Você está na página 1de 67

Faculdade Anhanguera de Pelotas

Curso de Biomedicina
Ciências morfofuncionais dos sistemas digestório, endócrino e renal

Processo de digestão e absorção

Profa Dra Marjana Radünz


Vascularização do TGI

❖Artérias carótidas comuns e externas direita


e esquerda (cavidade oral, faringe e
esôfago cervical)

❖Veia jugular interna e suas tributárias


(vasos ou veias de menor calibre que
terminam na veia jugular interna)

❖Linfonodos cervicais profundos


Inervação do TGI

❖Nervos cranianos:

❖V par (n. trigêmeo),

❖VII par (n. facial),

❖IX par (n. glossofaríngeo),

❖X par ( n. vago) e

❖ XII par (n. hipoglosso)


Digestão x Absorção

❖ A digestão tem como objetivo degradação de alimentos ingeridos


até moléculas que sejam absorvíveis. A digestão ocorre,
principalmente, na cavidade oral, no estômago e no intestino delgado.

❖ A absorção é o movimento dos nutrientes, da água e eletrólitos do


lúmen intestinal para a circulação sistêmica. A maior parte da
absorção ocorre no intestino delgado, especialmente no jejuno e íleo
por meio das válvulas coniventes, das vilosidades e microvilosidades.
A digestão já começa antes mesmo do alimento chegar a
boca...

Nervo vago
Libera ácido gástrico
Enzimas pancreáticas
Relaxamento do esfíncter de oddi
liberando conteúdo biliar

Nervo glossofaríngeo
Libera acetilcolina
Sistema Nervoso Parassimpático Estimula a inervação das 3
glândulas salivares
Atua no aumento da saliva

Fase cefálica
Fase oral

❖Dentes: incisivos cortam e molares trituram – aumentar a superfície de


contato.
❖Saliva: lubrificação, auxilia na deglutição, início da digestão de CHO,
atividade antibacteriana, alcalinizar o esôfago.
Composição da saliva

❖Amilase salivar e lipase lingual – digestão inicial

❖Mucina – lubrificação

❖Lisozimas – microrganismos

❖ Calicreína - função vasodilatadora

❖ Imunoglobulinas A (IgA) – função imunológica

❖ Água, bicarbonato, sódio, potássio...


Deglutição

❖Fase voluntária de deglutição

❖Estágio faríngeo da deglutição

❖Estágio esofágico da deglutição


Reflexo da deglutição

❖Início voluntário pelos movimentos da língua até a faringe, depois é


um ato reflexo pelo centro de deglutição no bulbo

❖Inibe a respiração e a entrada de alimento no traqueia

❖Relaxamento do esfíncter superior do esôfago

❖Movimentos peristálticos provocados pelo músculo liso e relaxamento


do esfíncter esofágico inferior
Deglutição
Deglutição
Estômago - histologia

❖Três glândulas no estômago:

❖cárdicas ( produzem secreções mucosas)

❖gástricas (produzem suco gástrico digestivo)

❖pilóricas ( produzem secreções mucosas)


Secreções gástricas

Região do estômago Secreção luminal


Cárdia Muco e bicarbonato
Fundo e corpo Ácido clorídrico
Fator intrínseco
Muco
Bicarbonato
Pepsinogênio
Lipase
Antro e piloro Muco
Bicarbonato
Secreção gástrica ácida

❖O ácido clorídrico:

❖ promove a liberação e a ativação da pepsina.

❖ desencadeia a liberação de somatostatina pelas células D.

❖ desnatura proteínas

❖ auxilia a destruir bactérias e outros microrganismos ingeridos.

❖ inativa a amilase salivar


Secreção do ácido clorídrico

❖Inicia quando o H + do citosol da célula parietal


é bombeado para o lúmen do estômago em troca
por K +, que entra na célula, por uma Bomba de
hidrogênio-potássio.

❖O Cl- então, segue o gradiente elétrico criado por


H+, movendo-se através de canais de cloreto
abertos.

❖O resultado líquido é a secreção de HCl pela


célula.
Secreção gástrica ácida

❖O estômago produz 2 enzimas importantes na digestão: pepsina e lipase.

❖A pepsina (secretada na forma de pepsinogênio e clivada pelo HCl) realiza a


digestão de proteínas.

❖A lipase é cossecretada com a pepsina, quebrando triacilgliceróis (menos de


um terço da digestão de gordura ocorre no estômago).

❖Após a digestão no estômago, o bolo alimentar passa a se chamar de quimo.


Secreção parácrina

❖Histamina, somatostatina e fator intrínseco.

❖A histamina é secretada pelas células semelhantes às enterocromafins em


resposta à estimulação por gastrina ou por acetilcolina.

❖A histamina difunde-se para o seu alvo, as células parietais, estimulando a


secreção ácida por se ligar a receptores H2 nas células parietais.
Secreção gástrica parácrina

❖O fator intrínseco é uma proteína secretada pelas células parietais,


mesmas células gástricas que secretam ácido.

❖No lúmen do estômago e do intestino delgado, o fator intrínseco se


complexa com a vitamina B12, um passo que é necessário para a
absorção da vitamina no intestino.
Secreção gástrica parácrina

❖A somatostatina é secretada por células D no estômago.

❖A somatostatina reduz a secreção ácida direta e indiretamente por diminuir


a secreção de gastrina e histamina.

❖A somatostatina também inibe a secreção de pepsinogênio.


O estômago equilibra a digestão e a defesa

❖Sob condições normais, a mucosa


gástrica protege a si mesma da
autodigestão por ácido e enzimas com
uma barreira muco-bicarbonato.

❖A secreção de muco aumenta quando o


estômago é irritado, como pela ingestão
de ácido acetilsalicílico ou álcool.
Esvaziamento gástrico

❖O esvaziamento gástrico é
influenciado pelo SN
parassimpático e por hormônios
como gastrina e motilina.
Reflexo gastrocólico

❖ Ocorre quando o estômago está cheio, e influencia no movimento de


massa para o IG ( aquela vontade de ir ao banheiro após uma refeição
pesada).
Intestino delgado

❖ Recebe o quimo (secreção líquido-pastosa)

❖Realiza o final do processo digestivo – principalmente no duodeno

❖ Absorção dos compostos


Secreções intestinais

❖A cada dia, o fígado, o pâncreas e o intestino produzem mais de 3


litros de secreções, cujos conteúdos são necessários para completar
a digestão dos nutrientes ingeridos.

❖Enzimas digestórias, muco (intestino), bile (fígado), secreção de


bicarbonato (pâncreas).
Secreções pancreáticas
❖O pâncreas secreta enzimas na forma inativa (zimogênios).

❖ A ativação acontece em uma cascata que inicia quando a


enteropeptidase da borda em escova converte o tripsinogênio inativo
em tripsina, que por sua vez converte os outros zimogênios
pancreáticos em suas formas ativas.

❖A liberação da enzimas acontece pela distensão do ID, presença de


alimentos no ID, sinais neurais e hormônio colecistocinina.
Secreções hepáticas

❖A bile é uma solução não enzimática secretada pelos hepatócitos,


composta por:

1. sais biliares, que facilitam a digestão enzimática de gorduras.

2. pigmentos biliares, como a bilirrubina, que são os produtos


residuais da degradação da hemoglobina.

3. colesterol, que é excretado nas fezes.


Secreções hepáticas

❖A bile secretada pelos hepatócitos flui pelos ductos hepáticos até a


vesícula biliar, que armazena e concentra a solução biliar.

❖Durante uma refeição que inclua gorduras, a contração da vesícula


biliar envia bile para o duodeno através do ducto colédoco.
Secreções hepáticas

❖Os sais biliares não são alterados durante a digestão das gorduras.
Quando eles alcançam o íleo, eles encontram células que os
reabsorvem e os enviam de volta para a circulação, onde são
enviados para os hepatócitos que os captam e ressecretam.

❖Esta recirculação dos sais biliares é essencial para a digestão das


gorduras, uma vez que o pool de sais biliares do corpo deve circular
de 2 a 5 vezes em cada refeição.
Reflexo retoesfincteriano

❖ Acontece quando as fezes encontram-se posicionadas no reto, o que


influencia para o aumento dos movimentos de massa e o relaxamento do
esfíncter anal interno.
Motilidade do TGI

❖Função dos músculos do tipo liso.

❖Os esfíncteres auxiliam para que o alimento siga seu trajeto.

❖ Esôfago: esfíncter esofágico superior e esfíncter esofágico inferior


❖ Estômago: piloro
❖ Entre intestinos: válvula íleo-cecal
❖ Porção final do intestino grosso: esfíncter anal interno e esfíncter
anal externo.
Motilidade do TGI

❖Músculo liso circular e


longitudinais se contraem
empurrando o alimento
pelo TGI.

❖São inervados pelo plexo


mioentérico.
Motilidade do TGI

❖As células do músculo liso funcionam como sincício (várias células unidas
por junções comunicantes propagando o estímulo).

❖ As células do músculo liso se contraem e relaxam, como no caso do


peristaltismo.
Motilidade intestinal - ID

❖Quando o alimento atravessa o piloro (esfíncter na porção final do


estômago) ele chega no intestino delgado e será movimentado pelo
peristaltismo e segmentação.

❖Ambos os processos desempenham papéis cruciais na digestão, com


o peristaltismo focando no movimento e na segmentação auxiliando
na absorção.
Motilidade intestinal - ID

❖O peristaltismo envolve contrações rítmicas e onduladas do trato


gastrointestinal para impulsionar o alimento para a frente.

❖A segmentação consiste em contrações e relaxamentos alternados


nos intestinos, permitindo que os alimentos se misturem e se
quebrem.
Motilidade intestinal - IG

❖Quando a solução atravessa a válvula íleo-cecal (esfíncter entre os


intestinos) ocorre o movimento de massa por ação das haustrações.
Intestino grosso

❖ No cólon o quimo serve de alimento para as


bactérias presentes na microbiota intestinal
fisiológica.

❖ O corpo humano possui trilhões de micro-


organismos, como vírus, bactérias e fungos e
denominamos essa população de
microbioma.

❖ O microbioma pode contribuir com a


manutenção e preservação da saúde humana
e também, pode atuar no desenvolvimento de
doenças.
Microbiota intestinal

❖ A microbiota intestinal é desenvolvida no


período intrauterino e no parto, sendo
constituída nos primeiros cinco anos de vida
da criança e mantida até a idade adulta.

❖ Antigamente denominada flora intestinal


(termo ainda encontrado em muitas
publicações, porém, não adequado hoje em
dia), é de extrema importância para a saúde
do organismo humano.
Intestino grosso

❖ Surgem substâncias como a vitamina K, produzida pela degradação de


fibras vegetais por bactérias do intestino.

❖ Formam-se ainda gases nessa região, sendo o bolo fecal composto por
fibras vegetais não digeridas e bactérias.
Intestino grosso

❖ Enquanto o quimo vai passando pelo trajeto dos cólons, a água vai
sendo reabsorvida e o bolo fecal vai se tornando mais sólido, até chegar
ao reto e região do ânus.

❖ Quanto maior o tempo que se demora para evacuar, mais água é


retirada do bolo fecal e mais difícil se torna a evacuação.
Hormônios gastrointestinais

❖Gastrina
❖Secretina
❖Colecistocinina
❖Peptídeo semelhante ao glucagon (GPL1)
❖Peptídeo insulinotrópico glicose-dependente (GIP)
❖Grelina
❖Somatostatina
❖Motilina
Gastrina

❖Secretada pelas células G em resposta a presença de alimento


(principalmente proteínas) ou de estimulação neural.

❖Cai na corrente sanguínea e estimula células parietais do próprio


estômago a secretar pepsina e ácido clorídrico.

❖Auxilia na conversão de pepsinogênio em pepsina.

❖Atua nas células enterocromafins ( liberar histamina – mais ácido)


Secretina

❖Sua liberação pelas células S intestinais é fortemente estimulada na


presença de meio ácido no lúmen intestinal.

❖Atua também no pâncreas, estimulando secreção de bicarbonato,


que neutraliza o ácido proveniente do estômago, deixando o pH do
duodeno ótimo para a ação das enzimas pancreáticas.

❖Auxilia no retardo do esvaziamento gástrico.


Colecistocinina

❖Secretada pelas células I do intestino delgado superior, por meio


do estímulo advindo do ácido clorídrico, aminoácidos ou ácidos
graxos no estômago ou no duodeno.

❖Estimula a vesícula biliar a contrair e liberar a bile armazenada.

❖Atua no retardo do esvaziamento gástrico.


Peptídeo semelhante ao glucagon (GPL1)

❖Produzido no íleo e no cólon e liberado na presença de nutrientes no


íleo.

❖Diminui a secreção de glucagon e estimula a secreção de insulina

❖Retarda o esvaziamento gástrico – diminuir a fome


Peptídeo insulinotrópico glicose-dependente (GIP)

❖Produzido no duodeno e no jejuno e liberado na presença de


nutrientes.

❖Aumenta liberação de insulina para captação da glicose.

❖ Diminui a fome
Grelina

❖Auxilia na regulação da fome.

❖ Liberada quando o estômago está vazio, estimulando o processo da


fome.
Somatostatina

❖Produzido pelas células D da mucosa gástrica.

❖Atua diminuindo a liberação de ácido clorídrico pelas células parietais


do estômago.
Motilina

❖Liberada mais ou menos a cada 2 horas, ela tem papel fundamental


na motilidade.
Absorção no ID

❖ A absorção dos nutrientes ocorre nas porções do jejuno e do íleo


pelo processo de difusão passiva, sendo então enviados para o
fígado onde serão metabolizados e distribuídos pelo resto do
organismo.

❖Absorção isosmótica de água – água é transportada através da


membrana intestinal por osmose.

❖ Absorção de íons - sódio, cálcio, ferro, potássio, magnésio e fosfato.


Absorção no ID

❖Absorção na forma de monossacarídios (glicose, frutose e galactose)


a partir dos carboidratos; aminoácidos individuais, dipeptídios e
tripeptídios a partir das proteínas; e ácidos graxos, glicerol e
monoglicerídios a partir dos triglicerídios.

❖A passagem destes nutrientes digeridos do canal alimentar para o


sangue ou linfa é chamado absorção.
Absorção no ID

❖A absorção de materiais ocorre por meio da difusão, difusão


facilitada, osmose e transporte ativo.

❖Aproximadamente 90% de toda a absorção de nutrientes ocorre no


intestino delgado; os outros 10% ocorrem no estômago e no intestino
grosso.

❖Qualquer material não digerido ou não absorvido que sobra no


intestino delgado passa para o intestino grosso.
Absorção de carboidratos

❖ Todos os carboidratos são absorvidos como monossacarídeos,


principalmente como glicose.

❖A capacidade do intestino delgado de absorver monossacarídios é


imensa (aproximadamente 120 g por hora).

❖Somente não são absorvidas a celulose não digerível e as fibras, que


serão eliminadas nas fezes.
Absorção de carboidratos

❖ Os monossacarídeos passam do lúmen através da membrana apical


por difusão facilitada ou transporte ativo.
Absorção de lipídeos

❖Todos os lipídeos da dieta são absorvidos por difusão simples.

❖Os adultos absorvem aproximadamente 95% dos lipídios presentes


no intestino delgado.
Absorção de lipídeos

❖ Os ácidos graxos de cadeia curta pequenos podem se dissolver no


quimo intestinal, passam através das células absortivas via difusão
simples, e seguem o mesmo trajeto dos monossacarídeos e
aminoácidos em um capilar sanguíneo de uma vilosidade.
Absorção de lipídeos

❖ Os ácidos graxos de cadeia curta grandes são circundados por sais


biliares formando micelas. Uma vez formadas, as micelas se movem
do interior do lúmen do intestino delgado para a borda em escova das
células absortivas.

❖Nesse momento os ácidos graxos se difundem para fora das micelas


em direção às células absortivas, deixando para trás as micelas no
quimo.
Absorção de proteínas

❖ A maior parte das proteínas é absorvida como aminoácidos por meio


de um processo de transporte ativo que ocorre principalmente no
duodeno e no jejuno.

❖Diferentes transportadores transportam tipos distintos de


aminoácidos.

❖Alguns aminoácidos entram nas células de absorção das vilosidades


via processos ativos de transporte secundário dependentes do sódio,
e outros são transportados ativamente por si só.
Absorção no IG
Absorção no IG

❖ Absorve água, íons, incluindo sódio e cloreto, e algumas vitaminas

❖ Formação do bolo fecal.


Defecação

❖ Apesar de ser um ato involuntário, existe o componente "voluntário“


controlado pelo esfíncter externo do ânus, que é constituído de músculo
estriado esquelético, controlando-se a vontade de defecar.
Resumindo...
Referências

❖DOUGLAS, Carlos Roberto. Tratado de Fisiologia Aplicada às Ciências


Médicas 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

❖SCHMITZ, PAUL G. Rins: Uma Abordagem Integrada à Doença. São Paulo:


McGraw-Hill, 2012. (Recurso online / Minha Biblioteca)

❖ZURRON, Ana Claudia Bensuaski de Paula. Ciências morfofuncionais dos


sistemas digestório, endócrino e renal. Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2015.

❖MOORE, Keith L.; AGUR, Anne M.R.; DALLEY, Arthur F. Fundamentos de


anatomia clínica. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
Faculdade Anhanguera de Pelotas
Curso de Biomedicina
Ciências morfofuncionais dos sistemas digestório, endócrino e renal

Processo de digestão e absorção

Profa Dra Marjana Radünz

Você também pode gostar