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Universidade Rovuma
Nampula
2022
ii
Universidade Rovuma
Nampula
2022
iii
Índice
DECLARAÇÃO.........................................................................................................................5
DEDICATÓRIA.........................................................................................................................6
AGRADECIMENTOS...............................................................................................................7
LISTA DE TABELAS................................................................................................................8
LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................................9
Resumo.....................................................................................................................................10
Abstract.....................................................................................................................................11
INTRODUÇÃO........................................................................................................................13
Conceitos Fundamentais...........................................................................................................15
Figuras de Estilo.......................................................................................................................20
Texto Lírico..............................................................................................................................24
Tipos Pesquisas...........................................................................................................................
Abordagem................................................................................................................................29
Objectivos.................................................................................................................................30
Natureza....................................................................................................................................30
Procedimentos...........................................................................................................................30
iv
Questonario...............................................................................................................................31
População e Amostra................................................................................................................31
Conclusão....................................................................................................................................
Sugestões...................................................................................................................................50
Referências bibliográficas...........................................................................................................
Apêndices…………………………………………………………………………………......57
v
DECLARAÇÃO
Eu, Domingos Bebeto João Ribeiro Sique, declaro por minha honra que esta monografia
científica é resultado de uma investigação pessoal e das orientações do meu supervisor. O seu
conteúdo é original, todas as fontes consultadas estão devidamente citadas ao longo do
trabalho e nas referências bibliográficas. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado
em nenhuma outra instituição de ensino para a obtenção de algum grau académico.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus pela minha existência e a todos familiares e amigos.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por me conceder uma mãe dedicada, duma forma forte e
infinita, pelo sucesso dos seus filhos e por me conceder saúde no meu dia-a-dia; em seguida,
agradeço a minha mãe pela força que me deu ao longo da minha vida e pelo acompanhamento
nos meus desafios e Estudos. A todos docentes do curso de português, vai um agradecimento
especial, pelo apoio prestado no fornecimento de material e ensinamentos.
Agradeço também a Mr. Nelson Daniel, pelo acompanhamento Monografia. Aos meus
colegas de turma, um especial obrigado pelo apoio, amizade e energia transmitida durante o
curso. A todos que directa ou indirectamente, acompanharam o meu percurso para que este
trabalho chegasse a este momento.
viii
Lista de Tabelas
Tabela 01: Exemplos Comparativos da Linguagem Normal e Figurada..................................19
Tabela 02: Principais figuras de estilo......................................................................................22
Tabela 03. Codificação dos participantes da pesquisa..............................................................33
Tabela 04. Informação sociolinguística dos informantes.........................................................34
Tabela 05. Hábitos de leitura....................................................................................................36
Tabela 06: Leitura de textos líricos...........................................................................................37
Tabela 07: Identificação de figuras de estilo............................................................................39
Tabela 08: Resultados da primeira questão..............................................................................41
Tabela 09: Resultados da segunda questão...............................................................................42
Tabela 10: Resultados da terceira questão................................................................................42
Tabela 11: Resultados da quarta questão..................................................................................43
Tabela 12: Resultados da quinta questão..................................................................................43
Tabea 13: Resultados da sexta questão.....................................................................................45
Tabela 14: Resultado da sétima questão...................................................................................45
Tabela 15: Resultados da oitava questão..................................................................................46
Tabela 16: Resultados da nona questão....................................................................................46
Tabela 17: Resultados da decima questão................................................................................47
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
Resumo
Abstract
Entitled "Difficulties in Identification and Interpretation of Figures of Style in Lyrical Texts: Case of
10th Grade Students of Escola Secundária Polivalente São João Batista de Marrere", the present work
had as general objective to know the factors behind the difficulties in the identification and
interpretation of stylistic figures in the analysis of lyrical texts by 10th grade students at Escola
Polivalente São João Batista de Marrere. To achieve this objective, we carried out a research that, in
methodological terms, is classified as quantitative and qualitative; descriptive; basic and
bibliographical, which had a questionnaire directed to the 22 informants involved in the research.
Based on these methodological assumptions, we conclude that the difficulties in identifying and
interpreting figures of style faced by the informants are caused by the fact that students do not read
frequently and spontaneously and by the insufficient strategies adopted by the profs. essors of these
students.
INTRODUÇÃO
A capacidade de identificação e/ou interpretação de figuras de estilo ou, em sentido mais
generalizado, a linguagem figurada é uma das competências importantes quando se está diante
do trabalho com interpretação de textos literários. Isso porque é comum o leitor deparar-se
com as figuras de estilo, que são recursos linguísticos capazes de expressar aquilo que a
linguagem comum falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente.
Foi tendo em conta este pressuposto que intitulamos este trabalho de “Dificuldades de
Identificação e Interpretação de Figuras de Estilo em Textos líricos: Caso dos Alunos da
10a Classe da Escola Secundária Polivalente São João Batista de Marrere”. Deparamo-nos
com a necessidade de desenvolver esta pesquisa durante a simulação de aulas que realizamos
como tarefa curricular na cadeira de Práticas Pedagógicas de Português II, coordenadas pela
HELPO e Universidade Rovuma. Nesta actividade, observamos que os alunos da 10 a classe da
Escola Polivalente de Marrere apresentavam dificuldades relacionadas com a identificação de
figuras de estilo durante a análise e interpretação de textos líricos.
E, efectivamente, esta situação msotrou-se preocupante, uma vez que, de acordo com
MOURINHO (2018), o uso das figuras de linguagem dá vida, emoção ao acto comunicativo;
torna o aprendizado do aluno, seu conhecimento, mais valioso, pois o educando será capaz de
produzir e interpretar textos, de maneira mais satisfatória. Muitas vezes, ao não Explorá-las
em sala de aula, o aluno fica impossibilitado de inserir-se em um mundo no qual o sentido de
uma palavra a faz diferente, a faz mais, ou menos, emocionante, interessante.
líricos?
O trabalho foi realizado com vista a alcançar um objectivo geral que consistiu em conhecer
os factores por trás das dificuldades na identificação e identificação de figuras de estilo na
análise de textos líricos por parte dos alunos da 10ª classe da Escola Polivalente São João
Batista de Marrere. Para alcançar este objectivo, traçamos, a partir do mesmo, os seguintes
objectivos específicos:
I. Verificar a capacidade dos alunos da alunos da 10ª classe, da Escola Polivalente São
João Batista de Marrere na identificação e interpretação de figuras de estilo em textos
líricos;
II. Discutir as metodologias didáctico-pedagógicas efectivadas pelos professores na
abordagem de textos líricos;
III. Sugerir estratégias didácticas que possam colmatar as dificuldades na identificação
de figuras de estilo na análise e interpretação de textos líricos.
Conceitos Fundamentais
Literariedade e Texto Literário
Começamos, então, pela tentativa de definição do que confere ao texto literário a
literariedade. De acordo com REIS (2008), definir este conceito não é exactamente uma tarefa
fácil, pois, segundo esta autora, esta definição é sempre susceptível a críticas e variadas
perspectivas. Numa acepção histórica, e partindo do termo original (tal como os gregos e os
latinos o entendiam), a literatura compreendia a palavra escrita encarada como manifestação
artística do Homem ao longo da sua História. No entanto, nem toda a palavra escrita é
denominada literatura. Ao olharmos para este ponto de vista, o lógico é questionar que traços
nos permitem "classificar" um texto como sendo literatura.
Não existe nenhum denominador comum para todas as produções “literárias”, a não
ser o uso da linguagem. Não havendo argumentos que substanciem a existência de um
conjunto de propriedades que confiram ao texto literário essa categoria, a qualificação
é-lhe atribuída pelos sujeitos leitores, não sendo, portanto, interna ao texto (SILVA,
2005, p. 18)
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Por sua vez, REIS (2018, p.118) refere que sempre que se torne necessário distinguir o
discurso literário do não literário, essa distinção não se fixará prioritariamente em
propriedades de natureza formal: nesse plano (e estritamente nesse plano formal, sublinhe-se)
o discurso literário não reclama uma especificidade expressiva que o autonomize claramente
em relação às utilizações não artísticas da linguagem verbal. E se algumas propriedades
formais parecem poder responsabilizar-se por essa especificidade (o verso, a rima, a metáfora,
a conotação, etc.), deve acrescentar-se que tais propriedades ocorrem também em discursos
não literários, continuando a ser, por si sós, insuficientes para a determinação formal da
literariedade.
Apesar destas duas perspectivas apresentarem linhas argumentativas não convergentes, elas
evidenciam a existência de um determinado tipo de linguagem que caracteriza um texto que,
convencionalmente ou superficialmente, é produzido ou percebido como texto literário.
A este respeito, AGUIAR e SILVA (2005: 43) recorre aos conceitos de linguagem literária e
linguagem não literária como pontos de partida para uma tentativa de distinção entre o texto
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literário e o não-literário. Neste âmbito, enumera dois tipos de linguagem: uma, mais comum,
desprovida de recursos estilísticos; outra, caracterizada pelo ornato, pelo vocabulário
escolhido e pelo "sábio uso dos tropos".
Nesta linha de pensamento, é clarificada a distinção entre uma linguagem prática e uma
linguagem poética: "No primeiro caso, os recursos linguísticos são apenas um meio de
comunicar, não possuindo valor autónomo; já no caso da linguagem poética (a literária), esses
recursos adquirem valor autónomo, o que não implica uma total anulação do fim prático"
(SILVA, 2005, p. 48).
Por sua vez, LOPES (2013) faz referência à distinção entre uma linguagem literária e uma
linguagem quotidiana pretendendo justificar o surgimento da Teoria da Literatura que se
dedica, então, ao estudo dos processos artísticos que compõem o texto literário e que o
distinguem dos demais. Por este motivo, e segundo a referida autora, o entendimento de que o
ensino dos valores estéticos e o das estruturas linguísticas é incompatível será erróneo.
A autora supracitada apresenta também uma variação desta distinção. A esta variação a autora
designa "Linguagem Normal e Linguagem Figurada". É lógico pensar na não necessidade de
se também fazer esta distinção pelo facto de se ter referenciada a distinção entre a linguagem
Literária e Linguagem não Literária, pois poderíamos assumir uma semelhança entre 1)
Linguagem Não Literária e Linguagem Normal e 2) Linguagem Literária e Linguagem
Figurada. De facto, para o primeiro caso a semelhança é inquestionável, pois esta linguagem é
sempre dotada de um carácter referencial. Porém, para o segundo, a semelhança não é
efectivamente inquestionável pelo facto de a Linguagem Literária não ser constituída apenas
por figuras de estilo. Ou seja, a linguagem pode ser literária, mas não necessariamente
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Por linguagem figurada, entendemos, de maneira bem simplificada, como apontado por
GIBBS & COLSTON (2012, p. 1), um modo de dizer diferente do literal. Para os autores,
inclusive, essa linguagem é entendida tão rapidamente quanto a linguagem literal, se estiver
contextualizada.
Na visão tradicional, a Linguagem Figurada foi vista por muito tempo apenas como recurso
de estilo, usada apenas na linguagem literária. Entretanto, a partir de trabalhos pioneiros
como os de LAKOFF e JOHNSON (1980) e TUMER (1996), ficou estabelecido que essa
linguagem, longe de ser peculiar apenas à literatura, está presente em nossas comunicações
diárias.
GIBBS & COLSTON (2012, p. 3) exemplificam a comparação entre a linguagem dita normal
e a figurada da seguinte maneira:
Em (2), o verbo vestir-se, que significa ‘cobrir (o corpo) com roupa; envolver em roupa; passa
a ter o significado de cobrir, revestir’; e em (3) nasceu passa de ‘começar a ter vida exterior;
vir à luz, do ventre materno’ para ‘começar a surgir, aparentemente, no horizonte’; e em (4) a
forma verbal morreu deixa de significar ‘cessar de viver, extinguirem-se as funções vitais de;
falecer’ e passa a significar ‘desaparecer’.
Quanto mais exigentes as estruturas, quanto mais suptis são as colocações, quanto menos
literais são os textos, maiores são os obstáculos na interpretação. A linguagem figurada está
presente não só em nosso dia a dia, como nos mais diversos estilos de textos escolares, sendo
especialmente difíceis para os alunos. Naturalmente, surgem questões como as seguintes:
Quando crianças já compreendem a linguagem figurada? Como acontece este processo? O
que podemos esperar delas?
Figuras de Estilo
A grosso modo, figuras de estilo são consideradas desvios das formas gerais da linguagem.
Seu uso é justificado na medida em que geralmente servem para dar maior brilho e ênfase à
comunicação. Por exemplo, na expressão "tarde tímida" atribui-se à tarde uma propriedade
que ela não tem, ou seja, por analogia, compara-se uma parte do dia e suas características com
um comportamento psicológico dos homens. De igual forma, nos exemplos "a luz da
inteligência", "quebrar o protocolo" e "estar na Primavera da vida", o substantivo luz, o verbo
quebrar e a estrutura locativa na Primavera são usados em contextos linguísticos que
semanticamente não lhe são peculiares. No entanto, compreende-se perfeitamente o que esses
exemplos significam.
De acordo FARACO & MOURA (1992:305), figura de linguagem é o recurso utilizado para
realçar uma ideia. E as principais são: comparação, metáfora, metonímia, aliteração, antítese,
catacrese, gradação, eufemismo, hipérbole e personificação.
Por sua vez, MARTINO (2018, p. 386) refere que a estilística visa ao lado estético emocional
da actividade linguística, em oposição ao especto intelectivo e científico. Ela trata do estilo,
dos diversos processos expressivos próprios para despertar o sentimento estético. Esses
processos resumem-se no que chamamos figuras de linguagem. Ela também cuida da boa
organização do texto, evitando problemas com a ortografia, a concordância, a regência e
outros aspectos gramaticais. Esses problemas resumem-se no que chamamos vícios de
linguagem.
Assim, de acordo com o autor supracitado, a compreensão e interpretação das figuras de estilo
também gera valorização das obras, que se dá na medida em que, em termos temáticos e
formais, elas produzem alteração ou expansão do horizonte de expectativas do leitor por
oporem-se às convenções conhecidas e aceitas por esse. Uma obra é perene enquanto
consegue continuar contribuindo para o alargamento dos horizontes de expectativas de
sucessivas épocas.
Portanto, a obra é valorizada tendo em vista o modo como é recebida pelos leitores das
diferentes épocas em que é lida. Dessa forma, supera-se a ideia de que uma obra esteja
vinculada apenas ao seu contexto original:
O horizonte de expectativa do leitor aumenta na medida em que ele avança em seu nível de
leitura; a cada novo texto, a cada nova obra, aumentam as possibilidades de maior diálogo
com o texto e com tudo que este pode lhe acrescentar, independentemente da época e do
contexto histórico em que tenha sido escrito.
O processo de recepção textual, portanto, implica a participação activa e criativa daquele que
lê, sem com isso sufocar-se a autonomia da obra. Por tudo isso, podemos pensar que o gosto
se forma e que a aprendizagem escolar da leitura da literatura desempenha importante função
no desenvolvimento do aluno leitor.
Texto Lírico
De acordo com PINTO ET ALL (1998:251), o texto lírico é aquele que foca essencialmente
os sentimentos íntimos do poeta. São muito importantes a subjectividade e os vários sentidos
que a palavra pode adquirir. Os acontecimentos exteriores e as descrições não são
importantes. Quando existem, funcionam apenas como pretexto para a revelação dos
sentimentos do poeta.
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Segundo COELHO, (2000. p. 24), geralmente, é no ensino médio que o aluno é posto em contacto
pela primeira vez com o estudo sistematizado da literatura, transmitido através da apresentação de
uma série de textos ou obras e de autores classificados como pertencentes a um determinado período
literário.
Assim, as interpretações e o conhecimento literário dos alunos do ensino médio são obtidos
de forma receptiva e cobrados através de questões de múltipla escolha ou de perguntas
abertas, sendo dificilmente aplicada esta segunda modalidade de avaliação (perguntas
abertas), anulando-se a experiência pessoal do aluno e os possíveis sentidos que este poderia
atribuir ao texto. Dessa forma, os procedimentos utilizados no ensino de literatura no ensino
secundário são centrados no professor, ou seja, ele é visto como detentor do saber; no caso é
um saber instituído sobre os livros, desvinculado de uma função social. Tais características
são comuns à escola tradicional, uma escola que vê o aluno como agente passivo do saber.
Embora, nos dias actuais, o ensino da literatura no ensino secundário englobe propostas
educacionais em que o aluno tenha um papel mais activo, o que realmente acontece em
termos de prática em sala de aula torna-se contraditório, porque o ensino da literatura ainda
não chegou a efectivar os ideais de escola activa, já que a tarefa de colocar o aluno diante do
texto literário, como objecto simbólico de construção do sentido é algo que ainda se revela
como um grande desafio no contexto escolar, concretamente no ensino médio, não se vê no
aluno a obrigação de pensar e agir literariamente como se prevê nos programas e manuais
propostos pelo Ministério de tutela.
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FILIPOUSKI (2006. p. 225), afirma que “ o discutir sobre o papel da literatura na escola,
aponta para as habilidades da leitura e da escrita de literatura como objecto de ensino na
construção desses.” Desta maneira, o autor fundamenta que, ao ler literatura e escrever a
partir dela, o estudante aprender a ler e escrever a existência humana”.
Em articulação com esta visão do autor acima citado, ingerimos que a instituição escolar é
um espaço significativo para a formação de um público leitor de literatura atribuindo à
escola o papel de ensinar o aluno a ler literatura, a construir e a atribuir significados ao texto,
a contextualizar, a problematizar e a reflectir sobre as questões presentes nas obras. O
ensino, a partir dessa visão, efectiva-se através da leitura literária.
No entanto, o que a escola e os professores precisam de compreender para uma nova prática
de ensino é que o novo interesse da formação literária não abrange um discurso fixo sobre
determinadas obras literárias, mas a educação literária serve para que novas gerações
construam novas interpretações. Assim, o aprendizado concebe-se centrado na leitura das
obras.
Segundo oautor supracitado, para se conseguir conquistar o gosto dos alunos pela leitura, é
necessário o uso de algumas estratégias, para que todos, desde os que têm facilidade de
cognição até aos que têm dificuldades, consigam chegar a um nível satisfatório de
compreensão e aproveitamento, cada um dentro do seu limite. O objectivo é sempre
conquistar o aluno e fazê-lo interagir com o conteúdo passado, formar opiniões e ensiná-lo a
expressá-las.
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Neste sentido, pode iniciar-se com uma estratégia essencial, a da interação entre professor e
aluno, formando a relação por meio do ensino. O aluno depara-se com o desafio de
compreender o conteúdo da matéria imposta, e o professor é o encarregado de o auxiliar e
orientar. A leitura é uma estratégia de interacção entre o professor e o aluno. Por meio dela é
estabelecida uma comunicação e uma troca de ideias, de diferentes interpretações do objecto
de leitura.
Estas três actividades consistem, de forma geral, em activar os conhecimentos prévios dos
alunos que facilitam a compreensão do texto a ser lido posteriormente a esta fase. Com isto,
percebe-se que a compreensão de um texto pode tornar-se mais "fácil" se os conhecimentos
relevantes para a leitura estiverem activados. Neste contexto, esta activação dos
conhecimentos prévios dos alunos pode ser estimulada pelos professores de diferentes
maneiras. Em geral, os professores podem utilizar imagens ou perguntas, estimulando
respostas ou outras perguntas por parte dos alunos antes da realização da leitura, sem
necessariamente recorrer ao texto.
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Segundo MARTINO (2018), o objectivo das estratégias efetivadas nesta fase é de ensinar os
alunos a monitorarem a sua própria compreensão do texto, neste caso, referimo-nos da leitura
autónoma do aluno. Para fazê-la, o professor deve promover o diálogo dos alunos com o texto
e relacionar o conhecimento anterior com o que se vai assimilar, pois, pode-se afirmar ou
refutar as hipóteses que os estes tinham na fase antes da leitura, no momento preparatório.
Acreditamos que os professores devem variar as estratégias em diferentes aulas de leitura e
avaliar quais são as melhores para o seu contexto escolar, visto que existem várias formas de
ensinar a leitura, as estratégias a serem usadas variam de contexto para contexto.
Diante destas orientações, deduz-se que o leitor deve dominar os níveis mais básicos da
leitura, com mediação de um professor a orientá-lo sobre como proceder ao longo do mesmo
processo.
Isto, com vista a fazer uma leitura estratégica que busca agregar conhecimentos, facilitando os
passos do descobrimento das informações, é a leitura informativa ou leitura de estudos. Esse
tipo de leitura é estrategicamente utilizado nas escolas e busca auxiliar na construção de
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Tipos Pesquisas
Segundo LAKATOS e MARCONI (2007, p. 157), a pesquisa pode ser considerada como um
procedimento formal com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento
científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades
parciais. Para estas autoras, a pesquisa pode ser classificada em termos da natureza,
abordagem, objectivos e técnicas de colecta de dados.
Abordagem
Do ponto de vista da abordagem, a pesquisa pode ser, na concepção de PRODANOV &
FREITAS (2013, p. 70), uma pesquisa apode ser qualitativa ou quantitativa. Para estas
autores, uma pesquisa qualitativa é aquela que não requer o uso de métodos e técnicas
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A pesquisa quantitativa, por sua vez, de acordo com TOZONI-REIS (2007) e PRODANOV &
FREITAS (2013, p. 70), é aquela que, em suas abordagens considera o percentual ou
quaisquer aspectos quantitativos dos objectos em estudo. Este tipo de pesquisa tende a olhar
mais para os dados em termos estatísticos.
Objectivos
Na percepção de COUTINHO (2015), do poto de vista dos objectivos, a pesquisa pode ser
exploratória, descritiva ou explicativa.
JACOBSEN (2016, p. 43) refere que a pesquisa descritiva tem como finalidade descrever as
características do objecto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, deve-se evitar a interferência de
quem está a escrever o texto. Assim, através de técnicas padrão que for escolhida, o
pesquisador colecta e faz análise dos dados, caracterizando determinado fenómeno. A
pesquisa descritiva ocorre quando o pesquisador relaciona duas ou mais variáveis em análise
para descrever o estudo. O autor deste tipo de pesquisa adopta, na perspectiva de COUTINHO
(2015, p. 17), uma posição relativista, pois há múltiplas realidades que existem sob a forma de
construções mentais e experiencialmente localizadas, e se inspira em uma epistemologia
subjectiva.
Neste sentido, a nossa pesquisa foi descritiva, uma vez, que após à colecta dos dados
efectivada no local da pesquisa, propusemo-nos a decrever, primeiro, a as interpretações que
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os informantes (alunos) fizeram das figuras de estilo no texto "Amor é Fogo que Arde Sem se
Ver", de Luís de Camões e, segundo, os pontos de vista dos professores que leccionam a
Língua Portuguesa e, consequentemente, os textos líricos a estes alunos.
Natureza
Quanto a natureza optou-se por escolher a pesquisa básica que de acordo PRODANOV &
FREITAS (2013, p. 51), é aquela que “objectiva gerar conhecimentos novos úteis para o
avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.
Neste sentido, a pesquisa é básica porque apesar de descrever os factores que estão por detrás
das dificuldades na identificação e interpretação de figuras por parte dos alunos informantes e,
assim, geral algum conhecimento, estamos cientes de que este conhecimento não será
necessariamente palpável.
Procedimentos
Quanto aos procedimentos, optamos pelas seguinte modalidade de pesquisa:
Pesquisa bibliográfica: a pesquisa foi efectivada tendo como suporte teórico material já
publicado, como livros, artigos, internet. Acerca desta modalidade, GIL (2008, p. 54) explica
que os exemplos mais característicos sobre ideologias ou pesquisas que se propõem a análise
das diversas posições sobre um problema.
A nossa colecta de dados foi realizada mediante um questionário semi-aberto dirigido aos
alunos, composto por duas partes: a primeira parte onde constam perguntas relacionadas com
a identificação dos informantes e a segunda relativa à análise das figuras de estilo do texto
lírico escolhido. Na primeira parte do questionário pretendemos saber se os alunos têm
32
hábitos de leitura, o que lêem, assim como as suas actividades nos tempos livres. Acreditamos
que estes aspectos podem ditar a dificuldade ou não em identificar as figuras de estilo na
análise de um texto lírico. Tendo a resposta a estes aspectos, acreditamos que saberemos o
que faz com que os alunos enfrentem dificuldades em identificar figuras de estilo em textos
líricos.
População e Amostra
Na óptica de GIL (2010, p. 89), “Universo ou população é o conjunto definido de elementos
que possuem determinadas características. Comummente fala-se de população como
referência ao total de habitantes de determinado lugar.”
Para o efeito, trabalhamos com uma população (universo) de 215 alunos que frequentam a 10ª
classe na Escola secundária Polivalente de Marrere, e com base neste universo definiu-se a
amostra com a qual desenvolvemos a pesquisa. Assim, tendo em conta que a amostra "é uma
parte do universo, escolhida para a pesquisa" (GIL 2010, p. 89), para responder a necessidade
da pesquisa e para uma efectiva representatividade, trabalhamos com um grupo aleatório de
21 alunos da 10ª classe e 2 professores que leccionam a Língua Portuguesa nesta classe,
totalizando 23 elementos.
Tanto na colecta dos dados, quanto no seu respectivo tratamento, privilegiamos o anonimato
dos informantes, atribuímos-lhe códigos, de modo a preservar a sua identidade. O próprio
tema da pesquisa não refere nenhuma entidade. A escola tida como referência não será, por
nenhuma razão, alvo de quaisquer tipos de discriminação resultante desta pesquisa, cujo o
objectivo se prende única e exclusivamente, nesses termos, no contributo para o Processo de
Ensino-Aaprendizagem.
casa e no seio familiar. Já a terceira, procura saber dos informantes as situações ou contextos
em que eles fazem uso da Língua Portuguesa.
Qual é a sua língua Emakhuwa AL1, 7,17, 12, 9, 10, 8, 19, 21 e 4 47,6 %
materna? Echuwabo AL 11, 14,5 14,3 %
Português AL 3, e 15 9,2%
Qual é a língua que usa Emakhuwa AL 7,17, 12, 9, 10, 8, 19, 21, 43, e 47,3 %
para a comunicação em 15
casa? Português AL 3, 15, 6, 13, 18, 21, 2, 16 e 11 42,9%
O objectivo desta questão foi de aferir se em algum momento o perfil linguístico dos alunos
pode estar na origem das dificuldades que estes enfrentam na identificação e interpretação de
figuras de estilo em textos líricos.
Relativamente à primeira questão, os dados revelam que dez (10) informantes mencionaram
Emakhuwa como sendo a sua língua materna, três (3) mencionaram o Echuabo, três (3)
mencionaram o Elomwe, três (3) mencionaram o Português e dois (2) mencionaram o
Shimakonde.
Com estes dados, percebemos que, de uma forma geral, a Língua Materna da maioria dos
alunos em alusão é Emakhuwa. Por isso só, estes dados da primeira questão não chegam a ser
conclusivos, ou seja, não são suficientes para afirmar que as dificuldades enfrentadas por estes
alunos em relação às figuras de estilo têm origem linguística, pois, apesar de TEMBÉ (2009)
afirmar que o Português é ensinado como L2 para a maioria e L1 para a minoria dos alunos e
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As respostas à segunda questão indicam que a Língua Portuguesa e Emakhuwa são usadas na
comunicação quotidiana pela maior parte dos informantes. Com isto, percebemos que apesar
de, por um lado, o Português não ser a Língua Materna da maior parte dos informantes, por
outro, é, conjuntamente com o Emakhuwa, a língua do uso rotineiro dessa mesma maioria, o
que dá indícios de que as dificuldades enfrentadas pelos alunos na identificação e
interpretação de figuras de estilo não tem razões de ordem linguística.
Hábitos de leitura
Esta secção teve como objectivo analisar os hábitos de leitura dos informantes. Acreditamos
que essas informações são, de certa forma, importantes, para conhecermos os factores que
ocasionam as dificuldades enfrentadas por estes alunos, ou seja, as respostas a estas questões
são importantes na percepção de um panorama sobre a frequência com a qual os alunos lêem.
Assim como mostra a tabela, a sessão foi constituida de quatro (4) questões:
O que percebemos com estes dados é que, apesar dos alunos afirmarem que gostam de ler,
eles não lêem com frequência. Eles lêem apenas no contexto ou recinto escolar, não lêem
como uma forma de laser ou diversão, mas sim por ser uma tarefa corricular. A princípio,
poderíamos pensar que provavelmente não lêem em casa pelo facto de não haver livros, mas,
actualmente, os livros escolares não constituem a única fonte de leitura, pode se ler na internet
ou redes sociais. Então, se os alunos lêem apenas no recinto escolar, assumimos que eles lêem
com uma menor frequência, uma vez que é em casa onde eles passam a maior parte do seu
tempo. Outro facto importante a ser evidenciado é que estando em casa, o papel dos pais ou
encarregados de educação é significativamente importante para incentivar os seus educandos
a pautaren pela leitura como uma forma de aprendizagem não apenas de textos literários, mas
também as diversas tipologias textuais.
Enfrentando, os alunos envolvidos nesta pesquisa não contam, segundo eles, com este
incentivo. Esta falta de constância na leitura pode ser entendida como o factor ou um dos
factores por trás das dificuldades de identificação e interpretação de figuras de estilo. Isto
porque partimos do pressuposto de que quanto mais o aluno lê, mais ele aprimora as suas
habilidades em compreender e desvendar os valores expressivos nas entrelinhas das figuras de
estilo, até porque autores cono SOUSA, SANTOS & FERRERA (2018, p. 86) defendem que
37
Os dados da tabela 06 mostram que, em relação à primeira questão, quase todos alunos
apontaram os manuais escolares como últimas obras lidas por eles. Em contraste a estes,
apenas um (01) apontou que a última obra que leu foi "Vigésima Quinta Hora" de Gil
Vicente. Ou seja, os alunos lêem apenas os livros escolares. Isto leva-nos a deduzir que,
novamente, estas não têm sido leituras espontâneas, sendo mero cumprimento de orientações
curriculares.
No nosso entender, além dos manuais escolares, a escola, deve sempre incentivar os alunos a
praticarem a leitura de obras ou textos literários tais como contos, romances ou, em particular,
os textos líricos, pois a prática da leitura destes textos, além de facilitar a percepção dos
mesmos, ajuda aluno/leitor a perceber e escrever sobre a existência humana, tal com afirma
FILIPOUSKI (2006, p. 225). A escola é um espaço significativo para a formação de um
público leitor de literatura. É tarefa da escola ensinar o aluno a construir e atribuir
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Os dados que constam na tabela em alusão ainda mostram que a totalidade dos informantes
afirma ter dificuldades na percepção de textos líricos. E cientes desta situação, os devem
cultivar o espírito de leitura de textos líricos em tempos livres. Os tempos livres seriam o
momento em que, com base na recomendação do professor ou por sua vontade própria, os
alunos poderiam ler autonomamente textos literários. É a partir desta leitura individual que o
leitor formular opiniões próprias sobre o conteúdo do texto lido, posicionando-se criticamente
sobre o mesmo.
O posicionamento dos alunos sobre a existência destas dificuldades na percepção dos textos
líricos é manifestado diante de um cenário em que os mesmos afirmam, como mostra a tabela
supracitada, que os professores incentiva-os a praticarem a leitura. Não poderíamos esperar
menos dos professores, uma vez que, de acordo com COSTA (2007, p. 27), professor tem um
papel preponderante no inceptivo à leitura, é preciso que professor busque estratégias e tarefas
de maneira mais eficaz que despertem curiosidade e prazer nos educandos, s quais pode até
mesmo vir gostar e ver sua importância no dia a dia ofertando aos alunos textos que
proporcionem a prática da leitura e posterior a ela uma reflexão sobre a mesma.
Ou seja, a ideia que retemos com os dados da tabela 06 é que apesar dos professores
incentivarem a prática da leitura, os nossos informantes, além de não diversificarem as obras
que ocasionalmente lêem, elem enfrentam dificuldades em perceber as referidas obras.
Dedicamos esta sessão à análise das respostas dos alunos em relação a questões elaboradas
em torno do poema "Amor é Fogo que Arde sem se Ver" de Luís de Camões. Cada uma
destas questões foi elaboarada com vista ao alacance de um dia nossos objectivos que é
verificar a capacidade dos informantes na identificação e interpretação de figuras de estilo. A
tabela 07 mostra os resultados de cada uma das quatro (04) questões elaboradas para esta
sessão:
Apostrofe AL 8 e 21 9,5%
Paradoxo AL 13 4,76%
Comparação AL 15 4,76%
Eufemismo AL 12 4,76%
De um modo geral, com estes dados, inferimos que os alunos questionados têm, sim,
dificuldades em identificar as figuras de estilo dento do texto lírico. como se pode notar, em
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quase todas as questões os informantes só mencionavam qualquer figura de estilo que lhes
aparecia em mente. Alguns alunos mostram que não têm noção do conteúdo e optaram em
deixar em branco quase todos as questões, e as questões que tentaram responder escreveram
coisas fora do contexto como é o caso dos informantes 9 que na questão 3 escreveu
preposição e o restante deixou em branco, porem, vale destacar o AL2 que acertou quase
todas as questões, ele mostrou ter noção do conteúdo.
Relativamente a estes dados, percebe-se que tanto PF1 assim como PF2 lêem para a sua
prática na escola. De acordo com COSTA (2007, p. 24), um dos grandes desafios dos
professores da educação básica é ensinar a leitura para os alunos, mas ensinar não só a
decifrar códigos, e sim a ter hábito de ler. Seja por prazer, seja para estudar ou para se
informar; a prática da leitura aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a interpretação.
De um modo geral, para o PF1 actividades de leitura para o debate em sala de aula são um
passo importante para o incentivar os alunos a leitura, ao passo que para P F2, o essencial é
incentivar os seus alunos a pesquisarem textos para uma posterior leitura em sala de aula.
Nesta pergunta, numa primeira instância, pedimos que os professores assinalassem a opção
"SIM" ou "NÃO" e, em seguida, o professor devia argumentar a sua escolha de resposta. O
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objectivo desta pergunta foi de aferir se é somente na escola que as práticas do professor
relativamente às accividades de leitura começam ou devem acontecer. Os informantes
concordam que o aluno não se deve limitar a ler apenas na escola, e frisam o papel que pais e
encarregados de educação têm para o incentivo à leitura. Esse posicionamento também é
partilhado por SOUSA, SANTOS & FERRERA (2018), pois estes afirmam que:
É importante mencionarmos aqui o papel dos pais ou responsáveis, que devem dedicar
pelo menos uma pequena parte do seu tempo para estar com seus filhos, e, ler para
eles. Nesse caso a criança terá como primeira referência de leitor uma pessoa
próxima, de sua família, fortalecendo os laços de família. Assim a criança já começa a
despertar seu sensu crítico, pois ela pode questionar, dar opiniões e conhecer além
daquilo que a mesma já sabe”. [..] (SOUZA, SANTOS e FERREIRA, 2018, p.6).
Tanto PF1 quanto o PF2 utiliza a escolar para colocar os alunos em contacto com os livros.
Os dados mostram que a escola tem também tem um papel preponderante no que diz respeito
a incentivo à leitura. Para GONÇALVES (2016), a escola possui privilégio no que diz
respeito às práticas de leitura, pois é nela que muitas crianças estabelecem seu primeiro
contacto com os livros. Dessa maneira, “evidencia-se a necessidade de se trabalhar de forma
produtiva a literatura na educação, para que a mesma favoreça no desenvolvimento das
crianças e não sirva apenas como um mero instrumento de outras disciplinas.”
(GONÇALVES, 2016, p. 4).
O objectivo desta pergunta foi de, através das suas respectivas respostas, verificar a
metodologia adoptada pelos professores no trabalho com os textos líricos em sala de aulas. De
acordo com os dados acima apresentados, verificamos que os professores abordam de uma
fora inadequada os textos líricos, contrariando os prefeitos de autores como GUEDES (1995,
p. 25), por exemplo, segundo os quais, "nos textos líricos, há aspectos por se explorar, tais
como: o próprio texto (a expressão do eu-lírico – a subjectividade do eu poético), a
identificação dos momentos do texto, a inferência do tema e assunto, e, finalmente, as noções
de versificação.” Neste sentido, a abordagem dos aspectos mencionados por GUEDES (idem)
permite ao aluno contruir um sentido completo deste tipo de texto.
O que percebemos é que os professores não abordam os textos líricos de forma profunda.
Orientam os alunos a lerem o texto alguns minutos antes (em uma leitura silenciosa, mas não
os guiam na formulação de opiniões. Quer dizer, não há, na abordagem destes textos, um
exercício que busque explorar os aspectos que não estão explicitamente no textos ou até
mesmo as questões adjacentes que o sujeito lírico deixa transparecer nas entrelinhas. E, em
termos metodológicos, as actividades/procedimentos descritos pelos professores não são
necessariamente suficientes para estimular o aluno a dominar, identificar ou interpretar as
diversas figuras de estilo que muito caracterizam os esta tipologia textual.
Tabea 13: Resultados da sexta questão
Questão Resposta Informante
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Nesta pergunta, pretendia-se saber a tipologia textual que os nossos informantes usam para
trabalhar a leitura na sala de aulas.
Os dados mostram que PF1 opta pela identificação de palavras que estejam além do
vocabulário dos alunos, facto importante para os mesmos, visto que com base nesta actividade
estes ampliam o seu vocabulário e esse facto pode ajuda-los na perceção dos textos lidos. Por
sua vez, PF2, diferentemente do PF1, não identifica palavras que não sejam do uso comum
dos alunos; orienta a leitura, solicita a identificação de rimas e figuras de estilo consoante a
extensão do texto. Notamos uma semelhança nas respostas destes professores. A semelhança
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consiste no facto de nenhum deles mencionar os passos que segue para ensinar os alunos a
lidar com as figuras de estilo. Observamos também que ele fazem menção apenas à tarefa de
identificar, mas não citam a necessidade de aprofundamento dos valores expressivos das
respectivas figuras de estilo identificadas.
Com esta questão pretendíamos captar a opinião dos professores, a sua avaliação,
relativamente ao nível de compreensão por parte dos alunos quando lêem os textos líricos.
Analisando as respostas dos informantes, nota-se que PF1 e PF2 avaliam a leitura dos textos
líricos como sendo difícil para a compreensão dos alunos.
Estas afirmações confirmam os resultados dos dados dos alunos, pois os alunos mostraram
terem muitas dificuldades em responder às questões de compreensão. Ou seja, tanto os alunos
quanto os professores, estão cientes das dificuldades na identificação e interpretação das
figuras de estilo e, consequentemente, na interpretação dos textos líricos.
Neste item, pedia-se que os informantes apontassem algumas dificuldades que os alunos
enfrentam aquando da compreensão dos textos líricos. Esta questão foi apresentada com vista
a identificar as dificuldades que os professores notam nos seus alunos nas actividades de
compreensão dos textos líricos.
As respostas a esta questão foram parecidas. Os professores apontaram, como ponto principal,
as dificuldades na identificação e interpretação de figuras de estilo por parte dos alunos, o
que, novamente, corrobora a nossa opinião em relação a existência destas dificuldades.
A colocação desta questão surge como complemento à questão anterior e tem como objectivo
perceber de que forma os professores reagem perante às dificuldades de compreensão de
textos na sala de aulas, a que estratégias recorrem com vista à superação dessas dificuldades
por parte dos alunos.
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Com esses dados podemos afirmar que, os informantes não utilizam estratégias de ensino de
textos literários sugeridas por alguns autores como COIMBRA e NASCIMENTO (2014), por
exemplo.
Assim, constatamos que, ao não implantar as estratégias próprias de trabalho com textos
literários, especialmente os textos líricos, os professores acabam oferecendo à poesia olhar
secundário. Desse modo, a leitura literária feita na escola de forma descontextualizada e não
permite que o aluno tenha a liberdade de compreender as diversas possibilidades de
construção de vários sentidos para o mesmo texto lido, ou seja, leitas reflexivas.
E quando se fala em outros sentidos, faz-se menção à linguagem figurada. E nela podem-se
perceber as figuras de linguagem, que são recursos linguísticos capazes de expressar aquilo
que a linguagem comum falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar
satisfatoriamente. Entretanto, não é essa a realidade vivida pelos nossos informantes.
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CONCLUSÃO
A compreensão da Linguagem Figurada (figuras de estilo) é uma competência importante no
trabalho não apenas com os textos líricos, mas também com outras tipologias textuais. Diante
deste pressuposto, concluímos que:
Diante destas duas situações, concluímos, de forma geral, que as dificuldades na identificação
e interpretação de figuras de estilo em textos líricos por parte dos alunos da Escola Polivalente
de Marrere são ocasionadas, primeiro, pelo facto de os alunos não efectuarem a leitura de
maneira ideal, segundo, pelo facto de os professores não implemetarem metodologias
suficientes para colmatar esta situação.
Sugestões
Referências bibliográficas
ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4.ª ed., São Paulo,
Atlas,1999.
AZEVEDO, Dirce Guedes de. Palavra e criação: língua portuguesa- 8ª série. São Paulo:
FTD, 1996
Gil, A, C. Métodos e técnicas de pesquisa social. (4ª edição). São Paulo, Brasil: Atlas. 2008
KLEIMAN, A. Texto e Leitor: aspectos cognitivos da leitura. 2.ª ed., Porto Alegre, Pontes
editora. 1992
LOPES, S. R. A Legitimação em Literatura. Lisboa: Edições Cosmos. 1994
MARCONI, M. & LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. (7ªedição).
São Paulo: Atlas. 2002
MARCONI, M. & LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. (6ªedição). São
Paulo: Atlas. 2007
MARTINO, A. Português Esquematizado: Gramática, Interpretação de Texto, Redação
Oficial, Redação Discursiva. 7a ed. São Paulo: Saraiva Educação. 2018
ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 2004
Apêndices
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UNIVERSIDADE ROVUMA
Questionário aos alunos da 10.ª classe, Escola Secundária Polivalente de Marrere
O presente Questionário visa recolher informações sobre o perfil dos alunos da 10.ª classe relativamente à
identificação de figuras de estilo num texto lírico. Não tem carácter avaliativo. Os resultados desta pesquisa podem ser
usados pelos professores de português, metodólogos em ensino de leitura, com vista à adoção de estratégias/metodologias
de ensino que dotem os alunos de ferramentas básicas para a análise de textos líricos. Agradecemos a sua colaboração.
1. Línguas de comunicação
1.1. Quais são as suas línguas maternas?
_________________________________________________
1.2. Quais são as línguas que usam para a comunicação em casa, com os seus pais, irmãos e outros
parentes?
a. Português [__] b. Emakhuwa [__] c. Outra____________ Quais?
_______________________1__
2. Habitos de leitura
1. Em “amor é fogo que arde sem se ver”, qual é a figura de estilo patente neste verso?
____________________________________________________________________________________.
2. Do 2o a 11o versos há repetição da forma verbal “é”, qual é o nome dessa figura de estilo?
_____________________________________________________________________________________
3. Nos primeiros 11 versos há um jogo de contraste entre palavras opostas, tais como: contentamento/
descontente/ dói/ não sente/ não querer/ mas que bem querer…. Qual é o nome que da a essa figura de
estilo?
________________________________________________________________________________________
___
4. “Se tão contrario assim é mesmo o amor?”, qual é a figura de estilo patente neste verso?
___________________________________________________________________________.
UNIVERSIDADE ROVUMA
Questionário
O presente Questionário visa recolher dirigido
informações sobre oaos professores
perfil dos alunos da 10.ª classe relativamente à
identificação de figuras de estilo num texto lírico. Os resultados desta pesquisa podem ser usados pelos
professores de português, metodólogos em ensino de leitura, com vista à adoção de estratégias/metodologias de
ensino que dotem os alunos de ferramentas básicas para a compreensão de textos lidos. Agradecemos a sua
1. O que mais gosta de ler?
colaboração.
R.:_______________________________________________________________________________.
2. O que acha necessário para incentivar os alunos a terem esse hábito?
R.:________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
3. Acha que é somente na escola que essa prática começa e deve acontecer? a. Sim [__] b. Não
[__] Justifique a sua resposta.
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
4. Como é que a escola oferece aos alunos o contacto com os livros?
R.:________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
5. Como trabalha os textos literários nas suas aulas?
R.:________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
6, Quais os tipos de textos que mais utiliza nas aulas?
a. Poético [__] b. Narrativo [__] c. Descritivo [__] d. Científico [__]
e. Outro [__] Qual? _______________________________________________________
7. Que tipo de atividades de compreensão e análise tem levado a cabo com os seus alunos na aula
depois de lerem os textos líricos?
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
8. Como é que avalia a compreensão dos alunos na leitura dos textos líricos?
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
9. Aponta algumas dificuldades que os alunos apresentam na compreensão dos textos líricos.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.
10. Perante tais dificuldades, que estratégias/metodologias são por si adotadas com vista à superação
das dificuldades dos alunos?
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________.