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Índice
Introdução...................................................................................................................................3

1. A cultura: Conceito e resenha histórica do termo cultura.......................................................4

1.1. Conceito de cultura..............................................................................................................4

1.1.1. Resenha histórica do termo cultura...................................................................................5

1.2. Diversidade cultural.............................................................................................................6

1.3. A diversidade cultural e a questão dos paradigmas de desenvolvimento............................7

2. Processo Eleitoral em Moçambique........................................................................................9

2.1. O papel Genérico das Eleições............................................................................................9

2.2. O Papel das Eleições no Caso Moçambicano....................................................................10

3. A contribuição das ONG’s e da sociedade civil na área social e cultural.............................11

3.1. A contribuição das ONG’s na área social e cultural..........................................................11

3.2. Contribuição da sociedade civil na área social e cultural..................................................12

4. O papel da mulher e as relações de género e a educação......................................................13

Neste ponto, de forma clara e eficiente nos importa trazer e descrever o papel da mulher e as
relações de género e a educação...............................................................................................13

4.1. Conceito de género............................................................................................................13

4.2. O papel da mulher e a equidade de género........................................................................14

4.3. Educação e questões de género em Moçambique..............................................................15

4.4. Dominação de género e a influência religiosa na questão educacional em Moçambique. 17

Conclusão..................................................................................................................................19

Bibliografia...............................................................................................................................21
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Introdução

Os desafios actuais de Moçambique, constitui o tema deste trabalho; este trabalho é fruto de
orientação, ou seja, proposta da docente da cadeira de História política IV como forma de
enriquecimento epistémico. Iremos apresentar alguns conceitos relacionados com o trabalho
como no caso de diversidade, género, sociedade civil como uma forma de ponte epistémica
para podermos se mergulhar no tema sem complicações.

Este trabalho tem como objectivo principal apresentar de forma clara e eficiente os desafios
actuais de Moçambique na era contemporânea, era esta que é caracterizada pelo
desenvolvimento tecnológico, globalização. O trabalho tem como objectivos específicos que
se resumem nos seguintes: descrever a contribuição das ONG’s e da sociedade civil na área
social e cultural; explicar a situação da educação e a questão de género em Moçambique; e
por fim explicar o papel da mulher e as relações de género e a educação.

A estrutura total do trabalho num único tema contempla subtítulos consoante a sua
organização e inclui uma conclusão ao menos parcial, mediante a sua abordagem e inclui
igualmente uma bibliografia final das fontes consultadas.

Para a sua efectivação, recorreu-se a metodologia de consulta bibliográfica numa abordagem


qualitativa e, como técnica, fez-se uma leitura exaustiva e debate no seio do grupo, e análise
facial das fontes consultadas e os dados foram sintetizados de forma descritiva.
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1. A cultura: Conceito e resenha histórica do termo cultura


Neste ponto já que vamos falar da diversidade cultural e novos paradigmas de
desenvolvimento achamos nos ser pertinente antes de mais nada prioritária a definição da
cultura e seu histórico, subsequentemente outros desenvolvimentos.

1.1. Conceito de cultura


Existem muitos elementos que fazem parte da representação de um povo, como: religião,
idioma, costume, folclore, arte, entre outros. Com isso, as pessoas que pertencem a um
determinado grupo conseguem se identificar com essas características comuns e construir a
sua identidade.

Dessa forma, uma cultura pode ter símbolos materiais, por exemplo, museus, obras de arte,
construções e praças. Eles também podem ser imateriais, como festas, danças, lendas, música,
culinária.

A cultura é a identidade de um grupo e o que faz com que ele seja único no mundo. Como
o planeta tem muitos povos com seus costumes e tradições, podemos dizer que
convivemos com a diversidade cultural. A cultura se identifica com o modo de vida de
uma população determinada, vale dizer, com todo o conjunto de regras e comportamentos
pelos quais as instituições adquirem um significado para os agentes sociais e através dos
quais se encarnam em condutas mais ou menos codificadas (MARGARET MEAD apud
Japiassú & Marcondes, 2001).

Num sentido mais filosófico, a cultura pode ser considerada como um feixe de representações,
de símbolos, de imaginário, de atitudes e referências susceptível de irrigar, de modo bastante
desigual, mas globalmente, o corpo social.

Para Childe (1956, p.23) cultura é uma herança social que corresponderia a um compartilhar
de tradições, instituições, modos de vida entre outros elementos. E ainda “cultura é uma soma
de todas as ideias actividades e materiais que caracterizam a natureza de um determinado
grupo humano” (GRANATO & RANGEL, 2009),

Assim sendo, Cultura é o conjunto dos traços distintivos espirituais, materiais, intelectuais e
afectivos que caracterizam uma sociedade e um grupo social, englobando, além das artes e
das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores,
as tradições e as crenças.
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De acorde com Tylor apud Kahn (1975), “cultura é aquele todo complexo que inclui
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e
aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (p.2).

Por outro lado, Linton (1965), entende a cultura de qualquer sociedade como fruto da “soma
total de ideias, reacções emocionais condicionadas a padrões de comportamento habitual que
seus membros adquiriram por meio da instrução ou imitação e de que todos em maior ou
menor grau participam ” (p.316).

1.1.1. Resenha histórica do termo cultura


O termo cultura foi utilizado em latim para definir o cultivo de terra, mas também por
Cícero para definir a cultura animi (a cultura ou culto da alma). Na sociedade moderna, o
termo toma novos rumos, como se vê no alemão kultur, que não tem em si um
significado, mas traz consigo um carácter de erudição. Não coincidentemente, na mesma
época a língua italiana adoptaria o termo coltore para o cultivo de terra e cultura para o
estado, reforçando esta distinção que não havia em sua origem latina (KAHN, 1975).

Com o surgimento das nações e assim dos estados nação e das suas estruturações, seus
criadores desenvolveram desde o final do século XIII e durante o século XIX mecanismos de
unificação dos habitantes de determinado território em torno de uma identidade comum, fosse
pela língua, fosse pela referência histórica ou de origem dos seus antepassados.

Como nada disso estava consolidado nacionalmente, era necessário instituir essas unidades
tanto no âmbito territorial quanto linguístico e étnico, difundindo-os através das escolas.
Depois de um tem tempo, a língua inglesa adopta o termo culture, em separado do termo
folclore, este para tratar dos costumes das pessoas, em um tom levemente pejorativo,
enquanto que a língua alemã tratará de alta e baixa cultura, contrapondo os estudos mais
eruditos às questões quotidianas da população em geral.

Mais tarde, a antropologia assumiria o lugar da ciência voltada para os estudos da cultura, ou
das diferentes culturas, ainda mais considerando os ditos novos continentes, colonizados pelos
povos europeus, que ao lá chegarem se depararam com culturas diferentes das suas e se
interessaram em desvendá-las.
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1.2. Diversidade cultural


A discussão sobre diversidade cultural ocupa lugar de destaque na ordem política
internacional. A Declaração Universal sobre Diversidade Cultural (UNESCO, 2001),
resultado da Conferência de Estocolmo, realizada em 1998, sinaliza a relevância da temática.
A diversidade cultural é colocada no mesmo plano dos direitos económicos e sociais e remete
a uma conceituação de cultura consideravelmente ampla, fortemente ancorada na discussão
antropológica. Afirma-se em diversos momentos a diversidade como compatível com a
unidade do género humano e com o intercâmbio entre diferentes culturas.

Dá para perceber que a diversidade cultural é complicada de quantificar, mas uma boa
indicação é pensar numa contagem do número de línguas faladas em uma região ou no mundo
como um todo. Através desta medida, há sinais de que podemos estar a atravessar um período
de declínio precipitado na diversidade cultural do mundo.

A diversidade cultural são diferenças culturais que existem entre o ser humano. Há vários
tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a
organização da sociedade. A diversidade cultural é algo associado à dinâmica do processo
de aceitação da sociedade. Pessoas que por algumas razões decidem pautar suas vidas por
normas pré-estabelecidas tendem a esquecer suas próprias idiossincrasias (Mistura De
Culturas). Por outras palavras, o todo vigente impõe-se às necessidades individuais
(KLIKSBERG; TOMASSINI; 2000).

O denominado “status quo” deflagra natural e espontaneamente, e como diria Hegel, num
processo dialéctico, a adequação significativa do ser ao meio. A cultura insere o indivíduo
num meio social.

O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou


elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente.

A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes


ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também,
pode ser encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na
tolerância mútua.
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1.3. A diversidade cultural e a questão dos paradigmas de desenvolvimento


A cultura não é estática. Resulta de uma multiplicidade de práticas políticas, económicas,
sociais, ideológicas, crenças e outros, que vão sofrendo alterações ao longo do tempo e nos
espaços conforme as interacções e construções sociais que ocorrem no âmbito das relações
internas e externas ao grupo. É marcada pela diversidade em todos os sentidos. Não há
fronteira, mas não se eliminam as especificidades.

O campo da cultura, principalmente por sua característica de diversidade, diante da


ineficiência do modelo de homogeneização cultural proposto pela modernidade, tem se
tornado objecto de exploração mercadológica. Modelos de desenvolvimento com base na
unificação cultural fracassaram. Modelos de desenvolvimento com base na exploração
comercial da diversidade cultural não são o caminho.

A sociedade como um todo – histórica, política, social e culturalmente – foi marcada por
paradigmas que tinham como meta de concepção um olhar holístico em direcção ao passado
ou em direcção ao futuro. Com o advento dos modernos, a partir do Iluminismo, a direcção, o
olhar para o futuro configuraram as orientações paradigmáticas. Estas, por sua vez,
respaldavam-se na ideia de progresso (capitalismo, na percepção do indivíduo; socialismo, na
percepção da colectividade), no progresso linear e em direcção ao futuro: cheio de promessas
e realizações para os indivíduos ou para as colectividades.

As conexões entre cultura e desenvolvimento vêm historicizando os espaços, marcando


épocas, construindo cenários. A cultura é parte da sociedade, mola propulsora do
conhecimento e da forma de agir de uma comunidade. Conhecer e analisar a cultura de um
povo consubstancia-se num dos caminhos para a compreensão da sua organização, estrutura,
funcionamento, seu campo imaginário e de crenças.

O significado do desenvolvimento para um povo está intimamente ligado a sua construção


cultural. Por um bom período, os estudos da sociedade estiveram pautados por uma ideia de
progresso homogéneo e futurista.

Kliksberg (2000) entende que:

o capital social e a cultura são componentes básicos do desenvolvimento das sociedades


de tal forma que a cultura imbrica-se no capital social. Conforme sua exposição, as
famílias, os grupos, formam o capital social e a cultura por portarem atitudes de
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cooperação, valores, tradição e a visão da realidade, além de construírem o estilo de vida


das sociedades.

Com efeito, a constatação de que o modelo de desenvolvimento vigente desde o pós-guerra,


assentado exclusivamente em um viés economicista, deteriorara em grau extremo as
condições ambientais no planeta e, por consequência, a compreensão de que o imperativo da
sustentabilidade exigia um meio ambiente saudável levaram à mobilização da comunidade
internacional na direcção da adopção de um conjunto de medidas voltadas para frear a
degradação ambiental e proteger a biodiversidade.

As trocas de saberes e a convivência harmoniosa com a diversidade permitem melhores


relações, para uma sociedade mais desenvolvida em todos os aspectos. Assim, é preciso que
todas as culturas tenham voz e sejam respeitadas.

Porém, através da diversidade cultural podem se fazer sentir os seguintes paradigmas de


desenvolvimento:

Paradigma político – cultural: diversidade é uma oportunidade, pois a compreensão


da diversidade aumenta o nosso conhecimento e capacidade de compreender e aceitar
as diferenças. As vantagens da diversidade acabam por ser muito superiores a qualquer
dificuldade inicial que possa surgir por causa das diferenças entre as pessoas. Este
paradigma trás de desenvolvimento (traz modificações) na nossa própria cultura.
Paradigma político – social: Na realidade, quando a diversidade funciona, existe um
confronto das crenças pré existentes perante as novas ideias e perspectivas que
surgem. O que acontece é que, como existem diferentes formas de pensar, fazer e
estar, existe naturalmente algum conflito, mas esse conflito, se bem gerido, deve ser
encarado como uma oportunidade de fazer diferente e melhor. Vivendo numa
sociedade em constante mudança, é uma mais valia, poder aprender formas diferentes
de pensar e ideias novas para desenvolver.
Paradigma político – económico: É apropriada no âmbito do económico, que vem
pontuando uma nova forma de actuação das organizações e nações, as quais, “da
diversidade, [...] conquistam suas vantagens competitivas. A emergência de um novo
paradigma de evolução não exclui, portanto, múltiplas bifurcações económicas e
tecnológicas, variedade fundada na grande diversidade das instituições, das culturas e
das histórias da humanidade” (ZAOUAL, 2003, p.69).
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Santos (2002, p.49), nessa mesma direcção, tece crítica à capitalização da cultura. Com esse
pensamento, as experiencias dos outros na arena económica que os demais trazem para nós,
nos permitem desenvolver a nossa própria economia.
Paradigma político – religioso: Soma-se a percepção da inexistência de um único
modelo de organização mobilizável, mesmo na base, porque o mundo se caracteriza
pela diversidade de populações e situações entrelaçadas em sistemas de crenças e
práticas variadas no tempo e no espaço. Com este modelo traz transformações nas
nossas crenças religiosas.

2. Processo Eleitoral em Moçambique


A vida política moçambicana é fundamentalmente caracterizada por uma tensão entre
democratização e gestão de conflitos. A primeira refere-se a instituições e procedimentos
formais, tal como eleições e a segunda característica é fundamentalmente a necessidade
contínua de gestão de conflitos, baseada na construção de consensos e que frequentemente
requer uma abordagem mais informal. Esta tensão torna-se mais evidente durante os
processos eleitorais, por isso que existe uma tendência para gerir estes conflitos através da
alteração da legislação e da administração eleitoral.

2.1. O papel Genérico das Eleições


Seguindo a linha de pensamento de Manin, Przeworski, e Stokes (2006),

no ponto de vista do mandato, as eleições servem para seleccionar boas políticas ou políticos que
sustentam determinadas políticas, portanto, os partidos ou os candidatos fazem propostas políticas
durante a campanha e explicam como essas propostas poderiam afectar o bem-estar dos cidadãos,
os quais escolhem as propostas que gostariam de vê-las implementadas, bem como das pessoas

que se encarregarão de as implementá-las (MANIN, PRZEWORSKI, e STOKES 2006, p.164).

É esta lógica que leva o campo político a ser descrito como sendo “o lugar em que se geram,
na concorrência entre os agentes que nele se acham envolvidos, produtos políticos, problemas,
programas, análises, comentários, conceitos, acontecimentos, entre os quais os cidadãos
comuns, reduzidos ao estatuto de «consumidores», devem escolher, com probabilidades de
mal-entendido tanto maiores quanto mais afastados estão do lugar de produção.

No ponto de vista de prestação de contas, as eleições servem para manter o governo


responsável pelos resultados de suas acções passadas. Nesta linha de pensamento, também
André Madjimbire destaca que as eleições servem para sancionar (não votar no mesmo
candidato ou partido) os governantes que não satisfizeram os seus eleitores durante o seu
mandato, ou premiar (votando de novo no mesmo governo) os governantes que tiveram bom
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desempenho durante o seu mandato. Seguindo esta linha de pensamento os incumbentes, bem
como os eleitores são racionais, (André Madjimbire)1.

Portanto, uma vez que os eleitores são racionais “ cada um deles concebe as eleições
estritamente como meios de selecção de governo que mais o beneficiará” (Cfr. DE BRITO,
2013, p.13).

2.2. O Papel das Eleições no Caso Moçambicano


O primeiro postulado segundo o qual as eleições servem para seleccionar boas políticas ou
políticos que sustentam determinadas políticas, é problemático em Moçambique, primeiro
porque neste, está subjacente a ideia de que os eleitores recebem os manifestos eleitorais dos
diversos candidatos ou partidos políticos, analisam-nos e finalmente escolhem o candidato ou
partido político que apresenta o melhor manifesto, este que posteriormente seria transformado
num programa de governação.

Este postulado é problemático primeiro, porque no sentido radical, os partidos moçambicanos


não são programáticos, segundo, porque a maioria dos moçambicanos não se interessa em
analisar os programas políticos. No caso específico da campanha para as eleições de 2014,
2019, nos distritos de Chibuto, Macia, Chókwè e Xai-Xai em Gaza assim como em Mueda-
Cabo Delgado, as comitivas da Renamo foram fortemente dificultadas de fazer a sua
campanha, o que significa que a população local está tão formatada que nem tão pouco quer
saber de um outro partido, muito mais do seu programa de governação.

No ponto de vista de prestação de contas, as eleições servem para “manter o governo


responsável pelos resultados de suas acções passadas, isto significa que os eleitores fazem
um voto retrospectivo”( Agostinho Abacar Trinta2) . Portanto, este postulado não se encaixa
no contexto moçambicano onde até hoje, ainda existem crianças a estudar em baixo das
árvores e sem carteiras embora Moçambique seja exportador da madeira, carência ou falta de
transporte, sobretudo terrestre, morosidade na tramitação de certos procedimentos
administrativos, fraca cobertura da rede de abastecimento da água potável e da corrente
electiva, casos de corrupção que envolve funcionários públicos em fim uma série de
problemas que inclui o mau provimento de bens e serviços básicos à população.

Este postulado é problemático dado que embora existam esses problemas, verifica-se que o
mesmo partido que governou o país no período pós-independência é o mesmo que governa
1
André Madjimbire , entrevista realizada na Sede Provincial da RENAMO de Nampula no dia 08 de Março de
2021.
2
Agostinho Abacar Trinta, entrevista realizada na Sede Provincial da FRELIMO de Nampula no dia 04 de
Março de 2021.
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desde a introdução do multipartidarismo. Ou seja, é o mesmo partido (Frelimo) que ganhou as


eleições de 1994; 1999; 2004; 2009, 2014 e 2019 independentemente do seu performance
governativo. Este fenómeno não só é observável em Moçambique, mas também noutros
países africanos como constatado por Wall (2003), ao avançar que um padrão marcante das
transições africanas tem sido a ausência de alternância, portanto, o ex partido único que
conseguiu sobreviver à mudança para a política multipartidária com seu poder intacto, foi
capaz de usar todos os seus recursos para marginalizar a oposição e reconsolidar o poder na
segunda e terceira eleições multipartidárias.

No tempo da campanha eleitoral, o papel dos partidos políticos é de apresentar programas


traçados pelo partido que melhor satisfazem os interesses do povo de modos que possa
persuadi-los para que sejam confiados e votados para assumirem o Estado.

3. A contribuição das ONGs e da sociedade civil na área social e cultural


Aqui, importa-nos descrever as contribuições das ONGs (Organizações Não
Governamentais).

3.1. A contribuição das ONGs na área social e cultural


A partir do início década de 90, o surgimento de ONGs nacionais e internacionais
começou a ganhar importância, facto a que está ligado a revisão da Constituição do país,
sendo então reconhecido o direito à livre associação e à «formação de organizações
sociais como instrumento de promoção da participação popular no desenvolvimento»
(ARMIÑO, 1997).

Observando as actividades realizadas pelos ONG’s fica-se com a impressão que fazem um
pouco de tudo por todos os lados. Envolveram-se logo após o fim da guerra massivamente na
reabilitação de infra-estruturas sociais, no reagrupamento e fixação das populações e na
distribuição de alimentos e instrumentos agrícolas. Mais tarde passaram a implementar
projectos de desenvolvimento em várias áreas, tais como micro-créditos, alfabetização,
formação formal e informal e gestão de recursos naturais.

A diversidade das actividades do conjunto das ONGs estende-se para dentro de cada
organização; dificilmente se encontra uma ONG que se dedica exclusivamente a uma ou outra
actividade. Todas combinam várias actividades, às vezes dentro do mesmo ramo, outras vezes
trata-se de actividades de diferentes sectores, argumentando para tal que uma especialização
avançada não corresponde à realidade da vida e às necessidades das comunidades de base nas
zonas rurais.
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No entanto, se em parte a diversidade das actividades é uma opção das ONGs nacionais,
ela é também o resultado da necessidade de obter fundos para a realização de qualquer
projecto. E os fundos vêm das agências internacionais e ONGs estrangeiras. Estas têm as
suas próprias agendas e prioridades, frequentemente induzidas por assuntos e questões
que «vendem» nos seus países de origem. Pois, os doadores dependem, por sua vez, do
seu público que deve ser convencido da necessidade de continuar a disponibilizar,
directamente ou através dos impostos, somas importantes para a ajuda ao
desenvolvimento (idem).

Em resumo, para além dos benefícios resultantes das das ONGs (melhoria de qualidade
ambiental e urbana e aumento dos rendimentos das famílias), os efeitos urbanos da acção
destas ONGs podem ser perspectivados a três níveis, nomeadamente como: (i) reforço da
organização das comunidades para desenvolver iniciativas de gestão e melhoramento das
condições de vida urbana através de processos participativos (auto-construção de
equipamento social e comunitário, organização de sistemas de recolha de lixo, reabilitação e
manutenção de estradas, caminhos e drenagens, criação de espaços verdes, etc.); (ii) forma de
elevar o potencial mobilizador dos instrumentos disponíveis na luta contra a pobreza (o micro
crédito pode funcionar como catalisador de uma dinâmica de gestão e liderança dos grupos
beneficiários que progressivamente se pode alargar a toda a comunidade) e (iii) instrumentos,
simultaneamente, de oportunidade e risco que possam transformar emergentes dinâmicas de
sobrevivência em processos sustentáveis e duráveis, a baixo custo.

3.2. Contribuição da sociedade civil na área social e cultural


Sociedade civil refere-se ao conjunto das organizações voluntárias que servem como
mecanismos de articulação de uma sociedade, por oposição às estruturas apoiadas pela força
de um estado (independentemente de seu sistema político)3.

Maquiavel já havia estabelecido uma distinção entre sociedade e Estado. Entretanto, o


primeiro estudo envolvendo a expressão “sociedade civil”, foi o “Ensaio Sobre a História da
Sociedade Civil”, escrito pelo filósofo escocês Adam Ferguson, em 1767. Posteriormente,
Immanuel Kant desenvolveu o conceito de Sociedade Civil como uma sociedade estabelecida
com base no direito, ou seja, o oposto da categoria explicativa de estado de natureza,
caracterizada pela guerra potencialmente permanente de todos contra todos.

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Saif al-islam alqadhafi. the role of civil society in the democratisation of global governance institutions.
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Todavia, em seu sentido moderno, a expressão é atribuída ao filósofo alemão Georg Wilhelm
Friedrich Hegel, que utilizou-a em Elementos da Filosofia do Direito. Nesta obra, a sociedade
civil (burgerliche Gesellschaft em alemão) era um estágio no relacionamento dialéctico entre
os opostos percebidos por Hegel, a macro-comunidade do estado e a micro-comunidade da
família. Num sentido amplo, o termo foi dividido, como os seguidores de Hegel, entre a
esquerda e a direita. Na esquerda, tornou-se a fundação da sociedade burguesa de Karl Marx;
na direita, tornou-se uma descrição para todos os aspectos não estatais da sociedade,
expandindo-se da rigidez económica do marxismo para a cultura, sociedade e política.

A actuação da sociedade civil acontece de forma organizada e traz novos agentes e novas
agendas, ou seja, representa diferentes parcelas da população através de grupos e
reivindicações distintas. A sociedade civil organizada, desde as organizações de bairro ou de
trabalhadores, até os grupos internacionais, como a Anistia Internacional ou o Greenpeace,
interagem com o Estado. No bojo de atores que interagem interna e externamente na esfera
estatal, as ONGs figuram como as representantes mais actuante da chamada sociedade civil
(PINTO, 2006).

4. O papel da mulher e as relações de género e a educação


Neste ponto, de forma clara e eficiente nos importa trazer e descrever o papel da mulher e as
relações de género e a educação.

4.1. Conceito de género


Desde sempre, e de forma automática, reagimos de maneira diferente perante uma criança
do sexo feminino e uma do sexo masculino, quer a nível da comunicação verbal quer a nível
de escolhas feitas perante estas crianças como, por exemplo, na oferta de prendas. E essa
diferenciação não tem sido muito favorável para o sexo feminino, provocando desigualdades
quer na hierarquia quer no estatuto social.

Segundo Avritzer, (2010, p. 12) dão uma definição de género um pouco mais completa,
afirmando que “O termo género é usado para descrever inferências e significações atribuídas
aos indivíduos a partir do conhecimento da sua categoria sexual de pertença. Trata-se, neste
caso, da construção de categorias sociais decorrentes das diferenças anatómicas e
fisiológicas.”

Quando falamos de género, falamos entre outros aspectos da identidade de género, da


orientação sexual e também dos papéis de género, mas estes aspectos estão relacionados
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com os comportamentos que homens e mulheres adoptam no seu dia-a-dia, pois é a junção
destes factores que resultam nas expectativas que a sociedade tem para cada género e que
são socialmente aceites.

4.2. O papel da mulher e a equidade de género


Até na Bíblia a mulher não presta. Os santos, nas suas pregações antigas, dizem que a mulher nada
vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonte de todas as discussões, querelas e injustiças.
É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas, encurraladas em
haréns como gado, é porque não fazemos falta nenhuma. Mas se não fazemos falta nenhuma,
porque é que Deus nos colocou no mundo? E esse Deus se existe, por que nos deixa sofrer assim?
O pior de tudo é que Deus parece não ter mulher nenhuma. Se ele fosse casado, a deusa, sua
esposa, intercederia por nós. Através dela pediríamos a bênção de uma vida de harmonia. Mas a
deusa deve existir, penso. Deve ser tão invisível como todas nós. O seu espaço é, de certeza, a
cozinha celestial” (PAULINA CHIZIANE, 2007, p. 43).

A conquista feminina pela igualdade tem sido lenta mas gradual e alguns/algumas
autores/autoras já consideram que a igualdade entre géneros está praticamente conseguida. A
busca incessante do direito à igualdade entre géneros tem revelado muitas conquistas e
bastantes vitórias; contudo será importante referir que ainda há muito para ser feito.

Serpa (2001) alude a Tomé e Rambla para salientar que existem papéis sociais representados
por homens e por mulheres que se comportam de acordo com determinadas regras sociais. As
desigualdades continuam a existir em diversas situações, não apenas no que se refere a
questões profissionais como também a questões domésticas. Ainda referem que:

às mulheres continuam a ser associadas condições como cuidar da família, acrescentando


trabalhar em simultâneo, sujeitando-as a uma sobrecarga física e até psicológica. As
mulheres, apesar da emancipação e de investirem bastante na sua formação, ainda têm
pouca presença, nomeadamente na vida pública. Existem alguns cargos que ainda são
assumidos principalmente por homens (Serpa, 2011, p. 23).

Ao fim de muitas lutas pela igualdade, alguns autores, como Héritier (1996) defendem que
apesar de as desigualdades estarem a diminuir não significa de todo que desapareçam. Trata-
se de um facto, as mulheres cada vez mais assumem responsabilidades e tarefas masculinas,
mas na opinião da referida autora “há sempre mais longe, mais à frente, um «domínio
reservado masculino», no clube muito selecto da política, da religião, das responsabilidades
empresariais, etc”
15

Na perspectiva da autora (1996), estas desigualdades são difíceis de combater devido ao facto
de estarem inculcadas na nossa sociedade, sendo transmitidas logo à nascença e apresentarem-
se como valores transmitidos de forma explícita, que não sendo correctos correspondem ao
que é socialmente aceitável.

Héritier (2002) salienta que o cérebro das mulheres apresenta as mesmas características do
cérebro dos homens. Ocupa o mesmo lugar, apresenta as mesmas formas, as mesmas
circunvoluções e desempenha as mesmas funções. Porém, aponta a estatura física feminina
como responsável pelo peso inferior do cérebro das mulheres. Esta justificação torna-se
infrutífera, na medida em que as mulheres revelam as mesmas capacidades intelectuais
masculinas.

De acordo com o mesmo autor, refere que todas estas tentativas feitas para inferiorizar as
mulheres caem por terra quando se verifica que as performances são as mesmas. Apesar de
todas as tentativas para o impedir, as mulheres conquistaram uma posição bastante positiva na
sociedade, sendo esse facto verificável através do aumento do emprego, níveis de formação e
instrução.

Em Moçambique, as mulheres ocupam cada vez mais lugares onde se tomam decisões
importantes, nomeadamente cargos políticos. Desta forma, as mulheres desempenham
funções que ao longo dos anos têm feito com que as taxas de emprego tenham vindo a
aumentar.

Apesar de todas as evidentes conquistas feitas pelas mulheres, Beleza (2010) considera que as
relações sociais de género são “desiguais” em detrimento do género feminino. A incessante
procura de direitos de igualdade entre homens e mulheres, apesar de lenta tem surtido os seus
efeitos. Moçambique não é excepção e a tentativa de integrar as mulheres em contextos
maioritariamente representados por homens fez com se comprovasse que as mulheres têm
capacidades, facto este que se verifica a nível dos vários postos importantes do nosso
governo.

4.3. Educação e questões de género em Moçambique


O nosso ponto de partida, é discutir a Educação e as questões de género em Moçambique
como uma condição multifacetada, uma vez que as desigualdades são frutos da soma de
diferentes fontes de opressão contra as mulheres, envolvendo além do género a intersecção
com raça e classe nas estruturas de dominação históricas.
16

O “pós-colonial” não sinaliza uma sucessão cronológica do tipo antes e depois, uma vez que
muitos dos problemas do colonialismo como dependência económica, subdesenvolvimento e
desigualdades sociais não foram resolvidos no pós-colonialismo, essas relações apenas
assumiram uma nova configuração.

Como bem adverte Mia Couto (2008) as ex-colónias já tiveram várias nomenclaturas
“terceiro Mundo, países subdesenvolvidos, nações da periferia, hoje, países ricos e pobres
são chamados de parceiros”, o problema para este autor é que não se resolve nas palavras o
que não esta resolvido na substância.

“Os modos de classificação e identificação social que estruturam uma sociedade determinam
também a forma pela qual sua reprodução social é organizada, determinando de que forma as
concepções e as relações sociais são construídas” (STOLCKE, 2006, p.26).

Ao analisar o argumento de Stolcke, verifica-se que a subordinação das mulheres não é


exercida exclusivamente pelos homens, mas é um fenómeno universal produzido ao longo da
história a partir do surgimento da propriedade privada e do colonialismo.

“Antes, a mulher moçambicana não tinha voz, a mulher não podia estudar mais que o homem,
diziam que a mulher não pode conduzir o carro, a mulher não pode trabalhar nas secretarias.
Então, a Frelimo começou a luta armada, dizia que na nossa luta não há homem, não há mulher,
mas sim todos somos militantes” (CORRÊA & HOMEM, 1977, p.415).

No que tange a educação, o problema em Moçambique, de acordo com o último Censo


realizado em 2007, é que apenas 40% da população sabe falar o idioma, quando utilizamos
género como categoria de análise os números são bem mais alarmantes, apenas 20% das
mulheres moçambicanas falam o idioma, em termos educacionais a escolarização feminina
também foi sempre menor que a masculina. Em todas as idades as taxas de analfabetismo são
maiores entre as mulheres, nas áreas rurais a taxa de analfabetismo feminina é 1,5 vezes
superior à masculina e nas cidades é 2,4 superior. Isto significa que os homens são mais
favorecidos pelas facilidades urbanas ao acesso às escolas, em contraposição ao campo.

Nas últimas décadas o governo tem investido massivamente num sistema de educação básica
gratuita, mas na prática ainda é preciso pagar pelo fardamento e material escolar, nesse
contexto as famílias pobres continuam tendo dificuldade para educar as crianças.

“Em Moçambique, os homens têm tradicionalmente a responsabilidade de ganha-pão e das tarefas


financeiramente produtivas e, consequentemente, a educação dos rapazes foi durante muito tempo
17

considerada uma prioridade. Como a divisão tradicional do trabalho coloca as mulheres em casa a
cuidar das tarefas reprodutivas, não se achava necessário, ou até significativo, pagar a educação de
uma rapariga” (PAULO & TUOMINEN, 2009, p. 43).

A valorização da educação escolar feminina é predominante em famílias com capital cultural


médio ou elevado e em famílias monoparentais chefiadas por mulheres, muitas vezes sem
formação académica, com poucos recursos e com histórico de violência doméstica, Neste caso
para atingir seus objectivos os indivíduos avaliam seus custos e benefícios relativos.

“As acções do governo Moçambicano no sector de educação tem exercido um impacto


positivo nos níveis de frequência escolar, mas ainda apontam para uma diferença de género
principalmente no que tange os índices de evasão escolar entre as meninas. Além da carência
de escolas também percebemos o preconceito da sociedade tradicional de que a mulher não
deve estudar” (iden).

Na visão destes dois pensadores, é dada pouca atenção ao papel crucial do Estado e da Igreja
no controle social da mulher e em como as múltiplas normas morais, religiosas e sociais
interagem dialecticamente com as desigualdades sociais.

4.4. Dominação de género e a influência religiosa na questão educacional em


Moçambique
“Logo após sua independência em 1975, o país adoptou o sistema socialista, nacionalizando o
património da igreja e instituindo a laicidade do Estado, mas de modo geral as influências
religiosas e culturais ainda estão muito presentes na sociedade moçambicana fortalecendo o
sistema patriarcal, que subordina as mulheres” (PAULO & TUOMINEN, 2009, p. 45).

Na visão destes autores, a construção cultural de homens e mulheres em Moçambique é


inserida hoje através das práticas culturais, influenciadas pelos dogmas religiosos e
propagadas através do Alcorão e da Bíblia. No que tange as questões de género é clara a
similaridade, seja qual for a confissão religiosa, das desigualdades entre homens e mulheres,
colocando-as num patamar de inferioridade.

“A frequência escolar tem correlação directa com a religião do chefe familiar, dentre os
católicos 63% das crianças frequentam a escola, enquanto nas famílias muçulmanas esta
percentagem cai para 48%. No contexto rural, a maioria das raparigas sua educação é
interrompida caso seus pais identificarem um bom marido para elas; parte do problema esta
relacionado com a percepção de que a educação é perda de tempo e gasto de recursos
financeiros, principalmente em relação às meninas” (Ibdem, 16).
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Nestas comunidades fortemente muçulmanas, muitos pais preferem mandar os seus filhos
para Madraça, escola muçulmana, que além de dar uma formação religiosa também orienta os
estudantes sobre o Islão e a posição de homens e mulheres na sociedade, ensinando desde a
puberdade noções de sexualidade ligadas ao género que reforçam a superioridade dos homens
e as obrigações das mulheres para com os maridos.

Conclusão
A discussão sobre diversidade cultural ocupa lugar de destaque na ordem política
internacional. A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade,
diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes,
também, pode ser encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou
ainda, na tolerância mútua.
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A vida política moçambicana é fundamentalmente caracterizada por uma tensão entre


democratização e gestão de conflitos. A primeira refere-se a instituições e procedimentos
formais, tal como eleições e a segunda característica é fundamentalmente a necessidade
contínua de gestão de conflitos, baseada na construção de consensos e que frequentemente
requer uma abordagem mais informal. Esta tensão torna-se mais evidente durante os
processos eleitorais, por isso que existe uma tendência para gerir estes conflitos através da
alteração da legislação e da administração eleitoral.

O primeiro postulado segundo o qual as eleições servem para seleccionar boas políticas ou
políticos que sustentam determinadas políticas, é problemático em Moçambique, primeiro
porque neste, está subjacente a ideia de que os eleitores recebem os manifestos eleitorais dos
diversos candidatos ou partidos políticos, analisam-nos e finalmente escolhem o candidato ou
partido político que apresenta o melhor manifesto, este que posteriormente seria transformado
num programa de governação.

Observando as actividades realizadas pelos ONGs e a sociedade civil na área social e cultural
verifica-se com a impressão que fazem um pouco de tudo por todos os lados. Envolveram-se
logo após o fim da guerra massivamente na reabilitação de infra-estruturas sociais, no
reagrupamento e fixação das populações e na distribuição de alimentos e instrumentos
agrícolas. Mais tarde passaram a implementar projectos de desenvolvimento em várias áreas,
tais como micro-créditos, alfabetização, formação formal e informal e gestão de recursos
naturais.

A conquista feminina pela igualdade tem sido lenta mas gradual e alguns/algumas
autores/autoras já consideram que a igualdade entre géneros está praticamente conseguida. A
busca incessante do direito à igualdade entre géneros tem revelado muitas conquistas e
bastantes vitórias; contudo será importante referir que ainda há muito para ser feito.

Às mulheres continuam a ser associadas condições como cuidar da família, acrescentando


trabalhar em simultâneo, sujeitando-as a uma sobrecarga física e até psicológica. As mulheres,
apesar da emancipação e de investirem bastante na sua formação, ainda têm pouca presença,
nomeadamente na vida pública. Existem alguns cargos que ainda são assumidos
principalmente por homens.

Ao fim de muitas lutas pela igualdade, alguns autores, como Héritier (1996) defendem que
apesar de as desigualdades estarem a diminuir não significa de todo que desapareçam. Trata-
se de um facto, as mulheres cada vez mais assumem responsabilidades e tarefas masculinas,
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mas na opinião da referida autora “há sempre mais longe, mais à frente, um «domínio
reservado masculino», no clube muito selecto da política, da religião, das responsabilidades
empresariais, etc”

No que tange a educação, o problema em Moçambique, de acordo com o último Censo


realizado em 2007, é que apenas 40% da população sabe falar o idioma, quando utilizamos
género como categoria de análise os números são bem mais alarmantes, apenas 20% das
mulheres moçambicanas falam o idioma, em termos educacionais a escolarização feminina
também foi sempre menor que a masculina. Em todas as idades as taxas de analfabetismo são
maiores entre as mulheres, nas áreas rurais a taxa de analfabetismo feminina é 1,5 vezes
superior à masculina e nas cidades é 2,4 superior.

“As acções do governo Moçambicano no sector de educação tem exercido um impacto


positivo nos níveis de frequência escolar, mas ainda apontam para uma diferença de género
principalmente no que tange os índices de evasão escolar entre as meninas. Além da carência
de escolas também percebemos o preconceito da sociedade tradicional de que a mulher não
deve estudar”

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