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Inovação em Saúde I

Curso: Nutrição
Alunas: Talita Pinheiro; Eduarda Rocha, Marlene Gomes, Isabela Perete, Hiandra
Beatriz, Luiza Rozalina; Enny Bonomo; Maria Martins; Rissa Ramos

Tema: Seletividade Alimentar na Infância.

Público alvo: Tentantes, gestantes e lactantes.

SUMÁRIO
Introdução: Pág 2 -----------------------------------------------------------------------------------------------

Principais causas que geram a Seletividade Alimentar (SA)---------------------------


Líquido Amniótico e Aleitamento Materno: Da influência genética as preferências
adquiridas. Pág.2-------------------------------------------------------------------------------------------------
Como a dieta da mãe pode interferir na produção do leite materno, que será
responsável pela nutrição do bebê durante os primeiros meses. Pág.2-3-------------------
Introdução precoce de alimentos industrializados com sal em excesso, açúcares,
aditivos e conservantes artificiais. Pág.3 ---------------------------------------------------------------
A Seletividade Alimentar leva o indivíduo a uma Carência de Micronutrientes. Pág.4 --

As consequências da dieta de indivíduos com Seletividade Alimentar na Microbiota


Intestinal. Pág.4 --------------------------------------------------------------------------------------------------
Como a oferta da chupeta pode interferir no desmame precoce e Seletividade
Alimentar. Pág.4 -------------------------------------------------------------------------------------------------
Conclusão. Pág.5 ------------------------------------------------------------------------------------------------
Referências. Pág.6-7 --------------------------------------------------------------------------------------------
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Introdução

As mulheres durante o período gestacional e lactação são acompanhadas e monitoradas,


em relação ao ganho de peso, tendo acesso a orientações nutricionais específicas para
essa fase. O estado nutricional, reflete no risco de morbidade no período gestacional,
podendo haver carências de nutrientes, assim como diabetes gestacional e/ou síndrome
hipertensiva. Além de comorbidades, a alimentação da mulher durante a gestação, também
pode impactar na vida da criança, após o seu nascimento.
O objetivo deste trabalho é tornar explícito o poder que uma alimentação durante a fase
gestacional, de lactação ou introdução alimentar pode interferir na vida de uma criança,
tornando-a suscetível à problemas de curto, médio e longo prazo em decorrência à
Seletividade Alimentar (SA).

Principais causas que geram a Seletividade Alimentar (SA)

Líquido Amniótico e Aleitamento Materno: Da influência genética as preferências


adquiridas.
A disponibilidade e o suprimento de nutrientes ao feto em desenvolvimento dependem do
estado nutricional da mãe, que por sua vez, é influenciado pelos seus estoques de
nutrientes, ingestão alimentar e necessidades obrigatórias. A primeira refeição que um ser
humano consome não é o leite ou fórmula de sua mãe, mas sim o líquido amniótico ingerido
pelo feto ainda no ambiente uterino (BUCHANAN E BOHÓRQUEZ, 2018). Esse primeiro
contato, introduz o início da relação cérebro/intestino, estabelecendo uma comunicação que
será mantida ao longo de sua vida (BUCHANAN E BOHÓRQUEZ, 2018). Após um estudo
realizado na França (SCHAAL; MARLIER; SOUSSIGNAN, 2000), constatou-se que aromas
de alimentos consumidos por gestantes podem ser passados ao líquido amniótico. Em um
experimento, a gestante bebeu líquido flavorizado de anis nas últimas semanas de
gestação, e, após o nascimento de seu bebê, ao apresentá-lo aroma de anis, demonstrou
reações faciais positivas. É importante que o ambiente intrauterino seja rico em sabores,
transmitidos através da alimentação da mãe para o líquido amniótico.
O leite materno aparece como único e incomparável alimento para as crianças, pois é
completo e ideal às necessidades do bebê, desde o seu nascimento, alongando-se aos
primeiros anos de vida. É possível identificar, conforme Andrade (2014), que os alimentos
ingeridos pela mãe refletem nos sabores constituintes em seu leite materno, e
consequentemente consumido pela criança, este fato conduz a criança a demonstrar
futuramente maior interesse por alimentos consumidos pela mãe.

Como a dieta da mãe pode interferir na produção do leite materno, que será
responsável pela nutrição do bebê durante os primeiros meses:
Embora a dieta materna não afete a quantidade de proteína, gordura e hidratos de carbono
em seu leite, pode haver deficiência nas concentrações de alguns ácidos graxos, vitaminas
e minerais de acordo com o tipo de alimentação ingerida pela lactante. Mulheres que
consomem pequena quantidade de carboidrato por dia, podem apresentar sinais de fadiga,
desidratação e perda energética durante o período de aleitamento. Diante da importância
da prática do aleitamento materno (e como futuramente ele pode contribuir para uma boa
aceitação de variados alimentos pela criança), é fundamental conhecer todas as variáveis
que possam interferir de forma negativa no momento de interação entre a mãe e seu filho.
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“São os pais que influenciam nas primeiras escolhas alimentares de seus filhos, sendo
assim, são eles que determinam uma alimentação saudável ou não.”
Dentre os diversos elementos que se relacionam direta ou indiretamente com a lactação, a
dieta materna, como fonte de nutrientes para a produção adequada de leite, pode ser
influenciada por questões econômicas, sociais e culturais. Dentre as questões culturais, os
tabus ou restrições alimentares, podem fazer com que a lactante se prive de nutrientes
importantes para o seu sustento e, consequentemente, para a produção de leite. As
influências culturais podem ser grandes a ponto de se restringir o consumo de alimentos
ricos em energia e proteína, interferindo no estado nutricional da lactante. Por outro lado, é
bom lembrar que o bem-estar emocional, pelo lado favorável, e o estresse materno, pelo
lado desfavorável, podem influenciar de forma significativa e decisivamente o sucesso da
lactação.
“Amamentar é muito mais que alimentar uma criança”. O leite materno é o primeiro contato
das crianças pequenas com uma comida de verdade e o período da amamentação é
especial, cercado de afeto e cuidado (BRASIL, 2019b, p. 21).

Introdução precoce de alimentos industrializados com sal em excesso, açúcares,


aditivos e conservantes artificiais:
O leite materno, isoladamente, é suficiente para suprir as demandas nutricionais da criança
nos primeiros seis meses de vida e, a partir desta idade, a introdução da alimentação
complementar é necessária para fornecer o aporte adequado de nutrientes para o
crescimento e desenvolvimento infantil saudável.
A oferta precoce de alimentos com alto grau de processamento, industrializados, com sal
em excesso, açúcares, aditivos e conservantes artificiais pode interferir na sensibilidade e
desenvolvimento do paladar da criança, tornando mais difícil para ela conhecer os
verdadeiros sabores e texturas dos alimentos, apreciar e aceitar alimentos saudáveis no
futuro e fazendo com que prefiram alimentos mais doces no decorrer do crescimento.
Apesar das evidências, estudos mostram cada vez mais práticas inadequadas de
introdução da alimentação complementar com a oferta de alimentos não recomendados. A
introdução desses alimentos ultra processados, altamente energéticos e hiper palatáveis,
associada à interrupção do aleitamento materno, prejudica o crescimento e
desenvolvimento da criança, além de favorecer a ocorrência de processos que geram
infecção, alergias e distúrbios nutricionais. Adicionalmente, substâncias presentes nesses
alimentos podem irritar a mucosa gástrica da criança dificultando a digestão e absorção de
nutrientes. Sabe-se que há uma relação entre a introdução precoce (geralmente abaixo dos
4 meses de idade) alimentos açucarados e salgados com sobrepeso e obesidade em
crianças com idade entre 4 e 7 anos, além do aumento considerável de doenças crônicas e
de cunho odontológicas. (SBP, 2018)
Além disso, crianças que apresentam atraso na introdução de alimentos sólidos durante o
primeiro ano de vida estão mais propensas a desenvolver comportamentos seletivos ao
longo da infância, sendo estes mais claramente identificados ao redor dos 7 anos de idade.
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A Seletividade Alimentar leva o indivíduo a uma Carência de Micronutrientes


Os micronutrientes são os minerais e as vitaminas. Sua principal função é facilitar as
reações químicas que ocorrem no corpo. Crianças com Seletividade Alimentar (SA) podem
restringir a ingestão de alimentos, com risco de deficiência de macro e micronutrientes, que
pode impactar no crescimento, desenvolvimento e no sistema imune, além do risco de
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Dados nacionais relativos a
crianças entre 4 e 8 anos com SA indicam deficiências elevadas para cálcio, zinco, ferro e
vitamina A. Taylor e colaboradores identificaram inadequação na ingestão de ferro, zinco e
vitamina A em crianças com seletividade alimentar como consequência da restrição de
carne, peixe, frutas e vegetais, alimentos comumente excluídos da dieta por crianças com
SA.

As consequências da dieta de indivíduos com Seletividade Alimentar na Microbiota


Intestinal
A microbiota consiste numa grande variedade de bactérias, vírus, fungos e outros
microrganismos unicelulares que habitam no nosso organismo. Pacientes com seletividade
alimentar tendem a ter diversos problemas gastrointestinais, sofrem estresse oxidativo no
intestino e podem adquirir alterações na microbiota intestinal. Renz e colaboradores (2021)
ao estudarem 924 crianças chinesas de 1 a 3 anos de idade, identificaram que as com
dificuldade alimentar apresentavam mais episódios de diarreia ou constipação e piores
habilidades motoras finas e sociais.

Como a oferta da chupeta pode interferir no desmame precoce e Seletividade


Alimentar
As chupetas são geralmente usadas para acalmar o bebê e não fornecem alimentação; seu
uso pode levar à menor frequência de amamentar. Com isto, a estimulação do peito e a
retirada do leite da mama podem ficar diminuídas, levando à menor produção do leite, cuja
consequência é levar ao desmame. Podem também prejudicar a função motora oral,
exercendo papel importante na síndrome do respirador bucal, e também levar a problemas
ortodônticos provocados pela sucção do bico, que não estimula adequadamente os
músculos da boca. Ela causa uma cavidade oral, que faz com que a criança não
desenvolva as habilidades suficientes para auxiliar no início da alimentação. Além do
impacto na introdução alimentar. Carla Deliberato atenta para uma sequela na fala e
dentição. “A chupeta prejudica as estruturas oro faciais da boca, a criança fica com a língua
mais rebaixada, impactando a musculatura oro facial, interferindo até no desenvolvimento
da fala. Pode ter impacto também na dentição, que dificulta a mastigação dos alimentos.”
diz a profissional. Fonte: Carla Deliberato é fonoaudióloga formada pela PUC-SP desde
2003, com vasta experiência em atendimento clínico, hospitalar e domiciliar de pacientes
com dificuldades alimentares (disfagia, recusa alimentar e seletividade alimentar). Passou a
entender e atuar com recusa e seletividade alimentar por conta da maternidade, quando
descobriu que a segunda filha, tinha resistência aos alimentos, além de sofrer com náuseas
recorrentes durante o processo de introdução alimentar.
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Conclusão
A fim de minimizar as futuras consequências promovida pela Seletividade Alimentar, como
o risco de enfermidades, tais como hipertensão, síndrome metabólica, diabetes, obesidade
ou até mesmo algum tipo de câncer, é importante a participação ativa dos pais e
cuidadores, colocando em prática os cuidados necessários antes mesmo do bebê nascer,
desde a fase da gestação, amamentação e introdução alimentar do mesmo. A importância
de uma boa alimentação durante a gestação e como essas escolhas podem influenciar na
saúde futura do bebê. O tratamento precoce evita as consequências de carências
nutricionais e possibilita o crescimento e o desenvolvimento adequado da criança.
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2003

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