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FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2020
Elaborado Por Lucman Atumane, Licenciando em Direito, pela UCM-FADIR (NAMPULA);
Contactos 87/840293841; Email-Luckpro8@Gmail.Com.
1. Definição formal do Direito Penal
Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que atribuem uma pena ou uma
medida de segurança à certos comportamentos humanos de natureza criminosa.
2. Terminologia
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Em sentido Subjectivo - Direito Penal consiste na competência exclusiva de
aplicar as penas e as medidas de segurança, conferida ao Estado, que também se
designa por ius puniendi.
Falar de âmbito de Direito Penal, é falar da sua abrangência, que pode ser:
Restrito – que corresponde ao Direito Penal geral, que são conjunto de normas
que atribuem penas ou medidas de segurança à certos comportamentos
humanos, ou seja, coincide com a definição formal do Direito Penal e no seu
sentido Objectivo.
Amplo – este âmbito engloba, ou seja, se inclui o Direito Penal geral, Direito
Processual Penal, Direito Penitenciário e outras legislações extravagantes.
Em sentido Formal, crime será toda acção típica, ilícita, culposa e punível. Em
palavras miúdas, crime é toda acção que pode ser (fazer ou não fazer), típica
que significa (corresponder a uma base legal), ilícita que se traduz na (violação
do Direito Penal), culposa que é (a censurabilidade do agente), punível que
(será existência de meios para se efectivar a condenação).
Em sentido material, crime, é toda conduta descrita na parte especial do
código penal.
Importa referir que as penas com moldura penal de 2-24 anos de prisão, são
chamadas de penas de prisão maior;
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Importa também frisar que em Moçambique não existe pena de morte ou
perpétua, a pena máxima do nosso código penal é de 24 anos, no entanto, há casos
em que o indivíduo pratica várias infracções, facto que pode agravar a pena até 30
anos.
As penas principais são aquelas que são autónomas, ou seja, põe si só podem
ser aplicáveis. Caso de Moçambique são as penas previstas nos artigos 61-63 do
C.P (Prisão e multa);
As penas acessórias são aquelas que acompanham a pena principal e no caso
de Moçambique são as penas previstas no artigo 80 do C.P EX: (proibição da
condução);
E essas penas podem ser conjugadas por exemplo (prisão e expulsão no aparelho do
Estado) e quando assim acontece, diz-se penas mistas.
A diferença crucial destas duas realidades é que enquanto os efeitos das penas são
autos aplicáveis uma vez que são uma consequência imediata da condenação
(exemplo logo que uma pessoa é presa perde a sua liberdade de circulação), ao passo
que as penas acessórias não são de aplicação automática, ou seja, é necessário que o
juiz declare na sentença, o que necessário nas penas acessórias.
As regras usadas para esta substituição estão patentes no artigo 113 do código penal.
E existem fundamentações da existência das penas e medidas alternativas da prisão e
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uma das mais abordadas é a questão da super lotação de reclusos nas penitenciárias, o
que como desvantagens esgota recursos do Estado, cria uma aparência de impunidade
aos criminosos e como vantagem evita que um recluso não marginalizado evite ser
preso o que poderia lhe fazer com que se socializasse com os marginais na prisão e
acabe se tornando um.
Os fins das penas são restritos em relação aos fins do Direito Penal, bastará
aplicar uma pena já terás alcançado os fins de uma pena ao passo que os fins do
Direito penal são amplos não precisando necessariamente aplicar uma pena para
alcança-los, podendo-se por exemplo aplicar uma medida de segurança numa
determinada situação de perigosidade e não uma pena de prisão. Todavia, no nosso
caso, quando falamos dos fins das penas devemos se entender como sinónimo dos fins
do Direito Penal.
Mediatas: que são os fins últimos do Direito Penal, e esses coincidem com os
fins do Estado que são (Justiça, segurança e bem estar comum), o que de certa forma
pode gerar uma confusão;
Imediatas: que são os meios usados para alcançar os fins mediatos do Estado.
Nestes meios usados para alcançar fins longínquos dos Estado surgem duas
finalidades que são:
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aplicado uma pena para que não volte a praticar mesmo crime futuramente.
Esta teoria relativa divide-se em:
Teoria relativa geral: que segundo a qual, ao aplicar uma pena à uma
determinada pessoa será para que as pessoas no geral olhem como um
exemplo e não cometam o mesmo crime. Esta por sua vez subdivide-se em:
Teoria relativa geral positiva: que segundo esta, não há uma punição severa,
apenas são criadas algumas politicas para ameaçar as pessoas e estes não
cometerem os tais actos.
Teoria relativa geral negativa: aqui há uma punição severa em público para
fazer com que todos assistam e desencoraja-los a praticar actos criminosos.
Como acontecia nos EUA, onde a pessoa era condenado a uma pena de morte
e era colocada na cadeira eléctrica e de seguida electrocutada em público.
- Teoria relativa/prevenção especial: segundo esta teoria, ao aplicar uma pena
será para que este indivíduo não volte a cometer o crime e não as pessoas no
geral. Esta também subdivide-se em:
Teoria relativa/prevenção especial positiva, segundo esta, o indivíduo é
punido com a finalidade de dessacraliza-lo, ou seja, dar uma lição e depois
voltar a inserir o mesmo na sociedade.
Teoria relativa/prevenção especial negativa, segundo esta, o indivíduo é
punido severamente para que nunca mais pense em cometer o crime
novamente.
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Ao passo que o Direito Processual Penal é um direito adjectivo, este busca
indicar quais são as melhores formas de aplicar as penas, no entanto, estes são
complementares e interdependentes.
O Direito Penal não pode também ser confundido com a Criminologia, ramo
este que estuda as origens e as verdadeiras causas de crimes numa determinada
sociedade. Este ramo do Direito é usado de forma subsidiária ao Direito Penal
podendo-se a partir deste se agravar ou se atenuar uma pena.
O Direito Penal tão pouco deve ser confundido com a Criminalística que é a
ciência de investigação criminal, ou seja, procura entender quem foi o autor de um
determinado crime.
Este também não pode ser confundido com outros ramos como o Direito civil, o
ilícito disciplinar, ilícito administrativo entre outros.
Como qualquer norma tem uma aplicabilidade limitada, o que quer dizer que
existem factos em que não são aplicáveis e esta não aplicabilidade vai em função do
tempo e espaço, podem também sofrer limitações em razão de imunidade, podem
também concorrer na sua aplicação sobre um objecto, dando lugar ao concurso de
normas.
O Direito Penal não é aplicável de forma retroactiva a luz do artigo 3 do C.P, ou seja, a
lei penal como qualquer outra lei vigora para o futuro porque constitucionalmente
está consagrado, no entanto, esta pode ser aplicada retroactivamente em benefício do
arguido, é o caso de se condenar alguém e surgir uma lei nova regulando mesma
matéria com a pena mais leve.
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Aplicação da lei penal no espaço
A função de punir cabe no âmbito da soberania, que dela não pode por isso abdicar,
nos limites do território nacional. A aplicação da lei penal no espaço é regida por
conjunto de princípios onde o princípio basilar é o de territorialidade, que segundo o
qual, a lei penal é aplicada à todas infracções cometidas no território nacional com
relevância penal independentemente por quem ou contra quem foram cometidos
conforme o artigo 4 do Código Penal. Este que envolve navios e aeronaves de do
Estado.
P. Nacionalidade: este preconiza que o Estado aplica a sua lei penal contra seus
nacionais sem olhar quem cometeu e onde cometeu, conforme o nr.1 do artigo 5 do
Código penal..
P. No bis in idem: Ninguém deve ser feito sofrer duas vezes pelo mesmo crime
conforme o nr.1 do artigo 5 do Código penal.
P. da Universalidade: o Estado pode punir factos criminosos que não tenham ligação
com o seu território, nem através da nacionalidade, isso torna-se possível através de
tratados que ele tenha se comprometido a combater certos comportamentos
conforme o nr.3 do artigo 5 do Código Penal.
P. da defesa dos interesses nacionais: segundo este princípio, o Estado pune todos
factos praticados contra interesses nacionais. Como a falsificação da moeda como
impõe o nr.1 do artigo 5 do Código Penal.
Como podemos ver, o artigo 56 do código penal é a base destes princípios o que difere
são os números deste artigo.
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tomarem as decisões finais, ou seja, ninguém deve fazer justiça com as próprias
mãos.
Princípio da imparcialidade: este preconiza que num determinado processo o
juiz não pode tomar partido, ou seja, não pode tomar decisões favorecendo um
em relação ao outro.
Princípio da Justiça Universal: segundo este principio se alguém comete um
crime no estrangeiro e se refugia no seu país, este pode lhe julgar sendo
possível através de tratados.
Princípio da insignificância: segundo este, o Direito Penal não vai intervir casos
sobre bens sem muita importância. Se rouba doce e rouba carro o Direito Penal
vai se preocupar com o roubo do carro.
Principio no bis in idem: ninguém pode ser julgado ou condenado duas vezes
pelo mesmo crime.
Importa referir que fora dos princípios acima citados, existem princípios específicos
da aplicação da lei penal no espaço.
Em princípio a lei vigora de modo igual para todos em função do princípio da igualdade
que se encontra patente no artigo 35 da constituição da Republica no entanto existe,
uma limitação da competência jurisdicional dos tribunais, ou seja, existem certas
pessoas que pelas funções que exercem no Estado os tribunais sofrem impedimento
temporário ou definitivo de exercício da sua jurisdição nessas pessoas.
Temos como exemplo o chefe do Estado (PR), os crimes que comete no exercício das
suas funções inerentes a sua função, ele responde perante o tribunal supremo e não
no tribunal comum e cabe a Assembleia da República deliberar para a prossecução do
tal processo. E aos crimes comuns ele responde após o seu mandato. Isso se verifica
por força duma figura designada por imunidade que é uma prerrogativa por força da
qual, as pessoas que gozam dela, não podem ser condenadas ou responder processos
criminais durante o exercício das suas funções no órgão estatal.
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A não visa garantir a impunidade mas sim garantir o exercício das funções dessas
pessoas que gozam dela e estabelecer uma certa independência nos órgãos soberanos.
Falar de fontes de Direito num sentido técnico jurídico, é falar de modos de criação e
revelação do Direito.
Materiais que por sinal é a fonte principal, trata-se do principio da legalidade que
segundo o qual tudo que regulamentar o Direito Penal devera girar em torno deste
principio e destes nascerão as fontes formais.
Fonte formal, onde a lei em sentido restrito (aprovada pela Assembleia da Republica)
é a fonte principal, decretos não podem conter penalizações uma vez que lei em
sentido amplo.
Interpretar uma lei consiste em buscar o verdadeiro sentido e o alcance dela, as regras
gerais da interpretação de qualquer lei estão patentes no artigo 9 do código civil, no
entanto, a interpretação do Direito Penal sofre restrições, nela não se admite a
interpretação extensiva e uso da analogia por força do artigo 7 do Código Penal.
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Importa referir que as normas que não são susceptíveis da interpretação extensiva e
uso da analogia são as normas incriminadoras, (as que descrevem um crime atribuem
uma pena) estas partem do artigo 159 do código penal e seguintes, os artigos 158 e
anteriores podem ser interpretadas extensivamente e uso de analogia.
Para resolver o problema de concurso de normas são avançadas três teorias que
também são chamadas de relações que são:
Uns dos aspectos importantes abordados em Direito penal são o local e o tempo do
crime.
E em relação ao tempo em que o crime ocorreu chama-se tempus deliti, dois são os
momentos que podem ser considerados os tempos do crime:
Exemplo: se Clara leva arma e dá três tiros à Elizete, diz-se o tempo do crime, o
momento que disparou o terceiro tiro.
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No caso de Moçambique diz-se momento do crime, o momento que o agente
actuou ou deixou de fazer o que a lei lhe obriga a fazer, a luz do art.2 do C.P.
Refere-se a lugar onde ocorreu um determinado crime, existem duas principais teorias
senão únicas falam do assunto, nomeadamente:
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DIREITO PENAL II
(TEORIA GERAL DE INFRACÇÃO CRIMINAL)
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Neste módulo de Direito penal, vamos abordar aspectos relacionados a teoria geral de
crime, ou seja, vamos de forma mais aprofundada perceber aspectos abordados no
Direito Penal I (acção, tipicidade, ilicitude, culpa).
Ex2: Ferir alguém porque lançou uma pedra fora sem olhar primeiro.
Daí que, há que não confundir acção com uma situação típica de não acção que ocorre
quando aparentemente há um comportamento humano, todavia, a conduta verificada
não é dominada e nem dominável.
Há que também não se confundir com acção livre na causa que se verifica
quando o agente de forma voluntária se coloca numa situação de incapacidade para
usar como alegação depois de cometer um crime.
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ESCOLA FINALISTA (Acção) – Define acção como sendo um comportamento
humano dominado ou dominável pelo agente. E essa definição adoptada até
aos dias actuais.
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3. Classificação dos crimes
Comuns: Que são aqueles crimes que podem ser cometidos por qualquer
indivíduo, como é o caso do Homicídio Voluntário Simples que se encontra descrito no
artigo 159 do C.P.
Específicos: que são aqueles crimes que exigem da parte do agente uma
qualidade ou situação jurídica específica, isso quer dizer que o autor não pode ser
qualquer pessoa mas sim alguém com um cargo, uma relação específica com a vítima,
como são os casos de homicídio agravado al.b) art.160 C.P; Bigamia, art.259 do C.P;
Peculato, art.434 do C.P.
Activos/ de acção: são os crimes que são cometidos por uma conduta activa que vai se
consubstanciar na violação de um bem jurídico, ou seja, consiste em fazer o que esta
proibido de fazer pela lei. Exemplo o artigo 159 que proíbe matar;
Omissivos/ por omissão: são aqueles crimes em que o agente deixa de fazer algo que
a lei lhe obriga a fazer. Como é o exemplo do art.266, que obriga apresentar às
autoridades um menor exposto, com isso queremos dizer que se a pessoa vê um
menor exposto e não apresenta às autoridades, comete com isso, um crime por
omissão.
Há que salientar que esta omissão pode ser pura que também pode se designar
por omissão própria que se verifica quando existe um comando directo na lei dizendo
que com esta conduta a pessoa comete um crime por omissão, como são os casos dos
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artigos 266 que foi mencionado acima, como também o artigo 266 do C.P, que obriga o
profissional da saúde a atender um paciente;
Podemos dar um exemplo de um pai passeando na rua com um filho seu, vem
alguém agride o filho, ele nada faz para cessar a agressão e em função deste não fazer
nada o filho perde a vida devido aos ferimentos graves que teve na agressão. Neste
exemplo podemos ver que o pai não teve nenhuma conduta activa em relação a
agressão do seu filho, no entanto, deixou de fazer algo que seria proteger ele, e por
causa desta falta de protecção o filho foi morto que é o resultado do artigo 159 do C.P.
Formais: Que são aqueles crimes de mera conduta, ou seja, não nos interessa o
resultado, basta a pessoa praticar, já se preenche o tipo legal de crime como é o caso
de envenenamento previsto no artigo 162 do CP.
-Conditio Sine Qua Non: Segundo esta teoria, vai ser causa de um determinado
resultado, qualquer condição que sem o qual o resultado não teria se verificado. E
estas condições tem mesma relevância.
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Ex: Se Liquino luta com Lequea e acaba o ferindo, Lequea indo ao Hospital
acaba sendo atropelado e morre, a luta que causou o ferimento para ele pensar ir ao
Hospital é a causa do resultado morte;
Ex: Se Liquino luta com Lequea e acaba o ferindo, Lequea indo ao Hospital
acaba sendo atropelado e morre, o atropelamento que é o último evento é o que vai
ser a causa da sua morte;
Ex: É normal e previsível que com um baleamento alguém morra mas não é normal e
previsivel em Direito Penal que alguém venha de peneira anoite e te mate, por isso,
pode ser causa do resultado morte baleamento e não feitiço.
*O agente com sua acção tenha criado um risco não permitido ou tenha aumentado
um risco já existente;
Importa referir que em funçao da teoria de risco nascem tres situacoes que são:
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Risco Juridicamente permitido: consiste na existencia de condutas e praticas de risco
mas que o Direito permite como é o caso de futebol;
Ex: Ver alguém que está prestes a ser atropelado e empurrar causando com isso
ferimentos mas em contrapartida evitando a sua morte;
5. Tipificaçao Subjectiva
Quando o autor tem a intenção de cometer o crime diz-se crime doloso; Estes crimes
são os que ocupam a maior parte do C.P. em principio toda conduta é dolosa e a sua
negligencia deve ser dita expressamente pela lei nos termos do art.
Dolo – Sobre este aspecto, importa referir que se compõe por dois elementos que são:
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Dolo necessário: quando a intenção do agente não pretende atingir um dado bem
jurídico, no entanto, para o alcance do seu fim deve atingir o bem jurídico, é o caso de
querer matar alguém que esteja num machibombo mas ter que colocar bomba que vai
matar outras pessoas que tornando-se necessário para matar quem o agente quer
matar.
Dolo eventual: Se verifica quando o agente tem intenção de atingir um dado bem
jurídico, abrindo a possibilidade de atingir um outro bem jurídico não almejado no
entanto o agente se conforma, é o caso de ter intenção de incendiar casa de João nas
horas que ele está no serviço, no dia do acto saber que é possível que naquela hora ele
esteja lá dentro da casa mas mesmo assim incendeia a casa.
Este erro não exclui dolo conforme al.c) do nr1. Do art.35 do C.P, uma vez que o bem
atingido possui o mesmo valor jurídico daquele que se errou;
Erro sobre o objecto: Quando o agente de forma livre e consciente quer cometer um
delito todavia se engana em relação ao objecto, é o caso de querer matar um animal e
acabar atingindo uma pessoa, este tipo de erro exclui dolo uma vez que os bens têm
um valor jurídico diferente e a pessoa será punida a título de negligência;
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Há casos em que o agente tem intenção de cometer um crime, todavia, acaba gerando
um resultado grave que o pretendido, quando isso ocorre estamos numa situação de
crimes preteritencionais, neste tipo de crime há uma fusão entre elementos dolo e
negligência onde o agente na verdade quer fazer uma coisa mas acaba se verificando
um resultado não previsto é o caso de ter intenção de bater alguém para ferir e acabar
morrendo em função dos ferimentos causados como esta patente no artigo 174 do
C.P. E três são as características principais deste tipo de crime:
1º Deve existir um crime doloso (principal) através do qual o agente pretende criar um
certo resultado;
3º Vai existir uma agravação da pena em função do resultado que se verificou mas não
era o previsto, razão pela qual pode também se chamar por crimes agravados pelo
resultado.
6. Ilicitude
Em sentido material, será considerada como uma ilicitude, toda conduta contraria à
ordem jurídica, que cause lesão à um bem jurídico ou que crie risco para o mesmo;
Porem, há casos em que esta conduta contraria à lei é excluída, ou seja, existem
determinadas situações que quando verificadas, a ilicitude da conduta do agente fica
justificada, nomeadamente:
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Estado de necessidade objectivo (al.a) do nr.1 do art.51 – 52 do C.P). É o caso
de alguém viola um bem jurídico para salvaguardar um outro bem jurídico com
valor jurídico maior;
Legítima defesa do ofendido ou duma terceira pessoa (al.b) do nr.1 do art.51 –
53 do C.P). É o caso de ser agredido, não ter ninguém por perto para te
socorrer na tentativa de cessar a agressão acabar matando o agressor;
Conflito de deveres (al.c) do nr.1 do art.51 – 54 do C.P). É o caso de um
profissional da saúde recusar atender um paciente porque tem que atender
um outro paciente;
Obediência devida aos superiores legítimos (al.d) do nr.1 do art.51 – 55 do
C.P). É o caso de um funcionário ser mandado depositar um dinheiro numa
conta do seu superior, inconsciente de que se trata de um desvio de fundo
estatal;
Fora das causas de exclusão de ilicitudes abordadas por nós, existem outras
enumeradas no artigo 51 do C.P.
7. Culpa
Entende-se por culpa, o juízo de censura feito pela lei, portanto a culpa é último
elemento do crime onde o juízo do agente é censurado por agir dum jeito que não
deveria.
Assim como vimos que a ilicitude podia ser excluída por alguns factores, a culpa
também pode se excluir por situações como:
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8. Caminho do crime
3º Execução - são actos praticados pelo agente sendo estes adequados para provocar
um determinado resultado e o agente tem uma decisão segura do que vai fazer, nesta
execução nascem figuras como (consumação, tentativa) que são formas de
aparecimento de crime.
Requisitos:
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9. Agentes de Crime
Co-autoria quando duas ou mais pessoas fazem parte da execução se dividindo tarefas
conforme alínea b) do art.24 do C.P;
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Cúmplices (art.25 do C.P): são aqueles que aconselham o agente a cometer o crime
todavia não determinam a execução, ou seja, mesmo se esses não o aconselhassem,
este cometeria o crime.
Cumplicidade pode ser moral quando apenas se auxilia o crime através de conselhos;
pode ser material quando se facilita a execução do crime dando objecto (arma branca
por exemplo).
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