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A aprendizagem
A aprendizagem
❖ Inteligência
Resolver uma situação problemática exige do sujeito a capacidade de encontrar a resposta
certa; a facilidade com que a resposta correta é encontrada é proporcional ao seu nível de inteligência.
No entanto, a definição de inteligência ainda é ambígua para muitos especialistas; evidentemente, os
fatores ambientais e biológicos têm um grande impacto no desenvolvimento da inteligência, podendo
esta ser inibida ou estimulada mediante o contexto em que crescemos. É muito comum reduzir a
inteligência a aptidões verbais e de raciocínio abstrato, e segundo certos psicólogos, não é correto
confundir-se com a capacidade de aprender na escola, uma vez que a inteligência pode assumir vários
tipos.
❖ Motivação
Afirma-se que a motivação é intrínseca quando o indivíduo aprende pela satisfação que lhe dá
a própria aprendizagem, por outro lado, quando existe uma recompensa externa, a motivação diz-se
extrínseca, e geralmente a aprendizagem torna-se difícil. Explicitando, quando estudamos uma
matéria que achamos particularmente interessante, essa tarefa dá-nos prazer e agrado, porém
estudarmos apenas para passar num exame ou obter o reconhecimento dos nossos pais, o estudo
será fastidioso e monótono.
É verdade que o impulso motivacional é determinante, porém a força exagerada da motivação
pode desencadear estados de ansiedade capazes de prejudicar o ritmo ou até mesmo bloquear a
aprendizagem.
❖ Aprendizagem anterior
O que já aprendemos pode condicionar o que aprenderemos; em termos gerais, a
aprendizagem anterior facilita a predisposição para a aprendizagem posterior, e aqui está subjacente o
conceito de transferência positiva. A título de exemplo, este aplica-se a um indivíduo que aprendeu a
jogar badminton, de forma bem sucedida, logo provavelmente terá mais facilidade em aprender a jogar
ténis, ou um sujeito que seja bom a português terá mais facilidade em disciplinas como filosofia ou
psicologia, ou até mesmo matemática.
❖ Meio sociocultural
Um ambiente estimulante será diretamente proporcional à facilidade de aprendizagem; uma
criança que cresce numa casa cheia de livros, música e arte, terá as competências mais
desenvolvidas para a escola, por exemplo.
Aprendizagem associativa
Para explicarmos, iremos pedir à turma para imaginar o olho esquerdo das respectivas mães, não o
direito, não as sobrancelhas, apenas o olho esquerdo. É efetivamente difícil, porque ao tentarmos
visualizar uma parte específica, acabamos por contemplar o rosto todo. Isto acontece porque a
aprendizagem associativa constitui o grande alicerce do pensamento; esta é um princípio que afirma que
ideias e experiências podem se influenciar mutuamente, estando mentalmente ligadas, ou seja, significa
que os nossos cérebros não estão programados para lembrar informações de forma isolada, em vez disso,
agrupamo-las numa memória associativa. Esta aprendizagem é uma forma de condicionamento, pois
afirma que uma conduta pode ser aprendida ou desaprendida com base na resposta que ele gera; por
exemplo, se andarmos descobertos durante o inverno (estímulo), sabemos, por experiência própria, que
iremos ficar doentes (resposta).
Behaviorismo
A teoria behaviorista e a aprendizagem associativa, estão intimamente relacionadas, pois a última é
uma parte fundamental da primeira. O behaviorismo é uma abordagem psicológica que se foca no estudo
observável do comportamento, desprezando processos mentais internos, como a consciência. A
aprendizagem associativa é um conceito dentro do behaviorismo, que descreve como os organismos
aprendem associando estímulos a respostas.
Como todos sabemos, a salivação é provocada pelo alimento na nossa boca, no entanto, Pavlov foi
observando que o reflexo de salivar podia ser provocado por uma série de outros estímulos, que no início
eram totalmente neutros; a título de exemplo, cães que estivessem estado algum tempo no laboratório,
começavam a salivar à simples visão da carne, ou da pessoa que habitualmente a trazia, ou mesmo até ao
som dos passos dessa pessoa. Foi este conjunto de comportamentos que levou Pavlov a realizar uma
experiência para estudar o conceito de reflexo, de modo a correlacionar tanto as reações aprendidas como
as inatas.
A experiência pode ser descrita desta forma:
1. Apresentava-se ao cão um estímulo neutro (o som da campainha). Como era expectável o cão
não salivou.
2. Seguidamente, apresentou-se ao cão uma tigela com carne. Como seria de esperar, como
estava com fome, o cão respondeu ao estímulo salivando (resposta incondicionada).
3. Posteriormente, foram apresentados de forma conjunta os dois estímulos - o som da campainha
e a comida. O cão salivou. Foi repetido várias vezes este procedimento de associação, de forma
a aumentar a fiabilidade dos resultados.
4. Por fim, bastava o som da campainha para que o cão salivasse.
Como sabemos, os cães não salivam naturalmente em resposta a sons, Pavlov conclui então que a
salivação era uma resposta resultante de aprendizagem, ou seja, o cão fora condicionado a salivar quando
a campainha tocava, dando origem, então, a uma resposta condicionada.
A teoria do condicionamento clássico parte, assim, do binómio estímulo-resposta, que de uma
forma geral consiste nos nossos reflexos no âmbito do comportamento condicionado, ou seja, aprendido.
Este condicionamento não ocorria não só em animais, mas também em humanos. Vários anos
depois da Segunda Guerra Mundial, muitos habitantes de cidades que haviam sido bombardeadas
entravam em pânico ou amedontravam-se perante o som de aviões comerciais, isto porque o ruído dos
aviões era associado à destruição, à morte e ao pavor. Os sobreviventes de guerra efetuaram, então, uma
associação de estímulos, associando o barulho de aviões comerciais (que não provoca receio de ataque
aéreo) ao barulho dos aviões bélicos. Segundo a linguagem técnica, estes aprenderam por
condicionamento clássico a ter uma fobia.
Concluindo, o condicionamento clássico consiste numa visão determinista e mecanicista,
tratando-se de uma aprendizagem que ocorre quando um estímulo neutro (som do avião comercial) é
emparelhado com um estímulo incondicionado (som do avião de guerra), que por sua vez, desencadeará
uma resposta incondicionada (medo). Tendo em conta esta associação, o estímulo neutro perde totalmente
a sua neutralidade e, consequentemente, provoca o mesmo tipo de resposta que o estímulo
incondicionado. Porém, esta perspetiva foi alvo de críticas, visto que não tem em conta a intencionalidade
e a vontade do sujeito que aprende; contudo, constitui um marco nos estudos de Psicologia, mostrando a
relevância das aprendizagens involuntárias na conduta humana.
Este estímulo, verificado nas duas experiências, têm valor positivo, uma vez que, acaba por
reforçar o comportamento do gato e do rato, por isso, apelida-se de reforço. Skinner define reforço como
qualquer estímulo que incrementa a probabilidade de esta ocorrer novamente. Um reforço positivo é
aquele que sendo constituído por algo que agrada ao indivíduo fortalece, quando é apresentado, a sua
repetição. Exemplificando, na experiência de Skinner, o alimento que o rato recebe é um reforço positivo,
tais como, palavras entusiastas dirigidas a uma criança que inicia a sua aprendizagem, ou os aplausos que
um artista recebe num espetáculo. Um reforço negativo ocorre quando uma ação tem como consequência
evitar uma situação indesejável, remover um obstáculo ou pôr termo a uma situação desagradávell e, por
isso, é repetida. De uma forma resumida, é o resultado de uma ação que se revelou um bom meio para
evitar algo prejudicial. Por exemplo, empresas de fabrico de automóveis, instalam um sistema de som
associado à não colocação imediata do cinto de segurança, desta forma, os condutores e passageiros
colocam o cinto de modo a evitar ouvir o som irritante, uma vez que já o experienciaram em situações
anteriores, ou seja, evitam sempre uma situação desagradavel repetindo sempre a colocação do cinto.
Concluímos, assim, que existem dois tipos de estímulos: os aperitivos, que correspondem a algo
que o animal quer, e os adversativos, que correspondem a algo que o animal procura evitar.
É importante, não confundir o reforço negativo com o ato de punir, isto porque, punir um
comportamento é tornar provável que ele não se repita, ou seja, por exemplo, quando éramos pequenos e
recusavamo-nos a comer a sopa, os nossos pais proibiam-nos, caso esse comportamento perdurasse e
não fosse modificado, de ver televisão. Enquanto que, tanto o reforço positivo como o negativo, visam a
mesma finalidade - aumentar a ocorrência de um dado comportamento -, a punição tem efeito oposto -
diminuir a probabilidade de se efetuar um dado comportamento.
Sintetizando, o reforço é um conceito fundamental na teoria de Skinner, visto que ele é a base para
explicar a aquisição ou extinção de comportamentos aprendidos.
Em suma, os três autores estudados, apesar de apresentarem teorias distintas, elas relacionam-se,
visto que todas se baseiam nos princípios da corrente behaviorista, principalmente na tese do binómio
estímulo-resposta, assim, estas têm sempre de ser avaliadas como complementares e a sua presença
pode estar em diferentes momentos do processo de aprendizagem.
Aprendizagem simbólica
A aprendizagem simbólica refere-se ao processo de adquirir conhecimento ou habilidades por meio
do uso de símbolos, como palavras, imagens, ou outros meios representacionais. Diferentemente da
aprendizagem pela ação, que envolve experiências práticas diretas, a aprendizagem simbólica baseia-se
na capacidade de interpretar e entender símbolos que representam conceitos ou informações.
A linguagem verbal e a linguagem numérica são bons exemplos disso, descrevemos a realidade e
recorremos a expressões que se formos a ver não passam de símbolos que significam algo, ou seja,
códigos simbólicos.