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A aprendizagem

Como sabemos, a aprendizagem é um processo cognitivo indispensável para a sobrevivência do


Homem. É do nosso conhecimento que a espécie humana é prematura e, por isso, é biologicamente
inacabada, ou seja, somos completamente carenciados de hiperespecialização e vimos ao mundo com a
maior parte dos nossos sistema vitais subdesenvolvidos, tal facto irá traduzir uma ausência de autonomia
durante um longo período das nossas vidas. Efetivamente, a nossa maior vantagem é possuirmos um
programa genético aberto que nos permite aprender; desde que somos crianças aprendemos a falar, a
comer com talheres, a dar o laço no sapato, a cumprimentar pessoas, a andar de bicicleta, etc., além
disso, estamos constantemente a aprender em diversos meios, tais como, na família, na escola, na rua, no
autocarro, no café, etc.
Mas porque é que o fazemos?
Como já referimos, sem aprendizagem não seria possível a nossa sobrevivência, aprendemos para
obter as competências básicas, quer a nível intelectual, moral e social, de forma a podermos
integrarmo-nos no mundo humano.
Afinal, o que é aprender?
A aprendizagem é um processo cognitivo que pressupõe uma alteração teórica (conhecimento)
e/ou prática (comportamento); essa mudança tem de ser estável e perdurar durante um considerável
espaço de tempo, e a sua origem é provocada pela experiência, ou seja, a prática, o treino e o estudo.
Podemos afirmar que a perceção é uma forma de receção e processamento da informação, e a
memória constitui a forma de a conservar. Estes mecanismos são interdependentes e estão na base do ato
de aprender.
Devemos ressaltar que nem todas as operações comportamentais podem ser apelidadas de
aprendizagem, por exemplo, um indivíduo que caminha a coxear em resultado de uma entorse não
aprendeu um novo modo de andar; esta conduta é esporádica e explica-se por uma lesão fisiológica
ocasional, ou seja, não se inclui no âmbito da aprendizagem as alterações comportamentais provocadas
por lesões, doenças, fome, fadiga, ingestão de drogas e álcool e os comportamentos inatos.
Além disso, a aprendizagem, como já foi referido, tem de possuir um grau de estabilidade e
duração no tempo, não faz sentido falar deste processo sem mecanismos mnésicos, pois são estes que
vão garantir a sua fixação e a possibilidade de serem utilizados em novas situações. Evidentemente, a
aprendizagem não é diretamente observável, e é por isso que os professores sentem necessidade de nos
avaliar através de testes.

Aprendizagens voluntárias e involuntárias


A aprendizagem encontra-se ramificada em duas categorias, esta pode ser involuntária quando
ocorre sem a intenção direta ou esforço consciente de aprender algo novo; exemplificando, é muito difícil
atribuir intencionalidade a uma criança que aprende a falar. Por outro lado, pode ser voluntária quando
existe intenção de aprender algo; por exemplo, a partir do momento em que nós escolhemos o curso de
ciências e tecnologias significa que procuramos ativamente adquirir conhecimento nesta área, o mesmo
acontece quando lemos um livro por interesse próprio ou praticamos um hobby, sendo estas atividades
motivadas pelo desejo de adquirir habilidade específicas.

Fatores que influenciam a aprendizagem


O ato de aprender tem de ser analisado através de uma gama de variáveis que nele intervêm; caso
não o façamos arriscamo-nos a não compreender porque é que em circunstâncias, aparentemente
idênticas, uns indivíduos aprendem mais facilmente enquanto que outros apresentam mais dificuldade ou
falham. Exemplificando, na escola é fácil de verificar que há pessoas que parecem apreender certas
matérias mais facilmente do que os outros; além disso há pessoas que são simplesmente mais motivadas
para aprender.
❖ A estrutura e a maturação biológica
A maturação está inevitavelmente dependente da idade e do crescimento físico e psíquico do
aprendiz; está comprovado que existem períodos sensíveis, ou seja, momentos em que o ser
humano está predisposto para dadas aprendizagens, por exemplo, é praticamente inútil tentar que
um bebé de seis meses inicie a marcha, coma pela sua mão ou se vista sozinho, e também não é
por acaso que a criança aprende a ler aos seis ou sete anos.
Vale ressaltar que não existem limites cronológicos rígidos para os períodos sensíveis, no entanto
sabemos que a partir da idade adulta há um declínio da capacidade de aprender.

❖ Inteligência
Resolver uma situação problemática exige do sujeito a capacidade de encontrar a resposta
certa; a facilidade com que a resposta correta é encontrada é proporcional ao seu nível de inteligência.
No entanto, a definição de inteligência ainda é ambígua para muitos especialistas; evidentemente, os
fatores ambientais e biológicos têm um grande impacto no desenvolvimento da inteligência, podendo
esta ser inibida ou estimulada mediante o contexto em que crescemos. É muito comum reduzir a
inteligência a aptidões verbais e de raciocínio abstrato, e segundo certos psicólogos, não é correto
confundir-se com a capacidade de aprender na escola, uma vez que a inteligência pode assumir vários
tipos.

❖ Motivação
Afirma-se que a motivação é intrínseca quando o indivíduo aprende pela satisfação que lhe dá
a própria aprendizagem, por outro lado, quando existe uma recompensa externa, a motivação diz-se
extrínseca, e geralmente a aprendizagem torna-se difícil. Explicitando, quando estudamos uma
matéria que achamos particularmente interessante, essa tarefa dá-nos prazer e agrado, porém
estudarmos apenas para passar num exame ou obter o reconhecimento dos nossos pais, o estudo
será fastidioso e monótono.
É verdade que o impulso motivacional é determinante, porém a força exagerada da motivação
pode desencadear estados de ansiedade capazes de prejudicar o ritmo ou até mesmo bloquear a
aprendizagem.

❖ Aprendizagem anterior
O que já aprendemos pode condicionar o que aprenderemos; em termos gerais, a
aprendizagem anterior facilita a predisposição para a aprendizagem posterior, e aqui está subjacente o
conceito de transferência positiva. A título de exemplo, este aplica-se a um indivíduo que aprendeu a
jogar badminton, de forma bem sucedida, logo provavelmente terá mais facilidade em aprender a jogar
ténis, ou um sujeito que seja bom a português terá mais facilidade em disciplinas como filosofia ou
psicologia, ou até mesmo matemática.

❖ Meio sociocultural
Um ambiente estimulante será diretamente proporcional à facilidade de aprendizagem; uma
criança que cresce numa casa cheia de livros, música e arte, terá as competências mais
desenvolvidas para a escola, por exemplo.

Tipos e teorias da aprendizagem


Foram identificados quatro tipos básicos de aprendizagem, sobre os quais nos vamos debruçar,
são estes: a habituação e sensitização, o condicionamento clássico, o condicionamento operante e a
aprendizagem por modelagem.
Comecemos com a aprendizagem não associativa.
Aprendizagem não associativa
Existem duas formas de aprendizagem não associativa, por habituação e por sensitização, estas
são não associativas porque não se associam um estímulo a outro ou um estímulo a uma resposta;
explicitando, aprendemos unicamente as características que o estímulo apresenta, se este é ameaçador
ou não.
A habituação significa aprender a ignorar. Explicitando, quando estamos a estudar num café, é
óbvio que vamos estar sujeitos a ruídos de chávenas, conversas, máquinas, que inicialmente nos deixarão
desconfortáveis, mas pouco a pouco deixamos de prestar atenção ao barulho e aumentamos a nossa
concentração na tarefa que estávamos a realizar; esta diminuição da resposta a um estímulo é
denominada por habituação, e esta assegura que não desperdiçamos energia e recursos mentais ao reagir
constantemente a estímulos irrelevantes, ou seja acaba por ser um trunfo adaptativo, pois permite
aumentar a nossa capacidade de concentração naquilo que é essencial. Em suma, aprendemos a não
reagir ao que não nos interessa.
Contrariamente a esta, também aprendemos por sensitização, ou seja, embora existam estímulos
do meio que devemos ignorar, há outros que tal não pode acontecer. Porquê? Porque podem representar
ameaças ou perigos; é comum que quando estamos sozinhos em casa e ouvimos um barulho noutra
divisão, fiquemos alerta e atentos a tudo o que os rodeia.
Sintetizando, é através da sensitização que aprendemos as propriedades de um estímulo
potencialmente prejudicial, precavendo-nos para tal.

Aprendizagem associativa
Para explicarmos, iremos pedir à turma para imaginar o olho esquerdo das respectivas mães, não o
direito, não as sobrancelhas, apenas o olho esquerdo. É efetivamente difícil, porque ao tentarmos
visualizar uma parte específica, acabamos por contemplar o rosto todo. Isto acontece porque a
aprendizagem associativa constitui o grande alicerce do pensamento; esta é um princípio que afirma que
ideias e experiências podem se influenciar mutuamente, estando mentalmente ligadas, ou seja, significa
que os nossos cérebros não estão programados para lembrar informações de forma isolada, em vez disso,
agrupamo-las numa memória associativa. Esta aprendizagem é uma forma de condicionamento, pois
afirma que uma conduta pode ser aprendida ou desaprendida com base na resposta que ele gera; por
exemplo, se andarmos descobertos durante o inverno (estímulo), sabemos, por experiência própria, que
iremos ficar doentes (resposta).

Behaviorismo
A teoria behaviorista e a aprendizagem associativa, estão intimamente relacionadas, pois a última é
uma parte fundamental da primeira. O behaviorismo é uma abordagem psicológica que se foca no estudo
observável do comportamento, desprezando processos mentais internos, como a consciência. A
aprendizagem associativa é um conceito dentro do behaviorismo, que descreve como os organismos
aprendem associando estímulos a respostas.

A experiência de Pavlov e o condicionamento clássico


Merece a designação de clássico por ter sido o primeiro a ser estudado experimentalmente.
Foi então, Ivan Pavlov, médico e fisiologista russo, que descobriu ao estudar a digestão, que os cães
utilizavam saliva para estímulos que não a comida, o que só deveria acontecer depois do alimento estar na
boca.
Antes de explicarmos a experiência efetuada por Pavlov, há alguns conceitos que devem ser
esclarecidos.
❖ Estímulo: elemento que afeta um organismo, enviando impulsos nervosos ao cérebro.
❖ Resposta: reação do organismo após o processamento do estímulo.
❖ Estímulo incondicionado (EI): estímulo que biológicamente provoca uma resposta automática, ou
seja, inata - resposta incondicionada.
❖ Estímulo neutro: estímulo sem significado biológico ou aprendido, não desencadeando nenhum tipo
de reflexo.
❖ Estímulo condicionado (EC): estímulo que sendo inicialmente neutro, sofre um condicionamento por
associação desencadeando uma resposta aprendida, ou seja, a resposta condicionada.

Como todos sabemos, a salivação é provocada pelo alimento na nossa boca, no entanto, Pavlov foi
observando que o reflexo de salivar podia ser provocado por uma série de outros estímulos, que no início
eram totalmente neutros; a título de exemplo, cães que estivessem estado algum tempo no laboratório,
começavam a salivar à simples visão da carne, ou da pessoa que habitualmente a trazia, ou mesmo até ao
som dos passos dessa pessoa. Foi este conjunto de comportamentos que levou Pavlov a realizar uma
experiência para estudar o conceito de reflexo, de modo a correlacionar tanto as reações aprendidas como
as inatas.
A experiência pode ser descrita desta forma:
1. Apresentava-se ao cão um estímulo neutro (o som da campainha). Como era expectável o cão
não salivou.
2. Seguidamente, apresentou-se ao cão uma tigela com carne. Como seria de esperar, como
estava com fome, o cão respondeu ao estímulo salivando (resposta incondicionada).
3. Posteriormente, foram apresentados de forma conjunta os dois estímulos - o som da campainha
e a comida. O cão salivou. Foi repetido várias vezes este procedimento de associação, de forma
a aumentar a fiabilidade dos resultados.
4. Por fim, bastava o som da campainha para que o cão salivasse.

Como sabemos, os cães não salivam naturalmente em resposta a sons, Pavlov conclui então que a
salivação era uma resposta resultante de aprendizagem, ou seja, o cão fora condicionado a salivar quando
a campainha tocava, dando origem, então, a uma resposta condicionada.
A teoria do condicionamento clássico parte, assim, do binómio estímulo-resposta, que de uma
forma geral consiste nos nossos reflexos no âmbito do comportamento condicionado, ou seja, aprendido.
Este condicionamento não ocorria não só em animais, mas também em humanos. Vários anos
depois da Segunda Guerra Mundial, muitos habitantes de cidades que haviam sido bombardeadas
entravam em pânico ou amedontravam-se perante o som de aviões comerciais, isto porque o ruído dos
aviões era associado à destruição, à morte e ao pavor. Os sobreviventes de guerra efetuaram, então, uma
associação de estímulos, associando o barulho de aviões comerciais (que não provoca receio de ataque
aéreo) ao barulho dos aviões bélicos. Segundo a linguagem técnica, estes aprenderam por
condicionamento clássico a ter uma fobia.
Concluindo, o condicionamento clássico consiste numa visão determinista e mecanicista,
tratando-se de uma aprendizagem que ocorre quando um estímulo neutro (som do avião comercial) é
emparelhado com um estímulo incondicionado (som do avião de guerra), que por sua vez, desencadeará
uma resposta incondicionada (medo). Tendo em conta esta associação, o estímulo neutro perde totalmente
a sua neutralidade e, consequentemente, provoca o mesmo tipo de resposta que o estímulo
incondicionado. Porém, esta perspetiva foi alvo de críticas, visto que não tem em conta a intencionalidade
e a vontade do sujeito que aprende; contudo, constitui um marco nos estudos de Psicologia, mostrando a
relevância das aprendizagens involuntárias na conduta humana.

O condicionamento operante de Skinner


O cão de Pavlov saliva não por escolha, ou seja, não tem intencionalidade, mas sim porque foi
condicionado a fazê-lo, desempenha um papel passivo. O condicionamento operante diverge do clássico,
uma vez que, a aprendizagem efetuada por este ocorre quando aprendemos com as consequências do
que fazemos; de uma forma mais científica, a resposta condicionada ocorre por escolha do indivíduo,
humano ou não, ou seja o sujeito opera sobre o meio de modo a obter prazer ou fugir à dor.
Skinner, psicólogo formado na Universidade de Harvard, na sua investigação partiu da lei do efeito,
estruturada por Edward Thorndike, também psicólogo formado em Harvard. Esta lei dizia o seguinte:
“respostas ou comportamentos seguidos de consequências ou efeitos satisfatórios tendem a ser repetidos;
respostas seguidas de consequências desagradáveis, tendem a não ser repetidas”.
Thorndike iniciou o estudo experimental do comportamento instrumental, mas foi o psicólogo
Skinner quem moldou o modo de pensar da maioria dos especialistas do comportamento.
Edward criou, então, uma caixa-problema colocando lá dentro um gato esfomeado. O desafio deste
seria descobrir como sair da caixa para obter comida. Foi através de tentativas e erros, como arranhar as
paredes, farejar e empurrar, que o animal sem querer acionou uma alavanca, soltou o trinco e abriu a porta
que lhe dava acesso ao alimento. Novamente colocado na caixa, os comportamentos aleatórios do gato
eram menos frequentes, até se extinguirem totalmente, completando a aprendizagem, que por sua vez, foi
condicionada pela recompensa.
Posteriormente, Skinner consolidou as conclusões de Thorndike recorrendo a experiências
efetuadas com ratos. Ao colocar-se um rato faminto numa caixa especial, hoje em dia denominada de
caixa de Skinner e utilizada em diversas pesquisas, que ao premir uma alavanca faz com que caiam
pequenas bolas de queijo; ao fim de algum tempo, o animal começa a explorar o ambiente cheirando as
paredes, tateando-as e andando ao acaso. Num destes movimentos exploratórios, o rato aciona
acidentalmente a alavanca com as patas ou com o focinho, caindo uma bolinha de queijo;
progressivamente, o animal começou a pressionar a alavanca em intervalos de tempo cada vez menores.

Este estímulo, verificado nas duas experiências, têm valor positivo, uma vez que, acaba por
reforçar o comportamento do gato e do rato, por isso, apelida-se de reforço. Skinner define reforço como
qualquer estímulo que incrementa a probabilidade de esta ocorrer novamente. Um reforço positivo é
aquele que sendo constituído por algo que agrada ao indivíduo fortalece, quando é apresentado, a sua
repetição. Exemplificando, na experiência de Skinner, o alimento que o rato recebe é um reforço positivo,
tais como, palavras entusiastas dirigidas a uma criança que inicia a sua aprendizagem, ou os aplausos que
um artista recebe num espetáculo. Um reforço negativo ocorre quando uma ação tem como consequência
evitar uma situação indesejável, remover um obstáculo ou pôr termo a uma situação desagradávell e, por
isso, é repetida. De uma forma resumida, é o resultado de uma ação que se revelou um bom meio para
evitar algo prejudicial. Por exemplo, empresas de fabrico de automóveis, instalam um sistema de som
associado à não colocação imediata do cinto de segurança, desta forma, os condutores e passageiros
colocam o cinto de modo a evitar ouvir o som irritante, uma vez que já o experienciaram em situações
anteriores, ou seja, evitam sempre uma situação desagradavel repetindo sempre a colocação do cinto.
Concluímos, assim, que existem dois tipos de estímulos: os aperitivos, que correspondem a algo
que o animal quer, e os adversativos, que correspondem a algo que o animal procura evitar.

É importante, não confundir o reforço negativo com o ato de punir, isto porque, punir um
comportamento é tornar provável que ele não se repita, ou seja, por exemplo, quando éramos pequenos e
recusavamo-nos a comer a sopa, os nossos pais proibiam-nos, caso esse comportamento perdurasse e
não fosse modificado, de ver televisão. Enquanto que, tanto o reforço positivo como o negativo, visam a
mesma finalidade - aumentar a ocorrência de um dado comportamento -, a punição tem efeito oposto -
diminuir a probabilidade de se efetuar um dado comportamento.
Sintetizando, o reforço é um conceito fundamental na teoria de Skinner, visto que ele é a base para
explicar a aquisição ou extinção de comportamentos aprendidos.

A aprendizagem por modelagem de Bandura


Aprendemos com o que nos acontece (condicionamento clássico), aprendemos com as
consequências dos nossos atos (condicionamento operante), mas grande parte do nosso comportamento,
resulta da aprendizagem através da observação e imitação do comportamento dos outros (reforço
vicariante). Pode ser denominada de aprendizagem observacional ou social, teorizada por Albert Bandura,
formado em psicologia pela universidade do estado de Iowa. Diz-se social, uma vez que, é influenciada
pelo processo de socialização; além disso, pode ser titulada de aprendizagem por modelagem, porque as
pessoas cujos comportamentos tendemos a imitar são denominadas de modelos.
Esta tese é, então, suportada pelo reforço vicariante, que será aprofundada posteriormente através
das experiências de Bandura.
Este teórico do comportamento, afirmava que um indivíduo constrói os seus valores éticos,
conceitos ou ideias, muitas vezes, a partir do contacto com os outros; este mero espectador, tem acesso a
emoções e experiências dos outros que muitas vezes têm o mesmo impacto que a experiência direta, e
leva-os a agir como eles com o objetivo de serem igualmente gratificados. A título de exemplo, quando
uma criança assiste o irmão a ser elogiado pelos pais por ter arrumado os seus brinquedos, esta situação
poderá contribuir para que a criança tenha o mesmo bom comportamento, com o intuito de ser também
elogiada.
Foi, então, realizada a seguinte experiência: Bandura dividiu um grupo de 66 crianças em idade
pré-escolar, em três grupos. A todos os grupos foi exibido um filme em que um adulto esmurrava e
pontapeava um boneco insuflável; no entanto, em cada grupo o final do filme era diferente.
❖ O primeiro grupo viu que o adulto agressivo era recompensado por outro adulto, que o elogiava e
chamava de “campeão”, dando-lhe doces e refrigerantes.
❖ O segundo, que estava a visualizar o filme numa sala diferente, assistiu a uma versão final
completamente antagónica; o adulto foi rigidamente censurado por outro adulto, que o chamou de
“má pessoa”.
❖ O último grupo, denominado de grupo de condição neutral, assistiu aos comportamentos agressivos,
mas não lhe foi exibido nenhum final, de modo que as crianças ficaram sem perceber se as
consequências de tais comportamentos eram positivas ou negativas.
Depois da exibição destes filmes, foi permitido às crianças dos vários grupos brincarem com o
boneco insuflável numa sala repleta de outros brinquedos, sendo observadas por um espelho de sentido
único.
Como Bandura previra, as crianças que viram o adulto a ser recompensado mostraram maior índice
de agressividade, imitando os atos do adulto.
Deve notar-se que, foi a partir destes resultados que iniciou-se um debate sobre os efeitos da
exposição à violência e agressividade de certos programas televisivos, sobre o comportamento das
crianças, podendo torná-las agressivas e carecidas de empatia.

Em suma, os três autores estudados, apesar de apresentarem teorias distintas, elas relacionam-se,
visto que todas se baseiam nos princípios da corrente behaviorista, principalmente na tese do binómio
estímulo-resposta, assim, estas têm sempre de ser avaliadas como complementares e a sua presença
pode estar em diferentes momentos do processo de aprendizagem.

Aprendizagem pela ação


A aprendizagem pela ação refere-se ao processo de adquirir conhecimento ou habilidades por meio
da execução de ações práticas e da experiência direta. Esse tipo de aprendizagem é muitas vezes
associado à aprendizagem experimental, onde o indivíduo aprende ao realizar tarefas ou enfrentar
situações do mundo real. Como é lógico, essa aprendizagem torna-se mais fácil à medida que vamos
exercitando e repetindo. Por exemplo, uma pessoa não aprende a andar de bicicleta lendo livros sobre
isso, é, então, necessária a parte prática.

Aprendizagem simbólica
A aprendizagem simbólica refere-se ao processo de adquirir conhecimento ou habilidades por meio
do uso de símbolos, como palavras, imagens, ou outros meios representacionais. Diferentemente da
aprendizagem pela ação, que envolve experiências práticas diretas, a aprendizagem simbólica baseia-se
na capacidade de interpretar e entender símbolos que representam conceitos ou informações.
A linguagem verbal e a linguagem numérica são bons exemplos disso, descrevemos a realidade e
recorremos a expressões que se formos a ver não passam de símbolos que significam algo, ou seja,
códigos simbólicos.

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