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Universidade Federal da Bahia – UFBA

Escola de Nutrição – ENUFBA


Componente curricular – Higiene e Inspeção dos Alimentos I (NUT124)
Docentes: Profa. Rogéria / Profa. Rosemary / Profa. Renata
Discentes: Claudia Senise, Lorena Moraes e Pedro Cavalcante

RELATÓRIO SOBRE INSPEÇÃO DA ROTULAGEM DOS


ALIMENTOS

Salvador/BA, abril de 2023


1. INTRODUÇÃO

A presença de informações precisas e completas nos rótulos dos produtos alimentícios é de extrema
importância, pois isso auxilia a população a realizar escolhas alimentares mais saudáveis. Ao compreender as
informações nutricionais e os ingredientes presentes nos produtos, os consumidores podem tomar decisões
mais conscientes sobre a composição e qualidade nutricional do que estão comendo, contribuindo assim,
para uma possível adoção de uma dieta equilibrada e saudável.
No Brasil, a rotulagem dos alimentos é regulamentada pela RDC 429/2020. Essa Resolução se aplica
aos alimentos embalados na ausência dos consumidores, incluindo as bebidas, os ingredientes, os aditivos
alimentares e os coadjuvantes de tecnologia, inclusive aqueles destinados exclusivamente ao processamento
industrial ou aos serviços de alimentação (Brasil, 2020).
A RDC 481/2021, dispõe sobre os requisitos de identidade, composição de ácidos graxos, qualidade
e rotulagem dos óleos e gorduras vegetais, destinados ao consumo humano. (Brasil, 2021)
As informações nutricionais de um produto devem ser apresentadas em relação à sua forma de
venda, acompanhadas de medidas caseiras correspondentes. Além disso, devem conter o percentual de
valores diários para cada nutriente declarado, exceto para os ácidos graxos trans, para os quais o percentual
de valor diário não é obrigatório. Essas informações são fundamentais para que os consumidores possam
fazer escolhas informadas e saudáveis em relação à sua alimentação (Brasil, 2005). Esta regra vale para
alimentos no geral, incluindo os óleos vegetais, produtos frequentemente consumidos em todo o mundo. 
Os óleos vegetais desempenham um papel fundamental como fontes de energia e ácidos graxos
essenciais para o organismo humano, destacando-se o ácido linoléico (ω-6) como um componente
importante. Além disso, esses óleos são relevantes para o bom funcionamento do corpo, pois ajudam no
transporte das vitaminas lipossolúveis. (MASUCHI et al, 2008).
Óleos vegetais extraídos de sementes, tais como soja, milho, canola e girassol, e de arbustos, como o
azeite, têm sido amplamente utilizados pela população como substitutos da gordura animal. Esse fato se
deve, em grande parte, ao valor nutricional desses óleos, à sua maior disponibilidade, menor custo, maior
produção e excelente qualidade. Todos esses fatores são fundamentais para justificar essa escolha por parte
dos consumidores. (RABELO; HENRIQUE; LABANCA, 2017)
Neste sentido, este trabalho buscou avaliar rotulagens geral e nutricional de óleos vegetais de
diferentes origens, matérias-primas e marcas, verificando adequação à legislação e parâmetros opcionais
considerados importantes.

2. OBJETIVO
Avaliar rotulagens geral e nutricional de óleos vegetais de diferentes origens, matérias-primas e
marcas, verificando adequação à legislação e parâmetros opcionais considerados importantes.

3. METODOLOGIA
Foram analisados 20 rótulos de diferentes tipos de óleos, de 5 marcas populares, coletados em
supermercados da região de Salvador/BA, sendo 4 rótulos de óleo de canola, 4 de girassol, 4 de óleo de
milho, 4 de óleo de soja e 4 de azeite de oliva extravirgem. Todas as embalagens de óleos analisados eram
transparentes incolor e as de azeite de oliva eram transparentes e escuras.
Os rótulos foram avaliados de acordo com a legislação vigente (BRASIL, 2020; 2021), onde foram
analisadas as informações presentes no rótulo e na tabela nutricional obrigatória, levando em consideração
tanto a extensão das informações quanto a estética, exigidas por lei. Foram analisadas as informações de
caráter opcional, colocadas sob o intuito de informar ao consumidor sobre vantagens do consumo do
produto, mas que também devem atender a exigências legais. Essa análise levou em consideração a lista de
ingredientes, os nutrientes declarados na tabela nutricional, e informações adicionais. 
Os parâmetros analisados foram: prazo de validade, identificação do lote, acidez (no caso do azeite
de oliva), índice de peróxidos, presença da informação sobre cuidados de armazenamento, presença na tabela
nutricional dos nutrientes de declaração obrigatória, presença dos nutrientes de declaração opcional e a
presença de declarações por extenso sobre conteúdo de alguns compostos no rótulo (colesterol, gorduras
trans, vitamina E e ácidos graxos ômega 3 e 6).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os óleos vegetais são a principal fonte de ácidos graxos presentes na dieta humana. Tais compostos
podem ser obtidos por prensagem a frio ou por extração utilizando solventes orgânicos. São compostos em
sua maioria, por triacilgliceróis, mas também podem ser ricos em ácidos graxos poliinsaturados, essenciais
para o crescimento, manutenção da saúde e prevenção de doenças. São obtidos a partir de fontes vegetais
como sementes de soja, milho, canola, girassol, licuri, piaçava, dentre diversas outras. (SUTILLE. et al,
2017)
Através da análise dos rótulos obtidos na pesquisa em campo, verificou-se que todos os rótulos
analisados atenderam aos requisitos obrigatórios (identificação do lote e validade, instruções sobre cuidados
de armazenamento e a presença dos nutrientes de declaração obrigatória na tabela nutricional - valor
calórico, proteínas, carboidratos, gorduras, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio.
Portanto, todos as marcas avaliadas cumpriram com a obrigatoriedade preconizada pela legislação, estando
assim, isentas de quaisquer possíveis punições.
Quanto à lista de ingredientes, todos os rótulos indicaram a presença do conservante TBHQ bem
como o antioxidante ácido cítrico, responsáveis por garantir uma maior durabilidade do produto, evitando
reações de degradação como processos oxidativos.
De acordo com a legislação (BRASIL, 2002; BRASIL, 2003a), é deve constar na tabela nutricional valor
calórico, proteínas, carboidratos, gorduras, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. Todos
os rótulos estudados atenderam às exigências.
Alguns nutrientes não são obrigatórios apresentam benefícios para a saúde do consumidor, sendo,
portanto, vantajosa aos fabricantes, a exposição dos mesmos, de forma que valoriza seu produto. A maioria
dos óleos vegetais apresentou ácidos graxos mono e poliinsaturados e vitamina E. Na Tabela 1 é possível
visualizar os nutrientes não obrigatórios presentes em 4 diferentes marcas de óleo e azeite de oliva
extravirgem, e pode-se observar que a as marcas analisadas majoritariamente apresentaram os quatro
nutrientes abordados, com exceção dos rótulos de azeite de oliva extra virgem, que apresentam somente
teores de gorduras saturadas.
Tabela 1 – Presença de nutrientes opcionais em marcas de diferentes tipos de óleos vegetais e azeite de oliva extravirgem comerciais. (“x” indica presença;
“-” indica ausência).

Tipo de Óleo Nutrientes Marca 1 Marca 2 Marca 3 Marca 4


Gorduras Saturadas x x x x
Gorduras Monoinsaturadas x - x x
Canola
Gorduras Poliinsaturadas x - x x
Vitamina E x - x x
Gorduras Saturadas x x x x
Gorduras Monoinsaturadas - x - x
Girassol
Gorduras Poliinsaturadas - x - x
Vitamina E x x x x
Gorduras Saturadas x x x x
Gorduras Monoinsaturadas x x x x
Milho
Gorduras Poliinsaturadas x x x x
Vitamina E x - x x
Gorduras Saturadas x x x x
Gorduras Monoinsaturadas - x x x
Soja
Gorduras Poliinsaturadas - x x x
Vitamina E x x x x
Gorduras Saturadas x x x x
Gorduras Monoinsaturadas - - - -
Azeite de oliva
extravirgem Gorduras Poliinsaturadas - - - -
Vitamina E - - - -
5. CONCLUSÃO

De acordo com a análise dos rótulos de marcas de óleos comercializados hoje, foi possível concluir que as
normas obrigatórias de rotulagem estão sendo cumpridas, fato de grande importância para a garantia de uma
qualidade, clareza e veracidade de informações expostas aos consumidores, de forma que facilite as escolhas
deles. O cumprimento de normas, como as citadas, é de extrema importância para todos os tipos de
alimentos, como forma de garantir uma padronização e uma maior segurança em relação ao que se é
consumido.

6. REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n o 481, de 15 de março de 2021.
Aprova os requisitos sanitários para óleos e gorduras vegetais. Diário Oficial da União. Brasília/DF.
17 de março de 2021. 
2. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n o 429, de 8 de outubro de 2020.
Aprova a Rotulagem Nutricional dos Alimentos Embalados. Diário Oficial da União. Brasília/DF. 09
de outubro de 2020.
3. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rotulagem Nutricional Obrigatória: Manual de
orientação às indústrias de alimentos. 2a versão.  Brasília/DF. 2005.
4. MASUCHI, M. H., CELEGHINI, R. M. dos S., GONÇALVES, L. A. G., & Grimaldi, R. (2008).
Quantificação de TBHQ (terc butil hidroquinona) e avaliação da estabilidade oxidativa em óleos de
girassol comerciais. Química Nova, 31(Quím. Nova, 2008 31(5)), 1053–1057. Acesso em 30/09/2023.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/QN5nyNVSDwKbbcwkKZbkLnv/?lang=pt#
5. RABELO, Daniel Mansur. HENRIQUES, Bárbara Oliveira. LABANCA, Renata Adriana. Avaliação da
Rotulagem de Óleos Vegetais Segundo a Legislação Vigente: Itens Obrigatórios e Opcionais. 2017.
Acesso em 30/03/23. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/39471
6. SUTILLE, C. et al. Extração de óleos vegetais a frio e a quente. V Simposio de Alimentos, RS, 2017

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