele.
— Você termina seu namoro e começa a bolinar seu melhor
amigo? — A voz rouca e grogue de sono soa por cima da minha
cabeça.
Faço uma careta que ele não tem a oportunidade de ver, mas
desço meus olhos automaticamente para o instrumento que toquei
sem querer.
Meu melhor amigo é tão grande assim? Ele está com uma
ereção matinal e me questiono se esse tamanho é mesmo real. Não
me surpreende que ele faça tanto sucesso entre as mulheres com
quem sai de vez em quando, nem que sua autoestima seja gigante.
O que ele tem no meio das pernas faz jus a ela.
— Deixa de ser idiota — resmungo, voltando ao presente.
Prestar atenção no pau do meu melhor amigo não é algo...
amigável. — É você que não me solta de jeito nenhum!
— O que posso fazer se estou com saudade de dormir contigo?
Tinha tempo que não fazíamos isso. — Cinco anos para ser mais
exata.
Acabo sorrindo do seu jeito manhoso.
— Vamos poder dormir bastante tempo juntos, pretendo ficar
solteira pelo resto da minha vida.
Ele solta uma risada enquanto afrouxa o aperto ao redor do
meu corpo. Ergo a cabeça e o olho confusa.
— Qual o motivo da risada?
— Eu já vi esse filme antes. — Aperta meu nariz entre seus
dedos. — Daqui alguns meses você me aparece com um namorado
novo.
— Já fiquei dois anos solteira!
Tento me afastar e ele me puxa novamente para seus braços.
— Preciso me arrumar, Chace, tenho que encontrar Peter no
estúdio — explico.
— Já vai gravar novas músicas? Você está em turnê. — Mais
uma vez, ele parece preocupado com minha forma de trabalhar
intensamente.
— Sabe que amo estar no estúdio tanto quanto amo estar em
turnê.
Lancei um álbum recentemente? Sim, há mais ou menos dez
meses, mas simplesmente não consigo me manter longe do estúdio.
Amo escrever músicas e passar meu tempo com Peter, trabalhando
para melhorá-las. Sem falar que estou muito inspirada com meu
recente término.
— Sinto que Peter é mais seu amigo do que eu — murmura,
chamando minha atenção.
Um bico se forma em seus lábios, dando-me a certeza de que
está com ciúmes. Meus olhos caiem para a sua boca carnuda, a qual
sempre tive inveja do seu preenchimento natural e que só fica mais
bonita no rosto perfeitinho do meu melhor amigo. Ele é um
manhoso! E um desgraçado por ser tão bonito e me amolecer para
qualquer drama que faz.
— Inacreditável você sentir ciúmes das minhas outras
amizades, quando estamos há 27 anos juntos — zombo da cara
dele. — Ninguém é como você na minha vida, Chace Lawson.
Terminar meu relacionamento mais longo por sua causa não o faz
perceber?
Os olhos dele brilham em minha direção, gostando da resposta.
Conheço esse grandão há tempo suficiente para lê-lo como
uma página de jornal, assim como ele me conhece e me enxerga
além de todas as minhas versões.
Constantemente sinto a necessidade de mudar, seja no estilo
de roupa, estilo de vida ou no estilo musical, mas quando estou com
Chace, nada disso é necessário. Com ele, posso ser a criança que
correu atrás dele o tempo todo na escola, a adolescente que fez a
promessa de que nunca o deixaria, mesmo que nossos sonhos
fossem tão opostos, ou a adulta que ainda lhe pede um abraço
quando está com o coração partido.
Não me lembro de uma fase da minha vida que meu amigo
não estivesse nela.
Nos conhecemos desde que nascemos. Nossas mães eram
melhores amigas e vizinhas, ambas engravidaram, o que possibilitou
que eu e ele tivéssemos apenas duas semanas de diferença nos
nossos aniversários.
Essa história é engraçada, linda e emocionante.
Minha mãe sempre teve problema para engravidar e acabou
perdendo três bebês antes de mim; sua melhor amiga e meu pai
foram essenciais para ela se manter mentalmente forte para
continuar tentando. Quando finalmente aconteceu, todos ficaram
surpresos e felizes porque Cora Lawson também engravidou. Era
uma coincidência incrível.
Meu pai sempre lembra o quanto minha mãe repousou e rezou
para que eu nascesse, até que o dia chegou, duas semanas após
Chace ter nascido. Com a amizade entre as famílias, foi impossível
que eu e o jogador não nos tornássemos irmãos. Frequentávamos
tudo juntos, e praticamente não tive amigas na minha infância e
adolescência; eu me dava melhor com meu grandão e os amigos
dele.
Tenho certeza de nossas mães ainda seriam melhores amigas
se a minha não tivesse morrido de pneumonia quando eu tinha sete
anos.
Lembro pouco da mamãe, mas consigo me recordar de como
foi o dia mais triste da minha vida quando papai me disse que ela
havia ido morar no céu. Eu nunca quis que ela fosse, queria que ela
continuasse sendo minha melhor amiga, meu amuleto da sorte, a
melhor mãe do mundo. Queria que ela me visse crescer, construir a
minha carreira, começar uma família, me ajudar com os meus filhos.
Queria que ela participasse de cada etapa da minha vida.
Não sei o que teria sido de mim se Chace não estivesse
comigo, cuidando de mim como se eu fosse sua irmãzinha mais
nova.
É por isso que digo com toda a certeza de que nada nesse
mundo pode nos separar.
Chace é minha família.
Ele é a minha pessoa favorita no mundo.
— Sou mesmo seu melhor amigo, né? — Sua pergunta me
desperta dos pensamentos. — Deveria passar mais tempo comigo
agora que está livre do idiota.
Reviro meus olhos para o drama dele.
Ele é tão dramático quanto as minhas músicas de términos. É
por isso que nos damos tão bem.
— Não fale como se nesses cinco anos eu não tenha te dado
atenção. — Bato em seu braço. — Preciso me arrumar.
O loiro finalmente me solta e consigo me sentar na cama.
É mesmo um manhoso!
— Nós não podíamos sair juntos todas as semanas, não
podíamos dormirmos juntos e você não passa o Ano-Novo com
minha família há cinco anos.
Dou risada e não resisto, aperto sua bochecha, o tratando
como uma criança quando eu sei que ele odeia isso.
O que posso fazer? Não consigo resistir ao seu jeitinho carente.
— O dia que você arrumar uma namorada, vai entender que só
teria problemas se dormisse comigo, se passássemos toda a semana
juntos ou deixasse de passar o Ano-Novo com ela, para passar com
a melhor amiga mulher — friso a última palavra e só para deixar
mais claro, aponto para o meio das minhas pernas e em seguida
para seu grande... volume. — Esqueceu que somos de sexo
opostos? Amizade entre homem e mulher sempre gera dúvidas.
Não é à toa que meus fãs shippam tanto nós dois. Eles têm
certeza de que eu e Chace vamos ficar juntos, que somos o que eles
chamam de end game um do outro.
Loucos, mas os amo mesmo assim.
Não é que nunca tenha visto meu amigo como um homem.
Tenho a plena consciência de que ele é um cara bonito, gostoso e
com uma personalidade tão incrível que faria com que me
apaixonasse por ele em questão de dias, acontece que ele também é
tudo o que tenho depois do meu pai, e eu nunca, em hipótese
alguma, pensei em tentar algo com ele porque não suportaria perdê-
lo.
Ainda lembro quando descobri com 14 anos o que era a paixão
e o amor por alguém, pensei naquela época de forma inocente que
Chace era o único capaz de ser o meu namorado porque ele me
conhecia melhor do que eu mesma, mas assim que também
descobri que paixão e amor podem acabar e que podem até destruir
uma relação, blindei o meu coração para não acabar caindo nos
encantos do meu amigo.
E deu muito certo.
Eu ainda o tenho comigo e isso é tudo o que preciso.
— Tenho a plena consciência de que você é uma mulher,
Ocean. — Ele se senta na cama, ficando de frente para mim. — Você
que se esquece que eu sou homem.
— Eu? — Solto uma risada, chocada.
— Fica agarrando meu pau. Posso esquecer que você é minha
melhor amiga rapidinho.
Pego o travesseiro e jogo em sua direção. Acerta o rosto dele e
depois cai em seu colo, tapando o assunto da nossa conversa.
Ótimo!
Não é como se eu precisasse ficar olhando para aquilo.
— Eu não peguei propositalmente.
Pulo da cama e coloco meus chinelos.
— E é melhor você usar o outro banheiro para abaixar esse...
volume matinal — falo enquanto caminho até o banheiro do meu
quarto. — Acho que dormirmos juntos só funcionava quando éramos
crianças.
Ouço sua risada atrás de mim.
— Quem disse que é matinal? Eu dormi com você.
Paro quase chegando na porta do banheiro e me viro para o
safado do meu melhor amigo.
Ele mantém um sorriso cretino nos lábios.
— O que você disse?
— Você não ia se atrasar, meio-metro?
Aponto meu dedo do meio para ele, arrancando-lhe uma
risada.
Entro no banheiro às pressas, decidindo ignorar o
engraçadinho. Ele adora me perturbar, e isso nunca será diferente.
Principalmente, quando se trata de piadas de duplo sentidos.
Chace é um garoto no corpo de um homem.
Com seus 27 anos, nunca assumiu um namoro com uma das
mulheres que já ficou, e sempre que pergunto o motivo, apenas me
diz que é porque não achou a certa.
Mas como acharia? Ele só leva as garotas para foder por uma
noite.
Onde está o gesto romântico? Os jantares? Os encontros?
Tudo bem transar antes, porém, ele deveria ao menos tentar
conhecer depois. Só assim para saber se poderá criar um laço
especial com essa pessoa.
Quando joguei isso na cara dele, o idiota me respondeu que
pelo menos não tinha um coração partido.
Doeu, viu? Mas superei no dia seguinte.
Enquanto eu tive cinco namorados, ele teve inúmeras
mulheres, mas nenhuma namorada.
É estranho, não? Porém, não sou o tipo de amiga que julga o
amigo. Se ele está feliz dessa forma, então estou feliz.
A felicidade dele vem antes da minha, e sempre será assim.

— Essa música é um hit, Ocean — Peter diz, assim que saio da


cabine de gravação, demonstrando orgulho. — Triste, mas com uma
sonoridade animada. É uma coisa estranha que só você consegue
fazer.
Dou risada e me sento ao seu lado.
— Quem sabe pode ser o single do próximo álbum?
— Três meses em primeiro lugar na Billboard.
— Exagerado!
— Só você não acredita no seu potencial, né? Você é um
fenômeno, Ocean.
Sempre fico sem graça quando me elogiam dessa forma. Eu só
sou... normal. Trabalhei duro para chegar até aqui e continuo
fazendo isso.
É bem nesse momento que meu pai e Edina entram no estúdio.
— Como você está, filha? — Paul Bailey se aproxima do sofá
que estou e fica ao meu lado. — Não dormi direito pensando em
como estaria seu coração depois da sua mensagem.
Ele se refere ao texto que o enviei na noite passada, contando
sobre meu término com o Mark Gallagher.
Como qualquer relação de término recente, rapidamente me
senti chateada com a pergunta.
— Vou ficar bem, pai — respondo para tranquilizá-lo. — Tudo é
recente ainda, mas não tinha mais o que fazer para nos salvar.
— É uma pena, querida... — Ele segura minha mão. — Você vai
encontrar alguém que será para sempre.
— Obrigada por ter fé em mim, pai. Mas decidi que vou ficar
solteira por um bom tempo.
Não quero outra decepção amorosa tão cedo.
Só não estou chorando no momento, porque sei que não vai
adiantar em nada. Até chegar no término, foram meses tentando
fazer dar certo, então parte de mim, já sabia que acabaria cedo ou
tarde.
Mark foi bom para mim até um certo momento.
Nosso namoro começou quando eu estava a caminho do
sucesso que tenho hoje, era um romance privado e raramente
fazíamos questão de sermos vistos juntos. No entanto, com a onda
de desclassificações que o time dele vinha enfrentando, seu nome
começou a ser relacionado apenas ao meu, e acho que isso o
frustrou de alguma forma.
Nesses últimos meses, o quarterback já não parecia ter mais
orgulho de estar comigo, e quando tocava no nome do meu melhor
amigo, ele tinha mil e uma crises de ciúmes. Diferente dos Titans, os
Octopus sempre chegam na final do Super Bowl.
Infelizmente, descobri tarde demais que Mark tinha uma
masculinidade frágil.
Podia ao menos ter sido antes de achar que viveria para
sempre ao lado dele, né?
Odeio passar por términos!
É o quinto, e ainda me sinto uma idiota por sentir tanta dor por
isso.
— Sinto muito pelo Mark, Ocean, mas precisamos resolver essa
situação publicamente o mais rápido possível — Edina, a mulher
responsável por cuidar da minha imagem e uma das minhas amigas,
diz. — Filmaram Chace entrando ontem de noite e saindo hoje de
manhã do seu apartamento.
Suspiro.
— Deixa eu adivinhar... estão dizendo que estou traindo Mark
com meu melhor amigo?
— Alguns sites sim, mas seus fãs parecem conhecê-la bem e
estão teorizando sobre o que aconteceu.
— Tudo bem... Você pode soltar uma nota à imprensa, dizendo
que terminamos — digo, sem me importar muito com aquilo. — Foi
um término amigável, pode colocar a culpa nas agendas lotadas.
Não tínhamos mais tempo um para o outro.
Não é uma mentira.
A temporada de jogos começou, Mark está treinando mais do
que antes e eu estou no início da minha turnê mundial.
— Tudo bem... Vou fazer as notas e te enviar ainda hoje.
Aceno.
— O que acha de jantarmos com Quinn hoje? Faz tempo que
não temos uma noite das garotas.
Ela pensa por um segundo, provavelmente recapitulando
nossas agendas.
— Ei! Minha turnê só começa na sexta-feira, hoje ainda é terça.
— Ok! Você tem muito o que nos contar mesmo.
Bato palmas, animada.
É sempre bom ter uma noite de meninas com suas melhores
amigas, especialmente depois de um término.
As luzes são tão fortes, mas nunca me cegam, me cegam
Bem-vinda a Nova Iorque
Ela esteve esperando por você
WELCOME TO NEW YORK – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu gosto de Nova York.
As ruas agitadas, a noite que nunca dorme, o Central Park que
eu costumava visitar quando não tinha um paparazzi atrás de mim a
cada passo que dava. A cidade respira música, cultura e toda a arte
que se pode encontrar nesse mundo.
O mais divertido na Big Apple é poder encontrar todo estilo
apenas em um lugar. É uma cidade unida em meio a tantas
diferenças, e mesmo tendo nascido em Denver, me sinto mais em
casa quando estou aqui.
Como por exemplo agora.
Estou em um restaurante italiano com minhas melhores
amigas, e mesmo que esteja lotado de fãs e fotógrafos lá fora,
esperando para que eu saia, não me sinto incomodada.
— Amiga, sinto muito pelo seu término. — Quinn segura minha
mão e pela sua expressão, demonstra o quanto está chateada com
essa situação. — Eu achava que vocês iriam se casar.
Suspiro e dou dois tapinhas na mão dela antes de soltá-la para
tomar meu vinho.
— Eu também, Quinn. — Bebo um gole do vinho branco, meu
preferido.
— Acho que Ocean merece mais — Edina comenta ao meu
lado, cortando o filé no seu prato. — Mark começou a mostrar as
asinhas assim que virou piada na internet pelo próprio desempenho
no campo.
Não é uma mentira e Quinn sabe disso.
— Independente de ter sido um idiota nesses últimos meses,
ele foi bom para a nossa Ocean no início.
— E do que isso importa? Deveria ter sido bom pelo resto da
vida.
— Eu sei, Edina — diz Quinn. — Sei que no final, ele já não a
merecia mais. Comecei a ter certeza disso quando eles já estavam
no quarto ano de relacionamento, e ele nem a pediu em casamento.
Lembra que o idiota sempre se esquivava quando perguntava sobre
avançar o relacionamento? Kendrick fez o pedido quando estávamos
no nosso terceiro ano! Nossa amiga é uma mulher romântica e Mark
nem se importava em realizar seus sonhos.
Tomo mais um pouco do meu vinho, me sentindo mal com o
assunto.
Sei que esse é nosso primeiro jantar pós-término, e quando
isso acontecia no passado, nos juntávamos para falar mal dos
nossos ex's. Acontece que o Mark é diferente.
Ficamos juntos por cinco anos, achei que ele era o certo.
Falar sobre os defeitos dele, faz com que eu me sinta idiota.
Se o Chace estivesse aqui...
Sorrio.
Ele provavelmente estaria falando sobre a garota que deixou
no hotel ontem para vir me encontrar, reclamando sobre ter jogado
pedra na cruz por me amar tanto, a ponto de interromper uma foda
por minha causa.
Ele também estaria me distraindo, reclamando sobre o gosto
da carne do meu prato ao roubar um pedaço, pois que não estaria
no ponto que ele gosta, mas é o ponto que amo.
Meu grandão estaria falando sobre qualquer coisa para me ver
sorrir e me ajudar a superar mais rápido.
É por isso que por mais que ame essas garotas e as considere
minhas melhores amigas, Chace Lawson é o primeiro que chamo
quando estou em apuros.
— De qualquer forma, Ocean está melhor focando na carreira
agora — Edina comenta, tomando um pouco de vinho. — Todos os
shows estão esgotados, ela está fazendo história no mundo da
música, e até já recebemos convite para apresentação no intervalo
do Super Bowl[2]. Minha amiga e cliente só tem a crescer daqui para
frente, não precisa de um idiota ao lado dela atrapalhando-a.
— Pelo menos ele serviu para boas músicas — Quinn fala e
apenas sorrio fraco. — Espera, você recebeu mesmo o convite para
o Super Bowl? Por que não me disse?
Porque eu falei para o seu irmão primeiro.
Desculpa, amiga. Amo você!
Sim, meus melhores amigos são irmãos, mas diferente do loiro,
minha amizade com Quinn só iniciou quando eu tinha 15 anos e ela
18. Antes disso, tenho certeza de que ela me achava uma pirralha.
Só pelo meu olhar, ela já conseguiu entender tudo.
— Claro que aquele idiota do Chace já sabia. — Ela cruza os
braços, emburrada. — A única vantagem dele é porque nasceu
quase com você e são amigos desde essa época.
Solto uma risada.
— Deixa de ser ciumenta! Você está na vida de recém-casada e
trabalhando em um dos filmes mais aguardados para o próximo ano.
Além disso, eu queria falar pessoalmente.
— Se apresenta em fevereiro?
— Não irei me apresentar.
A minha atriz favorita para com a massa no meio do caminho
até a sua boca.
— Por quê? — Ela solta um grito na salinha privativa do
restaurante em que estamos. — É uma chance de ser vista.
— Eu já estou sendo vista — a lembro. — Vou deixar para o
próximo ano. Estou em turnê e no momento, não quero misturar as
coisas. Também não sinto que essa é a hora para me apresentar.
— O que meu irmão achou disso?
— Ele me entendeu e me apoiou — respondo e parece óbvio
para ela.
Nós duas sabemos que meu running back sempre apoia
minhas decisões.
— Por falar no meu irmão... Ele foi para o seu apartamento
ontem. — Nem pergunta, e provavelmente é por causa das fotos
que estão circulando na internet. — Dormiram juntos?
Edina arranha a garganta e olha para nossa amiga.
— Se alguém estiver escutando atrás da porta, pode entender
errado.
— Não começa! Ninguém está nos espionando. — Minha amiga
pede. — Esta noite você é a amiga, não a relação pública da Ocean.
É difícil para RP separar esses dois lados, e olha que nos
conhecemos há mais de 10 anos. Iniciei minha carreira com 15, e no
auge do meu sucesso, quando lancei o segundo álbum, com 17
anos, a conheci e começamos trabalhar juntas.
Minha amiga, dona de cabelos escuros e cacheados, pele negra
e olhos caramelos, é a melhor no seu trabalho e costuma deixar que
ele a consuma de vez em quando. Quinn a chama de viciada e já
chamou sua atenção tantas vezes por conta disso, mas ela se
esquece que Edina já é bem grandinha com seus 32 anos, e sabe o
que quer da vida.
Diferente de nós, a mulher responsável por cuidar da minha
imagem não é alguém que se relaciona com muita frequência.
Completamente o oposto de mim, ela não tem facilidade de superar
uma decepção. O coração dela já foi partido pelo ex-marido, e
depois dessa desilusão, nunca mais quis se relacionar.
— Por que quer saber de algo que com certeza já sabe a
resposta? — pergunto para Quinn. — Você nos viu crescer, sabe da
nossa intimidade melhor do que ninguém.
— É exatamente isso. — Aponta o garfo para mim. — Vocês já
estão crescidos demais para dormirem juntos.
Reviro meus olhos.
— Somos amigos.
— Eu sei que vocês são, mas não acha estranho? Um homem e
uma mulher de 27 anos dormindo juntos?
— É você que está vendo maldade aqui, Quinn — digo e pego
mais um pouco do meu macarrão para evitar uma resposta que só
daria mais motivos para uma discussão.
— Quinn não está tão errada — Edina começa a falar, meio
hesitante, pois me conhece o suficiente para saber que ficarei
chateada com o que dirá. — Ele foi filmado entrando ontem de noite
e saindo hoje de manhã. Vocês podem saber que o que têm é
apenas amizade, mas as pessoas lá fora não sabem. Olha o tanto de
gente que shippa vocês, e com essas fotos, só dão mais munições
para seus fãs.
— Nunca me importei com o que as pessoas dizem sobre mim.
— Não minta, senhorita Bailey — Quinn resmunga à minha
frente. — Abracei você e a consolei quando estava se achando
imprestável por causa daqueles fãs do Aiden.
— Experimenta sofrer hate em massa para ver se não vai
acabar surtando.
— É por isso que precisa se preservar — Edina aconselha. —
Os torcedores do Mark estão te chamando de traidora por causa de
ontem.
Reviro os olhos, odiando saber que no fundo elas estão certas.
Não somos mais crianças, não moramos mais em Denver.
Pego minha taça de vinho e bebo alguns goles.
— Minha vida seria menos complicada se você e meu irmão
namorassem.
A bebida entra pelo lugar errado e começo a tossir.
Que merda...?
Levo o guardanapo à boca e respiro fundo, recuperando meus
sentidos.
Quinn me olha com diversão do outro lado.
— O que foi? — Se inclina em minha direção, mantendo o olhar
animado. — Acha a ideia tão interessante que chega a se engasgar?
Jogo o guardanapo ao lado do meu prato.
— Não! Essa ideia é a mais absurda que já ouvi em toda a
minha vida. — Tudo bem, estou exagerando, eu mesma já pensei
nisso no passado, bem lá atrás.
Minha amiga ri.
— Nem é para tanto... nossas mães tinham o sonho de que
vocês se casariam.
Elas tinham.
E quase nunca me lembro disso.
Eu e Chace somos apenas amigos!
Poxa, não somos nem aqueles clichês de que se nada der certo
até os 30 anos, iremos nos casar, pois nos tornamos irmãos.
— Para de fazer essa careta! Meu irmão é mais bonito do que
todos os seus ex-namorados juntos.
Oras...
— E quem está falando sobre beleza? — retruco.
Ela está certa.
Meu amigo é muito bonito.
O safado ganhou o primeiro lugar da lista de jogadores mais
bonitos em uma revista renomada por dois anos consecutivos,
então, não é difícil entender o que estou falando.
O cabelo do Chace é um loiro escuro, curtos nas laterais e com
o topo mais volumoso, os olhos são acinzentados e são minha parte
favorita do rosto dele. Lembro-me de quando éramos crianças, eu
costumava invejar a cor deles. Meu melhor amigo também tem
lábios invejáveis, são bem preenchidos e rosados, tanto que em uma
época no passado, inventaram que ele tinha feito preenchimento
labial.
Meu jogador se cuida.
Desde o corpo, malhando todos os dias, até a aparência,
fazendo skin care e todos os tratamentos de estética possíveis.
Mas pensar em desejá-lo como um homem? Isso não pode
acontecer!
— E pode me explicar como sua vida seria menos complicada?
Minha amiga nega e balança a cabeça.
Ela resmunga algo que não escuto, pois, meu celular toca bem
na hora.
Por falar no diabo...
Por causa do toque da chamada, sei que é o Chace antes
mesmo de ver o nome na tela do aparelho. Ainda na adolescência,
combinamos que cada um teria um toque especial, uma ótima forma
de saber quando precisamos ser atendidos.
— Estou jantando com sua irmã, sabia? — falo quando atendo.
— E eu já estou no seu apartamento — diz. — E dessa vez não
fui fotografado entrando.
— O que você está fazendo aí?
— Trouxe sorvete de creme e brownies daquela sua padaria
favorita. Pensei que você amaria ter uma noite de cinema com seu
melhor amigo.
Acabo sorrindo.
— Hum... O que aconteceu com você? Está mais fofo do que o
normal.
— Eu poderia dizer que transei, mas você atrapalhou minha
foda com uma morena gostosa... — Suspira, fingindo estar triste. —
Agora estou carente.
— Sinto muito, essa carência em específico, eu não posso
resolver — comento, me divertindo. — Vou voltar daqui alguns
minutos, ok?
— Tem certeza de que não pode mesmo? Você até disse hoje
de manhã que eu sou homem e você é mulher.
Sinto meu rosto ficar vermelho com a brincadeira de duplo
sentido.
Idiota!
— Deixa de falar bobagens, Chace Lawson.
Ele ri fraco.
— Não demore! Diga para minha irmã que ninguém precisa
ouvir sobre o casamento feliz dela.
Ele falou mais alto e Quinn à minha frente, ouviu.
— Invejoso! — ela esbraveja.
— Inveja? O casamento só serve para prender — justifica.
— Ei, senhor, “estou bem solteiro”, lembre-se que não vai ser
jovem para sempre. Precisa arrumar uma namorada, se apaixonar e
se casar — o lembro, sendo observada por minha amiga. — Pelo
jeito que sua irmã está me olhando, ela concorda.
— Ela concordaria com qualquer coisa para me foder.
A mais velha sorri de forma inocente.
— É óbvio! — Grita o mais perto do celular que consegue.
— Ok, vou desligar — falo. — Te vejo daqui a pouco.
Desligo a ligação e foco a atenção nas minhas amigas.
— Pelo jeito, não vamos comer a sobremesa, Quinn — Edina
diz, casualmente. — Preciso mandar as notas do seu término antes
que vejam o Chace saindo do seu apartamento de novo.
— Vocês dois... — A loira nega com a cabeça. — Não tem jeito.
Sorrio e dou de ombros.
Que bom que ela sabe disso.
Não vim aqui fazer amigos
Nós nascemos para ser lendas suburbanas
Quando você me abraça, segura juntos todos os meus pedaços
E você me beija de um jeito que vai acabar comigo
SUBURBAN LEGENDS – TAYLOR SWIFT

CHACE LAWSON
Aproveito a ausência de Ocean para tomar um banho.
Por mais que tenha feito isso antes de sair do campo de
treinamento, não consigo ficar sem meu segundo banho do dia.
Depois de me lavar, coloco uma bermuda azul-marinho da
Adidas e opto por ficar sem camisa. O aquecedor no apartamento da
loirinha funciona muito bem e como amo a liberdade de estar
confortável na minha casa, não penso que esta poderia ser uma má
ideia – afinal, sua casa é a minha também. Não teria problemas com
a minha vestimenta.
Há cinco anos, eu andava de cueca na frente da minha cantora
favorita. Quer intimidade maior do que essa? Ela tem sorte por eu
ser um homem decente e colocar uma bermuda.
Observo-me no espelho grande do banheiro e solto um suspiro.
Sou lindo pra caralho, então por que aquela meio-metro não
me enxerga como mais do que um amigo? Tudo bem que nem posso
culpá-la, não faço o mínimo para que ela me veja de outra forma.
Sou um otário.
Só essa explicação basta.
Meu cabelo molhado destaca ainda mais o loiro escuro, meu
corpo é um acontecimento que só foi possível com anos de
dedicação à academia e ao futebol, e meus olhos... não é porque
sou convencido, como meu melhor amigo costuma dizer, é que eles
são mesmo atípicos.
Azul acinzentado.
Ocean mesmo já disse o quanto ama a cor dos meus olhos.
Mas nem isso a fez se apaixonar por mim.
Eu me lembro exatamente do dia em que percebi que estava
ferrado por amar minha melhor amiga de uma forma mais intensa
do que o amor de irmãos que sempre deveria existir entre nós, que
estava fodido por desejá-la na minha cama, mas não dormindo
abraçada a mim, como se fosse da sua família, mas por baixo de
mim, por cima, de lado, de quatro, comigo a fodendo...
Porra! Não posso ter uma ereção agora. Já não basta o pau
duro de manhã por ter dormido de conchinha com essa mulher?
Eu devo me odiar mesmo por estar aqui nesse apartamento
para repetir uma noite de amigos.
Desse jeito, minhas bolas vão ficar roxas e não me
surpreenderei se meu pau cair!
De qualquer forma, o dia em que percebi que amava minha
loira foi quando ela me apresentou seu primeiro namorado e fiquei
com muito ciúme. No início, tentei negar para mim mesmo, dizendo
que minha cabeça estava cheia de fantasias da minha mãe, que
inclusive sonhava com um casamento entre nós, mas quando a
vontade de receber os beijos da loirinha se apoderou de mim,
percebi que não era isso.
Quase morri quando Ocean me falou sobre sua primeira vez
com o segundo namorado, e me sinto o homem mais triste do
mundo toda vez que ela me apresenta um novo homem, dizendo o
quanto está apaixonada.
Mas ainda assim, não consigo fazer nada.
Simplesmente não consigo reagir mais do que reajo.
Conheço Ocean Bailey há 27 anos e vejo que ela nunca me
enxergou mais do que um amigo. Então, por que tentar? A perderia
para sempre, por isso, prefiro viver na friendzone a não tê-la mais
na minha vida.
Clichê para um caralho! Eu sei. Também odeio isso.
Escuto a porta de entrada bater, indicando que a dona do
apartamento já está de volta. Coloco meu maior sorriso no rosto e
saio do banheiro.
— Boa noite, meio-metro! — Cumprimento-a enquanto ela tira
os saltos altos e coloca a bolsa que carrega no suporte. — Como foi
sua noite?
— Foi boa...
Tento ignorar o quanto ela está gostosa usando um simples
macacão preto de alcinha. Como isso é possível? Ela nem usa
maquiagem forte, e isso a deixa ainda mais linda. Os cílios dela
estão bem-marcados e os lábios estão com seu amado batom
vermelho.
Simples.
E ela ainda é a mulher mais gostosa e linda que já esteve na
minha frente.
O que eu não faria com aquele meio-metro...
Para de pensar nisso, Chace Lawson!
Ela parece meio abatida e isso corta qualquer pensamento
malicioso na minha mente. Lembro do motivo pelo qual Ocean não
está sorrindo de orelha a orelha depois de ter saído com suas
amigas e automaticamente sinto raiva.
Maldito Mark!
Se eu o encontrar — e tenho certeza de que vou — no estádio,
o derrubo diversas vezes.
— O que aconteceu?
Ela me olha de cima a baixo e suspira.
— Acha que está em casa? Vai colocar uma camisa. — Manda
enquanto se joga no sofá.
Ignoro o pedido e me sento ao seu lado.
— Não é como se você se importasse! — Aliso minha barriga
definida, atraindo o olhar da loirinha. Ela não olha para o meu corpo
com tédio, é mais parecido com curiosidade misturado com surpresa
neste instante, provavelmente porque evolui muito depois da última
vez que me viu sem camisa, mas na sua expressão do rosto não há
nada que consiga fazer com que mude de ideia sobre nossa relação.
Se ao menos eu enxergasse uma fagulha de desejo nele... — E
lembre-se que o que é bonito deve ser mostrado.
— Convencido. — Ocean me dá um tapa no ombro.
— O quê? Vai dizer que não me acha nem um pouco bonito?
Ela ri fraco e agarra minha bochecha, apertando-a.
— Lindo! — Balança meu rosto de um lado para o outro, me
tratando como um bebê. Odeio e amo isso ao mesmo tempo!
— Chega! — Seguro sua mão. — Vai me dizer o que está
acontecendo ou vou ter que arrancar de você?
— O jantar foi bom, só... elas falaram muito sobre o Mark, e
isso me deixou um pouco triste — explica, e isso faz muito sentido
com o que estou imaginando desde que a vi com o rosto abatido.
— Vem, vamos comer sorvete. — Levanto-me, puxando-a
comigo em direção à cozinha, onde estão as sobremesas que
comprei. — Sorvete e brownie sempre ajudam.
Deixo a loirinha em frente à ilha da cozinha e ela se senta
enquanto pego o sorvete no freezer, as colheres na gaveta do
armário, os pratinhos para sobremesas e o brownie delicioso que ela
ama.
Levo tudo para a bancada ao passo que a loira me observa
com os cotovelos apoiados no mármore.
— Os próximos meses vão ser corridos — comento, tentando
distrai-la com qualquer outro assunto. — Você iniciou sua turnê
semana passada e eu iniciei a temporada de jogos esse mês.
Ela acena enquanto me assiste servi-la.
— Quando você vai no meu show? — pergunta.
Empurro o prato com a sobremesa para ela e começo a me
servir.
— Sexta. Por quê? Já está sentindo minha falta? — provoco.
Eu fui na abertura da turnê, mas Ocean ama quando consigo
um tempo livre na agenda para ir aos shows dela. Devia ter
suspeitado que algo estava estranho no relacionamento dela pela
ausência do Mark. Que tipo de namorado não vai na estreia da sua
namorada? Só um que quer terminar.
Babaca! Nem para ir apoiar a mulher que dizia amar.
— Sabe que gosto de ter você lá — comenta e leva um pouco
do doce à boca. — Hum... Por que isso é tão bom?
Sorrio.
Sei que o humor dela vai melhorar com sua sobremesa
favorita.
— Só não vou em todos os seus shows porque tenho um
emprego que exige muito de mim e porque você ama me foder por
colocá-los nos finais de semana. Minhas partidas podem cair de
quinta a domingo, esqueceu?
— Não! — Ela fez um beicinho. — É só porque os shows são
melhores nos finais de semana. Todo mundo sabe disso.
Infelizmente, ela está certa.
Não que Ocean Bailey deixe de lotar um estádio em dias de
semana, mas é muito melhor a comodidade que ela e os fãs têm
quando as apresentações acontecem de sexta a domingo.
— E não é como se deixássemos de nos falar — ela comenta,
comendo mais um pouco. — Estamos sempre conversando por
mensagens.
Sorrio mais pela sujeira que ainda consegue fazer enquanto
toma sorvete do que pelo que ela acabou de dizer.
Minha amiga não está errada, com nossas profissões, é um
pouco difícil nos vermos sempre, e quando ela está namorando, é
ainda mais complicado.
Nos últimos cinco anos, tentamos nos ver no mínimo uma vez
por semana, mas houve semanas em que não conseguimos, o que,
de verdade, me deixou magoado. Sempre odiei aquele babaca que
ela chamava de namorado, e isso fez com que eu evitasse vê-la
quando sabia que ele estava por perto. Era por isso que nos
encontrávamos mais sozinhos do que quando o Mark estava junto.
É ruim que eu prefira ficar só com ela? É errado que eu esteja
contente por ter essa mulher quase que exclusivamente para mim
agora que ela terminou o relacionamento?
Passa a ideia de que estou feliz com a tristeza da minha melhor
amiga, mas juro que não é isso. Só estou aliviado por esse
relacionamento não ter dado certo...
Toda vez que Ocean falava sobre casamento, eu sentia vontade
de chorar, e olha que não choro com frequência.
— Meio-metro, você é uma bagunça — digo e dou a volta,
ficando na frente dela e limpando o cantinho do seu lábio.
Se estivéssemos em um filme romântico, haveria aquela tensão
maluca que faz com que o personagem se incline até ficar próximo o
bastante da protagonista para que ela sinta vontade de beijá-lo.
Quando se trata de coragem, sou o homem mais corajoso.
No campo, faço jogadas incríveis que deixam muitos da minha
equipe impressionados pela audácia.
Sempre dou o primeiro passo para levar uma mulher para
minha cama.
Flerto como ninguém.
Fodo como ninguém.
Mas quando se trata de Ocean, não consigo nem tentar seduzi-
la.
Podemos ver isso agora... Meu coração está acelerado com
nossa proximidade, mas ele está dessa forma sozinho porque no seu
rosto tudo o que vejo é uma tranquilidade muito comum quando ela
está comigo.
Limpo o cantinho da sua boca e a loira sorri como se fosse o
pai dela fazendo isso, e não a porra de um homem gostoso.
Sofro!
Eu nasci para sofrer nesse mundo.
Nem tenho coragem de levar meu dedo para minha boca e
limpar, apenas faço isso com o guardanapo em cima da mesa.
Covarde!
— Já tomou banho? — ela pergunta e faço que sim com a
cabeça. — Vamos fazer skin care juntos? Só preciso tomar um banho
primeiro.
— Hoje sou todo seu.
Subitamente, ela me abraça apertado, descansando a cabeça
no meu peito.
— Obrigada por ser o melhor amigo do mundo.
Sinto suas mãos nas minhas costas e aquela proximidade que
amo quando me abraça dessa forma. Ela é a única mulher que tem
essa liberdade comigo, nem mesmo minha irmã mais velha me
abraça como Ocean.
Abaixo minha cabeça e beijo o topo da dela, a abraçando de
volta.
— Sabe que estou sempre aqui, né? — pergunto, só para
confirmar.
Ela acena.
Sempre estarei e sempre serei visto como um amigo, então,
acredito que não tenha nada que eu possa fazer quanto à minha
friendzone.

— Você viu o que estão falando da gente? — pergunto para


Ocean, navegando na internet ao passo que a máscara facial trata
meu rosto. — Parece que sou seu amante.
Ela solta uma risada sincera enquanto para ao meu lado e se
encosta na bancada do banheiro.
— Sabe que não fico tanto nas redes sociais, mas Edina me
falou sobre. Até o final da semana, ela deve soltar uma nota
explicando que eu e Mark terminamos — explica. — Agora sobre
você... Essas pessoas sabem da nossa amizade desde que nós dois
estamos na mídia, e ainda insistem em dizer que temos algo.
Talvez seja porque os fãs de Ocean enxerguem que eu seria o
cara perfeito para ela? Essas estrelas do mar... É por isso que eu os
amo como se fossem meus fãs.
— Hum... O que acha de acabarmos com esse boato? —
pergunta.
— O que sugere?
Minha amiga pega o celular do bolso e se vira para o espelho.
— Vem, vamos tirar uma foto.
Fico surpreso. Não é como se não tirássemos foto o tempo
todo que estamos juntos, mas nunca para postar.
Ocean vai mesmo fazer isso?
— Sabe que vai quebrar a internet com essa foto, né?
Ela dá de ombros, mostrando o lado atrevido e valente que
tanto gosto. Arrumo a camiseta que fui forçado a colocar e a
observo melhor, usando a primeira camiseta que dei a ela do meu
time.
Roxo fica bem em Ocean. Minha roupa fica bem nela.
Porra!
Ela fica ainda mais gostosa vestida assim.
— Talvez isso os mantenha distraídos. — Aponta o celular para
o espelho. — Faça a sua melhor pose.
Como amo provocá-la por conta do tamanho, me abaixo o
suficiente para não ficarmos tão desproporcionais na altura e faço
uma careta. Ela revira os olhos antes de rir e colocar o dedo na boca
aberta com seu sorriso.
Escuto o barulho do clique da foto.
Olho para o celular e sorrio com o resultado.
— Não ficou fofa? — indaga, admirando a foto mais irmãos que
já tiramos na vida.
— Depois me manda, vou atualizar meu plano de fundo.
Ela me dá um tapa no ombro e a olho sem entender.
— Não vai usar nossa foto como plano de fundo, isso só o
afastaria de uma futura pretendente... Sabia que você pode esbarrar
com o amor da sua vida até em um mercado? O que faria se ela
visse a foto de uma mulher no seu celular?
Suspiro, me cansando só de ouvir o início daquela conversa.
— Como vai postar a foto? — Mudo de assunto.
Felizmente, ela me deixa escapar dessa.
Ocean abre os stories do Instagram e coloca a foto com a
seguinte legenda: sempre o melhor amigo e irmão do mundo.
Quando clica postar, ela me olha e forço um sorriso.
— Isso vai calar a boca deles — murmuro e aponto para nossas
máscaras. — Vamos tirar isso logo e dormir, o que acha?
— Estou mesmo com sono.
Ela concorda.
Posso não estar com sono, mas sei que prefiro dormir agora,
pois é sempre a oportunidade que tenho de estar agarrado à loirinha
sem parecer estranho.
Minha coisa favorita do mundo sempre foi estar na mesma
cama que ela, com seu corpo encaixado ao meu em uma dessas
conchinhas, enquanto a sinto mudando a respiração conforme pega
no sono ao meu lado.
Não existe nada mais íntimo do que isso, e me sinto sortudo
por mesmo depois de adultos, mantermos esse costume entre nós.
Pelo menos, tenho um pouquinho dela para confortar meu
coração. O que mais poderia pedir?
E sei que isso foi há muito tempo
E aquela magia já não está mais aqui
E eu posso estar ok, mas não estou nada bem
ALL TO WELL – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Não consigo dormir.
Penso em incomodar Chace ao meu lado, mas pela forma como
seu braço descansa na minha cintura, parece que ele está dormindo.
Consigo entender por que da minha insônia assim que
descanso minha cabeça nos travesseiros.
Sinto um grande buraco no peito por não ter a pessoa que
gostei e que há cinco anos, me permiti abrir meu coração para ele.
É diferente de sentir falta.
E eu não me sinto sozinha, não quando tenho meus melhores
amigos comigo.
Mas sinto que não fui boa o bastante para que Mark
continuasse comigo.
Afinal, qual o problema que eu tenho? Tive cinco namorados e
nenhum deles deu certo.
Será que nunca encontrarei alguém que me ame pela forma
que sou? Que abrace toda a bagagem que vem comigo? Que seja
paciente, gentil, amoroso e bom?
Sinto-me uma idiota por achar que Mark era essa pessoa.
No início, foi tudo tão... mágico. Como nos tornamos uma
música tão triste? Do tipo que não aguenta o replay muitas vezes
seguidas?
Um caroço sobe na minha garganta, e até tento evitar chorar,
mas tudo é muito recente e se tem uma coisa que aprendi com
meus términos, é que preciso viver cada fase deles.
A que estou vivendo é sempre a pior.
Sempre penso que nunca irei encontrar alguém como ele...
— Ei, meio-metro. — Chace se move ao meu lado e me vira de
frente para ele. Meu amigo já me viu chorando antes, mas é sempre
ruim ter alguém te olhando nesses momentos. Mas ainda assim, se
existe alguém que confio para mostrar minhas vulnerabilidades, esse
alguém é ele. — Por que está chorando?
Fungo enquanto o running back tenta limpar as lágrimas que
escorrem pelo meu rosto.
— Sabe como é... meia-noite, mente vazia e insônia. — Todos
os recentes acontecimentos.
Mark Gallagher.
Ele solta um suspiro que mais soa como frustrado do que
benevolente.
Tudo bem. Eu entendo.
Deve ser chato para ele estar aqui me consolando pela quinta
vez por mais um relacionamento que não deu certo.
— Não consigo parar de pensar que talvez seja para eu ficar
sozinha — admito, tentando parar de chorar.
— Não diga bobagens. — Ele limpa meu rosto. — Você é nova
ainda. Pense que esse término vai gerar mais sucesso com as
músicas que vai compor e, consequentemente, vai ficar mais rica.
Acabo soltando uma risada pelo jeito tão natural dele falar.
Dou um tapa no peito dele e o loiro segura minha mão, a
levando para perto do rosto e a beijando. Seu gesto de carinho me
causa um estremecimento que sobe pelos meus braços em arrepios.

Ele é sempre mais carinhoso quando estou solteira, e tenho


certeza de que o ordinário se aproveita disso.
Desço meu olhar pelo seu corpo quase todo coberto pela
coberta e pelas roupas, mas isso não me faz esquecer do que vi
assim que cheguei em casa. Desde quando Chace havia criado tanto
gominho no abdômen? Quando, exatamente, que ele ficou ainda
mais malhado? Fiquei um pouco surpresa, não vou mentir. Ainda que
já tivesse o visto sem camisa no passado, nada pode ser comparado
com como ele está nos dias de hoje.
É impressionante...
Por que estou pensando nisso?
— Estou errado?
— Não está! Gravei a demo de uma hoje, assim que estiver no
meu celular, mando para você — digo, voltando para o assunto
principal. Música.
Ele sorri.
— Essa é a minha garota.
É sempre impossível continuar chorando quando meu amigo
está por perto, e esse é um dos motivos que o amo tanto. Sempre
quando estamos juntos, é leve e me lembra de casa, de
antigamente, quando nossa maior preocupação era como iríamos
persuadir nossos pais a nos deixarem dormir juntos.
— Acha a nossa amizade estranha? — pergunto e sei que é do
nada, pois ele me olha sem entender. — Tirando que não nos
beijamos e nem transamos, parecemos namorados de vez em
quando.
Esqueço-me de que com Chace não se pode falar muitas coisas
sérias e acabo ficando sem palavras quando ele responde:
— Por quê? Quer me beijar e transar comigo?
Minha mente também fica branca ou azul, como a tela do
Windows quando o sistema morre. Acho que o safado percebe pela
minha cara o quão perplexa estou e começa a gargalhar.
— Idiota! — Tento soltar minha mão do agarre da dele para
dar outro tapa, mas não consigo.
Ele é forte.
— É o meu jeitinho.
— Você e esse jeitinho que não leva nada a sério. — Um idiota,
como pode ser meu melhor amigo?
— Por que está achando nossa amizade estranha? — ele
resolve perguntar quando nem tenho resposta para isso. — Você
está solteira, eu estou solteiro. Não existe problema em dormir com
o amigo, pare de ver malícia ou irei achar que quer meu corpo nu.
Reviro meus olhos. Estou dando a entender isso?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra, sabia? —
rebato. — Apenas fiz uma pergunta.
— Não acho — ele finalmente responde. — Estou confortável
com isso e você?
— Nunca estive desconfortável com você — admito e ele sorri.
— Ótimo! — Fecha os olhos e entrelaça nossos dedos. —
Vamos dormir agora. Meu trabalho de fazê-la sorrir já está feito.
Cretino!
Antes de fechar meus olhos, inclino-me na sua direção e beijo
a bochecha dele, sentindo-o estremecer ao meu lado. Quase sorrio
ao perceber que o peguei de surpresa.
— Está se aproveitando de mim? — murmura.
— Amo você, Chace Lawson — declaro.
— Eu também, meio-metro. — Beija nossas mãos entrelaçadas.
— Muito.
E então consigo fechar os olhos e dormir tão rápido como se
não estivesse pensando em todas aquelas coisas sobre não ser
suficiente.

— Adivinha quem é a artista feminina mais reproduzida do


Spotify atualmente? — meu pai pergunta ao entrar no meu camarim
com um sorriso que poderia rasgar seu rosto. — Essa não é outra
recompensa incrível para quem acabou de fazer mais um show
esgotado?
Não consigo conter minha felicidade com a notícia e acabo
pulando nos braços do meu velho.
— Estou tão feliz por tudo que está construindo, minha filha —
ele diz com a voz embargada. — Nada tira da minha cabeça que
esse é o seu lugar. Sempre foi.
— Obrigada, pai.
O homem que, além de desempenhar o papel de melhor pai do
mundo, também é meu empresário, me afasta pelos ombros e me
olha de cima a baixo com orgulho.
— Linda!
Ainda estou vestindo o body verde adornado do show e as
botas de salto alto preta.
— Fez um ótimo show, como sempre.
— Estava um pouco nervosa — admito, me encostando na
mesa que costumo me maquiar. — Foi o primeiro show que todos
sabiam sobre o meu término. Senti que alguns dos meus fãs
estavam com pena de mim.
Há alguns dias, Edina enviou para a mídia, uma nota
declarando meu rompimento com o Mark, e isso ainda é o assunto
mais comentado do momento. Meus fãs já não gostavam tanto do
quarterback quando estávamos namorando porque ele sempre
evitava falar e ser visto comigo, e agora com o término, estão
procurando algum motivo para odiá-lo ainda mais. Todos querem
entender o porquê, já que apesar de tudo, parecíamos bem juntos.
— Você vai superar isso, filha.
— Eu sei.
Sempre fui boa em seguir em frente, e não vai ser agora que
deixarei de ser.
Alguém bate na porta e, em seguida, a cabeça de Chace surge
entre o vão.
— Posso entrar?
— É claro, filho — meu pai diz.
Se existe uma coisa que odeio, é a minha altura de 1,51m, que
me faz parecer uma formiga perto dos 1,80m de Chace, mesmo
usando meus saltos de 10 cm. Agora mesmo, ele entra no camarim
e parece ainda mais alto do que já é.
Antes de se aproximar, noto que está escondendo algo atrás
das costas e tento espiar, inclinando a cabeça para a direita, mas
não consigo ver o que é.
— Curiosa — ele acusa e sorrio inocentemente. — Isso é para
parabenizá-la pelo show incrível, o recorde de artista feminina mais
reproduzida, e para acalmar sua TPM que sei que começa essa
semana.
Minha risada fica presa na garganta quando ele me estende
um buquê de Ferrero Rocher, o meu chocolate favorito, com uma
rosa vermelha no meio, entre todos os bombons de embalagem
dourada.
— Sabe como mimar minha filha, hein? — meu pai zomba ao
meu lado.
Olho para o running back, ainda surpresa com sua atitude.
— Sabe que posso ficar mal-acostumada, né? — pergunto e
me aproximo, pegando o buquê da mão dele. — Nunca vou acreditar
que sabe quando começo a entrar na TPM.
— Chamo isso de muita intimidade, sabia? — Faz uma careta.
— Muita! Chega a ser bizarra.
Dou um tapa no ombro dele.
— Obrigada! — Abraço o buquê. — Eu amei o presente.
— Não queria ser chato e dizer que sempre avisei que você
seria um sucesso, mas sabe que não posso perder a oportunidade
de me gabar. Eu avisei, meio-metro, e escute o que estou dizendo,
ainda irá dominar o mundo.
Meu pai se aproxima e aperta o ombro do meu melhor amigo.
— Ela ainda pensa que não pode fazer isso quando, na
verdade, já está dominando — meu velho comenta ao me olhar com
um sorriso enorme.
Não é que eu não confie no meu potencial.
É só que tudo ainda é muito maluco.
Há dez anos, ninguém me conhecia, e agora... sou uma artista
extremamente popular.
— Você não se chama Ocean à toa, minha filha — meu pai
fala. — Sua mãe e eu colocamos o nome do oceano porque
sabíamos que seria grande em qualquer área que escolhesse para
sua vida. E olhe agora... como um oceano, você domina esse
planeta, e suas estrelas do mar estão sempre contigo.
Quando nomeei meus fãs dessa forma, me pareceu certo pelo
significado do meu nome, e inclusive, tenho uma música falando
sobre isso, mas quando nossos nomes ficam juntos na mesma frase,
me dá mais certeza de que não podia ter escolhido melhor.
— Querem me fazer chorar? Estou sensível.
— Pai, ela está entrando na TPM, é melhor nem provocar —
Chace comunica.
Ele tem essa mania de chamar meu velho de pai, assim como
eu chamo os dele de tio e tia.
Mais uma pessoa bate na porta e dessa vez é Edina.
— Oi, desculpa incomodar — diz ela. — Mas Athena está aqui,
ela veio no seu show e queria dar um oi.
Não escondo minha surpresa e olho para os dois homens da
minha vida.
— Viu? Falei que você é extremamente famosa. — Meu amigo
se gaba.
Ela é uma cantora que admiro muito, com estilo musical mais
alternativo e indie, além de ser uma excelente compositora. Tanto a
ponto de ser uma inspiração diversas vezes na minha carreira.
Tranco a respiração quando a vejo entrar no camarim.
Alta, o cabelo com a raiz escura e o comprimento roxo, olhos
verdes, o nariz fino e o rosto bem desenhado. Ela parece uma
personagem de filme. Athena está usando uma calça moletom da
mesma cor de seu cabelo e uma blusa regata estilo cropped preta,
mostrando parcialmente a barriga. Tão linda quanto as fotos da
internet.
Nunca tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente e agora
estou um pouco nervosa.
— Oi, Ocean! — Ela sorri de forma simpática. — O show foi
incrível e é um prazer finalmente conhecê-la.
Ela se aproxima e sem que eu espere, me abraça apertado.
— Agora entendo por que todo mundo não quer sair do seu
show, é uma experiência única.
— Obrigada! — Agradeço quando nos afastamos. — Sou uma
grande fã sua, sabia? Seu último álbum... é simplesmente incrível!
— Ouvi você falar sobre ser minha fã em uma entrevista, e
quase não acreditei. — Sorri para mim e olha para o running back ao
meu lado. — Oi... É Chace, né?
Ele acena.
— Chace Lawson, prazer em conhecê-la. — Meu amigo
estende a mão e ela aperta.
— Não sou tão apegada ao futebol, mas quem nunca ouviu
falar de você? Tem se destacado como o melhor running back de
todos os tempos.
A cantora também cumprimenta meu pai e depois se volta para
mim.
— Só passei aqui rapidamente, mas... — Ela segura a mão que
não estou segurando o buquê de chocolate. — Gostaria muito de
conversar com você futuramente, quem sabe não poderemos
trabalhar juntas? Acho que temos letras profundas que fariam uma
ótima colaboração.
Arregalo meus olhos.
— Sério?
Ela assente.
— Claro!
— Seria um sonho... Meu Deus!
— Deixei meu número com Edina, pegue com ela e entre em
contato comigo, ok? Preciso ir porque tenho uma filha pequena para
cuidar.
Navy... Esse é o nome da filhinha dela.
Se não me engano, Athena engravidou quando tinha 30 anos,
mas não faço ideia se é casada com o pai da criança ou não. Essa
mulher consegue manter sua vida privada muito bem, e não é como
se eu ficasse procurando fofoca na internet sobre as pessoas do
meu meio.
— Eu vou ligar.
— Ótimo!
Ela acena para todos e me dá mais um abraço antes de sair do
camarim, acompanhada de seu agente.
Olho para Chace, meu pai e Edina, ainda perplexa.
— O que acabou de acontecer?
Minha amiga e RP se aproxima e não consegue esconder o
sorriso.
— Acho que é a vida dizendo que você é incrível a ponto de
fazer uma parceria com um dos seus ídolos.
Meu pai me abraça de lado pelo ombro e com outro braço faz o
mesmo na cintura de Chace.
— O que acham de uma comida caseira lá em casa para
comemorar?
Sinto meu estômago roncar no mesmo momento.
— Você leu meus pensamentos.
Nós rimos.
Chace me olha e pisca para mim.
— É melhor aproveitar minha presença hoje, porque amanhã
serei 100% dos Octopus — diz, se referindo ao seu time.
Não deixo de ficar triste.
Os treinos dele voltarão a ficar mais intensos e preciso focar
nas letras do próximo álbum que vou lançar. Nosso tempo será
mesmo curto, mas acabaremos achando uma forma de nos
organizar só para nos vermos.
Nós sempre fomos bons nisso.
Mas eu continuo seguindo em frente
Não posso parar, não vou parar de me mexer
É como se tivesse uma música
Na minha mente, dizendo que tudo vai ficar bem
SHAKE IT OFF – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
É sempre estranho como o tempo passa rápido, mas sempre
faz sentido quando penso no quanto estamos ocupados. Realmente,
não há outra forma de ser, é só aceitar que, num piscar de olhos,
começamos o ano e, no outro, já estamos chegando no final dele.
Já estamos em novembro e, por jogar a semana toda, treinar
quase todos os dias, e viajar constantemente para os locais que
acontecerão os jogos, mal vejo o tempo passar.
Saio da sala em que tivemos uma reunião com nosso técnico,
Reggie Lurie, para definir as estratégias do jogo de domingo, e vou
em direção ao vestiário. Hoje foi o último dia de treino antes do
feriado de Ação de Graças que será amanhã e estou exausto; parece
que nosso técnico decidiu gastar toda a nossa energia, esquecendo-
se completamente de que nos encontraremos aqui na sexta-feira.
Felizmente, nosso jogo será em Nova York, e conseguirei
aproveitar o dia de amanhã com minha família na casa que tenho
em Nova Jersey.
— Cara, como você está? — Cole para ao meu lado e olha ao
redor. — Nós vamos jogar contra os Titans no domingo, e não sei se
me assusto com sua calmaria ou se me preocupo.
Suspiro.
Está aí a parte infeliz do próximo jogo: o maldito Mark
Gallagher.
— Estou bem — minto. — Não é como se eu nunca tivesse o
enfrentado no campo antes.
O enfrentei quando era namorado de Ocean, por que seria
difícil agora?
— Sou seu amigo tempo o suficiente para saber que existe
uma diferença quando o cara é namorado da sua melhor amiga, que
você respeita o relacionamento, para quando ele é o ex que a fez
chorar.
Abro a porta do meu armário com mais força do que o
necessário.
A dificuldade é essa.
O desgraçado fez minha loira chorar e foi um completo idiota
com ela.
— Vou separar meu lado pessoal do profissional. Prometo!
— Até porque, agora que pararam de falar que você e Ocean
estão em um relacionamento secreto, não precisamos de repórteres
caindo em cima por causa da sua raiva de Mark Gallagher no campo.
Essa história é tão estúpida!
Depois da declaração que Edina soltou para mídia, alguns
meses atrás, pensei que tudo voltaria ao normal, mas fui iludido. A
internet toda comentou sobre o término, e me incluíram no meio,
tirando de suas próprias imaginações, que Ocean havia terminado
com o idiota porque me amava mais do que um amigo.
Eles nem imaginam, mas eu gostaria que isso fosse verdade.
Depois da foto que a meio-metro postou de nós dois fazendo
skin care juntos, tudo piorou porque ela estava usando minha
camiseta do time. Para eles, não importava que a legenda frisava o
quanto somos melhores amigos, eles enxergaram apenas o que
queriam.
Claro que tem os fãs que entendem, só que muito deles,
queriam acreditar que estamos juntos.
Então, apenas deixei isso de lado, e minha amiga fez o mesmo.
Aproveitamos para nos vermos muitas vezes, escondidos de
todos, nos últimos quase três meses, pois não queríamos que os
comentários a nosso respeito continuassem.
Foi uma boa decisão para ela, que passou pelos primeiros
meses do término focada em sua turnê de sucesso, e eu estou
focado em chegar no Super Bowl, e não em fofocas que,
sinceramente, eu gostaria que fossem verdade a nosso respeito.
— Não vou cair em cima dos Titans mais do que o necessário
— prometo ao meu melhor amigo, que não é o quarterback do time,
mas age como um, exclusivamente para mim. — Por falar nisso...
Você e Kyle vão no show de Ocean na sexta?
Faz semanas que ele está saindo com uma das modelos mais
bem pagas dos Estados Unidos; no entanto, até o momento, eles
não assumiram publicamente nenhum relacionamento. Como seu
melhor amigo, sei o quão apaixonado ele está por essa mulher e
percebo que não vai demorar muito para ele pedi-la em namoro.
— Eu tenho outra escolha? Kyle é muito fã da Ocean e não
conseguiu ir a nenhum dos shows antes por causa da agenda
lotada, ela quer muito ir na sexta.
— Até porque, esse é o último show na América do Norte, ela
não conseguiria ir em outro — o lembro e sorrio. — Vai aparecer
com ela publicamente, então?
Cole parece só se dar conta disso agora, pois arregala os olhos
em minha direção.
— O que foi? Isso é um problema? — pergunto.
— Não, é só que... não tinha parado para pensar nisso.
Bagunço seu cabelo.
— Você é lerdo!
— Para, Lawson! — manda, arrancando minha mão da sua
cabeça. — Acho que vou pedi-la em namoro, cara.
— E ainda não pediu? Tem dias que está viajando nesse
vestiário pensando nela. — Como amo provocar meus amigos
apaixonados! Ele me encara, zangado. — O que foi? Sabe que não
estou mentindo.
— Está exagerando, como sempre faz.
— Estou? Certeza? — Vejo Clyde, nosso quarterback, se
aproximar. — Ei, Clyde! Não é verdade que Cole está sempre
perdido, com a carinha de apaixonado por aqui?
O jogador ri.
— Não só aqui. Viu a cara dele numa hora em que estava
passando o vídeo do jogo mais cedo? Ele nem parecia estar no
planeta terra.
Fisher revira os olhos quando rimos.
— Idiotas!
— Se perdermos por sua causa, vou expor sua falta de atenção
na internet — Clyde ameaça de brincadeira, ou não. — É bom estar
apaixonado, Cole. Aproveite e a peça em namoro logo.
— Concordo! — falo.
O quarterback acena para nós.
— Preciso ir, marquei de me encontrar com meu irmão às
cinco.
Fazemos um toque e ele pega suas coisas, saindo do vestiário
em seguida.
— Você concorda? Não tem que dar pitaco em nada quando
sua vida amorosa é um desastre.
Não deixo de me sentir ofendido com o que diz e faço minha
melhor cara para demonstrar esse sentimento.
— Minha vida sexual está ótima! Te falei da mulher com quem
transei na semana passada? Uma grande gostosa.
Ele faz uma careta.
— Não estou falando sobre sua vida sexual deprimente para
esconder o coração partido pela friendzone. — Ai! Essa doeu!
Cole e meus irmãos são os únicos que sabem como realmente
me sinto em relação à Ocean, e confesso que não sei se foi uma boa
ideia deixá-los saber. Eles vivem esfregando meu sofrimento na
minha cara, como se eu pudesse mudar alguma coisa de uma hora
para a outra.
Desvio o olhar do Fisher e vejo o garoto de 20 anos, Thomas
Azzaro-Gauthier, pegar sua mochila no armário. Ele acabou de sair
do banho, o cabelo loiro está molhado e algumas gotas escorrem
pelas costas, molhando a camiseta do time que usa.
O garoto é quarterback reserva do nosso time, recém draftado
e, puta que pariu, é um prodígio no campo.
— Ele é bom, né? — Mudo completamente de assunto e Cole
segue meu olhar. — Acho que em breve, ele vai ter a chance de
mostrar para nosso público o quanto é bom conosco em campo.
Thomas é um garoto ainda, porém tenho certeza de que em
breve, jogará conosco. O técnico não é idiota de deixar um talento
tão bom quanto o dele na reserva por muito tempo.
O moleque acena e sorri para nós.
— Ei, pirralho, gosta da Ocean?
— A cantora? É claro! Existe alguém nessa América que não
gosta? — ele pergunta, com o sorriso e olhar divertido e gentil de
sempre.
Gosto dessa criança.
— Cole e eu vamos no show dela na sexta, quer ir?
Thomas parece surpreso com o convite e não esconde o
quanto fica animado com a ideia de sair com a gente pela primeira
vez.
— É claro!
— Ótimo. — Sorrio. — Traga roupa para se trocar depois do
treino, pois iremos sair daqui.
Ele concorda.
— Obrigado pelo convite, Chace. — Aponta para a porta de
saída. — Preciso ir agora.
— Vai pela sombra, garoto! — Cole o provoca quando já está
quase saindo do vestiário.
Dou risada.
— Sombra? Ele vai na Mercedes dele, babaca. — Dou um tapa
na nuca do cara que chamo de amigo.
Thomas é filho de uma das maiores famílias de empresários
bilionários dos Estados Unidos, e Cole o tratando como um simples
garoto, meu amigo é mesmo um idiota.
— Vou me arrumar para vazar daqui também — comento,
pegando minha roupa de banho no armário. — Já gastei muito
tempo com você.
— Admite que não vê a hora de chegar amanhã para passar o
feriado com sua melhor amiga.
Reviro meus olhos e fecho o armário com força.
— Cala a boca!
Não nego, porque infelizmente, ele tem razão.

Minha mãe é sempre exagerada.


Ela nunca consegue fazer pouca comida no dia de Ação de
Graças, e é por saber disso, que a partir desse ano, vou separar um
pouco de cada prato em marmitas para levar ao abrigo que ajudo a
cuidar financeiramente aqui em Nova Jersey. Não tem muitas
crianças, mas imagino que elas devam sentir falta de uma comida
caseira.
— Sabe que existe apenas umas 10 crianças para alimentar no
abrigo, não 20, né? — provoco a senhora Cora Lawson, que está
fazendo outro prato de salada. — Hum... O peru cheira muito bem.
Abraço minha mãe por trás e ela não demora para reclamar.
— Se você não vai ajudar, não estorve, garoto.
Dou risada e beijo a bochecha dela, ouvindo seu resmungo.
— Ocean não chegou ainda? Por isso está aqui me
perturbando?
Saio de perto da mulher que me deu à luz, pois ela pega uma
faca. Mesmo que seja para cortar as cenouras, tenho um pouco de
amor pela minha vida para arriscar ficar perto.
— Ela deve chegar daqui alguns minutos — respondo e escuto
o barulho de Lila, minha sobrinha de sete anos, lá na sala. — Por
outro lado, sua neta está bagunçando toda a sala de estar.
Minha mãe não consegue evitar o sorriso.
— Deixe a menina em paz! Lila ama a casa da vovó.
— Quando eu era criança, não me deixava bagunçar a casa
com Ocean.
Meu irmão mais velho entra na sala no mesmo momento.
— Não acredito que está com ciúmes da sua sobrinha, Chace.
— Jaylen me dá um tapa na nuca. — Se situe, criança.
Reviro os olhos.
— Deixa de ser idiota! Vou ter que chamar Harper para levá-lo
para o buraco em que saiu? — pergunto, me referindo à minha
cunhada. — Ninguém te chamou para a conversa.
Minha mãe nega com a cabeça.
— Por que fui ter três filhos, Senhor? Apenas um já era o
bastante.
Semicerro os olhos na direção dela.
— Talvez dois — ela completa. — Quinn tomou jeito agora.
A olho, incrédulo.
— Você acabou de dizer que não queria que eu nascesse?
Como pode ser tão sem coração?
A velha maluca aponta a faca para mim.
— Como vou ter se você já o infartou várias vezes? —
pergunta, e me finjo de sonso, que não está entendendo o que ela
está dizendo. — Quando vai tomar jeito, garoto? Gracie me ligou
dizendo que precisou pagar uma nota para que fotos suas com uma
garota não fossem vendidas na internet.
Suspiro.
Eu não posso nem foder mais!
Como poderia imaginar que havia pessoas me seguindo na
semana passada?
Acabei sendo fotografado entrando no hotel de sempre com
uma modelo que conheci naquele dia mesmo.
No dia seguinte, acordei com Gracie Kostek, minha prima e
agente, que também cuida da minha imagem, gritando nos meus
ouvidos para eu tomar mais cuidado.
— Se focasse em arrumar uma futura esposa, eu poderia voltar
a ter coração.
— Exagerada — digo para minha coroa. — Estava curtindo.
— Nossa mãe tem razão em puxar sua orelha — meu irmão
mais velho começa a defender. Ele não perde uma oportunidade de
chamar minha atenção. — Você tem uma imagem pública vinculada
ao seu trabalho. As pessoas o amam porque você mostra quem é
nas entrevistas, mas sabe o quanto essa gente pode mudar de
opinião rapidamente? Eles sabem que você é solteiro, mas se
descobrirem que está ficando com uma garota a cada semana, vão
reduzi-lo a isso, ignorando até mesmo o seu bom coração.
Minha mãe larga a faca e se aproxima de nós.
— Não se esqueça que é o melhor amigo da Ocean. Não quer
que a imagem da nossa garotinha se resuma a melhor amiga de um
cafajeste, né? — É como se eu tivesse cometido o maior crime do
mundo e odeio essa sensação, principalmente quando trazem a
loirinha para o assunto. — Não está mais na faculdade, querido. Já é
homem, e precisa arrumar seu futuro... Olhe para seu irmão e sua
irmã, eles tomaram jeito.
Acontece que o “tomar jeito” para minha mãe se resume a
uma palavra: casamento.
— Eu sempre fui santo — meu irmão se defende.
E infelizmente, tenho que concordar.
Minha irmã que sempre foi mais maluca da cabeça.
Ela curtiu muito a vida de solteira antes de se amarrar ao
Kendrick. Pelo menos, evitou que nossa mãe tivesse um infarto,
pois, ao contrário de mim, Quinn não tinha o menor cuidado em
manter sua diversão privada. Ela saía para festas, era fotografada
bebendo e beijando desconhecidos, causando o caos no mundo
artístico.
Louca, mas a amo mesmo assim, e confesso que sinto falta de
ir a uma festa com ela.
— Melhor nem me lembrar do que já sofri com seus irmãos
solteiros ao mesmo tempo. — Minha velha coloca a mão no coração,
exagerando no drama. — Vejam, nem bate mais, de tão fraco que
está ficando.
Dou risada e beijo sua bochecha.
— Dramática! E pode esquecer essa ideia de casamento, já
falei que isso não é para mim.
Ela semicerra os olhos em minha direção e nega algo com a
cabeça.
Se ela soubesse que a única mulher com quem aceitaria me
casar é Ocean Bailey, organizaria a cerimônia em menos de 24 horas
e forçaria minha amiga a se casar comigo.
Sim, ela é nesse nível.
Não, minha mãe não faz ideia de que sou apaixonado pela
cantora e, graças a Deus, tenho um lado artístico ótimo que me
permite ser um ator excelente, escondendo meus sentimentos muito
bem, ou ela já teria bancado a fada madrinha e, com certeza, teria
estragado tudo.
Dona Cora tem essa mania de se envolver nos relacionamentos
dos filhos. Quando Jayden se apaixonou e não sabia o que fazer a
respeito disso, ela marcou um encontro com ele e Harper nesta
casa. Infelizmente, eu não estava aqui para prestigiar o momento
constrangedor que ocorreu quando minha mãe jogou na mesa que
seu filho mais velho amava aquela que se tornou sua nora.
Sorte dela é que Harper sentia o mesmo ou então dona Cora
teria estragado tudo.
Imagina se ela soubesse sobre meus sentimentos por Ocean?
Acabaria deixando escapar e nos afastando completamente, antes
mesmo que eu pudesse tentar conquistar o coração da minha
amiga.
— Cuidem do peru porque preciso jogar uma água no rosto
depois de não ser levada a sério — ela diz e sai da cozinha em um
piscar de olhos.
— Agora sei de onde puxei o lado dramático — comento,
sorrindo e olho para meu irmão, que me encara sério. — O que foi?
— Não gosta da ideia de casamento porque não é com Ocean,
né? — provoca e bato em seu ombro com força. — Ai! Babaca!
— Cala a boca.
Ele esfrega o local que atingi.
— Nunca vou entender como consegue foder várias garotas
estando apaixonado por uma — comenta, não me dando ouvidos e
continuando com o assunto. — Isso vem desde a época da escola.
Se não fosse meu irmão falando essa bobagem, eu nem
acreditaria que escutei isso. O olho com tédio.
— E meu pau é conectado ao meu coração, porra? —
respondo, sem esconder minha irritação. — Esperava o quê? Que eu
ficasse chorando por aí enquanto ela estava amando e feliz com o
namorado da vez? Tenho amor-próprio.
— De que o senhor cheio de amor-próprio está se gabando
dessa vez, Jaylen? — Escuto a voz de Ocean atrás de mim e me viro
rapidamente. O que ela escutou? Pelo seu sorriso, não parece ter
sido nada demais, e me sinto mais aliviado quando ela confirma ao
se aproximar e me abraçar. — Oi, Mr. Lindo.
Sorrio e a abraço apertado, não me importando em tirá-la do
chão quando a ergo nos meus braços.
— Chace Lawson! — ela solta um gritinho no meu ouvido.
Ninguém pode me julgar.
Faz uma semana que não vejo esta loirinha.
— Não estava me gabando da minha beleza por mais que
devesse — digo, colocando-a no chão de novo. — Senti saudade,
meio-metro.
— Eu também. — Ela bate no meu ombro e nos afastamos. —
Oi, Jaylen.
O abraço no meu irmão é muito mais contido do que em mim.
— Oi, Ocean.
Quando ela volta a ficar ao meu lado, descanso o braço ao
redor do seu ombro.
— Do que estavam falando então?
Nem preciso olhar para meu irmão para saber que seus olhos
estão em mim, desafiando-me a falar alguma coisa, como sempre.
Ele sempre quis que eu fosse sincero com Ocean sobre meus
sentimentos, mas acreditem, não posso confiar em alguém que é
um ogro quando se fala em demonstrar sentimentos.
Jaylen é muito direto, para ele, é tudo no preto e no branco,
sem frescuras.
Não sei como Harper o ama.
Ele é o homem mais antirromântico do mundo.
— Sobre minhas habilidades na cama.
Ela revira os olhos.
— Seu irmão é um pervertido, Jaylen.
— Concordo, Ocean — meu irmão diz. — Deveria tomar
cuidado com ele.
O desgraçado pisca para ela, em uma clara piada interna e se
afasta de nós, indo ver o peru no forno.
Olho para a loirinha ao meu lado.
— Vamos lá para a sala. Seu pai veio com você?
Ela assente com a cabeça.
Saio da cozinha com a loira antes que Jaylen fale alguma
merda.
A chuva caia com força
Quando eu estava me afogando, foi aí que finalmente pude respirar
E de manhã
Não havia mais nenhum vestígio seu, acho que finalmente estou limpa
CLEAN – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu amo a família Lawson e a facilidade com que cada um tem
de deixar o ambiente leve, divertido e feliz em um piscar de olhos.
Os Lawson, comparados à minha família, são uma família
grande. A senhora Cora teve três filhos, dois já são casados, e o
mais velho deles, Jaylen, de 33 anos, tem uma garotinha chamada
Lila que amo mimar. Ela é quase minha sobrinha também, para o
desespero do Chace. E quando ela só quer saber de mim, como o
bom dramático que é, o jogador tem um pouco de ciúmes.
— Estou feliz que vieram passar esse feriado com a gente, Paul
— o pai de Chace, Edie Lawson, diz enquanto almoçamos. — Pensei
que com a turnê da Ocean, nem conseguiriam.
Sempre tivemos o costume de passarmos feriados
comemorativos juntos, isso desde que minha mãe era viva, porém
nos últimos anos, acabei falhando muito nesta tradição.
Quando penso em tudo o que perdi por causa do Mark, me
sinto uma completa idiota.
Passei os últimos feriados com a família dele porque realmente
me entreguei ao nosso relacionamento, o amei com tudo o que
tinha, mas isso serviu para quê? Apenas para colecionar mais uma
decepção amorosa.
— Temos a nossa menina de volta à mesa — Quinn diz,
animada, ao erguer uma taça de champanhe. — Podemos até fazer
um brinde.
— Exagerada! — comento, cortando o peru no meu prato. —
Prometo que irei passar todos os feriados com vocês novamente.
Chace ri baixinho ao meu lado.
— Isso até você arrumar um novo namorado. — O tom de voz
dele não é provocativo, é zangado.
Eu reconheceria isso mesmo se ele tentasse fingir.
— Não! — Lila, minha maravilhosa sobrinha emprestada,
protesta. — Não quero a titia Ocean longe.
— Fique tranquila, meu amor... A sua titia aqui não vai arrumar
mais ninguém. Ficarei solteira pelo resto da minha vida.
Todos, sem exceção de nenhum, dão risada.
Poxa!
Custa acreditar em mim?
— É sério! — digo, firmemente. — Chega de romances.
Mulheres também podem ter casos sem compromisso, não podem?
Acho que vou aderir ao estilo de vida do meu melhor amigo.
Chace se engasga ao meu lado e bate em seu próprio peito
para se recuperar. Viro meu rosto para ele, sem entender por que
tanto espanto.
— O que foi? Falei algo errado?
É algo que venho pensando nos últimos dias.
Talvez meu maior problema seja ficar procurando o amor em
todos os caras que saio. Eu sou jovem, bem-sucedida, famosa, e
meus fãs vivem aumentando minha autoestima quando gritam o
coro de “gostosa” nos shows. Então, por que não aproveito isso?
Até comecei a escrever uma música sobre deixar o amor de
lado e usar os homens como eles nos usam, tudo como se fosse um
grande jogo em que só há um vencedor, mas não sei se algum dia
terei coragem de lançá-la ou de sequer terminá-la. É ousada demais
e podem interpretar de maneira errada, quando, na verdade, é
apenas o sentimento de alguém que está cansada dos mesmos
relacionamentos com fins parecidos.
— Não. Vivemos no século vinte e um, não tem nada de errado
— Chace diz, mostrando mais um dos motivos de amá-lo tanto. —
Só que é estranho, e você não pode me xingar por pensar isso.
Meu pai arranha a garganta.
— Acho que você está passando pela fase de “agora só tenho
ódio pelo meu ex”, então, não tome alguma decisão que vai se
arrepender depois.
— Eu tive muitos casinhos, é divertido — Quinn comenta e
meu velho a fuzila com os olhos. — O que foi, tio? A fase de papai
ciumento já passou.
Dou risada da vermelhidão que sobe pelo rosto de Paul Bailey.
— Ocean, não seja como seus dois melhores amigos. Seu pai
só vai sofrer como eu sofro — Cora diz, recorrendo ao lado
dramático.
Os filhos dela têm a quem puxar.
Chace está em silêncio, e isso sim, é surpreendente. Cutuco-o
com o braço, tirando sua atenção do prato que mal tocou.
— O que foi? Choquei você?
Ele me lança um meio-sorriso.
— Acho que qualquer dia quem vai infartar por sua causa serei
eu, não seu pai — ele diz baixinho, só para eu ouvir.
Dou risada e volto a comer.
— Chace vai no abrigo mais tarde, você vai junto, filha? — Ed
pergunta, mudando de assunto.
Lembro que conversamos ontem sobre os planos para hoje, e
fiquei de dar uma resposta se iria ou não visitar a instituição que
meu amigo ajuda financeiramente.
— É claro. — O running back sorri com minha resposta. —
Pode ser entediante para aquelas crianças ter só Chace lá.
Ele força uma risadinha.
— Ha, ha, ha! — Sem que eu espere, sua mão vem com tudo
cheia de purê de batata em direção à minha boca. — Coma e fica
quietinha.
— Chace!
Tento me esquivar da segunda onda de ataque, mas estou ao
seu lado e não consigo. Ele acaba sujando meu rosto todo de purê!
— Olha o que você fez!
Começo a bater em seu ombro enquanto ele tenta se desviar
dos tapas.
— Por que o titio Chace e a titia Ocean são tão crianças, papai?
— Nós paralisamos e olhamos diretamente para Lila. — Eles não
tiveram infância?
Harper e Jaylen dão risada, assim como todos na mesa.
— Seu tio é um chato e ama me provocar! — defendo-me.
— Sua tia que ama me provocar, Lila.
Ela olha de mim para ele e, em seguida, volta a comer sua
comida.
Eu e o loiro nos olhamos ao mesmo tempo e prendemos a
risada.
Aquela pestinha!

— Então... sobre o lance de sexo casual, está mesmo falando


sério? — Chace pergunta enquanto estamos no carro, a caminho do
abrigo.
— Não é uma má ideia, né? Ter encontros casuais por aí.
— Desistiu do amor? — Ele solta uma risada fraca, concentrado
na estrada, pois chuviscou na hora do almoço.
— Não, mas sinto falta de sexo.
Meu corpo vai para frente, e só não atravessa o para-brisa
porque estou com o cinto de segurança. Olho para o sinal vermelho
e em seguida para o running back, que me encara como se eu
tivesse falado algo extremamente surreal.
— O que foi? Você transa sempre e não ajo dessa forma.
— Só estou... surpreso — diz, parecendo estranho.
Na verdade, meu amigo está bem estranho nas últimas horas.
— O que você tem? — pergunto. — Aconteceu alguma coisa no
jogo? — Então me lembro com quem ele vai jogar no domingo e a
compreensão me atinge. — É por causa do Mark, né? Sabe que não
precisa ser o irmão superprotetor. Não deu certo, então vamos
apenas seguir em frente.
Ele apenas me olha e balança a cabeça, aparentemente,
negando algo que se recusou a falar e segue o caminho quando o
sinal fica verde.
— Já superou?
— Eu seria trouxa se não superasse. — Suspiro, conformada.
— Você não viu que ele está saindo com a Diovana Sampaio?
Não foi proposital.
Simplesmente estava navegando na internet e apareceu fotos
deles saindo de um shopping de mãos dadas. Nem pesquisei sobre a
praga, mas meus fãs estavam comentando e acabei vendo sem
querer.
— Pensei que não ficasse muito nas redes sociais — Chace
provoca.
— Não fico, mas não é como se eu não mexesse.
A modelo que meu ex está saindo é simplesmente
deslumbrante. Ela é portuguesa e tem feito sucesso nas passarelas,
mas não tanto a ponto de ofuscar o sucesso dele. Bem do jeitinho
que ele gosta.
Babaca.
— Está bem com isso?
— Sabe... eu o amei, mas o amor já tinha acabado há muito
tempo antes de terminar, agora consigo ver isso. — Meu atleta
favorito estaciona o carro em frente ao abrigo. — Estou melhor sem
ele.
Meu amigo sorri.
— Que bom ouvir isso. Seria muito pedir para ir ao jogo
domingo, né?
Não escondo minha surpresa.
— Você gosta de causar, né? Sabe o que falariam sobre eu ir
ao jogo do meu melhor amigo contra meu ex-namorado?
Chace solta mais um dos seus sorrisos atrevidos.
— Edina teria alguns surtos, mas nada que não possamos
controlar.
— Vou pensar, prometo. — Não é como se eu pudesse dar uma
resposta agora sem pensar, e ele entende isso.
O loiro olha para o abrigo e me encara antes de falar com
brilho no olhar:
— Então, vamos dar um dia incrível para essas crianças.

Sempre me orgulhei da pessoa que Chace se tornou.


Os pais dele sempre educaram os três muito bem, mas sei que
mesmo com todas as instruções, nem sempre os filhos seguem os
conselhos. Conheço muitas pessoas, até mesmo no mundo da fama,
que são esnobes e não são gratos por estarem onde estão.
Meu amigo nunca foi dessa forma.
É por isso que ele merece estar se destacando e amedrontando
todos os times rivais com seu talento, porque ele é bom e é uma
pessoa melhor ainda.
Confirmo isso ao vê-lo dançando com as crianças do abrigo
que auxilia há mais de cinco anos. Ele não faz nada disso esperando
reconhecimento, inclusive, filmagens aqui dentro são proibidas e
tenho certeza de que pouquíssimas pessoas sabem que ele
praticamente salvou esse lugar de ser fechado.
Nem sempre fomos ricos e acho que por isso valorizamos cada
mínimo detalhe e ajudamos o máximo possível. Tenho as instituições
que ajudo também, mas acho que nenhuma é tão familiar como
essa.
As crianças o amam. É fácil notar isso com todas rindo das
palhaçadas que ele faz enquanto dança de um jeito muito
desengonçado.
— A mulher que se casar com seu amigo vai ser muito sortuda.
— A senhora que administra o local se aproxima ao dizer. Se não
estou enganada, o nome dela é Kennya. — Como não se apaixonou
por ele, querida?
Dou uma risada.
— Acho que não é tão fácil se apaixonar assim, né? — brinco,
escondendo o fato de que sempre tomei cuidado para isso não
acontecer. — Somos bons amigos e tenho um histórico de caras que
me apaixonei, mas que acabei perdendo. — Olho para Chace. — Não
suportaria perdê-lo.
— Talvez eles não tenham sido os certos, e este homem seja.
Meu amigo me olha e acena para mim, fazendo sua cara de
palhaço de sempre, me arrancando outra risada. Nem parece o cara
que, no campo, defende o quarterback como ninguém.
— Acho que se fosse para me apaixonar por Chace, já teria me
apaixonado, né? — Volto-me para a senhora, querendo mudar de
assunto. — Tem feito um bom trabalho aqui. Esse lugar está mais
bonito do que antes.
— Devo tudo ao Chace, sem o dinheiro que ele nos dá todo
mês, não teria como reformar esse lugar para os pequenos se
sentirem mais confortáveis.
O alvo da nossa conversa se aproxima antes que consiga dar
uma resposta e segura minha mão.
— As crianças querem te ouvir cantar.
Arregalo meus olhos.
— O quê? Eu nem trouxe meu violão.
— Temos um violão aqui, querida. — Kennya se vira e tira um
violão preto simples de trás do armário em que estou encostada. —
Ainda queremos dar aula de música para as crianças.
Pego o instrumento musical e as vejo me olhando com tanto
carinho, que não consigo resistir. Cantaria para elas até se não
tivesse um violão.
Subo no palco improvisado com Chace, escutando os gritinhos
e palmas animadas dos pequenos. Eles devem ter em torno de sete
a dez anos, o que me deixa com o coração apertado.
Mesmo que sejam bem cuidados, eles não têm uma família
como gostariam.
Exatamente por isso, preciso fazer o dia deles ser feliz hoje.
— O que acham de uma música animada? — pergunto,
recebendo gritos empolgados, concordando com minha ideia. Encaro
meu melhor amigo ao meu lado. — Nosso Chace vai dançar para
nós, o que acham?
Novamente, eles gritam e o jogador me olha com vontade de
me bater.
Provavelmente, ele está cansado de tanto dançar.
— Não posso perder a oportunidade de vê-lo dançar minhas
músicas.
— Você vai pagar por isso! — ameaça em um tom divertido.
— Estou pagando para ver.
Começo a tocar um dos meus maiores sucesso e que também
é um música divertida, enquanto observo as crianças à minha frente
se balançando no ritmo da canção. Quando começo a cantar, Chace
também inicia sua dança, tão desengonçado como antes, e preciso
me controlar para não rir e colocar toda a apresentação a perder.
Toco meu violão com um sorriso no rosto, canto as letras da
música, sentindo-me verdadeiramente feliz, e me entrego à tarde do
melhor Dia de Ação de Graças que tive nos últimos cinco anos.
Amor, somos os novos românticos
Venha, venha comigo
Coração partido é o novo hino nacional
Nós cantamos orgulhosamente
NEW ROMANTICS – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
O Metlife Stadium tem capacidade para fazer um show com até
oitenta e duas mil pessoas e, hoje, no último dia da turnê da era
Lonely Nights de Ocean na América do Norte, o estádio está lotado.
Minha amiga é a melhor. Não existe outra como ela, e sou seu
maior fã.
Porra! É incrível ver tudo o que ela conquistou e vem
conquistando a cada dia.
Em dez anos de carreira, a loirinha já tem seis álbuns lançados
e sempre bate um recorde diferente, alcançando um novo ato
histórico na indústria musical para uma mulher tão jovem como ela.
Minha amiga é foda.
Não é à toa que estou aqui hoje, em plena sexta-feira,
deixando de lado qualquer compromisso que tenho, só para
prestigiá-la.
O show de abertura já terminou e em alguns minutos, Ocean
irá entrar naquele palco. Mas por algum motivo que só o amor pode
responder, me sinto nervoso e com o coração acelerado. Já vi essa
performance duas vezes, porém ainda sinto essas sensações
estranhas.
— Cara... Ela é foda — Cole diz, abraçando meu ombro. —
Ocean é muito foda.
Meu amigo está com um copo de cerveja e ao seu lado está
Kyle, gravando o público com as pulseiras de led.
— Já está bêbado? — pergunto, me controlando para não rir
da cara que ele faz para mim.
Do meu outro lado, o pobre pirralho do Thomas está bebendo
refrigerante, porque ainda não tem 21 anos para beber bebidas
alcoólicas. Ele não parece nada feliz por isso, mas não podemos dar
mole, não quando fãs estão registrando nossa presença aqui. A cada
instante, vejo celulares apontados para nossa tenda VIP.
— É claro que não! Só estou dizendo que nossa amiga é foda.
Conto nos dedos de uma mão quantas pessoas podem lotar esse
lugar três vezes seguidas — Fisher explica enquanto continua
bebendo. — Enfim... Eu sou fã dela.
Sorrio.
— Sua amiga uma ova! — Implico.
Kyle olha para nós e dá um meio-sorriso para o futuro
namorado ao meu lado antes de focar sua atenção em mim.
— Como a Ocean é pessoalmente, Chace? — ela pergunta,
parecendo as fãs da loirinha aqui no estádio. — Gentil como
aparenta ser? Divertida? Engraçada?
— Ela tem um coração muito gentil, e você se surpreenderia
com a facilidade que Ocean tem de fazer a pessoa se sentir amigo
dela de uma hora para a outra. Ela é muito divertida e ama me
provocar, acho que é porque temos tantos anos de amizade, que
não temos mais limites na nossa relação. Ocean também é bem
direta e ama comer... — Penso um pouco e abro um sorriso. — Ela
ama fazer amizades, dançar de um jeito tão desengonçado quanto o
meu, e tem dias que é muito carente, geralmente antes da TPM.
Nesses períodos, ela é só abraços e beijos.
Tanto Kyle quanto Thomas me olham estranho e miro em Cole,
que está prendendo a risada.
— Uau... você conhece mesmo a cantora. — Thomas quebra o
silêncio na nossa rodinha.
— É claro! Chegamos a dividir o mesmo berço — justifico.
Fisher coloca a mão no meu ombro e aproxima o rosto do meu,
sussurrando no meu ouvido:
— Acontece que Kyle só perguntou algumas coisas, não um
dossiê da sua visão do amor da sua vida.
Dou uma cotovelada no idiota sem pensar.
— Ai, Lawson!
— A próxima vai ser no seu pau — esbravejo e pego meu copo
já vazio. — Vou me servir de cerveja antes que o show comece.
Babaca!
Ele sabe que não pode ficar falando essas merdas por aí. Não
quero que todos saibam que sou um otário apaixonado pela melhor
amiga que vive uma friendzone há mais de dez anos. Prefiro me
preservar e manter em segredo ou isso pode acabar indo parar nos
ouvidos da minha loira, e aí sim, estaria fodido.
Encho meu corpo de cerveja e volto a me aproximar deles, um
pouco mais calmo porque a contagem regressiva começa no telão.
60 segundos.
Observo Kyle abraçar Cole, superanimada por estar prestes a
ver sua cantora favorita.
Olho para Thomas, que está concentrado no palco e em todo o
público presente.
Suspiro e volto minha atenção para o show também.
40 segundos.
Meu coração acelera mais um pouco, nem parecendo o mesmo
que quase parou de funcionar quando ouviu da boca de Ocean que
ela queria começar a sair casualmente com os caras.
Minha loira e sexo casual? Não. Isso é muito para aguentar.
20 segundos.
O que essa mulher tem na cabeça? Se ela sente tanta falta de
sexo assim, pode me usar tranquilamente. Não é para isso que os
amigos servem?
Ruim! Muito ruim, Chace Lawson!
Soa tão cafajeste e cretino como sou.
5 segundos.
Se Ocean seguir com esse plano de ter apenas encontros
casuais, acho que acabarei morrendo, porque, por algum motivo,
essa ideia é tão ruim quanto a de namoro e casamento. Já vivi
tantas emoções sendo o amigo apaixonado, que já esgotei o limite.
Senhor! O que faço?
As luzes do local se apagam e o som da banda começa, me
despertando dos meus pensamentos. Ocean entra com os
dançarinos e começa a cantar, linda como sempre!
Seu primeiro look é um body branco cheio de strass, com
franja encobrindo a região da virilha. Não existe uma roupa que não
fique boa nela, mas essa e o body verde escuro, também brilhante,
são os meus favoritos da turnê.
Minha amiga fica deslumbrante colocando as pernas para jogo
e andando confiante naquele palco com uma bota de salto alto e
cano longo que vai até seus joelhos.
Lembro dos dias intensos que ela teve para treinar cada gesto,
dança, nota de música e movimento para essa turnê. Não é um
trabalho fácil, e a loirinha é perfeccionista em cada detalhe, ela quer
tudo sempre do melhor jeito para seus fãs, e é exatamente por isso
que tem toda essa gente a exaltando como recompensa.
Ocean Bailey faz tudo por eles.
E como o bom fã que sou de suas músicas, começo a cantar e
movimentar meu corpo conforme as batidas da banda.
Sem desviar meus olhos dela.
Eu nunca desviaria minha atenção dela.
Faria tudo para que depois desse show eu pudesse segurá-la
no colo e a girar com o orgulho que sempre senti dela, e então,
beijá-la. Beijar aquela boca até terminar de tirar todo o fôlego da
mulher que sou apaixonado.
Bebo mais da minha cerveja.
Faria qualquer coisa.
Mas tudo o que posso fazer agora é vê-la brilhar naquele palco.
Levo Cole, Thomas e Kyle para os bastidores do show assim
que ele se aproxima do fim. Conseguimos dar a volta pelo lugar com
os seguranças fazendo a nossa proteção, já que havia muitos fãs de
Ocean querendo se aproximar para falar comigo ou tirar uma foto.
Não deixo de acenar para eles e desejar um bom final de show
antes de entrar na parte permitida apenas aos funcionários.
Pego uma garrafa de água no frigobar.
— O show já está no encerramento, logo ela desce pelo
elevador do palco — o pai da loirinha diz, sem esconder a felicidade
por trabalhar com a filha. — Podem esperar por aqui. Caso queiram,
podem se sentar nesses bancos.
Ele aponta e meus amigos se sentam, agradecendo.
— Vou ver se tudo o que Ocean precisa está no camarim —
Paul avisa. — Volto em um instante.
Vejo os técnicos e o pessoal da equipe trabalhando no interior
do palco, e quando escuto o barulho do elevador descendo, sorrio
fraco, segurando mais forte a garrafinha de água que peguei.
Minha amiga deve estar cansada.
Ela desce pelo elevador com o último look, que é um dos meus
favoritos, o body verde. O sorriso ainda está estampado em seu
rosto que, inclusive, está uma bagunça de cabelo por toda parte. A
escova e a chapinha que fez antes do show, já deu adeus há muito
tempo, e agora seus fios estão ondulados e um pouco molhados de
suor.
Mesmo assim, ela consegue ficar ainda mais linda.
Quando Ocean me vê, seu sorriso aumenta e meu coração
volta a acelerar, principalmente quando ela corre em minha direção
com os saltos que a fazem crescer dez centímetros.
Minha amiga pula nos meus braços, como queria desde que
entrei nesse estádio, mas, diferente da minha imaginação, não
posso girá-la e afastá-la apenas para beijá-la.
Devo ter pecado muito em outra vida para receber um castigo
como esse!
Abraço o corpo pequeno da minha cantora favorita, tentando
não pensar no que eu faria se não tivéssemos o status de melhores
amigos.
Preciso superar essa merda ou vou acabar enlouquecendo.
— Você foi incrível, meio-metro! — Elogio.
Ocean se afasta um pouco e me olha com diversão, mesmo
com os olhinhos cansados.
— Estou dez centímetros mais alta hoje. — Mostra a bota de
salto alto e, naturalmente, desço meu olhar pelas suas pernas
torneadas.
Porra!
Ocean Bailey é uma puta de uma gostosa.
Não tenho ideia se ela sabe o poder que tem de deixar um
homem de pau duro em questão de segundos. Eu mesmo preciso
me controlar para não ficar, mas enquanto isso, meu coração parece
o de um cara que correu uma maratona, de tão acelerado que está.
Acho que, diferente de um pau duro, isso pelo menos não é
visível para ela.
— Estou vendo — respondo e aponto para meus amigos. —
Tem uma fã querendo conhecê-la.
Ocean conhece Cole há muito tempo, mas acho que nunca
teve a oportunidade de conhecer Kyle e nem Thomas.
Nos aproximamos dos três.
— Pessoal, essa é a Ocean — apresento minha melhor amiga.
— Ocean esse é Thomas, o nosso quarterback reserva, e essa é
Kyle, sua fã.
A cantora sorri para a modelo e se aproxima, abraçando-a.
— Eu já vi alguns ensaios fotográficos seus na internet — ela
diz. — Você é ainda mais linda pessoalmente.
— Obrigada! — Kyle a abraça novamente. — Seu show é
incrível e suas músicas estão sempre nas minhas playlists.
Minha loira se afasta com o mesmo sorriso nos lábios.
— Se eu soubesse que você era minha fã, já teria me
encontrado contigo antes — comenta e olha para Thomas. — Oi, é
um prazer conhecê-lo!
— É um prazer conhecê-la também! Seu show foi incrível! — O
pirralho elogia.
Ela o abraça rapidamente e depois cumprimenta Cole.
— O que vão fazer hoje à noite?
— Infelizmente, nada, meio-metro — respondo. — Reggie quer
que estejamos no treino amanhã às oito da manhã.
Ocean não disfarça a surpresa.
— Você vai ter que acordar cedo?
— Ou ele acorda cedo ou iremos matá-lo — Cole responde por
mim. — Vai no jogo domingo, Ocean?
A olho, esperando sua resposta.
— Ainda estou pensando. — Meu amigo parece entender o
motivo. — De qualquer forma, irei torcer por vocês.
Ocean encara Thomas e a conheço há tempo o suficiente para
saber que ela achou o garoto bonito.
Tento evitar meu ciúme, mas ele anda cada vez mais difícil de
controlar.
— 20 anos, meio-metro, não é para você. — Interfiro.
Recebo uma cotovelada na costela e resmungo.
— Porra!
Todos dão risadas.
— Eu percebi que ele é jovem, idiota. Só estou surpresa que os
jovens hoje em dia estejam assim. — Odeio a sinceridade dela. —
Thomas até parece um ator de Hollywood.
Mordo meu lábio interno e consigo evitar falar merda.
Thomas sorri para ela e não gosto desse sorriso.
Será que ele conquista as garotas de sua idade com essa pose?
Ocean parece encantada.
— Obrigado!
— Acho que você precisa ir para seu camarim e se arrumar
para ir pra casa, não? — faço a sugestão, apontando na direção que
o pai dela foi. — Nos falamos mais tarde.
— Mas...
Seguro seus ombros e a viro em direção ao camarim.
— Tchau, precisamos ir mesmo.
Como Ocean não consegue erguer os pés para ficar mais alta
do que eu, ela se inclina de lado e olha para meus amigos.
— Podemos marcar um jantar na minha casa pós-jogo ou na
casa de Chace, o que acham?
— Parece uma boa ideia — Kyle responde, animada.
— Está convidado também, Thomas. — Ela o convida.
Reviro meus olhos e começo a levá-la pelos ombros em direção
ao camarim.
— Você nem deixou eu me despedir deles direito! — minha
amiga reclama. — O que foi? Por que está emburrado?
— Thomas tem 20 anos e é do meu time — a lembro, caso
tenha a memória da Dory. — Ele não é para você.
Paro em frente ao camarim e Ocean se vira para mim com um
biquinho nos lábios.
— Nem temos dez anos de diferença... e ele é gostoso. Você
viu aqueles braços? — Arranho minha garganta, mas ela continua
falando. — E aquele corpo? O que os garotos estão tomando hoje
em dia?
Eu facilmente a empurraria para dentro do camarim e a
castigaria por ser tão sem-vergonha ao ficar olhando dessa forma
para o pirralho do meu time.
Cinco anos com ela presa a um relacionamento, me fizeram
esquecer o quanto é pior quando a loira está solteira.
Porra!
— Te vejo amanhã se eu conseguir algum tempo — falo, antes
que me irrite mais.
Dou as costas para ela, deixando-a falando sozinha, dizendo a
mim mesmo que só não estou em um bom momento para vê-la
desejando um garoto de 20 anos, quando tem um cara como eu ao
seu lado.
Se você pudesse ver que sou eu quem entende você
Estive aqui o tempo todo, então por que você não vê?
O seu lugar é comigo
YOY BELONG WITH ME – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu sou louca.
Confirmo isso ao entrar na área VIP do time dos Octopus, onde
Cora e Edie Lawson já estão sentados, bebendo água enquanto
esperam o jogo do filho começar. Sinto que todas as câmeras do
estádio estão sobre mim, o que é bem compreensível, pois estou
com a camisa do time do meu melhor amigo, prestes a ver uma
partida de futebol americano entre ele e meu ex-namorado.
O que eu bebi?
Foi isso que minha RP gritou pelo celular quando falei sobre a
decisão que tomei.
Sou uma pessoa gentil, mas quando me magoam e passo por
aquela fase extremamente triste de “por que isso acontece só
comigo?”, consigo me tornar o pior pesadelo da pessoa.
Essa sou eu.
Dona de diversas personalidades que podem, sim, ser o
paraíso ou o inferno de alguém.
Às vezes, sinto que Edina finge que esse traço da minha
personalidade está morto.
Dei a chance ao Mark de viver o paraíso comigo, então, por
que ele, de todos os meus ex’s, não conheceria o inferno que é me
ter como ex-namorada?
Uma música falando sobre meus sentimentos e mostrando
como ele foi idiota comigo, não é nada comparado a aparecer em
seu jogo, e torcer para o cara que ele odiou durante nossos cinco
anos de namoro.
O que eu ganho com isso? Matar a saudade de ver meu melhor
amigo jogar, é claro, pois não estou nem um pouco a fim de me
preocupar com o Mark.
— O dia hoje vai ficar para a história — o Sr. Lawson diz,
sorrindo para mim. Ele é tão terrível, não me admira que seu filho
seja igual. — Sente-se, querida, logo o jogo vai começar.
Sento-me ao lado dele e sorrio para o casal que são
praticamente meus segundos pais.
— Peguei pipoca para nós — Cora avisa, me entregando um
saco de pipoca com manteiga. — Estou um pouco nervosa com esse
jogo.
— Octopus vai ganhar, querida — Ed tenta acalmar sua mulher.
— É claro que vai — afirmo. — Eu até vim vestida a caráter.
Sr. Lawson olha para a camisa do time que tenho desde que
Chace começou a jogar e sorri.
— Roxo fica bem em você, querida.
— Obrigada! — Agradeço.
Também acho.
Amo essa cor e fico aliviada pelo uniforme do time ter essa cor
e os detalhes brancos, pois se fosse preto, seria a coisa mais
estranha do mundo.
— Edina e seu pai estão bem com o fato de você ter vindo ao
jogo hoje? — Ela pergunta.
— Meu pai entende perfeitamente e ficou triste por não
conseguir comparecer, mas Edina teve alguns surtos. Tenho certeza
de que ela ganhou alguns cabelos brancos com a minha decisão.
Os dois dão risada.
— Seus fãs estão certos por te apelidar de “Terror da Edina”.
Dou de ombros, colocando minha melhor expressão de
inocente no rosto enquanto uma bandeja de bebidas é estendida em
minha direção por um dos funcionários da área Vip. Pego o copo de
algum drink e agradeço antes de me voltar para meus tios.
— Eu estou de folga, o que ficaria fazendo? — pergunto para
eles, justificando minha vinda. — Prefiro ver meu melhor amigo
jogando, já que faz tempo que não tenho essa oportunidade.
— Chace sentiu sua falta — tio Ed diz. — Espero que quando
arrumar alguém novamente, meu filho seja amigo dele para que
você possa continuar vindo aos jogos.
Suspiro.
Essa é a parte difícil.
Chace nunca fez esforço para se dar bem com meus
namorados. A última vez que perguntei o que isso significava, ele
me disse que era porque todos eram babacas e acabariam me
machucando, que eu não sabia escolher homem. Discutimos muitas
vezes por causa desse comportamento, mas adivinhe? Ele estava
certo.
Cheguei a ser traída por um deles.
Esse é o nível da minha lista de ex-namorados.
De covardes a traidores. Tenho de todo o tipo.
Bebo o líquido, sentindo o álcool descer ardendo pela garganta.
Aceno para alguns fãs que estão na arquibancada e não param
de apontar a câmera do celular e acenar para mim. Elas surtam com
meu comportamento, me fazendo sorrir. Faço um coração com as
mãos do jeito que consigo, pois estou com minha bebida, e deixo-as
ainda mais surtadas.
Alguns minutos depois os jogadores entram no gramado e meu
coração acelera quando vejo Chace atrás do quarterback do time,
com passos confiantes como sempre, e simpático ao acenar para
todos os lados, tentando dar atenção para os torcedores presentes
no estádio.
Se me perguntarem por que nunca consegui ficar brava com
esse idiota por muito tempo, terei que culpá-lo. Temos de verdade
uma relação incrível, pois todas as nossas discussões que fizeram
com que ficássemos bravos um com o outro, não durou por muito
tempo.
Sempre acabamos nos perdoando.
Chace direciona seus olhos na área VIP, e sorri quando nosso
olhar se encontra.
Nossa ligação é muito profunda e mesmo agora, faz o meu
coração acelerar.
Não sei se pela adrenalina de estar aqui hoje em um jogo
como esse, ou porque simplesmente é meu melhor amigo no
gramado, me olhando como se nunca pudesse dar um presente
melhor como este de estar presente no seu jogo.
Mesmo a metros de distância um do outro, consigo senti-lo
como se estivesse perto de mim, bem na minha frente. Ele está feliz
porque estou aqui e isso me deixa aliviada.
Sei que as pessoas já devem estar falando sobre nós, mas
nunca dei a mínima para o mundo lá fora, não será agora que darei.
Sempre fomos nós dois contra o mundo, e não é porque somos
famosos que mudaremos isso.

Não me lembrava por que odeio tanto futebol americano.


Não até assistir duas horas de jogo entre os Titans e os
Octopus.
Porra!
Esse esporte sempre foi tão violento assim? Tenho certeza de
que gerei novos memes para meus fãs, pois não consigo me conter.
Sou uma pessoa muito expressiva, e a cada colisão entre Chace e
um jogador do time de Mark, sinto que meu coração vai parar.
O placar do jogo está 21 para os Octopus e 17 para os Titans.
Para mim, o jogo já pode acabar agora.
Mas ainda falta um quarto de 15 minutos.
Abraço tia Cora, que está tão nervosa quanto eu.
— Não está achando esse jogo mais violento do que os outros?
— pergunto para a senhora ao meu lado.
— O que você esperava? Seu ex-namorado é quarterback dos
Titans e Chace o odeia ainda mais por ter quebrado seu coração.
Mordo meu lábio para não sorrir.
É engraçado como as coisas funcionam. Há alguns meses,
chorei nos braços do meu amigo porque Mark e eu tínhamos
terminado, porque ele não me amava o suficiente para me entender
e querer viver o resto da vida comigo, mas agora... Quando olhei
meu ex entrando no estádio mais cedo, não me causou
absolutamente nada.
Sinto-me tão indiferente, que tenho pena dele e de mim.
Dele por ser um estúpido e perder alguém como eu, e de mim,
por ter perdido cinco anos da minha vida com alguém que só me
iludiu. Porque foi isso que ele fez.
Foco minha atenção no jogo, observando Chace driblar os
defensores dos Titans e com sua agilidade e força, rasgar a defesa
do time rival para acumular as jardas e garantir os avanços para os
Octopus.
Meu amigo é tão expressivo quanto eu e não consegue
disfarçar sua cara de emburrado quando se aproxima de um jogador
rival. Consigo enxergar daqui o grandão o fuzilando e, conforme o
jogo avança, tenho receio de que ele acabe sendo expulso da
partida por conta das vezes que aparenta querer avançar em um
deles. Sinto que algo está acontecendo, mas não faço ideia do que
seja.
Sei que é um jogo baseado em conseguir território e colisões
fazem parte, mas por mais que não tenha outra forma que meu
amigo pode seguir na partida, tenho medo do que pode acontecer
com sua imagem. E se falarem que ele está marcando o time de
Mark demais?
O jogo se desenrola com essa tensão estranha que parece ser
sentida apenas por mim. No último quarto, os Octopus continuam na
frente e conseguem mais uma vantagem quando Chace rompe a
defesa dos Titans e alcança a zona de pontuação.
Ele faz um touchdown, dando mais seis pontos para seu time.
Solto um grito ao mesmo tempo que tia Cora e a abraço
apertado.
— A senhora viu aquilo? — pergunto, feliz com a jogada
incrível do meu amigo.
— Meu filho é o melhor! — Ela não esconde o orgulho.
Os torcedores comemoram, orgulhosos e felizes, pois sabem
que a chance desse jogo ser revertido é nula. A vitória é dos
Octopus, e todos sabem disso.
Chace olha para a área VIP e mesmo com o capacete, consigo
enxergar seus olhos em mim, me encarando. Ele aponta para si
mesmo, no rumo de seu coração e depois para mim.
Sorrio, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas,
enquanto vibrações começam sem aviso na região do meu
estômago, com o gesto de ele dedicar aquela jogada para mim.
Nos próximos minutos, vejo os Titans tentarem reverter o
placar, mas não conseguem porque a defesa do time é perfeita.
O jogo termina e os jogadores do Octopus comemoram a
vitória com os torcedores.
De longe, vejo meu amigo com o uniforme de número 31 e,
parecendo sentir meu olhar, ele vira o rosto em direção a área VIP e
me encara. Aceno, sem conseguir esconder meu sorriso orgulhoso.
No telão do estádio minha imagem aparece, mesmo assim, não
me envergonho por demonstrar o quanto admiro aquele cara no
campo, e continuo acenando e sorrindo, recebendo sua resposta
assim que ele olha para a filmagem.
Ele acena de volta e retribui meu sorriso.
Sinto olhares me queimando, mas não procuro Mark no campo.
A única pessoa importante para mim nesse estádio, está na minha
vida há 27 anos e me conhece como ninguém.
Porque, amor, agora nós temos um conflito
Você sabe, isso costumava ser um amor louco
Então dê uma olhada no que você fez
BAD BLOOD – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Depois de dar todas as entrevistas possíveis para a mídia e
desviar das perguntas invasivas sobre Ocean estar assistindo meu
jogo, que foi uma partida contra os Titans, time do ex-namorado
dela, me sento no banco do vestiário, já de banho tomado. Estou
sozinho aqui e feliz porque ganhamos mais um jogo.
Cole irá buscar Kyle para ir jantar na minha casa. Thomas deve
estar com ele enquanto os outros caras do time preferiram ir para
suas casas descansar.
Combinamos de nos reunirmos na terça para um almoço em
equipe com o técnico, e todos concordaram.
Visto minha roupa patrocinada pela Louis Vuitton e pego a
chave do carro no meu armário. Foi um bom jogo, só é uma pena
que eu não tenha conseguido quebrar a cara do idiota do Mark no
gramado, já que por conta das nossas posições, não jogamos juntos
ao mesmo tempo. Teria sido mais emocionante.
Ele merece, não só por ter feito minha amiga de trouxa, mas
também por ter instruído seus colegas de time a me marcarem o
jogo todo. Anos nesse esporte me deram experiência para saber o
que faz parte da partida e o que não faz. Aquele infeliz, com certeza,
quis me ferrar.
Um babaca!
Escuto alguém entrando no vestiário e em seguida aplausos
soam no ambiente.
Leva menos de um minuto e Mark Gallagher aparece na minha
frente, com o semblante repleto de deboche e o brilho perverso em
seus olhos mais intenso do que quando me encararam no campo
mais cedo.
— Veja só se não é o running back que vem recebendo toda a
atenção dos holofotes — comenta enquanto se aproxima. — Tanto
do mundo do esporte quanto do mundo da música.
Bato a porta do armário com força e o encaro com cara de
poucos amigos.
Sempre o odiei e nunca entendi por que Ocean se apaixonou
por um babaca desse, era óbvio que ele quebraria o coração dela.
— E você é o quarterback que está sendo esquecido — provoco
e vejo sua mandíbula se contrair. Fala o que quer, escuta o que não
quer, esse é meu lema. — O que quer no meu vestiário?
— Seu nome está gravado na porta? — Finge surpresa. —
Desculpa, não percebi.
Pego minha mochila em cima do banco e dou um passo para
me afastar do idiota, mas sou interrompido pela sua mão no meu
peito.
— O que você quer? — esbravejo, irritado pra caralho.
Não sou um moleque impulsivo, mas me dá vontade de
arrebentar a cara dele.
— Está fodendo a Ocean? — pergunta de forma nojenta e com
um sorriso perturbado. Fecho minhas mãos em punho. — Sempre
soube que você queria comê-la. — Ele ri e dá batidinhas no meu
peito. — O ciúme em relação a mim, a sua ausência na maioria dos
encontros que ela marcava para nós três, e seu olhar nojento em
cima dela, como um cachorro perto de uma cadela no cio.
Respiro fundo, sabendo que ele só quer me tirar do sério.
Terei muitos problemas se socar a cara desse imbecil.
— Somos amigos — friso bem a última palavra. — Meu
problema com o relacionamento de vocês sempre foi você. Sempre
soube que é um homem com masculinidade frágil e que não
aguenta uma mulher fazendo mais sucesso do que você.
Ele aperta o tecido da minha camisa, com raiva, mas seguro
suas mãos e as afasto da minha roupa, antes que ele a deixe mais
amassada.
— E você me prova isso agora, vindo até aqui para arrumar
briga porque não aguenta perder e ser humilhado apenas pela
presença da sua ex-namorada torcendo na área VIP pelo melhor
amigo dela. — Sorrio mais aliviado ao ver que o atingi em cheio e
dou uma batidinha em seu ombro, só para deixá-lo mais puto. —
Não se preocupe, se algum dia eu tiver a oportunidade de foder a
Ocean, farei de uma forma que ela nunca irá se lembrar que se
envolveu com um brocha como você.
Os olhos do babaca se arregalam, enquanto tenta processar
como eu sei disso.
Não é uma mentira, pois me lembro do dia que minha amiga
me ligou e disse em uma das nossas atualizações de fofocas sobre a
vida um do outro, que seu namorado havia brochado. Lembro de ter
me sentido vitorioso e pensado que isso nunca aconteceria se
estivesse comigo.
— Até um próximo jogo, amigo — digo com tanto deboche,
que até mesmo um desconhecido captaria.
Pego minha mochila e caminho em direção à saída do vestiário.

Se tem uma coisa que Ocean ama fazer quando se junta com
os amigos, é cozinhar. Ela saiu do estádio com meus pais assim que
o jogo acabou e veio aqui pra casa para fazer o jantar, porque queria
receber eu e meus amigos com pelo menos alguma coisa pronta
para matar nossa fome.
Fico feliz por ela se lembrar que estômago de jogador após
uma partida é como um buraco negro, que só suga comida.
Cole, Kyle e Thomas chegam junto comigo e somos
recepcionados pelo cheirinho gostoso que vem da cozinha assim que
colocamos o pé dentro de casa.
— Vou mesmo comer a comida de Ocean Bailey? — Kyle
pergunta, ainda sem acreditar.
Às vezes, me esqueço o quanto ela é fã da minha amiga.
— É bem provável que agora que vocês dois estão juntos,
Ocean a adote como uma amiga — comento, me referindo a ela e
Cole, e isso faz a felicidade da modelo. — Inclusive, estou feliz por
vocês finalmente terem assumido o namoro para o mundo.
Fiquei um pouco surpreso quando entrei no Instagram ontem e
vi que meu melhor amigo havia postado uma foto com Kyle e uma
legenda de uma das músicas românticas da minha loirinha.
Os fãs ainda estão surtando com a postagem.
— É uma pena que Kyle não tenha conseguido ir ao jogo —
Thomas comenta. — Acho que as pessoas estavam esperando por
isso.
Concordo com ele em um movimento com a cabeça.
— Vou ver se Ocean precisa de ajuda — digo e aponto para a
sala. — Cole, já é de casa, então, faz o favor de deixar sua
namorada e nosso pirralho à vontade.
O moleque revira os olhos.
— Eu não sou criança, você sabe disso, né?
Aproximo-me dele.
— Para mim, você acabou de sair do berço, e é exatamente
por isso que está proibido de querer minha melhor amiga.
Ele arqueia as sobrancelhas.
— Ela me achou bonitinho.
— E você vai levar apenas como um elogio. — Dou um tapinha
fraco em seu rosto e sorrio. — Tenho certeza de que você entendeu.
Afasto-me dele e caminho até a cozinha, escutando a risada
exagerada do Fisher. O filho de uma boa mãe se diverte muito com
minha triste situação de friendzone, o que me faz questionar por que
ainda o tenho na lista de melhores amigos.
Encontro a cantora na sala de jantar, terminando de arrumar a
mesa.
— Por que não me esperou para ajudá-la?
Ela está tão concentrada, que acaba se assustando com minha
voz.
— Faz tempo que não cozinho para meu melhor amigo, e achei
que seria uma boa recompensa, já que você ganhou o jogo e fez
aquele touchdown incrível no final da partida para mim — explica,
me lançando um dos seus sorrisos lindos e que mexem com meu
coração. — Além disso, vocês demoraram muito, o jantar já está
quase pronto.
Ocean coloca a última taça ao lado de um prato, alinhado
como todos os outros e depois, se aproxima de mim. Abaixo minha
cabeça para olhá-la melhor quando para na minha frente. Em seus
olhos, não consigo ver nada além de um brilho orgulhoso.
— Você foi muito bem. — Me abraça apertado. — Obrigada por
ter dedicado aquele touchdown para mim.
— É porque você estava lá.
Fecho meus olhos e abaixo mais a cabeça, só para aspirar o
cheiro gostoso de seu shampoo. É doce, frutado e suave, com
nuances florais sutis. Ele me lembra as flores do pessegueiro,
quando desabrocham na primavera.
— Já estou recebendo minha recompensa — acabo
murmurando, sem pensar.
Ocean levanta o rosto de forma abrupta, e meu coração quase
para quando ficamos a milímetros de distância. Minha respiração
tranca na garganta e nem o ar consegue sair pelo nariz quando vejo
sua boca tão perto da minha.
Eu seria imprudente se a beijasse, né?
Porra!
— Qual? — Ocean pergunta.
Qual o quê? Do que estávamos falando?
Encaro seus olhos azuis brilhantes e só vejo a dúvida ali, que
foi expressa com sua pergunta. Mesmo que consiga sentir o calor
que emana de sua pele por estarmos tão próximos, não parece que
os milímetros de distância têm algum efeito sobre Ocean.
— Qual é a sua recompensa, Chace? — ela pergunta em um
tom divertido.
Ah, é isso!
É sobre isso que ela está falando.
— Você — admito, sentindo completamente sozinho aquela
tensão ao nosso redor. — De volta nos meus jogos.
Ela puxa o ar e, por míseros segundos, acho que ao notar o
quão próximos estamos, seus olhos desviam em direção à minha
boca.
A loira aproxima a mão direita do meu rosto, causando-me um
estremecimento quando seu polegar encosta o cantinho dos meus
lábios.
Porra!
Se ela continuar com isso... Eu não me responsabilizo pelos
meus atos.
— Sempre invejei seus lábios.
É como levar um banho de água fria.
Afasto-me como se tivesse levado um choque.
E eu levei.
Um choque de realidade.
Preciso respirar fundo e fingir rapidamente que nada aconteceu
entre nós, porque, realmente, nada aconteceu. A encaro e lanço
meu melhor sorriso divertido para a loirinha à minha frente.
— Vai ficar apenas os invejando. — Formo um bico com meus
lábios e mando um beijo em sua direção, a fazendo rir. — Vou
chamar o pessoal para jantar.
Ela concorda e fujo daquela sala, pensando em passar no
banheiro antes, só para colocar meus pensamentos em ordem.
A mulher é sua melhor amiga, Chace Lawson!
Não fode tudo!

— Então vocês são melhores amigos desde que nasceram? —


Thomas pergunta enquanto comemos a refeição gostosa que Ocean
preparou para nós. — Isso parece até inacreditável. Se eu não
tivesse uma melhor amiga desde quando era criança também, não
acreditaria.
— Tem? Como é o nome dela? — A curiosa não consegue se
conter e pergunta.
— Aimée — responde e busco na memória, tentando lembrar
de onde já ouvi falar desse nome. — Ela é filha do Sebastian Sinclair.
Claro. Quem não conhece Aimée Sinclair? Agora me sinto um
idiota por não ter lembrado desde o início. A garota é tão famosa
quanto o pai.
Meu rival.
Mas diferente do Mark, Sebastian é um rival que respeito e
admiro. O time dele, os Dolphins, conquistou vários Super Bowls, e
ninguém, nem mesmo os Octopus, consegue vencê-los.
O mais perto que conseguimos, foi no ano passado, quando
chegamos na final e perdemos com uma diferença de dois pontos.
Nos últimos quatro anos, temos chegado na final, mas nunca
conseguimos derrotá-los.
Mas neste ano será diferente, sinto isso.
— Acho que já devo tê-la visto por aí — Ocean comenta e
toma um pouco de vinho.
Fico um pouco hipnotizado quando afasta a taça de bebida e
limpa seus lábios com a própria língua, como se fosse algo simples.
Tudo bem, é algo simples, mas não para mim, porra!
Desde quando passei a desejá-la constantemente dessa forma?
Merda!
Eu sempre a quis. Essa é a verdade que carrego, o pecado que
cometo todos os dias, e o carma que me perseguirá para o resto da
minha vida.
— Posso fazer uma pergunta? — Kyle questiona, mais animada
e soltinha do que uma hora atrás. Arrisco dizer que ela é fraca para
vinho.
Ela olha para Ocean, esperando pela confirmação.
— Claro.
— Nunca rolou nada entre vocês? Sei que amizade entre
homem e mulher pode acontecer, mas... Nunca rolou nem um
beijinho na adolescência? Vocês têm muita química... Eu vi aquela
noite no show.
Deixo a loirinha com a tarefa de responder isso e bebo meu
vinho, olhando-a, já com a ideia do que sairá de sua boca.
— Não! Seria como ficar com um irmão, muito estranho e
nojento. — Sua comparação é péssima e exagerada, nós dois
sabemos disso quando ela me olha e lança um meio-sorriso.
Outro banho de água fria.
Corro risco de virar um cachorrinho molhado 100% dos dias da
minha vida.
— Sabe... se eu não estivesse extremamente apaixonada pelo
Cole, teria inveja por você ter um melhor amigo — Kyle comenta,
atraindo minha atenção. — Vocês devem se conhecer como ninguém
e saberiam exatamente como amar um ao outro. Histórias de
melhores amigos que se apaixonam são sempre as minhas favoritas
em filmes.
Lanço um olhar para Fisher, querendo desesperadamente que
ele cale a boca da sua namorada, mas o idiota me ignora e continua
comendo com tanta diversão brilhando em seus olhos, que sei o
quanto está achando hilário esse jantar.
Sinto que Ocean está me olhando e finjo minha melhor cara de
paisagem ao dizer:
— Nunca nos vimos dessa forma.
Mentira atrás de mentira.
Até quando vou ficar mentindo?
Pego a taça de vinho e viro de uma só vez, sabendo que sou
alvo dos olhares de todos na mesa.
Como posso ser tão covarde?
Apenas eu tenho o poder de mudar essa situação, mas
simplesmente não consigo.
Sei que é porque tenho sentimentos e estaria envolvendo o
coração da minha pessoa favorita nessa história, e me preocupo
demais com ela. Não quero brincar com o coração dela.
Mas, porra!
Eu posso fazê-la feliz, será que ela não consegue enxergar
isso?
— De qualquer forma, não quero um namorado tão cedo —
Ocean comenta, quebrando o silêncio que se instaurou entre nós. —
Longe da mídia, vou aproveitar a minha vida de solteira.
E eu sei que ela fará isso.
Só de pensar nela transando por aí com qualquer cara, me
sobe uma onda de calor, que me faz querer quebrar tudo.
Óbvio que minha amiga pode fazer com seu corpo tudo o que
quiser, mas eu me sentiria melhor se ela me usasse.
Sirvo minha taça de vinho até o topo e bebo grandes goles,
quase secando-a novamente.
Sinto que Cole está me observando, mas não o encaro de
volta.
— Conheço vários lugares legais para você ir — Kyle diz e
tenho vontade de vomitar. — Posso te passar depois.
— Ótimo!
Ocean parece animada.
Ela vai mesmo começar a se relacionar apenas casualmente? E
se isso vazar na mídia?
Sei muito bem o quanto uma mulher sofreria nas mãos desses
julgadores vivendo uma vida como essa.
Se um homem transa sem compromisso, ele é considerado um
ícone fodedor, apenas um cara buscando experiência. Agora se uma
mulher faz o mesmo, ela é considerada uma puta.
Engulo em seco.
Vou ver esse filme de novo.
Ela com novos caras, provavelmente se apaixonando por um
deles, meu coração partido, e eu me afundando em qualquer boceta
para tentar me sentir menos fodido.
Encaro minha melhor amiga.
Seria tão melhor se ela me usasse.
O pensamento me ocorre novamente e me vem à mente, uma
ideia tão absurda quanto estar apaixonado por essa mulher há mais
de dez anos.
Não sei se é por conta do vinho ou por conta da estúpida
covardia que cansou de fazer seu trabalho em mim em relação à
Ocean, mas a ideia parece criar vida na minha mente.
Tudo só depende de mim, não é mesmo?
E qual mulher em sã consciência, não gostaria de ficar comigo?
Você é tão deslumbrante
Não consigo dizer nada na sua cara
Porque olha só para esse rosto
E estou tão furiosa
GORGEOUS – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Ter pensamentos obsessivos é uma merda.
Sentir falta de sexo também é uma merda.
Como esses dois estão ligados diretamente a mim? Não sei.
Não consigo evitar meus pensamentos e quando digo isso, é
porque realmente estou tentando evitar de pensar, mas minha
mente parece ignorar o que eu quero e traz a cena da sala jantar
repetidamente na minha cabeça.
Pessoas são tão estranhas.
Por que estou pensando constantemente em como fiquei a
milímetros de distância do Chace, quando somos melhores amigos e
já ficamos assim diversas vezes?
Tudo bem.
Aconteceu algo diferente. Admito.
Meu coração acelerou assim que seus olhos desviaram até
meus lábios.
Não sei o motivo, mas aconteceu, e quando olhei para a boca
dele perto da minha, senti muito mais do que a inveja que sempre
sentia de seus lábios carnudos. Não sei, mas... eu fiquei com
vontade de beijá-lo? Acho que Edina está certa e estou
enlouquecendo.
Só isso explica essa loucura.
Sempre evitei pensar nele dessa maneira porque sempre fui
muito consciente de tudo o que ele é. Aquelas palavras que saíram
da boca de Kyle mais cedo? Foram as mesmas que pensei quando
era adolescente, antes de entender que amor e paixão poderiam
acabar me fazendo perder uma pessoa.
Acho que isso me fez ter uma reação bem exagerada como
resposta.
Tudo bem.
Essa situação é apenas toda estranha e logo vai passar. Não é
como se eu o desejasse ou estivesse apaixonada por ele, né?
Dou risada sozinha na cama de Chace, lembrando que bebi
alguns drinks durante o jogo e eles podem ter afetado minha
cabeça.
Claro, como não pensei nisso?
Os amigos do jogador saíram há poucos minutos e como não
vou para meu apartamento hoje, decidi colocar meu pijama de
unicórnio e me esconder debaixo das cobertas para dormir.
Preciso parar de pensar em bobagens!
O que meu amigo acharia se lesse meus pensamentos?
Não está tão frio por conta do aquecedor ligado, mas não
arrisco dormir sem cobertas com um pijama curto.
A porta do banheiro do quarto é aberta e Chace sai vestindo
apenas uma cueca.
Uma cueca.
Ele só pode estar de zoeira com a minha cara.
Não que eu já não o tenha visto de cueca antes, mas foi em
circunstâncias bem diferentes. Por exemplo, na minha cabeça, nunca
tinha passado a ideia de beijá-lo, como aconteceu mais cedo.
Posso fechar os olhos, na verdade, até devo, mas acabo o
olhando.
O meu running back sempre foi bonito, e nunca menti sobre
isso, porém, nos últimos anos, o homem se tornou muito mais
gostoso. Ele é alto, abdômen, coxas e braços definidos, e esse
conjunto todo é uma grande vantagem em um cara. Seus braços
não são daqueles do tamanho da coxa de uma mulher, e me pego
pensando que são o meu tipo. Tamanhos certos, fortes e com
algumas veias visíveis só para tornar tudo mais atraente.
O loiro se vira para fechar a porta, pouco se importando por
estar desfilando quase nu na frente de uma mulher.
Foda-se que sou sua melhor amiga.
Tudo bem. É apenas a minha loucura, afinal, o idiota já desfilou
de cueca antes na minha frente.
Encaro suas costas definidas e me sinto ofendida por alguém
ser tão bonito até nessa pose. Eu mesma me acho feia de costas,
parece que minha coluna torta fica mais evidente.
Já Chace... cada cantinho é definido, inclusive as coxas grossas
torneadas.
— Está apreciando a vista, meio-metro? — ele pergunta de
forma divertida, ainda de costas para mim.
Um filho de uma ótima mãe e de um ótimo pai!
— Vai colocar uma roupa, Chace. — Mando e me viro para o
lado em que ele não está, só para não ficar secando-o mais. — Vou
dormir, boa noite!
Fecho meus olhos a fim de pegar no sono mesmo e acordar só
amanhã e sem essas maluquices de hoje.
Será que ver meu ex-namorado no campo afetou meus
neurônios?
Quase dou risada de mim mesma.
Eu nem prestei atenção em Mark!
Solto um gritinho quando um peso cai sobre mim e gotas de
um cabelo ainda molhado caem sobre meu rosto.
— Chace! — Mantenho meus olhos fechados, porque sei que o
atrevido está de cueca em cima de mim. — Vai colocar uma roupa e
vem dormir! Amanhã você precisa acordar cedo para o podcast com
o Cole.
Não sei por que o podcast com seu melhor amigo tem que ser
às dez da manhã, quando sabemos da dificuldade de acordar cedo
que o grandão aqui tem, mas não me meto na agenda dele.
— Estou na minha casa e gosto de dormir de cueca. — Ele só
pode estar brincando com a minha cara. — Já estou pronto para
dormir.
Os lados negativos de ter um melhor amigo estão começando a
surgir só agora? Não é possível!
Abro os olhos, dando de cara com seu rosto acima do meu e
um sorrisinho sem-vergonha nos lábios. Ainda estou deitada de lado
e pretendo ficar assim pelo resto da noite.
— Tenha respeito pela sua melhor amiga. — Mando. — Ou vou
dormir no quarto de hóspedes.
— Por que não está me olhando nos olhos? — Chace continua
se divertindo, e não, eu não o olhei mais do que dois segundos
desde que se colocou em cima de mim.
— Você poderia sair de cima de mim? É pesado!
Ele não me escuta, pelo contrário, o loiro aproxima seu rosto
do vão do meu pescoço e o afunda ali, me paralisando por completo.
Que merda ele está fazendo? Engulo em seco ao mesmo tempo em
que paraliso.
Na sala de jantar, consegui disfarçar perfeitamente o que senti
subitamente, mas não consigo evitar de estremecer quando seus
lábios raspam pela minha pele.
— Só se você me der um abraço — ele diz contra meu
pescoço, me arrepiando com sua voz grossa e manhosa.
Safado e sem-vergonha!
Eu cortaria o seu pau, mas como sou uma manteiga derretida
quando se trata de Chace Lawson, arrumo minha posição na cama,
ficando de frente para ele e de barriga para cima, finalmente dando
o que ele quer.
— Está carente, Golden Retriever? — pergunto, disfarçando
essas emoções estranhas com uma risada.
— Golden?
— Você tem a personalidade do cachorro dessa raça —
provoco, prestando atenção em como suas costas flexionam quando
minhas mãos acariciam sua pele. — É brincalhão, engraçado,
sempre faz tudo que a dona quer, e é carente quase sempre.
— Eu não tenho dona.
Não consigo ver seu rosto, pois ele ainda está afundado em
meu pescoço, mas imagino que ele está um pouco indignado.
— Não, mas tem eu como melhor amiga.
Ele levanta a cabeça, quase encostando o nariz com o meu
quando não faz o mínimo para manter uma distância razoável entre
nós.
Respira e não pira, Ocean Bailey!
Ele é seu melhor amigo e está sendo o mesmo de sempre.
— Quer ser minha dona, meio-metro?
A pergunta não sai em um tom divertido, ela parece mais séria
do que qualquer diálogo que trocamos nos últimos minutos, me
deixando nervosa de uma hora para a outra.
Sorrio só para disfarçar, tentando parar de reparar em seus
olhos me observando como se eu fosse seu maior pecado, mas é
inútil. Por algum motivo, a forma como Chace está me olhando
agora, me queima e mexe comigo de uma forma muito mais intensa
do que o episódio na sala de jantar.
Preciso dormir e acordar sã amanhã!
Então, para refrear isso tudo, toco meu dedo indicador em sua
testa e o afasto de mim.
— Eu já sou, Golden! — respondo e o empurro para trás. Volto
a ficar de costas ao mudar minha posição novamente. — Vamos
dormir, mas antes, você vai colocar um pijama comportado.
Escuto sua risadinha.
— Como você quiser.

Acordo no dia seguinte e, antes de me virar, sinto que Chace


não está na cama ou então eu estaria esmagada no seu peito, como
em todas as vezes que dormimos juntos.
Pego meu celular na cabeceira da cama ao meu lado e vejo a
hora.
Dez e meia da manhã.
Por que dormi tanto? Fazia tanto tempo que não dormia até
esse horário, que me assusto.
Talvez seja o cansaço de tantos fins de semana em turnê.
Confesso que vou sentir falta.
Amo estar nos palcos e ver aquela multidão ao meu redor
chorando enquanto gritam as letras da minha música. Nesses
momentos, sinto como se fôssemos um só. É um sentimento único
que só quem canta e ama o que faz entende.
Minha próxima data em um estádio lotado é daqui a dois
meses, no Reino Unido, mais especificamente em Londres.
Desbloqueio meu celular e resolvo entrar em uma das redes
sociais mais tóxicas do mundo dos famosos: Twitter.
Essa rede é como se fosse uma terra sem lei, em que muitos
se escondem atrás de uma tela para ficar destilando ódio em
celebridades e comparando uma com a outra.
Mas há uma parte boa.
Meus fãs também estão por lá, e por mais que eu não entre
com frequência para manter minha mente saudável, gosto de me
atualizar uma vez ou outra à procura dos tweets cheio de amor e
carinho deles.
Muitas vezes, me sinto melhor amiga de cada um, e isso é uma
loucura, porque nem em outra vida eu teria a oportunidade de
conhecer todos eles, porém, entendo que o motivo disso é por
sermos conectados com a minha música.
Eles se identificam com as letras que componho, o que mais
posso pedir?
Acontece que, nem em todos os acontecimentos do último final
de semana, imaginei que veria o que encontro ao abrir o Twitter.
Meu nome está sendo relacionado ao de Chace, mas o
problema não é esse, já que quase sempre isso acontece devido à
forte onda de pessoas que nos shippam desde que fomos sinceros
sobre nossa amizade, o problema está no podcast que o desgraçado
está participando neste momento.
Abro o tweet de uma página de notícias minhas e vejo o vídeo
que está fazendo todo mundo, literalmente, surtar.
Cole e Chace estão no podcast como todo dia pós-jogo. Fisher
sorri para o running back, parecendo ter segunda intenções.
— Ah, não... Acho que as mais de cem mil pessoas online
querem saber pelo menos qual é o tipo de Chace Lawson — ele
provoca. — E então? Qual é o seu tipo?
Cole pega uma garrafinha de água e leva até a boca, tomando
alguns goles, ansioso pela resposta do amigo.
— Ocean Bailey.
O vídeo acaba e meu choque só faz eu ler a legenda do tweet
da página.
O QUE É ISSO? SIGNIFICA QUE ELES ESTÃO NAMORANDO?
OCEAN ESTEVE NO JOGO ONTEM. PODE SER QUE SEJA PARA VER
O NAMORADO, E NÃO O MELHOR AMIGO. NÃO, MAS SERÁ QUE
VENCEMOS, ESTRELAS DO MAR?
Volto para a página inicial e vejo outro corte do vídeo do
podcast.
— S-sua melhor amiga? — Cole parece tão chocado quanto eu.
Chace dá de ombros.
— Não posso achar minha melhor amiga bonita? — Eu vou
matar esse idiota!
— Não foi isso que perguntei — o responsável pelo programa
diz.
— Ah... — Sorri de lado. — Minha melhor amiga não pode ser
meu crush? O meu tipo de garota?
O vídeo acaba, e então desço mais a página inicial, em busca
de mais coisas, mas isso me parece o suficiente.
O que Chace Lawson tem na cabeça? Que merda é essa? Ele
sabe que não pode brincar com essas coisas, não quando tem a
mídia em cima de mim quase 100% do meu dia.
Meu celular vibra e assim que vejo que é uma chamada de
Edina, decido nem atender. Ela deve estar surtando, mil vezes mais
do que eu.
Por enquanto, ainda estou tentando entender o que meu
amigo quer com isso, mesmo estando tão irritada quanto minha
publicitária deve estar. Eu sou o tipo dele? Chace está tirando uma
com a minha cara!
Ele sempre é brincalhão e não deixa de mostrar esse lado para
as pessoas, faz parte dele e todo mundo o ama por causa disso, mas
agora brincar com meu nome?
Qual deve ser o castigo por matar o melhor amigo?
Esse que, inclusive, entra no quarto assim que me faço a
pergunta mentalmente e pulo da cama, jogando meu celular no
colchão e me aproximando do engraçadinho.
— Você dormiu muito mais do que eu hoje, meio-metro.
Cruzo meus braços em frente ao corpo e o encaro bem séria.
— Por que falou aquilo no podcast?
Ele parece surpreso por eu já saber o que aprontou e finge
uma inocência que não combina em nada com sua personalidade.
Chace não é sonso e muito menos ator!
— Do que, exatamente, você está falando?
— De eu ter virado, absolutamente do nada, o seu tipo de
mulher. — Me aproximo dele até quase colar minha cara em seu
peito. Odeio nossa diferença de altura, mas hoje, odeio ainda mais.
— Que merda foi aquela?
— Respondi uma pergunta, meio-metro, apenas isso. — Ele
ainda tem a coragem de agir como se não fosse nada, e me olha
com esses olhos cinzentos manhosos que conseguem me
desequilibrar na maioria das vezes.
— Sabe o que estão falando? Voltaram a dizer que estamos
namorando. — Aponto para seu peito. — Isso por causa das suas
brincadeiras. — Não escondo o quanto estou chateada com seu
comportamento. — Você pode ser o Chace brincalhão comigo, mas
não pode ser lá fora, as pessoas não entendem que é uma zoeira.
Porra! Mais de oito anos nessa indústria e ele não aprendeu
isso?
O loiro contrai a mandíbula e o brilho em seu olhar some,
dando lugar a um mais intenso. Sinto um certo receio quando ele se
aproxima mais de mim e me faz dar um passo para trás
instintivamente.
Por que essa proximidade toda? Nós já estávamos perto
demais!
Ele continua se aproximando até que minhas costas batem
contra a parede do closet. Não abaixo a cabeça, nem mesmo
quando o filho da mãe se inclina até ficar bem próximo do meu
rosto.
— E quem disse que é uma zoeira? Quem disse que você não é
o meu tipo?
Estremeço por inteira, desde o frio que invade a minha barriga
até minhas pernas que ficam bambas do nada.
Não deveria ser a hora para meu corpo reagir às suas palavras,
não quando nunca reagiu assim em tantos anos de amizade com
ele.
— Somos melhores amigos — friso tanto para mim quanto para
ele.
Consigo soar firme, mesmo tendo desde ontem, pensamentos
que amigas não devem ter com seus amigos, mas esse pervertido
não me ajuda, ele continua com essas brincadeiras de sempre.
— Só porque somos amigos eu não posso... — Seus olhos
brilham com perversão e um sorrisinho de lado surge, me fazendo
engolir em seco. — Querer foder você?
Essa pergunta devia servir para me deixar mais puta do que já
estou e, acredite, eu estou, mas também serviu para abrir mais um
espaço na minha imaginação.
Ontem, eu pensei em beijá-lo.
E agora... não!
Eu não estou pensando em transar com meu melhor amigo.
Desgraçado.
Meu corpo todo está reagindo às suas palavras e um calor que
não sentia há muito tempo, me invade, se concentrando,
principalmente, no meio das minhas pernas.
Merda!
Soco o peito dele, o pegando completamente desprevenido.
— Ai, meio-metro! — o grandão reclama, parecendo estar
sentindo dor por causa da minha mão pesada. Que ótimo! — Você
não precisa me bater dessa forma!
— Isso não tem graça. — Isso mexe com a minha mente,
boceta e corpo. — Espero que você resolva essa situação o mais
rápido possível, porque estou puta com o que fez.
Pela forma como me olha agora, Chace parece ficar magoado,
mas eu não ligo.
Não quando isso afeta diretamente meu trabalho e a
repercussão que isso está tomando.
— Está brava comigo? — Juro que quase vejo um beicinho em
seus lábios.
É mesmo um Golden quando leva bronca!
— Sim!
O empurro pelos ombros e volto a me distanciar dele.
— Vejo você quando eu estiver mais calma.
Porque agora, preciso mesmo dar o fora dessa casa. Mas não é
somente pelos motivos que meu amigo acredita.
E você ficou ali na minha frente, só
Só perto o suficiente para tocar
Perto o suficiente para esperar que você não pudesse ver o que eu estava
pensando
SPARKS FLY – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
É sempre decepcionante quando perdemos um jogo.
É irritante e estressante, para dizer o mínimo.
Enxergamos no rosto dos nossos torcedores o quão triste eles
estão com a partida que fizemos e tudo torna mil vezes pior.
— Houve algum aspecto específico do jogo que contribuiu para
a derrota dos Octopus? — a jornalista pergunta para nosso
quarterback.
— A outra equipe jogou muito bem, precisamos reconhecer os
méritos dela. Houve momentos em que poderíamos ter mudado a
nossa abordagem, e isso é algo que vamos analisar — Clyde
responde, calmo como sempre, mas sei que ele está pensando em
mil formas de isso não acontecer de novo.
— Como os jogadores estão lidando emocionalmente com a
derrota? — Dessa vez a mulher olha para mim, buscando uma
resposta.
— É sempre frustrante não ganhar uma partida, mas usaremos
esse sentimento como motivação para melhorar. — Vamos vencer o
Super Bowl! Esse é o pensamento obsessivo dos Octopus. —
Complementando o que Clyde disse, essa derrota nos mostrou áreas
em que precisamos de melhoras, e vamos trabalhar nisso.
A mulher parece satisfeita com a resposta.
— Agora uma pergunta mais pessoal, Lawson. —
Automaticamente estremeço. Todas essas perguntas passam por
Gracie, minha prima, agente e publicitária. O que ela teria deixado
passar? — O mundo da música e do futebol enlouquece semana
passada com sua resposta no podcast. A amizade entre você e
Ocean sempre foi comentada na internet, e quando era questionado,
nunca deixou de expressar o quanto a admirava como uma irmã,
mas na última segunda-feira, parece que houve uma mudança
brusca no seu posicionamento. Diga-me, seria possível o sonho de
muitos fãs ser verdadeiro e vocês estarem apaixonados um pelo
outro?
Sorrio forçado, querendo matar Gracie Kostel.
Trabalhar com família é uma merda!
Quem deixou ela cuidar da minha carreira? Amor de primos o
caralho.
— Somos melhores amigos ainda. — Tento buscar algo que os
convença disso.
— Ainda — a jornalista frisa, sorrindo. — Você deixou claro que
tem um crush em Ocean.
Maldita seja a minha prima que permitiu essas perguntas!
— De qualquer forma, eles são apenas bons amigos e não têm
nada a esconder. — Clyde me salva ao responder, colocando o braço
ao redor do meu ombro. — A amizade deles é a força do nosso
garotão aqui.
É claro que a mulher quer perguntar mais sobre, não só pelo
engajamento que dará para a emissora, mas porque está
extremamente curiosa. Minha sorte é que o tempo de entrevista
acaba.
— Vamos? — O quarterback aponta para a saída da sala de
entrevistas.
Quando estamos fora da vista dos jornalistas, aperto seu
ombro e lhe lanço um meio-sorriso.
— Obrigado!
— Não foi nada, cara! Sei como esses jornalistas podem ser
vampiros com sede de sangue — brinca enquanto caminhamos até o
vestiário. — Seu desempenho no jogo não tem nada a ver com
Ocean não ter comparecido, né?
Nego.
Minha amizade com a loirinha parece ter voltado ao normal,
como se nada do que eu disse naquele quarto antes que ela saísse
correndo de mim, tivesse acontecido.
Ela passou a semana dirigindo o clipe de seu último single, e
parecia animada com todos os spoilers, fotos e gravações que me
mandava. Feliz e normal, como se eu não tivesse feito nada.
Ocean, provavelmente, nem deu importância ao que falei.
Conseguir conquistar ela será mais difícil do que imaginei.
— Fica tranquilo! Ela não veio nos últimos cinco anos, e meu
desempenho só melhorou. Uma coisa não tem nada a ver com a
outra.
Clyde solta uma risadinha.
— Eu sei. Só estou provocando.
Ele pisca antes de entrar no vestiário.
Não consigo evitar e pego meu celular no bolso da calça,
pronto para enviar uma mensagem para Ocean, quando vejo que já
tem uma não lida na caixa de entrada.

Meio-metro mais fofo do mundo: Estou na sua casa com


uma compressa de gelo para seu tornozelo machucado e o frango
frito que tanto ama, não demore. Você deu tudo o que podia hoje,
não se chateie.

Apenas uma mensagem e tenho vontade de chorar ao mesmo


tempo que quero apertá-la contra meu peito e não soltar mais.
O jeito que seu contato está salvo faz todo sentido, porque ela
é o meio-metro mais fofo do mundo.
É por atitudes como essa, que a amo mais do que apenas um
amigo.
Não é apenas um desejo sexual ridículo.
Ocean é paciente, gentil, cuidadosa e move o mundo para ver
quem ama feliz. Ela sabe como fico triste quando perco um jogo,
não é mau humor, é triste para um caralho porque sinto que não dei
tudo de mim.
Eu e a loirinha temos isso em comum.
Queremos sempre dar o nosso melhor em tudo, mas quando
decepcionamos pessoas que nos admiram, seja em um álbum de
músicas novas ou em uma partida de jogo, nos sentimos péssimos.
Eu nunca conseguiria deixar de amar essa mulher.
Ela me conhece melhor do que eu mesmo.

Entro em casa e sou recepcionado pelo cheirinho gostoso do


frango frito que sou completamente apaixonado. Consigo perceber
só pelo aroma, que Ocean os comprou no meu restaurante favorito e
isso me arranca um sorriso.
— Você demorou. — A loirinha está sentada no sofá com um
balde da minha comida favorita e o balança com um sorriso no
rosto. — A sua sorte é que chegou agora.
Caminho até o sofá e me sento ao seu lado, ainda conseguindo
retribuir o sorriso que ela me lança.
— Sabe como me mimar, hum? — E isso me deixa ainda mais
apaixonado.
Pego um frango e mergulho no molho em cima da mesinha de
centro. Levo à boca sem dizer nada, me sentindo mesmo um lixo
humano pelo jogo perdido.
Sei que teremos mais oportunidades e que foi apenas uma
partida ruim, mas, poxa... Podia ter sido melhor.
Ocean coloca o balde ao lado dos potinhos de molhos e se vira
para mim, abrindo seus braços logo em seguida.
— Vem. — Convida. — Sou toda sua hoje.
Não.
Ela não é toda minha.
E acho que no fundo, a loira sabe disso.
Mesmo assim, me aninho ao redor de seus braços, ignorando o
fato de ser 30 centímetros mais alto do que ela e muito mais largo
com meus músculos. Chega a ser engraçado seus bracinhos finos ao
redor do meu corpo.
— Não se culpe tanto, foi uma diferença de dois pontos.
Tenta me consolar, só que aí vai um probleminha sério em
Ocean Bailey: ela é ótima com letras de músicas sobre amor, paixão
e perda. Perfeita em me adular. Corajosa em se jogar em seus
relacionamentos com o coração aberto. Mas ela é péssima em
consolar uma pessoa, até mesmo se esse indivíduo for seu melhor
amigo, que conhece desde quando nasceu.
— Sempre são os malditos dois pontos. — Foi assim no Super
Bowl passado e neste jogo também. — E você continua péssima em
consolar uma pessoa.
Ela bate nas minhas costas e me afasta, demonstrando uma
expressão ofendida em seu rosto.
— Só estou sendo realista, não é o fim do mundo, e vocês nem
foram desclassificados. — Ocean pega um pedaço de frango e
mergulha no molho, e em um piscar de olhos, estou com ele enfiado
na minha boca. — É melhor você comer, assim não fica falando o
que não sabe. Sou muito boa com as palavras, um amor de pessoa.
Dou risada do seu convencimento, mastigando a comida que
ela me dá na boca neste instante.
— Segura. — Manda. — Você não é mais um bebê.
Termino de mastigar antes de falar, mas não o seguro.
— Seu melhor amigo perdeu o jogo. Por que você não o
alimenta direito? — A olho com a minha expressão mais pidona
possível.
Ela revira os olhos.
— Você é muito abusado — ela retruca, mas não nega meu
pedido.
A loirinha se aconchega melhor no sofá e coloca uma almofada
em seu colo, batendo nele, convidando-me para deitar sobre ela.
Neste momento, sinto-me como se tivesse ganhado uma partida de
futebol, e não consigo esconder meu sorriso quando deito minha
cabeça na almofada.
Ela é perfeita.
Eu a amo.
— Depois diz que não sabe por que parece um cachorrinho. —
Ela move sua mão livre até meu cabelo e começa a acariciar meus
fios enquanto aproxima a mão que segura o frango até minha boca
e me alimenta. — É tão carente e mimado, que não sei como sua
mãe o aguenta há 27 anos.
Semicerro os olhos em sua direção e enquanto mastigo, faço
cosquinhas em sua barriga, arrancando risadas dela.
Como assim não sabe? Ela me aguenta por todo esse tempo
também.
— Ai! Para com isso. — Ela manda e eu obedeço, como
sempre. — Como está seu tornozelo? Pareceu feio quando você caiu.
Quase fecho meus olhos com o carinho que ela permanece
fazendo nos meus cabelos.
— Não foi tão ruim assim. — A tranquilizo. — Estava vendo o
jogo?
— É claro. Acha mesmo que eu perderia? — Me aninho melhor
em seu colo, amando poder voltar a dividir esses momentos mais
íntimos com ela. E fico um pouco mais tranquilo vendo que nada
mudou nesses cinco anos em que não compartilhamos tanta
intimidade por conta de seu ex-namorado. Será que minha loira
também sentiu falta? — Sinto muito pelo jogo, sei que para você, é
importante ganhar cada partida.
Sorrio de lado.
— Vai ser melhor da próxima vez.
— É claro que vai. — Soa animada. — Você é Chace Lawson.
Se eu sou o maior fã dessa loirinha, ela é a minha maior fã, e
isso nunca mudou.
— Nesses cinco anos, você sentiu minha falta? — pergunto,
pois tenho dificuldade de manter tudo guardado para mim.
Já basta guardar o que sinto por ela.
— Que tipo de pergunta é essa? Nunca paramos de nos falar.
Será que explico? Ou deixarei tudo muito evidente?
Apesar de ter decidido que vou demonstrar meu interesse e
tentar conquistá-la, não quero que Ocean se assuste e corra de mim
como fez naquela manhã.
— De dormir comigo, de me abraçar a cada momento, de
sermos mais íntimos. — Foda-se, ela precisa começar a perceber
que eu senti falta, e não foi como um amigo.
— Que tipo de pergunta é essa? — Ela bagunça meu cabelo. —
Se serve de consolo, senti sua falta, Chace. Estar com você é
sempre como estar no meu lar, sabe? Confortável, familiar e seguro.
Sinto em suas palavras o quanto ela me ama, mas não como a
amo.
Isso é tão... decepcionante.
— Tinha ciúmes do Mark? — Ela é direta e se eu estivesse
comendo, teria me engasgado.
É claro que eu tinha, só não sei se estamos falando do mesmo
tipo de ciúmes.
— Não gosto dele. — Não é uma mentira, odeio aquele cara.
— Bom... eu também não gosto mais dele — comenta, com um
sorriso travesso nos lábios. Que vontade de beijá-la!
Tenho certeza de que é melhor eu nem saber como é beijar
essa boca, pois ficaria viciado no momento em que a tocasse com a
minha.
— Então, você sentia ciúmes de Mark. — Ela me tira dos meus
desvaneios quando continua falando.
A loira aperta minha bochecha como se eu fosse uma criança.
— Fofo! Achou que eu abandonaria meu melhor amigo por
causa de algum homem? Sentia sua falta também, por isso minhas
brigas com Mark se tornaram mais frequentes.
Meu coração acelera.
Ela ao menos tem noção das coisas que fala?
— Como assim?
— Não sou idiota, sabia que não gostava dele, mas queria
estar contigo mesmo assim. Tanto que, na última vez que vim na
sua casa, nós brigamos porque ele não achava certo eu me
encontrar sozinha com outro homem.
Filho da puta.
Por isso ela não veio me ver na outra semana, como prometeu
que viria.
— Então, eu cansei... Se o cara que estou não pode aceitar e
nem faz o possível para entender minha relação com você, então
não o quero na minha vida.
Isso está errado. Eu que deveria estar conquistando o coração
dela, não a loirinha me deixando ainda mais apaixonado do que já
sou.
— Saiu com alguém nesses últimos dias? — pergunto, pois
além da ideia do sexo casual, Ocean não me disse nada sobre novos
encontros.
— Conhece Liam Cole? — O ator? Sinto medo do que ela vai
falar a seguir quando movimento a cabeça em um sim. — Ele me
convidou para jantar ontem à noite, mas não rolou química.
— Você foi?
Sento-me no sofá no automático e a encaro, um pouco
zangado.
E a história de “vou ser solteira para sempre”?
Ela dá de ombros.
— Sou solteira, por que não iria?
Porque você é minha!
O pensamento obsessivo me vem à mente sem que eu consiga
controlar.
— Por que não iria? — Forço um sorriso ao repetir sua
pergunta.
Preciso agir ou então essa mulher vai achar que está
apaixonada por outro carinha, que por sinal, o odiarei assim que me
apresentar como namorado.

— Estou bem, não precisa ficar fazendo isso — falo pela


terceira vez nos últimos cinco minutos em que Ocean está passando
a compressa de gelo no meu tornozelo. — Nem está doendo mais.
— Deixa de ser resmungão.
Sorrio, e então desisto de insistir. Eu gosto quando ela cuida de
mim, não vou mentir.
A loirinha cuida do meu tornozelo com muito cuidado, me
fazendo arrepiar quando suas mãos pequenas e delicadas encostam
em alguma parte da minha perna.
Acabamos vindo para o quarto depois de esvaziar o balde de
frango, e admito que não conversamos muito depois que ela me
falou sobre o encontro com o tal Liam. Não consigo esconder
quando algo não me agrada, e é por isso que quebro o silêncio no
cômodo:
— O que quer dizer com “não rolou química”?
— Hum? — Ela fica sem entender por um segundo, até que
parece compreender quando pensa um pouco. — Ah, sobre o Liam...
Só não rolou. Ele é legal, até mesmo um cara divertido, mas não
senti atração alguma. Se continuarmos nos encontrando, podemos
ser apenas bons amigos.
E lá vai ela colocar outro cara na friendzone.
Ocean deveria escrever uma música de como é boa nisso.
— Entendi...
Ela larga a compressa de gelo no chão e pula ao meu lado na
cama. Tento evitar olhar para o pijama curto que está usando esta
noite, só que é difícil quando o short sobe um pouco mais do que o
necessário.
Maldita atração.
Meu pau fica duro só de imaginar tudo o que faria se ela me
permitisse, e a minha sorte é que tem o lençol e a coberta por cima,
tapando qualquer volume que poderia ser visto pelo lado de fora.
Ocean também se cobre e se aninha ao meu lado,
descansando a cabeça no meu peito e abraçando minha cintura.
Muito bom ela não ter sugerido uma conchinha, seria
extremamente complicado explicar o porquê não posso abraçá-la por
trás.
Respiro fundo.
Estou tão fodido!
— O que foi? Você está toda hora suspirando. — Por sua
causa! Não sei o que fazer por sua causa!
— Não é nada, meio-metro. Vamos dormir — sugiro e passo
meu braço ao redor do seu ombro, levando minha mão até seu
cabelo e começando um cafuné, do jeitinho que fazia quando
éramos mais novos. Ela sempre gostou muito disso. — Obrigado por
ter vindo aqui hoje!
Significa tanto ter ela ao meu lado, que nem me lembro mais o
motivo pelo qual estava tão irritado quando saí do jogo.
— Sempre estarei aqui para abraçar você quando as coisas
estiverem difíceis.
Sorrio fraco e beijo o topo da sua cabeça.
Eu poderia dormir abraçado a ela pelo resto da minha vida, e
tenho certeza de que Ocean não faz ideia disso, mas quando
estamos dessa forma, me sinto o homem mais sortudo por ter tal
intimidade com a mulher que amo.
Talvez, no fundo do meu coração cafajeste, exista um homem
romântico que gostaria de viver seu romance com a única mulher
que se imagina.
— Ainda está brava comigo? — pergunto baixinho antes de
pegar no sono. — Por causa do podcast.
— Não fico brava com você por muito tempo. — Isso é bom. —
Mas por que disse aquilo?
— Porque eu facilmente ficaria com você. — Ela estremece sob
meu corpo e sinto que tudo paralisa ao meu redor com as palavras
que saíram da minha boca. Fui sincero pela primeira vez depois de
apenas sentir por tantos anos. — Você é o meu tipo, Ocean. O tipo
de mulher que eu não ficaria apenas por uma noite, a única que
poderia me fazer assumir um relacionamento, que seria capaz de me
fazer usar um terno e subir no altar. Você sempre foi a única para
mim.
O silêncio ensurdecedor começa a me sufocar, mas não me
arrependo de dizer essas palavras. Passei anos guardando isso para
mim e agora estou cansado.
Ninguém sabe como é ver a mulher que você ama namorando
um cara que não é você. Agora imagina passar por essa dor cinco
vezes? Imagina ter que acenar, sorrir e desejar felicidade, quando,
na verdade, está sentindo raiva e vontade de socar a cara do filho
da puta sortudo? Não, ninguém faz ideia de como é essa sensação.
Não sei como aguentei isso por tanto tempo.
Durante todos esses anos, saí com diversas mulheres, fodi com
várias, mas nunca consegui tirar Ocean Bailey do meu coração. Essa
merda de amor parece ser do tipo insuperável, e estou cada vez
mais irritado com isso.
— Acho que é melhor dormirmos — a loira murmura tão
baixinho, que quase não escuto.
Não esperava uma resposta diferente dela.
Eu a conheço, sei que levará um tempo, mas pelo menos ela
não se afastou de mim.
Tomei essa decisão de dar o primeiro passo e irei sair do
estado de covardia. Vou ser atacante em relação à minha melhor
amiga, da mesma forma que jogadores são no campo de futebol
americano.
Na noite do jantar com meus amigos, quando estávamos na
cama, mais especificamente comigo executando meu plano de
provocar qualquer reação dela que não fosse me deixar na
friendzone, notei que Ocean me enxerga como homem.
Eu vi.
Foram por míseros segundos, mas foi o suficiente para me
deixar duro e quase beijá-la na cama mesmo. Mas eu enxerguei.
E aquilo, junto com a vontade de não a ver mais sofrendo por
caras escrotos e a frustração por continuar sempre na friendzone,
me motivou a tomar essa decisão arriscada.
Não me culpe, o amor me deixou louca
Se você também não fica, não está fazendo direito
Senhor, salve-me, minha droga é meu amor
Vou usá-la pelo resto da minha vida
DON’T BLAME ME – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Acordo sentindo algo duro cutucando minha bunda.
Tenho um raciocínio rápido quando abro meus olhos e sinto os
braços de Chace me prendendo junto ao seu corpo.
O certo em um momento como esse é simplesmente me
afastar, né? Eu tentaria, isso se ele não fosse mais forte e estivesse
me agarrando como se fosse fugir.
Bom, também posso tentar acordá-lo, mas simplesmente não
reajo.
Há alguns meses, quase acordamos nessa posição, vi o quanto
o pau dele é grande, só que senti-lo na minha bunda, me traz a
impressão de ser muito maior do que imaginei.
Não somos mais crianças.
Afirmo isso quando me sinto estranha, de um jeito diferente.
Deveria estar me sentindo desconfortável por ter o pênis do
meu melhor amigo roçando na minha bunda, e não sentindo meu
corpo esquentar como se estivesse gostando da sensação e
esperando por algo que nunca acontecerá entre nós dois.
O que está acontecendo?
Só por que somos amigos eu não posso... Querer foder você?
Lembro das suas palavras e sinto minha calcinha molhar. Fiquei
dias com aquela voz rouca permeando meus ouvidos, como se
Chace tivesse assumido a forma de um diabinho e ficasse repetindo
isso a cada minuto no meu ombro.
Acho que ele estava brincando, mesmo assim, aquelas palavras
me incomodaram de um jeito contraditório ao que sinto por ele e,
exatamente por isso, mantive contato apenas por mensagens nesses
últimos dias. Preciso expulsar esse surto da minha mente.
Que isso? Desde quando passei a ficar excitada pelo meu
amigo? Não é nem fácil de explicar.
E agora, quando pensei que já não sentiria nada parecido...
voltam à minha mente as coisas que ele me disse ontem, me
causando de novo esse estremecimento estranho e familiar pelo
meu corpo.
Chace falou sério? Ele me enxerga como mais que uma amiga?
Ou ele está levemente confuso, do nada, assim como eu? Isso faz
mais sentido, e ainda assim, mexe comigo.
Talvez, não devemos mais dormir juntos.
Talvez, exista um limite, até para o nosso tipo de amizade.
Acho melhor me afastar ou posso, realmente, ficar muito
excitada com seu pau crescendo mais contra minha bunda.
Seguro as mãos do loiro ao mesmo tempo em que tento
colocar distância entre nossos quadris, mas tudo o que consigo é
fazer com que ele mova uma de suas mãos até minha barriga e me
abrace mais.
Atenção para a mão grande dele espalmada na minha barriga,
coberta apenas por uma blusa fina, bem próximo à minha virilha.
— Chace! — o chamo. — Chace, acorde!
Faço esforço para sair de perto desse ser, mas não funciona de
novo.
Paraliso quando sua mão desce até o fim da minha barriga e
desliza para minha coxa nua. Me arrepio por completo, e o calor que
estava sentindo antes, não se compara com o que sinto quando ele
me aperta nessa região.
Não é possível que ele esteja dormindo!
Espio de canto de olho e vejo que seu rosto continua sereno,
como se estivesse mesmo em seu estado dorminhoco.
Poderia apertar seu pau com minha mão e o fazer acordar e
me largar rapidinho, porém permaneço parada, sentindo meu
coração disparar cada vez mais quando sua mão volta a se
movimentar, dessa vez, me acariciando.
É lento, mas não deixa de ser erótico para mim.
— C-chace... — Gaguejo, perdendo o ritmo da respiração
quando sua mão se aproxima da minha boceta.
Por que diabos quero acordá-lo e implorar para que ele me
toque?
O que estou pensando?
Nada.
Não estou pensando nada, só sentindo. E minha calcinha está
molhando cada vez mais.
Consigo recobrar um pouco de juízo e agarro sua mão por
baixo da coberta, impedindo que isso possa ir mais longe.
O pensamento de que se eu abrisse minhas pernas poderia
encaixar seu pau duro entre elas me vem à mente e resmungo
baixinho.
Sem perversão, Ocean Bailey!
E contrariando o que quero de verdade, dou um tapa na mão
de Chace e me movo, pronta para ir para longe, mas sua voz rouca
e baixinha soa no meu ouvido:
— Se continuar se movimentando desse jeito, vou me esquecer
que conheço você há 27 anos, Ocean. — Sua voz parece carregada
de algo muito forte, como se estivesse louco para que eu me
movesse e então pudesse fazer exatamente isso que disse.
— E-estou tentando te afastar. — Droga! Será que entreguei o
quanto estou excitada?
— Preciso de um tempo. — Ele está muito excitado.
É impossível que isso crescendo na minha bunda seja ereção
matinal.
Permaneço em silêncio, buscando colocar meus pensamentos
em ordem.
Será que a falta de sexo faz isso com a gente? Sempre amei
transar, essa é a verdade, e confesso que sinto falta.
Minha vida sexual sempre foi muito ativa nos meus
relacionamentos, pois acredito que tudo vem em um combo: o amor,
o sexo e o respeito.
— Já teve seu tempo? — pergunto, nem um minuto depois,
pois realmente não consigo pensar em outra coisa conosco nessa
posição.
Ele solta uma risadinha fraca que atinge o topo da minha
cabeça e no meio das minhas pernas.
— Você deveria saber que não brocho fácil. — Em um piscar de
olhos, estou deitada de barriga para cima, com Chace em cima de
mim, me olhando com seus olhos ardentes. O cinza parece mais
intenso nesta manhã. — Não sou como seu ex-namorado.
Sinto um pouco de alívio por ele não estar mais roçando o pau
na minha bunda e me tentando, mas ao mesmo tempo também
sinto falta.
Vou me internar!
— Foi apenas uma vez! Não devia ter te contado — murmuro.
O loiro sorri e aproxima o rosto do meu.
— Eu não faço isso nem uma vez.
Semicerro os olhos em sua direção.
— Está muito confiante! — Bato em seu ombro, querendo que
se afaste, mas ele não faz isso. — Isso é um problema que qualquer
um pode ter.
— Não quando um homem está com uma mulher como você —
admite, fazendo com que qualquer palavra em minha mente
desapareça. Eu ficaria com você. A afirmação que ele fez ontem à
noite soa na minha cabeça. Maldição! — É isso que quero dizer,
meio-metro.
Mas o que ele está dizendo?
Chace aproxima mais o rosto do meu e sinto meu coração
voltar a bater de forma acelerada.
Por que ele está cada vez mais perto? Minha boca seca e meus
olhos caem para seus lábios.
Eles devem ser bons de beijar.
— Mas como você é minha melhor amiga, nunca vai saber o
que está perdendo. — Ele sorri de lado e beija minha bochecha, bem
próximo do cantinho dos meus lábios. — Vou para o banheiro, meio-
metro.
O safado se afasta de mim e corre para a suíte, me deixando
esparramada na cama, tentando entender que merda é essa agora.
Não posso arruinar minha amizade com Chace por um desejo
estúpido.
São 27 anos.
Olho para o colchão ao meu redor e tomo uma decisão: sem
cama para nós dois.

Papai entra no estúdio na casa que tenho em Denver e sorri ao


me ver grudada no violão.
— Você não muda, né? Achei que tiraria férias.
Decidimos passar alguns dias na cidade que nasci. Ficaremos
até o Natal, em que nos reuniremos na casa da Cora e Ed aqui em
Denver. Não somos mais vizinhos, mas isso não quer dizer que não
continuamos morando próximos.
— Até tentei, terminei de assistir três séries da Netflix, inclusive
um desses doramas. Acho que entendi por que Quinn é tão viciada
neles, assisti Pretendente Surpresa e tive borboletas no estômago.
Meu pai ri, se sentando ao meu lado.
— Dá mesma forma que tem quando se apaixona?
— Acho que é até pior — respondo, me sentindo triste. — O
mocinho da série é muito irreal. Posso dizer isso com propriedade, já
namorei cinco vezes.
— Românticos demais?
— Pai, romântico num nível de um abraço ser melhor do que
ver a cena de um beijo entre os protagonistas — digo e seus olhos
se iluminam. — Acho que é por isso que essas séries estão fazendo
tanto sucesso. Elas demonstram o amor, em que um abraço entre
duas pessoas que estão apaixonadas, pode ser mais íntimo do que
um beijo. Antigamente não era assim? Tenho certeza de que mamãe
fez você sofrer um pouquinho antes de beijá-la.
— Estava me lembrando disso agora, sabia? Cheguei a pedir a
mão dela em namoro para seus avós antes de beijá-la.
Sorri de lado.
— Imagina se o beijo fosse ruim? — zombo dele.
Meu pai bagunça meu cabelo.
— Essa é a diferença do amor para a paixão, filha. Se você só
sente desejo por alguém, pode acabar se decepcionando se o beijo
ou algo mais íntimo for ruim, mas se ama aquela pessoa, tudo nela
se torna bom, porque o amor nos faz sentir dessa forma.
— Faz sentido — murmuro e sem querer, penso em mim e
Chace.
Não nos encontramos mais desde aquele dia em que dormi na
casa dele. Meu amigo está muito ocupado com os jogos e eu preciso
colocar meus pensamentos em ordem, de novo.
— E quando se tem desejo por uma pessoa, é provável que
isso acabe depois que... sei lá, mata a vontade?
Sempre tive muita liberdade para falar sobre tudo com meu
pai. Minha mãe morreu muito cedo, e então sobrou para ele me
explicar tudo o que uma adolescente com hormônios devia saber.
Logo, é normal e ao mesmo tempo não é, pois ele ainda consegue
ficar envergonhado.
Tudo bem. Deve ser difícil para ele saber que a única filha
transa.
Pelo menos, meu velho não é do tipo ciumento.
— Desejo pode surgir, mas ele demora muito para desaparecer
— começa a explicar. — Atração está ligado ao nosso corpo. Vamos
pensar da seguinte forma: se você está com fome, uma colher de
arroz é suficiente?
Nego.
— É a mesma coisa com o desejo... apenas sentir não ajuda.
— Então...? — Preciso entender melhor.
— Uma pessoa nessa circunstância ou deve ceder ao desejo,
ou tentar fazer com que ele desapareça sem se envolver.
— Mas essa última opção demora muito.
Ele concorda com a cabeça.
— É por isso que as pessoas acabam cedendo. A paixão acaba
mais rápido quando é vivida, e acho que você sabe disso.
Confirmo com um movimento de cabeça.
Então... não.
Dou risada sozinha.
Eu não vou beijar o Chace para parar de sentir atração.
— Essas perguntas são por causa da sua ideia de se relacionar
sem compromisso? Ainda estou meio receoso disso, filha. Como seu
pai e empresário...
— Não se preocupe, pai. Acho que nem se eu tentasse,
conseguiria. — O tranquilizo. Sou muito romântica e dramática para
viver algo casual.
E mudo de opinião rapidinho, sobre tudo.
Antes, estava animada com a ideia de ficar casualmente com
caras, mas foi só parar para pensar direito, que percebi que não faz
sentido. Não para mim. O encontro que tive há algumas semanas
prova isso.
Meu velho parece tão aliviado que até a cor volta para seu
rosto.
— Vamos mudar de assunto. — Entrego o violão para ele, que
o segura mesmo sem entender. — Estou com saudade de compor
com você.
Papai sempre amou música e tenho quase certeza de que se
não fosse esse amor, que ele inclusive passou para mim, eu não
seria a cantora que sou hoje. Meu primeiro álbum foi composto
inteiramente por nós dois.
Só a partir do segundo que comecei a envolver compositores
externos.
— Também sinto saudade. — Ele começa a tocar uma melodia
aleatória no violão. — Qual ideia da música?
— Tenho pensado que durante todos esses anos, sempre quis
viver algo que você e mamãe viveram. Esse tipo de amor que não
acaba, mesmo quando o outro não está mais nessa terra. — Os
olhos dele marejam. — Quero viver algo cúmplice, romântico, sexy,
divertido... leve. Não tóxico, imaturo ou cheio de desconfiança.
Ele sabe que já vivi cada um desses.
Existe um bom motivo para Chace odiar todos os meus ex-
namorados.
— Um amor como esse... — ele murmurou, começando uma
nova melodia. — Podemos fazer isso, filha.
Sorrio.
É melhor me concentrar exclusivamente nisso.
A música é a melhor coisa que tenho, nada pode tirar isso de
mim.
Tudo que eu sei é que isso poderia partir o meu coração ou trazê-lo de volta
à vida
Tenho um pressentimento de que o seu toque elétrico poderia encher de
vida esta cidade fantasma
E eu quero você, quero precisar de você para sempre
ELECTRIC TOUCH – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Observo minha mãe ajudar Ocean a finalizar a torta de
morango, que é a nossa sobremesa favorita, sem conseguir disfarçar
o quanto estou feliz por ela estar passando o Natal com minha
família novamente.
— E como você está, querida? — minha mãe pergunta para a
loirinha enquanto ela termina de colocar os morangos na torta. —
Nunca mais falou com o Mark?
Reviro meus olhos, mas elas não estão olhando em minha
reação.
Claro que minha coroa faria questão de estragar esse dia lindo
que estou prestes a ter, trazendo o babaca à tona.
— Terminamos mesmo, tia. — Sempre achei fofo como minha
amiga chama minha mãe. — Acho que já superei. Não posso
continuar remoendo algo que não tem como dar certo, né?
— Você faz muito bem! Vai encontrar alguém que a faça feliz,
filha.
A cantora sorri ao olhar a torta pronta em cima da mesa.
— Estou curtindo esse tempo solteira fazendo o que mais amo:
música, turnê e passando meu tempo livre com vocês.
Dona Cora nem esconde o quanto ouvir isso a agrada.
— Fico feliz, porque pensava que qualquer dia veria Chace
chorando por aí.
— Mãe! — Que história é essa de choro agora?
— Ele dizia que você estava o abandonando e que em breve
deixaria até de ser amiga dele — a fofoqueira conta, se referindo ao
único dia que fiquei bêbado nessa casa e falei demais. Minha sorte é
que não falei sobre meus sentimentos ou então a essa altura, Ocean
já saberia. — Tomara que o próximo namorado que arrumar seja
amigo dele também.
A pestinha me encara de um jeito debochado antes de dizer:
— Ele sempre tem ciúmes dos meus namorados, tia.
Ela sustenta meu olhar e gosto disso.
Não tivemos tempo de nos encontrar depois da noite em que
passamos juntos e joguei algumas verdades na cara dela. Ocean
veio para Denver no mesmo dia com a desculpa de que queria
passar um tempo sozinha com o pai e sair da movimentação de
Nova York. E eu precisei viajar para três estados diferentes nas
últimas semanas por causa dos jogos e, infelizmente, só consegui
manter contato com ela por mensagens e ligações.
Mas sei que ela está fugindo e pensativa.
Consegui plantar a sementinha em sua mente e já estou
contente por isso.
Tenho apenas uma meta: fazer essa mulher ser minha até o
primeiro semestre do próximo ano.
— Tem razão, querida — minha mãe comenta, pegando a torta
e guardando-a na geladeira. — Ele precisa arrumar uma namorada
logo.
— Eu estou aqui sabia? — lembro-as caso tenham se
esquecido da minha presença aqui. — O que posso fazer se a
mulher que quero não me dá atenção?
Ocean deixa a colher que estava segurando cair no chão.
Reprimo a risada por causa de sua reação impactada, e a observo
pegar o utensílio rapidamente, colocando-o na pia para lavar.
— Então você está gostando de alguém? — minha mãe
questiona, alheia à reação da loira, que permanece de costas para
mim e começa a lavar a louça. — Será que Deus ouviu minhas
preces?
— Chace só está falando demais, como sempre, tia — a
atrevida comenta, corajosa o suficiente, mas sem olhar para mim. —
Duvido que ele consiga levar alguém a sério.
Então é essa imagem que ela tem de mim?
Não consigo deixar de me sentir ofendido. Tudo bem que fui
otário ao deixar que minha amiga pensasse exatamente isso, porque
não quis dar a entender que gosto dela.
Mas isso foi antes.
O agora é muito mais interessante.
Minha velha solta um suspiro e para ao lado da minha amiga.
— Tem razão, querida... A única pessoa capaz de colocar juízo
na cabeça desse ser é você.
Ela não esperava por essa e acaba derrubando um pote de
plástico dentro da pia ao mesmo tempo em que uma vermelhidão
sobe pelo seu rosto.
O que será que a loirinha está pensando? Na verdade, o que
será que vem passando pela sua cabeça nesses últimos dias? Posso
entendê-la como ninguém, mas ainda não consigo ler pensamentos.
— Vou ver se seu pai precisa de ajuda no quiosque. Faz o favor
de ajudar Ocean com a bagunça, fizemos sua torta favorita — a
coroa manda e faço um sinal positivo com a cabeça. — Depois que
terminarem, venham se juntar a nós.
Quando a senhora Cora sai da cozinha, me aproximo da minha
amiga e fico ao seu lado ao me escorar de frente para ela.
Dificilmente a vejo envergonhada porque temos bastante
intimidade para muitas coisas, então, é sempre um evento quando
isso acontece. Exatamente, como agora.
— Quem é a mulher? — Ela ainda pergunta.
Existem duas opções: mentir que não tem ninguém ou falar a
verdade que ela sempre foi essa mulher.
Só uma delas está a meu favor.
— Ainda sente falta do sexo? — pergunto, direto como sempre.
Ocean paralisa com as mãos sujas de sabão e segurando um
prato de vidro.
— Do que está falando? — Parece sair do transe e abre a
torneira, começando a enxaguar as louças ensaboadas.
— Você disse que sentia falta de sexo e por isso estava
pensando em ter encontros casuais. Ainda sente falta? — explico.
Ela dá de ombros, colocando o prato no escorredor de louças.
— É algo carnal, né? Eu tinha uma vida sexual ativa, é normal
sentir falta.
Contraio a mandíbula, odiando ouvir o que disse sobre ter a
vida sexual ativa com aquele babaca. Duvido muito que ele
conseguia deixá-la molhada apenas com um beijo. Certeza de que o
filho da mãe tinha que fazer um esforço maior para que ela ao
menos gozasse.
— Por que está me perguntando isso?
É fofo ver que ela ainda continua vermelha.
— Posso ser o seu amigo colorido. — Agora sim ela consegue
derrubar o copo de vidro caríssimo da minha mãe na pia e quebrá-
lo. — Ocean!
Preocupo-me na hora que a loira possa acabar se machucando
e agarro suas mãos.
— Deixa isso que arrumo depois.
A cantora olha para nossas mãos juntas e depois fixa a atenção
em mim.
— Culpa sua! — diz, não sei se zangada ou confusa. Arriscaria
dizer que o último. — Fica falando bobagens.
— Não estou brincando.
Os olhos dela se arregalam e reprimo o sorriso, vendo que a
deixei sem palavras mais uma vez.
— Posso ser o seu amigo colorido. — Igualzinho aquele filme
Amizade Colorida ou Sexo sem Compromisso, penso em completar.
— Sou seu melhor amigo, a única vantagem que teria é se apaixonar
por mim.
Ela continua paralisada, sem saber o que responder.
Provavelmente está muito surpresa com o que falei para reagir de
outra forma.
— Do nada? — pergunta baixinho, quase inaudível, mas
escuto.
Não é do nada.
Sou apaixonado por essa mulher e lembro de cada uma das
nossas conversas, inclusive a que disse que sentia falta de sexo e
que por isso se relacionaria casualmente por aí.
A loirinha até saiu com o idiota do Liam à procura disso, e se
no próximo rolar química?
Não deixarei isso acontecer.
Se transar é o problema, ela pode fazer isso comigo e eu darei
as melhores noites da vida dela, e de bônus, a farei se apaixonar por
mim.
— Não é algo repentino — respondo sinceramente. — Pensei
antes de falar isso e sei que você não é ingênua, sabe que é algo
que desejo, e ouso dizer... — Aproximo meu rosto de seu ouvido e
sussurro. — Que você também deseja.
Ela respira fundo e antes que eu tenha qualquer outra reação,
age rápido ao largar minha mão e me empurrar pelo peito.
— Sou sua melhor amiga! Pare de falar essas bobagens.
— Preciso provar que não é uma brincadeira?
Ocean me encara séria, uma expressão que poderia me dar
medo se não estivesse tão confiante que ela está, neste momento,
impactada e incrédula com o que falei.
— Eu sou um homem solteiro, você é uma mulher solteira. —
Trago os fatos para o jogo conforme volto a me aproximar dela.
Apoio as mãos, uma em cada lado da bancada, ao seu redor,
prendendo-a entre mim e o armário. Miro esses olhos azuis mais
intensamente do que qualquer outro dia. — Somos melhores
amigos, temos intimidade e maturidade o suficiente para saber
quando continuar e parar. — Não entrarei em detalhes sobre amor,
não quero assustá-la. Irei conquistar essa mulher primeiro pelo sexo,
do jeitinho que sei o quanto sou bom. — E descobri recentemente
que temos química.
Abaixo o rosto até ficar próximo do seu, sentindo quando ela o
afasta minimamente, mas não o suficiente para nossas respirações
não se tornarem uma só. A loira engole em seco, entretanto, não
desvia o olhar do meu.
Gosto da forma como Ocean é determinada, me deixa maluco
na maioria das vezes, porém, sou apaixonado por essa sua versão.
— Somos melhores amigos — ela frisa. — Não vamos misturar
as coisas.
Parece certa em sua resposta enquanto eu estou firme em não
desistir facilmente.
Com rapidez e colocando minha própria vida em perigo, beijo o
cantinho da sua boca. Quando me afasto, sorrio com seus olhos
arregalados em minha direção.
— Você pode pensar, pequena. Não quero sua resposta agora.
Pisco para ela, tirando minhas mãos da bancada.
Ocean aproveita que não está mais cercada pelos meus braços
e se afasta da pia e de mim.
— Vou ver se precisam de ajuda lá fora.
Ela nem espera eu responder e sai da cozinha rapidamente.
Sorrio.
Algo me diz que estou perto de conseguir essa mulher.

A hora de trocar presente é sempre a mais esperada pela


minha sobrinha, talvez pelo simples fato de ser a que mais recebe
presentes.
Observo Lila em frente a lareira e o pinheiro de Natal, vibrando
de felicidade pelo que ganhou de Ocean.,
— Eu sempre quis essa boneca, tia. — A garotinha pula nos
braços da minha amiga e a enche de beijos. — Agora tenho uma
edição limitada dela.
Barbie Lagerfeld.
A loira sabe como mimar sua sobrinha adotiva.
— Você não vai abrir o meu? Olha que posso começar a ficar
com ciúmes.
Minha amiga está ao meu lado e dá um tapinha fraco na minha
coxa.
— Deixa ela aproveitar um pouco o presente que eu dei —
reclama.
— Ela está há quase 15 minutos admirando essa Barbie de
cabelo branco.
— Tio! — Lila grita comigo. — Não chama ela assim, agora o
nome dela é White.
— Viu? Você até a chama de White.
A menina olha para Ocean.
— Eu amei, tia. Não ligue para o titio.
A cantora coloca a mão de lado para tapar minha visão de sua
boca e diz de forma bem audível:
— Eu nunca ligo.
Reviro os olhos.
Só não dou uma resposta em respeito ao pai dela e à minha
família que estão ao nosso redor.
— Acho melhor abrir o presente que o tio Chace comprou para
você ou ele é capaz de pegar de volta de tanto ciúme — meu irmão
provoca.
Lila sorri e finalmente vai pegar a caixa rosa com papel de
presente, quase maior que ela. A pequena começa a rasgá-la e
quando percebe do que se trata, imita o gritinho que deu quando viu
a Barbie que a loirinha deu.
— Meu Deus! Meu Deus! — ela grita incansavelmente e sorrio.
Sabia que ela iria gostar. — Pai, é um urso de pelúcia. Daqueles que
queria para dormir na cama.
— Uau! Que legal, filha.
Minha sobrinha corre até mim e me abraça.
— Obrigada, tio. Você e tia Ocean são os melhores depois dos
meus pais.
— Estou aliviada que você ainda nos mantém em primeiro,
filha — Harper comenta, se divertindo da emoção da pequena.
— Estou vendo que preciso me esforçar para conseguir o
primeiro lugar na próxima vez — brinco e dou um beijo em sua
testa. — É para você dormir abraçadinha, e não ir até os seus papais
no meio da noite. Nunca se sabe se eles não estão encomendando
seu próximo irmãozinho.
— Chace! — minha mãe grita. — Não diga essas coisas para
Lila.
— Eu vou ter um irmãozinho? — Os olhinhos da minha
sobrinha brilham para seus pais e sou fuzilado por Jaylen.
— Não ligue para seu tio, filha — Harper fala. — Ele só está
falando bobagens.
Dou risada da cara da menininha na minha frente.
Ela sempre perturba os pais por causa de irmãos e não perco a
oportunidade de colocar pilha na cabecinha dela.
— Agora, vai abrir os presentes dos seus avós. — Meu irmão
manda, apontando para as duas caixas médias restante na árvore do
pinheiro.
Ela vai correndo e aproveito para pegar a mão da Ocean.
— Vem, vou entregar seu presente. — Levanto-me e a puxo
junto em direção ao meu quarto.
— Sabe que não precisa me dar presente — ela reclama
enquanto entramos na minha suíte.
— E você sabe que amo te contrariar.
A loira se senta na cama e sorri, parecendo ansiosa quando
vou em direção ao closet. Ela não gosta que gaste com presentes,
mas deveria admitir que ama quando desobedeço a essa regra
nossa.
Pego a pequena caixinha na minha gaveta e vou até minha
amiga. Me sento ao seu lado e entrego o pacotinho.
— Espero que goste. — Sou sincero, pois me sinto um pouco
nervoso. — Mandei fazer com carinho para você.
Ela sente uma mistura de curiosidade e empolgação enquanto
segura a caixinha em sua mão. O papel de embrulho é azul,
decorado com um laço dourado muito bonito, não dando nenhuma
pista do que esconde ali dentro.
Com um sorriso ansiosa, Ocean desliza os dedos sobre a fita e
abre o pacote cuidadosamente, revelando uma caixinha pequena de
veludo azul-marinho.
Quando ela abre, seus olhos se iluminam com surpresa e
admiração ao observar disposto no interior, o colar brilhante com
pingente de estrela-do-mar.
A joia foi meticulosamente trabalhada, e é cravejada de
pequenas pedrinhas brilhantes, imitando os graciosos contornos de
uma safira reluzente.
— Gostou?
Ocean segura o colar nas mãos, me respondendo com um
olhar maravilhado para a beleza do pingente.
Não consigo deixar de pensar que acertei no presente ao ver
que a estrela-do-mar captura a luz de maneira hipnotizante, como
pequenos faróis de um oceano estrelado.
— É... O presente mais lindo que você já me deu.
Meu coração se enche de carinho.
— Sei o quanto seus fãs são especiais para você. Estava na
dúvida entre um oceano ou a estrela-do-mar, mas acabei optando
por este, porque ele lembra os dois. — Aponto para as safiras. — O
oceano e a estrela conectados para sempre.
Em um piscar de olhos, a loira pula no meu colo e me abraça
forte, quase me matando do coração com sua atitude. Consigo sentir
a felicidade dela cintilando nesse gesto tão comum entre nós dois.
— Obrigada. — Dá um beijo demorado na minha bochecha.
— Não precisa me agradecer — digo a verdade, fechando os
olhos e aspirando o perfume dos seus cabelos. — Há anos queria
dar um presente que fosse o mais especial de todos.
— Você, com certeza, acertou — responde em um tom
divertido.
Ela afasta o rosto do meu para me olhar ao mesmo tempo em
que abro os olhos.
— Posso colocar em você? — pergunto, não querendo que ela
saia do meu colo.
Ocean acena e me entrega o colar.
Abro a correntinha e a levo até seu pescoço. Nossos rostos
ficam mais próximos, e mesmo estando concentrado em conseguir
fechar o acessório sem olhar porque não quis que ela se virasse de
costas para mim, a sinto observando meu rosto por inteiro, e
quando encaro seus olhos, vejo que ela está me analisando em cada
parte, até chegar em minha boca.
O que será que a loirinha está pensando? Gostaria de ler seus
pensamentos.
Consigo fechar a correntinha, mas permaneço com os braços
ao redor de seu pescoço, olhando-a. Estar tão perto dela assim só
me faz ter mais vontade de beijá-la.
Tê-la no meu colo só faz com que eu não queira largá-la mais.
Que bom que estamos no inverno e ela não está usando nada
de roupas curtas ou seria difícil evitar ficar duro com ela nessa
posição em cima de mim.
— Você nunca partiria meu coração, né? — pergunta, me
deixando imóvel por um segundo.
— Eu quebraria o meu antes de pensar em quebrar o seu. —
Nunca fui tão sincero na minha vida.
Ela sorri e, novamente, afunda o rosto no meu pescoço e me
abraça apertado.
Não sei no que Ocean está pensando, mas algo me diz que
logo irei entender perfeitamente de que se trata.
Por ora, passo meus braços ao redor de sua cintura e a grudo
no meu corpo, abraçando-a apertado.
Eu fui a arqueira
Eu fui a presa
Quem poderia me deixar, querido?
Mas quem poderia ficar?
THE ARCHER – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Jogos são tão desorganizados quando se trata de datas.
Quem joga na véspera do Ano-Novo? Chega a ser ofensivo.
Contudo, aqui estou eu, sentada ao lado do meu pai, com um
copo descartável de bebida na mão, vestindo a camiseta do time do
meu amigo, assistindo à partida que já começou há duas horas.
Partiremos para a casa de praia dos Lawson assim que o jogo
terminar. Os pais do Chace e o restante da família já estão lá,
preparando a casa e o jantar para a virada do ano.
— Acho que os Octopus vieram com muita sede e vão acabar
engolindo os Rovers — meu pai comenta ao ver meu running back
favorito desviando de um jogador adversário.
O placar está 9 para os Rovers e 23 para os Octopus.
— Talvez eles estejam no ritmo do Ano-Novo — provoco,
bebendo um pouco do meu gin enquanto meu pai ri.
— Seu colar é lindo, filha. — Aponta para o presente que o
meu amigo me deu.
Ainda não acredito que ele fez isso.
Combinamos há muito tempo de não trocarmos presentes no
Natal, apenas nos aniversários, porque não faz muito sentido
quando temos anos de amizade. Gestos assim se tornariam mais
especiais se fossem em uma data que é importante para nós dois.
No entanto, ele sempre acaba desobedecendo e me dá alguma
coisa.
Ano passado foi um quadro com o rosto dele, que nos dias de
hoje, fica na estante da minha sala de estar em Denver.
Dou risada, segurando o pingente lindo do colar. Ele é um
idiota, mas amo essas brincadeiras que faz.
Ainda não consigo acreditar que Chace me deu um presente
tão especial como esse. Sei que não é impossível, porque ele é um
ser humano incrível, mas sua atitude ainda me surpreendeu muito.
Depois de mim, acho que meu amigo é o único que entende o
quão especial meus fãs são, assim como minha carreira. É por isso
que não tenho medo dos flashes, da mídia — apesar de ser muito
assustador —, das fofocas, dos rumores ou do sucesso. Não temo
nada disso, porque tudo é consequência do meu trabalho.
Almejei estar no topo e ser ouvida. Por que depois de alguns
anos serei ingrata e não os amarei da forma que devem ser
amados? Eles me amam igualmente.
— Tenho certeza de que meus fãs já notaram. — Até porque,
tudo o que mais recebo nesse estádio, é a atenção das câmeras.
Observo a bola ser lançada para Cole, que avança em direção
ao gol, desviando-se habilmente dos jogadores adversários, que se
lançam em sua direção, tentando o impedir.
Mesmo afastada da torcida, consigo ter uma visão da
tranquilidade que os torcedores estão tendo com o jogo
praticamente ganho.
Volto a me lembrar da proposta maluca de Chace e
rapidamente me arrependo por isso. Agora, vou ficar com a voz
rouca dele no meu ouvido, a sensação de correr uma maratona por
conta do coração acelerado, e seus lábios quase encostando na
minha boca.
Todas as tentações que estou ignorando porque devo ter
surtado.
Ele quer que tenhamos algo casual? Como assim? Do tipo,
amizade colorida? Isso nunca deu certo nos filmes, por que acabaria
dando certo na vida real?
Eu amo Chace mais do que qualquer outra pessoa fora meu
pai, nunca sequer tinha pensado em transar com ele, e agora...
Pensar a respeito daquela proposta? O não é o mais certo.
Não suportaria perder a minha amizade com ele, e tenho um
pressentimento de que isso pode acabar acontecendo se eu aceitar.
Sim, por um segundo, tentada pelas sensações que ele me fez
sentir nos nossos últimos encontros, pensei em aceitar.
Devo ter enlouquecido!
“Sou seu melhor amigo, a única vantagem que teria era se
apaixonar por mim.”
Sim, seria uma vantagem me apaixonar por alguém que me
conhece melhor do que eu mesma, mas ele não está vendo a
grande desvantagem? Nunca nos apaixonamos. Nunca nos
permitimos nos apaixonarmos. E se cedermos a esse desejo que
surgiu do nada, e acabarmos ferrando com a nossa amizade depois
que todo o tesão passar?
Só de pensar nisso tenho vontade de chorar.
Não existe Ocean Bailey sem Chace Lawson.
É por isso que aceitar essa proposta deveria estar fora de
cogitação.
— Filha? Você está bem? — meu pai pergunta.
— Claro. — Sorrio para tranquilizá-lo e presto atenção no jogo.
— Já estamos com 29 pontos?
O senhor Paul coloca a mão nas minhas costas e dá uma
batidinha.
— O camiseta 35 acabou de fazer um touchdown.
Bom.
Nós ficamos cada vez mais perto de ganhar e comemorar a
virada do ano com estilo.
Como amigos.
Sempre deve ser como amigos.
Mas por que somos tão ruins em seguir a razão?
Sempre que Chace me abraçava, eu me sentia em casa, nunca
era visto com malícia da minha parte, mas agora, estando com seu
braço ao redor da minha cintura enquanto ele bebe um copo de
cerveja com a outra mão, percebo que meus pensamentos não são
mais os mesmos.
Como esse cretino consegue fingir que não havia feito uma
proposta indecente daquelas para mim?
Ele está me tratando como se nada tivesse acontecido, sem
tocar no assunto e tento fazer o mesmo, mas toda vez que o loiro se
aproxima, como agora, ou como o abracei automaticamente para
agradecer o presente, minha respiração fica descompassada e meu
coração acelera, sem falar que meus pensamentos vão diretamente
para a tal da proposta.
Bebo minha cerveja em um só gole, fazendo uma careta para o
gosto amargo da bebida. Não é uma das minhas preferidas, mas
acho que preciso de álcool no sangue para passar essa virada de
ano.
Faltam dez minutos para o ano virar.
Meu Deus!
Vou começar um novo ciclo desejando meu melhor amigo?
Quando foi que essa chave virou? Como isso aconteceu?
Pensei que tinha sido apenas um pensamento maluco que toda
melhor amiga já deve ter tido algum dia, mas acho que estou bem
sã da cabeça e que isso não é temporário.
— Tudo bem, pequena? — ele murmura no meu ouvido.
Sua voz rouca me causa arrepio.
O novo apelido que começou a usar para se referir a mim
parece muito mais íntimo do que bobo, como antes.
— Fez um bom jogo hoje. — Melhor não falar sobre o que
estou pensando ou daria mais armamento para ele continuar me
tentando. — Como se sente estando perto da temporada dos
Playoffs? Sabe que vão se classificar, né?
— Vamos ganhar o Super Bowl, pequena — diz, todo cheio de
convencimento e me fazendo sorrir.
— Já que estão falando sobre jogos... Posso ler o que estão
falando sobre Ocean ter aparecido pela segunda vez em uma partida
dos Octopus? — Gracie, a prima e publicitária do running back,
questiona.
— Com certeza, não é nada de novo — meu pai comenta. —
Os fãs surtam sempre que eles estão juntos.
— Não era a tia que shippava vocês dois? — ela indaga,
olhando para Cora. — Lembro um pouco sobre isso.
— Lembro como se fosse ontem da Cora e Penelope
planejando o casamento desses dois — Ed responde e solta uma
risadinha, que me deixa um pouco constrangida. O que eles fariam
se soubessem que agora nós pensamos em ter algo casual? Ou
melhor, Chace pensa, eu não! — Velhos tempos...
Meu pai acena.
— Será que Penelope ainda acreditaria que esses dois ficariam
juntos? Porque Cora desistiu.
— Ei — chamo a atenção de todos. — Estamos aqui, viu?
— Deixa eles, meio-metro — Chace fala de um modo divertido.
— Estou gostando de escutar.
Semicerro os olhos para ele.
Eu não! E você sabe por quê!
— Falta pouco para a virada do ano, por que não vamos lá para
fora? — sugiro.
— Vão ver os fogos de artifícios? — meu pai questiona.
— Acho que faz tempo que não fazemos isso, né? — pergunto
para o loiro ao meu lado, que sorri e concorda.
— Acho que podemos ver da sacada lá em cima — Jaylen
sugere para o restante do pessoal. — Deixar os dois pombinhos ir
para a praia.
Reviro meus olhos e antes que perco a coragem, seguro a mão
do Chace que estava na minha cintura e o puxo em direção à saída.
Meu amigo tem uma casa bem em frente a uma parte da praia
que é particular, e que ninguém tem conhecimento dela, por isso,
nem me preocupo de ser fotografada andando com ele ou vendo os
fogos.
— Sempre que vejo fogos de artifícios lembro de você — Chace
comenta quando paramos em frente ao mar. — Sempre amou as
luzes brilhantes no céu.
Sorrio.
— É lindo, como poderia não amar?
Observo o mar à nossa frente.
A noite não está tão fria e tudo aqui é bem iluminado pelas
estrelas e pelas luzes ao redor da casa.
— Nosso primeiro Ano-Novo juntos depois de cinco anos —
lembro e entrelaço meu braço ao seu. — Como se sente, Golden?
Ele solta uma risada.
— Você e esse apelido... — Me encara. — Sinto que estou
completo novamente.
Aqui está.
Esse olhar que me deixa com o coração disparado e a sensação
de que estou prestes a arruinar a nossa amizade. É um tipo de
perigo eletrizante que só me impulsiona a ser tentada e ir mais
longe.
Volto meu olhar para o mar e tento relaxar, encostando minha
cabeça em seu braço.
— Só é ruim constatar que será a primeira virada depois de
muitos anos, que não beijarei na contagem regressiva.
Nossa intimidade sempre foi uma coisa de outro mundo, mas
acabo me sentindo envergonhada quando penso no que admiti.
Falei isso mesmo? Por que ele não responde nada?
Ergo meu rosto para o jogador e o pego me encarando
intensamente.
— Posso resolver isso facilmente. — Ele muda de posição,
passando a ficar parado na minha frente, mais próximo a mim. —
Você só precisa me permitir.
Solto uma risada, um pouco nervosa.
— Não vou beijar você.
Bato fraco em seu peito.
— Por quê? — Engulo em seco quando ele toca minha cintura e
me puxa até ficar grudado ao seu corpo musculoso. Mesmo com as
camadas de roupas, consigo senti-lo, não totalmente, mas o
suficiente para me deixar ciente dele. — Posso fazer isso, pequena.
Você tem... — Ele olha para o relógio em seu pulso e volta a colocar
a mão na minha cintura. — Dois minutos para decidir.
Beijar o Chace? Ele ficou maluco?
Provando que não endoidou, meu amigo ergue uma mão até
minha nuca e a agarra com firmeza, como se quisesse me mostrar
uma prévia do que eu perderia se recusasse essa ação bondosa.
E ele está.
Seus olhos ardendo em minha direção, loucos para ouvir o sim
saindo da minha boca, estão me dizendo isso, mesmo que ele não
tenha falado palavra alguma.
Meu coração volta a acelerar quando Chace aproxima seu rosto
do meu e sem desviar o olhar, espera minha decisão, com uma
promessa tão explícita em uma expressão sexy e cafajeste que me
excita.
Eu me assusto.
Ele mal está me tocando, como isso é possível?
— Um minuto — murmura contra minha boca.
— Podemos nos arrepender disso — murmuro, só então
percebendo que aproximei mais o rosto do seu.
— Não acho que você se arrependeria de me beijar. — Sorri,
cheio de convencimento.
Acabo sorrindo, tensa quando sua mão passa a acariciar minha
cintura lentamente.
— Quanto tempo temos? — pergunto, com uma decisão muito
arriscada passando pela minha mente.
Eu vou mesmo fazer isso?
Bom, acho que sim!
— Trinta segundos.
Então passo a contar mentalmente, sentindo a atmosfera entre
nós mudar a cada segundo que se passa.
Cinco, quatro, três, dois...
— U...
Não o deixo falar, pois meus lábios tomam os seus antes que
pudesse completar a contagem.
Perco a capacidade de raciocinar quando sinto o rápido
raciocínio de Chace agir e ele me agarrar fortemente. Sua mão na
minha nuca me guia enquanto a outra na minha cintura não me
deixa ir a lugar algum.
Nossas bocas se entreabrem ao mesmo tempo e quando sua
língua adentra o interior da minha, é como se mil borboletas
voassem dentro de mim. Não é estranho como deveria ser, seus
lábios sobre os meus são suaves, mas ao mesmo tempo, ele me
toma de maneira voraz.
Tudo o que consigo fazer é agarrá-lo pela gola da camisa com
uma mão e pelo pescoço com a outra, me permitindo afundar nas
sensações de estar beijando-o.
Uma corrente elétrica percorre meu corpo conforme nosso
beijo se torna mais ardente. O loiro me beija com paixão, fazendo
com que arrepios não percorram apenas meus braços, e sim por
partes até que desconhecia que podiam reagir dessa maneira com
um simples contato de lábios.
Tudo bem, não é nada simples.
A mão dele começa a explorar minhas costas e desce
novamente, chegando próximo à minha bunda, em um toque tão
erótico, que me faz esquentar em uma noite de inverno e querer
que me aperte ali, só para sentir mais dessa pegada.
A claridade dos fogos de artifícios silenciosos no céu não é
vista, mas sei que ela está acontecendo neste momento.
Tudo o que consigo me concentrar é neste beijo.
Na forma como ele me agarra com vontade, como se estivesse
desejando isso há muito tempo, no jeito que sua língua suga cada
canto da minha, enviando ondas de excitação pelo meu corpo e
molhando minha calcinha. Eu foco na forma como ele me faz
explodir em um milhão de sensações apenas com um beijo.
Chace desce a mão até minha bunda e a aperta, me
arrancando um gemido que é engolido pelos seus lábios. Minha
boceta fica ainda mais molhada quando sinto seu pau crescendo
contra minha barriga.
Talvez, isso não seja mais só um beijo.
Talvez, seja uma promessa.
E mesmo que meu ar já não esteja mais sobrando no pulmão,
quero continuar sentindo sua boca na minha.
O loiro parece sentir o mesmo, pois no que parece se
encaminhar para o fim do nosso beijo, ele desce os lábios pelo meu
queixo, mandíbula e pescoço, me fazendo respirar fundo ao mesmo
tempo em que solto um gemido quando chupa minha pele com mais
força do que o necessário. Sinto o quanto estou precisando gozar
quando sua mão volta a apertar minha bunda.
A boca do meu melhor amigo sobe até meu ouvido e sinto
minhas pernas bambearem quando ele diz, decidido por nós dois:
— Não vou parar só com um beijo, pequena. Se você não
quiser continuar, é melhor não dormir comigo esta noite.
Mas se eu estou toda arrumada
Deixe que eles olhem para a gente
E se me chamarem de vadia
Você sabe que, pelo menos uma vez, vai ter valido a pena
SLUT – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Estou duro, mais duro do que um pau de verdade.
Porra!
Beijar Ocean foi como ir do paraíso ao inferno em questão de
segundos.
E, caralho! É ainda melhor do que qualquer ilusão que um dia
tive.
Seu corpo pequeno colado ao meu enquanto ela se entregava
e correspondia, tentando dar conta do desejo intenso que sentia,
quando eu sabia que não conseguiria.
São anos desejando beijá-la, tocá-la, fodê-la e fazer amor, tudo
na mesma medida.
Merda!
Estou na merda.
Nunca poderei superar esse beijo e estou me segurando muito
para não a pegar no colo e a levar para meu quarto e não a deixar
sair da cama, nem mesmo amanhã.
O jeito que a loirinha está me olhando também não ajuda eu
me manter na linha, é como se ela quisesse exatamente isso.
Eu a excitei, e ela está me desejando neste momento como eu
a desejo.
— Feliz ano-novo, Lawson! — Ocean deseja e olha para minha
boca. — E obrigada pelo presente!
Ela acha mesmo que foi um presente?
A sem-vergonha está tentando esconder o sorriso, mas não
consegue disfarçar o brilho provocativo quando me encara.
Posso levá-la para aquele quarto e dar alguns tapas em sua
bunda.
Meu pau pulsa dentro da cueca.
Será que ela gosta desse tipo de sexo? Nós nunca falamos
sobre isso.
— Feliz ano-novo, pequena. — Sorrio fraco ao notar a pele do
seu pescoço se arrepiando conforme a toco nessa região. — Posso
te dar mais um presente essa noite.
Uma vermelhidão sobe pelo seu pescoço e se concentra em
suas bochechas.
— Você é um safado!
— Não me diga que não sabe o quanto quero levá-la para o
quarto do terceiro andar e fodê-la. — Sou sincero, gostando de
como o brilho de desejo cresce em seu olhar.
— Não vou transar com você!
Dou risada, com minha boca contra seu cabelo.
— Da mesma forma que disse que não iria me beijar?
Ela se afasta um pouco e me estapeia no peito.
— Então você é esse tipo de cretino... Não me surpreende que
esteja solteiro até agora. — Ocean tem uma mania sonsa de
esfregar a minha solteirice na cara, e mesmo com o que falei há
alguns dias, ela não percebe que sempre estive aqui esperando por
ela. Meu coração fica frustrado, assim como meu pau. — Vou entrar
e desejar feliz ano-novo para todo mundo, e você... — Ela olha para
baixo e sorri antes de dar um tapinha leve no meu peito. — Boa
sorte!
Antes que eu consiga impedir, a loira já está correndo para
dentro de casa.
— Você vai pagar por isso!
Encaro o volume no meio das minhas pernas e chuto a areia na
minha frente.
Que ótima forma de começar o ano!

— Como assim não quer dormir com Chace? Você dormiu a


vida toda com ele — o pai de Ocean pergunta, sem entender o que
está acontecendo.
Apenas observo tudo, sabendo do exato motivo que faz a
loirinha não querer dormir na mesma cama que eu.
— Somos adultos agora, pai. — Que desculpa péssima, meio-
metro.
Quinn olha para mim e depois para sua melhor amiga.
— Hum... Vocês não estavam dormindo juntos há algumas
semanas? Por que não quer agora?
Tomo um gole de champanhe, saboreando o gostinho de ver a
loirinha tentando evitar a vermelhidão em seu rosto, enquanto
parece pensar em como explicar que a razão por não querer dormir
no mesmo quarto que eu, é porque não quer acabar transando
comigo.
— De qualquer forma, não tem outro quarto disponível e estou
com sono — Jaylen diz, sem esconder em sua expressão o quanto
está achando toda essa situação estranha. — Lila já está dormindo
no nosso quarto. Acho melhor irmos antes que ela acorde e não nos
veja na cama.
Harper concorda.
— Boa noite, pessoal!
Eles sobem as escadas.
— Então... Tudo certo, né? Vai dormir no quarto do meu filho,
como sempre? — minha mãe pergunta.
Ocean assente, meio em dúvida sobre essa decisão. E quando
ela me encara, entrego o meu melhor sorriso cretino só para admirá-
la totalmente desconcertada.
Ela se dá por vencida e suspira ao passar por mim.
— Boa noite, família! — Desejo a todos e sigo a loirinha para
meu quarto.
Subo as escadas atrás da cantora e quando chegamos no
corredor, agarro seus ombros e passo a caminhar dessa forma com
ela.
— Tudo isso é medo? — pergunto próximo ao seu ouvido.
Minha amiga estremece ao mesmo tempo em que para em
frente a porta do quarto. Ela se vira para mim e mesmo que
estejamos próximos, consegue me olhar fixamente.
— Vamos dormir, espertinho — diz, como se não me
conhecesse. — Somos melhores amigos há 27 anos, não vamos
estragar nossa amizade por algo... repentino.
Meu estado chocado deve estar sendo muito expressivo,
porque realmente não consigo acreditar que ela disse isso. Mesmo
desejando-a demais, não serei filha da puta e respeitarei se ela não
quiser ir em frente, mesmo estando com o pau duro feito uma
pedra.
Mas ouvir a palavra “repentino” sair da boca dela... me faz
querer provar que não existe nada repentino, não para mim.
Ocean ao menos sabe quanto tempo passei desejando-a?
Quanto tempo espero para ela ser minha por completo?
Abro a porta atrás dela e sem dizer nada, a empurro para
dentro do quarto, agarrando sua cintura e a puxando para mim
enquanto meu pé volta a fechar a porta atrás de nós.
— Repentino? — Deslizo minhas mãos pelas suas costas,
tomando liberdade para descer até sua bunda dura e empinada, que
sempre me tentou, e apertar.
— Chace...
Seus olhos voltam a me que querer. Gosto de ver este brilho
intenso de incerteza e desejo brilhando neles.
— Sabe quanto tempo passei desejando foder você quando
esfregava essa bunda no meu pau no meio da noite? — Grudo seu
corpo ao meu e seus olhos se arregalam ao ver que estou duro de
novo. — Pode ser repentino para você, Ocean, mas não para mim.
Meu coração acelera e minha ereção pulsa contra sua barriga
quando ela agarra meu rosto.
— Se disser que somos amigos de novo, vou te foder até não
conseguir andar mais. — Tento ser mais claro do que algum dia já
fui.
Porra! Eu gostaria disso.
— Não quero sua resposta agora, Ocean — digo e volto a subir
minhas mãos pelas suas costas, agarrando seu casaco e o
deslizando para fora de seu corpo. — Não quero saber se aceita ter
uma amizade colorida, não hoje, mas quero deitar você naquela
cama e dar uma amostra grátis do que está perdendo se recusar
minha proposta.
O casaco cai em seus pés, revelando a blusa fininha que usa
por baixo da peça. Os cabelos da loira estão soltos e ondulados,
jogados para frente, e com ela assim, me olhando como se
imaginasse tudo que poderíamos fazer nesse quarto, só me deixa
com mais vontade de acelerar as coisas.
— Você é mesmo um cafajeste, Chace. — Ela julga, mas vejo o
quanto está excitada.
Sou um homem experiente.
Sei muito bem notar os detalhes.
A pupila dilatada.
As coxas se esfregando minimamente uma na outra, quase
imperceptível.
— É a única coisa que você ainda não conhece de mim. —
Seguro sua nuca e aproximo nossos rostos. Não resisto e beijo
rapidamente seus lábios, prendendo o inferior entre meus dentes, e
o soltando assim que sua respiração bate mais forte contra minha
cara. — Não está nem um pouco curiosa?
Então eu a beijo de verdade.
E o gemido que solta contra meus lábios, é o suficiente para
saber que venci essa batalha. A loira agarra meu pescoço e fica nas
pontas dos pés para corresponder ao beijo.
Minha boca sobre a dela não é delicada como comecei nosso
primeiro beijo, é urgente e ardente, roubando nosso fôlego por
completo. Minhas mãos não conseguem ficar paradas em um só
lugar e deslizam em cada parte do seu corpo que consigo tocar.
Acaricio sua cintura, seus braços e pernas, que muito em breve,
espero que esteja ao redor do meu quadril.
Seguro a bainha da sua blusa e a levanto, interrompendo
nosso beijo para tirá-la do corpo e para apreciar pela primeira vez
depois de adultos, Ocean só de sutiã na minha frente.
Seus seios são pequenos e ela usa um sutiã de renda
vermelho, que só faz meu pau pulsar mais na calça.
Gostosa!
Deslizo minha mão do seu pescoço pelo seu peito, notando o
quanto ele sobe e desce, devido à sua respiração agitada.
— Não precisa ser tímida comigo — falo ao notar a
vermelhidão subir pelo seu pescoço.
Ela dá um meio-sorriso e segura minha mão, impedindo-me de
passar pelo vão do seu seio.
— Nunca pensei que acabaria desta forma com você — admite
e acho fofo o fato de ser sincera.
Não posso dizer o mesmo, pequena.
— Vem aqui.
Seguro seu quadril e dou impulso para que suba no meu colo.
Ela entende e faz isso rapidamente, circulando as pernas na minha
cintura e arfando quando meu pau duro toca em sua virilha.
Caminho com ela até a cama e antes de deitá-la no colchão,
tento ser o mais sincero e suave possível. Mesmo que eu a deseje, a
ame e a quero para sempre, não posso ignorar o fato de que somos
melhores amigos.
— Esqueça o que somos nos próximos minutos e foque no que
está sentindo. Tudo bem se for assim?
Ela nega.
— Nunca poderia esquecer que você é meu melhor amigo. —
Toca meu rosto e por baixo de toda onda de desejo, vejo seu
carinho por mim, e isso faz com que meu corpo reaja.
Ocean me beija e eu perco a capacidade de pensar em alguma
resposta. Seus lábios procuram os meus de forma urgente e quando
sua língua adentra minha boca, coloco a loirinha no meu colo, sem
deixar de beijá-la nem um segundo.
O sabor do beijo dela é ainda melhor do que imaginei.
A cantora tem um sabor agridoce, como a brisa salgada do
oceano, misturada com a doçura sutil de frutas, e quero devorar
cada uma delas.
Desço minha boca pelo seu pescoço, beijando e chupando sua
pele, que se arrepia conforme a exploro com minha língua. A loirinha
geme baixinho, enviando uma forte onda de excitação para meu
pau.
Seu som é tão excitante.
Como será quando eu estiver com meu cacete dentro dela? Ela
irá gemer mais alto? Vai implorar chamando meu nome?
Porra!
Quase gozo só de pensar.
Mordisco sua pele e deslizo a boca até seus seios, descendo
até o vão deles. Ergo a cabeça e a vejo com os olhos pesados em
minha direção.
Com um sorrisinho de lado, aproximo minhas mãos de suas
costas e as enfio entre o corpo dela e a cama. Encontro o fecho do
sutiã rapidamente e o abro, fazendo questão de olhar para seus
seios sendo descobertos pelas minhas mãos.
— Nunca tive tanta vontade de chupar peitos — murmuro,
salivando ao vê-los firmes, pequenos e com os mamilos duros
apontados para mim.
— Eles não são tão grandes... — Ela faz um biquinho fofo com
os lábios. — Certeza de que existem melhores por aí.
Reviro meus olhos.
— Se você vai falar merda, é melhor abrir sua boca só para
gemer, pequena.
Ela me fuzila com o olhar.
Abafo a risada e aproximo a boca de seu seio.
— Eles são perfeitos. — Elogio antes de abocanhar o direito.
Ocean e eu gememos ao mesmo tempo com a sensação da
minha língua em seu peito. Tudo o que consigo pensar nesse
instante é que estou mesmo fazendo isso.
Encho minha mão com o esquerdo, a fazendo arfar.
Passo minha língua pelo mamilo e chupo, mantendo meu olhar
firme ao da loira. A mulher parece queimar de desejo cada vez mais
e admito que estou ansioso para vê-la se contorcer mais com tudo
que posso dar a ela nessa amostra.
Movo minha boca para o outro seio, repetindo os movimentos
com a língua, sem economizar nas sucções, gostando da ideia de
deixar essa pele branquinha toda marcada.
— Chace... — ela geme e agarra meu pescoço.
— Gosta disso? — Chupo mais forte, arrancando um som dela
ainda mais alto. — Cuidado para não contar para o restante da
família o que estamos fazendo.
Ela coloca a mão na boca, um pouco assustada ao perceber o
risco.
Sorrio com seu seio ainda na boca e a mordo, observando a
loirinha revirar os olhos e gemer contra sua mão.
Ajoelho-me ao redor de seu corpo e retiro minha blusa de lã e
a outra fina que uso por baixo, sentindo um calor oposto ao da noite
fria de inverno lá fora.
Noto o jeito que Ocean me observa, e tenho que me segurar
para simplesmente não me enfiar em sua boceta, que a essa altura,
já deve estar extremamente molhada para mim.
Paciência.
Esperei tanto por isso, que preciso fazê-la me desejar um
pouquinho mais.
Volto a me esgueirar sobre seu corpo, beijando sua barriga e
indo até o início da sua calça. Ela suspira e me ajuda a abrir o cinto,
o zíper e a retirar a peça de seu corpo.
Aproveito para tirar seus sapatos e as meias antes de voltar a
me aproximar dela, quase nua para mim.
A loira está apenas com uma calcinha cobrindo sua boceta.
— Sempre soube reconhecer que você é gostosa, pequena. —
Agarro sua coxa e deslizo meus dedos por ela, sentindo a pele
pinicar de tão arrepiada que está. — Mas imaginação alguma supera
a realidade.
Ela me olha de um jeito atrevido, que só me excita mais.
— Imaginou meu corpo nu?
Diversas vezes.
Ocean tenta me dar um chute como castigo, mas consigo
impedi-la e aproveito esse movimento para separar bem suas
pernas.
— E agora... você não vai conseguir parar de lembrar tudo que
vou fazer contigo aqui — prometo, aproximando-me cada vez mais
da região da sua virilha. Beijo seu joelho e traço uma linha fina de
saliva com a língua pela sua coxa até chegar no vão entre ela e a
virilha, e deixo um chupão bem aqui, fazendo-a gemer meu nome
baixinho novamente. — Prometo que nunca vai esquecer como é ser
chupada de verdade.
Rasgo sua calcinha e sem mais delongas, abocanho a boceta
molhada. Não consigo me controlar e gemo ao sentir o gosto
maravilhoso contra a minha língua. Ocean quase não consegue ter
tempo de conter seu gemido com a mão, e sinto uma delas vir em
direção ao meu cabelo, me impulsionando a continuar.
Ela realmente não me conhece totalmente! Eu nunca
conseguiria parar de chupá-la, e era isso que provaria para a mulher
sob mim.
Com minha língua, lambo cada parte da sua intimidade antes
de chegar em seu clitóris e o colocar entre meus lábios. A loira
choraminga e puxa mais forte os fios do meu cabelo ao tentar fechar
as pernas comigo no meio, mas as mantenho abertas com minhas
mãos, de uma forma que ela me dê mais liberdade para fazer o que
quiser com essa boceta.
— Chace...
Meu pau está pulsando de vontade de entrar nela, mas consigo
ignorá-lo e sentir prazer em dar o meu melhor nessa chupada.
Sugo seu clitóris, ora lentamente, ora mais forte, provocando
ondas de desejo mais forte nela. Subo minha mão até um de seus
seios e o aperto, fazendo-a levantar mais o quadril em minha
direção.
Reprimo meu sorriso convencido e continuo, chupando-a ainda
mais forte do que antes. Levo a outra mão para sua boceta e sem
avisos, enfio dois dedos nela.
Ocean geme alto contra sua mão ao mesmo tempo em que seu
clitóris pulsa na minha boca.
Mulher gostosa do caralho!
Permaneço com as estocadas com meus dedos, praticamente
engolindo sua boceta com minha boca. O prazer que proporciono à
mulher dos meus sonhos é tanto, que ela não percebe que está
puxando os fios do meu cabelo ao ponto de arrebentar alguns.
Eu não julgo.
Eu amo esse tipo de sexo.
E estou percebendo que Ocean Bailey ama também.
— Chace, eu vou...
Gozar.
É isso que quero, pequena. Mas não apenas uma vez.
Continuo com meu trabalho, indo mais fundo dentro dela e a
fazendo morder os lábios ao mesmo tempo em que não consegue
evitar de gemer mais alto. Consigo enxergar, mesmo daqui de baixo,
um filete de sangue sair dos seus lábios, onde ela mordeu, tamanha
a força que colocou.
Ela nem percebe que acabou se machucando.
Arrasto minha mão do seu seio e agarro fortemente sua coxa,
querendo-a apertar contra mim.
Não leva mais tempo e Ocean se desfaz na minha boca,
gozando tão maravilhosamente bem, que quase esqueço do que
devo continuar fazendo só para admirar seus olhos brilhando, o
corpo reluzente e a boca avermelhada chamando meu nome.
Porra!
Linda!
Linda pra caralho!
Não me importo que ela esteja gozando ainda e continuo a
chupá-la, engolindo todo o líquido que sai da sua boceta.
— E-eu estou sensível. — Eu sei. Sorrio e continuo. — Chace!
Ignoro a loira e seguro sua perna com mais força, tanto que
preciso tirar meus dedos da sua entrada e segurar a outra coxa
também.
— Porra!
Ela choraminga novamente e em seguida geme.
A loira geme tantas vezes, que eu poderia fazer uma música
com esses sons lindos saindo da sua boca.
Nunca conseguirei me esquecer deles.
E quando tenho a sensação de que se eu não parar, ela será
capaz de desmaiar, minha pequena explode em um segundo
orgasmo, ainda mais intenso do que o primeiro, que a faz fechar os
olhos e respirar de boca aberta.
Deixo seu gozo escorrer e subo o rosto, beijando sua barriga.
O corpo da mulher que amo estremece enquanto seus olhos
ainda estão fechados, parecendo não acreditar no que aconteceu.
Subo a boca pela sua barriga, beijando-a e lambendo até
chegar em frente ao seu rosto. Toco meus lábios nos seus, fazendo-
a abrir seus olhos. Enxergo tantas emoções ali dentro, que sou
incapaz de definir qualquer uma delas.
Antes que consiga falar alguma coisa, Ocean volta a fechá-los e
desta vez, me puxa para um beijo, que eu rapidamente correspondo.
Minha pele se arrepia por completo quando ela toca as minhas
costas, deslizando suas mãos por elas delicadamente, provavelmente
sentindo a forma como meus músculos se contraem ao ser tocado
dessa forma pela mulher que sonhei ter durante anos.
Ela me explora ao mesmo tempo em que me beija.
Sinto meu pau doer quando chega na região do meu abdômen
e desce até o botão da minha calça.
Seguro suas mãos antes que consiga fazer qualquer coisa, e
bom, antes que eu perca o controle.
Sorrio para ela quando para o beijo e me olha confusa.
— Não falei que era uma amostra grátis? — Aproximo a boca
de seu ouvido. — Você só vai ter meu pau nessa boceta gulosa
quando aceitar a minha proposta.
Beijo abaixo de seu ouvido e antes de me afastar, chupo uma
última vez — nessa noite — seu pescoço.
— Agora, como não sou de ferro, preciso mesmo usar o
banheiro por alguns minutos.
Deixo um beijo no canto dos seus lábios e pulo da cama,
aspirando o ar fortemente quando me afasto de Ocean ao caminhar
até o banheiro do quarto.
Posso estar de pau duro de novo, mas não consigo evitar de
sorrir quando fecho a porta que separa um cômodo do outro.
Eu a conquistarei do jeito mais malicioso possível.
Antes de entrar em seu coração, entrarei em sua calcinha, e
admito... não tenho o que reclamar, desde que Ocean Bailey seja
minha no final de tudo.
Porque eu te vejo esperando no fim do corredor
E posso te imaginar comigo contra a parede
E o que você faria, meu bem, se soubesse
Que eu te vejo?
I CAN SEE YOU – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu deixei Chace me chupar.
Meu melhor amigo me fez gozar duas vezes seguidas.
Estas são as frases que fico repetindo diversas vezes quando
abro meus olhos e encaro o teto branco à minha frente.
Já faz alguns minutos que estou acordada ao lado do jogador,
que dorme como um inocente que devia ser, mas que me provou
ontem que não é.
O que foi que eu fiz?
Ele é meu melhor amigo e sei que tudo entre nós é sempre
fácil, leve e aconchegante, mas não é um risco envolver na nossa
relação algo tão íntimo quanto o sexo? As pessoas que não nos
conheciam, sempre julgaram nossa amizade por conta dos abraços,
das noites que dormimos juntos ou dos nossos encontros para
jantares.
A questão é: o que se tornará se acabarmos não resistindo a
esse desejo repentino?
Repentino? Sabe quanto tempo passei desejando foder você
quando esfregava essa bunda no meu pau no meio da noite?
A voz dele invade minha mente e me lembro de tudo que
aconteceu entre nós nessa cama.
Quando foi que tudo mudou?
Faz cinco anos que deixamos alguns costumes da nossa
amizade de lado, porque temos consciência que não era o certo
quando eu estava namorando. Dormir juntos era um deles, dormir
na casa do outro também, e Chace consequentemente parou de
andar de cueca ou sem camisa na minha frente.
Mas com o término, esses detalhes voltaram para a nossa
amizade.
Será que meu corpo acabou se esquecendo que ele é o meu
melhor amigo?
Observo o loiro ao meu lado, perdido em seu sono profundo.
Seus lábios parecem mais carnudos nesta manhã e a vontade
de beijá-los me deixa confusa ao mesmo tempo em que me lembro
deles pelo meu corpo e da maneira como chupou meus seios,
marcou partes desconhecidas da minha pele e, literalmente, me
fodeu com sua boca na minha boceta.
Estou perdida!
O lençol que chega até o meio da sua barriga não esconde seu
peitoral bonito, os mamilos lindos, e isso tudo nem me ajuda a
esquecer o quanto evoluiu nesses últimos anos.
Chace Lawson agora é um homem de 27 anos, mais forte, mais
musculoso, mais bonito, como se fosse um vinho que envelhece
bem. Seria essa a explicação para estar o desejando? Ou é por estar
sem sexo há mais de três meses? Talvez a junção dos dois.
Meus olhos se arregalam quando vejo o espertinho ao meu
lado entreabrir os olhos e bocejar, parecendo prestes a acordar.
Quando ele sorri de lado e abre de vez seus olhos, sinto meu
rosto ficar todo vermelho e, sem pensar direito, puxo o lençol e me
enrolo nele antes de dar um pulo da cama e correr para o banheiro.
— Ocean!
Não paro e me tranco no banheiro da sua suíte, me sentindo
subitamente envergonhada.
Ontem, quando ele saiu da cama e disse que precisava de uns
minutos, provavelmente para se aliviar, acabei dormindo antes que
voltasse para o quarto. Não tive a oportunidade de encará-lo depois
do que fizemos.
E o motivo de estar agindo assim é simples: o homem em
quem mais confio e um dos que mais amo no mundo, não só meu
viu nua, como me fez gozar duas vezes em um curto espaço de
tempo.
Porra!
Não é possível...
Meu melhor amigo me deu o melhor sexo oral de toda a minha
vida. Como posso lidar com isso?
— Ocean? — Chace bate na porta.
Que ridículo!
Por que estou assim? Ele é meu melhor amigo.
Ele também fez você gozar como nunca fizeram antes.
A resposta surge na minha cabeça rapidamente.
— Você está fugindo de mim? — Seu tom de voz é divertido.
Claro que o desgraçado está se divertindo com isso.
— Não — respondo, mas tenho certeza de que ele sabe que é
uma mentira. — Preciso tomar banho para o café da manhã.
— Primeiro, saia do banheiro para eu dar meu bom-dia. — Ele
pede.
Engulo em seco, não conseguindo fazer com que as
lembranças de ontem saiam da minha mente.
— Acho melhor você usar o outro banheiro para ser mais
rápido. Nossa família já deve estar acordada.
— Ocean Bailey está envergonhada? Justamente comigo? Essa
é nova — o idiota zomba. — Abre a porta ou eu irei abrir.
Está trancada, espertinho.
— Tenho outra chave em algum lugar do quarto.
Merda!
— Por que você é tão insistente? — E por que teve que me
fazer gozar daquele jeito?
— Quero te ver, não posso?
— Quer é me deixar mais envergonhada!
— Então admite que está com vergonha? — Bufo, odiando o
quanto ele me conhece. — Abre essa porta, meio-metro.
E agora eu voltei a ser o meio-metro.
Suspiro.
Meu rosto não vai voltar a cor normal tão cedo, então
simplesmente adiciono isso à minha lista de constrangimentos da
vida e abro a porta, dando de cara com Chace não fazendo a mínima
questão de esconder seu meio-sorriso pervertido.
Ele me olha de cima a baixo, enrolada em um lençol e confesso
que só pelo brilho nesse olhar, sinto como se estivesse vestindo um
conjunto de roupas que me deixa extremamente atraente, quando
sei que, na verdade, estou com remela nos olhos, cara de cansada,
cabelos bagunçados e ridícula com esse tecido branco ao redor do
corpo.
O loiro dá dois passos para frente e fica tão próximo de mim,
que tenho que erguer meu rosto para encará-lo.
Envergonhada? Um pouco. Mas não sou de desviar meu olhar
nem nas maiores brigas que já tive na indústria musical.
— Bom dia, pequena!
Agora eu volto a ser pequena.
Sem qualquer aviso, ele enrola os braços ao redor da minha
cintura e afunda seu rosto no meu pescoço de um jeito tão
manhoso, que me arranca um sorriso fraco nos lábios.
— Não precisa sentir vergonha — ele sussurra, fazendo-me
arrepiar na região do pescoço com sua voz grave contra minha pele.
— Sou eu, Chace Lawson, seu melhor amigo.
Retribuo seu abraço.
Ele tem razão, o problema é que eu não tenho controle das
minhas emoções. Nunca tive. Sou um tanto quanto emocionada,
obstinada e dramática.
— Eu sei — decido responder.
Chace ergue seu rosto e toca minha bochecha, mantendo o
olhar brilhante em minha direção.
— Está desconfortável?
Nego e ele ri da careta que faço.
— Já disse que nunca fico desconfortável com você.
Meu amigo parece gostar da resposta.
Meus olhos caem pelo seu corpo, vestindo apenas uma
bermuda preta da Adidas.
Ele é tão gostoso que chega a ser um pecado, e o pior? Eu
sempre soube disso, e agora que também sei o que Chace consegue
fazer em uma cama com uma mulher, fica difícil não desejá-lo.
O abdômen firme e definido.
Os ombros largos e com um ótimo formato.
Os braços fortes que ainda estão ao redor da minha cintura
nesse momento.
Como alguém pode ser tão... sexy?
Um aperto na minha bunda me acorda dos pensamentos
safados e o encaro. O grandão semicerra os olhos para mim.
— É melhor não ficar me olhando desse jeito ou vou repetir
tudo o que fiz essa noite com você — promete, me deixando úmida
no meio das pernas.
— Não aceitei sua proposta — o lembro.
Ele solta uma risada anasalada e debocha quando diz:
— Nós sabemos qual será a sua resposta.
Dou um tapa em seu peito tão forte, que o faço se afastar de
mim.
— Ai, meio-metro!
— Seu ego é ainda maior do que seu pau, provavelmente —
reclamo e antes de me virar para o banheiro, completo.
— Como sabe o tamanho se nunca viu? — O sorriso
provocador está ali, me fazendo queimar de vergonha. — Andou
conferindo meu pau?
Sim.
Lembro-me da manhã que sem querer o toquei e dessa vez,
sinto um arrepio excitante se espalhar pelo meu corpo.
— Não sou uma mulher previsível! — mudo de rota dentro do
mesmo assunto.
Chace segura minha mão e me faz virar para ele de novo.
— Não é, acontece que a conheço melhor do que ninguém e,
sim, tenho um ego maior do que esse planeta.
Tudo o que consigo fazer é rir do biquinho que se forma em
seus lábios.
— Mas você não vai aceitar? Precisa de outra amostra?
Ele tenta me agarrar, mas consigo escapar antes disso,
colocando a porta do banheiro entre nós dois.
— Amizade com benefícios nunca termina bem.
Ele nega.
— Nos filmes acabam, e você sabe que o único bônus que
receberia é se acabasse se apaixonando por mim.
E isso seria um bônus? Me apaixonar por alguém que me
conhece melhor do que eu mesma, mas que nunca namorou?
— Vamos nos arrumar para o café. — Mando, sem querer
discutir isso com ele justamente agora. — E bom dia, Lawson!
Meu amigo sorri e assente antes de eu fechar a porta, respirar
fundo e sentir a adrenalina das últimas horas aumentando dentro de
mim.
Por que estou constantemente pensando nessa proposta?

— Como passaram a noite? — meu pai pergunta enquanto


estamos à mesa, tomando o café da manhã juntos.
Sinto meu rosto esquentar e disfarço, bebendo mais do meu
café. Consigo sentir Chace, me encarando, de frente para mim,
contudo, não faço questão de retribuir o contato agora, porque
automaticamente vou me lembrar dele entre as minhas pernas, me
chupando como se eu fosse seu picolé favorito.
Sinto minha boceta pulsar só com a lembrança.
— Foi muito boa. Sua filha é intensa... — Engasgo-me com o
café e, em um piscar de olhos, Quinn, ao meu lado, bate nas minhas
costas, tentando ajudar-me a voltar ao normal.
— Filha? — Meu pai me encara.
Minha garganta arde e tomo água para melhorar a situação
constrangedora que chama atenção de todos à mesa.
Encaro Chace e tenho vontade de matá-lo ao vê-lo com esse
sorrisinho divertido, que agora, ele tenta esconder.
— O café estava muito quente. — Dou essa desculpa.
— Está melhor, querida? — a senhora Cora pergunta.
Faço um gesto positivo com a cabeça.
— O que queria dizer com Ocean sendo intensa, Chace? —
minha amiga pergunta e quero cavar um buraco na minha frente.
Tenho certeza de que meu amigo entende que pelo olhar que
estou lhe lançando, para seu próprio bem, é melhor se manter
calado.
— Ela me chutou bastante. — Mente na maior cara de pau. —
Acho que tenho até algumas marcas pelo corpo.
Meu pai me olha, preocupado.
— Você está bem filha? Tem estado ansiosa por algo?
— Ela deve estar sentindo falta dos shows — meu amigo
zomba. Acho que irei matá-lo. Não me importo em ter que esconder
seu corpo gostoso em algum lugar dessa praia. — Sabem como a
nossa Ocean é...
— Aproveite esses dias para descansar, querida — Cora
aconselha. — Seus shows são sempre tão intensos, merece essas
férias até começar a turnê na Europa.
— Eu até a sugeri algumas atividades durante esse tempo, é só
ela ficar comigo em Nova York. — O desgraçado não cala a boca, e é
exatamente por isso que chuto sua perna. — Ai!
— Que atividade? — Jaylen questiona. — Você está prestes a
entrar na temporada de Playoffs. Não vai ter descanso até o Super
Bowl.
— Muito bem lembrado, Jaylen. — Sorrio para o idiota à minha
frente.
— Quando vamos ver o jogo do titio? — Lila pergunta,
lembrando a todos o quanto ama ver o tio em campo. — Faz tempo
que não vamos, papai.
— Terei algumas reuniões de trabalho até o jogo de domingo,
mas podemos tentar ir na próxima semana, o que acha, querida? —
Ele olha para a esposa.
— Claro — Harper responde.
— E você vai, Ocean? Como agente dele, preciso saber o que
esperar— Gracie diz.
— Muito que você está cuidando da minha imagem, senhorita
— meu amigo provoca e ela revira os olhos. — Tome mais cuidado
ao aprovar as perguntas das minhas coletivas ou vou demitir você.
— Não teria essa coragem — ela o desafia e prendo a risada.
— Ninguém além da nossa família aguentaria trabalhar com você.
— Nossa prima tem razão. — Jaylen ama provocar o irmão
também.
Chace me olha.
— Me ajude!
Arqueio as sobrancelhas.
— Não! Sua prima tem razão.
— Vocês são tudo sem coração — ele reclama, emburrado.
Todos na mesa dão risada.
Desde que Chace começou a jogar, Gracie foi responsável pela
imagem dele. Ela é tão boa quanto os pais, que têm uma empresa
de relações públicas muito requisitada aqui nos Estados Unidos.
— Respondendo à sua pergunta, Gracie: vou estar no máximo
de jogos que conseguir — digo e sorrio quando vejo a surpresa no
rosto do meu amigo. — O que foi? Achou mesmo que eu ia ficar
apenas no estúdio e na minha casa?
Ele nega e sorri ao mesmo tempo.
Gosto quando o pego de surpresa assim, porque Chace mostra
um lado seu que dificilmente as pessoas ao nosso redor e que o
acompanham, sabem.
O jogador mostra seu lado mais bobo.
Não o tipo bobo divertido que mostra para o público, e sim o
bobo que fica feliz quando as pessoas que ele ama o colocam como
prioridade.
Eu sei, pois, também sou igual. E me pego pensando que em
toda a nossa história, nós fomos os únicos que sempre colocamos o
outro no topo da lista de prioridade.
Você se lembra, nós estávamos sentados à beira d'água?
Você colocou seu braço ao meu redor pela primeira vez
Você tornou rebelde a cuidadosa filha de um homem descuidado
Você é a melhor coisa que já foi minha
MINE – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Lanço a bola em direção a Ocean, que consegue pegá-la
rapidamente.
— Você está mais atenta em pegar os lances. — Elogio ao
mesmo tempo em que corro para pegar a bola que ela joga na
minha direção. — Mas é péssima em lançar.
Ela ri.
— Droga, achei que caso a minha carreira de cantora um dia
flope, poderia ser uma grande jogadora feminina de futebol
americano.
Jogo a bola na areia da praia e me aproximo da loirinha. Mais
tarde teremos que voltar para Nova York, então resolvemos
aproveitar o tempo aqui, um pouco longe da nossa família, que não
para de fazer apostas sobre o próximo jogo, me deixando mais
nervoso do que normalmente fico.
— Primeiro, você tem um metro e meio, não sobreviveria em
um campo de futebol — zombo da sua altura só para perturbá-la,
como sempre, e acho graça do bico que forma em seus lábios. — E
por último, sua carreira como cantora nunca vai flopar, pequena.
Ela gosta quando a chamo assim.
Eu gosto de chamá-la assim.
Lembro da noite que tivemos a cada instante que olho para
Ocean, e tem sido difícil não a desejar a cada minuto em que
passamos juntos. Acho que descobri algo que sou completamente
obcecado.
Tudo começou com o beijo, e piorou mil vezes ao sentir seu
gosto enquanto a escutava gemer, e isso pareceu música para meus
ouvidos.
Na minha cabeça só se passa imagens de ontem à noite, e a
cada instante que a olho, penso em beijá-la de novo e repetir tudo.
Não me importo se meu pau cair de tanto ficar duro, ou minha mão
criar calo de tanto me masturbar, tudo que quero é vê-la se
contorcendo de prazer novamente.
Porra!
Estou ficando duro!
— Pare de me olhar assim. — Ocean me empurra pelos ombros
e se afasta de mim. Ela caminha até onde a maré do mar chega e se
senta na areia em frente a ele.
— Você não pode me culpar — comento, me juntando a ela.
Estamos um pouco afastados da frente da minha casa, mas
ainda faz parte da propriedade privada.
A loira balança a cabeça, corando, e tenho certeza de que não
é por causa do frio. Isso me faz lembrar da cena pela manhã,
quando não queria me ver, pois estava envergonhada.
Tão fofa que minha vontade é de apertá-la.
— Sobre minha carreira, tudo é incerto. — Ocean apoia seu
peso nas mãos sobre a areia e observa o mar. — Você sabe... eu
sempre lanço um álbum achando que pode ser o último.
— Isso é loucura. Sabe disso, né? — Odeio esse pessimismo
que às vezes a cega para o óbvio. — Tem sido cada vez mais
aclamada, Ocean.
— Eu sei, mas nunca ouviu que quem chega no topo sempre
pode acabar caindo de forma brusca? De qualquer forma, aproveito
cada dia nessa indústria, porque nunca sei quando vai ser o último.
Toco sua mão esquerda, atraindo seu olhar para o contato.
— Alguém como você nunca cairia de forma brusca, e se em
algum dia tropeçar, eu vou estar aqui para não deixar que caia.
Minha amiga sempre soube disso, mas nunca deixarei de dizer
o quanto a apoio e, assim como ela, prezo pela sua carreira.
A loirinha me olha.
Sempre sou bom em desvendar o que ela está pensando ou
sentindo, e não porque Ocean é um livro aberto, mas porque temos
essa conexão desde que nascemos. Sempre fomos grudados a ponto
de saber tudo sobre o outro, desde as atitudes, até o sentimento
quando falamos alguma coisa.
Mas agora...
Não quero me iludir com o que vejo.
A cantora sempre me admirou e sempre me amou, essa é a
verdade. Só preciso me lembrar que ainda não é da forma que
desejo.
— Obrigada por estar sempre comigo, Chace — ela agradece.
— Poderia facilmente viver minha vida inteira ao seu lado.
Meu coração acelera, e tudo o que minha amiga faz é deitar a
cabeça no meu ombro e voltar a olhar para o mar, como se não
tivesse dito algo com um tremendo duplo sentido para mim.
Sempre foi assim.
Palavras que só faziam eu me apaixonar ainda mais por ela.
— Principalmente porque agora você teve uma amostra de
como sou na cama. — Não a deixarei pensando que eu levaria isso
para a amizade, não mais. — Ou esqueceu que gozou duas vezes
comigo ontem?
Ocean me olha intensamente, parecendo se lembrar de todas
as memórias que acrescentamos à nossa amizade.
— Não estou falando disso — responde e quando faz como se
fosse voltar a olhar para o mar, seguro seu rosto.
Por Deus, que vontade de beijar essa boca de novo.
— Ainda estou esperando sua resposta.
Ela se aproxima perigosamente do meu rosto, fazendo com
que minha atenção se concentre apenas em seus lábios.
— Requer um tempo pensar em arruinar uma amizade.
— Quem disse que estaríamos arruinando? Podemos estar
apenas fortalecendo-a.
A loira ri fraco, desacreditada da minha cara de pau.
— Não vou ser apenas mais uma boceta que você fode
facilmente?
Sei que tenho uma fama péssima quando se diz respeito a
mulheres, não levo nada a sério e fico com elas apenas quando
estou com vontade de foder, mas o que Ocean não sabe é que entrei
nessa situação apenas por causa dela.
Nunca teria transado com outra mulher se não tivesse na
friendzone.
— Você nunca seria apenas mais uma para mim, pequena. Não
fui sincero o suficiente quando disse que não partiria seu coração?
— Sua sorte é que não o vejo como todos os outros homens, e
confio mais em você do que na minha própria sombra — ela brinca,
mexendo um pouco mais comigo. — De qualquer forma, é um risco,
Chace.
Eu sei.
O único que corre o risco de ter o coração partido aqui sou eu.
— Se apaixonar por mim seria um risco? — A pergunta direta a
assusta, e isso me dá a certeza de que ela nem pensou nisso.
Escondo a mágoa por entender que Ocean nem cogitou essa
possibilidade da mesma forma que escondi por todo esse tempo o
quanto a amo como uma mulher.
— Na verdade, seria incrível. — De alguma forma estranha,
suas palavras conseguem confortar meu coração, que tinha doído há
poucos segundos com sua reação. Como isso é possível? — Ninguém
me conhece melhor do que você. Ninguém faz tanto esforço para
me ver feliz como você faz.
Sorrio.
Existem tantas coisas melhores que posso fazer por ela, mas
estou disposto a mostrar.
— Faço tudo isso porque amo você. — Não só como amiga,
mas também como a mulher que quero passar o resto da minha
vida.
— Eu sei. — Ela sorri fraco. — E se você se apaixonasse por
mim?
Solto uma risada fraca, quase sem acreditar na capacidade de
esse ser pequeno ao meu lado ser tão inteligente para algumas
coisas e tão lerda para outras.
— Eu disse, não? — Meus olhos não desgrudam dos dela. —
Você é a única pessoa que me faria vestir um terno e subir em um
altar.
Finalmente posso ver sua reação quando digo essas palavras.
Minha resposta faz o rosto dela se iluminar, como se gostasse
de me ouvir falando isso mais do que deveria.
Pego sua mão e a levo até meu rosto, dando um beijo no torso
dela.
— Você é meu amuleto da sorte, minha melhor amiga e a
mulher mais linda que já passou nessa terra. Como eu seria louco de
perder a oportunidade de viver o resto da minha vida com você?
O que sempre amei na nossa amizade é o quanto somos
sinceros um com o outro. Mesmo Ocean não sabendo dos meus
sentimentos por ela, pois nunca deixei nada explícito, também nunca
neguei ou deixei de fazer algumas cantadas para ela, que por sinal,
sempre foram levadas na zoeira por esse pequeno ser.
Sou surpreendido com sua outra mão molhada passando pelo
meu rosto, me molhando com a água gelada. Só então noto que a
pestinha encheu a mão com a água do mar que quase chega até
nossos pés.
Acho que consigo expressar o quanto estou sem reação pelo
sorrisinho que ela não consegue esconder.
— Pare de dizer essas coisas ou vou achar que está apaixonado
por mim. — Se diverte com a minha dor. É uma tonta mesmo! E eu
a amo.
Não deixo passar sua brincadeira sem graça e quando a onda
se desfaz próximo aos nossos pés, minha mão já está ali, pegando
um pouco de água. Jogo em seu rosto rapidamente e Ocean solta
um gritinho que quase estoura meus tímpanos.
— Chace!
Uma guerrinha de água começa enquanto rimos como as duas
crianças que já fomos um dia. Faço o possível para não a molhar
tanto, afinal, não estamos em época de praia e mesmo em meio a
brincadeira, vejo que ela tem o mesmo cuidado comigo.
— Chega! — Derrubo seu corpo na areia e seguro suas mãos
acima da cabeça, antes que consiga me molhar mais. — Quer me
ver gripado no jogo?
Ela ri e nega.
Seu sorriso é tão lindo e ao mesmo tempo tão meigo.
Não me importo em estar por cima dela, parecendo um bobo
olhando-a, pois tenho certeza de que já prestei esse papel antes.
Quando a loirinha para de sorrir, seus olhos brilham em minha
direção e desviam para meus braços a prendendo contra a areia.
— Não vai me soltar? — pergunta, divertida.
— Estou pensando se vale a pena.
A safada morde os lábios e me encara como se estivesse
prestes a realizar um desejo.
— Chegue mais perto.
Ela manda e eu obedeço. Nunca será diferente.
Aproximo meu rosto do seu e antes que eu pergunte o que a
cantora quer com isso, sou surpreendido pelos seus lábios tomando
os meus em um beijo que nem no meu melhor sonho, poderia
imaginar que aconteceria em um curto espaço de tempo de ontem
até agora.
Retribuo, é óbvio.
Sinto meu corpo entrar em combustão quando sua língua toca
a minha.
Ocean está me levando ao vício.
Beijá-la é ainda melhor a cada beijo trocado. Como isso é
possível?
Minha pele se arrepia e meu pau pulsa na calça quando a
loirinha suga minha língua, parecendo com tanta fome de mim como
eu estou dela.
Seus lábios se afastam minimamente dos meus e quando me
encara, ela explica o motivo que vai me deixar ainda mais louco:
— Aceito a sua proposta, mas com uma condição. — Eu aceito
qualquer uma, porra! — Vamos continuar sendo sempre sinceros a
respeito de nós dois.
Não é um simples sim.
Ocean não está entregando apenas seu coração para mim.
Ela está colocando a coisa que mais valoriza e ama em jogo:
nossa amizade.
Se meu plano de a conquistar não der certo, corremos o risco
de perdermos nosso bem mais valioso, e foi justamente isso que
sempre me deixou paralisado, sem conseguir mover um músculo
para fazê-la minha.
Mas eu sinto que como qualquer jogador, preciso ter coragem e
fazer minha jogada final, para ao menos poder me tranquilizar,
independente do resultado.
É por isso que concordo com Ocean em um movimento de
cabeça antes de beijá-la novamente, e dessa vez, como minha
amiga com benefícios.
Mas quem sabe daqui alguns meses não seja como minha
namorada?
Está tudo bem eu ter dito tudo isso?
É normal que você esteja na minha cabeça?
Porque eu sei que é delicado
(Delicado)
DELICATE – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Procuro Chace entre todos os jogadores uniformizados durante
o intervalo do terceiro quarto, e o vejo conversando com o
quarterback. Ele parece sentir que meus olhos estão nele, pois
levanta a cabeça e encara a área VIP, mais especificamente onde
estou.
Aceno para ele, ouvindo muitos dos nossos fãs gritarem
quando ele retribui meu cumprimento com um sorriso no rosto.
Essa partida está muito mais difícil do que as outras.
É, está sendo bem o que o pai do meu amigo disse, cheio de
ironia: uma ótima forma de começar o ano.
O time de Las Vegas, os Raiders, estão indo muito bem.
Conseguiram sair na frente no último quarto jogado, com 23 pontos,
enquanto os Octopus estão com 11.
— O que está acontecendo entre você e o meu irmão? —
Quinn pergunta ao meu lado, absolutamente do nada.
Cora, Ed e Kendrick estão tão entretidos conversando com um
amigo do Sr. Lawson, e nem ouviram essa pergunta maluca.
— Do que você está falando?
Ela solta um de seus suspiros dramáticos e segura minha mão,
me afastando do vidro para que ninguém leia nossos lábios.
Caminhamos para o fundo da área VIP, onde ficam as mesas de
bebidas.
— Achei que Lila tinha ido brincar com vocês na praia na
segunda, então saí de casa para encontrá-los, e vi uma cena e tanto
de vocês dois se beijando.
Troco meu copo quase vazio por um mais cheio de bebida e
tomo um gole, evitando olhar para minha melhor amiga, porém
sentindo perfeitamente seus olhos me queimarem.
— Estão juntos? Desde quando?
Nego e a encaro a tempo de ver seu rosto cheio de confusão.
— Somos amigos... coloridos. — A última palavra sai bem
baixinho, e ainda olho ao redor para ter certeza de que ninguém
está prestando atenção em nossa conversa.
Vejo Quinn fazer um esforço para não surtar, e ao mesmo
tempo processar o que saiu da minha boca.
— Vocês voltaram a ser adolescentes? Que ideia maluca é essa
de amizade colorida depois de velhos? — Falando assim, até parece
que não tenho apenas 27 anos.
— Aconteceu...
— O que estão fazendo, meninas? — Cora pergunta, ainda em
seu lugar. — O jogo começou.
— Já vamos voltar, mãe. Só estou falando com Ocean — a filha
responde e me vira para a mesa de bebidas novamente. — Pode me
explicar o que está acontecendo?
— Aqui não parece o melhor lugar para isso — digo com
sinceridade. — Vamos voltar a ver o jogo do seu irmão.
Não consigo nem dar um passo em direção ao lugar que
estava, porque a atriz me mantém parada ao seu lado, com uma
força que eu nem fazia ideia de que ela tem.
Acho que ela está pegando pesado na academia.
— Vai me explicar aqui e agora. — Sempre me esqueço o
quanto ela é determinada. — O jogo do meu irmão está longe de
acabar.
É a minha vez de soltar um suspiro dramático.
Olho para trás e vejo as três pessoas que eu não gostaria que
soubessem disso entre mim e o running back, entretidas com o que
está acontecendo em campo.
— Quando digo que aconteceu, é porque aconteceu, Quinn.
— Como assim? Em um dia ele era seu irmão de coração e no
outro você começa a sentar nele?
— Fala baixo! — Felizmente, ninguém está prestando em nós.
Até pode ser isso que minha amiga disse, mas ainda não sentei
em Chace, para o total desespero da minha boceta, que pinga toda
vez que ele diz alguma coisa de duplo sentido, ou até mesmo
quando me olha com desejo.
Infelizmente, estamos em uma fase muito mais intensa dos
jogos, e meu amigo passou a semana inteira treinando com o time e
chegando em casa tão cansado, que na vez que fiz o jantar em sua
casa essa semana, ele mal comeu porque capotou no sofá mesmo.
— Não foi bem assim. — Foi sim! — Acontece que comecei a
reparar mais nele, e como estamos solteiros e não faço ideia de
como ter sexo casual, como havia dito que teria, seu irmão e eu
resolvemos usufruir da nossa amizade.
— Isso foi ideia do Chace, né?
— É claro.
Quinn esfrega sua testa, parecendo estar com algo em seus
pensamentos.
— O que foi?
— Nada — responde imediatamente. — Não está preocupada
com o futuro da amizade de vocês?
— Chace nunca quebraria meu coração — digo com segurança.
— Mas e você? Nunca quebraria o dele também?
A pergunta me pega totalmente de surpresa e acho que ela
percebe isso.
— Vocês são melhores amigos há 27 anos e nunca se
envolveram, agora querem ter uma amizade colorida como se
tivessem se conhecido na semana passada. — A loira parece muito
preocupada. — Você é emocionada, Ocean, mas nunca se apaixonou
pelo meu irmão em todo esse tempo. É por isso que pergunto se o
coração do meu menino está seguro também.
— Seu irmão também nunca se apaixonou.
Ela suspira e pega um copo de bebida.
— Tem razão — murmura.
— Prometemos ser honestos em relação a tudo. — Entendo a
preocupação dela, porque era a minha também antes de aceitar
essa proposta maluca. — Mas é o seu irmão, meu melhor amigo...
Ele sempre foi o único cara que confiei além do meu pai.
Minha amiga assente.
— Só... não fodem tudo, está bem? — Ela bufa ao ver minha
expressão divertida. — Você entendeu o que eu quis dizer.
Quinn faz uma careta.
— Não acredito que está transando com meu irmão.
— Nós ainda não transamos. — Não fomos até o fim.
Isso que quero dizer.
— De qualquer forma, isso vai acontecer... É muito estranho
para mim.
Deveria ser para mim, porém, é justamente o contrário.
— Vamos voltar para o jogo.

No último quarto, a partida parece mais intensa do que nos


anteriores, pois tanto nesse como no terceiro, os times trocaram
touchdowns em uma competição acirrada. O placar está, neste
momento, empatado em 29 pontos.
Clyde, o quarterback dos Octopus, guia a equipe por jogadas
que imagino que tenham sido calculadas durante a semana toda. Já
Chace, corre pelo campo, deslizando entre os defensores com uma
agilidade, que só mostra o quanto ele nasceu para isso.
Todas as pessoas do estádio estão em êxtase.
Parece que quanto mais o jogo fica tenso, mais emocionante
fica para eles.
Já eu, estou a ponto de suar de nervosismo.
Eles não podem perder.
Assusto-me quando os jogadores do Raiders lançam uma
sombra sobre o campo, ao redor de Clyde. O quarterback até tenta
escapar da pressão defensiva, mas consigo ver daqui quando algo
dá muito errado e ele cai no gramado, agarrando o tornozelo com
tanta dor, que um gemido com essa mesma sensação ecoa pelo
estádio.
Merda.
— Puta que pariu! — Ed grita, me assustando. — Droga! Será
que foi grave?
Tanto ele como Cora estão chocados.
— Tadinho do Clyde — ela murmura, preocupada enquanto
observamos o jogo parado e a equipe médica correr para o campo
para avaliar a situação. — Espero que não tenha sido nada grave,
querido.
— Ele deve estar sentindo muita dor — Kendrick comenta.
Olho para Chace, que está ao redor dos médicos e do Clyde.
Meu amigo, sim, parece preocupado com a forma como estão
conduzindo toda a situação à sua frente.
Leva alguns minutos, e pela minha visão, entendo que
quarterback gostaria de ficar no campo, mas assim que tenta se
manter em pé, fica claro que a lesão que teve o impedirá de
continuar jogando.
Meu amigo fala alguma coisa no ouvido colega e aperta o
ombro dele, parecendo prestar palavras de apoio.
O quarterback é aplaudido pelo bom desempenho no jogo
enquanto sai do campo com a ajuda dos médicos.
— Vamos ver o menino Thomas jogar? — Quinn demonstra
animação.
— Por que você parece animada com isso? Acho que o
machucado do Clyde foi feio — digo enquanto o reserva do
quarterback entra no gramado, também sendo aplaudido.
— Ele é bom! Não é à toa que foi draftado tão cedo. — Minha
amiga ama futebol muito mais do que eu, então, faz sentido ela
entender mais sobre o assunto. — Sabe por quem ele foi treinado?
Sebastian Sinclair. A perfeição está no sangue daquele garoto.
Kendrick arqueia as sobrancelhas para a esposa.
— O que foi? Nem começa, já superei meu crush pelo
Sebastian. Meus olhos estão todos em você agora.
Prendo a risada.
Lembro de alguns momentos no passado em que a atriz ficava
babando pelo quarterback dos Dolphins, mas isso foi até ela
descobrir que ele é casado e pai de família.
Não posso julgar o gosto da Quinn.
O Sinclair é mesmo um homem muito bonito.
— Até porque, mesmo se não estivesse, o cara é casado e ama
a mulher. Nunca teria olhos para você — o marido a provoca.
A loira revira os olhos, mas chega mais perto do amor da sua
vida e o beija nos lábios rapidamente. Sempre amei o quanto esses
dois se tornaram unidos quando começaram a se relacionar.
Kendrick também é ator e a histórias deles é a mais clichê
possível: se apaixonaram enquanto filmavam um filme de romance.
O amor foi tanto, que fez minha amiga, que adorava sua vida de
solteira, se amarrar e não querer mais largar o ator.
Volto a prestar atenção no jogo.
Thomas assume a responsabilidade de liderar a equipe, e noto
que a dinâmica do grupo muda. O garoto parece trazer mais
agressividade para o time, enquanto eles tentam se manter
resilientes, continuando a luta contra os rivais.
Os Raiders tentam aproveitar a oportunidade pelo nosso
quaterback principal estar fora da partida, para ganhar terreno, mas
os Octopus parecem saber que isso aconteceria, pois defendem
muito bem tanto a bola quanto o reserva.
O jogo permanece competitivo, me deixando tão tensa que
tenho vontade até de roer as unhas para me acalmar, mas no final,
os Octopus conseguem marcar um touchdown, levando toda a
torcida à loucura e, finalmente, desempatando a tempo.
Abraço Quinn e Cora, compartilhando com elas a animação de
finalmente poder comemorar mais uma vitória.
Sinto que a cada momento, estou sendo filmada e observada
pelas pessoas, mas não me importo. Estou mais uma vez aqui por
causa de Chace, para ser o seu amuleto, para prestar apoio e me
divertir com sua família o assistindo.
No campo, Chace encontra meu olhar e sorri, mandando um
beijo em direção à área VIP, e tenho quase certeza que foi
especialmente para mim.
Esse homem...
Não poderíamos estar nos importando menos pelo que irão
falar de nós pelos próximos dias, talvez até semanas.
Não deixarei de vir aos seus jogos e apoiá-lo, como sempre fiz.

Passo pelos corredores de fininho e entro na parte que não


pode ser filmada, caminhando até o vestiário. Gracie disse que
Chace já estava ali dentro sozinho, quase pronto para ir embora.
Ele sempre é o último a sair e isso, provavelmente, nunca
mudaria.
Alguns jogadores passam por mim e me cumprimentam. Sorrio
de volta e aceno, alcançando a porta depois de andar por todo o
corredor. Giro a maçaneta e entro no cômodo, confirmando que meu
amigo está sozinho quando não escuto nada além de uma porta do
armário batendo.
Ando alguns passos até achá-lo colocando nas costas, a
mochila que sempre leva para os jogos. Ele está tão concentrado em
seus próprios pensamentos, que nem me vê a alguns metros de
distância dele, e seus olhos pousam em mim somente quando ergue
a cabeça para seguir o caminho até a saída do vestiário.
— Ocean? O que está faz...
Pode ser uma felicidade repentina ou o orgulho que sempre
senti do meu melhor amigo, agora com o bônus da relação com
benefícios que temos; pode ser a adrenalina por ter ficado tão tensa
em um jogo, torcendo para que ele saísse vencedor e finalmente vê-
lo sorrindo menos ansioso quando conquistou a vitória; enfim, pode
ser qualquer coisa que me fez correr até Chace, pular em seu colo
com um sorriso orgulhoso no rosto e beijar sua boca, que vem
sendo minha maior obsessão nos últimos dias, pois tudo o que
conseguimos fazer foi nos beijar. Isso de certa forma foi bom para
me lembrar do porquê não tenho dúvidas quanto à minha decisão de
ter aceitado à proposta dele.
Meu amigo beija bem, muito melhor do que qualquer cara que
já beijei, e principalmente, ele me trata bem. Por que então eu
perderia meu tempo procurando outros caras, quando temos uma
boa química? Não sei nada do futuro, mas nunca fui medrosa e
enfrentarei qualquer consequência que isso nos trouxer.
As mãos de Chace me seguram firme contra seu corpo e sua
língua me enviam ondas de calor pelo meu sangue, me deixando
cada vez mais ardente por dele.
Como será ter seu pau dentro de mim? Eu não vejo a hora de
tirar essa prova, ao mesmo tempo que amo essas nossas
preliminares.
Só deixa tudo mais gostoso.
Sempre soube que a mulher que meu jogador se apaixonasse
seria sortuda, pois apesar do seu estilo de vida solto, ele é um cara
paciente, gentil e quando ama, coloca essa pessoa em primeiro
lugar.
Pensando bem...
Não, é melhor eu não pensar bem.
Sou desperta dos meus pensamentos e até mesmo da prisão
dos seus lábios quando escuto assovios atrás de nós.
O idiota que chamo de amigo parece prestes a rir da minha
cara, que provavelmente demonstra o quão assustada e surpresa
estou.
— Eu falaria que não estava sozinho no vestiário se você
tivesse me dado essa oportunidade — diz baixinho ao colocar uma
mecha do meu cabelo atrás da orelha e, em seguida, toca minha
bochecha. — Ou não, porque eu amei meu presente.
Seu sorrisinho bobo quase me convence de não ficar brava
com ele.
Olho para trás e vejo quem são as duas pessoas que
testemunharam nosso beijo digno de cinema: Thomas e Cole.
— Achei que fossem só amigos — o quarterback reserva
comenta, não escondendo seu olhar provocativo.
— Estou curioso a respeito do nível dessa amizade — Cole
também provoca. — Quando foi que ela teve upgrade?
Encaro Chace, pedindo com o olhar que ele resolva isso.
— Não devemos satisfações para vocês, espertinhos — meu
amigo fala ao me abraçar mais apertado, sem me dar a chance de
fugir. Ele me conhece tão bem. ­— Já estão prontos para irem para o
hotel? Por que não dão o fora daqui logo? Não aguento mais ver a
cara de vocês.
Cole semicerra os olhos para o running back.
— Tem certeza de que não é por que quer ficar beijando sua
melhor amiga? — O idiota faz um biquinho com a boca e fecha os
olhos.
Thomas ri.
— Ele é tão previsível.
— Vocês que são um pé no saco! Não percebem que estão
deixando minha mulher com vergonha?
Minha mulher.
Minha mulher.
Minha mulher.
Quero dar um tapa na cara do safado que chamo de melhor
amigo, porém, meu corpo me pega de surpresa ao não corresponder
essa vontade, e meu coração ao acelerar com suas palavras.
Claro que os garotos fazem um alarde com o que o cretino
fala.
— Vamos deixar os pombinhos a sós, Thomas.
É Fisher que fala.
Não faço questão de olhar mais uma vez para os amigos de
time dele, pois estou mesmo me sentindo um pouco tímida.
— O que você tem na cabeça? — pergunto quando escuto a
porta do vestiário fechar.
O loiro aperta meu nariz entre seus dedos e deixa um selinho
nos meus lábios.
— Vamos para o hotel, pequena. — Ele segura minha mão. —
Depois de um jogo tão difícil, tudo o que quero é ver você gozando
na minha boca de novo.
O calor que sempre me invade quando Chace fala essas
obscenidades, toma todo meu corpo de novo, fazendo-me até
esquecer o que perguntei a ele.
E se eu te dissesse que sou uma mestra da manipulação?
E agora você é meu
Foi tudo calculado
Porque eu sou uma mestra da manipulação
MASTERMIND – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Nós conseguimos desviar das pessoas que estavam nos
esperando no estádio, e até mesmo de alguns repórteres que
queriam alguma foto exclusiva nossa.
Ninguém sabe o hotel que ficaremos hospedados em Kansas
City, o que é bom, pois dá privacidade para a família do Chace, que
veio vê-lo jogar, e para nós, antes que inventem mais boatos a
respeito da nossa relação.
— Nosso quarto tem uma banheira? — Não que eu esteja
surpresa, afinal, já me hospedei em várias suítes do tipo nas cidades
que passei com minhas turnês. — Não me diga que esse foi o seu
plano o tempo todo.
Chace joga sua mochila no sofá ao lado da porta e caminha até
ficar bem próximo a mim.
— Que plano?
Balanço a cabeça, rindo da sua cara de pau. A banheira já está
até cheia de água com espuma, pronta para o banho.
— Consigo sentir sua perversão daqui, Lawson — provoco e
aponto para a banheira. — Quer tomar banho comigo?
Ele coloca a mão no peito e finge uma inocência que nem em
outra vida conseguiria acreditar.
— Que pensamentos maliciosos são esses, pequena? Você não
era assim.
Bom... Chace sabe que ele não é o único que é bom nesse
jogo.
— Ah, que pena... Entendi errado suas verdadeiras intenções.
— Aponto para a cama. — Vamos poder dormir profundamente
nessa cama, o colchão parece muito confortável.
Viro-me para trás, em direção à cama, e não consigo dar dois
passos antes de ser agarrada por trás pelo sem-vergonha.
— O que foi? Você fez um jogo muito intenso hoje, deve estar
cansado. Vamos dormir.
O loiro solta uma risada contra meu cabelo e sinto seu rosto
abaixar até estar próximo ao meu. Nesse momento, fico contente
por estar com minha bota de salto de dez centímetros.
— Nós vamos entrar naquela banheira, pequena, e eu vou
fazer você gozar gostoso de novo antes de termos uma boa noite de
sono — promete no meu ouvido, me arrepiando por completo e me
deixando molhada.
Como posso ter um tesão ainda maior a cada dia que passa
por esse cara? Isso chega a ser inacreditável.
Viro-me dentro de seu abraço, encontrando seu olhar cheio de
malícia em minha direção. Chace me observa como se tivesse um
desejo profundo de não me largar nunca mais, ele me encara de um
jeito tão explícito, que me diz o quanto sou sortuda por ter aceitado
essa proposta indecente.
Com apenas um olhar, meu melhor amigo tem a capacidade de
me deixar louca por ele, a ponto de só pensar em gozar em sua
boca, em suas mãos e no seu pau.
Acho que estou entrando no estágio de ficar obcecada.
Atenta ao olhar dele em mim, abro seu casaco e o deslizo para
fora de seu corpo, o fazendo tirar suas mãos da minha cintura. Não
dou tempo para que volte a me abraçar e puxo sua blusa para cima
até tirá-la por completo.
Encaro seu abdômen definido e me sinto mais quente só de me
imaginar lambendo cada parte dele. Toco seu peito, notando o
quanto sua respiração está agitada e o coração bate forte, acho que
é um reflexo de como estou também. Deslizo minha mão pelo seu
tanquinho, em um toque sutil, que faz sua pele tencionar e a
temperatura ao nosso redor aumentar.
Deslizo minha mão até o fecho da sua calça e abro o zíper com
a outra mão, deixando meus dedos encostarem em sua ereção.
Chace arfa quando toco essa região mais firme do que deveria, e
sorrio para ele, encarando seu rosto sério e repleto de pensamentos
que provavelmente incluem me devorar.
Eu gostaria disso.
Gostaria de qualquer coisa que ele pudesse me dar.
Chace me ajuda a tirar a sua calça e joga em algum lugar junto
com seus tênis e meias, ficando só de cueca na minha frente.
Finalmente posso encarar seu corpo e não me sentir mal por
desejá-lo da forma que comecei a desejar.
E agora parece ainda melhor do que todas as vezes que já vi.
O corpo dele parece ter sido esculpido, como uma obra de arte
que não consigo deixar de encarar e admirar.
— Você está me deixando maluco, Ocean — ele confessa
enquanto agarra meu rosto e me puxa pela nuca com a outra mão.
Mesmo com meu salto, só consigo chegar até seu queixo. Ao mesmo
tempo que amo nossa diferença de altura, também odeio. É um
divisor de opiniões. — Passei a semana inteira pensando no que
fizemos e no que vamos fazer.
— Então não vamos mais desperdiçar tempo. — Sopro contra
sua boca e acho que ele consegue sentir o nível de tesão que estou
sentindo apenas com o som da minha voz.
O running back sorri de lado, bem cretino, e sem dizer mais
uma palavra, desliza suas mãos pelo meu casaco e o retira, jogando-
o no sofá da nossa suíte. Em seguida, minha blusa de lã não está
mais no meu corpo e muito menos minha calça e botas, pois ele os
arranca em questão de segundos.
Meu coração acelera mais quando o loiro me olha de cima a
baixo, comigo usando apenas uma calcinha e um sutiã fino de seda
da cor branca.
Esse olhar me faz sentir como se eu pertencesse a ele, isso
não é loucura?
Chace me segura pela cintura e me pega no colo. Prendo
minhas pernas ao redor da sua cintura e aproveito nossa
proximidade para beijá-lo enquanto sou guiada em direção à
banheira.
Meus olhos se fecham automaticamente quando sua língua
entra na minha boca e me beija com vontade, expondo todo o
desejo que sente por mim apenas com um contato tão simples, e
que nem está conectado diretamente ao meio das minhas pernas,
mas que deixa minha boceta ainda mais dolorida por ele.
Sinto quando o loiro ergue suas pernas e entra na banheira,
porém não consigo parar de beijá-lo, nem mesmo quando abaixa e
se senta dentro da água, me levando junto.
A temperatura está tão gostosa, que me faz arfar contra sua
boca.
Chace desliza a boca pelo meu queixo e com as mãos ainda
firmes na minha cintura, me faz grudar em seu corpo, bem contra
seu pau duro. Gemo com o contato tão excitante.
Consigo senti-lo por completo, pois apenas os tecidos finos das
nossas peças íntimas impedem de termos um contato mais pele a
pele.
O grandão desliza os lábios pelo meu pescoço e me arranca
gemidos com seus chupões por toda parte. Seguro seus ombros e
inclino meu pescoço, dando mais liberdade para que ele continue a
me explorar com sua boca.
Não consigo resistir a vontade de senti-lo mais e rebolo contra
sua ereção, provocando-o. Sinto seu pau bem na região do clitóris e
gemo, excitada com a sensação de prazer que me arrebenta com a
fricção gostosa.
— Porra, Ocean! — Ele agarra fortemente minha cintura, mas
não me para. Chace também gosta quando me esfrego nele dessa
forma, consigo ver pelo seu olhar fascinado preso ao meu. — Você
não sabe a vontade que sinto de tirar essas peças íntimas e te foder
dentro dessa banheira.
— Faça isso. — Mordo seus lábios e tenho certeza de que meus
olhos refletem o quanto eu gostaria de sentar nele, de tê-lo dentro
de mim, de gozar com seu pau indo cada vez mais fundo. Eu quero
tudo! Aproximo meu rosto de seu ouvido e sussurro. — Sempre me
contou sobre suas aventuras na hora do sexo, e agora quero viver
cada uma delas com você.
Sinto suas mãos apertarem minha bunda com tanta força, que
me faz arfar. Com certeza vai ficar a marca, mas não me importo.
Sinto que ele poderia me marcar por inteira e não me importaria.
Acho que o tesão está afetando meu raciocínio.
Nunca me senti dessa forma antes, e isso é o que me deixa
mais maluca.
Com Chace é libertador, sinto que posso ser eu mesma e
arriscar ser um pouco mais ousada, do jeito que venho me
descobrindo, porque ele é tão cretino quanto o sexo que faremos.
Uma de suas mãos sobe até meu cabelo e seus dedos se
adentram entre os fios, puxando-os com força até que meus olhos
estejam presos aos dele novamente.
— Lembre-se que foi você quem pediu isso, pequena. —
Prende meus lábios entre os seus e os chupa, fazendo minha boceta
doer contra seu pau duro. — Fui paciente a minha vida toda, e dessa
vez não serei diferente. Vou fazê-la gozar gostoso com meus dedos
nessa banheira, e amanhã de novo, só que de forma muito mais
intensa, a ponto de te fazer pedir para parar, porque sua boceta não
dá conta do meu cacete.
Essas palavras sujas só fazem com que eu me sinta tonta de
desejo.
Paro de mover meus quadris quando sinto sua mão invadindo
minha calcinha por baixo da água, com ele cumprindo parte do que
acabou de dizer ao começar a me tocar.
Não me importo em não sentir seu pau hoje, até porque,
sempre gostei muito mais das preliminares, pois são elas que
permitem sentir mais prazer na hora do sexo, e acho que isso ocorre
com a maioria das mulheres. A penetração para nós sempre é algo
mais invasivo e que, confesso, nunca senti tanto prazer assim, mas
também não me preocupa admitir que tenho uma expectativa de
com Chace, será completamente diferente.
Acho que ele me mudará muito até nesse sentido.
Desde que começamos com isso, ele vem se preocupando com
o meu prazer, me colocando antes dele até nesse sentido. Então, é
difícil pensar que será diferente na hora que me penetrar.
Seus dedos encontram meu clitóris e com uma habilidade que
não me impressiona, o loiro me masturba. Movo meu quadril em
cima do seu pau, pois não consigo ficar com ele parado por muito
tempo.
Sinto o ar sair dos meus pulmões conforme ele aumenta o
ritmo e minha intimidade se esfrega em seus dedos e no seu pau ao
mesmo tempo. É uma sensação tão gostosa, que me traz tanto
prazer, que só consigo gemer.
— Você é tão gostosa, pequena. — Ele belisca meu clitóris
enquanto simula uma penetração com seu pau na minha entrada,
me fazendo choramingar. Quando foi que ele tirou a cueca? Ainda a
sinto embaixo de mim, mas tenho certeza de que não está mais no
pau dele. — Quero te ver se contorcendo de prazer assim a todo
momento.
— Chace...
O nome em forma de gemido escapa dos meus lábios
conforme suas mãos continuam me penetrando. Não consigo parar
de mover meu quadril para cima e para baixo, duplicando o prazer,
querendo desesperadamente gozar em suas mãos. A água ao nosso
redor não diminui em nada o calor que estou sentindo.
Sinto que estou muito próxima de atingir o orgasmo, mas
Chace retira sua mão da minha vagina, e antes que eu questione,
seus dedos vão para as minhas costas e ele retira rapidamente meu
sutiã.
— Agora sim... Eu quero mamá-los.
Sua voz grave é tão linda, que chega a me desconcertar por
alguns segundos.
Ele abaixa o rosto e sua mão volta ao lugar que o pertence ao
mesmo tempo em que seus lábios capturam meu seio direito. Fecho
os olhos, agora recebendo um prazer triplicado com sua boca
chupando meu mamilo, seus dedos esfregando meu clitóris
enquanto me esfrego no seu pau.
Porra!
Sinto um beliscão no meu clitóris, que me faz abrir os olhos e
encarar o sem-vergonha, que me olha de forma faminta e divertida,
com sua boca no meu seio.
Ele o beija antes de se afastar minimamente para dizer:
— Olhos em mim, Ocean. — Manda, beliscando mais uma vez
meu clitóris e sorrindo com o gemido que solto. — Gosto de ver seus
olhos estremecendo quando está gozando.
Isso acontece comigo?
Não tenho tempo de pensar direito, pois logo Chace está
chupando meu seio novamente e esfregando minha boceta com
mais força.
Não há sensação melhor.
E se houver, eu desconheço por completo.
Tudo o que consigo sentir é prazer na forma como seus dedos
trabalham em mim com apenas um objetivo em mente.
O jeito que não se importa em me deixar marcada com sua
boca nos meus seios.
Chace sabe que é bom e se aproveita ao mostrar o melhor
para mim, só para poder esfregar isso na minha cara.
Sem palavras.
Sem menções.
Ele não precisa disso. Ele só precisa me mostrar.
Sinto meu corpo entrar em um tipo de combustão, e antes que
consiga raciocinar, estou gozando tão forte entre seus dedos, que
até ele geme com o resultado.
Meu rosto cai entre o vão do seu pescoço e mesmo que me
sinta cansada por ter gozado desse jeito, consigo recuperar o fôlego
rapidamente e beijar o pescoço de Chace, como se fosse seus lábios.
Ele se arrepia e mais uma vez belisca meu clitóris sensível, me
fazendo gemer contra sua pele.
Mas não paro.
Continuo a beijá-lo do jeito mais erótico que alguma vez já tive
coragem de fazer, e sei o quanto ele está entregue quando sua
cabeça cai para o lado, e seus olhos quase se fecham, estremecidos
com minha língua em seu pescoço.
Acho que encontrei seu ponto sensível.
Não paro e deslizo minha mão até encontrar seu pau. Quando
meus dedos fecham ao redor de seu comprimento, sinto o quanto
ele estremece sob meu toque, e eu mesma me sinto nervosa ao
senti-lo na minha mão pela primeira vez.
É grosso.
É grande.
E meus dedos nem fecham ao seu redor.
É o combo completo para ele me deixar assada.
— Pequena... — Seu tom é como um aviso, ao mesmo tempo
em que é sofrido.
— Acho que não precisa se tocar hoje — murmuro no seu
ouvido e subo a mão pela sua ereção, descendo logo em seguida.
Seu pau pulsa na minha mão e um gemido baixo sai de seus lábios.
— Posso fazer isso por você.
Mordo o lóbulo de sua orelha ao mesmo tempo em que o
masturbo, arrancando mais gemidos fracos de sua boca. Volto a
beijá-lo no pescoço, e dessa vez, chupo sua pele da mesma forma
que fez com meus seios, sem me importar se deixarei marcas.
— Porra! — O loiro ofega e rapidamente sinto suas mãos na
minha coxa, a apertando fortemente por baixo da água. — Mais
rápido!
Eu obedeço, amando ver a forma como ele tenta evitar de se
contorcer embaixo de mim.
Não paro nem por um segundo e coloco mais velocidade.
Sou puxada pela nuca e na mesma hora, os lábios grossos de
Chace estão sobre os meus, me beijando de uma forma que diz o
quanto gosta do que estou fazendo, o quanto quer foder comigo e o
quanto vai fazer em mim cada uma das coisas que deseja.
É uma promessa deliciosa.
Uma promessa que eu aceito enquanto o vejo estremecer sob
mim e gozar fortemente contra meus dedos.
Minha boca engole seu gemido de prazer absoluto e abraço seu
pescoço.
Dessa vez, consigo dar mais atenção ao nosso beijo, que passa
a ser mais lento conforme o ápice dos nossos corpos diminuem.
Você me querendo
Esta noite parece impossível
Mas está acontecendo
Sem som, está por toda parte
SNOW ON THE BEACH – TAYLOR SWIFT FEAT. LANA DEL REY
CHACE LAWSON
Sexo para mim sempre foi algo rápido, intenso e prazeroso.
Dar prazer era tão importante quanto receber.
Tudo acontecia em uma noite, as preliminares, a penetração e
a partir do dia seguinte, eu já não via mais a mulher com que passei
a noite transando.
Mas agora é diferente.
Não é de qualquer mulher que estou falando.
Estou falando de Ocean Bailey, a única capaz de fazer meu
coração acelerar apenas com um sorriso.
O prazer dela vem antes do meu, e confesso que nem me
importo em receber algo em troca, contanto que eu tenha essa
loirinha gozando na minha boca, nos meus dedos e no meu pau,
aceito qualquer coisa.
Com ela, tenho uma vontade absurda de ir com calma porque
não quero perder nenhuma reação, não quero esquecer de nenhum
detalhe, e quero estar atento a tudo que essa mulher gosta na hora
do sexo.
Hoje eu vi o quanto ela gosta quando a pego com mais força,
quando digo palavras sujas em seu ouvido e quando a provoco.
Ocean consegue ser minha metade até nisso.
Mas agora, depois de duas preliminares que só me deixaram
mais louco por ela, sinto que não aguento mais esperar.
Observá-la se ensaboando na minha frente não faz com que
pensamentos lógicos perpetuam em minha mente.
Tudo o que consigo sentir é desejo.
Como se não tivesse gozado há poucos minutos.
Como se não conseguisse esperar nem mais um segundo para
me afundar nela.
Talvez, eu realmente não consiga.
Porra! Estou há mais de dez anos esperando esse momento.
Tudo nessa vida deve ter um limite, e acho que encontrei o meu.
A loira parece sentir que meus olhos estão nela e levanta o
rosto, me encarando de volta. Viemos parar no boxe com ducha
para tomar banho, visto que fizemos uma sujeira na banheira e
ficamos com preguiça de enchê-la novamente.
Mas não passou pela minha mente o fato de que encarar seu
corpo nu, todo ensaboado, aumentaria ainda mais meu desejo de
tê-la por completo.
— Você não cansa? — ela pergunta quando seus olhos caem
no meu pau duro. E só pelo brilho que vejo em suas órbitas, percebo
o quanto minha ereção a deixa desconcertada. É a primeira vez que
ela está me vendo por completo, e gosto do que vejo. É como se ela
nunca tivesse visto algo parecido. — Fez um jogo incrível hoje, me
fez gozar naquela banheira e ainda está de pau duro? Você é um
safado, Chace!
Seguro sua mão e a puxo para debaixo do chuveiro, sendo
agraciado pela água escorrendo por seu pescoço, levando o sabão e
deixando a pele cheirosa e limpinha para eu marcar em breve.
— Quero foder você — admito meus pensamentos desde que
entramos nesse boxe. — Hoje.
Porra!
Consigo sentir como o ar ao nosso redor muda.
Ele se torna mais tenso e a temperatura aumenta, parecendo
multiplicar por dois a da água que cai pelos nossos corpos.
— Agora? — Sua voz soa trêmula, mas ela me encara com
tanto desejo e intensidade, que não me faz ter dúvida do quanto
quer isso também.
Seguro sua nuca com força e abaixo o rosto até ficar próximo
do seu. Minha loirinha olha diretamente para minha boca, quase me
fazendo gemer quando morde o lábio inferior.
— Esperei por muito tempo.
Essa é a minha justificativa quando desligo o chuveiro atrás de
nós e a pego no colo. Ignoro totalmente nossos corpos molhados e a
bagunça que fazemos até estarmos no quarto.
Tudo o que consigo focar é em Ocean.
Deito minha melhor amiga na cama e me afasto só para ter a
visão dela por completo, totalmente nua à minha frente. Os seios
redondinhos com os bicos duros apontados para cima, o corpo bem
desenhado, desde a barriga lisa e bem definida, até as coxas médias
e torneadas, que senti o quanto são firmes quando estavam ao
redor minha cintura, enquanto eu a fodia com meus dedos.
Não sou o único a admirar aqui.
Por mais que o rostinho de Ocean esteja corado com nossa
intimidade, ela não tem vergonha de deslizar seus olhos claros pelo
meu corpo, até, finalmente, se concentrar no meu pau, que neste
momento, só está pulsando cada vez mais por ela.
— Abre as pernas para mim, pequena. — Mando. — Quero ver
como você está.
Ela abre, primeiramente com um pouco de receio, mas ao me
encarar, parece receber a confiança que precisa para ficar
totalmente aberta para mim. Gosto disso. Do jeito dela, ora sem-
vergonha alguma ora um pouco tímida.
Ofego ao mesmo tempo que sinto um formigamento pelo corpo
ao ver sua boceta totalmente molhada de lubrificação, e nada tem a
ver com a água que estava há pouco em seu corpo.
Me ajoelho na cama e seguro seus joelhos antes de trazê-la
para mais perto de mim. É a vez de ela arfar quando seguro suas
pernas e as coloco em cima dos meus ombros.
Não consigo me controlar quando ela me olha desse jeito.
Minha mente nubla, e a certeza de que um dia essa mulher
sentirá o mesmo que eu toma meus sentimentos. É mais do que
querer, sinto que agora é mais como uma necessidade.
Não consigo nem respirar direito quando ela não está comigo.
Esse é o tamanho do meu amor por Ocean Bailey.
Aproximo meu nariz do seu joelho e deslizo pelo interior de sua
coxa, observando a cantora estremecer sob meu toque sutil. Ela
suspira alto quando chego em sua boceta.
— Eu não podia dormir sem sentir seu gosto — admito e passo
a língua devagar entre seus lábios vaginais, e tenho seus gemidos
como resposta.
— Chace...
— Não conseguiria dormir só imaginando a sensação do meu
pau na sua boceta.
Seu gemido mais alto ecoa no quarto quando enfio a boca no
meio das suas pernas e passo a beijá-la da forma esfomeada que
sempre acabo beijando-a uma hora ou outra. Sinto os dedos da
loirinha agarrarem meu cabelo quando começo a chupar com mais
intensidade, mas não me importo com os puxões, pelo contrário, até
gosto deles.
Subo meus lábios até seu clitóris e o abocanho, sendo
agraciado mais uma vez pelo seu gosto único na minha boca.
Quando digo que devo estar viciado, é disso que estou falando.
Nada parece melhor do que Ocean aqui, nessa cama comigo, tão
entregue para que eu possa fazer tudo o que já imaginei com ela.
E existem tantas coisas...
Porra!
Consigo sentir meu cérebro trabalhar em cenários que logo se
tornarão reais.
A loira se contorce embaixo de mim e puxa alguns fios do meu
cabelo, gemendo meu nome mais uma vez quando a chupo com
mais força. Ela morde seus lábios, me dando uma visão linda dela.
Caralho!
Ela é a mulher mais gostosa que eu já tive.
Não deixo que goze na minha boca novamente e seguro suas
mãos, as retirando do meu cabelo, e levando-as até acima da sua
cabeça quando fico por cima de seu corpo.
— Sempre imaginei que a quebraria no meio quando a fodesse
— admito e mordo seus lábios, sorrindo de lado ao ver suas
pálpebras estremecerem de tesão. Seguro firmemente sua coxa com
a outra mão. — Me diga, Ocean... — Os olhos azuis brilham mais
intensamente quando pronuncio seu nome lentamente. —Você está
pronta para ser fodida do jeito que sempre mereceu ser?
Meu pau cutuca sua boceta e enquanto ela se recupera do
impacto das minhas palavras, me inclino para pegar a camisinha que
deixei na cabeceira da cama mais cedo. Rasgo o envelope com os
dentes e deslizo pelo meu comprimento, que pulsa de desejo.
Finalmente vamos sentir como é a sensação de estar dentro da
mulher que amamos.
Quando volto minha atenção para Ocean, vejo o quanto ela
está pronta para isso.
— Sua ideia é me estragar para outro cara? — Ela pergunta e
concordo com um aceno. É óbvio, não é? Posso parecer ridículo, mas
Ocean e outro homem não combinam mais na mesma frase.
— Você é minha agora, pequena.
Ela não me responde, no entanto, vejo nos seus olhos o
quanto quer que eu prove o que acabei de falar.
Porra!
Não consigo pensar direito.
Não mais.
Simplesmente perco a linha de raciocínio quando encaixo meu
pau em sua boceta. Meu corpo a reconhece e não consigo evitar de
gemer quando enfio nela de uma só vez.
— Chace... — Ela geme mais alto.
Eu sei.
Porra!
Eu sei!
Consigo ler seus pensamentos.
Essa é a sensação mais gostosa já sentida por nós dois.
Minha respiração acelera mais e meu coração já não tem mais
nenhum controle dentro do peito.
Assumo o controle apenas para me afundar até o fim nela, e
paro por completo ao sentir o quanto me aperta e para que se
acostume com meu tamanho, o que só me deixa ainda mais
desconectado com meus pensamentos.
Requer muita força não começar a fodê-la agora da forma que
sempre sonhei quando desfilava com aquelas roupas curtas ou
quando subia no meu colo e eu precisava me controlar para não ter
uma ereção.
As mãos pequenas de Ocean se movem, querendo
desesperadamente sair do aperto da minha mão, mas não a solto.
Porra! Quero ela assim, à minha mercê, do jeitinho que sempre
sonhei.
E sei que ela gosta.
Eu não faria se ela não gostasse.
— O que você quer? — murmuro, ofegante. Movo levemente
meu quadril contra o dela, arrancando gemidos nossos. — Você está
tão molhada... me recebendo tão bem, pequena.
— Continua. — Ela implora, mordendo os lábios ao mesmo
tempo em que levanta os quadris, me fazendo ir mais fundo. —
Chace!
— Caralho, Ocean!
Acontece exatamente o que ela queria.
Eu perco o controle.
Saio de dentro dela e entro novamente, mais forte, mais
intenso.
Tomo sua boca com a minha em um beijo avassalador e
continuo com as estocadas, sentindo seu interior me apertar cada
vez mais.
Não existe nada melhor do que isso, porra! Nada!
É tudo o que sonhei.
Mas também é tudo o que amaldiçoei.
Como pode ser tão bom e tão ruim ao mesmo tempo?
Bom porque enfim estou aqui, metendo em Ocean, a fazendo
sentir um extremo prazer com meu pau em sua boceta.
E ruim porque ainda não é tudo o que quero. Posso tê-la nesse
momento, mas gostaria de ter todo o seu coração. Quero que esse
amor que ela sente por mim seja maior do que consiga controlar,
quero que seja igual ao que eu sinto.
Entrelaço meus dedos em suas mãos, com elas ainda presas
acima de sua cabeça, e com a outra mão, toco seu clitóris e o
esfrego ao mesmo tempo em que meto nela com mais força.
— Chace... — Ela ergue o rosto, parecendo completamente
sem ar.
Seus lábios estão vermelhos do meu beijo.
Seu rosto está corado.
Seu olhar brilha cada vez mais.
Ela está mais linda, mais brilhante, mais minha.
— Não vou parar até gozarmos, Ocean — prometo, estocando
mais uma vez. — Gosta disso? — Rebolo contra seu quadril e belisco
seu clitóris. A loira solta um gemido alto. — Parece que sim...
— Me deixa te tocar.
Mordo seu queixo e deslizo minha boca pelo seu pescoço já
com algumas marcas minhas, chupo sua pele sensível, arrancando
mais sons desconexos dela.
— Você já teve oportunidade de me tocar, loirinha — digo,
metendo mais fundo nela. Gemo contra sua pele. — Não acha que
agora é a minha vez de aproveitar?
Então quando meus olhos encontram os seus, vejo que ela
finalmente entende o que é a sensação de quebrar ao meio.
Não é no sentido literal da palavra.
Mas é no sentido literal do prazer.
— Quero você gozando no meu pau, Ocean — falo e esfrego
meu polegar no seu clitóris, saindo e entrando nela incontáveis
vezes. — Quero que você continue gemendo meu nome... — Ela
geme e eu sorrio. — Isso, desse jeito, gostosa.
Porra!
Estou perdido.
Estou fodido.
Não quero parar de senti-la, mesmo que já sinta minhas
pernas bambas e meu corpo todo em combustão, pronto para liberar
meu gozo dentro da maldita camisinha.
— Eu vou gozar — minha loirinha diz, apertando seus dedos
nos meus.
Estoco mais algumas vezes antes de sentir seu corpo
estremecer sob o meu e ela gemer baixinho, completamente
esgotada, quando se entrega a mais um orgasmo nessa noite. Nem
consigo ter tempo de admirá-la, pois logo estou seguindo os
mesmos passos, enchendo a camisinha com minha porra.
Deito-me em cima do seu corpo, abraçando-a para prolongar a
sensação incrível de, finalmente, ter ido até o fim com ela dessa vez.
Nessa posição, é como se nossos corações batessem como um só, e
me pego sorrindo fraco, com o rosto escondido no vão do seu
pescoço.
Sei que preciso sair de cima da minha pequena por conta do
meu tamanho e peso, então, dou um beijo suave em sua pele e
retiro meu pau de dentro dela, tirando a camisinha, dando um nó e
descartando-a em um lixo perto da cama.
Deito-me ao lado da minha loira e a puxo para meus braços
antes que consiga raciocinar os últimos minutos. Estou
completamente esgotado, mas nunca me senti tão completo como
agora.
— Agora entendo o porquê você não passava nem uma
semana sozinho — ela murmura, parecendo extremamente cansada
quando deita a cabeça com o cabelo ainda úmido no meu peito.
— Está me elogiando, pequena?
— Entenda como quiser — responde, acariciando meu
abdômen. — Não vou aumentar seu ego com minhas palavras.
— Você já o aumentou com suas reações nesta cama — rebato
e aliso sua cintura. — Só pela forma como eu a toco e a fodo, sei
que vai ser difícil alguém me superar.
Ela ri, mas não é de forma sarcástica e muito menos divertida.
— Convencido.
Entendo o motivo que ela riu diferente.
Ocean não nega.
E isso faz com que eu me sinta mais orgulhoso.
— Foi uma excelente... foda, Chace.
— Você foi incrível, pequena.
Eu amo você, pequena.
Era isso que gostaria de dizer.
Mas apenas suspiro e beijo o topo de sua cabeça antes de
fechar meus olhos e cair em um sono tão profundo abraçado à
mulher que tende a me deixar completamente maluco.
Eu acho que houve uma falha
Oh, sim
Cinco segundos mais tarde
Estou me prendendo a você com um ponto de costura
Oh, sim!
GLITCH – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Sinto alguém me cutucar incontáveis vezes antes de conseguir
abrir os olhos e encarar Chace, que sustenta um sorrisinho contido
nos lábios, sem disfarçar o quanto é um sem-vergonha.
— Por que está acordado? — murmuro, me sentindo mole até
mesmo para manter os olhos abertos. Ou seria cansada? Detonada?
Assada? Céus! Lembro de tudo o que fizemos nessa madrugada e
sinto meu rosto esquentar. — Você nunca acorda cedo.
— Cedo? — Ele solta uma risada. — Já passou do meio-dia,
pequena.
Meus olhos se arregalam e consigo focar na bandeja cheia de
alimentos e bebidas para o café da manhã.
— O quê? — Encaro o grandão, surpresa por ter dormido
tanto. Isso geralmente não acontece.
Meu amigo está tão bonito nessa manhã e não da forma que
ele é sempre, é uma beleza mais despojada, que fica incrível nele.
Os fios de seu cabelo estão bagunçados, ele usa apenas uma cueca
e seu rostinho está inchado, assim como os lábios.
— Pois é... Você dormiu bastante — provoca e se senta ao meu
lado. — Pedi café para nós, até porque, em duas horas voltaremos
para Nova York.
Sento-me na cama, ignorando meu corpo todo dolorido, que
implora para que eu me mantenha deitada como uma morta. Enrolo
bem o lençol ao meu corpo, pois ainda estou nua e volto minha
atenção para o ser que não consegue parar de sorrir à minha frente.
— O que foi? — resmungo.
O loiro deixa a bandeja ao nosso lado e se aproxima, ficando
com o rosto bem próximo ao meu. Achei que a vontade de o beijar
poderia diminuir agora que já tive tudo dele, mas tudo o que
consigo ver na minha frente é sua boca carnuda parecendo implorar
por um beijo meu.
— Você está bem? — pergunta, beijando o canto da minha
boca. — Te machuquei?
Nego.
Estou mais para “de ressaca da melhor noite da minha vida”,
mas não contarei isso, pelo menos não agora.
— Você saberia se tivesse me machucado — afirmo, o
tranquilizando.
Chace coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorri
com seu jeito meigo antes deixar um selinho curto na minha boca,
mas com alguns significados ocultos.
Ele se preocupa ainda mais comigo agora.
— Tentei te acordar com beijinhos, mas você parecia uma
pedra, meio-metro — ele provoca e reviro os olhos. — Acho que
cansei você.
— Está tentando arrancar um elogio de mim? — Conheço esse
sem-vergonha há tempo demais!
— Sei que fui o melhor, não preciso da sua confirmação. Se ela
viesse agora, só me deixaria duro e teríamos que repetir tudo que
fizemos, mais intensamente e não quero matar minha melhor amiga
de fome. — O convencido aponta para a bandeja. — Vamos comer?
Faço um gesto positivo com a cabeça.
Inclino-me para pegar uma torrada, mas sou surpreendida
mais uma vez pelo grandão, que pega o pão torrado, passa minha
geleia favorita de morango e o aproxima da minha boca.
É estranho.
Mas meu coração muda de ritmo quando meus olhos
encontram com os dele.
— Não me diga que você é do tipo que dá café da manhã na
boca depois de foder, Lawson — provoco, dando uma mordida para
disfarçar essa reação estranha. E então complemento. — Deve
colecionar uma lista de corações partidos.
Ele aperta minha bochecha com os dedos e solta uma risada
nasalada.
— Acho que preciso deixar mais claro que você é a única para
mim — diz novamente e meu corpo esquenta ao entender o sentido
dessa frase. Não apenas de desejo, e sim de vergonha, quase como
se eu fosse uma adolescente recebendo uma cantada do cara mais
popular da escola. — A única que engloba dar café da manhã na
boca também.
Chace me olha seriamente.
— Você nunca foi como as outras.
Mordo a torrada apenas para levar mais tempo para responder.
— Cafona — provoco, arrancando uma risada dele.
Sinto o ar ficar um pouco mais leve do que a tensão que
começou a crescer há alguns segundos, e então pego um morango
na bandeja e o aproximo da pessoa que mais ama morango.
O loiro é o maior fã dessa fruta desde que tinha dez anos.
Ele morde um pedaço e para provocar, chupa meu dedo de
uma forma tão erótica, que só me lembra do que fez comigo nessa
noite.
— Pervertido — falo enquanto meu braço se arrepia. —
Estamos tomando café e você só pensa em sexo?
O cretino ri, terminando de arrancar o morango dos meus
dedos.
Quando ele engole a fruta, explica:
— O que posso fazer se você é mais deliciosa que esse café?
Por algum motivo, minhas bochechas esquentam.
Poxa!
Estou começando a ficar frustrada com a facilidade que meu
melhor amigo tem de me fazer ficar envergonhada. Não é como se
ele fosse um estranho.
— Seu próximo jogo é no Brasil. Já se preparou para viver sem
mim por alguns dias? — Busco mudar de assunto enquanto tomo
um gole do suco de laranja.
Será o último jogo da temporada regular, e, como acontece em
todos os anos, uma das partidas ocorre fora dos Estados Unidos.
Dessa vez, apesar do atraso burocrático que eu nem faço ideia do
que rolou nos bastidores, o jogo acontecerá na América Latina.
— Quem disse que vou viver sem você? Está de férias, meio-
metro. Vai me acompanhar no jogo.
Arqueio as sobrancelhas.
— Quem disse? Requer muito amor para eu sair da minha
amada América nas minhas férias para ir para outro país com você.
Ele sabe que estou brincando, pois apenas solta uma risada, e
o pior é saber que pela forma como age neste momento, todo
confiante, o loiro tem a certeza de que o acompanharei nessa
viagem.
— Sua passagem está incluída, pequena. Não aceito um não
como resposta.
— Desde quando você é tóxico?
Solto uma risada e ele segura minha mão, me olhando
profundamente.
— Você é meu amuleto da sorte — fala, entrelaçando nossos
dedos. — Não posso te perder.
Ao ouvi-lo falando assim, parece haver um significado mais
profundo em “não posso te perder”.
Sorrio de lado e chego mais perto dele, deixando um selinho
em seus lábios.
— Sempre acabo fazendo tudo o que te deixa feliz mesmo... —
Minha resposta o faz corresponder ao meu sorriso. — Serei seu
amuleto da sorte, Lawson.
Solto um gritinho abafado quando Chace pula em mim,
jogando meu corpo para trás e me fazendo cair de costas na cama
novamente. Sem que uma palavra seja dita, ele me beija com seu
jeito profundo, lento e ainda assim, excitante.
Meu corpo corresponde ao contato e espalmo as mãos em suas
costas enquanto sua língua procura a minha, dançando pela minha
boca como um toque tão sutil e carinhoso, que rouba ainda mais do
meu fôlego.
Não só acho mais, como agora tenho a certeza de que estou
completamente obcecada por Chace Lawson.

A chegada em Nova York é sempre uma comoção.


De alguma forma, meus fãs sempre sabem onde estou e para
que lugar estou indo, mesmo que às vezes tento deixar o mais
privado possível. Não posso reclamar disso, mesmo que seja um
pouco invasivo.
Todos os dias durante a minha infância, desejei ser ouvida e
ter uma multidão de pessoas me idolatrando como a artista que
sonhava em ser. Isso se tornou realidade, e é por isso que nunca
poderia me sentir irritada por ter centenas de fãs na frente do meu
apartamento em Nova York, como agora.
No passado, foi um pouco difícil virar a chavinha, muitas vezes
me senti culpada por estar incomodada ou por todos que se
aproximavam de mim ter também sua vida invadida, mas agora
entendo melhor que isso é um reflexo do meu sucesso. Não vou
deixar de sair com meus amigos por causa de privacidade, não vou
ser o tipo de artista que só fica em casa porque odeia ser
incomodada.
Essa foi a vida que eu escolhi e ainda sou humana, preciso
aproveitar cada fase dela.
— Quer desviar, Ocean? — Steven, meu motorista, pergunta.
— Posso levá-la para casa de Edina.
Nego.
Nunca fugi deles, não seria agora que fugiria.
— Pode parar o carro em frente ao prédio? Vou descer para dar
alguns autógrafos.
— Tem certeza? Mesmo que nossos seguranças estejam ali,
pode ser um pouco perigoso.
— Tenho.
Edina provavelmente vai me matar amanhã, tanto por eu tê-la
avisado por mensagem que viajarei para o Brasil daqui quatro dias,
quanto por eu dar autógrafos em frente à minha casa. Segundo ela,
se algum dia eu fizesse isso, eles nunca iriam parar de vir para
frente do meu apartamento.
Talvez ela tenha razão.
Mas estou sentindo saudade da presença dos meus fãs.
Um mês sem estar em turnê já me deixa dessa forma.
Steven para o carro em frente ao prédio que moro e abro a
porta do veículo, provocando a gritaria do lado de fora. Primeiro,
aceno para todos que estão por aqui e depois, me aproximo da
grade do lado direito.
— Ocean!
— Ocean... aqui!
Eles gritam.
— Eu amo você, Ocean!
— Suas músicas são a minha inspiração.
Meus seguranças me acompanham até estar próxima de alguns
fãs.
— Olá. — Sorrio para eles. — Vocês ficaram aqui o dia todo?
— Desde de manhã — uma garota de cabelos pretos diz. —
Amamos muito você.
Sorrio.
— Obrigada. Eu também amo muito vocês.
Ela solta um gritinho quando pego a caneta de sua mão e
autografo um dos meus álbuns que ela está segurando.
— Volte para casa com segurança, ok?
— Posso tirar uma foto?
— Claro!
Posiciono-me em frente à sua câmera e ela consegue tirar uma
selfie. Passo para a próxima fã e repito minhas ações, dessa vez
autografando um pôster do meu show.
— Você e Chace estão namorando? — um garoto pergunta, um
pouco mais atrás das demais.
Não é a primeira vez que me perguntam isso.
Por diversas vezes tive que negar essa pergunta em
entrevistas. Mas agora parece diferente. Não estamos namorando,
mas também não somos mais apenas amigos.
— Nós amamos ver você no jogo dele — uma garota fala, os
olhos brilhantes que só me fazem ter certeza de que é uma das fãs
que shippam meu relacionamento inexistente com Chace. Bom... até
poucos dias era inexistente. — É tão bom ver você se divertindo com
quem realmente a entende.
Quando falo de conexão, é sobre isso que estou dizendo.
Eu e meus fãs sempre tivemos algo que nos liga, e mesmo que
eles não saibam nem da metade das coisas que acontecem em
minha vida, eles têm algumas teorias, que na maioria das vezes,
estão certas.
Apenas sorrio em resposta.
— Chace é meu melhor amigo.
Essa é a minha deixa antes de dar atenção para os fãs mais à
frente.
— Espero que um dia vocês fiquem juntos — uma menina que
aparenta ter uns 13 ou 14 anos, diz. — Acho que ele é seu end
game. Seria lindo se você vivesse uma história de amor parecida
com a minha, me sentiria sua irmã.
Prendo a risada e me inclino em sua direção.
— Qual a sua história?
— Eu e meu melhor amigo vamos nos casar quando tivermos
21 anos. Ele é o único que me entende, que me ama e que não
zomba de mim pelo meu jeito atrapalhado.
— É mesmo? — Tenho a plena noção de que estou sendo
filmada, porém não me importo. — Desejo toda a felicidade do
mundo para vocês.
— Eu também! Para você e Chace.
Autografo seus álbuns rapidamente e passo para a outra fã.
Por mais que param de falar sobre meu grandão, ainda escuto
as palavras daquela pequena menina rondarem meus pensamentos.
Porque você poderia ser aquele que eu amo (amo)
Eu poderia ser aquela com quem você sonha
Uma mensagem na garrafa é tudo que posso fazer
Parada aqui, torcendo que chegue até você
MESSAGE IN A BOTTLE – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Golden Boy: O que você está fazendo? Estou com saudade.
Eu: Desde quando você é tão carente? Me viu ontem e ainda
estou com marcas pelo meu pescoço todo! Precisei sair com
cachecol.
Golden Boy: Na próxima vez, vou fazer um trabalho melhor e
deixá-la com mais marcas. Talvez isso te prenda a mim por alguns
dias.
Dou risada sozinha do tanto que ele consegue ser abusado ao
mesmo tempo em que suas palavras, mesmo que em formato de
texto, conseguem me deixar ansiosa e excitada. É quase como se
conseguisse ouvir sua voz rouca no meu ouvido falando cada uma
delas.
Eu: Pervertido!
Golden Boy: Preciso voltar a treinar. Se cuide e não esforce
muito sua cabeça, ok? Quero ouvir a música assim que estiver
pronta. Amo você, pequena.
Eu: Amo você, pervertido.
Ele reage à minha mensagem com uma risada e fica offline.
Bloqueio o celular e volto a atenção para o estúdio.
Peter continua trabalhando na produção de uma música que
finalizamos a composição hoje e que estamos com um pouco de
dificuldade para achar a melodia certa.
— E se fosse algo mais anos noventa? — pergunto, arrastando
minha cadeira até ficar ao seu lado. — Acho que pode funcionar.
— Seria algo totalmente novo em sua discografia.
Fico em frente ao teclado e toco algumas notas, criando uma
melodia aleatória na minha cabeça, que com certeza servirá para a
ponte dessa música.
— Ei, toca de novo. — Peter pede e repito o som ao mesmo
tempo em que ele reproduz um ruído de fundo, que me faz sorrir
automaticamente. Acho que encontramos a sintonia! — Gosto disso.
Devo agradecer à pessoa com quem você estava falando no telefone
por ter sido sua fonte de inspiração?
— Deixa de bobagem! Era apenas o Chace.
— Hum... o Lawson — ele diz o sobrenome do meu melhor
amigo cheio de segundas intenções. — Vocês estão bem próximos.
— Nós sempre fomos próximos, bobo! Acontece que você me
conheceu quando eu estava namorando, então não conseguia ficar
100% do meu tempo grudada nele porque tinha uma pessoa para
dar atenção — explico e nós dois fazemos uma careta.
— Quanto tempo perdido — falamos ao mesmo tempo e
caímos na risada.
— Não está chateada por ele já ter seguido em frente? — Peter
questiona, se referindo ao novo caso do Mark.
Dou de ombros.
— Nem penso nisso — confesso. — Faz tanto tempo que não
penso nele, que acho que já o superei.
— Você e sua facilidade de superar um rompimento.
— Meu lema é viver cada fase do rompimento, e,
principalmente, viver a superação. Ela é a melhor parte. — Meu
amigo concorda comigo. — Do que adiantaria estar sofrendo quando
ele está feliz com outra? Tenho um pouco de amor por mim mesma.
— Acho que isso daria uma ótima música.
Sorrimos de forma cúmplice e antes que possamos conversar
sobre isso, alguém bate à porta.
— Ouvi sobre música e não consegui me conter, pensei em
interromper. — Fico um pouco surpresa ao ver Athena entrando no
meu estúdio. — Oi, pessoal! Não se assustem, passei aqui para
conversar com Edina e ela me disse que você estava aqui, Ocean.
— Oi! — Sorrio e aponto para o sofá à minha frente. — Entre e
sente-se.
— Não vou incomodar?
— Claro que não.
Ela entra no estúdio e se senta onde indiquei. Hoje a cantora
parece estar com o cabelo mais roxo do que a primeira vez que a vi,
não sei se é por causa da blusa de lã branca, que cria um destaque
maior, ou porque ela o pintou.
Conversamos pouco desde aquela vez, apenas trocamos
algumas mensagens, mas não tivemos tempo nos ver. E é
totalmente compreensível com nossa correria diária, ambas lotadas
de compromissos, e como Athena disse que estava compondo seu
próximo álbum, não quis incomodá-la.
Por ser uma fã, sei que posso ser um pouco mais emocionada
do que o normal se ela me der a liberdade de compormos uma
música juntas, então, prefiro que a iniciativa continue vindo dela.
— O que estão trabalhando? Isso se eu puder saber, claro —
pergunta com genuíno interesse e simpatia. — E, Ocean, não
esqueci da nossa parceria. Agora, as coisas estão mais calmas para
mim, e acredito que para você também. Podemos conversar, o que
acha?
— Claro! O que acha de um jantar hoje?
— Perfeito.
— Já vi que vai sair muitos projetos incríveis desse jantar —
Peter comenta. — Como está a produção do álbum, Athena?
— Satisfatória. — Gosto do orgulho e do sorriso que ela abre,
se parece tanto com o meu quando estou falando do meu trabalho.
— Acho que o toque final é Ocean nele.
Aponto para mim mesma.
— Eu?
— É — afirma. — Pensei no início que não faria parceria nesse
álbum, mas sinto que você tem uma sonoridade incrível,
completamente oposta à minha, e mesmo assim, parece casar-se
muito bem.
— Sempre disse que as vozes de vocês harmonizam muito
bem, assim como sempre soube que as letras que compõem se
casariam em algum momento. — Peter já trabalhou diversas vezes
com Athena. — Estou feliz que finalmente se encontraram.
— Eu também! — A cantora que exala serenidade pula do sofá
e se aproxima de mim, segurando minhas mãos. — Vamos ser
ótimas amigas!
— Bom... acho que estava precisando mesmo de alguém como
você na minha vida — digo, pois ela parece ser cheia de vida.
— Agora vou convencer Edina a ir comigo! Manda o
restaurante por mensagem? Vou te deixar me levar para onde
quiser, sei o quanto ama Nova York, deve conhecer cada parte dessa
cidade.
Maneio a cabeça de um lado para o outro.
— Mais ou menos, mas tenho ótimos lugares que podemos ir
juntas. Gosta de comida brasileira?
— Nunca comi.
— Eu também não. — Ela fica confusa com a minha fala. —
Acontece que irei para o Brasil semana que vem, e acho que seria
legal provar algo por aqui.
— Brasil? Uau! É o melhor país para se fazer show... Espera,
mas você nem divulgou suas datas de turnê na América Latina. Vai
fazer o que no Brasil?
— O último jogo da temporada regular de futebol americano
vai acontecer lá e Chace quer muito que eu vá.
— Incrível! Podemos ir ao restaurante brasileiro, não me
importo.
Olho para Peter.
— Quer ir conosco? — Convido.
Ele nega.
— Já tenho um compromisso hoje.
Arqueio as sobrancelhas.
— Uma mulher? Finalmente vai desencalhar? — provoco.
— É um encontro, mas nem comece a fanficar nosso
casamento, Ocean — ele avisa antes que eu possa dizer qualquer
palavra. — E você também, Athena.
— Droga! Ao menos nos apresente a ela, caso comece a
namorar.
— Vou pensar sobre isso. — É óbvio que ele está brincando.
Meu amigo está há um bom tempo solteiro, e nunca pareceu
ter um motivo específico para isso, ele simplesmente não encontrou
a mulher certa que o fez mudar de ideia quanto ao seu status.
Espero que essa seja a certa.
Sempre torci pelo amor e nunca será diferente.

Navegar na internet é sempre um mar de surpresas,


especialmente quando se trata de procurar um restaurante nas
redondezas. Descobri uma churrascaria brasileira na cidade, e sem
ninguém saber do nosso passeio, eu, Athena e Edina nos
encontramos em frente ao estabelecimento.
Somos atendidas pelo próprio gerente, que não consegue
conter o sorriso por receber duas celebridades em seu restaurante.
Ele nos leva até uma mesa, em um local reservado para
proporcionar privacidade, parecendo saber exatamente o que
precisamos.
— Uau! Esse lugar é bonito. — Athena elogia, encantada com o
interior do local.
E preciso concordar, o restaurante é mesmo bonito. Algumas
paredes de tijolo à vista e outras lisas, pintadas em amarelo, com
luzes claras em lustres bonitos espalhados por toda parte, trazem
um ar luxuoso para o local.
— Muito — Edina concorda e me olha, sem disfarçar que está
emburrada. — Vai mesmo para o Brasil?
Assinto e sorrio para amenizar a situação.
— Meu pai amou a ideia, queria até ir junto.
Ela suspira.
— O que faço com você, hein? — Minha amiga olha para
Athena. — Esse é o problema de ser amiga e publicitária ao mesmo
tempo.
— Mas por que você está incomodada com a ida da Ocean
para o Brasil?
— Porque os comentários sobre ela e Chace não param.
— Mas eles são melhores amigos. — Athena ainda parece
confusa. — Até eu que não sou tão ligada, sei da amizade da
indústria.
— Eles são, mas existem pessoas que insistem em dizer que
Ocean traiu o Mark com o Chace. Mesmo que já tenham saído notas
oficiais sobre isso, essa gente só quer acreditar no que convém,
especialmente os haters da nossa loirinha aqui. — Edina me olha
com compaixão. — Não está pesado porque Mark nunca confirmou
nada, mas o que vão pensar com você viajando sozinha para outro
país com seu melhor amigo? Ninguém acredita em amizade de
homem e mulher.
A cantora assente, parecendo compreender.
— Até eu não acredito! — A mulher de cabelos roxos não
parece estar brincando, e confirma isso ao perguntar. — Vai dizer
que não rola algumas coisas entre vocês?
Sinto meu rosto ficar vermelho e nego imediatamente antes
que elas peguem alguma coisa no ar.
— Por que está vermelha? — Athena pergunta.
Sinto minha temperatura aumentar.
Droga!
Tem mentira que é tão difícil de dizer, e a mais velha parece
perceber bem isso.
— Existe algo, né?
— Não — Edina responde por mim. — Eles são como irmãos.
Bom... nós éramos.
— Não parece ser. Olhe o jeito que sua amiga está corando.
— Maldição — resmungo. — É só uma amizade colorida.
Não vi que respondi isso bem na hora que Edina estava
levando um copo de água à boca, e foi só dizer as palavras para ter
meu rosto encharcado por conta da sua reação exagerada ao ser
surpreendida.
— Edina!
Pego um guardanapo e me limpo.
— Que merda vocês têm na cabeça? Desde quando estão
tendo uma amizade com benefícios?
— Em um resumo bem simples, eu sentia falta de sexo,
comecei a ver Chace com outros olhos, e aconteceu... Não surta,
ninguém vai saber sobre isso.
— Nada melhor do que um sexo seguro com o melhor amigo.
— Athena parece animada ao meu lado, enquanto minha RP parece
prestes a surtar. — Apenas aproveite, garota. É jovem, tem mais é
que curtir cada momento.
A cantora não sabe, mas gosto um pouco mais dela nesse
momento.
— Só use proteção se não quiser ser mãe como eu sou hoje —
alerta. — No início é desesperador, mas depois se torna o bem mais
precioso das nossas vidas.
Ela fala com tanto amor, que sinto curiosidade de conhecer sua
pequena.
— Ocean — Edina me chama. — Tem certeza de que isso não
vai sair do controle?
Entendo as preocupações da minha amiga.
Seu trabalho é se preocupar com a minha imagem, e se isso
vazar, as coisas serão muito complicadas. Não é como se estivesse
fazendo algo de errado, mas as pessoas têm a mania de colocar as
celebridades em um pedestal, em que não podem demonstrar que
são humanos, que vivem, sofrem e erram como qualquer um nesta
terra.
— Fique calma! Tenho tudo sob controle.
Ela não parece tão aliviada com isso.
— E seu coração? Não acha que pode acabar se apaixonando
pelo seu melhor amigo, agora que abriu as pernas para ele? — Edina
tenta relaxar ao fazer essa pergunta.
Dou de ombros.
— Não estou me importando com isso.
— Essa é a Ocean, Athena. Ela tem uma mania assustadora de
se jogar de cabeça em tudo — ela fala e bebe um pouco mais de
água, provavelmente para se acalmar. — Na maioria das vezes, não
sei o que faço com esse ser.
Mando um beijo para ela.
— Continue me amando e nunca me abandone.
— Mereço é um aumento, isso sim! — Cobra, provocando a
risada de Athena.
— Gosto disso em você, Ocean. Acho que temos muito em
comum — a cantora diz.
Sorrio.
— Estou pronta para testar isso nas nossas músicas.
Não consigo mesmo me controlar, o lado fã sempre fala mais
alto. É impressionante.
A dona dos cabelos roxos mais lindos que já vi coloca a mão no
estômago.
— Estou muito animada para isso, mas podemos pedir nossos
pratos? Estou louca para provar o churrasco brasileiro.
Edina acena para o garçom e aproveito o momento para pegar
meu celular. Vejo que Chace enviou uma mensagem há dois
minutos.
Golden Boy: Já estou em casa. Cadê você?
Eu: Jantando com Edina e Athena. Não vou conseguir ir para
sua casa hoje, sinto muito.
Golden Boy: Só te perdoo porque está jantando com a sua
ídolo. Como passou o dia, pequena?
Eu: Fiquei no estúdio com Peter trabalhando em algumas
músicas. Esse é o resumo. E o seu?
Golden Boy: Treinei tanto, que não sinto mais as minhas
pernas e talvez, nem minhas costelas. É uma pena que eu não tenho
a minha mulher favorita aqui para me fazer uma massagem.
Sorrio com a mensagem, sentindo meu corpo estremecer mais
uma vez ao ler as palavras “minha mulher” em sua mensagem de
texto.
Eu: Você é tão dramático. Amanhã estarei aí, ok?
Golden Boy: Obrigado! Já estava prestes a achar que está me
evitando.
Eu: Se eu estivesse, não estaria te respondendo, bobo.
Golden Boy: Tem razão... Pode me fazer um favor?
Eu: Qual?
Golden Boy: Sonha comigo hoje.
Meu coração acelera ao ler sua mensagem e fico sem reação,
tentando entender em qual sentido ele quer que eu leve essas
palavras.
— Terra chamando Ocean... — Athena estala os dedos em
minha direção. — Você está bem?
— É o Chace no celular? — Edina pergunta.
Acho que parece óbvio, por isso, apenas faço um gesto positivo
com a cabeça. Minha amiga não fica surpresa.
— Já faço o pedido, ok? Só me deixa responder ele rapidinho.
Eu: Não é como se eu conseguisse controlar meus sonhos,
Golden Boy.
Golden Boy: Eu sei, mas vou ficar feliz se ao menos disser
que dormiu pensando em mim essa noite.
Eu: Bom... Você só vai saber disso amanhã.
Golden Boy: Tenha uma boa noite, pequena.
Eu: Você também, Golden Boy.
Engulo em seco e bloqueio o aparelho, pegando o copo de
água para aplacar minha sede que surgiu de repente.
Não é como se tivéssemos trocados mensagens quentes, foi
algo ainda mais intenso do que isso.
É um simples pedido.
Parece haver tanto significado, que me pego querendo sonhar
com o running back apenas para saber qual seria sua reação
amanhã.
Quando nós decidimos (nós decidimos)
Que iríamos tirar os móveis do caminho para podermos dançar
Amor, como se tivéssemos alguma chance
Dois aviões de papel voando, voando, voando
OUT OF THE WOODS – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Seguro a maçaneta da porta, torcendo para que Ocean esteja
do outro lado, tamanha a saudade que sinto dela.
Sei muito bem que não faz nem três dias que estou sem vê-la,
mas desde que a beijei, meus sentimentos se intensificaram mil
vezes mais.
Quase não consigo me concentrar nos treinos, fico que nem o
idiota do Cole, olhando para o nada e pensando na cantora. Tenho
que desviar das perguntas dos intrometidos que me viram a
beijando e aguentar as piadinhas de Thomas, dizendo o quanto
estou rendido pela loirinha.
Mal sabe ele que estou assim há anos.
Abro a porta de casa e respiro aliviado, ao mesmo tempo em
que uma emoção forte toma meu peito ao ver Ocean com as pernas
cruzadas uma na outra, sentada no meu sofá branco enquanto o
violão acústico roxo lilás que tanto ama, está apoiado em seu colo.
Não sei explicar a sensação.
Meu coração acelera e sou incapaz de desviar meu olhar dessa
visão.
Ela está aqui.
É diferente de todas as outras vezes.
Parece mais íntimo agora que já ultrapassamos a barreira que
nos tornava apenas amigos.
Ocean começa a dedilhar as cordas do violão, produzindo uma
canção suave que preenche a sala. Observo cada detalhe, desde
seus dedos se movendo com graciosidade, como se dançassem
sobre as cordas, até a sua expressão concentrada e relaxada por
estar fazendo o que ama.
Como se fosse possível, eu a amo ainda mais nesse momento.
Será que algum dia ela me amará da mesma forma que a
amo?
Eu faria qualquer coisa para que isso acontecesse.
Parecendo sentir minha presença e meu olhar, a loira levanta o
rosto e olha diretamente para mim. Sorrio fraco e dou um passo à
frente ao mesmo tempo em que deixo a mochila escorregar até o
chão.
— Você não consegue parar de trabalhar? — brinco.
Minha loirinha sorri, daquele tipo de sorriso que amo nela, que
sempre transmite o quanto está feliz em me ver.
Chego mais perto do sofá e me sento ao seu lado enquanto ela
deixa o violão apoiado na mesa de centro. Um segundo depois,
Ocean está pulando no meu colo e me abraçando apertado,
deixando-me completamente sem reação.
Não é como se ela nunca tivesse feito isso.
Na verdade, minha pequena sempre fez isso e, por muito
tempo, achei que teria que fazer um tratamento para o coração pelo
tanto que ele acelerava quando ela pulava no meu colo desse jeito.
— Também senti sua falta. — A loira beija minha bochecha, me
deixando estremecido com o que disse. — E respondendo à sua
pergunta, não, eu não me canso de trabalhar.
Ela me olha e estando com o rosto assim, tão próximo ao meu,
consigo ver cada brilho que ilumina sua expressão.
Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e pouso
minha mão no lado direito do seu rosto, acariciando-o com meu
polegar.
— O que estava compondo?
— Não posso dizer agora, porque não está pronto, mas quando
ficar, já te falei que você será o primeiro a ouvir.
— Estou ansiando pelo momento que vai escrever uma música
sobre mim. — Soa como uma brincadeira, mas é a mais pura
verdade. — Algo como “descobri anos depois que meu melhor amigo
é o melhor fodedor do planeta”.
Ela cai na risada e apenas por ouvir esse som saindo de sua
garganta, dou risada também. Suas mãos se aproximam do meu
rosto e ela aperta minhas bochechas, fazendo um beicinho.
— Tão convencido.
Retiro suas mãos do meu rosto, mas não as solto e entrelaço
meus dedos nos dela, puxando-a para mais perto. Meu pau não
ignora sua virilha raspando por cima dele quando seu peito cola ao
meu.
— Estou mentindo, pequena?
Meu nariz toca o seu e o deslizo pelo seu rosto, aspirando esse
cheiro único, até minha boca estar quase grudada à dela.
— Ainda não ganhei meu beijo. — Assopro contra seus lábios.
— Não acha que mereço isso?
Ocean me lança um sorrisinho de lado antes de fechar os olhos
e selar minha boca. Solto suas mãos instintivamente e agarro-a pela
cintura, a abraçando apertado enquanto seus braços fazem o mesmo
com meu pescoço.
Meu corpo ganha vida quando minha língua encontra a dela.
Sinto a mesma sensação de estar no paraíso e no inferno, que
sempre me toma quando inicio nosso beijo.
Essa mulher não vai me levar à loucura, porque já estou lá,
desde quando comecei a desejá-la intensamente.
O beijo é calmo.
Nossas línguas dançam em uma sintonia que acho que só nós
dois somos capazes de entender. É tudo tão íntimo e tão nosso.
Quando nossos lábios se separam pela falta de ar,
permanecemos com as testas coladas.
Será que ela consegue ouvir meu coração acelerado? Consegue
entender o que faz comigo?
Digo para mim mesmo que é impossível alguém que se
apaixonou tantas vezes, não perceba um homem apaixonado ao seu
lado quase que todos os dias, mas estamos falando de Ocean Bailey.
Existem muitas coisas que tenho certeza de que ela finge não
ver.
— Me responda uma coisa. — Peço, lembrando da nossa última
conversa por mensagem. — Sonhou comigo?
Seus olhos brilhantes se encontram com os meus e noto o
divertimento tomando conta de seu rosto, mas nem ele é capaz de
quebrar a tensão que nos cerca.
— Dormi pensando em você, mas não porque pediu, e sim
porque é algo que venho fazendo desde que toda essa loucura entre
nós começou — diz, literalmente, metralhando meu coração.
— Por quê? — pergunto, quase sem fôlego.
— Porque toda essa situação é diferente de tudo o que já
vivemos, e me faz pensar mais do que o normal — explica como se
fosse óbvio.
Ela não se apaixonou por você por causa de uma foda, Chace.
Merda!
Estou ficando louco mesmo e Ocean não me ajuda em nada!
— Acabei sonhando com a primeira vez que saímos como um
casal, lembra? — Baile de primavera, último ano do ensino
fundamental. Faço um gesto positivo com a cabeça, pois lembro
perfeitamente de como me senti quando a vi com um vestido que
delineava seu corpo pela primeira vez. Foi quando senti meu coração
acelerar pela minha melhor amiga, e percebi que algo estava muito
errado. — Nós estávamos no baile de primavera e dançamos a noite
toda.
— Seu sonho foi quase como uma lembrança. — Pois
dançamos algumas músicas, mas não durante o baile todo.
— Acho que sim. — Ocean passa a mão no meu cabelo, o
bagunçando por completo e achando graça disso. Eu deixo, pois sou
apaixonado pelo seu sorriso. — Você foi o primeiro cara que me
levou a um baile.
Sempre soube disso, mas ouvi-la dizer essas palavras me deixa
ainda mais feliz.
Posso ter perdido muitas primeiras vezes da minha loira-,
porém, essa não foi uma delas, e sei o quanto um baile na escola
era especial para uma garota como ela, que não tinha muitas
amigas, não era muito popular e nem tinha uma lista de garotos
querendo levá-la.
Completamente malucos.
Ocean sempre foi linda, acontece que ela nunca gostou de ser
popular na escola.
— Você deixou de ir com a garota mais popular para ir comigo.
Naquela noite eu já devia ter percebido que a amava mais do
que um simples amigo. Não que isso mudaria o nosso futuro, mas é
que era tão óbvio.
— Eu preferia ir com você — admito.
Ela me olha de um jeito intenso, causando o que acho ser
borboletas no meu estômago pela forma como meu interior vibra e
me deixa nervoso, excitado e ansioso.
A cantora encara meus lábios e mais uma vez, sua boca
procura a minha, sem qualquer resposta em palavras. E eu a beijo
de volta, sentindo no fundo do meu coração que as coisas estão
indo bem.
Tenho uma boa sensação de que essa mulher ainda será
totalmente minha.
A força do querer não é o que atrai a maioria das coisas?
Então, por favor, Universo, torne Ocean Bailey apenas minha!

— Como está Clyde? — Ocean pergunta e leva um pouco da


salada ceaser à boca, sujando o cantinho dela com o molho.
É impressionante como essa mulher não consegue comer sem
fazer bagunça.
Pedimos comida para o jantar, já que nenhum de nós estava
com vontade de sair para comer fora.
— Ele está bem, na medida do possível, mas não o suficiente
para jogar — conto o que nos foi informado hoje. — Vamos ficar
com Thomas até o final.
Minha amiga não consegue entender se isso é bom ou ruim e
consigo notar isso pela sua careta confusa.
— Está preocupado?
— Um pouco, mas o garoto é bom — respondo, permanecendo
confiante. Pessimismo é algo que não pode entrar na nossa jogada.
— Podemos alcançar a vitória com ele. Viu o jogo de domingo, né?
— É claro. E não acho que ele teria sido draftado tão cedo se
não fosse bom. Vocês vão conseguir o Super Bowl, Chace.
É um dos meus maiores sonhos no momento, e minha amiga
sabe disso desde o início.
Sorrio e me levanto, dando a volta na mesa, chegando mais
perto da loirinha.
— Confia tanto em mim assim?
Passo meu polegar pelo cantinho do seu lábio, limpando o
molho que estava ali. De uma forma bem ousada e feita
especialmente para me deixar louco, Ocean captura meu dedo com
a boca e o lambe com sua língua atrevida, fazendo com que meu
coração volte a acelerar e meu pau endureça dentro das calças.
Tudo o que consigo pensar enquanto ela me olha de um jeito
nada inocente é o quanto ela ficaria gostosa chupando meu pau.
Porra!
Essa não é a hora para ficar completamente excitado.
Não é hora para pensar apenas em sexo, não quando quero
conquistar o coração dessa mulher.
Caralho!
Retiro meu dedo de sua boca e ouso contorná-la com ele,
sentindo a atmosfera entre nós mudar bruscamente. Ocean suspira,
os olhos ardendo em minha direção, e isso só me deixa ainda mais
louco por ela.
Seguro sua mão e a puxo em direção à sala.
— Para onde está me levando?
Poderia ser para o quarto para fodê-la, mas não ainda.
Não agora.
A deixo parada no meio da sala e empurro a mesinha de centro
para o canto para não atrapalhar meus planos. Pego o celular no
bolso e em seguida abro o Spotify.
Ainda me lembro perfeitamente da música que estava tocando
quando dançamos pela primeira vez no baile.
Aumento o volume e coloco para tocar Say Yes To Heaven da
Lana Del Rey. Viro-me para Ocean e estendo a mão em sua direção.
Ela está surpresa, porém segura minha mão mesma assim.
— Você disse que sonhou com a noite do nosso baile, e como
ir até a escola é um pouco difícil para nós hoje em dia, achei que
poderíamos reviver aquele momento aqui nessa sala.
Minha loira sorri, ainda surpresa com a atitude.
Seus braços envolvem meu pescoço e não consigo segurar o
sorriso quando vejo seus pés descalços levantados, só para que
consiga ficar mais próxima do meu rosto, quando mesmo assim, ela
ainda bate no meu peito.
Abraço sua cintura e não me importo em abaixar a cabeça para
ficarmos próximos, iniciando assim a nossa dança.
Sei o quanto Ocean às vezes odeia a nossa diferença de altura,
mas eu nunca consegui odiá-la, sempre consegui ver essa diferença
como um ótimo motivo para continuar apertando-a nos meus
braços, a protegendo e a cuidando.
— Por que reviver esse momento? — questiona baixinho, com
os olhos fechados e a cabeça deitada em meu peito, acompanhando
o balançar dos nossos corpos.
Seus braços descansam ao redor da minha cintura e dessa
forma, consigo a puxá-la para mais perto de mim, nos colando
completamente.
— Existem coisas que eu não podia fazer no passado, e agora
posso — admito, lembrando especialmente da vontade que tive de
beijá-la há alguns anos. Foi tão arrebatador e do nada, que me
assustou e me fez correr para o banheiro. — E porque sinto saudade
de dançar com você.
Ela sorri.
— Bem... também senti falta de dançar com você — confessa e
solta uma risada genuína quando a afasto e a giro na minha frente,
trazendo-a para perto de mim logo em seguida. — Nós ainda
combinamos muito bem dançando juntos.
Nós combinamos muito bem de diversas maneiras.
Mas ela ainda não percebeu isso.
Suspiro e afundo o nariz entre os fios de seu cabelo loiro,
aproveitando o máximo da música que já está chegando ao fim.
Sinto Ocean me abraçar mais forte, e a mesma reação que tive
há mais de dez anos, toma meu peito novamente.
Meu coração parece querer pular do peito, e tenho certeza de
que agora minha amiga o escuta, pois sua cabeça está pousada em
cima dele.
O desejo que sinto por ela, de deitá-la na minha cama e repetir
tudo, de dar prazer ainda mais do que dei naquela cama de hotel há
alguns dias, é forte e quase tira meu fôlego. Mas o que meu coração
deseja mais do que tudo, é esse momento, é estar assim com eles
nos meus braços.
E é ele que escuto.
Pois essa é a diferença do amor para o tesão.
Amar é querer estar perto e curtir cada instante com a pessoa
que ama, seja a companhia, o sexo, os jantares, os passeios,
qualquer coisa.
Tesão é temporário, coisa do momento, que se apaga assim
que conquistado.
— Você está bem? — a loira pergunta, preocupada. — Seu
coração...
Não dou tempo para ela continuar sua pergunta, simplesmente
abaixo meu rosto e a tomo para mim, em mais um dos nossos beijos
de tirar o fôlego e, com sorte, para fazê-la prestar um pouco mais de
atenção em mim.
Ele é tão alto e bonito como o inferno
Ele é tão mau, mas ele faz tão bem
Já posso ver o fim quando tudo começa
Minha única condição é
WILDEST DREAMS – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Sempre fui uma garota romântica e isso sempre foi motivo
para não ser levada a sério na escola. Enquanto muitas meninas
queriam curtir com os jogadores do time de futebol americano,
basquete ou hóquei, eu queria o romantismo.
Queria alguém que me comprasse flores e me convidasse para
um encontro.
Queria um garoto que jogasse pedrinhas na minha janela e
fizesse uma serenata até que eu aceitasse o convite para ir ao baile
com ele.
Com o tempo, percebi que muitas das coisas com que eu
sonhava eram romantismo demais e que dificilmente isso acontece
na vida real.
Percebi que se quisesse viver um romance, teria que lutar por
um, já que a mocinha ser conquistada é pura coisa de filme e livro.
Até agora, lutei por todos os namorados que tive, conquistei todos
eles e muitas vezes tive até que mudar alguns dos meus gostos ou
comportamentos para me enquadrar ao relacionamento.
Sempre me doei mais do que deveria.
Sempre dei mais do que recebi.
E adivinhem? Sempre quebrei a cara.
Até mesmo quando achei que tinha encontrado o cara certo,
que me entendia bem, que fazia gestos românticos e parecia me
amar muito, acabei me magoando e vendo que tudo não passava de
uma ilusão, em que toda a magia acabou.
Mark deixou uma cicatriz muito maior do que os outros ex-
namorados, pois com ele, achei que teríamos futuro. Não há nada
mais doloroso do que amar uma pessoa, querer ficar com ela para
sempre e ter a certeza de que isso vai acontecer, para no outro dia,
ela começar a se mostrar cansada de você, dos seus sentimentos,
da sua vida, e ainda deixar explícito o quanto você é a culpada por
todos os problemas do relacionamento.
Mark foi um príncipe que se transformou em um sapo
asqueroso e venenoso.
Pensando bem... isso daria uma ótima música.
E com esse pensamento, que chegamos no lado bom de todas
as minhas decepções amorosas: escrever canções que dizem como
muitas pessoas nesse mundo também se sentem.
De repente, a garota que não tinha muitos amigos na escola e
nem era popular, se tornou uma celebridade, que hoje é
extremamente famosa e que é abraçada pelas pessoas que se
identificam com suas músicas.
É uma loucura pensar em como o mundo pode girar, não é
mesmo?
E, neste momento, giro nos braços do meu melhor amigo
enquanto nos movemos em uma dança que meu cérebro armazenou
no fundo da minha mente, mas que meu corpo se lembra
perfeitamente, tudo isso ao som de uma música que já não escutava
há muito tempo.
Deito minha cabeça no peito do Chace e fecho os olhos, sendo
transportada para mais de dez anos atrás, quando estava chateada
por ninguém ter me convidado para o baile de primavera da escola.
Senti-me tão rejeitada, que acabei chorando nos braços do meu pai
e do meu jogador.
Foram minhas lágrimas que fizeram meu amigo me convidar
para ser sua parceira. Em um primeiro momento, recusei, pois sabia
que ele tinha muitas opções para ir acompanhado.
O loiro era popular por ser jogador. Por que ele gastaria o
tempo indo com a melhor amiga?
Mas ele insistiu.
E eu acabei aceitando.
Meu melhor amigo me colocou em primeiro lugar e fiz de tudo
para aquela noite ser divertida para nós dois.
— Você está bem pensativa — o running back comenta e só
então percebo que a música já acabou, mas nossos corpos ainda
estão se balançando em uma dança que parece ser só nossa. —
Tudo bem?
Concordo com a cabeça e o abraço mais apertado.
Não sei por que, mas acho que precisava desse momento entre
nós. Chace sempre foi capaz de me transportar para um mundo em
que me sinto confortável, feliz e inspirada, e nesta noite, não é
diferente.
— Apenas pensando sobre o passado... Nós nos divertimos
muito naquela noite — digo e ergo o rosto, abrindo os olhos e dando
de cara com aquela imensidão cinza e azul de seus olhos, mais
brilhantes e intensos agora do que em qualquer outro momento. —
Não sente saudade daquela época?
Seu olhar sobre mim faz com que meu coração acelere, e essa
é uma reação anormal, pois não é como se eu estivesse louca para
ser fodida agora por ele. Só quero... estar em seus braços, como
sempre acontece entre nós dois.
— Me senti o garoto mais sortudo do mundo por ter você
comigo naquela noite — ele diz, provocando um meio-sorriso nos
meus lábios.
— Tão exagerado...
Ele nota minha provocação e revira os olhos, bagunçando meu
cabelo.
— Respondendo à sua pergunta, não sinto tanta falta porque
você ainda está comigo, nossa amizade é ainda mais forte, e
agora... — Ele abaixa a cabeça até ficar bem próximo do meu rosto.
— Posso te beijar depois da nossa dança.
Ainda escuto seu coração bater tão forte como antes, quando
me preocupei e ele me beijou, a diferença é que agora, o órgão no
meu peito corresponde quase que a cada batida.
Chace volta a beijar minha boca, roubando meu fôlego com a
forma que segura minha nuca e que move sua língua contra a
minha. Ergo os pés, tentando inutilmente ficar mais alta enquanto
correspondo ao beijo, que fica mais intenso a cada segundo.
Céus... Ele consegue me deixar maluca apenas com seus
lábios, e estou descobrindo o quanto gosto de beijá-lo cada vez
mais.
— Vamos para o quarto, pequena. — Seu tom de voz é cheio
de promessa.
Sorrio de lado e encontro seus olhos em mim.
— Lembrou que também pode me foder depois de uma dança?
Sinto seu pau endurecer contra minha barriga.
Seus dedos contornam meus lábios e sinto minhas pernas
bambas só pelo jeito como me olha agora.
— Lembrei que você só usou esses lábios gostosos para me
beijar — responde, enfiando o polegar na minha boca. E só para
provocá-lo, passo minha língua pelo seu dedo e o chupo, ganhando
um grunhido de sua parte. — Porra!
Antes que eu consiga processar, Chace está me colocando em
seu ombro, de bunda para cima e como um homem das cavernas,
me dá um tapa na nádega esquerda, causando o efeito contrário à
dor.
Estou enlouquecendo.
Só isso explica o motivo de ficar mais excitada com um tapa.
— Ficou maluco? — Grito, mas estou me divertindo e
extremamente ansiosa com a situação.
— Pequena... você não sabe tudo o que já imaginei fazer
contigo — comenta, meio misterioso e agressivo quando me bate
mais uma vez. — Sempre amou desfilar com suas minissaias e
vestidos por aí, enquanto o idiota aqui tinha que aguentar de pau
duro.
Ofego.
Ele está admitindo mais uma vez que ficava de pau duro
enquanto éramos apenas amigos?
Cretino!
Como deveria reagir a isso? Pensei que ele sempre tivesse me
visto apenas como sua melhor amiga, mas acho que me enganei por
muitos anos.
Pensando por esse lado... Algumas coisas começam a fazer
sentido.
O ciúme dos meus namorados.
O jeito possessivo quando está comigo e estou solteira.
É quase como se ele gostasse de mim mais do que uma
amiga... ou estou vendo coisas que não existem?
— Vamos tirar sua roupa, pequena. — Esqueço até mesmo do
que estou pensando quando sua voz rouca soa no meu ouvido.
Chace me coloca na frente da cama e abre o zíper do meu
casaco de veludo, tirando-o em seguida. Sinto o ar ao nosso redor
esquentar mil vezes mais quando começo a me despir sob seu olhar
enquanto recebo sua ajuda.
Ele não precisa dizer uma palavra para me deixar
completamente pronta para ter seu pau na minha boceta, e o
melhor disso é ver que causo a mesma reação nele.
Deslizo a calcinha pelas minhas pernas até senti-la nos meus
pés, e sob a visão de Chace, deixo que ele retire meu sutiã. Minha
pele se arrepia por completo e sinto a umidade aumentar quando o
vejo lambendo os lábios ao me observar totalmente nua à sua
frente.
É como se ele pudesse me foder com esse olhar.
Não perco tempo e retiro seu casaco também.
O loiro faz o mesmo com a blusa de frio e desfivela seu cinto,
abaixando sua calça jeans.
Quando ela já está fora de seu corpo, seguro as mãos do
homem gostoso à minha frente e o levo até a cama. Meu amigo se
senta sem problema algum e parece prender a respiração quando
me ajoelho em sua frente, com as mãos presas em seu joelho.
Observo o volume no meio da sua perna aumentar e sorrio de
lado antes de aproximar meus dedos do elástico da cueca.
— Você ama me provocar — ele murmura.
Finjo que não sei do que está falando ao dar de ombros e o
olhar com minha expressão mais inocente, que não condiz em nada
com o que estou pensando em fazer com ele.
Chace sabe disso e adora.
Abaixo a cueca e seu pau salta para fora.
Porra!
Ele parece ainda maior do que me lembrava.
Junto saliva na boca e com meus olhos presos ao dele, abaixo
o rosto até ficar próximo do seu comprimento. Separo os lábios e
abocanho só a cabecinha, o escutando arfar ao mesmo tempo em
que sua mão vai diretamente para minha cabeça.
— Caralho, Ocean! — Ele geme quando começo a movimentar
minha boca sobre seu pau.
Passo a língua e vou um pouco mais fundo, chupando-o mais
intensamente. O loiro geme mais alto, gostando disso e agarra meu
cabelo em resposta, enquanto seus olhos parecem pegar fogo em
minha direção.
Não paro.
Gosto até mesmo da sensação que traz ao meu corpo, vê-lo
recebendo prazer de mim. Geralmente, não me sinto à vontade
fazendo um boquete, é mais uma parte obrigatória do sexo para
mim, mas com ele tudo é diferente.
Vê-lo se segurando para não perder o controle, só me excita
mais e faz com que eu queira que ele perca esse receio.
Quero tudo dele.
Movo as mãos até onde minha boca não alcança, enquanto o
meto até o fundo da minha garganta, provocando um quase grito do
meu amigo, que segura meus cabelos mais firmes.
— Porra! Você é uma safada, loirinha. — Ele morde os lábios.
— Continua... Isso!
Geme, satisfeito com os movimentos da minha língua em seu
pau.
O grandão não consegue se segurar por muito tempo e investe
pesado contra minha boca, quase arrancando alguns fios do meu
cabelo ao segurá-los entre os dedos e mover minha cabeça contra
sua ereção.
Isso é gostoso!
Não me importo por estar fazendo um esforço para não me
engasgar, mesmo sentindo meus olhos marejarem. Gosto do poder
que tenho sobre ele, ainda que suas mãos e quadris estejam
comandando meus movimentos e, principalmente, gosto do prazer
brotando em seu rosto a cada movimento da minha língua e a cada
sucção dos meus lábios.
Estou deixando-o louco.
Ele sabe disso.
— Ocean! — Chace grita, prestes a gozar.
Eu não paro nem por um segundo, continuo o masturbando e
o chupando, até que de repente, estou sendo afastada e jogada
brutalmente na cama.
— Essa sua boca — ele comenta, ficando por cima de mim e
colocando seu polegar entre meus lábios. — Vai me deixar louco,
assim como você toda está me deixando.
Gosto de sua sinceridade.
Consigo vê-la pelo olhar honesto e perdido que ele está me
lançando.
— E o que vai fazer agora? — pergunto, circulando minhas
pernas ao redor da sua cintura. — Podia ter gozado na minha boca.
Meu amigo sorri de seu modo cafajeste, causando-me
vibrações no ventre.
— Não faltará oportunidade para isso, pequena — ele diz,
abaixando o rosto até ficar perto do meu. — Tudo o que quero agora
é meter em você.
Chace rasga um pacote de camisinha com os dentes e me
beija. De canto de olho, o vejo enfiando seu pau no preservativo
com uma mão, e antes que eu processe sua língua dançando em
minha boca, estou sendo invadida pelo seu cacete pela segunda vez
em uma semana.
A sensação é ainda melhor do que a primeira vez.
Dessa vez, o loiro não espera.
Ele enfia tudo de uma vez, arrancando meu fôlego e engolindo
meu gemido com sua língua enfiada na minha boca.
Sinto minhas pernas ao redor da sua cintura o apertarem mais,
e juro que não sei como consigo força para isso, pois a cada
estocada que ele dá, sinto que está tirando um pouco mais de mim.
É gostoso.
É incrível.
É inexplicável.
Ele desliza sua boca pela minha pele, marcando meu pescoço
com seus lábios, chupando cada pedaço, ao mesmo tempo em que
meus dedos fincam em suas costas.
Chace sai e entra em mim com mais força, alcançando lugares,
que até então, eu desconhecia.
— Chace... — Grito, não me importando em arranhar suas
costas quando ele investe mais uma vez.
— Gostosa! — Elogia, chupando minha pele. — Você é perfeita,
Ocean!
Eu amo quando ele me chama pelo apelido, que é na maior
parte do tempo, mas há algo mais íntimo e excitante quando ele usa
da sua voz tomada de prazer, para me chamar pelo nome.
Meu corpo todo corresponde ao som dela. Isso não é bizarro?
Sinto a mão do meu melhor amigo alcançar meu clitóris e com
seus dedos, começar a brincar com ele, me proporcionando mais
prazer. Fecho os olhos ao erguer os quadris, me sentindo
completamente perdida nas sensações, mas isso até sentir um tapa
lá embaixo, que me faz gritar e arregalar os olhos.
— Quem disse que podia parar de me assistir te fodendo,
Ocean? — ele pergunta, voltando a aproximar a boca dos meus
lábios. — Quero você gemendo meu nome com os olhos em mim.
Porra!
A forma como me olha é capaz de me fazer gozar.
Sinto até mesmo o líquido da minha excitação escorrendo pelas
minhas laterais, facilitando suas estocadas.
Esse homem!
Quem, exatamente, está levando quem à loucura?
— Gosta disso? — Ele lança outro tapa em direção ao meu
clitóris, e estou tão perto de gozar, que só consigo gemer em
resposta. — Sempre imaginei que você gostasse de algo mais...
diferente na hora do sexo, mas nunca pensei que fosse ser assim,
tão entregue.
Grito seu nome quando lança outro tapa, pois estou prestes a
ter um orgasmo fantástico, quando ele começa a ir devagar nas
investidas, tirando seu pau de dentro de mim e entrando devagar,
rebolando seu quadril contra o meu.
— Chace... — Por favor, caralho!
É isso que meus olhos imploram.
O idiota sorri, pois parece que agora até nisso ele me conhece
melhor do que eu mesma.
O loiro sai de dentro de mim e entra mais forte, me fazendo
quase fechar os olhos quando o sinto bem fundo.
Meu clitóris dói, mas ele não para de esmagá-lo com seus
dedos, tornando tudo tão prazeroso, que com mais um tapa que
recebo, estou me desmanchando juntamente com ele em um
orgasmo poderoso.
Fecho os olhos por um momento, sentindo algumas lágrimas
aleatórias caírem e escorregarem até minhas orelhas.
O desgraçado me fez até chorar de prazer? Não é possível!
Gemo quando o sinto sair de dentro de mim.
Chace se joga ao meu lado na cama e um segundo depois,
sinto seus braços me agarrarem e me aconchegarem nele.
Como alguém consegue ser tão intenso e quase que agressivo
na hora do sexo, mas um completo amorzinho quando não está
fodendo? Essa dualidade de dele pode acabar me levando a sentir
loucuras, e adivinhem? Como sempre, não estou preocupada com
isso.
— Como fui? — pergunta, me fazendo abrir os olhos.
Meu amigo me olha com expectativa.
— Está tentando provar um ponto?
Ele arqueia as sobrancelhas.
— Depende... Se for o de que ninguém pode te foder como eu
te fodo, sim.
Bato em seu peito, dando risada.
— Idiota!
Felizmente, me sinto tão bem com ele, que só me aconchego
mais em seus braços, mesmo estando nua.
— E como eu fui? — pergunto.
— Acho que meu pau ficando duro de novo já responde muita
coisa.
Olho para o meio das suas pernas com os olhos arregalados,
que duplicam de tamanho ao ver que ele está mesmo ficando duro
de novo.
— Você não cansa? Treinou o dia todo, Lawson!
Não me canso de bater em seu peito.
— E quem disse que consigo me controlar? Você está nua ao
meu lado, pequena. Não é como se eu conseguisse ignorar. — Ele
ergue meu rosto e segura minha nuca firmemente. — Também não
acho que minha sede por você vai acabar algum dia.
— Sede, é?
Ele beija minha testa, nariz, bochechas e, por fim, minha boca.
— Muita. — Puxa meus lábios entre os dentes e o solta. —
Tanta que nem está me fazendo pensar direito.
E mais uma vez sinto meu coração acelerar pela forma como
me olha depois dizer essas palavras.
Eu o beijo para acalmar a situação, sentindo que meu corpo
também corresponde ao seu desejo de me ter outra vez nessa
cama, e sabe de uma coisa? Ninguém pode me julgar, pois esse é o
propósito de uma amizade colorida, não é mesmo?
Ai, meu Deus, o amor é uma mentira
É o tipo de merda que meus amigos dizem para me fazer superar
É diferente
Dessa vez é diferente
HITS DIFFERENT – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Cole, Thomas e Jaylen me olham tão chocados, que nem
conseguem disfarçar suas expressões.
O trio está de frente para mim enquanto tomamos café da
manhã no hotel no Rio de Janeiro, cidade que acontecerá o último
jogo da temporada regular de futebol americano.
E eles permanecem chocados com o que os contei sobre a
minha amizade colorida com Ocean.
— O que deu em você? — meu irmão mais velho pergunta.
Ele, melhor do que qualquer um aqui, sabe o quanto sufoquei
meus sentimentos por Ocean porque não queria acabar estragando
tudo, então, não estou surpreso por ele ser o que está mais
chocado.
— Isso começou a acontecer desde o dia que disse que tinha
uma queda por ela no podcast? — Cole pergunta e concordo.
— Achei que ele estava sendo o mesmo estúpido de sempre,
só que dessa vez ao vivo. — Meu irmão compartilha seus
pensamentos, me fazendo revirar os olhos. — Não acredito que
aquela foi a sua tática para chamar atenção da loirinha.
Respiro fundo e dou de ombros.
— Você que foi idiota por não perceber — rebato e tomo meu
suco de laranja.
— Nunca flertou de verdade com a Ocean, além das
brincadeiras ridículas de duplo sentido, e do nada resolveu mudar a
situação? Não é à toa que os nomes de vocês continuam nos
assuntos mais comentados das redes sociais. As pessoas têm um
faro e sabem quando algo está acontecendo.
— Estava cansado dessa realidade. Parecia que nada que eu
fizesse me faria esquecê-la.
— E como uma amizade colorida pode melhorar essa situação?
— Thomas pergunta, parecendo mesmo confuso. — Pelo que disse,
vocês se conhecem desde quando nasceram, e nesse tempo todo
ela não se apaixonou por você. O que o faz pensar que transando
vai mudar alguma coisa? É mais provável que ela se apaixone pelo
seu pau do que pelo seu coração.
Pivete intrometido, hum? Por que estou virando amigo dele
mesmo?
— Infelizmente...
Sei que Fisher vai dizer que o moleque ao seu lado está certo,
por isso, o interrompo.
— Sei de todos os riscos. — E sei mesmo, não sou trouxa. —
Mas acontece que percebi que precisava tentar ou acabaria
enlouquecendo. O maior problema de toda essa história pode ter
sido eu, por não ter demonstrado interesse de verdade.
— Até porque, sabemos bem como nossa Ocean é— Jaylen
comenta e o fuzilo com os olhos. — O que foi? Não estou criticando-
a, mas você não pode dizer que estou errado. A loirinha não tem
medo de se entregar para alguém, ela é bem emocionada e nem
com os corações partidos que teve, desistiu de encontrar o cara
certo. No final, tudo o que ela quer, só você pode dar.
— O Chace? — Cole prende a risada, se segurando para não
zombar da minha fama.
— Ele mesmo. Chace é o melhor amigo dela, a conhece melhor
do que ninguém. — Meu irmão saboreia um pouco do seu café antes
de voltar sua atenção para mim. — Talvez esse seu plano dê certo,
porque nada me tira da cabeça que Ocean nunca o viu como
homem, por causa dessa amizade grandiosa entre vocês.
Esse é o ponto.
É nisso que estou acreditando e me agarrando.
— Ainda tenho medo de acabar estragando tudo, mas...
Jaylen, me senti a pessoa mais triste do mundo quando ela falou
que queria que o idiota do Mark a pedisse em casamento — lembro
da sensação horrível que tive, foi como levar um tiro, e olha que
nunca levei um na vida. — Arrependi-me por não ter tentado, e
depois vê-la falando sobre arrumar parceiros casuais... Me fez
pensar que tudo estava prestes a se repetir e eu estava parado,
vendo a única mulher que amo tentando seguir em frente, quando
sei que posso ser tudo o que ela procura.
— Uau! — Meu irmão parece assustado. — Estou surpreso que
isso tenha vindo de você, geralmente sou eu o inteligente.
— Idiota.
Todos na mesa dão risada.
Cole suspira depois de um tempo e me olha com carinho.
— Estou torcendo por você, cara.
— Como está o relacionamento de você e Kyle? — Thomas
pergunta, graças a Deus fazendo algo de útil ao mudar de assunto.
— Muito bom. — O idiota do meu melhor amigo não consegue
nem esconder o sorriso bobo no rosto. Depois fala de mim! — Nunca
me apaixonei dessa forma. Acho que ela pode ser a mulher certa
para o resto da minha vida.
— Profundo — Jaylen comenta e coloca a mão no peito, nos
olhando como se estivesse prestes a se emocionar. — Minhas
crianças cresceram, estou tão orgulhoso de vocês.
Reviro os olhos, mas não digo nada.
Primeiro, porque ele está certo e crescemos. E porque, mesmo
estando distante, consigo enxergar do lugar em que estou Ocean,
Quinn, Harper e Lila, minha sobrinha, se aproximando do
restaurante do hotel.
Infelizmente, nem meus pais nem o Sr. Bailey conseguiram nos
acompanhar, mas prometeram que estariam no primeiro jogo da
temporada de playoffs para me apoiar.
— Bom dia, povo! — Minha irmã se senta na cadeira vazia à
minha direita, deixando a esquerda para que Ocean se sente. —
Como está a ansiedade para o jogo, maninho?
Sorrio para minha amiga, que se acomoda ao meu lado. Ela
está tão bonita usando um vestido florido claro nesse calor do Rio de
Janeiro, que até me distraio com a sua beleza.
Como é possível alguém me ter tão na palma da mão assim?
Ela não sabe, mas me tem há muitos anos.
Uma idiota sem muita noção me dá um tapa na nuca e olho
para a peste da minha irmã ao meu lado.
— O que foi? — reclamo.
— Seja menos óbvio. — Ela cochicha. — Perguntei como está
se sentindo para o jogo de hoje. Viemos de tão longe...
— Dramática. — Ocean se mete no assunto. — Não é como se
estivéssemos do outro lado do mundo.
— É quase isso! Você não sente o calor que está fazendo?
Perguntei para a moça que foi arrumar meu quarto e ela disse que é
normal, e pior, que hoje é um dia tranquilo nessa cidade. — Dou
risada do seu drama exagerado. Quinn odeia o calor. Minha irmã
prefere mil vezes o inverno. — Acho que devia ter ficado com
Kendric.
— Ele não está gravando para o próximo filme? — questiono.
Afinal, as filmagens de Quinn já haviam encerrado, e por isso
ela pôde vir me ver jogar.
— Sim.
Pego um pão de queijo do meu prato e enfio na boca da
faladeira.
— Então come e pare de reclamar! O pão de queijo é
excelente. Eu levaria para casa se pudesse.
Ela retira da boca e sem vergonha nenhuma, coloca no meu
prato de novo.
— Tem uma consistência estranha, não gostei.
A loirinha ri ao meu lado.
— Sua irmã está ansiosa para provar a caipirinha.
— E o que é isso? — Cole pergunta.
— É uma bebida alcoólica de limão, que é daqui do Brasil — a
cantora explica. — Eu gosto de morango, falei para ela que não me
importo de provarmos quando voltarmos do jogo. Afinal, precisamos
comemorar a vitória.
Já disse o quanto amo essa confiança que ela tem em mim?
Porque assim... eu amo pra caralho.
— Infelizmente, Quinn vai ter que beber sozinha ou com nossa
cunhada maravilhosa, porque eu vou te sequestrar essa noite.
A loira olha para todos da mesa e depois me encara, e tenho
que prender a risada com a cena fofa das suas bochechas corando.
— Do que está falando?
— O treinador deixou a gente aproveitar o Rio de Janeiro
amanhã. Embarcaremos só de noite, então preparei um lugar para
nós dois antes de irmos embora.
Quinn arranha a garganta, chamando a minha atenção.
— Você não pode roubar minha melhor amiga.
Não consigo nem rir da sua piada sem graça.
— Ela era minha melhor amiga antes de ser sua, maninha — a
lembro.
— Deixa eles aproveitarem, Quinn. Nós podemos levar Lila para
conhecer a praia e o Cristo Redentor. Ela está tão ansiosa para ver a
grande estátua de braços abertos — Harper sugere.
— Nós vamos, mamãe? — Minha sobrinha não consegue
esconder a animação.
— É claro, filha.
— Oba! — Bate palmas, animada. — Nem quero mais implorar
para o titio me deixar ir com ele e a tia Ocean.
Que bom!
Amo minha sobrinha, mas preciso estar a sós com a minha
loira, ou de que jeito continuarei conquistando-a?
Encaro a cantora ao meu lado, que está com os olhos presos
em mim, parecendo tentar decifrar meus pensamentos.
— O que está tramando? — ela pergunta, desconfiada.
Dou de ombros.
— Surpresa, pequena.

Não há nada mais especial e avassalador do que ver a mulher


que você ama vibrando por você na área VIP, juntamente com sua
família.
Tenho certeza de que Ocean é o meu amuleto da sorte.
Tivemos um jogo de nível médio, como diria meu treinador, e
conseguimos vencer essa última partida na temporada regular de
jogos da NFL.
Mesmo estando em outro país, os repórteres e as emissoras
estão em cima de nós, tanto para saber o que esperar da temporada
de playoffs, como de mim, querendo saber o que está rolando entre
mim e Ocean Bailey.
Enquanto jogava, senti o quanto ela também era o destaque
desse jogo.
Muito mais do que nos outros.
Tudo por ela ter atravessado o Oceano Atlântico para estar
aqui comigo. Isso, com certeza, aumentou as teorias que giravam
em torno de nós dois.
Alguns têm certeza de que houve traição da parte de Ocean,
enquanto outros afirmam que teve traição da parte do Mark, pois ele
apareceu com uma modelo não muito tempo depois.
Enfim... São tantas teorias, que nem faço questão de me
atualizar, porque prefiro viver a vida real. Nunca gostei de ficar
pesquisando sobre mim ou sobre minha loirinha na internet, pois
odeio o tanto de hate que ela ainda leva só por ser ela mesma.
Prefiro deixar minhas redes sociais o mais profissional possível
enquanto vivo a minha vida real. Óbvio que sempre faço um esforço
para que as pessoas que queiram meu bem, saibam um pouquinho
da minha vida através das entrevistas, mas nunca é algo profundo,
pois dar para os fãs, também é dar para os haters.
Ocean também percebeu isso com o tempo, pois antes, era
muito mais ativa na internet e até postava fotos com seus
namorados, e bom, essa parte eu tento ignorar a todo custo, mas
quando começou a sofrer muito ódio gratuito, ela parou de
compartilhar.
Muitos fãs ficaram chateados, mas sinto que hoje eles a
entendem e se preocupam muito com ela.
De qualquer forma, minha melhor amiga estar aqui hoje,
quando poderia estar em qualquer outro lugar, gerou e continua
gerando burburinho.
— Os fãs da loirinha são malucos — Cole comenta, atento ao
telefone.
Diferente de mim, ele ama a vida pública e os comentários
alheios.
— O que estão falando? — Não consigo controlar minha
curiosidade.
Só preciso pegar a minha mochila e dar o fora daqui. Minha
amiga está me esperando do lado de fora, onde iremos encontrar
com o motorista que contratei para nos levar até o destino que
estive pensando desde que soube que viríamos para o Brasil.
— O assunto “Toma essa, Mark” está nos assuntos mais
comentados do Twitter. — Ele ri. — Os fãs não param de dizer que
você é muito melhor do que ele, e que é bom que Ocean finalmente
acordou.
— Chace espera que ela acorde — Thomas comenta.
Ela vai.
— O que mais estão dizendo?
— Achei que não gostasse de saber — Fisher provoca, sorrindo
de lado.
— Apenas diga, Cole.
— Esse parece ser um tweet de uma fã fiel, talvez ela até seja
espiã. — Meu amigo se diverte com algo no celular. — Ela escreveu:
todos nós sabemos o quanto Mark não foi totalmente bom para a
nossa loirinha. Se vocês contarem quantas vezes eles foram vistos
juntos nesses cinco anos de relacionamento, conseguem perceber
pela quantidade ridícula, que ele odiava ser visto com ela e isso não
é teoria da minha cabeça; ou esqueceram que Mark deixou Ocean
sozinha em um mar de paparazzis quando descobriram onde eles
estavam jantando? O idiota fugiu para o carro e a deixou sem
segurança alguma! Engraçado que aquela também foi a primeira vez
que eles foram vistos juntos. Chace pode não ter sua vida pública,
mas ele nunca deixou de mostrar o quanto ama a sua melhor amiga,
o quanto é o maior fã dela e o quanto a admira. Sempre desconfiei
que ele gostasse dela mais do que amiga, e se os rumores de um
relacionamento entre eles forem verdadeiros, serei a pessoa mais
feliz do mundo, porque nossa pequena estará com o coração seguro
nas mãos dele.
Meu amigo respira fundo, parecendo surpreso.
— Caramba... tem mais de quinhentas mil visualizações.
Sorrio fraco.
— Acho que a maioria apoia vocês e se sentem vendo um filme
de romance na vida real. — Thomas interfere. — Esse Mark fez isso
mesmo? Que idiota.
Meu sorriso se transforma em uma careta.
— Tocar no nome dele é a minha deixa para ir embora.
Pego a mochila.
— Vejo vocês amanhã. — Me despeço deles.
— Aproveita a noite, príncipe da princesa — Cole provoca.
Apenas dou risada e saio do vestiário.
Está mais do que na hora de continuar com o meu plano de
conquistar o coração da minha pequena.
Eu te quero na alegria e na tristeza
Eu esperaria para todo sempre
Parta seu coração, eu o consertarei
Eu esperaria para todo sempre
E é assim que funciona, é assim que você conquista a garota, garota (oh)
HOW YOU GET THE GIRL – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
— Onde você está me levando? — Ocean olha para o mar sob
a noite escura e estrelada, admirada e um pouco assustada. — Por
que temos que atravessar o mar de noite?
— Está com medo?
Não perco mesmo a oportunidade de provocá-la.
Depois que saímos do estádio, pegamos um carro em direção à
Angra dos Reis, que fica a mais ou menos três horas do Rio de
Janeiro, e assim que chegamos na pequena cidade, pegamos um
barco, que agora nos leva até a Ilha do Japão, que aluguei
especialmente para nós, para aproveitarmos essas horas que ainda
passaremos em solo brasileiro.
— Confio em você, mas ainda acho tudo isso muito suspeito.
Sorrio e entrelaço nossos dedos.
— Estamos quase chegando. — Olho para a bagagem dela à
minha frente. — Acho lindo a forma como você não desgruda do seu
violão.
— Nunca se sabe quando a inspiração vai surgir, né?
Vejo a ilha que iremos nos hospedar de longe e aponto em
direção à área bem iluminada.
— É lá que vamos ficar nas próximas horas — conto. — Aluguei
especialmente para nós.
Os olhos da minha loirinha se arregalam ao ver a ilha e me
encaram, totalmente surpresa.
— Por quê? Podíamos ter ficado no hotel.
Ela esconde o quanto está animada com a ideia de passar a
noite nessa ilha, e isso me faz sorrir mais.
— Era um dos seus sonhos, não? Passar um final de semana
isolada em uma ilha.
Lembro-me perfeitamente de quando ela estava passando por
um momento difícil em sua carreira, cansada de tantas pessoas a
julgando e tecendo comentários maldosos a seu respeito. Ocean
chorou de frustração no meu colo, desejando poder se isolar em
algum lugar só com seu violão, pois ele a entendia melhor do que
aquelas pessoas.
— Infelizmente, não vamos poder passar um final de semana,
e não será só você e seu violão, mas espero que seja o suficiente
para inspirá-la um pouco.
— Você ainda se lembra disso? — Ela está ainda mais surpresa,
mas não esconde o sorriso.
— Sinto muito por ter demorado tanto para realizar esse seu
desejo.
Cinco anos.
Porque quando pensei em realizá-lo, ela me disse que estava
saindo com Mark.
— Você é inacreditável! — Ela pula no meu colo, abraçando-me
apertado.
E admito, depois de todo o dia tenso que tive por causa do
jogo, que foi um pouco difícil, e da pressão da torcida para a
próxima temporada, tudo o que mais queria era esse abraço dessa
mulher.
— Obrigada! — Ela agradece.
Beijo o topo da sua cabeça.
— Chegamos — diz o senhor que dirige o barco, aproximando-
se do local em que iremos desembarcar.
Ocean se afasta de mim e volta a admirar a ilha, agora que
estamos mais perto.
De longe, vejo o casal que cuida daqui e que nos apresentará
tudo antes de nos deixarmos a sós.
O lugar é mesmo lindo e tão iluminado, que mesmo com a
noite nos cercando, consigo ver a mansão no meio do verde da ilha.
E então pela expressão deslumbrada da minha amiga, vejo o quanto
acertei nessa escolha, e não consigo conter o alívio que sinto no
peito.

— Esse lugar é mesmo real? — Ocean pergunta enquanto


deixo nossas malas na entrada da casa luxuosa. — Isso é incrível.
Olha essa sala.
Ela gira pelo grande espaço entre um sofá e o outro, sorrindo
de uma forma tão feliz e leve, que me deixa extremamente bobo.
Toda a casa é de madeira da melhor qualidade.
Passamos pelo hall de entrada extremamente luxuoso, que tem
um lustre deslumbrante iluminando o espaço com uma luz amarela e
suave. A sala de estar onde a loira está agora, é extremamente
confortável. Os sofás são revestidos com tecidos cinza e ficam diante
da televisão, de frente para as janelas do chão ao teto, que
oferecem vistas panorâmicas para a ilha incrível ao nosso redor.
— Até eu estou surpreso com a beleza desse lugar, pequena —
admito, me aproximando e a puxando para meus braços. — Gostou?
— Eu amei!
Ela ergue os pés e me beija nos lábios rapidamente, antes de
se afastar e voltar a explorar o lugar. A ação dela foi tão espontânea,
que me deixou completamente estático no meio da sala de estar.
Coloco a mão no coração, sentindo-o acelerar como um idiota.
Um idiota por Ocean Bailey!
Não consigo observar tantos detalhes da casa que estamos,
porque minha atenção continua nela.
Pergunto-me enquanto a observo ser espontânea em cada
reação ao ver as coisas ao seu redor, o que os idiotas que ela
namorou tinham na cabeça quando deixaram uma mulher incrível
como ela sair de suas vidas. Não que eu esteja reclamando, mas é
algo que não consigo deixar de pensar. Minha amiga pode ser
milionária e ter acesso a todo luxo possível, no entanto, ela nunca
deixou de ser uma mulher simples e que gosta que os outros a
surpreendam.
Ocean nunca pediu o mundo.
Assim como qualquer um que quer ser amado, ela só deseja
ser especial para aquela pessoa e, pelo menos, estar no top cinco
das prioridades dela.
O que ela pede nunca foi difícil para mim.
Eu sempre a coloquei em primeiro lugar.
Como eles nunca perceberam que ela não é uma mulher difícil?
Na verdade, Ocean Bailey é simples e fácil de se ler, assim como é
fácil de se conquistar, e isso não é ruim, é apenas o jeito dela.
A cantora prefere ações a palavras.
Ela não toma leite quente, então, sou obrigado a vê-la beber
leite gelado até no auge do inverno.
Cafeína nunca foi sua bebida favorita, mas pizza de pepperoni
é seu lanche favorito, e ela precisa comer ao menos uma vez por
mês.
A loirinha gosta da companhia das pessoas, por isso sempre
faz o possível para encontrar seus amigos pessoalmente.
Essa mulher ama dialogar, abraçar e adora interagir com
pessoas.
Quando essa mulher chora, tem uma mania peculiar de sorrir
fraco antes das lágrimas começarem a cair, é tão fraco e quase
invisível, mas eu a observo há tanto tempo, que consigo enxergar
seu sorriso triste, e que tento evitar a todo custo que ela o lance.
Quando está muito feliz, Ocean não consegue se conter e abre
um sorriso que parece que vai rasgar seu rosto, tamanha
intensidade. Os olhinhos ficam brilhantes e acabam se fechando de
tanta felicidade. É uma das minhas reações preferidas dela.
Nunca pensei que um sorriso pudesse ser tão fatal e dar ainda
mais poder para que eu ficasse em suas mãos, mas aqui estou,
amando-a de um jeito mais intenso do que antes, sentindo toda a
adrenalina dos últimos dias diretamente no meu coração, que pulsa
cada vez mais forte por ela.
Minha amiga nunca quis ser amada em silêncio, ela se joga,
doa a quem doer, indo contra todas as probabilidades de dar errado,
só para viver o momento.
Pego-me pensando que ela é uma inspiração para eu ter
começado a agir dentro do nosso relacionamento, criando minhas
próprias leis para conquistar seu coração, e me jogando nisso sem
pensar nas consequências. Todas essas características fazem parte
de quem minha amiga é, e foram justamente elas que contribuíram
para que eu me apaixonasse cada vez mais por essa mulher.
Caminho até a cozinha da mansão. Não me surpreendo por ser
tão bonita quanto o pouco da casa que já vi. Os armários de
madeira são embutidos e oferecem mais espaço para o
armazenamento, assim como a ilha central, que proporciona um
local perfeito para preparar as refeições. É nela que encontro a caixa
de pizza que encomendei, duas taças e uma garrafa de vinho.
— Pediu até pizza? — A cantora para ao meu lado e assim que
sente o cheiro de pepperoni, seu sorriso aumenta. — Cuidado,
Lawson, ou posso facilmente me apaixonar por você.
É óbvio que é uma frase jogada sem pensar e na brincadeira,
mas minha mente não entende dessa forma, muito menos meu
coração. Bom... Talvez eu esteja perto de estar conquistando a
minha mulher e fazê-la finalmente me enxergar como o homem da
sua vida, não só como um melhor amigo.
— E qual seria o problema se isso acontecesse? — questiono,
deixando claro que não vou ignorar isso, enquanto abro a garrafa de
vinho com o abridor.
— O quê?
— Você se apaixonar por mim.
Ela desvia o olhar para a caixa de pizza à nossa frente.
— Vou levar isso para a sala — diz, ignorando totalmente a
minha pergunta.
Ocean sai da cozinha antes que eu consiga prendê-la contra
uma parede e arrancar uma resposta sua.
O que isso significa?
Balanço a cabeça e sirvo as taças de vinho, tampando a
garrafa logo em seguida, e então levo as bebidas servidas para a
sala.
Acabo sorrindo quando vejo a cantora mais famosa do mundo
sentada no tapete da sala, em vez de se sentar no sofá
extremamente confortável. Ela está de frente a um quadro que imita
uma janela com vista para a cidade, e o violão já está em seu colo,
enquanto a caixa de pizza está aberta à sua frente.
— De todos os lugares, você escolheu o chão para se sentar?
— pergunto de forma divertida, me sentando ao seu lado enquanto
coloco as taças de vinhos à nossa frente.
— Não lembra dos velhos tempos? Sempre nos sentávamos em
um tapete, um de frente para o outro, e eu cantava uma música
nova que havia composto.
É claro que lembro.
Consigo me lembrar de tudo que envolve os momentos que
passamos juntos.
— Quer dizer que vai cantar uma música nova para mim?
— É a minha forma de agradecer por realizar um dos meus
sonhos — diz, começando a tocar algumas cordas do violão. — A
letra não está 100% pronta, então, sem rir de mim, ouviu?
— E quando foi que eu ri de você?
Ela acha graça da minha cara de ofendido, ao mesmo tempo
em que começa a tocar uma melodia suave no violão.
Sento-me melhor à sua frente, só para observar cada reação e
movimento do show exclusivo para mim.
Quando a voz da minha garota soa na sala, meu corpo todo se
arrepia.
Caminhei por estradas, amei sob luas distintas
Mas com você, descubro trilhas novas e instigantes.
É o eco suave de um verso já conhecido,
Mas que se reinventa a cada batida compartilhada.
Na tela do passado, rastros de outras paixões
Mas agora, é como um quadro novo, uma pintura colorida de
emoções.
Oh, meu eterno confidente, que virou meu amante,
Nas entrelinhas da vida, é como um capítulo fascinante que
não quero que termine.
No compasso do coração, uma dança singular,
Entre laços antigos, um novo amor a desvendar.
Já vivi mil amores, mas com você é especial,
É um sentimento novo, mas parece tão antigo.
Meu coração acelera de forma descompassada enquanto a
loirinha à minha frente continua a tocar e cantar, como se não
soubesse a bagunça que está fazendo comigo neste momento.
Tantas vezes me perdi em mares de incertezas,
Mas tua presença é como uma bússola, guia-me com cuidado e
certeza.
Na trama do destino, tecemos este enredo,
Onde o amor antigo se transforma e ganha novo roteiro.
Engulo em seco, sentindo que a próxima parte, que é a ponte
da música, pode acabar com meu coração.
Em cada cicatriz, há uma história vivida,
Mas agora, com você, é uma jornada compartilhada.
A amizade sempre foi a ponte que ligou nossas almas,
Mas agora, eu desejo que o amor nos alcance porque quero
me apaixonar por você.
No compasso do coração, uma dança singular,
Entre laços antigos, um novo amor a desvendar.
Já vivi mil amores, mas com você é especial,
É um sentimento novo, mas parece tão antigo.
Ela finaliza a música e, segundos depois, está deixando o
violão lilás ao seu lado para, em seguida, me olhar em busca da
minha resposta à canção tocada.
Ocean sempre amou ouvir minhas opiniões, mas neste
momento, minha garganta está seca, pois ela conseguiu me deixar
sem palavras pela primeira vez na vida.
É impossível essa música não ser para mim, né?
A loirinha canta sobre seus sentimentos e é isso que acho mais
incrível em seu trabalho como compositora e cantora, mas nunca
pensei em como ficaria quando ela escrevesse e cantasse uma
música em que eu sou a inspiração principal.
— E então? — minha amiga indaga. — O que achou?
Ela falou que quer se apaixonar por mim.
Eu não escutei errado, certo?
Ela está sentindo algo, e pode não ser amor ainda, mas não é
apenas tesão pelo melhor amigo, dentro de uma amizade colorida
que inventei justamente para conquistar seu coração.
— Ficou ruim? — O tom preocupado em sua voz me desperta
dos pensamentos. — Posso mudar algumas coisas e...
— Vem aqui, pequena. — Aponto para meu colo.
Preciso desesperadamente beijá-la, abraçá-la e tê-la bem
pertinho de mim.
Ocean parece estranhar minha reação, mas se aproxima
mesmo assim e se senta de lado no meu colo. Não deixo nem que
se acomode, pois um segundo depois, estou agarrando-a pela nuca
e a beijando.
Se ela fica surpresa, não consigo identificar, porque logo suas
mãos estão no meu pescoço, correspondendo ao meu beijo.
Quero que ela sinta o quanto gostei da música através dos
meus lábios nos seus, mas temo que isso não seja possível.
Desço minha mão pelas suas costas e a toco delicadamente,
amando a nova forma dos seus músculos tensionarem quando
recebem meu carinho. É como se tudo fosse demais para ela
processar, e se assim for, seus sentimentos são os mesmos dos
meus.
Porra!
Eu amo essa mulher.
Será que ela consegue sentir o quanto estou feliz por ter
composto e cantado essa música para mim? Minha amiga pode não
ter percebido, mas seus sentimentos sempre ficam mais claros
quando ela compõe e canta, então, mesmo que ela não tenha
chegado à conclusão em seus pensamentos de que quer se
apaixonar por mim, sua vontade é tão grande, que foi colocada em
uma música.
E... caralho, para alguém que esperou tanto tempo, isso só não
equipara à sensação que irei sentir quando ela disser que está
apaixonada por mim.
Sim, estou mais confiante e determinado.
— Isso é o quê? Vontade de me beijar ou a resposta à minha
música? — ela pergunta, ofegante. — De qualquer forma, eu gostei.
Sorrio, subindo minha mão até seu rosto e movo seus fios de
cabelo para trás.
— Eu amei a música — murmuro, observando cada detalhe
lindo do seu rosto. — Foi para mim?
Ela semicerra os olhos e, em seguida, sorri, como se não
soubesse do que estou falando.
Cretina!
— Para você? Acha que está com a bola toda assim?
— Sou seu amigo há 27 anos, pequena, sabemos que minhas
bolas já estão bem cheias.
Ela me dá um tapa no peito, mas acaba rindo da frase de duplo
sentido.
— Idiota. — Ainda assim, seus olhos brilham só para mim. —
Foi para você, satisfeito?
Algo inusitado e fofo acontece.
Ocean volta a corar, só que dessa vez, em um tom de vermelho
mais forte.
— Por que está envergonhada? — Acaricio sua bochecha. — Eu
amei a música, pequena.
Preciso repetir antes que a dramática comece a achar que está
péssima.
— Se tornou a minha favorita.
— Só porque é sobre você?
Dou de ombros.
Não posso esconder o óbvio.
— Convencido — ela diz, divertida.
— Posso perguntar uma coisa?
— Depende... se for sobre a música e o significado dela, não
sei o que responder ainda. — Ela é sincera e a amo ainda mais por
causa disso. — Tudo o que sei é que amo você e gosto do que
estamos tendo.
Meu coração acelera como um louco ao ouvir, depois dessa
música, essas três palavrinhas que sempre saíram da sua boca.
— Tudo bem. — Beijo sua bochecha. — Também amo você.
Não pergunto sobre o que queria perguntar, não quero acabar
me precipitando com algo entre nós que começou recentemente.
Preciso me lembrar que sou o único que a amo há mais tempo aqui.
O barulho do seu estômago roncando quebra a minha linha de
raciocínio e me faz rir.
— O que acha de comermos?
— Acho que você teve uma ideia brilhante. — Coloca a mão
sobre sua barriga. — Estou com muita fome.
Puxo a caixa de pizza e pego uma fatia, sem deixá-la sair do
meu colo, e aproximo o alimento de sua boca.
— Vai me alimentar agora? — Ela está surpresa, mas não
esconde o quanto gosta disso.
— Não é um grande esforço. — Balanço a fatia, que parece
estar deliciosa, lembrando-a de se alimentar. — Coma.
Ela não hesita em morder um pedaço da pizza, gemendo de
puro prazer ao mastigá-la. Minha amiga é sempre exagerada em
suas reações quando se trata de pizza de pepperoni, mas como essa
é de outro país, fico mais curioso para provar.
Mordo um pedaço também e gosto do que sinto. Parece
mesmo diferente das que comemos nos Estados Unidos; ela é mais
suculenta e a massa extremamente fina, do jeito que gostamos.
— Ok. Acho que estou apaixonada pela culinária desse país —
Ocean assume ao morder mais um pedaço.
— Vai trazer a turnê para cá neste ano?
Ela concorda.
— As datas estão prestes a ser anunciadas. Vou fazer seis
shows em maio, dois no Rio de Janeiro, dois em São Paulo e dois em
Curitiba.
Sorrio, mais animado agora.
— Vou poder te acompanhar?
— É claro que vai. — Morde mais um pedaço da pizza.
— Devore logo essa pizza para podermos aproveitar a piscina
de hidromassagem juntos, pequena. — Mando ao entregar o
restante da fatia em suas mãos. — Tem o seu vinho preferido
também.
Ela olha para taça e sorri para mim.
— Obrigada! — Agradece de um jeito que nunca fez antes. Por
mais que já tenha visto gratidão em seu rosto, nunca vi nada
parecido como agora. É como se ela estivesse prestes a chorar de
emoção. — Ninguém nunca fez isso por mim antes.
Seus olhos marejados é um tiro certeiro no meu coração; ele
se aquece por ser o primeiro cara a levá-la para um momento como
esse, mas também se aperta em tristeza como amigo por ninguém
nunca ter feito o mínimo por uma mulher como ela.
— Se depender de mim, sempre irei surpreendê-la, pequena.
Coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e a beijo da
única forma que sei: apaixonado e intenso.
Você chega e a armadura cai
Atravessa o quarto como uma bala de canhão
Agora tudo que sabemos
É não deixar passar
STATE OF GRACE – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
A água borbulha ao nosso redor enquanto relaxamos com
doses de vinho, a hidromassagem e nossa própria companhia.
Encarar Chace agora é um pouco mais difícil, mas o observo mesmo
assim, do lado oposto ao dele, bem de frente para seu corpo.
Ainda estou tentando descobrir o motivo da dificuldade, porém
não estou pensando direito, apenas sentindo.
Sentindo felicidade por estar aqui com o cara que é meu
melhor amigo; emocionada por tudo o que ele fez para ficarmos
juntos esta noite. Cada detalhe que Chace pensou foi notado por
mim, desde a privacidade da ilha, até a marca do nosso vinho
favorito.
Fui sincera quando disse que ninguém nunca fez nem metade
disso para mim, apenas não fui honesta com a minha reação, pois
nem eu estou conseguindo entender direito.
Meu coração não está batendo como normalmente, minha pele
continua arrepiando, e não é por causa da água ao redor do meu
corpo, é porque Chace não para de me olhar um segundo sequer.
Não é aquele olhar que quer me foder o mais rápido possível, é um
olhar semelhante a carinho, paixão e amor, que me deixa
completamente desnorteada.
Cada vez que o encaro, sinto vibrações internas no meu
estômago ao mesmo tempo em que apenas com um olhar, ele rouba
todo o ar do meu peito.
Meu grandão sempre foi um conquistador e eu sempre fui
ótima em vê-lo apenas como um amigo, pelo menos até não
conseguir mais.
Mas sei enxergar os detalhes.
E agora, entendo o que ele quer dizer com todas as diretas que
me lança que, na maioria das vezes, levo apenas na brincadeira.
Chace gosta de mim de verdade, não como a melhor amiga
que teve que aturar a vida toda, e de repente começou a desejá-la;
ele gosta de mim como mulher, e eu apenas o quis enxergar como
meu melhor amigo, porque perdê-lo nunca foi uma opção, então se
apaixonar e correr esse risco também não era. Acabei colocando-o
na friendzone por todos esses anos; e bom... o vi assim até há
algumas semanas. Mas algo mudou.
Deveria estar assustada com isso? Não sei, nunca fui de me
assustar com o amor, seja ele da forma que for. Também não tenho
certeza se estou gostando dele mais do que como um amigo, sei
que o amo e tenho muita vontade de corresponder a todos esses
sentimentos, mas tenho a plena consciência de que não comando
meu coração.
Chace é o meu melhor amigo, minha pessoa preferida, e nunca
me perdoaria se o magoasse.
Não seria capaz de continuar vivendo se ele não estivesse mais
na minha vida.
Doentio? Dramático? A dependência que tenho desse cara à
minha frente é uma mistura disso mesmo.
Essa é a vantagem de conhecer tanto uma pessoa: você acaba
se tornando parte dela, a ponto de entender cada sinal e adivinhar
até mesmo ações e respostas que ela provavelmente teria em
determinada situação.
Sei o quanto ele também me ama como melhor amiga, o que é
um fato importante e que não pode ser esquecido.
— No que tanto você está pensando? — pergunta, sem
esconder a curiosidade.
— Em você — admito.
Minha honestidade o pega de surpresa.
— Em mim?
Não irei confessar que só agora entendi que ele não só odiava
Mark, como também sentia ciúmes dele. Em minha defesa, Chace foi
um bom ator ou eu teria percebido muito antes.
— Não posso pensar no culpado por tudo o que estamos
vivendo agora? — questiono, me divertindo com sua reação. — Não
quero ir embora desse lugar.
Essa é uma verdade.
Se antes já tinha vontade de ficar com o running back, agora,
esse sentimento se multiplicou muito mais por estarmos aqui, neste
pequeno paraíso, isolados do mundo.
— Sua turnê pela Europa começa daqui duas semanas, você
não teria coragem de abandonar seus fãs — ele provoca.
— Não mesmo.
Nós rimos.
— Como você está se sentindo? Vai disputar o Super Bowl
agora.
Por mais que eu tenha uma ideia de como esteja, quero ouvi-lo
falar sobre seus sentimentos, quero continuar sendo a amiga que o
escuta, o apoia e o ama, mesmo com todas as emoções novas
bagunçando meu coração.
— Se perdermos agora, vamos para casa — ele lembra como
funciona os jogos já nesta fase. — Isso me assusta.
— Ano passado vocês foram até a final, e dessa vez, vocês
vão vencer — digo com firmeza. — Os jogos estão indo muito bem.
— O problema está nisso, pequena. Chegamos até a final nos
últimos dois anos, e acabamos perdendo.
Tomo todo o vinho da minha taça e a deixo na borda da
piscina. Movo-me em direção ao Chace, parando ao seu lado. Seu
olhar de perto é ainda mais avassalador, como se houvesse um
sentimento oculto, esperando o momento exato de ser exposto.
Talvez eu saiba sobre isso mais do que ele imagina.
— Precisa se manter confiante. — Seguro sua mão sobre a
água. — Nos últimos anos, você não tinha o seu amuleto da sorte
contigo.
Ele sorri com carinho e leva minha mão até seus lábios,
beijando o torso dela. O contato da sua boca com a minha pele me
estremece inteira.
— Vou me manter confiante, pequena — ele diz com
sinceridade. — E se ganharmos, farei algo ousado.
— Como o quê?
— Beijar você na frente de todos.
Meus olhos se arregalam, e tento procurar em sua expressão
que isso é uma brincadeira, mas não encontro vestígio algum disso.
Ele não é maluco, né? Tudo bem, estou falando de Chace
Lawson, o homem que era conhecido na escola por ter alguns
parafusos a menos na cabeça.
— Seria tão ruim assim?
— Contaríamos para todos que estamos juntos — o lembro
caso tenha se esquecido que somos celebridades.
Ele suspira e assente, parecendo um pouco decepcionado.
— Verdade... Isso seria péssimo, né?
Seus dedos ainda estão entrelaçados aos meus, e são eles que
roubam sua atenção para que não precise continuar me encarando.
O que sinto no peito ao vê-lo magoado é bem diferente e
oposto à sensação de dever algo só porque não posso suprir suas
expectativas.
Pego-me pensando como seria se eu fosse encontrá-lo no
gramado com sua família e me jogasse em seus braços, pronta para
receber um beijo.
Só de imaginar isso, sinto vibrações no meu estômago.
— Seria chocante, não péssimo — corrijo sua frase.
— Alguns não ficariam tão surpresos — sussurra, mas escuto
mesmo assim.
Sorrio e descruzo minhas pernas embaixo da água, colocando a
mão sobre seu ombro e subindo em seu colo, ficando totalmente de
frente para ele. Os olhos de Chace mudam quando sua atenção cai
para meus seios cobertos pelo sutiã de renda preto.
— Quais são os planos para amanhã? — pergunto, curiosa a
respeito disso.
Nosso jatinho partirá às 23h, portanto, temos parte do dia para
aproveitar antes de voltar para o Rio de Janeiro.
Chace sobe suas mãos pelas minhas costas, molhando-as.
— Temos uma ilha toda para conhecer, e podemos nadar —
sugere. — Passear no barco e dar mergulhos, o que acha?
— Parece o dia perfeito.
Do jeitinho que sempre sonhei.
— Como é possível? — questiono em voz alta, deixando-o
confuso. — Você saber exatamente o que quero.
— Culpe os 27 anos da nossa amizade — brinca, enrolando os
dedos no meu cabelo e os soltando em seguida para segurar minha
nuca. — Você parece bem confortável em cima do meu colo...
Lanço um sorriso inocente em sua direção.
— Sempre foi o meu lugar preferido. — O abraço apertado e
ele solta uma risada fraca, que é abafada pelo meu cabelo. — Amo
ficar desse jeito com você.
É a mais pura verdade e ele sabe disso.
Meu sorriso aumenta quando seus braços circulam de vez
minha cintura e me abraçam apertado.
É como estar em casa, sempre foi assim.
Tirando o pau que começa a crescer embaixo de mim, a
posição é a mais confortável possível.
— Você é um safado, Lawson! — O julgo, sentindo minha
boceta corresponder ao seu desejo.
— Por que está me julgando? É você que está de calcinha e
sutiã sentada no meu colo, pequena. — Acaricia minha cintura,
causando-me arrepios em minha pele. — Sua sorte é que não estou
com camisinha aqui.
Mordo meus lábios e o encaro.
Acho que Chace sabe o que está se passando pela minha
mente, pois sinto seu pau crescer ainda mais.
— Estou segura.
E ele sabe que uso contraceptivos.
— Caralho... — Ofega. — Sabe, eu queria fazer algo romântico
essa noite. — Seus olhos estão perdidos enquanto sussurra,
parecendo esperar que eu não escute.
— E sexo não é romântico?
Ele não esperava que eu tivesse escutado essa última parte,
noto isso pela sua reação e pela forma que seu olhar se torna mais
intenso.
— Você me deixa louco, sabia? — Engulo em seco, sentindo
sua mão ficar cada vez mais perto da minha boceta. — Amo quando
admite o quanto me deseja.
— É claro que você ama... Chace! — Gemo quando seus dedos
esfregam meu clitóris sem nenhum pudor, forte e firme, deixando-
me ainda mais pronta para ele.
Minha boca busca a dele em questão de segundos e enquanto
nos beijamos intensamente, seus dedos brincam com meu ponto
sensível, me levando à loucura. Nem a água fria ao nosso redor
consegue conter o fogo que se acende entre nós nesse instante, e
gosto disso.
Essa é a grande confissão: gosto de tudo que envolve Chace
Lawson.
E isso pode até ser perigoso, mas sei que não preciso temer
entregar meu coração para o único cara que cuidaria bem dele.
Deslizo a mão até alcançar sua cueca e puxá-la para baixo,
liberando seu pau duro, que bate diretamente na minha boceta. Nós
dois gememos entre o beijo, principalmente eu, quando seus dedos
param de provocar meu clitóris e agarram minha nuca.
— Senta e cavalga em mim, Ocean. — Implora, deixando-me
ainda mais molhada.
Levanto meus quadris e encaixo minha entrada em seu pau,
descendo com cuidado pelo seu comprimento. Meu corpo o recebe
bem, mesmo sentindo-o ainda maior nessa posição.
Um gemido sai dos nossos lábios quando ele entra todo dentro
de mim. A sensação de estar sem camisinha é avassaladora e muito
mais prazerosa, pois o sinto pele a pele, sem nada impedindo a
nossa conexão.
Chace me ajuda a movimentar meus quadris para cima e para
baixo, ao mesmo tempo em que nossos gemidos são os únicos sons
ouvidos no ambiente em que estamos.
Apoio meu peso em seus ombros com as minhas mãos,
enquanto esfrego meu clitóris em sua pélvis, e sinto o prazer me
consumir ainda mais intenso com esse movimento.
— Isso! — Ele geme e me beija.
Não é um beijo desesperado como os outros.
Nem mesmo nosso sexo está desesperado como as últimas
vezes.
Tudo é mais calmo, mais íntimo e mais profundo.
Chace me beija como se não quisesse me quebrar,
aproveitando em uma dança lenta com a minha língua, o prazer que
sente com meus movimentos sobre ele, ora me esfregando em seu
pau, ora rebolando.
Tudo é feito devagar, mas ainda tira meu fôlego e rouba todos
os meus sentidos.
Quando os lábios dele descem pelo meu pescoço, não sinto os
chupões fortes, e sim beijos intensos, que me fazem fechar os olhos
por um segundo, e só não me atrapalho com os movimentos que
estou fazendo, porque suas mãos ainda guiam meus quadris.
— Chace... Estou quase — aviso, sentindo meu clitóris ainda
mais duro e meu corpo estremecendo cada vez mais.
— Goza comigo, pequena. — Pede com essa voz rouca, que
chega a ser impossível recusar qualquer pedido.
Atinjo meu orgasmo segundos depois, sendo seguida por ele,
que me abraça apertado e afunda a cabeça no meu pescoço,
enquanto nossas respirações normalizam e nossos líquidos se
misturam.
— Amo você, pequena.
Não é o mesmo amor de sempre, e eu sei disso.
O abraço mais apertado como resposta.
— Você sabe que eu também.
Ah, ah, estou me apaixonando
Ah, não, estou me apaixonando outra vez
Ah, estou me apaixonando.
LABYRINTH – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Último jogo antes do Super Bowl.
O clima no grande estádio, localizado em Denver, no Colorado,
nossa cidade natal, está tão tenso que não consigo ficar sentada na
cadeira ao lado de Cora.
Não estamos perdendo, mas também não estamos com tanta
vantagem em cima deles. O jogo está 24 para os Octopus e 18 para
os Bills.
Um touchdown e eles empatam.
Estamos no terceiro quarto e ele parece tão lento, que sinto
até cólicas.
— Querida, não acha melhor você ir lavar o rosto? — Sra.
Lawson se preocupa ao segurar minha mão. — Você está suando em
pleno inverno.
— Estou ficando preocupado, filha. — Meu pai coloca a mão
nas minhas costas. — Não se preocupe tanto, eles vão vencer.
É claro que vão.
Não é como se fosse fácil aceitar outra realidade que não essa.
O time todo lutou muito para chegar aqui, não podem perder
justo nas vésperas do Super Bowl. Na próxima semana eles
enfrentarão o time de Sebastian Sinclair, e irão ganhar deles,
impressionando a todos.
Essa é a minha confiança, pois sei que é o sonho de Chace.
— Talvez seja bom eu colocar uma água no rosto — murmuro.
Quinn entrelaça seu braço ao meu e começa a me arrastar
para o banheiro.
— Você parece diferente — minha amiga comenta. — Tem
alguma coisa acontecendo?
A encaro confusa.
— Como assim? Diferente como?
— Sua preocupação com meu irmão triplicou, e olha que já a
achava exagerada.
— Você sabe o quanto a vitória é importante para ele —
defendo. — É a irmã dele.
Poxa... deveria entender, não ser tão fria.
Minha amiga sorri.
— Entendo perfeitamente, e sei que ele vai ganhar. Chace está
prestes a quebrar um recorde de consecutividade de jogos com
touchdowns, o time todo está indo muito bem. Vai dar tudo certo.
Neste momento, invejo a calma da minha amiga.
— Como está o relacionamento de vocês?
Não consigo responder porque entramos no banheiro bem na
hora, e há duas garotas retocando a maquiagem enquanto
conversam sobre ninguém mais e ninguém menos que Chace
Lawson.
Sei que deveria seguir meu caminho, lavar o rosto e voltar para
assistir ao jogo, mas eu e Quinn paramos e ficamos escutando,
como as boas fofoqueiras que somos.
— É claro que ele não está com ela — a ruiva diz enquanto
retoca o pó do rosto. Ela não é estranha, mas não me lembro de
onde já a vi. — Chace e Ocean são melhores amigos.
— Não confio em amizade entre homem e mulher, você sabe
disso — a morena diz. — Ultimamente eles estão sempre grudados.
A ruiva dá de ombros.
— Se ele não disse que estão namorando, então eu ainda
tenho uma chance. — Ela sorri de modo confiante. Sinto um enjoo
invadir meu estômago, e tenho certeza de que não é por causa da
bebida que tomei. — Sabe como é, sou o tipo do Lawson, é só ver o
histórico de mulheres que ele já ficou.
Ela não está mentindo.
O grandão gosta de ruivas, e ela é extremamente linda, diria
que até mais bonita do que eu.
— Amo a sua confiança. — A amiga elogia. — Gostaria de ter
1% dela.
— É porque quando quero algo ou alguém, corro atrás,
independente dos desafios.
Será que ela me considera um desafio? Ou assim que souber
que eu e Chace estamos juntos, partirá para outro alvo?
Assim que as duas se viram para sair do banheiro, são
surpreendidas ao esbarrarem comigo e minha amiga, mas sorriem
como se não tivessem falado nada de mais e apenas passam por
nós.
Até mesmo o perfume da mulher que deseja o Chace me
enoja.
— Hum... ela é a sobrinha do técnico dos Octopus — Quinn
comenta enquanto vou até a pia para jogar uma água no rosto e
pescoço. — Parece que ela tem uma quedinha pelo meu irmão.
Sobrinha? Logo do treinador dos Octopus? Não podia ser uma
pessoa que não tivesse nenhuma conexão com alguém próximo do
meu jogador?
Simplesmente odeio a facilidade que ela tem de se aproximar
do meu amigo.
— E parece que você está com ciúmes — Quinn observa.
Engulo em seco e me encaro no espelho.
Meu rosto está completamente vermelho e meu pescoço
parece que está tendo uma reação alérgica.
Poderia simplesmente desviar da pergunta ou até negá-la, mas
do que adianta? Acho que estou mesmo com ciúmes.
— Com tantos jogadores no mundo, ela quer justamente o
Chace? — Explodo, e graças a Deus, não tem mais ninguém no
banheiro além de nós.
Minha amiga prende a risada.
— Responda à pergunta que fiz antes de você surtar por
ciúmes.
E qual era a pergunta mesmo?
— O relacionamento de vocês — Quinn esclarece. — Como
está?
— Normal...
Nós continuamos sendo melhores amigos, continuamos
transando, continuamos sendo carinhosos um com o outro,
continuamos a ser os mesmos que éramos há três semanas.
Exceto quando se trata dos meus sentimentos.
É o que percebo agora que sinto um certo medo do running
back olhar para aquela ruiva bonita com outros olhos.
— Está gostando do meu irmão?
Suspiro e fecho a torneira ao me virar para minha amiga, me
encostando na bancada da pia.
— Não sei.
— Como não sabe? — Ela ri fraco. — Já se apaixonou diversas
vezes, amiga. Deve saber quando está apaixonada de novo.
Bom, isso eu também esperava.
O problema é que, sim, alguns sentimentos que sinto pelo
Chace são semelhantes à paixão, mas os outros... se trata de
emoções que nunca experimentei antes.
Eu o amo com todo o meu coração, e tudo entre nós tem se
tornado intenso desde que começamos a ficar. É só... um pouco
confuso.
— Compartilhe seus pensamentos, Ocean.
— Somos bons juntos — admito. — Sei que estou segura com
ele.
— Não é tudo o que sempre sonhou?
Assinto.
Lembro de todos os últimos dias que passamos juntos e sorrio
com uma memória que se tornou a minha favorita desde que
voltamos do Rio de Janeiro. Nos divertimos tanto naquele passeio
curto pela Ilha do Japão, que de vez em quando, nos meus sonhos
sou teletransportada para lá novamente.
Aproveitamos a presença um do outro, fizemos o que somos
melhores: nos divertimos a cada segundo. Passeamos de barco,
mergulhamos no mar e nos beijamos a cada oportunidade.
Foi o melhor encontro da minha vida.
E não sei se isso era porque estava realizando um sonho ou
porque estava com alguém que amo tanto e que não posso viver
sem.
— É ainda melhor — confesso, provocando um sorriso nos
lábios da minha amiga.
— Chace parece gostar de você.
Então não sou só eu que percebo?
— E você não parece surpresa. — Minha amiga ri. — Bobinho,
ele até que tentou esconder.
— Faz muito tempo?
— Acha que vou dar detalhes? Se quer tanto saber, pergunte a
ele. — Reviro os olhos com sua resposta. — Não cabe a mim, contar
a história dos outros.
Infelizmente, ela está certa.
— Se eu me jogar nisso, quem pode me garantir que um dia
não vai acabar como todos os outros? Eu não conseguiria viver sem
o meu amigo.
— Nem ele conseguiria viver sem você — lembra-me. — E
onde está a minha garota emocionada, que se joga nos sentimentos
sem pensar no futuro?
Sorrio.
— É mais delicado agora, pois se trata da minha pessoa
favorita.
— Todo esse cuidado já prova o quanto se importa com ele, e
só por isso, sei que você nunca o magoaria.
Quinn segura a minha mão e me observa.
— Sei que vai tomar a melhor decisão. — Puxa-me em direção
à porta. — Está mais calma? Consegue voltar? Não podemos perder
a final do jogo.
Automaticamente, volto a ficar mais nervosa.
— Vamos.
Sou eu que a levo para fora do banheiro, ansiosa para que
essa partida termine, e a vitória dos Octopus seja anunciada.
Posso ter um show amanhã, posso estar pronta para ir para
Londres assim que essa partida terminar, mas estou aqui, vibrando
por um jogo que só me deixa mais nervosa e ansiosa, especialmente
após essa conversa com minha melhor amiga.
Acho que acabei de chegar a uma conclusão do que estou
sentindo e do que fiz por todos esses 27 anos, e não sei como reagir
diante disso.

— Você tem 20 minutos antes de se preparar para entrar no


palco, filha — meu pai avisa, já na porta para sair do camarim. —
Nervosa para voltar ao palco?
Viro-me para meu velho, pronta para o show de hoje à noite.
— Estou ansiosa.
— Também estou ansioso para vê-la voltar a brilhar naquele
palco — ele diz. — Vou ver se o restante da equipe precisa de
alguma coisa. Tem 20 minutos, viu? Vê se não se distrai
conversando com Chace.
É impressionante como ele sabe que farei exatamente isso
daqui alguns segundos. Apenas dou risada e concordo com seu
aviso, pegando meu celular em cima da minha mesinha assim que
meu pai fecha a porta do camarim.
Digito o número do meu amigo sem pensar duas vezes e
coloco o telefone no ouvido, esperando que ele atenda a ligação.
Essa hora ele já deve ter voltado do treino e provavelmente está se
preparando para jantar antes de ir dormir.
— Eu estava prestes a ligar para você — ele diz assim que
atende. — Como está a minha cantora favorita?
— Parece que é o primeiro show, estou muito nervosa. Acho
que não é uma boa ideia tirar tantas férias assim.
Ele ri fraco.
— Não deixa de ser o primeiro show na Europa. — Isso não me
deixa tranquila. — Relaxe, pequena. Você se sairá bem, como
sempre. Sabe que se eu pudesse, estaria na tenda VIP com seu pai,
pronto para apoiá-la, né?
— Sei... — Sorrio, já me sentindo um pouco mais calma. —
Como está o preparo para o Super Bowl?
Pensei que vencendo o jogo de ontem, Chace ficaria mais
tranquilo, porém, agora seu nervosismo é mil vezes maior por conta
da final com seus principais rivais.
Seria mentira se dissesse que esse jogo também não me deixa
mais nervosa. Se ontem fiquei extremamente ansiosa com cada
lance, o que será de mim no próximo final de semana? Talvez eu
devesse ter marcado um show, assim não sofreria tanto.
Prendo a risada.
Quem eu quero enganar? Nem conseguiria me concentrar no
meu próprio show.
— Estamos confiantes — Chace fala, mas ainda sinto o tom
nervoso presente em sua voz. — Vamos dar tudo o que temos para
vencê-los dessa vez.
— Vou passar a semana inteira te distraindo pós-treino — digo
meu plano após terminar o final de semana de turnê em Londres. —
O que acha de filmes de romances? Ou podemos fazer maratona de
um dorama. Estou mesmo viciada nessas produções coreanas.
Quase consigo vê-lo sorrindo do outro lado da chamada.
— Obrigado por isso!
— Não precisa me agradecer.
— Hoje recebemos a visita da sobrinha do técnico no campo de
treinamento. — O que ele diz faz meu corpo todo congelar. — Parece
que ela está estudando para ser treinadora. Reggie disse que ela
ama o futebol americano.
— E por que está me contando isso? — Infelizmente, meu tom
de voz sai mais ríspido do que o normal.
Se meu grandão nota, ele não diz nada.
— Porque ela deu em cima de mim na cara dura.
Sinto um calor tomar conta do meu corpo, e o sangue começa
a ferver nas minhas veias, ao imaginar o que pode ter acontecido
hoje à tarde enquanto eu estava em outro país, fazendo passagem
de som para o show que acontecerá daqui alguns minutos.
Só de imaginá-la chegando mais perto, bonita daquele jeito e
flertando com Chace, sinto-me irritada e insegura.
Odeio essas duas emoções inúteis na lista contida de
sensações que os seres humanos são capazes de sentir em
determinada situação.
— Hum...
É tudo o que respondo, porém, ao ouvir apenas o som da sua
respiração do outro lado, questiono:
— E o que você fez?
— Não pude dizer que estou namorando, porque não estou.
Isso é uma indireta?
Mas que cretino!
— Então vai ficar com ela algum dia — comento a contragosto.
Ele ri fraco.
— Falei que existe uma única mulher que ocupa meu coração e
meus pensamentos agora. — Meu peito acelera com suas palavras.
— E nem mesmo a mulher considerada a mais bonita do mundo,
seria capaz de tirá-la de mim.
— Quanto exagero — provoco, mas não consigo esconder meu
sorriso aliviado.
Chace deu um fora nela.
— Sabe quem é, né, pequena?
— A mulher mais bonita do mundo? Não faço ideia.
— Essa eu já sei, pois é a mesma que ocupa o meu coração —
confessa. — Você, Ocean Bailey. Você é a única nos meus
pensamentos e coração, e para mim, a mais bonita de todas.
Minhas bochechas ficam quentes com suas palavras, assim
como meu coração, que acelera como se ele estivesse aqui na minha
frente dizendo essas coisas.
— Preciso desligar — murmuro, chateada porque o tempo
passou muito rápido.
— Eu sei! Divirta-se no show de hoje, ok?
Murmuro um “ok” e me despeço dele antes de desligar a
chamada.
Coloco a mão no peito e sorrio com as palavras que ele disse
voltando à minha mente em um repeat.
Droga.
Está acontecendo mesmo isso.
Estou me apaixonando de novo.
Só que dessa vez, é mais intenso do que todas as outras vezes
juntas.
No meio da noite, quando estou nesse sonho
É como um milhão de estrelinhas soletrando o teu nome
Você tem que vir, vamos
Diga que nós vamos ficar juntos
UNTOUCHABLE – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Chego em casa perto das cinco da tarde e encontro Ocean
jogada no sofá da minha sala, com um balde de pipoca ao seu lado
enquanto mexe no celular.
Não faço ideia do que ela está lendo na internet, mas parece
ser interessante para nem notar quando bato a porta ao fechá-la.
A loirinha só percebe minha presença quando estou em sua
frente, de braços cruzados, tentando a todo custo não rir da sua
cara confusa.
— Devia estar vendo algo muito interessante para nem notar
minha presença, pequena — comento e jogo meu corpo ao seu lado,
roubando um pouco de pipoca. — O que está fazendo?
— Lendo uma resenha de um dorama — explica, bloqueando o
celular. — Vincenzo tem a vibe que você gosta. Ação e mistério.
— Vai deixar de ver algum filme de romance para assistir uma
série assim comigo? — Ela simplesmente ama coisas que tem
romance.
— E quem disse que não tem? Era isso que estava lendo. — A
cantora pega o controle da televisão. — Ele só não é o foco principal
da série. Mas tudo bem, pelas resenhas que vi, irei me sustentar
com as migalhas.
Sorrio e não resisto à vontade de abraçá-la.
— Como foi o último show ontem? — Beijo sua bochecha. —
Senti sua falta.
Ela sorri e me encara.
— Foi incrível — conta e não me surpreendo, pois vi o quanto
estava se divertindo com os fãs britânicos. — Também senti sua
falta.
Ela segura meu rosto e seus lábios se aproximam dos meus.
Aguardo pelo seu beijo, ansioso como se estivesse sem ele há uma
semana, e não há três dias.
Quando sua boca toca a minha, todas as minhas preocupações
e os nervosismos do dia desaparecem, pois tudo o que consigo
sentir são as emoções avassaladoras que sinto quando estou com
ela.
Nosso beijo é calmo e cheio de saudade, de um jeito que me
deixa cada vez mais obcecado pelos seus lábios.
Ocean sabe como fico quando estou perto de competir o Super
Bowl, e mesmo estando em turnê, tendo que voltar para a Europa
na quarta-feira para os shows na quinta, sexta e sábado, ela está
aqui comigo.
Merda!
Essa mulher não faz nenhum esforço para diminuir o que sinto
por ela.
— No sábado, após o show, o jatinho vai me levar direto para
Denver — diz quando se afasta minimamente de mim.
O Super Bowl esse ano acontecerá na nossa cidade natal, em
um estádio com capacidade para mais de 76 mil pessoas, o tão
famoso Empower Field At Mile High.
— Vai ficar na sua casa?
Ela assente.
— Vou chegar de madrugada, então não quero atrapalhar a
sua última noite de sono antes do jogo mais importante da sua vida.
— Aperta meu nariz e volta sua atenção para a televisão. — Agora
que estamos combinados, o que acha de passar esse restinho de
semana comigo assistindo Vincenzo?
— Se isso for ruim, vou dar uns tapas na sua bunda — digo
com sinceridade enquanto pego mais um pouco de pipoca, e faço o
possível para ignorar a forma como me encara nesse momento.
— Sem-vergonha! — acusa, rindo de mim. — Quero ver você
obcecado como eu.
Mastigo as pipocas, atento aos seus dedos no controle
procurando a série que iremos assistir na Netflix.
— O que acha de uma viagem pela Coreia? — pergunta,
absolutamente do nada.
— Você viu alguns doramas e já está dessa forma?
— Pelo que percebi, o país é recheado de cultura, acho que
seria um passeio legal nas nossas férias.
Não consigo esconder meu sorriso ao ouvir sua resposta,
principalmente ao entender que independente do destino, ela está
fazendo planos comigo.
Isso seria a dica que preciso para ser totalmente honesto com
essa mulher sobre os meus sentimentos?
— Sua turnê na Europa termina em abril, depois você vai para
América Latina, mais especificamente, Argentina, Brasil e Chile...
Não vai ter turnê na Ásia?
— Vai, no Japão e em Singapura, mas só acontece a partir de
julho — informa. — Em junho, poderíamos aproveitar alguns dias na
Coreia do Sul.
Sorrio, já convencido da ideia.
— E existe alguma coisa que eu não faça por você?
Ela sorri com a minha resposta e deita a cabeça no meu peito,
se aconchegando em mim para poder assistir a série. Volto a abraçá-
la e espero até que dê o play na televisão.
— Aquela garota... — Mesmo que não tenha mencionado o
nome, sei de quem ela está falando e noto o quanto está hesitante
ao tocar nesse assunto. — Voltou a procurar você?
— Ela apareceu no treino hoje de novo. — Ocean paralisa
sobre o meu peito. — Mas não dei atenção para ela, se é isso que
quer saber, ciumentinha.
Ela volta a relaxar.
Hilary é o nome da sobrinha do nosso técnico e quem deu em
cima de mim há alguns dias. Ela me convidou para sair uma noite
dessas, e desde que respondi que não estava disponível, a garota
não se aproximou mais, porém, isso não a impede de continuar
visitando o centro de treinamento.
Pelo que ouvi de Reggie, ela quer ser uma técnica também e
está aproveitando algumas vantagens de ser sobrinha de um dos
melhores técnicos da atualidade, assistindo aos nossos treinos.
— Quem disse que estou com ciúmes?
— Você não consegue disfarçar, meio-metro. — Bagunço de
propósito os cabelos da pequena.
— Por que está me chamando assim?
— O que foi? Prefere pequena?
Ela apoia seu queixo no meu peito e me olha.
— Meio-metro parece que ainda sou apenas sua melhor amiga
— admite e meus olhos se arregalam um pouco. — Pequena é mais
carinhoso.
Ocean é mesmo um poço de carência, que me deixa
completamente confuso quanta às suas ações.
Ela pode pensar que esqueci, mas ainda sonho com a música
que cantou especialmente para mim, naquela noite no Rio de
Janeiro.
Quero perguntar o que ela quer ser para mim a partir de
agora, porque na minha visão, já estamos namorando e somos
exclusivos um do outro. Quero dizer que essa amizade colorida foi a
única forma que achei de tê-la, mesmo sendo de um jeito egoísta
para fazer com que me enxergasse mais do que um melhor amigo, e
se apaixonasse por mim.
Mas antes que eu tenha oportunidade de falar qualquer uma
dessas coisas, Ocean volta a observar a televisão e aperta para
começar a série.
— Agora que você já sabe, vamos começar a nossa maratona.
Sorrio fraco.
Ela não pode escapar de mim por tanto tempo.
E de repente, você é aquele que eu tenho esperado
Rei do meu coração, corpo e alma, uou
E de repente, você é tudo o que eu quero, nunca vou te largar
Rei do meu coração, corpo e alma, uou
KING OF MY HEART – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
— Quem vai sair vencedor hoje, hum? — Ocean agarra meu
rosto e me dá um selinho antes de me soltar e terminar de iluminar
a minha noite com seu sorriso brilhante. — Pense que você já
derrotou aquele time.
Estamos sozinhos em uma sala ao lado do vestiário. Não posso
ficar muito tempo aqui com ela porque logo tenho que encontrar o
técnico e meus colegas de time para nos reunirmos uma última vez
antes do jogo final.
É o Super Bowl.
A cidade está uma loucura.
O mundo está vibrando por presenciar mais uma final entre os
Octopus e os Dolphins. Eles sabem que podem esperar por uma boa
partida, independentemente de quem ganhar.
Acontece que dessa vez, vamos conseguir vencer e tornar tudo
ainda mais emocionante. Estou confiante disso, e não é só porque
treinamos os melhores lances, as melhores jardas e as melhores
técnicas a semana toda. É porque nosso time é bom. Não temos
apenas um jogador bom, todos estão no mesmo nível.
— Estou com o meu amuleto da sorte bem aqui, como poderia
ser diferente? — Agarro o rosto da pequena à minha frente e beijo
sua testa. — Obrigado por tudo o que fez essa semana, pode não
ter parecido nada, mas foi muito importante para me manter
distraído.
Os dias até o jogo foram repletos de encontros com a equipe
para treinar, reunir estratégias e rever nossos erros para não os
cometer nesse jogo. E Ocean, quando terminou seu final de semana
de shows em Londres, foi diretamente para minha casa me fazer
companhia.
Ela trabalhou durante o dia no estúdio em Nova York enquanto
eu fui para os treinos, mas à noite, sempre nos encontrávamos e
fazíamos algo para nos distrair.
Seja jogar conversa fora, assistir a tal da série viciante
chamada Vincenzo, e até mesmo transar. Esse último, aconteceu
apenas uma vez, antes de ela viajar para os shows que fez em
Berlim.
— Gosto da sua confiança.
Ainda com minhas mãos segurando seu rosto, aproximo minha
boca da sua e a beijo.
Não tem como nada dar errado no jogo de hoje, não quando
cheguei até aqui com Ocean ao meu lado.

Jogos são sempre intensos, mas quando chegamos no Super


Bowl, tudo não só se multiplica, como cria-se um alvoroço em torno
da torcida e até mesmo dos times.
Observo o árbitro dessa noite interromper o jogo mais uma vez
após uma briga entre Joshua e um jogador dos Dolphins.
Thomas me olha sob o capacete.
— Tudo bem? — questiona.
— Eu que deveria perguntar isso, pivete. Está jogando contra o
homem que te ensinou tudo.
Consigo ver seu sorriso mesmo que o capacete atrapalhe a
minha visão.
— Sebastian não se importa com isso.
Porque ele tem confiança.
É isso que o moleque diz pelo seu olhar.
De qualquer forma, sei que a confiança dos Dolphins deve
estar abalada, agora que estamos na frente deles com três quartos
jogados. O placar não está nada fácil, mas ainda temos uma
vantagem de 12 pontos, pois estamos com 30 enquanto eles estão
com 18.
Vai dar certo.
Só precisamos continuar jogando e, de preferência, sem brigas.
— Vou tentar dar um jeito nisso. — Thomas grita, indicando a
discussão que ainda está acontecendo perto do árbitro, e sai em
disparada até eles.
Boa sorte, garoto!
Enquanto o jogo está pausado, busco a área VIP, onde está a
minha família e a minha mulher, que ainda não sabe que é
totalmente minha, mas isso são detalhes.
Ocean está fofocando algo com a minha irmã e nem percebe
que é alvo do meu olhar. Estão tão em seus mundinhos, que isso me
deixa bem.
Sinto que algumas câmeras estão sobre nós e disfarço,
prestando atenção em Cole ao meu lado.
— Até mesmo Kyle veio vê-lo jogar hoje — provoco meu
amigo. — Trate de se destacar.
— Idiota! — Ri fraco. — E aí... Vai dar um beijo na sua mulher
assim que ganharmos esse jogo? Seria uma cena digna de filme.
É o que eu gostaria, mas Ocean ainda não está preparada para
isso, e sempre a respeitarei.
— Um abraço já deve ser suficiente.
O apito do árbitro soa e somos orientados a continuar o jogo.
Os dois times se posicionam, e quando recebemos o sinal, o
último quarto começa.
A batalha continua intensa.
À medida que pisamos no campo para enfrentar os Dolphins,
sinto a vibração da multidão ecoando no meu peito. Os refletores
iluminam o campo como se fosse o palco de um grande espetáculo,
e, de fato, é.
Como running back, meu papel é correr, quebrar tackles [3]e
levar a nossa equipe para a vitória. Cada corrida é uma dança
coreografada entre a linha ofensiva e os defensores. Desvio, acelero
e escapo por entre os oponentes. Os Dolphins resistem, mas nossa
estratégia bem treinada continua a mostrar sua eficácia.
Estamos à frente, mas nossos oponentes estão famintos por
uma reviravolta. Cada corrida se torna um confronto físico, cada
jarda é disputada com fervor. Em uma jogada final, recebo a bola e,
com um sprint final, ultrapasso a linha para mais um touchdown.
Tudo acontece muito rápido.
A torcida vai à loucura.
E eu estou sendo abraçado por todos do time, mas meio que
não consigo reagir. Especialmente quando o relógio zera e dá fim ao
campeonato.
Olho para os meus colegas de time e amigos, finalmente
abraçando Cole com força enquanto escuto toda a torcida gritando
de felicidade.
Nós conseguimos.
Nós vencemos.
Meu Deus!
— Cara! — Fisher segura a minha cabeça, pouco se importando
com o capacete. — Você acabou de bater o recorde de
Consecutividade de Jogos com Touchdowns. Porra!
Ele grita ao me abraçar apertado.
Só faltava um touchdown.
Apenas um me separava desse recorde.
Isso não é uma loucura?
Meu coração vibra de emoção, tanto que sinto vontade de
chorar nos braços desse idiota.
— Obrigado! — Agradeço, pois, a força e confiança desse cara
no time foi essencial, principalmente quando nosso quarterback não
pôde continuar jogando. — Nós conseguimos!
Sinto mais braços circulando nós dois e sorrio quando
reconheço a voz de Thomas.
— Nós vencemos o nosso principal rival, porra!
Ele está tão feliz como nós.
— Acho melhor você ir consolar seu tio — comento, levemente
preocupado.
Os Dolphins vinham ganhando todos os últimos Super Bowls,
então, imagino que deve ser impactante ter um time que sempre
perdia, acabar ganhando deles em uma reviravolta digna de filme.
— Vou ter oportunidade para isso depois.
Nós nos afastamos, e assim que me viro em direção a área VIP,
vejo minha família vindo correndo em direção a mim.
Meus pais são os primeiros a me abraçarem, minha mãe quase
me estrangulando enquanto meu velho tira meu fôlego com as
batidinhas fortes nas minhas costas.
— Vocês foram incríveis, filho. — Ele elogia e me puxa dos
braços da Sra. Lawson para me dar um abraço. — Sempre soube
que esse ano vocês provariam o quanto são bons.
— Estou tão orgulhosa de você! — Minha mãe funga.
Olho de relance para ela e a vejo limpar as lágrimas do rosto.
— Obrigado, mãe e pai.
Dona Cora me abraça novamente.
Depois é a vez do meu irmão, minha cunhada e minha
pequena pestinha, também conhecida como sobrinha, me desejarem
os parabéns. Eles me abraçam e dizem o quanto estão orgulhosos
de mim.
Quinn e Kendric são os próximos.
— Não satisfeito em vencer, você quebrou um recorde —
minha irmã comenta, sem esconder seu orgulho. — É mesmo meu
irmão!
— Parabéns, cara!
— Obrigado!
Sorrio e procuro entre todos eles, a minha pessoa favorita.
Não é difícil de achar.
Todos os celulares estão apontados para Ocean, que está
parada no gramado, a alguns metros de distância. Quando nossos
olhos se encontram e seu sorriso aponta em seus lábios, retiro o
capacete para que veja o meu.
Nesse instante, é como se existisse apenas ela.
A vontade que tenho de simplesmente gritar o quanto eu a
amo, é gigantesca, assim como a de girá-la no meu colo e mostrar a
todos com um beijo de tirar meu próprio fôlego, que essa mulher é
minha.
Não seria péssimo, seria chocante.
Lembro perfeitamente do que ela disse.
E é exatamente por isso, que fico sem entender em um
primeiro momento quando Ocean faz um movimento positivo com a
cabeça e corre até mim.
Tudo ao meu redor para definitivamente.
E eu acho que todos param para vê-la vindo até o meu
encontro.
Meus braços são rápidos ao segurá-la quando ela pula no meu
colo.
— Você pode realizar seu desejo ousado. — Sorri daquele
modo sapeca apenas para mim.
Se antes o meu coração batia aceleradamente por conta da
euforia de ter ganhado o Super Bowl pela primeira vez, agora ele
está prestes a infartar por entender exatamente o que a loirinha no
meu colo está dizendo.
Ela está me permitindo fazer uma coisa que não tem volta, e,
porra... Isso é tudo o que precisava para ter a minha resposta.
Sinto que toda a atenção está sobre nós, mas não me importo
com ninguém, porque desde sempre no meu mundo só existe
Ocean, minha família e o futebol.
Sem dar tempo para pensamentos e arrependimentos,
aproximo meu rosto do seu e fecho os olhos quando grudo minha
boca na sua. Escuto ofegos, gritarias, comemorações e até mesmo
uma música da minha loira ao fundo.
Porém, só presto atenção em seus lábios.
No movimento das nossas línguas em sintonia.
Do sorriso que ela deixa escapar enquanto minha boca devora
a sua.
E com meu beijo, tento passar o único sentimento guardado
dentro do meu peito por todos esses anos:
Esse sou eu, pequena.
O homem que continuará colocando-a no topo só para vê-la
brilhar como um diamante.

Se alguém me dissesse que eu teria Ocean Bailey, minha


melhor amiga, sentada no meu colo enquanto comemoramos a
vitória com o time e a família de todos em um restaurante privado
de Denver, que reservamos apenas para isso, teria achado que a
pessoa estava apenas narrando um sonho impossível meu.
Mas aqui estamos nós.
A loirinha está no meu colo, enquanto sua mão faz um carinho
singelo na minha nuca, e somos alvos dos olhares de toda a nossa
família.
— Vocês estão namorando? — tio Paul pergunta, olhando da
filha para mim.
— É claro que estão, e ainda mantiveram em segredo! —
Minha mãe não esconde o quanto está chateada. — Por que não nos
contaram?
— Não estamos namorando — Ocean esclarece e minhas
sobrancelhas se arqueiam em sua direção. — O que foi? Você não
me pediu em namoro.
— Você acabou de me beijar na frente de mais de 70 mil
pessoas, e provavelmente, mais de um milhão está sabendo agora
— a lembro, caso tenha se esquecido do grande detalhe. — A
internet deve estar um caos.
— Mesmo assim, você não me pediu em namoro. — Puxa os
fios curtos do meu cabelo, me fazendo sentir um arrepio em meio a
dor. — Então não, não estamos namorando.
Meu pai solta uma risada e abraça o ombro de Paul.
— Nós sempre sonhamos com esses dois juntos, mas com o
tempo, meio que perdemos a fé que isso poderia acontecer — ele
lembra e olha para a esposa. — Pare de drama, mulher! Eles são
adultos e iriam contar para nós na hora certa.
— Quem está fazendo drama? E quem acreditou nessa de que
eles nunca ficariam juntos? — minha mãe questiona. — Sempre foi
óbvio para mim que esse dia chegaria, os dois só precisavam
acordar.
As bochechas de Ocean coram.
Dona Cora, como sempre, não consegue resistir, e vem até nós
e nos aperta no meio dos seus braços.
— Finalmente acordaram. — Beija a minha testa e depois a da
sua filha favorita.
— A internet está mesmo uma loucura — Cole comenta, os
olhos brilhando para a tela do celular. — A maioria surtando que
vocês estão juntos.
Minha amiga me olha e sorri.
— Tenho um lugar para levá-la antes de irmos para casa —
digo, entrelaçando meus dedos com os seus.
Ela franze a testa.
— Hoje?
— Já estava nos meus planos.
Mesmo desconfiada, a loira concorda.
— Independentemente de vocês estarem namorando ou não,
sei que vão acabar ficando juntos e isso conforta meu coração —
Paul começa a falar, chamando a nossa atenção. — Eu amo você,
Chace, como se fosse meu filho. Te conheço desde pequeno e sei a
relação que vocês construíram. Minha filha não poderia estar mais
segura com você.
— Obrigado, pai! — agradeço.
Quinn e Jaylen não escondem o quanto estão felizes por mim
também. Só eles e Cole sabem tanto que sonhei com esse
momento. Então, é por isso que preciso adiantar logo o que vem por
aí...
— Vamos? — pergunto para Ocean e olho para minha família.
— Desculpem, mas vou ter que sequestrar minha futura namorada
um pouco.
Meus pais dão risada enquanto me levanto com a mão
entrelaçada à da minha cantora.
Eu quero ser sua jogada final (jogada final)
Eu quero ser sua primeira opção (primeira opção)
Eu quero ser sua número um (número um)
Eu quero ser sua jogada final, jogada final
END GAME – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu sou mesmo uma mulher emocionada.
Sou mesmo alguém que se joga nas emoções e que não se
importa com os danos.
Mas quando se trata de Chace, tudo é diferente.
Até mesmo o que sinto por ele é peculiar.
É como se o sentimento de antes tivesse apenas ganhado uma
força maior, à qual eu não tenho controle e me faz cometer loucuras,
como a de algumas horas atrás. Não que eu me arrependa, foi o
melhor beijo da minha vida.
Eu estava e estou feliz pelo meu amigo.
Na hora que desci as escadas e pisei no gramado, só conseguia
ter olhos para ele. Fui dominada pela vontade de correr para seus
braços e beijá-lo, sem me importar com o caos que isso causaria em
nossas vidas.
Não foi apenas euforia.
Foi meu coração que gritou mais alto do que meus neurônios,
me impedindo de pensar no que me paralisava para fazer isso.
Agi com emoção porque sou dessa forma.
— Futura namorada, hum? — pergunto alguns minutos depois,
já dentro do carro em movimento.
Chace dirige para algum lugar que não quis me dizer.
Ele sorri e pega a minha mão, entrelaçando nossos dedos.
— Estamos quase chegando ao nosso destino.
Não me passa despercebido que ele desvia da minha óbvia
pergunta sobre o namoro, e isso só me dá mais certeza de que está
tramando alguma coisa.
Estou animada.
O running back tem se provado o melhor no quesito de me
surpreender. Então, o que será que já estava planejado antes de
beijá-lo na frente de todos? Estou curiosa!
Olho pela janela, tentando adivinhar para onde estamos indo.
Morei por muitos anos em Denver, e essa cidade continua
sendo o lugar para onde venho quando quero sair da agitação de
Nova York, por isso conheço muitas ruas e bairros aqui.
Reconheço a avenida antiga que morávamos quando éramos
adolescentes assim que Chace entra nela.
— Lembra das nossas casas? — Ele desacelera um pouco
quando nos aproximamos das antigas casinhas onde moramos
praticamente metade das nossas vidas.
Elas ainda permanecem com o mesmo modelo, apenas com
cores diferentes. É impossível não sorrir ao olhá-las lado a lado,
exatamente como nós dois ainda somos.
Vivi tantos momentos com meu amigo nessas duas casas, que
passaria ao menos 15 anos para contar todos eles, mas em um
resumo bem simplificado da minha parte, lembro de nós dois
correndo pelos quintais de nossas mães, da primeira vez que toquei
violão para Chace, dos choros implorando para meu pai ou para a
sua mãe que nos deixassem dormir juntos em uma das casas, das
incontáveis vezes que burlamos todas as regras para permanecer
juntos... Nunca me dei conta, mas esse homem ao meu lado, é o
único além do meu pai, capaz de despertar tanto amor assim, e isso
vem desde sempre.
— Lembro de tudo — respondo, sentindo meus olhos
marejarem com as lembranças.
E por perceber só agora o quanto perdi por não ter me
permitido ver Chace como o vejo agora.
Em uma análise bem deprimente, percebo que blindei meu
coração para não acabar perdendo o meu melhor amigo por uma
paixão que poderia ser boba, mas me vi procurando em todos os
namorados que tive, o que tenho com esse homem ao meu lado. É
por isso que nunca deu certo, é por isso que eu me apaixonava, no
entanto, nunca era o suficiente.
Ele parece estar tão pensativo e nostálgico quanto que eu, pois
sem dizer uma palavra sequer, segura a minha mão e a leva até os
lábios.
Meu coração acelera.
Meu estômago sente borboletas.
Sinto minhas mãos trêmulas.
E uma lágrima solitária cai do meu olho quando Chace coloca a
mão que está segurando em seu coração.
— Chegamos, pequena!
Ele para o carro, e quase não acredito quando vejo o
restaurante do outro lado da avenida em que morávamos. Nós
tínhamos o costume de frequentá-lo no passado.
— Lembra daqui também, né?
— É claro, por que me trouxe aqui?
Esse lugar foi o primeiro local que toquei quando tinha 14
anos. Lembro-me perfeitamente de ter tido a certeza de que queria
ser uma cantora quando recebi os aplausos dos clientes que
frequentavam o restaurante naquela noite.
— Soube que eles ainda têm música ao vivo. — Arqueia as
sobrancelhas. — O que acha de um dueto, como nos velhos tempos?
Prendo a risada, mas não deixo de ficar animada. Faz anos que
eu não canto com esse idiota. Ele tinha a mania de desviar dos
meus convites porque dizia que não era páreo para mim.
— Vamos!
Ele sorri e sai do carro, dando a volta e abrindo a porta para eu
sair.
Seguro sua mão quando já estou fora do veículo e assim que
Chace o trava, caminhamos para dentro do restaurante.
Não está lotado, tem algumas pessoas bebendo cerveja e
comendo petiscos enquanto conversam. Nada muito diferente de
quando visitávamos aqui.
Sinto que alguns nos observam por mais tempo, e até
demonstram surpresa, provavelmente porque nos reconhecem e não
imaginavam que poderíamos acabar vindo em um estabelecimento
simples como esse.
Eu gosto da simplicidade deste lugar, me lembra de casa.
Chace solta a minha mão e pega o microfone do suporte,
virando-se para os clientes. Não sei por que, mas me sinto mais
envergonhada aqui na frente do que num estádio com 60 mil
pessoas me olhando em um show.
— Boa noite, pessoal! — Ele cumprimenta. — Trouxe minha
futura namorada para cantarmos um pouco aqui e nos divertimos,
como nos velhos tempos. Se importariam de apenas curtir a música
conosco, sem fazer qualquer gravação?
Noto que uma mulher no fundo já estava pegando o celular, e
assim que ouviu as palavras de Chace, voltou a guardá-lo na bolsa.
— Obrigado pela compreensão!
Ele me entrega um microfone.
De longe, vejo o mesmo senhor que administrava o restaurante
quando frequentávamos aqui, abanar para nós, não parecendo
surpreso ao nos ver hoje.
Tenho certeza de que meu amigo o contatou.
Mas o que meu grandão quer com tudo isso além de nos
divertirmos em uma espécie de karaokê na frente de toda essa
gente?
Bem... acho que terei que pagar para ver.
Seguro firme o microfone e encaro Chace.
— Você continua dizendo isso — falo, referindo-me ao “futura
namorada”.
Ele pisca para mim e seleciona uma música antiga do gênero
country para cantarmos.
Todos se animam e batem palmas, satisfeitos com a escolha. E
eles podem não saber, mas a canção não é qualquer uma, e sim a
que cantávamos aqui quando queríamos nos divertir e divertir o
pessoal.
Sorrio quando Chace começa a cantar os primeiros versos,
fingido uma marra e forçando sua voz a sair mais rouca, quase me
arrancando uma risada.
Os clientes começam um coro de aplausos junto com a música,
e assim que começo a cantar as próximas estrofes, ele se intensifica.
É uma canção romântica e divertida, que me faz sorrir e me
traz lembranças da minha vida com Chace.
Quando éramos pequenos e o fiz ser meu noivo em uma
brincadeira.
Quando fomos brincar no parque escondidos e levamos uma
bronca da nossa família.
Quando ele me protegia de todo idiota que aparecia na minha
frente, seja para se divertir com a minha cara ou apenas me ofender.
O loiro sempre deu um jeito de afastá-los de mim.
Observo esse mesmo cara se divertir enquanto canta,
animando o público depois de ter feito um excelente jogo hoje.
Trazendo-me para fazer parte desse sonho, especialmente dessa
comemoração dele.
Vendo-o aqui, feliz, sendo ele mesmo, com seu jeito leve e
divertido de viver a vida, percebo o quanto o amo. E é ainda mais
forte e intenso do que antes, tão potente que me deixou confusa
quando notei os sentimentos mudando gradualmente.
A música para e agradeço em pensamentos por isso, pois estou
um pouco presa no mecanismo desse homem à minha frente, e
praticamente não consigo me concentrar em nada.
Tudo piora quando Chace segura a minha mão, pega nossos
microfones, e os guarda, mas continua parado comigo aqui, na
frente de todo mundo.
— Sou apaixonado por você, pequena — ele confessa diante de
todos. Meu coração volta a acelerar e os dedos de suas mãos se
entrelaçam aos meus. — E isso já faz um tempo, mas sempre fui
bom em disfarçar meus sentimentos, então, não se sinta culpada por
não ter percebido antes.
Ele me conhece direitinho.
— Chame de pico de coragem ou de um homem que
simplesmente deixou de ser idiota, não sei, chame de qualquer coisa
o fato de eu ter tomado coragem para conquistar o seu coração,
mesmo quando tenho tanto medo de perder você — diz, um pouco
sem graça quando o público que nos assiste solta um coro de
“Own”. — Simplesmente sei que não aguentaria mais vê-la com
outro cara que não fosse eu.
“Não aguentaria vê-la chorando por outro, quando eu sempre
estive aqui para amá-la da forma certa.”
É isso que seus lábios se movem apenas para eu ouvir.
— Arrisquei a nossa amizade para conquistar o seu coração, e
essa não foi uma decisão fácil, porque tudo o que conseguia pensar
era que se em 27 anos você não me enxergou com outros olhos, o
que eu faria para que começasse a me ver a partir de agora? — Ele
parece tenso, e então acaricio seu polegar, o acalmando. — Precisei
de muita coragem para usar as minhas artes de sedução apenas
para você.
Um grande gênio.
É isso que ele é.
— Você pediu parar sermos sempre honestos e aqui estou eu,
pequena. Não conseguiria guardar isso por mais tempo dentro do
meu coração — fala com tanta sinceridade, que sinto sua angústia
em mim. — Eu amo você e te quero para sempre comigo na minha
vida. Não preciso da sua resposta agora, não preciso que diga como
se sente, só preciso que...
Solto uma das minhas mãos e calo sua boca com ela.
— Quem disse que não precisa? — Sorrio em meio às lágrimas
que sinto rolarem nos meus olhos. Consigo notar o quanto ele está
com medo de que eu não sinta o mesmo por ele. — Responda-me,
como eu ousaria deixá-lo sem uma resposta depois de tudo o que
você fez para mim nesses últimos meses?
Noto sua confusão e explico:
— Antes, você costumava ser a pessoa mais importante da
minha vida, mas em algum momento, você se tornou ela, brilhante a
cada dia que passava, intenso a ponto de me tirar o fôlego,
carinhoso de um jeito que me deixava confusa, e excêntrico de um
jeito que nunca quis por limites, porque tudo o que estava fazendo,
era me conquistando a cada dia.
Chace sorri.
— Não sei responder o exato momento em que me apaixonei
por você, mas sei dizer que esse sentimento não me assustou em
nada, porque meu coração sempre foi seu, Lawson — admito. —
Estar apaixonada por você é como encontrar um tesouro escondido,
em que cada momento juntos, é uma preciosidade a ser guardada. É
como encontrar um refúgio seguro, onde posso ser eu mesma, sem
qualquer medo ou reserva. Estar apaixonado por você, é como a
dança ao som suave que dançamos quando você resolveu retirar os
móveis da sua sala para termos espaço, a música é uma melodia
eterna, uma canção que só faz sentido quando estamos juntos.
O rosto do grandão fica vermelho ao ouvir os aplausos das
pessoas nos assistindo.
— Você sempre foi melhor com as palavras do que eu —
murmura, me fazendo sorrir.
Ele chega mais perto de mim e segura meu rosto.
— Não sabe quanto tempo quis ouvir palavras algo assim
saindo da sua boca.
— Quanto tempo? — pergunto, pois estou muito curiosa.
— Desde quando tínhamos 15 anos.
Meu amigo percebe o quanto sua resposta me choca e ri fraco.
— 12 anos?
— Que você me deixou na friendzone? Sim, pequena.
Ao mesmo tempo em que me compadeço pelo seu rostinho
triste, tenho vontade de rir porque sei que ele está sendo o
dramático de sempre.
— Sinto muito. — Essas palavras vêm do meu coração. —
Demorei muito tempo para enxergar você.
— Eu posso esquecer de todos esses anos se aceitar a namorar
comigo, Ocean Bailey.
Semicerro os olhos em sua direção.
— Está me chantageando?
Ele nega.
— Estou te pedindo em namoro.
Um coro de “aceita, aceita” surge no restaurante, lembrando-
me que estamos sendo observados.
Solto uma risada e assinto, provocando o sorriso mais brilhante
que já vi nos lábios de Chace Lawson.
— Não seria tão louca assim de recusar — admito.
Ainda segurando meu rosto, meu, agora namorado, abaixa a
cabeça até ficar próximo da minha e me beija na frente de todos,
que comemoram assim que aprofundamos o beijo.
Meu corpo todo vibra e meu coração parece expulsar um
grande peso enquanto nos beijamos, tudo porque agora sinto desde
o início, que estou com a pessoa certa.
Estou com o único homem capaz de me amar da forma que
mereço e sempre sonhei.
O único que fez de tudo para conquistar meu coração.
Apesar de ter levado um tempo, sei que o destino tomou a
melhor decisão ao nos colocar juntos agora e não antes.
Há coisas que não controlamos e há aprendizados que
precisamos viver, então, não ficarei me lamentando por não ter
notado o homem incrível que sempre esteve ao meu lado, porque
sim, eu sempre o achei incrível e sempre disse que a mulher que
tivesse seu coração, seria uma grande sortuda.
O tempo passou e não me arrependo dele, pois cada um dos
nossos anos juntos, contribui para que eu estivesse aqui,
perdidamente apaixonada por ele.
E é nova, a forma do seu corpo
É triste, a sensação que eu tenho
E isso é ooh, uau, oh
É um verão cruel
CRUEL SUMMER – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Pensei que acordaria hoje com inúmeros beijos pelo meu rosto,
mas acabo acordando com gritos surtados de uma pessoinha que
estou ignorando desde ontem, e recebendo travesseiradas na cara.
— Caralho, Edina! — resmungo, me esquivando do travesseiro
que voa em minha direção.
Do outro lado do quarto, vejo Quinn rindo.
— Foi você que abriu a porta para essa louca?
— Amo vocês e não perderia o surto da nossa amiga por nada.
Olho para o espaço ao meu lado vazio na cama e estranho por
alguns segundos, até me situar onde estou e que dia é hoje.
Segunda-feira.
Dia de podcast.
— Chace está gravando? — pergunto.
— Sim, ele está no escritório do papai — Quinn responde.
Minha RP suspira, chamando a minha atenção.
— Que ideia maluca foi essa de beijar Chace na frente de
todos? Sabe quantas ligações estou recebendo neste momento? Não
se fala mais em outra coisa, e todos querem arrancar uma
informação oficial.
— Pois dê a eles, amiga. Solte uma nota dizendo que estou
namorando o meu melhor amigo e que nunca me senti tão completa
em toda a minha vida.
Volto a me jogar na cama com os braços abertos, sorrindo para
o teto, como a boba apaixonada que sou.
— Desde quando? — Edina se senta na cama. — Meu Deus!
Acho que não aguento mais trabalhar com você. São sempre fortes
emoções!
Sento-me ao seu lado e Quinn se junta a nós.
— Deixa de ser exagerada. — Peço. — Não está feliz pela sua
melhor amiga?
— Não me entenda mal, mas um dia você diz que é amizade
colorida, e no outro está oficializando um namoro com ele. — Como
alguém pode ser tão exagerada assim? Nem foi de um dia para o
outro. — Mas estou feliz por você, de verdade.
Sorrio e abraço-a.
— Então é só isso que importa.
Edina volta a suspirar, mas dessa vez, parece mais convencida.
— O que escrevo nas notas? — Se dá por vencida.
— Diga que Chace sempre esteve comigo em todos os
momentos e que percebemos que também somos bons como
amantes, e não só como amigos. Estamos nos divertindo muito
nesse processo de estar apaixonados quando já nos amamos tanto.
Ela assente.
— Não precisa de tantos detalhes, o resto, meus fãs
descobrem nas músicas.
Quinn ri.
— E como foi ontem? Aonde ele a levou?
— Lembra do restaurante que costumávamos ir quando éramos
mais jovens para cantar, comer e nos divertir? — Ela assente. —
Chace me levou até lá. Nós cantamos um pouco e depois ele se
declarou na frente de todas aquelas pessoas.
— O quê? E se um vídeo seu sair por aí? — Edina volta a se
preocupar.
Tanto eu quanto minha amiga ao seu lado rimos.
— Chace pediu para que eles não gravassem, e se algum deles
acabar falando por dinheiro, tudo bem, não é como se eu e meu
namorado estivéssemos cometendo um crime.
— Namorado, hum? — A atriz arqueia as sobrancelhas. —
Tenho certeza de que agora meu irmão só quer ouvir essa palavra
saindo dos seus lábios.
Ela não está errada.
Ontem, o idiota me fez repetir isso umas cinco vezes antes de
dormirmos.
E eu nem consegui ficar brava com ele.
— Chace vai ao show em Paris neste final de semana? Só para
eu me preparar e talvez soltar isso para a imprensa — minha amiga
pergunta.
— Vai. Agora ele é um homem que está de férias, é provável
que me acompanhe em quase todas as datas — respondo, baseado
no que conheço dele.
— Ok. — Ela sorri. — Não te via feliz assim há muito tempo.
Vou me lembrar de agradecer ao Chace mais tarde.
— Por falar no meu irmão, logo ele vai aparecer por aqui —
Quinn comenta. — Por que não esperamos lá embaixo? Ocean, você
deveria descer para tomar café.
— Farei isso em breve.
— Estou feliz por vocês dois, amiga. — A loira se aproxima e
beija a minha testa. — Desejei muito que esse dia acontecesse.
— Foram longos 12 anos.
— Agora que já sabe o tempo, posso dizer: não entra na minha
cabeça você nunca ter percebido que ele já era apaixonado por você
— ela provoca. — Sempre foi tão óbvio.
Edina faz uma careta, prestes a discordar.
— Eles sempre viviam grudados e se amando, como queria que
ela desconfiasse? Nem eu desconfiava.
— Obrigada por me entender, amiga!
— O ciúme que ele sentia pelos namorados — a atriz diz, como
se explicasse tudo. — Chace era bom em disfarçar muitas coisas,
mas o ciúme não era uma delas.
Lembro das suas reações quando apresentava um namorado e
como ele fazia questão de não estar presente no mesmo ambiente
comigo e com o cara. Agora, parece mesmo óbvio, mas antes,
achava que era apenas ciúmes de amigo.
— Percebeu, né? — ela ri e pega na mão da minha RP. —
Estamos te esperando lá embaixo.
Elas saem do quarto em um piscar de olhos.
Pego meu celular na mesa de cabeceira e vou em busca do que
estão falando sobre mim e Chace na internet.
As primeiras postagens que vejo são dos meus fãs, a maioria
deles parecem felizes com o nosso vídeo nos beijando ontem no
jogo. Tem surtos por todas as partes, afinal, muita gente sempre
torceu para que ficássemos juntos.
Olhando bem agora, vejo que meus fãs enxergavam até
melhor do que eu em relação ao Chace.
Como pude ser tão... lerda? Chega a ser inacreditável.
Mas que bom que acordei a tempo.
Agora, eu acordo ao lado desse homem, o único possível para
o meu coração, meu porto seguro e meu recomeço.
Ele não é mais apenas meu melhor amigo, Chace Lawson é
também o meu namorado.
Rolo o feed do Instagram e paro em um vídeo postado há
poucos segundos do episódio do podcast de hoje.
— Precisamos falar sobre isso, cara, afinal, o mundo todo está
comentando. — Cole dá início, ansioso para explanar a fofoca, como
sempre. — Você não ganhou só um Super Bowl com seu time
ontem, nem foi só mais um recorde em sua carreira. Chace Lawson
também ganhou a mulher dos seus sonhos.
Meu namorado solta uma risada fraca e noto pelas orelhas
vermelhas, que ele está pensando o que responder.
— Sou um cara sortudo — ele fala, todo misterioso.
— Como isso aconteceu? Você sabia que ela se jogaria em seus
braços? Foi um beijo que me lembrou os filmes da Disney.
Até eu dou risada do idiota do Fisher.
— Sei que muitos estão curiosos, então, deixe-me contar uma
pequena história. — Meu coração acelera com o suspense dele. —
Sempre fomos melhores amigos, mas desde muito tempo, gosto
dela mais do que apenas uma relação de amizade. O resto fica por
conta da imaginação de vocês.
Cole sorri com sua resposta.
— Eu tinha um pequeno desejo para aquele final do Super
Bowl quando fôssemos anunciados ganhadores, mas sabia que era
ousado demais beijar minha amiga.
— Então ela sabia sobre essa vontade? — o apresentador
questiona.
Meu grandão assente.
— E foi no gramado que ela me deu permissão para que isso
acontecesse.
— Gosto da forma como vocês não estão escondendo nada.
— Os fãs são pessoas importantes na vida da Ocean, e eles se
preocupam com ela quase da mesma forma que devem se
preocupar com parentes — ele diz, provocando um sorriso meu. —
O que quero dizer é que não há nada para se manter secreto.
Manteremos a nossa privacidade, como sempre, porque há uma
grande diferença entre essas duas palavras. Estamos nessa a
indústria há muito tempo para já sabermos o que deve ou não ser
mostrado.
O vídeo acaba, e bem nesse momento, Chace entra no quarto,
com o mesmo moletom do podcast.
Quando ele percebe que estou acordada, sorri em minha
direção e se aproxima.
Deixo o celular na mesinha de cabeceira e pulo em seu colo
assim que ele se senta ao meu lado.
— Bom dia, pequena! — Beija a minha bochecha para depois
deixar um selinho nos meus lábios.
— Bom dia! — Sorrio. — Eu vi um pouco do podcast.
— Falei alguma coisa errada?
Nego com a cabeça.
— Você foi incrível. — Não precisou esconder nada e se
manteve confortável enquanto falava sobre mim. — Edina vai soltar
uma nota para a imprensa sobre o nosso relacionamento.
Ele procura minha mão e entrelaça nossos dedos.
— Quer dizer que todos vão saber que você é oficialmente
minha?
Chace não consegue esconder o quanto se anima com essa
ideia.
— Vai. — Toco meu nariz com o seu. — Mas agora, quero um
beijo de verdade do meu namorado.
O loiro sorri antes de capturar meus lábios com os seus.
Nossos movimentos são lentos, e agora posso dizer
tranquilamente, que até são apaixonantes. Não temos nenhuma
pressa e curtimos nosso momento a sós, em um dia que passaremos
inteiramente com a família.
Gosto da familiaridade que isso traz.
É como se tivesse encontrado o meu caminho para casa depois
de ficar tantos anos perdida.
— Agora que estamos namorando, como vai ser? — pergunto
quando separo nossos lábios.
O running back me encara sem entender e antes que eu
consiga explicar do que estou falando, ele toma a frente:
— Se é isso que quer saber, nada entre nós vai mudar,
pequena — responde, colocando uma mecha do meu cabelo atrás
da orelha. — Eu ainda sou o seu melhor amigo, seu confidente. Eu
ainda sou o Chace que você conhece há 27 anos. A única diferença
é que agora você é só minha.
Agarro as cordinhas do seu moletom e o puxo para mais perto
de mim.
— E você é só meu.
Chace sorri.
— Esse é um trato que sempre sonhei em fechar com você.
Nos beijamos mais uma vez.
E outra.
Nos beijamos até ficarmos totalmente sem fôlego.
Diga meu nome e tudo simplesmente para
Eu não quero você como um melhor amigo
Só comprei este vestido para que você pudesse tirá-lo
Tirá-lo
DRESS – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Primeiro show de Ocean que vou como seu namorado.
É normal estar um pouco nervoso? Porque juro que estou.
Na tenda VIP da pista premium está o pai dela e Edina, como
sempre. Eles conversam sobre alguma coisa, mas tudo o que
consigo olhar é para o relógio no palco diminuindo a cada segundo
para o início do show dela.
Já senti que fui filmado tantas vezes, que até parei de contar.
— Nervoso, garoto? É o que parece — Paul pergunta,
colocando o braço sobre meus ombros.
— Há muito tempo quis estar aqui como o namorado, e não
apenas como o melhor amigo — confesso para o meu sogro.
Caralho! Agora Paul Bailey é oficialmente meu sogro. — Por mais
que seja o mesmo show que ela está fazendo desde o ano passado,
hoje é diferente para mim.
— Sempre tive um sexto sentido de que você escondia algo em
seu coração quando se tratava da minha filha — ele conta. Parece
que todos tinham uma ideia dos meus sentimentos, menos a doida
da Ocean. — Sei que o coração dela está seguro com você.
— Prometo fazê-la sempre feliz, pai.
— Contanto que os dois sejam felizes, então eu estarei da
mesma forma — diz e aponta para o palco. — O show vai começar.
Olho para frente no mesmo momento em que o relógio zera.
Os dançarinos fazem a abertura antes de ela surgir no palco,
linda e gostosa como sempre, usando um novo estilo de roupa para
abertura do show. É uma saia minúscula vermelha que mostra quase
toda a sua bunda, que até pode estar tapada com uma parte de
baixo como se fosse um body, mesmo assim, deixa muito pouco
para a imaginação. Na parte de cima, ela usa um top preto, e nos
pés, as botas brilhosas da mesma cor.
Respiro bem fundo antes de tentar curtir o show, sem acabar
tendo uma ereção ao lado do meu sogro.
Porra!
Essa mulher ainda vai me matar.
E sei que é tudo de propósito quando Ocean olha para mim lá
do palco e rebola até o chão.
Ela vai me matar!
E seu pai está bem aqui, ao meu lado!
Sinto que ou ele finge não saber ou é mesmo inocente.
Está mais para a primeira opção, pelo que o conheço.
Passo as próximas horas aproveitando a apresentação, sorrindo
como um bobo quando o olhar da cantora encontra com o meu, e
me sentindo envergonhado quando ela simplesmente aponta para
mim em alguns versos das músicas, sem se envergonhar de nada.
Atrevida.
Droga.
Eu a amo demais.
Nem acredito que consegui a mulher dos meus sonhos para
mim. Tudo isso ainda parece fruto da minha imaginação.
Quando chega perto do final do show, Ocean sempre faz um
acústico de uma de suas músicas antes de iniciar as canções finais
do evento. Ela se veste com um longo vestido azul brilhoso e
carrega o violão branco até ficar no meio da passarela do palco.
— É a hora do set acústico, pessoal! — Ela grita no microfone,
fazendo a alegria dos fãs. — Bem... — Começa a tocar uma melodia
suave no violão enquanto mantém o sorriso lindo nos lábios. —
Sabem o quanto gosto de me comunicar através das músicas, né?
Todos vocês têm sido tão receptíveis e amorosos nessa turnê
comigo, que tem sido um sonho poder levá-la cada vez mais longe.
O público grita em resposta.
— Essa hora do set acústico, é o momento em que sinto que
estamos mais conectados, porque vocês sempre acabam fazendo um
dueto comigo nas minhas músicas — comenta, rindo da reação
deles. — Então, espero que me perdoem por cantar uma música
inédita hoje. Não é que eu não queira que vocês participem, pelo
contrário, se puderem levantar suas pulseiras, serei eternamente
grata, porque dependo de vocês para tonar esse momento ainda
mais lindo.
Música inédita?
Ela está prestes a lançar um álbum?
Olho para Paul, mas ele parece estar confuso também.
— O que minha filha está aprontando, Edina? — ele questiona.
— Você devia saber que ela ama nos surpreender — a
publicitária diz. — Ocean está apenas sendo ela mesma.
Volto minha atenção ao palco, encontrando o olhar da minha
pequena em mim.
Quando sua voz sai através do microfone, entendo o que ela
quer dizer com a canção ser inédita, e fazer esse momento ser mais
lindo.
Deixe-me contar uma história onde
Noites de risos, aventuras sem fins, lado a lado se tornaram
O refúgio de uma pequena garotinha
Eles sempre foram melhores amigos
Ela sempre enfrentou amores que só a machucaram
Sinto o braço de Paul voltar a me abraçar de lado enquanto
tento esconder a emoção que essa letra começa a me causar.
Cicatrizes do passado, marcas da desilusão,
No fundo do peito, pulsava uma invisível paixão
Ele sempre esteve lá, um amigo fiel
Ela agora vê, é nele que encontra o céu

Porque quando ele a abraça, ela sente o calor do lar


É como se o mundo desacelerasse e tudo ficasse no lugar
Seus braços são os refúgios que ela sempre procurou
E neles encontra a paz que em outros lugares nunca encontrou

Ele a viu chorar por amores que se foram


Ele a curou no momento que seus lábios tocaram os dela
naquela noite de Ano-Novo
Ele a admirava em segredo
Mas naquela noite foi a hora de revelar o que seu coração
guardava

Cicatrizes do passado, marcas da desilusão,


No fundo do peito, pulsava uma invisível paixão
Ele sempre esteve lá, um amigo fiel
Ela agora vê, é nele que encontra o céu
Porque quando ele a abraça, ela sente o calor do lar
É como se o mundo desacelerasse e tudo ficasse no lugar
Seus braços são os refúgios que ela sempre procurou
E neles encontra a paz que em outros lugares nunca encontrou

Não consigo evitar que algumas lágrimas caiam pelo meu


rosto, não quando ela está me olhando com seus olhinhos azuis
brilhantes em minha direção.
Que bom que ela acordou a tempo
Agora eu acordo ao lado do meu único,
Estou pronta para segurar sua mão, ser seu abrigo,
Porque agora ele vê em mim o que sempre esteve consigo

Porque quando ele a abraça, ela sente o calor do lar


É como se o mundo desacelerasse e tudo ficasse no lugar
Seus braços são os refúgios que ela sempre procurou
E neles encontra a paz que em outros lugares nunca encontrou

Então aqui estamos,


prontos para começar um novo capítulo da nossa história.
Ele olha nos seus olhos e diz: você é minha melhor amiga
Então você vê a verdade,
Estamos prontos para a eternidade.
Todos aplaudem, alguns gravam minha reação porque sabem
que obviamente essa canção é para mim, e tudo o que consigo é
mover meus lábios em um “Eu te amo” para a cantora no palco.
Ela acabou de me desestabilizar por inteiro.
Nunca esperaria algo assim. Nunca.
Porra!
Meu coração está em chamas.
— Essa música... — Ela solta uma risada com a gritaria do
público. — Que bom que vocês gostaram!
Seus fãs batem palmas e continuam a gritar.
— Ela se chama Eternal, e estará disponível a partir da meia-
noite.
É o que a safada grita antes de desaparecer no elevador do
palco que a suga para baixo, pronta para começar a última parte de
setlist do show.
E eu? Bem... Tento de me recuperar de algo que dificilmente
irei conseguir.

Entro no camarim de Ocean e tranco a porta.


Ela ainda está usando o body verde que me deixa maluco e as
botas de salto altos, que com certeza a deixam 15 centímetros mais
alta.
Tão linda e tão minha, que me deixa ainda mais apaixonado.
Ela se vira assim que sente a minha presença e sorri, vindo ao
meu encontro e me abraçando apertado.
— Como foi o show hoje? — pergunta em seu modo
provocador, escondendo o rosto no vão do meu pescoço. — Gostou
da minha surpresa?
— Você quase me matou do coração. — Sou sincero. — Em
todos os sentidos, pequena. Precisava dançar tão sensualmente
naquele palco?
— Fiz uma música romântica para você e só notou a minha
dança sensual? — Ela bate no meu peito. — Sem-vergonha!
Dou risada e seguro seu rostinho fofo e safado ao mesmo
tempo.
— Não me viu chorando o suficiente naquela tenda? —
pergunto e aproximo mais nossos rostos. — Meus olhos inchados
não dizem nada sobre como me senti? Porra, pequena... Eu amo
você pra caralho.
Ela sorri com as minhas palavras baixas no meio da declaração,
e aproxima os dedos dos meus olhos, limpando os cantinhos deles.
— Eu também. Muito. Muito e muito.
— Nunca vou me esquecer do show de hoje — digo a verdade.
— Independente de qualquer outro, ele sempre vai ser o meu
favorito.
— Droga! Nem se eu tentar me superar nos próximos?
Nego.
— Foi a primeira vez que estive aqui como seu namorado, e
ainda ganhei uma música linda, que estará no modo repeat assim
que estiver disponível. — Beijo o cantinho de seus lábios. —
Obrigado por me aceitar no seu coração. Prometo que sempre
estará segura comigo!
— Eu sei, bobo. — Quase cola sua boca à minha. — Agora, por
que você não me beija? Estou com saudade.
Os olhos dela me dizem tudo o que preciso saber: um convite
silencioso para explorarmos juntos territórios desconhecidos.
Sorrio e agarro sua nuca, fazendo exatamente o que me pediu.
Nossas bocas se encontram nesse mesmo encaixe perfeito de
sempre, que transcende qualquer beijo anterior. O toque das nossas
línguas é calmo no início, como se precisássemos gravar sempre
cada movimento em nossa memória.
Aperto o corpo de Ocean contra mim, aprofundando o beijo e
deixando que a paixão nos consuma por completo. Minhas mãos
encontram o rosto dela e acariciam sua pele enquanto o beijo se
torna mais ardente.
Cada um dos suspiros trocados, cada movimento, tudo isso, é
uma extensão silenciosa do nosso amor.
A loirinha move suas mãos da minha cintura até o meu
pescoço e chupa minha língua, fazendo-me ofegar. Deslizo meus
dedos pelo seu corpo dentro do body, sentindo meu pau endurecer
sem pudor algum ao sentir a cintura marcante e a bunda durinha.
Não resisto e a aperto, arrancando um gemido dela.
Desço minha boca pelo seu pescoço, beijando sua pele até
chegar em seu ouvido.
— Sempre quis te foder nesse camarim — confesso um dos
meus pensamentos mais perversos referente à essa mulher. — Com
essas botas e com você se contorcendo de prazer sobre elas.
Ela me encara com tanto desejo, que meu pau pulsa dentro
da calça.
— O que está esperando para fazer isso?
Porra!
Eu amo isso nela.
Amo o tesão que cada vez mais ela sente por mim.
Amo que nunca cansamos um do outro, nem mesmo quando já
passamos toda a nossas vidas juntas.
— Lembre-se que foi você quem pediu, pequena.
Quase não consigo me conter quando a viro de costas em
busca do zíper do seu body. Não perco meu tempo quando o acho e
abro aquela maldita peça de roupa, sentindo meu coração acelerado
e meu pau doendo de desejo de se enfiar logo nela.
Não posso ir devagar porque qualquer um pode chamar Ocean
a qualquer momento.
Por isso sou rápido ao deslizar a roupa pelo seu corpo
enquanto beijo suas costas, cada vez mais, até chegar à sua bunda
perfeita e me ajoelhar de frente a ela. Puxo de vez a peça verde do
seu corpo, deixando-a caída nos pés de Ocean.
Ainda tem essa meia-calça transparente e brilhosa que não
esconde nada, pelo contrário, só mostra o quanto as pernas dela são
lindas. Porra! A tiro também, sem me importar por deixá-la no chão,
amontoada com o body.
Consigo ouvir a respiração descompassada da minha mulher
daqui do chão, ajoelhado de frente para a sua bunda. Posso sentir o
cheiro da sua boceta extremamente molhada, necessitada pelo meu
toque.
Tudo me deixa maluco.
Seguro firmemente as pernas dela e a faço virar para mim. A
loirinha me olha cheia de expectativas enquanto abro suas pernas e
a coloco sentada na cadeira, que provavelmente ela fica para a
maquiarem.
— Chace.
Ela ofega quando sem aviso algum, avanço em sua vagina,
lambendo suas dobras até chegar no clitóris duro. Brinco com minha
língua, arrancando gemidos abafados de Ocean, que quando a olho,
vejo que está com a mão sobre a boca para que ninguém a escute.
Seus olhos se reviram conforme a minha língua faz o mesmo
sobre seu nervinho. Bebo do seu líquido, trabalhando o máximo que
consigo em pouco tempo para dar prazer à minha mulher.
A outra mão da loira vai parar no meu cabelo e então puxa os
fios, fazendo mais pressão na minha cabeça contra a sua boceta. Ela
ama quando eu a chupo, e isso não é novidade para mim. Sei
exatamente aonde ir, quais movimentos que a deixam maluca, e
como deixá-la pronta para só sentir prazer com o meu pau.
Paro de chupá-la quando sinto que ela está muito perto de
gozar, então, em um movimento rápido, levo minhas mãos para o
zíper da minha calça e o abro com um pouco de dificuldade por
conta da ereção.
Abaixo a peça de roupa juntamente com a minha cueca.
— Levante-se, pequena. — Mando, observando-a fazer
exatamente isso. — Agora, se vire de costas para mim.
Faz anos que eu sonho em transar nessa posição com Ocean.
Anos que eu quero pegá-la nesse camarim.
Porra!
Agora ela é só minha para eu fazer isso.
Minha mulher se vira de costas sem dizer uma palavra,
demonstrando com uma olhada intensa em minha direção, o quanto
está ansiosa para o que iremos fazer.
Colo meu corpo ao dela e aspiro seu cheiro pela nuca, sentindo
o perfume viciante que só a minha loira tem. Suave e doce.
Jogo seu cabelo para o lado e beijo seu ombro nu, colando
meu quadril ao dela, deixando que sinta o quanto estou excitado.
Ocean arfa ao mesmo tempo em que suas pálpebras estremecem.
— Por favor, Chace. — Pede, quase implorando.
Deslizo minha mão pelo seu corpo até chegar entre suas
pernas e separo-as delicadamente.
— Empina essa bunda para mim, gostosa.
Ela faz exatamente o que peço.
E não há visão melhor do que ver a mulher que sempre
desejei, que sempre amei, com as botas de salto alto, nua e
completamente empinada para mim, tão pronta para me receber,
que vejo seu líquido escorrendo pelas coxas.
Inferno de visão que nunca sairá da minha cabeça.
Encaixo meu pau em sua entrada ao mesmo tempo em que
coloco minhas mãos em seus quadris. Fecho os olhos e abraço a
sensação inexplicável de estar dentro dela nessa posição.
Sua boceta me aperta a ponto de querer me expulsar, mas vou
firme, enfiando até o talo.
— Chace! — A loirinha abafa o grito. — Porra!
— Caralho, Ocean. — Gemo, mordendo o lóbulo da sua orelha
e metendo forte nela. — Você foi feita para mim, percebe? É só
minha agora, entendeu?
Consigo ver o vislumbre de seu sorriso antes de continuar as
estocadas nela.
Ocean gosta de uma pegada mais firme e gosta quando falo
dessa forma, mas quero que saiba que não são palavras jogadas da
boca para fora por causa do tesão. Ela agora é minha.
Minha namorada.
Minha mulher.
Meu amuleto.
E eu sou dela por completo desde que meu coração
reconheceu que era incondicionalmente apaixonado por essa mulher.
Beijo-a no ombro e passo a língua pelo seu pescoço antes de
chupá-la. Não consigo parar um segundo de sair e entrar nela,
tomado pelo prazer, louco pelos nossos gemidos, que deixam o
ambiente mais denso.
Entrar em um camarim com Ocean Bailey nunca mais será a
mesma coisa.
— Sei que você está perto, pequena — murmuro em seu
ouvido, descendo a mão até seu clitóris e beliscando-o.
Ela fecha os olhos e morde a boca para conter os gemidos
mais altos.
— Estou quase...
— Eu também, pequena.
Esfrego meus dedos em seu clitóris com mais rapidez e
aumento minhas investidas nela, sentindo todo meu corpo
enfraquecer alguns segundos depois e explodir em um orgasmo com
Ocean dentro do seu camarim.
Nós dois respiramos fundo, buscando um ar que foi roubado
enquanto fodíamos como dois animais apaixonados dentro desse
lugar.
— Essa... foi a loucura mais incrível que já fiz — minha mulher
admite e eu sorrio.
Viro seu rosto para mim e a beijo em resposta.
Agora, mais calmo e mais romântico do que a última vez.
Eu achava que o amor seria (preto e branco)
Mas é dourado (dourado)
E eu ainda posso ver tudo (em minha mente)
Indo e vindo de Nova York (escondendo na sua cama)
Eu achava que o amor seria (vermelho ardente)
Mas é dourado
DAYLIGHT – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Todo ano acontece a premiação mais importante do mundo da
música: o Grammy Awards, que, se for comparado com o mundo do
futebol americano, é quase como um Super Bowl para os indicados.
Eu já conquistei duas vezes o Grammy como álbum do ano, e
duas como melhor álbum pop, e três vezes como a melhor música.
Contabilizando, tenho ao todo sete Grammys, mas isso não significa
que estou menos nervosa para a premiação deste ano.
Ela acontece em Los Angeles, no mesmo lugar de sempre, o
Staples Center, e pela primeira vez na minha vida, tenho o meu
namorado ao meu lado para me acompanhar neste evento tão
importante para mim.
Quase não consegui acreditar quando na semana passada,
Chace disse que viria por mim. Isso porque, namorado algum que
tive, ousou pisar em um evento 100% filmado para me prestar
apoio, e isso era o que mais me machucava. Claro que, nas
premiações anteriores, meu jogador me acompanhava sempre que
podia, mas era como meu amigo, e dessa vez ele está como meu
namorado, e não tem como não ficar feliz com isso. Além dele, Edina
e Quinn também sempre se faziam presentes nesses eventos.
Imagina ganhar um prêmio tão importante e não ter aquele
namorado para comemorar no final da noite? Isso sempre me
machucou, mas agora… eu tenho alguém, e, por ironia do destino,
esse sempre foi o cara que eu ligava quando ele não podia
comparecer a alguma premiação comigo, mas que sempre arrumava
uma forma de comemorarmos juntos quando eu ganhava algum
prêmio importante como este, independentemente de estarmos
namorando ou não.
Acho que no fundo, meu coração sempre soube que Chace era
o cara certo, só levou um tempo para que ele pudesse me mostrar
isso.
— Está nervosa, pequena? — o grandão pergunta, sentado ao
meu lado.
Estamos parados dentro do carro enquanto esperamos o sinal
para descer e passar pelo tapete vermelho para entrar na
premiação.
— Um pouco. — Não é mentira.
— Já deveria estar acostumada a ganhar todas essas
categorias — ele brinca e segura minha mão, apertando-a três vezes
antes de sorrir para mim. — É a primeira vez que vamos passar por
um tapete vermelho juntos.
É a primeira vez que assumirei um namoro dessa forma.
Meu coração sempre acaba acelerando quando me lembro
desse detalhe.
— E se você não estiver bem com isso, podemos entrar
separados.
Franzo minha testa, o encarando bem séria.
— Está de brincadeira comigo? Eu amo você — digo com tanta
certeza, que meu peito relaxa quando solto essas palavras. — Quero
estar com você hoje e entrar dessa forma, juntos.
Chace leva minha mão até seus lábios e a beija suavemente.
— Nunca amei ninguém além de você, pequena.
Eu sei.
Agora consigo enxergar perfeitamente que sempre fui a mulher
dos seus sonhos, mas por um tempo, fui um pouco inalcançável para
meu melhor amigo.
Uma batidinha na janela do carro chama a minha atenção e
quando olho, meu segurança faz um sinal para descermos.
— Preparado? — pergunto para o loiro, sorrindo.
— Para esfregar para o mundo todo que está nos assistindo
que você é minha? Desde os meus 15 anos.
Não consigo rir porque isso é mais fofo do que engraçado,
mesmo que ele tenha obviamente falado uma verdade em um tom
de brincadeira.
— Obrigada por ser tão paciente, Golden Boy.
— Você é a única por quem eu esperaria uma vida, pequena.
Droga.
Chace não facilita na arte de fazer meu coração acelerar e se
apaixonar cada vez mais por quem ele é.
Quando saímos do carro, os milhares de fãs que estavam na
parte de fora da premiação começam a surtar ao nos ver juntos.
Sorrio para eles e aceno, um pouco triste por não ter tempo o
suficiente para tirar fotos com alguns.
o grandão segura minha mão novamente e olha para os meus
fãs.
Minha alma se derrete quando ele levanta sua mão livre e
acena em direção a eles, lançando um sorriso lindo e irresistível.
Pode parecer simples, mas para mim, são os pequenos
detalhes que me fazem querer ficar com a pessoa, que me fazem
amá-la mais, e Chace sempre foi bom em me fazer amá-lo, e no
status de relacionamento que temos agora, não é diferente.
Caminhamos em direção ao tapete vermelho e, quando nos
aproximamos, Edina para à nossa frente.
— Tudo certo? Vocês são os próximos a entrarem — ela diz,
arrumando o decote do meu vestido. — Você está linda, Ocean.
Eu simplesmente amei a escolha do meu vestido este ano.
O estilista preferiu um longo e dourado, todo brilhoso, que
contrasta com minha pele de um jeito muito ousado e sexy.
Segundo ele, é a cor que uma vencedora deve usar, e gosto dessa
confiança.
— Ela é a mulher mais linda e gostosa desse evento — Chace
diz ao meu lado, provocando uma revirada de olhos em minha
amiga.
— Vocês são muito grudentos, estão piores do que já eram.
Ela não está mentindo.
Agora que meu namorado não está mais na temporada de
jogos, ele viaja comigo por todos os lugares que minha turnê tem
passado, só para ficarmos mais tempo juntos.
— Ocean Bailey e Chace Lawson — uma funcionária do evento
diz ao se aproximar de nós. — Podem entrar.
Respiro fundo e encaro o homem que, mesmo eu usando um
salto de 15 centímetros, continua bem mais alto ao meu lado Ele
parece ansioso como eu, o que é engraçado vindo de um cara que é
sempre tão confiante.
Seguro firmemente a sua mão e passo por Edina com o meu
namorado.
Assim que pisamos no tapete vermelho, uma chuva de flashes
brilham em nossa direção, ao mesmo tempo em que nossos nomes
começam a ser falados por todos os fotógrafos do local.
É praticamente impossível ouvir o que algum deles quer.
“Ocean, Chace, mais para a direita, por favor”
“Chace dê um sorriso.”
“Ocean dê um sorriso.”
Meu grandão me aperta mais contra seu corpo, em um claro
aviso de que agora eu sou totalmente dele. Acabo sorrindo quando
levanto um pouco a cabeça e o vejo me encarando.
Chace pode estar sério, mas em seu olhar, há aquele sorriso
lindo que ele reserva só para mim.
E ali, diante tantos flashes e falatórios, tenho a certeza de que
eu morreria, no sentindo mais deplorável da palavra, se um dia esse
homem me deixasse.
Sempre soube que não viveria sem Chace, mas agora tudo é
mil vezes mais intenso.
Eu não só o amo como meu amigo, mas também o amo como
o único amor da minha vida.

Se existe uma coisa que eu amo quando estou em uma


premiação, é curtir as apresentações dos outros artistas que tanto
admiro. Como neste ano não irei me apresentar, posso curtir 100%
todo o evento.
E a melhor parte disso é poder estar ao lado de alguém que
gosta de aproveitar tanto quanto você. Enquanto Athena se
apresenta no palco, eu e Chace nos mantemos em pé, balançando
nossos corpos por conta da música.
O braço do meu namorado está ao redor do meu ombro, pois
a música é lenta e romântica, de um estilo que só a cantora de
cabelos roxos consegue fazer.
Depois da apresentação dela, irão anunciar o vencedor da
categoria de melhor álbum do ano, que inclusive, estou participando.
— Acho que somos o evento dessa noite — brinco ao ver que
mais uma câmera está nos filmando.
— Está tudo bem para você?
Sério que ele está me perguntando isso? Acho que nunca
estive assim tão feliz na minha vida em um lugar que fosse tão
exposta.
— Nunca fiquei tão bem como agora.
Ele sorri com a minha resposta e aproxima os lábios da minha
testa, deixando um beijo suave nela. Quando olho para Edina ao
meu lado, fico surpresa por vê-la sorrir em nossa direção.
Ela move os lábios:
— Grudentos.
A performance da Athena finaliza e o apresentador volta para o
palco, o que impossibilita de que consiga responder minha amiga.
— É uma honra poder ver a apresentação de Athena neste
palco — Jesse, o apresentador, diz. — Mas sabem o que também é
uma honra? Apresentar e entregar o prêmio mais importante desta
cerimônia. Para os indicados de melhor álbum deste ano, nós
tivemos os melhores dos melhores, e que com toda certeza, deve ter
dado uma dor de cabeça para a bancada escolher o vencedor. — Ele
levanta um envelope e meu coração acelera tamanha ansiedade.
Chace me aperta mais em seus braços, sabendo o quanto estou
nervosa. — Aqui nesse envelope, tenho o único vencedor deste ano.
Todos parecem estarem tão tensos como eu.
Edina pega na minha mão, tentando me passar apoio também.
— E o melhor álbum deste ano é… Mist, de ninguém mais e
ninguém menos de que Ocean Bailey.
Porra!
Pulo no meu lugar, um pouco em choque, mas completamente
feliz por ter ganhado esse prêmio pela segunda vez consecutiva.
Isso nem parece real!
Meu namorado me abraça apertado em seus braços e sinto
seus lábios no topo da minha cabeça, beijando-me.
— Estou orgulhoso de você. — Não há como sentir mentira em
suas palavras.
— Obrigada!
Edina também me abraça quando me afasto de Chace, e com
os olhos um pouco marejados, caminho até Peter, meu amigo e
compositor do álbum.
— Conseguimos, Ocean! De novo!
Nós nos abraçamos, sem esconder a emoção e caminhamos
até o palco, sendo aplaudidos pelos colegas e fãs que estão
presentes no local.
Seguro o meu oitavo Grammy, ainda um pouco trêmula com as
fortes emoções desta noite. Aproximo-me do microfone e sorrio para
o público.
Mas é inútil, pois acabo focando minha atenção em Chace.
— Esse ano tem sido o melhor de todos da minha vida, e sei
que é exagerado da minha parte dizer isso quando só se passaram
dois meses, mas sou uma pessoa muito sensitiva e uma tanto
quanto emocionada. Não me julguem por estar tão feliz a ponto de
não me conter. — As pessoas gritam em resposta e muitos
aplaudem. — O significado de névoa é claro, diz que é a falta de
transparência. Quando comecei esse álbum, estava tão insegura por
me mostrar como uma névoa para vocês, porque tinha medo de que
algo desse errado e vocês acabassem me deixando, mas olhem só o
que vocês fizeram. Quebraram mais recordes, trouxeram mais
visibilidade para mim e estão esgotando todos os shows que estou
fazendo ao redor do mundo.
Mais aplausos e gritos.
— Então, obrigada aos meus fãs por me proporcionarem essa
felicidade, se estou no meu melhor momento hoje, é porque lá atrás
vocês confiaram em mim. — Sorrio, emocionada. — Tem também
uma pessoa sentada ali na primeira fileira de bancos, que sempre
ouviu as minhas músicas primeiro do que todo mundo. Ele é meu
melhor amigo, é o homem que conquistou meu coração, e é o cara
que sempre me enxergou através da minha névoa. Eu nunca disse,
Chace Lawson, mas todo o conceito desse álbum veio porque eu
queria que todos me vissem como você me vê.
A maioria grita um coro de “Ownn”, que me faz sorrir mais.
Continuo encarando meu namorado para finalizar o meu
discurso.
— Você sempre esteve no meu coração, mas estou grata por
ter descoberto que prefiro você como o dono dele, exatamente
como é agora. Então, obrigada por ter me esperado, obrigada por
acreditar em mim desde quando éramos apenas crianças nos
sujando na lama, e principalmente, muito obrigada por sempre
permanecer o mesmo comigo.
Todos aplaudem e só para finalizar, entrelaço meu braço com o
de Peter.
— E uma salva de palmas para Peter — Todos fazem o que
peço. — Ele é o único que tem coragem de ficar comigo um dia
inteiro em um estúdio de gravação, e ainda assim não surta.
Provoco a risadas de alguns.
— Obrigada por ser um parceiro incrível de trabalho!
Ele sorri.
Nós descemos com nossos o Grammy’, e a primeira coisa que
faço quando chego perto de Edina e Chace, é pular nos braços do
meu namorado.
— Você já me deixou maluco, o que quer fazer comigo agora?
— ele pergunta com um sorriso lindo nos lábios e os olhinhos
lagrimejados.
— Quero manter você na minha vida para sempre.
— Bobinha — fala, alisando minha bochecha. — Não existe
outra alternativa além de viver ao seu lado para todo o sempre.
Nunca existiu.
Sua resposta faz com que as borboletas no meu estômago
voem, e antes que pense em uma resposta, Chace está grudando
sua boca na minha, em um beijo apaixonado de tirar o fôlego e
digno de cinema para todos que nos assistem.
Escuto os gritos e os aplausos. Eles me fazem sorrir.
Mas não me impedem de continuar beijando-o.
Só agora entendo o significado de estar tão feliz e apaixonada
ao ponto de querer mostrar para o mundo com orgulho.
Chace me faz sentir isso.
Estar apaixonada por ele é como viver um mundo mágico em
que nada pode nos afetar. Ele continua me trazendo a leveza de
sempre, o conforto dos seus braços ainda são os mesmos, e seu
colo ainda é o meu lugar favorito. A diferença é que agora descobri
que o amo muito mais do que o amava, quando nem sabia que isso
podia acontecer.
Experimentei todos os tipos de amores, mas nenhum como
esse, e que bom, pois quero viver essa primeira vez com Chace.
Eu sou a jogada final dele e como o nome mesmo já diz,
somos o fim um do outro.
O melhor tipo de fim, daqueles que não tem um final até que
acabe, e sabem de uma coisa? Isso nunca acabará.
CHACE LAWSON
UM ANO DEPOIS
Estou muito nervoso.
Um sentimento que não posso controlar.
É Super Bowl, mas hoje, por incrível que pareça, não estou
nervoso por causa do campeonato.
Hoje faz um ano que estou namorando com Ocean, e também
é o dia que a pedirei em casamento.
Um gesto tão romântico e ousado que pode acabar dando tudo
errado.
Durante todos esses 12 meses, mantivemos nosso namoro
privado, mas não em segredo. Se quiséssemos sair juntos e por
acaso fôssemos fotografados, tudo bem. Se eu quisesse ir em
premiações, turnês ou outros eventos para acompanhar Ocean, eu
ia, da mesma forma que ela ia aos meus jogos e me acompanhava
em eventos.
Nós apenas mostramos o que queremos, e é a melhor parte do
nosso namoro, porque sempre sentimos que ele é mais nosso do
que dos outros.
— A apresentação dela está quase acabando — Thomas diz ao
se aproximar. — Está pronto para isso?
Cole também se aproxima e coloca a mão no meu ombro,
prestando apoio.
— Você é mesmo um cara ousado e emocionado — ele define,
mas nem consigo dar risada. — Corajoso também.
— E se for muito ousado?
É estranho demais ser inseguro.
Por isso não fico surpreso com as caras que meus amigos de
time fazem em minha direção.
— Acho que se você ama ela a esse ponto, Ocean merece algo
corajoso — Thomas dá sua opinião, que é exatamente o que penso.
— Vai ser o pedido mais romântico da história desse Super
Bowl, Chace — Fisher assegura. — E tenho certeza de que ela vai
amar.
Conheço minha pequena. Sei muito bem o quanto ela admira e
prefere um ato romântico a ouvir “eu te amo”.
— Vamos lá! — Levanto-me do banco que estava sentado e
respiro fundo. — Os anéis estão comigo e o microfone também. Não
estou esquecendo de nada, né?
Cole ri do meu nervosismo.
Babaca!
— Apenas ande até a sua mulher e faça o pedido, bobo
apaixonado.
É o que faço.
Assim que saio do vestiário, antes do restante do time, consigo
ouvir que a última música que Ocean está tocando, está bem perto
do fim.
Ela deve estar um pouco nervosa por se apresentar em um
evento como esse, mas acompanhei alguns ensaios e tenho certeza
de que ela se saiu bem.
Minha loira é amada por muitas pessoas ao redor do mundo.
Ela ainda não entende, mas o intervalo de hoje é o show dela,
não um simples intervalo do Super Bowl.
A música acaba no segundo que coloco meus pés no gramado.
Tudo volta a ficar claro no estádio e as pessoas que notam a minha
presença, começam a gritar enquanto caminho em direção à minha
namorada.
Leva algum tempo para ela perceber que estou aqui, mas
quando Ocean me vê, seus olhos se arregalam em surpresa. Ela
realmente não faz ideia do que estou prestes a fazer, e isso me deixa
mais animado.
Surpreender minha loirinha é uma das minhas atividades
favoritas.
Subo no palco vermelho e caminho até ela, que mesmo depois
de uma apresentação de 20 minutos sem pausa, se mantém intacta
com seu vestido prata brilhoso, as meias-calças de sempre, e um par
de botas pratas que vai até acima de seu joelho.
Quando fico em sua frente, Ocean me pergunta com o olhar o
que estou fazendo aqui de um jeitinho tão assustado e ansioso, que
só a deixa mais fofa.
Aproximo o microfone da minha boca ao mesmo tempo em que
a maioria das pessoas fica em silêncio para me ouvir melhor.
— Oi, pequena. — O apelido faz com que todos voltem a gritar,
mas somente até o momento em que volto a falar no microfone. —
Nunca achei que fosse um cara romântico até me descobrir
apaixonado por você, e é engraçado pensar nisso, visto que, quando
descobri, tinha apenas 15 anos de idade.
Ela ri, um pouco em choque e tensa.
Logo você vai saber do que se trata, loirinha.
— Nesses 28 anos de amizade, eu te observei, cuidei de você e
me apaixonei a cada dia mais. Aprendi cada coisinha que mais gosta
e, desculpa, acabei usando isso a meu favor quando decidi que
conquistaria seu coração. — Ela balança a cabeça, com seu sorriso
lindo nos lábios. — Você sempre foi a pessoa mais importante na
minha vida, mas hoje, sinto que é parte do meu oxigênio. Eu não
conseguiria viver um segundo da minha vida sem você, Ocean
Bailey.
Todo mundo começa a gritar em resposta enquanto os olhinhos
da minha pequena marejam.
— Nós sempre nos entendemos tão bem e sempre fomos tão
companheiros um na vida do outro, que hoje consigo ver
perfeitamente que não existia um destino para nós que não fosse
esse que estamos vivendo. Quero passar o resto da minha vida com
você, quero poder acordar todos os dias ao seu lado, quero uma
família, quero a simplicidade que só nós dois temos quando estamos
juntos, quero a cumplicidade da nossa amizade, quero as
provocações, quero tudo que envolva você e eu juntos para sempre.
Uma lágrima escorre do seu olho.
Largo o microfone no chão e me ajoelho à sua frente, na pose
perfeita para pedir em casamento a mulher que sempre amei. Retiro
do meu bolso a caixinha do anel, que mandei fazer especificamente
para ela. Seguro a mão de Ocean, livre do microfone e direciono a
caixinha aberta para ela.
— Aceita se casar comigo, pequena?
Minha loirinha ofega quando vê o anel brilhante em diamante
da cor do oceano, exatamente do tom dos seus olhos. As pessoas ao
nosso redor gritam um coro de “aceita”, mas tudo o que consigo
prestar atenção é na surpresa e no amor estampado em seu rosto.
É como se eu conseguisse ler seus pensamentos, tamanho a
nossa conexão.
— Você é maluco. — Ela move os lábios apenas para eu
entender, ao mesmo tempo em que não consegue mais controlar as
lágrimas que caem pelo seu rosto e é quando coloca o microfone
vermelho próximo à boca, que sinto meu coração se apertar. — É
claro que aceito me casar com você.
Porra!
Foda-se que estamos sendo assistidos por milhões de pessoas.
Coloco o anel em seu dedo da mão esquerda e me levanto,
puxando-a para os meus braços. Mas antes que eu consiga beijá-la,
ela coloca a mão na minha boca e diz, apenas para eu ouvir:
— Nunca imaginei a minha vida sem você. — Ela sempre disse
isso, mas hoje, me emociono mais com suas palavras. — E eu nunca
irei imaginar, porque nascemos para ficar juntos, Chace. Primeiro
como melhores amigos, depois como amantes, e agora como futuros
marido e mulher. Assim como você, quero viver cada etapa da minha
vida ao seu lado, porque você sempre foi o único que me enxergou
através da minha névoa.
Suas mãos deslizam para meu pescoço e sua boca procura a
minha em um beijo que para sempre vai ficar marcado como o
terceiro mais especial de toda a nossa história.
Porque o primeiro foi quando nos beijamos pela primeira vez,
há mais de um ano, quando eu tinha medo de perder essa mulher
ao confessar meus sentimentos por ela. O segundo foi quando a
beijei aqui, assumindo o nosso relacionamento para milhões de
pessoas que nos assistiam. E agora esse, que entrelaça nosso futuro
juntos, me dando a certeza, que, sim, valeu a pena sair do medo
que vivia. Valeu a pena arriscar.
Que sorte a minha ter tido coragem para correr o risco e fazer
uma jogada final.
Que sorte a minha tê-la conquistado.
Agora, eu tenho o prêmio mais valioso nas minhas mãos, e
como em todos esses 28 anos juntos, nunca partirei o coração dela,
não antes de partir o meu primeiro.
E a lição que aprendo com toda a nossa história é a mais direta
e simples possível: não deixe que sua covardia vença a vontade de
ter o que você quer, de ter o que você ama. A vida é apenas uma só
e se você não viver cada momento dela, acabará se arrependendo
amargamente no futuro.
Essa é a minha história.
A história que terei o prazer de contar para os nossos filhos no
futuro, e eu não vejo a hora de fazê-los com Ocean.
OCEAN BAILEY
DEZ ANOS DEPOIS...
Filhos.
Quem disse que tê-los é a decisão mais sensata da vida de um
casal?
Observo meus dois pestinhas, com apenas um ano de
diferença entre um e outro, se sujando de chantily enquanto a avó
deles, acha tudo muito divertido.
Avós.
Elas são sempre um perigo para os netos, só que ninguém
ainda comprovou cientificamente isso.
— Por que você está tão pálida? — Chace pergunta, me
abraçando por trás enquanto beija a minha bochecha.
Ele ainda não viu o que estou vendo.
No entanto...
— Porra, mãe! O que significa isso? — Ele explode, quase
causando uma dor no meu ouvido com sua voz alta. — Nós
acabamos dar banho neles e vesti-los para o Natal.
— Mason e Ryan só estão se divertindo, filho. Você era pior
quando tinha essa idade.
Olho do meu marido para a minha sogra.
— É verdade que mamãe e papai aprontavam muito, vovó? —
Mason pergunta. Ele é o mais velho e tem seis anos.
— Muito, querido. — Minha segunda mãe pega um fio de seu
cabelo branco. — Está vendo isso? É porque seus pais eram
terríveis.
— Ainda bem que somos melores que eles — Ryan diz,
novamente sem conseguir pronunciar o LH direito. — Pai, mãe, ola o
bolo que estamos fazendo.
Encaro meu marido e acabamos sorrindo com a fofura dos
nossos filhos.
Pais bobos.
Ninguém avisa o quanto é difícil dar broncas nos filhos quando
somos tão apaixonados por eles.
Eu e Chace nos casamos seis meses depois daquele pedido
incrível de casamento no Super Bowl. Vivemos quatro anos felizes na
nossa casa em Nova York, trabalhando como sempre, nos amando a
cada dia mais e sendo o apoio um do outro quando mais
precisávamos. A vida de casados perfeita com nossa cumplicidade e
parceria, e a felicidade só se multiplicou quando, aos trinta e um
anos, descobri que estava grávida de Mason.
Tive uma gravidez tranquila, sem dramas e até mesmo sem
muitos desejos.
Quando meu primogênito nasceu, sabíamos que queríamos
que ele tivesse um irmãozinho ou irmãzinha o mais próximo da
idade dele possível. Foi então que planejamos a vinda do Ryan, que
aconteceu doze meses depois do nascimento do mais velho.
Seis anos se passaram desde então, e tudo o que mais amo é
a família que construí com Chace. Não há nada melhor do que ter
alguém que te dê suporte, que entende você 100% do seu tempo,
que a ama nos pequenos detalhes, e que não surta por qualquer
bobagem que pode ser sempre resolvida com uma conversa. Meu
marido é esse homem para mim.
E meus filhos... eles são inteligentes como nós dois.
Os pestinhas conseguem nos ter nas palmas de suas mãos com
tanto carinho que direcionam a nós dois sempre que possível.
— Vou deixar vocês terminarem o bolinho com o papai e a
mamãe, ok? — Sra. Lawson fala para os dois, que assentem.
Minha sogra para ao nosso lado antes de seguir para a sala,
onde a nossa família toda está.
— Não sejam tão severos por causa da sujeira deles. — Ela
pede baixinho para que eles não a ouçam. — Mason e Ryan queriam
dar um presente de Natal para vocês, e descobriram que torta de
morango é um dos doces favoritos de vocês.
— Droga, mãe. — O emocionado atrás de mim se rende.
Não é como se eu estivesse diferente.
— Aproveitem esses momentos. Ter filhos carinhosos assim, é
um presente dos céus.
Ela sai da cozinha, deixando-nos a sós com nossos pestinhas.
Um presente para nós? Essa é nova e ainda estou surpresa.
Chace segura a minha mão e nos aproximamos dos nossos
pequenos, que estão concentrados em enfeitar o bolo com chantily
rosa.
— Isso não está ficando bonito, Mason — o mais novo fala,
fazendo um biquinho com os lábios, igualzinho ao pai deles.
— Estou me esforçando, diferente de você, que só fica
comendo — o outro rebate, quase me fazendo rir.
— Hum... — chamo a atenção deles ao mexer nos enfeites de
Natal que tem ao lado do bolo. — Isso é para a torta que estão
fazendo?
— Sim — o mais velho responde, concentrado no trabalho à
sua frente. — É um bolo para a família comemorar a nossa data
favorita de todas.
Olho para meu marido, que prende a risada assim como eu.
Esses meninos... eles querem mesmo tentar nos enganar?
— Não é não! A torta é para o papai e para a mamãe — Ryan
rebate, emburrado.
Mason levanta a cabeça rapidamente e olha para o meu
fofoqueiro, que não consegue mentir, como se quisesse empurrá-lo
no chantily.
— Ryan Bailey Lawson! — Ele grita. — Qual o sentido de fazer
uma surpresa se você vai acabar falando?
Chace ri e coloca a mão nas costas do mais velho enquanto eu
me aproximo do meu pequeno, que parece triste por ter falado
demais.
— Mamãe e papai sempe falaram que não é para mentir — ele
se defende.
Beijo o topo da sua cabeça e ele me abraça apertado,
parecendo muito culpado.
— Está tudo bem, filho. — O tranquilizo.
— Algumas mentiras não são erradas, não quando queremos
fazer nossos papais felizes. — Mason ainda está chateado.
Olho para meu jogador, querendo que ele faça alguma coisa
antes que eles briguem em uma data tão especial como essa e
acabem se arrependendo depois.
Meus meninos já brigaram como em qualquer relação de
irmãos, mas eles nunca, em hipótese alguma, conseguem dormir
sem se falar.
Eles sempre se arrependem de terem discutido.
— Sabe o que nos deixaria ainda mais felizes? — Chace
pergunta e os dois negam com a cabeça. — Decorar esse bolo com
vocês.
— Igual decoramos a árvore de Natal? — Os olhinhos do Ryan
brilham quando ele solta os bracinhos do meu pescoço.
— Igualzinho — respondo e sento-me na cadeira, próxima à
bancada do bolo. — Vamos aproveitar que estamos todos do mesmo
tamanho e decorar esse bolo o mais lindo possível.
— A senhora continua pequena perto do papai. — Mason não
perde a chance de me provocar.
Meu marido ri.
— Sua mãe sempre vai ser pequeninha. — O idiota também
entra na onda de provocações. — É por isso que vocês têm que ficar
bem fortes para protegê-la.
— Proteger a mamãe é sempre a nossa pioridade. — O mais
novo me surpreende com a sua resposta, assim como me emociona
quando volta a me apertar com seus bracinhos ao redor do meu
pescoço.
— Amo vocês dois — declaro o que não me canso de dizer.
— Nós também, mamãe — Mason fala. — Mas podemos
prestar atenção no bolo agora?
Dou risada e concordo com a cabeça.
Meu marido se aproxima um pouco mais dos objetos de
decoração e pega alguns enfeites para colocar no bolo.
— Isso aqui ficaria legal aqui — orienta, pegando um morango
aberto com chantily no meio e uma carinha feliz, que imita muito o
Papai Noel, e o coloca em cima da torta. — Foram vocês que
fizeram?
— Vovó que cortou os morangos e nós que enchemos de
chantily e fizemos a carinha — Mason explica, orgulhoso do seu
trabalho. — Ficou parecendo o Papai Noel, né?
— Bom trabalho, crianças. Vocês têm talento. — Elogio.
Ryan, que sempre foi o mais sapequinha dos dois, pega um
pouco da massa branca com o indicador e suja o nariz do irmão.
— Ryan! — ele resmunga.
Prendo a risada e só para mostrar que está tudo bem, pego um
pouco do creme branco e sujo Chace.
— Ei! Isso foi de graça? — reclama, devolvendo na mesma
moeda um minuto depois.
Quando pisco, estamos uma completa bagunça de quem suja
mais quem com o chantily, em uma cena tão clichê e bonita, que eu
não vejo a hora de registrar em uma letra de música quando esse
dia maravilhoso acabar.
Meus filhos e meu marido são a minha maior fonte de
inspiração.
E não consigo me irritar que daqui alguns minutos teremos que
subir até o quarto e trocar de roupa de novo.
Momentos como esse, em que somos mais amigos e mais pais,
são o que torna a nossa vida mais leve, divertida e emocionante,
como deveria ser para todos.
Tudo pode ter um limite.
Mas hoje é Natal... Quem poderia nos julgar?
E chegamos ao final de mais um livro.
Espero que você, caro leitor, tenha gostado da leitura. Muito
obrigada por ter chegado até aqui!
Quando eu paro e penso, vejo que tenho muitas pessoas para
agradecer neste livro, e temo não me lembrar de todas, porque
quem me conhece há mais tempo, sabe que a minha memória é
péssima.
Mas quero começar agradecendo aos meus leitores, que
entenderam um pouco da minha ausência nas redes sociais e me
deixaram ficar no mundinho de Chace e Ocean, escrevendo-os, pois
sabiam que meu tempo era curto e porque queriam ler eles o mais
rápido possível. Vocês estão comigo em cada aventura e sou muito
grata. Amo vocês!
Aos meus pais, muito obrigada por me apoiarem em mais um
processo de escrita! Para escrever esse livro, tive que descumprir a
regrinha que coloquei no início do semestre de não trabalhar aos
finais de semana, mas vocês me entenderam mesmo assim e me
apoiaram em tudo. Obrigada por serem tão incríveis comigo. Amo
vocês!
Às minhas betas, que honra foi poder dividir o momento de
escrita com vocês. É tão gratificante poder compartilhar cada
instante e surtar com cada linha dos meus livros. Ver que vocês são
surtadas como eu, é ainda melhor. Rimos e nos divertimos muito
com Jogada Final. Desculpa por fazê-las surtarem com os meus
surtos, meu processo criativo é maluco, e acho que vocês já
perceberam isso. KKKKKKKKKK! Ana Laura, obrigada por todas as
opiniões, dicas e surtos com Jogada Final. Bruna Renata, você foi
uma das pessoas que insistiu para que eu criasse uma história como
essa, e obrigada por confiar no meu trabalho para isso e por todo o
apoio que me deu desde que era só uma ideia, obrigada por todas
as dicas e definições preciosas com os jogos da NFL, certos
momentos achei que nem ia entender, mas você estava ali me
ajudando com toda a calma e paciência que sonhei em ter alguém
trabalhando comigo. Obrigada também pelos vídeos que fez para
mim, pelo apoio e por toda ajuda que você sempre está disposta a
me dar quando preciso. Bruna Batistel, você foi outra pessoa que
também me ajudou muito no processo de escrita, especialmente
quando se tratava de jogos, então, muito obrigada por dedicar sua
paciência para que eu entendesse, por dedicar do seu tempo para
ler meu livrinho e dar suas opiniões sinceras que considero muito.
Juliana Nunes, obrigada por ler e betar esse livro mesmo em meio
ao caos dos seus compromissos pessoais, valorizo muito isso e sou
grata por poder trabalhar com suas opiniões sinceras. Luana
Siqueira, obrigada por betar esse livro com toda a sua “chatice”
possível, já te falei que não considero chatice, não quando são
opiniões para o livro se tornar o mais perto de perfeito possível,
então continue sempre sendo assim. Larissa Souza, obrigada por
compartilhar cada um dos seus surtos comigo, acho que talvez você
não saiba, mas isso ajuda a manter a minha confiança. Obrigada por
estar sempre disposta a me ajudar e por cuidar o máximo de mim,
você é incrível. Larissa ruivinha, obrigada por abdicar do seu tempo
para ler e betar eles, sei o quanto tudo está corrido, mas você ainda
estava me ajudando.
Sempre quis trabalhar com cada uma de vocês e é incrível ver
isso dando certo. Obrigada por tudo, meninas. Amei compartilhar
cada um dos momentos!
Às minhas amigas, obrigada por me abraçarem nesse processo
louco de escrita. Cada uma de vocês é muito especial para mim e
saibam que podem contar comigo para tudo que precisarem.
Obrigada, Bella, por ter me distraído nos momentos em que
precisava para tirar um pouco a cabeça do processo de escrita. Saiba
que sempre estarei aqui para você como sempre está para mim.
Obrigada, Bru, por ter me “enchido o saco” (muito no bom
sentido) para escrever esse livro, por todas as horas de call
fanficando a história, por ter me dado duas vagas com ilustradoras,
quando não tinha mais tempo de achar uma que fizesse, e por ter
me ajudado no processo criativo da história. Você disse que só eu
podia fazer isso e confesso que fiquei muito emocionada com a
confiança que tem no meu trabalho. Fazer um crossover nesse livro
com você, foi uma honra que me fez lembrar os velhos tempos, e
espero termos mais momentos assim no futuro.
Obrigada, Gabi, por todos os surtos com Chace e Ocean, e
pelas fanfics hots da sua cabecinha safada. Amo ler suas reações, e
com Jogada Final não foi diferente. Valorizo muito essa comunicação
incrível que nós temos.
Obrigada, Tati, por ter tirado do seu tempo de trabalho para ler
metade do livro escrito quando eu estava me sentindo perdida no
enredo e me dado dicas valiosas para torná-lo mais incrível,
obrigada por ter me perturbado (a perturbação que amo) com a
loirinha para que também escrevesse uma história inspirada nela e
no jogador geladeira da Electrolux. Ver você reagindo em primeira
mão com o que eu escrevia, me inspirou e me animou muito.
Obrigada, Kel, pela sua amizade e apoio de sempre. Conversar
com você sobre a vida e o trabalho sempre me inspira, surtar por
conta dos nossos BL’s e nossos meninos sempre anima meu dia.
Obrigada, Laryssa, que pediu por uma história assim no nosso
grupinho e surtou tanto com a minha ideia, que só me inspirou mais
a ir em frente. Foi muito divertido acompanhar suas reações lendo
esses dois.
Obrigada, Marcielle, por ter me ajudado em todo o processo de
escrita quando estava perdida, revisão, marketing e assessoria com
esse livro. No início, quando vim com a ideia de Jogada Final, você
ficou preocupada com o meu bem-estar, pois o tempo querendo ou
não, era curto, e valorizo muito isso, assim como sua preocupação
em fazer com que meu trabalho seja reconhecido. Obrigada.
Também sei o quanto te perturbo com as minhas loucuras,
mudanças de datas, enredos e memória de Dory, e por isso, sou
muito grata por você permanecer comigo mesmo assim, seja no
trabalho como na amizade.
Obrigada, Tamires, por todo apoio e amizade que estamos
construindo a cada dia mais. Passamos muitas das últimas semanas
surtando com nossos enredos e mal posso esperar para ler o seu
mais novo trabalho.
Não foi muito fácil e diversas vezes achei que não terminaria
esse livro a tempo, mas cada uma de vocês estava comigo me
ajudando de alguma forma. Amo vocês!
E por último, mas não menos importante: para as minhas
parceiras. Obrigada por cada divulgação, cada tempo dedicado a
trabalhar em uma forma de fazer Jogada Final alcançar mais
pessoas. Valorizo muito o esforço de vocês e sou muito grata por ter
pessoas tão incríveis trabalhando comigo.
Obrigada a todos!
Às Nathlovers... vejo vocês muito em breve! Amo todas <3
Não esqueça de avaliar
A sua opinião é muito importante para mim e para aquela pessoa
que está pensando em ler o livro.

Contatos:
Para falar comigo pode ser pelo Instagram ou por e-mail. Pode me
chamar que eu vou amar conversar com você.
Instagram: @autoranathalia
Twitter: @autoranathalia
E-mail: autoranathalia@gmail.com
SUMÁRIO
SINOPSE
NOTAS INICIAIS
PLAYLIST
INTERLUDE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01 – RED
CAPÍTULO 02 – IS IT OVER NOW?
CAPÍTULO 03 – WELCOME TO NEW YORK
CAPÍTULO 04 – SUBURBAN LEGENDS
CAPÍTULO 05 – ALL TO WELL
CAPÍTULO 06 – SHAKE IT OFF
CAPÍTULO 07 – CLEAN
CAPÍTULO 08 – NEW ROMANTICS
CAPÍTULO 09 – YOU BELONG WITH ME
CAPÍTULO 10 – BAD BLOOD
CAPÍTULO 11 – GORGEOUS
CAPÍTULO 12 – SPARKS FLY
CAPÍTULO 13 – DON’T BLAME ME
CAPÍTULO 14 – ELECTRIC TOUCH
CAPÍTULO 15 – THE ARCHER
CAPÍTULO 16 – SLUT
CAPÍTULO 17 – I CAN SEE YOU
CAPÍTULO 18 – MINE
CAPÍTULO 19 – DELICATE
CAPÍTULO 20 – MASTERMIND
CAPÍTULO 21 – SNOW ON THE BEACH
CAPÍTULO 22 – GLITCH
CAPÍTULO 23 – MESSAGE IN A BOTTLE
CAPÍTULO 24 – OUT OF THE WOODS
CAPÍTULO 25 – WILDEST DREAMS
CAPÍTULO 26 – HITS DIFFERENT
CAPÍTULO 27 – HOW YOU GET THE GIRL
CAPÍTULO 28 – STATE OF GRACE
CAPÍTULO 29 – LABYRINTH
CAPÍTULO 30 – UNTOUCHABLE
CAPÍTULO 31 - KING OF MY HEART
CAPÍTULO 32 – END GAME
CAPÍTULO 33 – CRUEL SUMMER
CAPÍTULO 34 – DRESS
CAPÍTULO 35 - DAYLIGHT
EPÍLOGO
BÔNUS
AGRADECIMENTOS

[1]
Os playoffs da National Football League (NFL) são o torneio eliminatório
anual realizado para determinar o campeão da liga.
[2]
Super Bowl é o jogo final do campeonato da NFL, a principal liga de
futebol americano dos Estados Unidos, que decide o campeão da temporada.
[3]
O principal objetivo do tackle é tirar a bola do controle adversário,
impedir o adversário de ganhar terreno até a linha de gol ou simplesmente de
parar a jogada em andamento.

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