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GDI – 2637/14697

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da 4ª UPJ Varas Cíveis e Ambientais da Comarca de Goiânia –
Estado de Goiás

Processo nº 5873008-04.2023.8.09.0051

MIDWAY S.A – CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO,


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no cadastro nacional de pessoa jurídica sob o nº
09.464.032/0001-12, com sede na Rua Lemos Monteiro, nº 120, Edifício Pinheiros One, Bairro Butantã,
CEP 05501-050 e com endereço eletrônico juridicocivel@riachuelo.com.br, nos autos do processo em
epígrafe, que lhe promove ABEL PEREIRA ALVES, vem, perante Vossa Excelência, por seu advogado
que esta subscreve, apresentar CONTESTAÇÃO, com fulcro nos artigos 335 e ss. do Código de Processo
Civil, consubstanciada nas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

1. Dos fatos

Narra a parte autora alega que, seu nome foi negativado pela
ré, por contrato que desconhece, sem nenhuma autorização legal.

Desta forma, requer: (i) tutela, sob pena de multa diária; (ii)
repetição do indébito; (iii) danos morais R$40.000,00; (iv) custas processuais e dos honorários
advocatícios.

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Esse é o breve relato dos fundamentos da pretensão da parte


autora, o qual deverá acarretar o julgamento da total improcedência da presente demanda, ante a
evidente falta de embasamento da pretensão postulada. Senão, vejamos:

2. Do mérito
2.1. Da verdade dos fatos – da ausência de conduta ilícita da ré

Em que pese o esforço empreendido pela parte autora na


narração dos fatos, há que se demonstrar que não ocorreram exatamente como descritos, sendo
necessários alguns esclarecimentos que levarão à conclusão de que não houve qualquer indício de
culpa na atitude da ré que caracterize indenização por danos, seja ele moral ou material, conforme se
verifica a seguir:

De início, cumprimos esclarecer que a negativação aqui


contestada é oriunda de débitos não adimplidos referentes a empréstimos contraídos pela parte
autora.

Além do mais, desde já destaca que o caso não será tradado


como fraude, pois há documentos suficientes para comprovar a relação jurídica entre as partes.
Vejamos:

A parte autora realizou seu cadastro junto a Riachuelo em


06/08/2012:

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O aceite do cartão bandeira foi realizado em 2019, porém não é


possível comprovarmos o teor das gravações, devido fim de contrato entre a Riachuelo e o AVAYA:

Dessa forma, tendo em vista que essa ré ficou impossibilitada de


produzir mais provas da relação jurídica diante do encerramento da antiga empresa de assessoria
parceria, requer-se a expedição de ofício para a antiga empresa parceira AVAYA BRASIL LTDA com
CNPJ 31.241.359/0001-84. -96, para que forneçam a gravação do aceite do contrato realizado entre
a empresa ré Midway S.A, CNPJ 09.464.032/0001-12 e com a parte autora ABEL PEREIRA ALVES, CPF
07086791610.

Ademais, a parte autora assinou a ficha cadastral:

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Ademais, a Ré promove, por segurança, o registro fotográfico


de todos os clientes no momento de contratação dos produtos comercializados, justamente para
prevenção de fraudes, e, como pode-se verificar, o autor, quem compareceu em sede da Ré para
solicitar a contratação do cartão:

O autor realizou as seguintes compras com seu cartão bandeira


(Compras aprovadas mediante digitação de senha pessoal):

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A maioria das compras foram realizadas em outros


estabelecimentos com a utilização do cartão bandeira que contém chip e algumas junto as lojas
Riachuelo.

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Inclusive, realizou os seguintes pagamentos, demonstrando


tacitamente a concordância com o contrato:

Ora, se houve o pagamento de alguns débitos, como pode a


parte autora pagar algo que desconhece? Veja a tamanha contradição de suas alegações.

Excelência, fraudadores não realizam pagamentos. O que se vê,


na verdade, é a tentativa de ludibriar o Douto Juízo com afirmações totalmente contraditórias e
inconsistentes.

Veja-se que a parte autora tenta alterar a verdade dos fatos ao


mencionar que nunca realizou negócio jurídico com esta ré, mas conforme o exposto acima, isso não
é uma verdade.

Da Negativação:

A autora não realizou os pagamentos dos vencimentos de


18/05/2022 e 18/06/2022, motivo pelo qual ele teve sua conta Riachuelo congelada e teve também
seu nome registrado junto aos órgãos de proteção ao crédito:

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A numeração do contrato é identificada pelo número 1


02036786047, demonstrando que o débito pertence ao cartão Riachuelo (o número “1” significa que
trata-se de despesa como cartão e o restante são os números do cartão Riachuelo da autora sem os 3
últimos dígitos).
SERASA:

Não ocorreu registro na Serasa.

Até a presente data não consta a quitação do referido débito:

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Conclui-se que a relação jurídica entre as partes e a origem do


débito restou comprovada. Assim, a ré não praticou nenhuma conduta ilícita e, conforme exposto, não
agiu com abusividade, sendo certo que uma vez contratado determinado serviço, tem o direito de
cumprir o contrato.

Não há qualquer prova acostada aos autos pela parte autora,


que a ré a teria cobrado de maneira excessiva, de modo que também não junta aos autos
comprovantes de pagamento que não conste já lançado no sistema da ré.

Comprova-se, portanto, que a ré não praticou conduta ilícita,


visto que as cobranças realizadas são todas devidas, diante da inércia da parte autora em realizar os
pagamentos devidos.

Não houve, por parte da ré, a intenção de lesar direito alheio.


Pelo contrário, a política adotada pela empresa é de sempre buscar a satisfação do cliente, sem
qualquer intenção de ludibriar seus consumidores.

Diante disto, resta que a ré realizou todos os procedimentos


necessários, não havendo que se falar em indenização a ser paga ao autor, sendo a única medida
aceitável a improcedência da presente demanda.

2.2. Do Exercício Regular do Direito

O descumprimento de obrigações contratuais permite à parte


lesada tomar medidas que visem à proteção do seu direito. No caso dos autos, a parte Autora
encontra-se inadimplente com relação ao pagamento de dívida junto à empresa Ré, fato que, por si,
permite a inclusão de seu nome nos cadastros de restrição ao crédito, em pleno exercício regular de
direito.

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Doutrina e jurisprudência são assentes ao reconhecer a


legitimidade da inscrição, pelo credor, do nome do devedor nos cadastros de restrição ao crédito, em
casos como o dos autos.

Importante destacar que o ato de negativação nos cadastros


protetivos de crédito é exercício regular de direito quando da existência de dívida inadimplida. Assim,
havendo uma dívida pendente e devida, a inserção do nome da parte Autora nos cadastros de
inadimplentes é perfeitamente cabível e legal.

Não houve descumprimento de contrato por parte da ré, pois o


serviço objeto principal do contrato foi utilizado pela parte Autora, conforme demonstrado nos autos.

Conforme se comprova nesta contestação, acima


demonstradas, configurado está que o valor cobrado pela Ré, se deu em pleno Exercício Regular do
Direito, tendo em vista que indubitavelmente a parte Autora não realizou o pagamento das faturas.

Neste sentido:

E M E N T A – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DÉBITO


C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DA DÍVIDA –
CONTRATAÇÃO COMPROVADA E DÍVIDA EXISTENTE E CEDIDA – INSCRIÇÃO NO
CADASTRO DE INADIMPLENTES DEVIDA, MAS NÃO COMPROVADA – EXERCÍCIO
REGULAR DO DIREITO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. I – Em que pese tratar-se de relação de consumo, tem-se que a
inversão do ônus da prova, na forma do art. 6º, inciso VIII, do CDC, não exime
a parte Apelante de comprovar a efetivação da negativação e a irregularidade
da cobrança. II – Verificada a regularidade da contração do serviço e o
inadimplemento, correta a Sentença que julgou improcedente o pedido
declaratório de inexistência de débito e indenização por danos morais, sendo
exercício regular de direito o envio do nome do consumidor aos órgãos de
restrição ao crédito. Jurisprudência aplicada. III – Recurso conhecido e
desprovido.

APELAÇÃO. “AÇÃO COMUM C/C PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


ANTECIPADA INCIDENTAL” INSCRIÇÃO IRREGULAR EM ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO

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CRÉDITO. SENTENÇA QUE JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO RECONHECENDO


A REGULARIDADE DA INSCRIÇÃO. RECURSO INTERPOSTO PELA AUTORA
VISANDO DECLARAR A ILEGALIDADE DA INSCRIÇÃO E O DEVER DE INDENIZAR.
PEDIDO REJEITADO. ELEMENTOS DE PROVA QUE COMPROVAM A RELAÇÃO
JURÍDICA ENTRE A AUTORA E a loja CEDENTE DO CRÉDITO. CESSÃO DE CRÉDITO
OPERADA ENTRE as lojas pernambucanas E A EMPRESA RÉ. DÍVIDA EXISTENTE.
INSCRIÇÃO LEGÍTIMA. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. FALTA DE
NOTIFICAÇÃO NÃO LIBERA O DEVEDOR DO ADIMPLEMENTO. PRERROGATIVA
DO CESSIONÁRIO À PRÁTICA DE ATOS PARA CONSERVAÇÃO DO SEU CRÉDITO.
AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO. (TJPR. Não identificado. Processo nº. Data do julgamento:
05/12/2022.)

Nesse azo, evidencia que a Ré agiu em conformidade em seu


regular exercício de direito ao se utilizar do cadastro em órgão de proteção como meio de adimplir
dívida com a parte autora.

2.3. Da aplicação da Súmula 385 do STJ – Da ausência de


Danos Morais

Na hipótese deste Juízo entender que a negativação ocorreu de


forma devida, o que não é aceitável, pois conforme amplamente demonstrado, houve a comprovação
da relação jurídica, deve-se se ater ao seguinte entendimento do Superior Tribunal de Justiça,
conforme a Súmula 385/STJ:

Súmula 385 –STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não


cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição,
ressalvado o direito ao cancelamento.
Tal Súmula se aplica ao caso concreto, pois a parte autora possui
diversas negativações anteriores, realizadas por outras empresas, conforme se demonstra no
comprovante anexo a esta contestação.

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Assim, não há que se falar em condenação por danos, haja vista


que a parte autora, em momento algum, trouxe aos autos documentos que comprovam a indenização
e ainda este possuía outros registros em seu nome.

Desta forma, percebemos claramente que a parte autora é


devedora contumaz, visto que realizou diversos débitos, em diversos estabelecimentos, conforme
documentos anexos.

2.4. Da ausência de dano moral

Embora o dano moral não seja passível de ser demonstrado


pelos meios tradicionais de prova – razão pela qual vulgarmente se fala em desnecessidade de provas
dos danos morais – a parte deve demonstrar, ao menos logicamente, a verossimilhança da ocorrência
de dano. Vale dizer: a parte deve ao menos expender uma narrativa consistente de circunstâncias
concretas que denotem a ocorrência da violação à dignidade da pessoa humana.

Nessa toada, ensina Sérgio Cavalieri:

Só se deve reputar como dano moral a dor, vexame sofrimento ou humilhação


que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento
psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angustia, desequilíbrio em seu
bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade
exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de se fazerem
parte da normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no trânsito, entre os
amigos e até no âmbito familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a
ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. (Programa de
Responsabilidade Civil, p.78) (grifou-se)
Ainda, segue posicionamento jurisprudencial nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. PROVA. AUSÊNCIA DE DANO INDENIZÁVEL.
COBRANÇA INDEVIDA. O reconhecimento à compensação por dano moral exige
a prova de ato ilícito, a demonstração do nexo causal e o dano indenizável que
se caracteriza por gravame ao direito personalíssimo, situação vexatória ou

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abalo psíquico duradouro que não se justifica diante de meros transtornos ou


dissabores da relação jurídica civil. - Circunstância dos autos em que se impõe
manter a sentença que afastou a pretensão por dano moral. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. MANUTENÇÃO. Os honorários devem ser fixados atendendo aos
critérios estabelecidos no art. 85 do CPC/15; e em particular com observância do
previsto nos respectivos §§ 2º e 8º. - Circunstância dos autos em que se impõe
manter os honorários. RECURSO DESPROVIDO. (TJRS. Decisão monocrática.
Processo nº 70082545500. Relator (a): João Moreno Pomar;. Data do
julgamento: 30/08/2019.)

A leitura da inicial não traz qualquer dos elementos acima


descritos, limitando-se a narrar o fato, sem, contudo, fazer menção ao abalo das relações psíquicas
que, caso presentes, autorizariam o pedido inicial.

A parte autora busca beneficiar-se da indenização para um dano


que nem ao menos foi caracterizado, aproveitando-se, pois, da tendência atual de se recorrer ao
Judiciário pleiteando indenizações baseadas em fatos que não têm o condão de causar nenhum
prejuízo apreciável.

Convém ressaltar que em momento algum as rés agiram com


dolo ou com culpa que ensejasse a sua condenação na reparação por danos morais ou qualquer outro
que tenha sofrido a parte autora, não havendo, portanto, dano a ser reparado.

Condenar estas rés sem que o dano moral tenha sido


minimamente comprovado leva a excessos inaceitáveis, com exageros que podem comprometer a
própria dignidade do instituto do dano moral.

Entendimento diverso seria parte autorizar o enriquecimento


sem causa – vedado pelo ordenamento jurídico pátrio – na medida em que importaria em outorgar à
parte autora soma em dinheiro com a única intenção de punir as rés que, diga-se de passagem, sequer
praticaram qualquer ato que pudesse gerar dano material ou moral reparável à parte autora.

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Assim, ausentes os requisitos para configuração do dano moral,


o pedido deverá ser julgado improcedente nos termos acima expostos.

2.5. Da quantificação dos danos morais

Conforme amplamente demonstrado, a autora não faz jus a


qualquer indenização por danos morais pelos supostos danos alegados.

Entretanto, caso Vossa Excelência entenda de maneira


contrária, em respeito ao princípio da eventualidade, deve-se ter sempre em mente que a fixação do
quantum indenizatório deverá ser feita do modo mais razoável possível, evitando-se que a indenização
constitua fonte de enriquecimento sem causa, bem como se observando as peculiaridades do caso e
os valores que regem a vida em nossa sociedade.

Conforme já amplamente demonstrado, não houve ilicitude na


conduta da ré, o que, desde logo, afasta a indenização propugnada pela autora.

O Poder Judiciário tem um papel social importantíssimo, que é


aplicação da vontade concreta da lei para solucionar os conflitos que brotam espontaneamente na
vida social. Devido à enorme sobrecarga de trabalho imposta ao Poder Judiciário pelo excesso de
demanda e pela escassez de recursos, um pleito como esse formulado pela autora, em que se busca
uma indenização exagerada, desmedida, mostra-se inconveniente, pernicioso, até porque denota o
exercício do direito de ação com a finalidade reprovável de gerar um enriquecimento ilícito, sem causa,
um enriquecimento que a parte não alcançaria com suas próprias forças.

Infelizmente, tem sido comum o desvirtuamento do instituto do


dano moral, uma inovação da Constituição Federal que tem sido utilizada com objetivos despiciendos.
O dano moral não serve para enriquecer ninguém; ele foi criado para compensar a vítima das lesões
não-patrimoniais a bens jurídicos que merecem tutela.

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Não obstante, é cediço a orientação do Superior Tribunal de


Justiça no sentido de se arbitrar indenização dos danos morais com moderação, independentemente
da extensão do dano ou da culpa. Dessa forma, evita-se também a intenção de se auferir de lucro por
parte do demandante.

Neste sentido é a ementa do C. Tribunal de Justiça do Estado de


São Paulo, abaixo transcrita:

DANO MORAL - Fixação que deve servir como repreensão do ato ilícito
Enriquecimento indevido da parte prejudicada – Impossibilidade - Razoabilidade
do quantum indenizatório: - A fixação de indenização por danos morais deve
servir como repreensão do ato ilícito e pautada no princípio da razoabilidade
sem que se transforme em fonte de enriquecimento indevido da parte
prejudicada. Bem por isso, diante da fixação da indenização por danos morais
com observância ao princípio da razoabilidade, mantém-se o "quantum" fixado
em sentença. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJSP. Acórdão. Processo nº 1001802-
34.2020.8.26. 0222;. Relator (a): Nelson Jorge Júnior. Data do julgamento:
18/05/2022.)
Não obstante, o artigo 944 do Código Civil determina que a
indenização deve ser medida pela extensão do dano, devendo o MM. Juiz observar a proporção entre
o quantum arbitrado a título de indenização e a efetiva extensão do dano.

Como diz Nelson Nery Junior ao comentar o artigo 944 do


Código Civil, “a regra é a de que quem estiver obrigado a reparar um dano, deve recompor a situação
pessoal e patrimonial do lesado ao estado anterior, para torná-la como era se o evento maléfico não
tivesse se verificado”.

Portanto, jamais poderá prosperar a pretensão indenizatória da


autora, na medida em que os fatos em apreço não se configuram lesão dolosa ou culposa, passível de
indenização, sendo a única medida cabível a improcedência da presente demanda.

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2.6. Da ausência dos requisitos ensejadores da inversão do


ônus da prova

O artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa do Consumidor prevê


entre seus direitos básicos: “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”.

Impõe referida norma que apenas e tão somente em duas


situações a mencionada inversão pode ocorrer, quais sejam, quando se verifique a hipossuficiência do
consumidor, que aparece expressamente como critério processual; ou a verossimilhança de suas
alegações.

A inversão do ônus da prova não significa isenção da parte


autora de demonstrar minimamente a veracidade de seu pedido, oportuno reproduzir aqui
precedente jurisprudencial:

DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. PRETENSÃO DE


REINTEGRAÇÃO DE POSSE. DECISÃO QUE INDEFERE A INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA. IRRESIGNAÇÃO DA PARTE RÉ. 1. Preliminar de nulidade da
decisão, por ausência de fundamentação, que se rejeita, pois, apesar de
concisa, cumpriu o comando dos artigos 93, IX, da CRFB/88 e 489, do CPC. 2.
A inversão do ônus da prova, tendo em vista a vulnerabilidade do
consumidor, destina-se a facilitar mecanismos de defesa dos seus direitos em
relação aos prestadores de serviços, atendendo aos critérios estipulados no
Código de Defesa do Consumidor (artigo 6º, VIII). 3. Tal facilidade, contudo,
não é automática e não isenta a parte da produção de prova mínima que
ampare o seu direito. 4. Correta, pois, a r. decisão agravada, na medida em
que a inversão do ônus da prova depende da análise dos requisitos básicos
aferidos pelo Juiz da causa, com base nos aspectos fático-probatórios
peculiares de cada caso concreto, devendo ser compreendida no contexto
dos autos, visando à facilitação da defesa dos direitos do consumidor e
subordinando-se às regras ordinárias de experiência. A medida se impõe
quando plausíveis as alegações da parte e caso o Magistrado constate a

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fragilização da mesma na demonstração do seu alegado direito. 5. Vale


observar que a decisão que indefere a inversão do ônus da prova somente
se reforma se teratológica (Enunciado nº 227 da Súmula do TJRJ), o que não
ocorre no caso concreto.6. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (TJRJ.
Acórdão. Processo nº 0054148-87.2022.8.19. 0000. Relator (a): Werson
Franco Pereira Rêgo. Data do julgamento: 06/10/2022.)
Além disso, o Código de Defesa do Consumidor não traz a
inversão do ônus da prova como regra geral, cabendo ao magistrado, no caso em concreto, analisar a
existência das condições de vulnerabilidade e verossimilhança das alegações para determinação de
seu cabimento. Nesse sentido é o entendimento jurisprudencial, senão vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. NEGATIVAÇÃO. CARTÃO DE


CRÉDITO. PARCELAS DE EMPRÉSTIMO EM ABERTO. DESCOMPASSO ENTRE O
ALEGADO E AS PROVAS QUE INSTRUIRAM O FEITO. AUSÊNCIA DE RÉPLICA.
INÉRCIA DA REQUERENTE QUANDO INSTADA A SE MANIFESTAR SOBRE A
PRODUÇÃO DE PROVAS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. APELO DA AUTORA.
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1.Apelo da autora contra a sentença que julgou
improcedentes seus pedidos. Pretensão para desconstituir dívida, que alegou ter
sido por ela paga, e para condenar a parte ré a pagar indenização por danos
morais por inserção do nome nos cadastros negativadores de crédito. 2. A parte
autora não se desincumbiu do ônus de comprovar o direito por ela alegado, na
forma do que dispõe o art. 373, inciso I do Código de Processo Civil. Somente
em sede de apelação a demandante impugnou a contestação e trouxe a
impressão de tela de uma conversa que teria sido por ela travada com um
atendente da ré. Em que pese o apelado não ter impugnado essa prova, é certo
que não é possível se conceber que se trata de prova nova, pois não
demonstrado pela apelante impedimento de produzi-lo quando do ajuizamento
da ação (art. 435, par. único, CPC).3.A inversão do ônus da prova, prevista no
inciso VIII, do artigo 6º, do Código de Defesa do Consumidor, não ocorre ope
legis, mas ope judicis, ou seja, não se dá de forma automática ou compulsória,
mesmo nas relações de consumo, pois ela depende da análise das condições
de verossimilhança da alegação e de hipossuficiência pelo juízo monocrático.
4.A vulnerabilidade do consumidor não o isenta da obrigação de produzir
prova mínima de suas alegações, se a comprovação está ao seu alcance.
Enunciado 330 da súmula de Jurisprudência desta Corte.5. Desprovimento do
apelo. (TJRJ. Acórdão. Processo nº 0000630-18.2021.8.19. 0066; Relator (a):
Helda Lima Meireles; . Data do julgamento: 17/10/2022.)

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No processo em tela, nota-se que o autor é absolutamente


capaz de demonstrar seus prejuízos, bem como detém do conhecimento e expertise necessários ao
entendimento da questão, restando prejudicada sua condição de vulnerabilidade.

Assim sendo, requer seja indeferida a inversão do ônus da


prova, cumprindo ao autor apresentar prova de suas alegações.

2.7. Dos Honorários Sucumbenciais

É cediço que os honorários sucumbenciais devem ser fixados de


forma justa, destinados a remuneração do advogado pelo trabalho despendido, assim, caso haja a
procedência da ação, deve-se ser observado o disposto no artigo 85, do Novo Código de Processo Civil:
Art. 85 A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor.
§ 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de
sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos
interpostos, cumulativamente.
§ 2o Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por
cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Desta feita, requer desde já, seja aplicado os honorários no seu


patamar mínimo (10%) sobre o valor da condenação e não do valor da causa, que muitas vezes se
mostra extremamente alto e incompatível com a realidade da ação.

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3. Da conclusão

Diante do exposto, requer que os argumentos de mérito sejam


acolhidos para julgar os pedidos autorais TOTALMENTE IMPROCEDENTES, tendo em vista a completa
ausência de provas, de fatos e fundamentos jurídicos que autorizem a prolação de um decreto
condenatório, nos termos do artigo 487, I do CPC.

Caso Vossa Excelência entenda que a demanda merece


prosperar, algo que definitivamente não se espera e se menciona apenas em razão do princípio da
eventualidade, requer que o quantum relativo aos danos extrapatrimoniais seja fixado com base nos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, levando-se em consideração as particularidades do
caso, nos termos do artigo 8º do CPC.

Requer-se ainda a expedição de ofício para a antiga empresa


parceira AVAYA BRASIL LTDA com CNPJ 31.241.359/0001-84. -96, para que forneçam a gravação do
aceite do contrato realizado entre a empresa ré Midway S.A, CNPJ 09.464.032/0001-12 e com a parte
autora ABEL PEREIRA ALVES, CPF 07086791610.

Pugna pela não inversão do ônus da prova, por não ter restado
demonstrada a condição de vulnerabilidade do requerente, devendo este produzir provas de suas
alegações.

Requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, sem exceção e em especial pelo depoimento pessoal da parte autora, sob pena de
confissão.

Por fim, requer a juntada dos inclusos documentos e


representação e substabelecimento, pugnando para que todas as publicações direcionadas para o
advogado Thiago Mahfuz Vezzi Thiago Mahfuz Vezzi, regularmente inscrito na OAB/GO sob o número

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43.085-A, com escritório na Avenida Paulista, 171, 8º andar, CEP 01311-904, São Paulo/SP, sob pena
de nulidade.

Termos em que pede deferimento.


Goiânia, 07 de março de 2024.

Thiago Mahfuz Vezzi

OAB/GO nº 43.085-A

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