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CONHECER
vocabulário géneros de
conhecimento:
mínimo
por contacto
prático
proposicional
bases:
definição (condições):
C (crença) + V (verdade) + J (justificação)
razão (pensar):
conhec. a priori
experiência (sentidos):
conhec. a posteriori
contraexemplos (Gettier)
relação (cognitiva)
entre um sujeito e
um objeto racionalistas empiristas
» EPISTEMOLOGIA
• Epistemologia (filosofia [ou teoria] do conhecimento) é a área que investiga os pro-
blemas relativos à natureza, fontes e limites do conhecimento (episteme)
– O que é o conhecimento? (O termo “conhecimento” é definível?)
– Qual a origem do conhecimento? (Há limites para se conhecer algo?)
– Será o conhecimento possível? (O nosso conhecimento é genuíno ou ilusório?)
• Caso 1. Um relógio parado indica a hora certa duas vezes por dia.
Imaginemos que a Teresa vê as horas no relógio público da estação, que é bastante
fiável, e pensa: “Nice, 8h25! Já vou chegar atrasada ao teste...”
A Teresa não percebeu que o relógio estava parado, mas, por acaso, são mesmo
8h25. A crença da Teresa (‘São 8h25’) é, pois, verdadeira e está justificada.
Ora, será que a Teresa sabe mesmo que são 8h25? (A sorte ou acaso constituem saber?)
» CRÍTICAS À DEFINIÇÃO TRIPARTIDA
• Caso 2. Os alunos do 12º J organizam um jantar de Natal e convidam o diretor de turma.
O DT tinha de sair mais cedo e, por isso, foi um dos primeiros a aparecer no restaurante, tendo chegado ao
mesmo tempo que o Edmundo.
Enquanto a turma não chegava, o DT foi conversando com o Edmundo sobre o ambiente da turma.
Uma das novidades que o Edmundo partilhou com o DT foi a de que o Paulo namorava com a Micaela.
Entretanto, chegaram mais três colegas, que também confirmaram que o Paulo e a Micaela namoravam,
acrescentando que os namorados se inibiam diante dos professores.
O jantar correu muito bem e toda a turma participou; o DT acabou mesmo por sair mais cedo e saiu
convencido de que o namorado da Micaela estava nojantar.
Na realidade, porém, a Micaela tinha acabado o namoro com o Paulo no dia anterior e, nesse mesmo dia,
tinha começado a namoriscar secretamente com o Ambrósio, que também era do 12.º J e tinha sido o último a
chegar ao jantar, já depois da saída do DT.
Os novos namorados foram muito discretos durante o jantar (não queriam magoar o Paulo).
• O DT, quando saiu do jantar, estava convencido de várias coisas (pensava que as sabia):
– 1. Tinha a crença de que o namorado da Micaela estava no jantar;
– 2. A crença do DT era verdadeira (“o namorado da Micaela foi ao jantar” é verdadeira [Ambrósio!]);
– 3. A crença do DT estava justificada (tem boas razões: tem testemunhos de várias alunos fiáveis)
• Este caso (contraexemplo) sugere que ter uma CVJ não é suficiente para ter conhecimento
– A justificação é a condição mais problemática: o que conta como boa justificação (qual é a sua natureza)?
» CONHECIMENTO A PRIORI & A POSTERIORI
• Há duas fontes ou bases principais de justificação [também há o testemunho, etc.]:
razão (pensamento) & experiência (sentidos)
– justificação da crença baseada no pensamento = conhecimento a priori
(não precisamos nem recorremos aos sentidos; basta pensar: usar somente a razão)
- todas as coisas verdes são coloridas ; os triângulos têm três lados ; 1 + 3 = 4
– justificação da crença formada por meio dos sentidos = conhecimento a posteriori
- o rio Tejo passa por Lisboa ; a relva na primavera é verde ; estou muito feliz
Bases da justificação Modos de conhecer Exemplos
• Racionalismo
– Os racionalistas, entre os quais se inclui René Descartes, geralmente não negam que
exista conhecimento a posteriori, mas pensam que, recorrendo unicamente à razão
ou ao pensamento (raciocínio), podemos obter conhecimento factual ou genuíno.
– Por exemplo, muitos racionalistas pensam que podemos saber a priori que Deus existe.
– Os racionalistas supõem, frequentemente, que o conhecimento a priori, por
oposição ao conhecimento empírico, assenta em justificações certas ouinfalíveis.
» O DESAFIO CÉTICO
» CETICISMO: TESES, ARGUMENTOS E CRÍTICAS
• Segundo os céticos, nenhuma das nossas crenças está justificada
– as bases tradicionais (razão, experiência, etc.) não garantem que não nos enganemos
– em suma, nenhuma crença pode tornar-se conhecimento (“conhecimento”=ilusão)
• Se há conhecimento, algumas crenças estão justificadas A→ B
• Mas nenhuma crençaestá justificada ~B (forma válida: modus tollens)
• Logo, não há conhecimento ~A
– na prática (vida real), os céticos suspendem o juízo (V? F?) [epoché] acerca de qualquer crença
-- ceticismo = nada pode ser conhecido com certeza (no melhor dos casos, tudo é mera opinião; para
alguns céticos, a incerteza ou limitação está nas capacidades humanas, para outros, está na realidade)
• Os céticos (aqueles que apresentam razões) usam, entre outros, estes dois argumentos:
– DIVERGÊNCIA DE OPINÕES (mesmo entre especialistas, não há certezas {infalíveis})
– REGRESSÃO INFINITA DE JUSTIFICAÇÕES (A é justificada por B, e [B?] B por C, e [C?] C por D... ∞)
• Críticas à posição cética:
– O ceticismo é autorrefutante; dizer (ou assumir) “sei que o conhecimento é
impossível” é uma proposição que se refuta a si mesma: digo que sei algo (não há
conhecimento) e, ao mesmo tempo, que nada se pode saber!
– O ceticismo é insustentável devido às suas implicações impraticáveis no quotidiano
» CETICISMO: TIPOS BÁSICOS E POSIÇÃO OPOSTA
• Ceticismo radical
– põem em causa, de modo global, a possibilidade de toda e qualquer espécie de
conhecimento (certo e infalível) [cético radical: Pirro de Élis]
– dúvida (para os rad.) é um modo de vida (prática diária) e um fim em si (ataraxia)
• Ceticismo moderado
– cinge o ceticismo a certos géneros ou domínios do conhecimento
• ex. 1: ser cético acerca do conhecimento da (in)existência de Deus (nome: agnósticos)
• ex. 2: ser cético em relação à possibilidade de se conhecer o que é o bem ou o mal
(estes céticos chamam-se céticos morais)
• ex. 3: ser cético quanto ao conhecimento a priori do mundo (chamam-se empiristas)