Resumo Tributário I

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FORMAS DE ESTADOS

O Estado Patrimonial subsiste basicamente de rendas patrimoniais/ dominiais do governante e, só


secundariamente, se apoia na receita derivada (extrapatrimonial) dos tributos. O Estado Absoluto
foi um “Estado não tributário”, no qual o patrimônio pessoal do governante e o exercício da
soberania decorria da propriedade da terra. Semelhantemente, os Estados socialistas assentam sua
base financeira essencialmente nos rendimentos da atividade econômica monopolizada
(neopatrimonialista, que vive do rendimento das empresas estatais).

O Estado moderno fez a separação entre fazenda pública e a fazenda do príncipe, entre política e
economia. O “Estado Tributário” é a projeção financeira do Estado de Direito fundamentalmente
democrático que tenha optado por um sistema capitalista; é aquele cujas necessidades financeiras
são essencialmente cobertas por tributos.

No Estado Redistribuidor, a “solidariedade social” como princípio jurídico impõe deveres


fundamentais (ex: pagar tributos, que adquire uma função redistributiva), bem como estabelece
direitos fundamentais destinados a dar satisfação às necessidades básicas de todos e de cada um dos
indivíduos. Igualdade não apenas formal, mas social e econômica. Deve promover a justiça social
(distributiva), pela atuação interventiva e prestacional. O Brasil é um Estado Redistribuidor.

O Estado Tributário Distribuidor é um “intermediário” que, em suma, tributa o excedente de


riqueza para garantir a liberdade e a propriedade, bem como para prestar serviços aos que deles
necessitam ou gerar condições de existência digna. A receita deve ser obtida com base no princípio
da capacidade econômica (justiça tributária) e a “massa de tributos arrecadados” deve dar suporte a
uma atuação estatal visando a justiça social. A ideia de um interesse público primário (da
coletividade) distinto de um interesse público secundário (da pessoa jurídica Estado) afronta a ideia
democrática e a concepção de um Estado Redistribuidor (Tributário e Solidário).

PODER TRIBUTÁRIO

O poder de tributar é uma manifestação especialíssima do poder de polícia lato sensu cercado de
peculiaridades. O poder de polícia lato sensu abarcar as dimensões:
1. Poder tributário: poder de “instituir” tributos, isto é, poder de criar, extinguir e modificar
tributos. Titularidade deriva diretamente da Constituição.
2. Poder tributário extrafiscal: manifestação do poder de polícia, que utiliza a restrição da
propriedade pelo mecanismo tributário, visando, porém, a um interesse público imediato
distinto do interesse arrecadatório.
3. Poder de polícia fiscal: complexo de poderes à disposição do Estado, que permite a
imposição de deveres instrumentais (obrigações acessórias) para possibilitar a justa
tributação; poder de fiscalizar e arrecadar; de reduzir ou afastar a cobrança de tributos já
instituídos
Direito tributário tem autonomia relativa a outros ramos, pois é tratado de maneira especializada,
mas não se pode, a exemplo, legislar sobre matéria tributária de forma isolada.
→ Subdivide em direito tributário em si, com regime, princípios gerais, categorias e institutos
gerais próprios e em direito administrativo tributário, no qual pertence as normas que regem o
exercício do poder de polícia fiscal.

→ A função precípua da atividade financeira do estado, como atividade meio, é fiscal


(abastecer os cofres públicos). Há outros objetivos (extrafiscais), a ex: política de regulação ou
interferência na inflação, desemprego, ou mesmo estruturais, como a redistribuição da renda.

CONCEITO DE TRIBUTO

CTN: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir (redundante e perigoso, pois in labore e in natura podem ser expressas em dinheiro), que
não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.

→ O conceito do CTN ignorou a questão do tributo parafiscal e o fato de ser receita derivada.
→ Seria interessante que o CTN fosse mais minucioso e distinguisse o tributo de outras prestações,
como o 13° salário, especificando quem é o credor (Estado ou entidades paraestatais).
→ Não exige receita efetiva (ingresso definitivo ou não), em razão de a CF caracterizar o
empréstimo compulsório como tributo.

Função extrafiscal do tributo: utilização da tributação como instrumento para estimular ou inibir
condutas privadas, com vistas a realização de finalidades não meramente arrecadatórias

Princípio do non olet: O antecedente (material, espacial e temporal) da norma tributária não pode
conter a descrição de um ato ilícito. Pode-se dizer que tributo não incide sobre o ato porque ele é
ilícito, mas incide independentemente de sua eventual ilicitude. Podem ser tributados os atos nulos
e os atos ilícitos, em homenagem à isonomia tributária. Ato ilícito não é fato gerador de tributo, mas
suporte fático de sanção.
→ Onofre: diferente da Mizabel, ele acha que, quando o objeto comercializado é um bem
fora do comércio (ex: drogas) ele não é “mercadoria”, logo, não incide ICMS ou ISS, mas
incide IRPF.

HIPÓTESE LEGAL DE INCIDÊNCIA e FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUT.

Kelsen: a estrutura lógica da norma jurídica: hipótese, mandamento e sanção. A NORMA


TRIBUTÁRIA, como qualquer outra norma jurídica, tem sua INCIDÊNCIA condicionada ao
acontecimento de um fato previsto na hipótese legal, fato este cuja verificação acarreta
automaticamente a incidência do MANDAMENTO. → Não se usa analogia.

HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA é a descrição legal hipotética e abstrata de um fato (estado de fato


ou conjunto de circunstâncias de fato) na norma tributária. Deve exaurir todo o processo decisório.
FATO GERADOR (IMPONÍVEL) é o fato concreto ocorrido no mundo fenomênico, como
acontecimento fático, palpável, concreto. O fato se subsume à imagem abstrata da lei. Sem
subsunção, é fato irrelevante. Duas espécies: (1) fato gerador da obrigação tributária principal (art.
114); e (2) fato gerador da obrigação tributária acessória

ELEMENTOS OU ASPECTOS DO FATO GERADOR

HIPÓTESE
1. MATERIAL (materialidade do fato gerador, núcleo) à descrição do fato em si. É o aspecto
decisivo que enseja fixar a espécie tributária. Ex: “dar saída a mercadoria” (ICMS); auferir renda
(IRPF); prestar serviço (ISS). Verbo + complemento
2. TEMPORAL: determina as circunstâncias de tempo que envolvem o fato jurídico, já
materialmente descrito. Serve para identificação da lei aplicável. Diferente do prazo para
pagamento do tributo. O princípio da irretroatividade exige lei anterior ao período de apuração e
não apenas ao termo final desse período). O da anterioridade exige lei anterior ao período de
tempo de apuração do imposto.
3. ESPACIAL: indicativo das condições de lugar em que o fato deva ocorrer. Usada na solução de
possíveis conflitos de normas.

CONSEQUÊNCIA
4. SUBJETIVO: Sujeito ativo: é a pessoa (estatal ou não - expresso se não for) que é credora da
obrigação tributária. Sujeito passivo: é o devedor da obrigação tributária. É quem a lei impuser o
dever de recolher o tributo em razão daquele fato (contribuinte) ou a sujeição passiva desloca-se,
por força de lei, para outra pessoa (responsável).
5. QUANTIFICATIVO: quantum debeatur já é estabelecido pela norma legal. Quantificação =
toma uma medida de grandeza do fato gerador. Base de cálculo e alíquota.
→ Onofre não entende que tem esses mesmos critérios do Sacha, mas é bom saber.

Norma sancionadora: Tal qual a norma tributária, por ser sancionadora, sujeita-se ao princípio da
tipicidade. Não pode criar por analogia. É uma exceção ao direito administrativo.

antecente consequente

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

É uma obrigação de direito público, indisponível pela autoridade administrativa. Dispensa por lei. O
objeto da obrigação tributária pode ser:
→ obrigação principal: dar uma soma pecuniária ao sujeito ativo (tributo ou penalidade pecuniária)
→ obrigação acessória: fazer algo (ex.: apresentar declaração de rendimentos); não fazer algo (ex.:
não embaraçar o trabalho de fiscalização).

Art. 113 do CTN. A obrigação tributária é principal ou acessória.


§ 1º. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas
ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação
principal relativamente à penalidade pecuniária. → Não se trata de uma conversão da obrigação
acessória em principal, mas de aplicação de penalidade, em norma sancionadora ao
descumprimento do dever instrumental formal.

→ A hipótese de incidência da obrigação tributária principal que tenha por objeto o pagamento de
penalidade prevê a realização de um fato gerador que é uma infração (norma sancionadora e não
norma que “institui” tributo).
→ O acessório não necessariamente segue o principal, pois a obrigação acessória não exige a
existência de uma principal. Há autonomia entre as duas: pessoas isentas e imunes devem cumprir
as obrigações tributárias acessórias.

FATO GERADOR DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

O CTN apresenta duas espécies de fato gerador (conforme o tipo de obrigação tributária): da
obrigação tributária principal (art. 114) e da obrigação tributária acessória (art. 115). O fato sem a
lei nada gera, não é gerador. A lei tem a virtude de dar existência à obrigação tributária.

Momento de ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (art. 116):


Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os
seus efeitos:
I - Tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias
materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - Tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos
termos de direito aplicável.
§ único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com
a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador.

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos
ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - Sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; → no momento em que se
realiza a condição suspensiva considera-se ocorrido o fato gerador
II - Sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio →
o ato ou negócio jurídico considera-se celebrado e os efeitos, desde já ocorrem, até que
sobrevenha a condição resolutória.

Fato gerador instantâneo, periódico ou continuado:


a) Instantâneo: Um único ato, contrato ou operação realiza, concretamente, um fato gerador de
tributo, que se repete quantas vezes essas situações materiais se repetirem no tempo (ex: dar saída à
mercadoria ou prestar serviços, transferir o imóvel, realizar doação)
b) Continuado: representado por situações que se mantêm no tempo e que é mensurada em cortes
temporais. Não se busca (como no FG periódico) computar fatos isolados. Considera-se ocorrido
num determinado dia (como o FG instantâneo), sem se indagar se as características da situação se
alteraram ao longo do tempo. É o IPTU e o IPVA (todo ano tem que pagar tais tributos, que
considera-se ocorrido em 1º de janeiro). Quem paga o IPVA é quem era dono do carro em 1º de
janeiro, independentemente de quantas transações (vendas) ocorreram no período.
c) Periódico: seu acontecimento se desenrola ao longo de um lapso de tempo. Ele se completa em
um instante X, sendo relevante a situações. Ex: IPI, ICMS, PIS/Cofins.

COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Existem 5 tipos de normas tributárias: leis municipais, leis estaduais, leis distritais, leis federais e
leis nacionais.
→ Matéria de LC: Dispor sobre conflito de competência entre os entes federados; regular as
limitações ao poder de tributar (imunidades); normas gerais.
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

IMPOSTO: O aspecto material da hipótese de incidência dos impostos deve ser indicador de
capacidade econômica. Proibição da afetação prévia.

TAXAS: Tributo vinculado à atuação específica do Estado. Base de cálculo mensura o custo da
atuação do Estado, proporcionalmente. Espécies:

1. Taxas em razão do poder de polícia: STF exige que efetivamente a Administração Pública
exerça o poder de polícia. Para alguns, a existência de órgão fiscalizatório em efetivo
funcionamento basta para se inferir o efetivo exercício do poder de polícia exigido
constitucionalmente. Não pode cobrar taxa de polícia de um serviço que não existe.
2. Taxas pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis
prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição: Serviço público específico é
atividade que pode ser identificada (não difusa ou genérica, ex: taxa de utilização de
serviços judiciais - custas). Serviço divisível é suscetível de utilização, separadamente, por
parte de cada um dos seus usuários. Potencialmente significa que o serviço tem que existir
e tem que ser posto à disposição. Compulsória, as taxas são cobradas apenas daqueles que
têm o benefício de ter o serviço à disposição (potencial - ex: taxa de coleta de lixo de
imóveis)

→ Tanto a taxa de iluminação pública e quanto a por limpeza de vias públicas foram declaradas
inconstitucionais por serem indivisíveis.

Súm. Vinculante nº 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais


elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

Diferença entre Taxas e Preços Públicos (tarifa): taxa é compulsória, enquanto o preço público é
contratual.
1. Serviço público direto = taxa → Estado exerce poder de polícia ou presta serviço público
diretamente em regime de direito público.
2. Concessão, permissão, exploração de atividade econômica ou monopólio = preço
público → Estado presta serviços públicos sob regime de concessão ou permissão; explora
diretamente a atividade econômica (art. 173, caput, CF) ou quando a explora em regime de
monopólio (ex: Correios).

OBS: PEDÁGIO é a exceção à proibição de limitações ao tráfego de pessoas e bens por meio de
tributos interestaduais e intermunicipais. O prof. entende que é uma terceira espécie de taxa,
prevista constitucionalmente, cobrada pela utilização de estradas públicas. Mesma lógica de cima
(prestação direta/indireta X taxa/tarifa).

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIAS: Tributo vinculado. Se para a taxa basta a atuação estatal,


na contribuição de melhorias a referibilidade é indireta (consequência da atuação estatal). O valor
da melhoria condiciona o quantum da contribuição.

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS: É tributo, apesar de ser restituível. Competência exclusiva


da União, por LC, para casos de guerra ou iminência/calamidade púb./investimento púb. de
interesse nacional.

CONTRIBUIÇÕES
A Constituição da República prevê as seguintes CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS, que só podem
ser instituídas para atender às finalidades previstas nos artigos 149 e 149-A da CRFB/1988:
- Contribuições Sociais Lato Sensu previstas no art. 149 (salário-educação; FGTS);
- Contribuições Sociais de custeio da Seguridade Social (art. 195);
- Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico;
- Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas (CREA,
Sindicatos etc);
- Contribuições para o custeio do serviço de Iluminação Pública - COSIP.

Cabe verificar:

Art. 149, da CR/88: Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção
no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento
de sua atuação nas respectivas áreas.

Obs: A contribuição é, portanto, um tributo com destinação específica. O professor prefere falar
imposto com destinação especificada, pois às vezes a contribuição tem destinação especificada.

● CONTRIBUIÇÕES INTERVENTIVAS:

As Contribuições Econômicas (INTERVENTIVAS) só podem se destinar a instrumentar a atuação


da União no domínio econômico e financiando os custos e encargos pertinentes (CIDE). Tem o
objetivo de regular a economia, intervindo em determinados setores para promover políticas
econômicas específicas. Devem ter:
1. finalidade (destinação dos recursos) específica e relativa ao domínio econômico que sofre a
intervenção
2. referibilidade (deve incidir tão somente sobre quem tem relação com o domínio econômico
que sofre a intervenção – aspecto pessoal).

Exemplos de Contribuições Interventivas: CIDE-combustível; Adicional de Tarifa Portuária


(ATP) - para financiar o reaparelhamento dos portos; CONDECINE (contribuição destinada à
Indústria Cinematográfica e Vídeo-fonográfica); CIDE REMESSAS ou CIDE-Royalties (para
remessa de royalties para o exterior - somente pode ser empregada em hipóteses ou agentes que
atuam no ramo de pesquisa, ciência e tecnologia. Isso ocorre, pois com a CIDE sobre remessas pelo
exterior, ocorre uma bitributação, ainda não foi discutida pelo STF, mas a doutrina já afirma isso);
AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante); CIDE-Energia.
→ A Contribuição para o FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicação) e para o FUSTEL (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das
Telecomunicações), que visam desenvolver tecnologia e a comunicação social são
contribuições sociais gerais lato sensu e não interventivas.

Obs: Apesar disso, o STF vem considerando dispensável a vinculação direta entre os contribuintes e
o benefício proporcionado pelas receitas arrecadadas, ou seja, não vem exigindo que os
contribuintes sejam beneficiados pela atuação estatal financiada pela contribuição.

Ademais, são afetadas pela intervenção nos domínios econômicos; se submetem integralmente aos
princípios da Ordem Econômica; cumprem a função extrafiscal de intervenção na economia
(equilíbrio do mercado; concretização de política econ.; desenvolvimento econ. de certa região etc).

Art. 149, § 2º, da CR/88 - As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que
trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
III - poderão ter alíquotas;
a) ad valorem , tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de
importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.

Professor: Vem ocorrendo uma proliferação de CIDE’s, porque a União pode instituí-las por leis
ordinárias e sua receita não é compartilhada com os entes subnacionais, como ocorre com os
impostos. O Supremo Tribunal Federal passou a admitir qualquer exação da União sob o rótulo de
CIDE.

● CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU


ECONÔMICAS:

O fato gerador dessas Contribuições se refere ao contribuinte que exerce determinada atividade
econômica/profissional que se atrela às funções exercidas pela entidade credora de contribuições.
Sempre concernentes a atividades laborais, se dividem:
- Profissionais: dizendo respeito a ofícios
- Econômicas: áreas específicas de produção, comércio ou prestação de serviço, em função
das categorias às quais estão vinculadas.

As Contribuições Corporativas são tributos destinados ao custeio das instituições fiscalizadoras e


representativas de categorias econômicas ou profissionais (funções legalmente consideradas de
interesse público) - EX.: CREA, CRM, entre outras, destina-se a custear aquela entidade, que
exerce atividades de interesse de toda a coletividade ou de um grupo restrito de indivíduos. Vale
mencionar, que não pode ser redutível simplesmente à taxa.
- Já a Contribuição Sindical visa financiar os sindicatos de trabalhadores, patronais e
profissionais liberais. Para pagar essa contribuição, o contribuinte precisa manifestar sua
vontade de forma expressa, ou seja, é necessária uma autorização individual. As
Contribuições Corporativas são heterônomas, portanto, prescindem de ato volitivo do
contribuinte que exerce sua atividade profissional.

● CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS:

As contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) não são contribuições sociais, uma
vez que são as finalidades que autorizam sua instituição que definem as subespécies de
contribuições.

As Contribuições Sociais são voltadas para a atuação da União na área social, ou seja,
dispositivos constitucionais relativos à Ordem Social que envolvem ações voltadas não apenas para
a Saúde (art. 196), à Previdência (art. 201) e à Assistência social (art. 203), mas também para a
educação (art. 205), à cultura (art. 215), ao desporto (art. 217), ao meio ambiente (art. 225) etc.

As contribuições voltadas à seguridade social são chamadas de Contribuições Sociais da


Seguridade Social e as voltadas para outras finalidades sociais (que não a seguridade social) são
denominadas de Contribuições Sociais Gerais (tal como a Contribuição do Salário-Educação,
voltada à educação fundamental do trabalhador, ou a Contribuição ao FGTS, da LC 110/2001).

Somente a União pode criar CONTRIBUIÇÃO SOCIAL como instrumento de atuação na ordem
social (artigos 193 a 232 da CRFB/88): educação e seguridade social.

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício - CPP (Contribuições
Previdenciárias Patronais);
b) a receita ou o faturamento - COFINS (Contribuição para o financiamento da seguridade social);
c) o lucro - CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, também é uma contribuição social da
Seguridade Social);
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas
progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
V - sobre bens e serviços, nos termos de lei complementar.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. (Competência residual)
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".

Ressalta-se que o art. 212, § 5º, da CF prevê a competência constitucional da União para instituir a
Contribuição Social do Salário Educação, porém, não se trata de contribuição da seguridade
social, embora seja Contribuição Social, logo, não se sujeita ao art. 195 da CRFB/1988.

Art. 212. [...] § 5º. A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO SALÁRIO-EDUCAÇÃO, recolhida pelas empresas na forma da lei.

● CONTRIBUIÇÕES PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL:

São o gênero do qual as Contribuições Previdenciárias são as espécies. Custeio da seguridade


social > previdenciárias, essas últimas destinam-se ao custeio da previdência social e vêm previstas
no art. 195, I, “a”; II e III da CRFB/1988.

Eram instituídas pela União e arrecadadas e cobradas pelo INSS (que era o sujeito ativo), logo,
contribuições parafiscais. Contudo, tornou-se a União o sujeito ativo de todas as contribuições,
criando a Secretaria da Receita Federal do Brasil – “Super-Receita” (RFB), órgão da Administração
direta subordinada diretamente ao Ministério da Economia.

A Contribuição Previdenciária foi desvinculada (cerca de 30%) por mais de 20 anos (foi desviado
do orçamento geral por anos, sendo considerado absurdo pelo professor). Hoje, a Desvinculação de
Receitas da União - DRU não atinge mais as contribuições da seguridade social.

As contribuições não são, portanto, contraprestacionais diretamente: primeiro, a prestação se protrai


no futuro (presta hoje para se aposentar daqui a 30 anos), é diferida no futuro, longínqua; segundo,
ela não deve usar recursos da União, ainda que não seja diretamente contraprestacional. A
contribuição da seguridade social não vai só para a previdência, mas sim para a saúde e para a
assistência social (gratuita).

Art. 201. [...]. § 11 da CRFB/1988. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão
incorporados ao salário para efeito de CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA e consequente
repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.

Art. 22 da Lei 8.212/1991. A CONTRIBUIÇÃO A CARGO DA EMPRESA, destinada à Seguridade


Social, além do disposto no art. 23, é de:
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título,
durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços,
destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos
serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços,
nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença
normativa. [...].
§ 2º. Não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28.

Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:


I - Para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas,
assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante
o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os
ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer
pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de
serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou
sentença normativa;
II - Para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência
Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo
empregatício e do valor da remuneração;
III - Para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo
exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se
refere o § 5o;
IV - Para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se
refere o § 5o.
§ 5º O limite máximo do salário-de-contribuição é de Cr$ 170.000,00 (cento e setenta mil cruzeiros),
reajustado a partir da data da entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices
que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social.

Além dos 20% a título de CPP e da CPS, a tributação sobre a folha de pagamentos pode atingir
altos valores, sobretudo em razão da multiplicação do RAT (Riscos Ambientais do Trabalho) e FAP
(Fator Acidentário de Prevenção). O percentual de encargos previdenciários a cargo da empresa
pode atingir 20% + 18% (12% + 2 X 3%) = 38% sobre a remuneração do empregado.

A CF ainda faculta aos Estados, ao DF e aos Municípios a instituição de contribuições cobradas de


seus funcionários para o custeio de sistema previdenciário, a benefício deles (que são contribuições
sociais):
Art. 149, CR/88. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei,
contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos,
dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da
base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.

Obs: Às Contribuições Sociais lato sensu não se aplica a noventena e a anterioridade.

SISTEMA PARALELO DAS CONTRIBUIÇÕES: A União criou um sistema de arrecadação paralelo ao


desvincular parcela das suas receitas. As contribuições sociais estão sujeitas a regulação menos rigorosa que
os impostos. Além disso, o produto de sua arrecadação não é partilhado com estados ou municípios. A
razão pela qual a CF ressaltou esses recursos, ainda que o princípio federativo demande a subsidiariedade
dos entes, é a sua destinação específica.

Características:

1. Aumento da arrecadação mediante contribuições especiais, pois não se submetem à sistemática de


partilha do produto da arrecadação.
2. Facilidade de seu regime jurídico de instituição, livre de boa parte das limitações constitucionais ao poder
de tributar em razão de decisões do STF.
3. Diminuição dos valores repassados aos Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios.
4. Prorrogações sucessivas e expansão gradativa da Desvinculação de Receitas da União (DRU).

● CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA:

Art. 149-A. Os Municípios e o DF poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para
o custeio, a expansão e a melhoria do serviço de iluminação pública e de sistemas de monitoramento
para segurança e preservação de logradouros públicos, observado o disposto no art. 150, I e III.

Súmula Vinculante nº 41 O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa

Por não ser divisível, não é um serviço público passível de tributação por meio de TAXAS.
→ O STF decidiu que o desvio de finalidade em matéria de contribuições, mesmo sendo um “ilícito
atípico”, não invalida a cobrança do tributo e nem permite repetição. Em diversas situações, é a
base de cálculo que dá a espécie tributária. Ex: taxa de fiscalização do imóvel: se a base de cálculo
for o valor do serviço, é TAXA; se o valor do imóvel, é IMPOSTO.

CONTRIBUIÇÃO AO FGTS

Uma destas garantias é o direito dos trabalhadores ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço –
FGTS, que pretende evitar a demissão arbitrária ou sem justa causa, conforme disposto pelo art. 7º,
III, da CR/88 e oferecer uma proteção àquele que perdeu seu emprego;

O FGTS foi regulamentado pela Lei nº 8.036/90 que determinou que todos os empregadores são
obrigados a depositar, até o dia 07 de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância
correspondente a 8% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador (art. 15).

Ocorre que a chamada “contribuição ao FGTS” não tem natureza tributária, mas são “ônus de
natureza trabalhista”. Os recursos não são invertidos ao Estado ou a outros entes, mas são
depositados em contas vinculadas de particulares para atender ao interesse pessoal destes.

Ao contrário, as contribuições atinentes ao FGTS criadas pela LC n. 110/2001 são Contribuições


Sociais Gerais de natureza tributária, criadas com o fito de viabilizar o pagamento correto da
atualização monetária do FGTS, após sofrerem com políticas do governo Collor.

CONTRIBUIÇÕES DE TERCEIROS - SISTEMA “S”

Os serviços sociais autônomos são entes instituídos por lei, qualificados como pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, que recebem, para seu financiamento, recursos públicos,
embora não sejam integrantes da Administração Pública direta ou indireta.
São os chamados “ENTES PARAESTATAIS”, dotados de autonomia administrativa e financeira,
que desempenham atividades privadas de interesse público. Esses entes são, sobretudo, custeados
com contribuições específicas instituídas pela União. As chamadas por alguns de “contribuições
para os serviços sociais” passam de uma dezena.

O chamado “SISTEMA S” (SESI; SENAI; SESC; SENAC; SEST; SENAT; SENAR; SESCOOP;
SEBRAE) é composto por entes que se constituem em serviços sociais autônomos. Cada uma das
contribuições destinadas ao “SISTEMA S” encontram fundamento constitucional autorizativo de
sua instituição.

Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos
empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de
formação profissional vinculadas ao sistema sindical.

Leandro Paulsen e Andrei Pitten afirmam que: “não se admite a superposição contributiva, ao
menos não sobre a mesma base econômica. Se as indústrias contribuem ao SESI/SENAI sobre a
totalidade da sua folha de pagamento, não podem ser coagidas a contribuir ao SESC/SENAC”.

Com relação à contribuições ao SESC/SENAC e ao SESI/SENAI, que foram constitucionalizadas, é


permitido ao legislador alterar alíquotas, prever isenções e benefícios fiscais, mas nunca adotar
materialidade diversa da “folha de salários” e tampouco ampliar o universo dos sujeitos passivos,
sob pena de “desfigurar essas contribuições” e torná-las inválidas.

Alguns serviços sociais autônomos foram instituídos posteriormente ao advento da CF, como o
SEBRAE, SENAR, SEST, SENAT, SESCOOP, APEX-BRASIL e a ABDI. O custeio desses entes,
criados após a CR/88, tem constitucionalidade duvidosa, sobretudo porque não estão no art. 240,
CR/88. Ainda assim, o STF vem admitindo a proliferação dessas Contribuições de Terceiros.

As contribuições ao Sistema S têm como base de cálculo a folha de salários, materialidade distinta
do faturamento, receita bruta ou valor da operação, que vem autorizadas pela CR/88. O professor
citou Eduardo Sabbag que acredita que essas contribuições se configuram a Contribuições de
Interesse das Categorias Profissionais.

O STF reconheceu que as Contribuições ao Sistema S têm sua matriz constitucional no art. 149 da
CR/88, como Contribuição de Interesse das Categorias Econômicas e Profissionais, com
exceção da contribuição devida ao SEBRAE (para desenvolvimento das pequenas empresas), que
foi considerada como CIDE.

● SIMPLES NACIONAL:
Ao invés de pagar todas as contribuições, o contribuinte pode, se assim optar, pagar o simples
nacional. É um tributo optativo. A pessoa pode se filiar ao simples caso queira ou pode pagar os
tributos comuns. Tem empresa que se filia ao simples em razão da geração de competitividade,
visto que o sistema gera crédito. O simples nacional gerou pejotização, destruindo o mercado.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

Art. 147, da CR/88 - Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o


Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito
Federal cabem os impostos municipais.

1. O tributo pode ser fiscal (quando o sujeito ativo é o próprio Estado - finalidade arrecadatória)
ou parafiscal (quando o sujeito ativo é uma entidade não-estatal - induzir comportamentos,
finalidade regulatória).

2. Podem ser reais (quando se ignora todos os aspectos pessoais do contribuinte - ICMS) ou
pessoais (quando leva em consideração os aspectos pessoais do contribuinte, como renda, estado
civil etc - IRPF).

3. Podem ser diretos (quando são devidos, de direito, pelas mesmas pessoas que suportam o ônus
do tributo) ou indiretos (quando são devidos, de direito, por uma pessoa, que é o Contribuinte de
Direito, no entanto suportados por outra, que é o Contribuinte de Fato).

Os tributos de repercussão, como o ICMS e o IPI, são não cumulativos, ou seja, sujeitos à
técnica constitucional da não cumulatividade, de forma que os Contribuintes de Direito
recolhem o tributo ao Erário ao longo da cadeia econômica, contudo, embutem os valores
recolhidos no preço do produto comercializado que acaba suportado pelo consumidor final.

4. Podem ser fixos (quando o montante independe da dimensão econômica do fato gerador - ISS) ou
variáveis (o montante varia de acordo com o maior ou menor valor da operação tributada - IPI).

5. Podem ser regressivos (quando a onerosidade relativa cresce na razão inversa do crescimento da
renda do contribuinte) ou progressivos (quando a onerosidade é diretamente proporcional à renda
do contribuinte, isto é, quem ganha mais, paga mais).

6. Podem ser seletivos (quando as alíquotas são graduadas para onerar mais gravosamente bens
menos essenciais e mais brandamente os mais essenciais - IPI) ou não-seletivo (quando não existe a
preocupação com a essencialidade do bem). O ICMS poderá ser seletivo.

7. Podem ser monofásicos (quando se grava apenas uma fase do processo produtivo, como é o caso
do IOF sobre o ouro, nos termos do art. 153, § 5º, da CR/88) ou plurifásicos (como o IPI ou ICMS,
que incidem em vários elos da cadeia de circulação do bem).

8. Podem ser cumulativos se dão uma única vez, como a Cofins cumulativa dos bancos ou incidem
em várias fases da circulação do bem, sem computar ou deduzir o valor que incidiu nas fases
anteriores, ou como no caso do ISS. Os tributos não-cumulativos incidem sobre o valor que se
agrega na fase ou apenas grava todo o valor acumulado do bem descontando o valor que já gravou
nas fases anteriores. O ICMS é o tributo que melhor se vale da técnica da não-cumulatividade.
Art. 155. § 2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - Será não-cumulativo,
compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou DF.

Quanto ao IPI, assim dispõe a CRFB/1988:


Art. 153. § 3º O imposto previsto no inciso IV:
I - Será seletivo, em função da essencialidade do produto;
II - Será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores;

O principal critério para classificação das espécies tributárias é a materialidade do conceito de


fato descrito hipoteticamente na hipótese de incidência.

Os Impostos podem ser classificados de acordo com as características do aspecto material do fato
gerador. Se gravam a renda, teremos imposto de renda; se oneram o consumo, teremos ICMS; se
for a riqueza enquanto ela estiver integrando o patrimônio do contribuinte - IPTU, ITR, IPVA. No
entanto, os impostos de guerra e os de competência residual não se encaixam nessa classificação.

Cumpre mencionar que os impostos sobre a transmissão de bens imóveis costumam ser chamados
patrimoniais e os impostos sobre a transmissão de bens móveis, de circulação, embora em ambos
haja circulação de bens patrimoniais.

PRINCÍPIOS

● Legalidade da tributação (art. 5º, II e 150, I e §6º).


Todas as atuações do Estado devem poder ser reconduzidas à lei formal. O poder de polícia saiu das
mãos do soberano e passou a ser compartilhado pelo Legislativo e Executivo. A excepcionalidade
dos poderes da Administração Pública são o estado de defesa e de sítio.

Núcleo central do princípio da legalidade:


(1) Preeminência da lei (fórmula negativa): ato concreto da Adm. Púb. deve ser considerado
inválido se (e na medida em que) contraria uma lei material;
(2) “Reserva de lei” (fórmula positiva): todo ato concreto da Adm. Púb. que intervém na
liberdade ou propriedade do cidadão depende de lei. A lei não é mero limite da ação administrativa,
mas seu fundamento.
Material → basta que a Administração se paute por uma norma geral e abstrata;
Formal → ato normativo dotado de força de lei, advém de competência legislativa. Reforça
a separação dos poderes e exclui o direito consuetudinário

Mitigação do princípio da legalidade: alteração de alíquotas por ato do Poder Executivo.


→ Ato infralegal pode alterar as alíquotas, mas não é exceção à legalidade, pois a lei deve
estabelecer as alíquotas limites. O que se admite é uma mitigação constitucional pelo princípio da
tipicidade. Em todos os demais casos de tributos constitucionalmente previstos, não se admite
margem de discricionariedade, logo, trata-se de dispositivo que consagra o princípio da tipicidade.
OBS: o STF admitiu a possibilidade de modulação das alíquotas do PIS/Cofins, apesar de
ausência de previsão constitucional. Prof acredita ser essa uma aberração uma ofensa
cabal ao princípio da tipicidade tributária.

● Tipicidade

Estreitamento da margem de discricionariedade e a proibição da analogia. A lei formal deve conter,


além do fundamento da conduta da Administração, todos os elementos essenciais da obrigação
tributária (sujeitos, alíquota, base de cálculo, aspectos etc.) para a decisão no caso concreto,
eliminando o subjetivismo. Estabelece previsibilidade, de determinabilidade e de
mensurabilidade para o exercício das atividades do contribuinte frente ao poder de tributar.

→ No Direito Administrativo Tributário é indispensável que o poder de polícia sujeite-se à


legalidade, mas a lei não precisa necessariamente se submeter ao princípio da tipicidade.

→ Nos ramos sujeitos ao princípio da tipicidade (tributário), a analogia não é admitida, logo,
segue-se a solução da “norma geral exclusiva” (se determinado fato não encontrar previsão expressa
na HI legal não se dará o nascimento de tributo).

OBS: Para alguns, os prazos para pagamento do tributo podem ser previstos em atos infralegais
(decreto, portarias, circulares, instruções normativas etc.) e não necessariamente em lei. O STJ
tendencialmente concorda com essa corrente. O prof. entende que um decreto que reduz ou alarga o
prazo de recolhimento é inconstitucional, uma vez que o prazo íntegra as exigências do princípio
da legalidade e, fazendo parte dos aspectos fundamentais do consequente da norma de incidência.

● Irretroatividade (art. 5º, XXXVI; 150, III, a)

É decorrência normal da natureza das leis e está na base do Princípio da Separação de Poderes. A
regra geral do Direito Tributário brasileiro é a da eficácia imediata da lei nova sobre os fatos
geradores futuros e pendentes, salvo quando lei interpretativa (se é que, na realidade, sejam
meramente interpretativas) ou na declaração de inconstitucionalidade. É uma limitação do poder de
tributar e não se aplica em favor do Estado. As modulações de efeitos das decisões modificativas de
jurisprudência anterior consolidada, pelo STF, devem sempre respeitar a irretroatividade.

● Isonomia

O princípio da capacidade econômica é mais amplo e abrange a função redistributiva dos tributos,
de igualdade material e de redução das desigualdades. O princípio da capacidade contributiva
restringe-se à igualdade formal. Subprincípios do princípio da capacidade contributiva:
- progressividade (↑ BC = ↑ alíquota. Ex: IR e ITCMD);
- seletividade (↑ essencialidade = ↓ alíquota. Ex: IPI deve ser, ICMS pode ser).

INTERPRETAÇÃO DA NORMA

Interpretação lato sensu: busca dentro do ordenamento a regra aplicável à situação concreta.
Integração: quando não há, em todo o sistema jurídico, fonte que contemple especificamente
aquela situação; o intérprete não pode se apoiar diretamente.
Interpretação extensiva: quando o intérprete, para poder obedecer a lei em seu “espírito”, deva
ultrapassar os termos estritos da sua letra. É o caso de normas que favorecem os direitos sociais.
Interpretação restritiva: quando o intérprete, limitando os domínios de aplicação da norma,
impede que ela produza efeitos contrários ao seu espírito. Usada nas exceções à tributação: normas
que outorgam benefícios fiscais e isenções.

→ Há cuidado na hermenêutica contemporânea em saber qual a finalidade social da lei. Uma vez
ultrapassada a interpretação da letra, adentra-se nos domínios da possibilidade de utilização da
analogia. A interpretação termina onde começa a integração. A integração termina onde começa a
analogia.
→ O Dir. O Tributário está sujeito à tipicidade e a analogia não é admitida, logo, segue-se a
solução da “norma geral exclusiva. Tipicidade = legalidade substancial.
→ OBS: Prof. ressalva que o ticket alimentação é um direito fundamental da pessoa humana e deve
ser interpretado de forma a se garantir a eficácia irradiante do direito. Extensivo.
VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

LEI VIGENTE: É aquela suscetível de aplicação, desde que presentes os fatos que se enquadrem
na hipótese de incidência. Pressupõe que a norma tenha sido validamente editada (validade), com o
ritual formal e material. Apta a produzir efeitos jurídicos (EFICÁCIA).
OBS: com o princípio da anterioridade, tem-se uma lei vigente, mas que não é capaz de
produzir efeitos (ela produz efeitos no primeiro dia do exercício subsequente).
Enquanto o Judiciário não se pronunciar em contrário, a lei goza de presunção de validade.

- No direito tributário aplica-se a LINDB e a Lei Complementar 95/1998.

NO ESPAÇO: A lei tributária vigora no território do ente político que a edita. Para o Estado
Nacional é o limite de sua soberania; para os Estados Membros, DF e Municípios, o limite de sua
autonomia.

TERRITORIALIDADE:
1. Aspecto positivo: as leis tributárias internas se aplicam dentro do território nacional.
2. Aspecto negativo: as leis tributárias estrangeiras não se aplicam dentro do território
nacional.
A eficácia de uma lei editada para viger fora do território poderia ficar comprometida pela
sua reduzida possibilidade de aplicação (possibilidade de execução forçada face seu
descumprimento - coercibilidade).
Dependendo do elemento de conexão com o território nacional (escolhido pela lei) é
possível cobrar tributo de um fato ocorrido no exterior (quando, v.g., o contribuinte reside no país)
ou cobrá-lo relativo a um fato ocorrido no país, ainda que o contribuinte esteja no exterior.
Problemas de dupla tributação internacional ocorrem porque os diversos países se valem desses
elementos de conexão.
O problema da dupla tributação pode ser minimizado por tratados ou por leis internas que
asseguram a compensação de tributos pagos no estrangeiro (territorialidade não é absoluta).

NO TEMPO – LINDB:

Art. 1° Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois
de oficialmente publicada. Vacatio legis: período que medeia entre a data de publicação oficial da
lei e sua entrada em vigor.
§ 1° Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.
§ 3° Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o
prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4° As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

Art. 2° Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou
revogue.
§ 1° A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela
incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Revogação
expressa ou tácita
§ 2° A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior. Leis de caráter geral não se revogam por leis especiais, nem estas são
revogadas por leis gerais posteriores.
§ 3° Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência. Não há repristinação, salvo se expressa.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito
adquirido e a coisa julgada.
§ 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer,
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso

Vigência das normas complementares: Art. 103 do CTN.


Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:
1. Os atos normativos (portarias, instruções, ordens de serviço, circulares) entram em vigor na
data de sua publicação.
2. Decisões a que se refere o inciso II do art. 100 são as decisões em processo de consulta, por
exemplo. Esse não é o caso das decisões das Delegacias da Receita Federal de Julgamento e
do CARF, no âmbito do processo administrativo fiscal.
3. Convênios celebrados entre entes federados (cooperação na fiscalização e arrecadação, que
nada tem a ver com os convênios do CONFAZ) faltou ao CTN definir a norma supletiva
aplicável ao caso de estar omitida a vigência, logo, aplica-se a LINDB (45 dias).

Aplicação da Lei Tributária: Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos
geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não
esteja completa nos termos do artigo 116.

→ O CTN se refere à aplicação para o futuro da lei que criar, majorar ou reduzir tributo, o que vem
em conformidade estrita com o princípio da irretroatividade.

Fato gerador futuro: aquele que ainda não se verificou.


Fatos geradores pendentes: fatos geradores cuja ocorrência tenha tido início, mas que ainda não se
teria completado.
Fato gerador periódico: fato gerador do tributo composto pela soma de vários fatos isolados. A lei
deve respeitar a irretroatividade e ser anterior à série de fatos isolados, pois, todo o conjunto de
fatos singulares é que compõe o fato gerador

Aplicação Retroativa da Lei Tributária:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


I - Em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à
infração dos dispositivos interpretados;
II - Tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração; retroatividade benigna
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não
tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
retroatividade benigna

Regra: proibido aplicar retroativamente a lei nova. Excepcionalmente é possível a aplicação de lei
tributária nova a fatos passados, mesmo que ela nada diga a respeito. Exceção:
Retroatividade benigna em matéria de infrações: aplica-se retroativamente a lei nova
quando mais favorável ao acusado (lex mitior) Se agravar a punição, ela não retroage.

Obs: Para o CTN, a lei interpretativa retroage sempre, mas ela deve apenas “esclarecer” o conteúdo
da lei interpretada, sem inovar. A doutrina acha inútil e o STF acha possível.

A NORMA ANTIELISIVA NO DIREITO TRIBUTÁRIO

Norma antielisiva busca evitar manobras de elisão grotescas. Classificação dos “negócios menos
onerosos sob a ótica fiscal”:
1. Evasão por omissão imprópria: quando o contribuinte pura e simplesmente decide não
praticar o fato gerador para não ter de pagar o tributo.
2. Evasão omissiva própria (sonegação): quando o contribuinte intencionalmente omite
dados para diminuir o seu dever tributário já estabelecido ou quando simplesmente deixa de
recolher o imposto;
3. Evasão comissiva ilícita: quando o contribuinte se utiliza de meios ilícitos para eliminar,
retardar ou reduzir o pagamento de tributo efetivamente devido (fraude, simulação ou
conluio), Busca sair da relação fiscal (exige estar, haver estado ou podido estar dentro).
4. Evasão comissiva lícita (elisão fiscal): existe uma ação do contribuinte na direção de obter
uma redução ou eliminação da carga tributária. Os meios são lícitos; o que se pretende é não
entrar na relação fiscal.

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA


1. SUJEITO ATIVO: polo ativo da relação jurídica obrigacional tributária (principal ou acessória)
- titular do direito de exigir o cumprimento da obrigação tributária principal ou acessória.
Art. 119, CTN -. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento.

Obs: Para Paulo De Barros Carvalho ao se referir à “pessoa jurídica de direito público”, o CTN
conflita com o sistema constitucional, que alberga a possibilidade de “parafiscalidade” (entidades
não-públicas credenciadas à titularidade ativa de relações jurídico-tributárias).

➢ Tem uma coisa na ideia do legislador que, segundo o professor, não ficou bom: a definição
de PJ de dir. púb. esbarrou na questão da parafiscalidade, ela tem relação com o exercício ou
não do serviço público e não com a natureza jurídica da entidade. Para o professor o melhor
exemplo é o sistema S, titular da competência para exigir o cumprimento. Logo, deveria ser
outra expressão, pois não é competência e sim capacidade de exigir o cumprimento.
Capacidade tributária tem relação com o sujeito ativo; competência é poder legal.

- Ricardo Lobo Torres - também aceita a inclusão das autarquias (como SESC, OAB etc.)
entre os sujeitos ativos, mas nega tal qualificação às entidades privadas (como os
Sindicatos), que para o Autor são apenas beneficiários de transferência governamental
(sujeitos de relação meramente financeira).

- O termo exigir talvez fosse melhor substituído por cobrar, pois o exigir na obrigação
acessória é mais “impor”. Talvez tenha faltado o termo obrigação principal, segundo o
professor.
Competência Tributária (aptidão para “instituir” tributo) X Capacidade Tributária (aptidão para
ser titular no polo ativo da relação jurídica tributária, ou seja, para figurar como credor na relação
jurídica tributária). Ex.: contribuição devida à OAB (sua instituição cabe à União), mas o suj. ativo
é alguém presente na relação obrigacional (OAB). Quem exige o cumprimento da obrigação é o
credor, portanto, o Sujeito Ativo (que detém a Capacidade Tributária Ativa).

● SUCESSÃO DE SUJEITO ATIVO: Art. 120, CTN - Salvo disposição de lei em contrário, a
pessoa jurídica de direito público, que se constituir pelo desmembramento territorial de outra,
sub-roga-se nos direitos desta, cuja legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua
própria.
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente
constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos
posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida
data

A sub-rogação ativa abrange os direitos relativos às obrigações tributárias surgidas até o momento
da cisão, independentemente de já terem sido objeto de lançamento (aplicando-se a lei vigente à
época do fato gerador)

Sucessão nas obrigações do sujeito ativo (Ex.: repetição de indébito): a restituição do tributo pago
a maior, por exemplo, deve ser pedida contra a nova entidade política.

Princípio da Recepção: na cisão, após a criação da nova entidade, qualquer modificação que venha
a ser efetuada na legislação da outra entidade não se aplica ao território da nova entidade (a antiga
entidade continua a legislar para si e não para a outra).

Fusão ou novo ente político criado por desmembramento de mais de uma entidade: a nova
pessoa política continuará aplicando as leis que estavam em vigor em cada porção de seu território
(se e enquanto não editar sua própria legislação).

2. SUJEITO PASSIVO: é o devedor da obrigação tributária, ou seja, aquele que tem o dever de
prestar ao sujeito ativo o objeto da obrigação.

Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato
gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de
disposição expressa de lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o
seu objeto.

O Sujeito Passivo da Obrigação Tributária Principal, assim, é sempre alguém “relacionado”


com o fato gerador da obrigação principal:
→ Se essa relação for “pessoal (participar pessoalmente do acontecimento fático; presença jurídica
e não física) e direta (pessoa em torno do qual giram os fatos; personagem principal e não mero
coadjuvante)” com o fato gerador → CONTRIBUINTE.
→ Caso contrário, diz-se RESPONSÁVEL (terceiro vinculado ao fato gerador).

● O CONTRIBUINTE: é a pessoa que “realiza” o fato gerador da obrigação tributária


principal.

A grosso modo, é a ideia de autor do fato gerador (Ex.: auferir renda; importar mercadoria; prestar
serviços alguém que praticou ou realizou o fato gerador). Se outra pessoa fosse eleita pela lei, seria
na qualidade de responsável.

Em geral, o CONTRIBUINTE na situação material descrita como fato gerador é a pessoa que
manifesta capacidade contributiva (quem aufere renda, titular do imóvel). Ex.: se a empresa vende
gêneros de primeira necessidade, a tributação não leva em conta a capacidade econômica da
empresa, mas a do consumidor à capacidade econômica do consumidor (contribuinte de fato) é que
precisa ser ponderada para efeito da definição do eventual ônus fiscal).
- Sujeição Passiva Direta à contribuinte ;
- Sujeição Passiva Indireta à responsável

● SUJEIÇÃO PASSIVA E CONVENÇÕES PARTICULARES: Art. 123. Salvo disposições


de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de
tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito
passivo das obrigações tributárias correspondentes.

Obs: SACHA CALMON: “Com efeito, seria impensável, que o adquirente de um estabelecimento
comercial, ex contractu, fixasse o seu direito de não responder – enquanto sucessor – pelos débitos
fiscais do estabelecimento adquirido. Ora, essa responsabilidade por sucessão é definida pela lei.”
O contrato inoponível ao credor é, todavia, válido entre as partes que o firmaram.

“O que ocorre comumente é ficar o responsável que paga dívida alheia com o direito de regresso,
ou seja, com a titularidade jurídica de haver de volta do sucedido o valor que despendeu em prol
deste.”

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

● RESPONSÁVEL

É um terceiro eleito devedor da obrigação tributária (não participa do binômio Fisco x


Contribuinte). O art. 121, parágrafo único, II, do CTN traz um conceito pobre de Responsável, dado
por exclusão (se alguém é devedor e não é contribuinte, será Responsável). Há de ser obrigado,
porém, por expressa disposição da lei.
➢ Tipos de responsabilidade:

- Por substituição: tira o contribuinte e coloca o substituto.


- Por transferência: nasce a obrigação com o contribuinte, mas ela se transfere para outro (ex.:
sucessão empresarial, herdeiro)
- Por subsunção: tira o contribuinte e coloca a autoridade pagadora responsável

● SUJEIÇÃO PASSIVA INDIRETA POR SUBSTITUIÇÃO:

A lei, desde logo, põe o 3° no lugar da pessoa que, naturalmente, seria definível como contribuinte,
assim, a obrigação tributária já nasce, desde logo, com seu pólo passivo ocupado por um substituto
legal tributário - Ex.: no imposto de renda retido na fonte, a figura do beneficiário da renda estaria
sendo, desde logo, substituída por terceiro (a fonte pagadora).

O Substituto não paga a dívida alheia, mas paga dívida própria (apenas não realizou o fato
gerador). Trata-se de substituição de pessoas que deveriam ser diretamente sujeitos passivos, pela
simples razão de “economicamente” estarem no cerne das situações eleitas como jurígenas. O CTN,
de forma pouco técnica, iguala o substituto aos demais responsáveis por transferência (art. 128)

Obs: Não pode aceitar responsabilidade que não decorre expressamente de lei. Contudo, o CTN
coloca responsabilidades por dedução que, segundo o professor, não são válidas. No caso do ITCD
(doação), a lei expressamente dirá quem é o contribuinte e quem é o responsável. Qualquer pessoa
pode ser responsável? Não, pois ele precisa ter minimamente uma relação com o fato gerador. Caso
contrário, acaba colocando alguém que não tem capacidade. Salvo se é sanção por dever de cautela,
há de ter atributividade (deve poder cobrar de quem tem a capacidade contributiva).

● SUJEIÇÃO PASSIVA INDIRETA POR TRANSFERÊNCIA:

A obrigação de um devedor (contribuinte ou responsável) é deslocada para outra pessoa, em razão


de algum evento. A SUCESSÃO é o exemplo mais típico. A obrigação que era do sucedido,
desloca-se em razão do evento sucessório para a pessoa do sucessor.
O que se transfere é o dever jurídico, que migra total ou parcialmente do Contribuinte para o
Responsável, por cláusula jurídica.

Obs: O CTN trata de “Responsabilidade de Terceiros” (artigos 134 e 135), “Sucessores” (artigos
129 a 134) e “Responsáveis Solidários” (artigos 124 e 125) - Todos são terceiros e responsáveis.

● LIMITES À DEFINIÇÃO LEGAL DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA:

Não é qualquer Terceiro que a lei pode escolher como Responsável, mas, nos termos do art. 128 do
CTN, exige-se vínculo com o fato gerador. Para Rubens Gomes de Souza, o tributo deve ser
cobrado de quem tira vantagem econômica, contudo, pode acontecer que o Estado tenha interesse
ou necessidade de cobrar o tributo de pessoa diferente: dá-se a Sujeição Passiva Indireta.

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva
obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a êste em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

- Dever de Diligência ou Vigilância: O ônus do tributo não pode ser deslocado (seja por
substituição, seja por solidariedade, seja por subsidiariedade) arbitrariamente pela lei para qualquer
pessoa ainda que vinculada ao fato gerador, se essa pessoa não puder agir no sentido de evitar esse
ônus, nem tiver como diligenciar no sentido de que o tributo seja recolhido à conta do indivíduo
que, dado o fato gerador, seria elegível como contribuinte.

● RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA:

Segundo o art. 128 do CTN, ao eleger o Terceiro, a lei pode: (1) excluir a responsabilidade do
CONTRIBUINTE ou (2) mantê-lo como RESPONSÁVEL SUBSIDIÁRIO. Embora não previsto
expressamente no art. 128 do CTN, o Terceiro pode legalmente ser colocado como Responsável
subsidiário (o CTN cuida de algumas hipóteses no art. 134)

● RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA:

Razões que dão ensejo à solidariedade:


1. Comunhão de interesses;
2. Omissão do dever de diligência ou vigilância (transportador que não verificou se fora
emitido a nota fiscal.

Art. 124. São solidàriamente obrigadas:


I - as pessoas que tenham interêsse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação
principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.

- Solidariedade por realização conjunta de fato gerador: Ocorrido o fato gerador, tem-se, desde
logo, mais de uma pessoa ocupando a posição de Sujeito Passivo. Todas essas pessoas figuram
como Sujeitos Passivos Solidários. Ex.: IR da renda pertencente ao casal casado em regime de
comunhão de bens.

- Solidariedade em razão de evento estranho ao fato gerador: O evento que provoca a


Solidariedade é estranho ao fato gerador (que é realizado por uma pessoa, mas em razão do evento,
outra pessoa é eleita como responsável solidária). Ex.: A (usuário do serviço) é responsabilizado
solidariamente pelo tributo devido pelo prestador do serviço B, caso A não exija nota fiscal. A não é
contribuinte, mas é sujeito passivo da obrigação acessória de exigir nota fiscal. Se não a cumpre,
assume a condição de devedor solidário da obrigação principal.

O Sujeito Ativo pode exigir a dívida tributária por inteiro de cada um dos devedores solidários, e
não há benefício de ordem. Sendo a obrigação tributária divisível, sem lei, cada um apenas poderia
ser cobrado pelo seu quinhão, isto é, a solidariedade não se presume, mas exige lei expressa que a
preveja.

Obs: por substituição tributária (solidariedade → no aspecto pessoal, o agente já substituiu o


contribuinte pelo responsável, através de norma, sendo que as duas incidem juntas → troca o sujeito
passivo pelo responsável, conforme a situação hipotética → coloca o responsável no papel de
contribuinte, mas o contribuinte não deixa de ser contribuinte de fato → é uma regra que incide
antes da ocorrência do fato gerador).

● EFEITOS DA SOLIDARIEDADE:

Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a
um dêles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos
demais.

Na isenção objetiva (abstraídas as condições pessoais do indivíduo) relativa a um fato isento,


beneficia a todos.
Na isenção for subjetiva (definida em função das condições pessoais do indivíduo), se todos
preencherem as condições, não existirá FG; se apenas alguns, na porção que se referir às pessoas
não isentas, surgirá a obrigação e a solidariedade subsiste pelo saldo em relação aos demais
coobrigados).
Ex.: se um imóvel pertencer a três pessoas em partes iguais (A, B e C) e uma delas (A) é
isenta (isenção subjetiva), o imposto predial é devido apenas no quinhão de propriedade das
outras duas pessoas - B e C devem 2/3 do imposto e são solidárias. A nada deve e não se
pode cobrar de B ou C o quinhão de A.

Naturalmente, a norma do inciso II vale para IMUNIDADE também.


Ex.: B é devedor solidário por não haver exigido nota fiscal do vendedor A, havendo
previsão legal nesse sentido. Se A é isento, não existe a obrigação e, portanto, descabe a
atribuição de quaisquer responsabilidades a B. Obviamente, se houvesse previsão de multa
por descumprimento de obrigação acessória, ela poderia ser devida, mas não o tributo.

● RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO:

A sucessão se verifica por meio da modificação do SUJEITO PASSIVO da obrigação tributária, de


modo que o sucessor passa a ocupar a posição do antigo devedor, no estado em que a obrigação se
encontrava na data do evento que motivou a sucessão.

Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente
constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos
posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida
data.

Com relação aos tributos atinentes a bens imóveis, dispõe o CTN:


Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes
a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes,
salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sôbre o respectivo
preço.

O art. 131 trata do que o CTN chamou de “Pessoalidade” da responsabilidade:


Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da
partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da
meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

O termo “Responsabilidade Pessoal” é criticável, porque o espólio, por exemplo, não possui os
atributos jurídicos de uma pessoa. O art. 131 quer dizer, na verdade, que as pessoas referidas e o
espólio assumem a condição de responsáveis, como únicos ocupantes do polo passivo da
obrigação, logo, não respondem supletiva ou subsidiariamente, nem solidariamente, porque o
devedor sucedido desapareceu (itens II e III) ou é desprezado (item I)

O remitente é aquele que paga a dívida para ter de volta bem penhorado, em seu proveito.
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da
quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas.

Obs: sucessão (o FG ocorreu quando o agente comprou a empresa, sendo, portanto, responsável
após a sucessão empresária ou mesmo hereditária → entra como sujeito passivo, ocorre depois da
ocorrência do fato gerador).
P. 15
P. 22 - princípio do non olet
P. 26, 27, 29, 31, 37
P. 45, 47 (parte final), 48, 49, 51, 52, 56
P. 57 - 68 (contribuições)
P. 68 - 69 (FGTS)
P. 70, 73 (sistema S)
P. 74-77 (classificação tributos)
P. 100-102 (princípios) + 117 e 155
P. 119-128 (tipicidade)
P. 234 - 247 (vigência da lei)
P. 267 parte final, 268 (elisão e evasão fiscal)
P. 279 e 280 (obrigação tributária)
P. 283, 285 (fato gerador)
P. 287 - 292, 295 - 305, 311 (sujeitos e responsável)

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