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A Lei Penal e a Sua Aplicação

O Princípio da Legalidade da
Intervenção Penal

S
Sumário:

S O Princípio da legalidade da intervenção


penal.
S Fundamento, sentido e função do p. da
legalidade.
S Consequências do princípio da legalidade ( nos
planos da extensão, da fonte, da
determinabilidade, da proibição da analogia e
da proibição da retroactividade).
Bibliografia Recomendada:

S Textos de Apoio, Prof, Luzia Sebastião, pags


61-65.
S Lições de Direito Penal, Prof. Orlando
Rodrigues, pags 30-41.
S Manual de Direito Penal, Prof. Figueiredo
Dias, pags 177-205.
Bibliografia Recomendada:

S Manual de Direito Penal, Prof. Germano


Marques da Silva, pags 255-289.
Objectivos:

S Entender o sentido e alcance em todos os


campos do princípio da legalidade da
intervenção penal e a sua importância para
todo o direito penal.
S Entender a base fundamental para
identificação da existência de um crime e
diferenciá-lo de outros ilícitos jurídicos.
O Princípio da Legalidade.

S Nullum crimen, nulla poena sine


lege, ou seja, não pode haver
crime nem pena sem resultar de
uma lei prévia, escrita, estrita e
certa.
P. Da Legalidade.
Dados Históricos

S - Magna Charta Liberatum de João Sem


Terra, 1215;
S - Bill of rights, 1689;

S - Constituição de Maryland e Virginia,


EUA, 1776
P. da Legalidade.
Dados Históricos

S - Declaração dos Direitos do Homem e


do Cidadão resultante da Revolução
Francesa, 1787 (expressão definitiva).
P. da Legalidade.
Dados Históricos.

S Diversos Tratados Internacionais de


Direitos Humanos (Declaração Universal
dos Direitos do Homem, Carta Africana
dos Direitos do Homem e dos Povos,
PIDCP…) de 1948 em diante.
Fundamentos do P. da Legalidade
Fundamentos do P. da
Legalidade

S Fundamentos internos estão ligados ao


têm natureza especificamente juridico-
penal.
S Os fundamentos externos estão ligados a
concepção fundamental do Estado
Fundamentos Internos do
P. da Legalidade

S - A prevenção geral.

S - O princípio da culpa.
Fundamentos Internos do
Princípio da Legalidade.

S É necessário que uma lei anterior preveja


um determinado comportamento como
criminoso para que o cidadão saiba ou
possa saber da sua existência e/ou,
podendo-se, assim censurá-lo
Fundamentos Internos do Princípio
da Legalidade

S As expectativas legítimas do cidadão têm


que ser salvaguardadas.
Fundamentos Externos do
Princípio da Legalidade

S Ligam-se a concepção do Estado,


imperando, assim, o princípio liberal 2º o
qual a intervenção na esfera dos direitos,
liberdades e garantias do cidadão tem
que ter como base a lei. Artigo 57º da
CRA.
Fundamentos Externos do Princípio da
Legalidade

S Impera ainda no âmbito dos


fundamentos externos o princípio
democrático e da separação de poderes,
fazendo com que a intervenção penal se
faça apenas por lei em sentido formal.
Artigo 164º, al. E) da CRA.
Sentido do Princípio da Legalidade

S Só uma lei anterior pode declarar um facto


como criminoso e estabelecer penas ou
medidas de segurança.
S As lacunas ou esquecimentos do legislador
funcionam contra ele mesmo e à favor da
liberdade, por mais chocante que seja
socialmente o facto.
Sentido do Princípio da Legalidade

S Este princípio tem ainda o sentido


de que ao juíz está completamente
vedada a criação de instrumentos
sancionatórios criminais que não
estejam estritamente previstos por lei
anterior.
Sentido do Princípio da Legalidade

S No ordenamento jurídico-penal angolano


a previsão legal deste princípio vem
desde logo no artigo 65º da CRA.
S No Código Penal vem previsto nos
artigos 5º (enunciação fundamental), 15º,
54º, 58º, assim como o 18º e 48º.
Função do Princípio da Legalidade

S Impedir o livre arbítrio e o excesso,

S Limitar a intervenção em nome da defesa


protecção dos direitos, liberdades e
garantias das pessoas;
S Tutela de bens essenciais na comunidade.
Consequências (efeitos) do P. da
Legalidade

S Extensão, fonte, determinabilidade,


proibição da analogia e proibição da
retroactividade.
Efeitos no Plano da Extensão

S Não cobre todo o direito penal, apenas as


áreas que fundamentam ou agravam a
responsabilidade criminal.
S Fá-lo em nome da garantia dos direitos e
liberdades individuais dos cidadãos.
Efeitos no Plano da Extensão

S Matérias relativas a culpa, ao tipo de


ilícito e as consequências jurídicas
do crime estão abrangidas pelo
princípio da legalidade.
Efeitos no Plano da Extensão

S As causas de justificação e as causas de


exclusão da culpa não são cobertas pelo
princípio.
S O campo da exclusão ou atenuação da
responsabilidade não é coberto.
Efeitos no Plano da Fonte

S Exigência de lei formal da Assembleia


Nacional. Artigo 164º al. E) da CRA.
S Proibição das normas penais em branco,
não formais.
Efeitos no Plano da Fonte

S Normas penais em branco são aquelas


que cominam uma pena para
comportamentos que não descrevem,
mas alcançam estes comportamentos
pela remissão da norma penal para
outras leis ou regulamentos.
Efeitos no Plano da
Determinabilidade

S A matéria proibida e todos os requisitos


de que dependa a punição devem ser
descritos de forma determinável.
S Tem que haver uma determinabilidade
objectiva das condutas proibidas.
S
Efeitos no Plano da
Determinabilidade

S A lei penal que fundamente ou agrave a


responsabilidade deve ser certa e
determinada.
S Conceitos indeterminados e cláusulas
gerais devem ser evitados.
Efeitos no Plano da
Determinabilidade

S Quando utilizados, os conceitos


indeterminados, as cláusulas gerais e
os elementos normativos devem
encerrar em si uma
determinabilidade objectiva das
condutas proibidas.
Efeitos no Plano da Analogia

S Analogia consiste em aplicar ao caso omisso a


norma que prevê e regula um caso análogo
S Razões de semelhança substancial entre o caso
regulado e o caso por regular justificam a
analogia como meio de integração de lacunas
da lei.
Efeitos no Plano da Analogia

S A analogia se mostra proibida em


direito penal sempre que
fundamente ou agrave a
responsabilidade do agente, isto é,
sempre que funcione contra este.
Efeitos no Plano da Analogia

S Em síntese, ela seria proibida de integrar


normas incriminadoras, ou seja, os
preceitos penais que estabelecem, os
crimes, as penas, as medidas de
segurança, as agravantes e suas
condições e tudo aquilo que se mostrar
desfavorável ao agente.
Efeitos no Plano da Analogia

S Na analogia há uma falta absoluta de


regulação de determinada situação, o que
leva a que o seu uso manifeste
garantidamente uma violação do
princípio da legalidade.
Efeitos no Plano da Analogia

S A analogia é proibida nos seguintes


casos:
S - Nos elementos constitutivos do crime;

S -As leis penais em branco;

S - Nas penas e medidas de segurança;


Efeitos no Plano da Analogia

S- Nas normas que constituem o


alergamento da punibilidade;
S - Na tentativa e na frustração;

S- Na comparticipação criminosa
(cúmplices, autores e encobridores).
Efeitos no Plano da Analogia

S O seu uso é, entretanto, permitido em todos os


outros campos do direito penal que não os
anteriormente citados, designadamente em
todas as normas penais não incriminadoras ou
que se mostrem favoráveis ao agente.
Efeitos no Plano da Analogia

S É permitida:

S - Nas causas de justificação do facto;

S Nas causas de exclusão ou atenuação da


culpa e da punibilidade;
Efeitos no Plano da Analogia

S - Nas normas penais não incriminadoras;

S - Em todas as situações que beneficiem o


agente.
Efeitos no Plano da Interpretação
Extensiva

S A interpretação extensiva consiste na


ampliação do sentido e alcance da letra
da lei para faze-la corresponder com o
sentido do seu espírito até aquilo que ela
pretendia dizer, porque se entende que o
legislador disse menos do que realmente
queria.
Efeitos no Plano da Interpretação
Extensiva

S As normas incriminadoras, ou seja, os


preceitos penais que estabelecem, os
crimes, as penas, as medidas de
segurança, as agravantes e suas
condições e tudo aquilo que se mostrar
desfavorável ao agente não podem ser
interpretados extensivamente.
Efeitos no Plano da Interpretação
Extensiva

S Na interpretação extensiva existe uma


regulação deficiente, porque a lei
exprimiu-se de forma carente ou
insuficiente.
S Ela ameaça ou põe em perigo eminente o
princípio da legalidade.
Efeitos no Plano da Interpretação
Extensiva

S Na tentativa de se chegar ao verdadeiro


sentido e alcance da lei, o intérprete pode
desencadear uma verdadeira violação do
princípio da legalidade incluindo no
sentido da norma aspectos que chocam
com este princípio.
Efeitos no Plano da Retroactividade

S É proibida a retroactividade in malem


partem, isto é, não é permitido
incriminar reroactivamente factos lícitos
passados em virtude da nova existência
de uma lei que os incrimine.
Efeitos no Plano da Retroactividade

SA criminalização, penalização ou
agravação de situações passadas por uma
lei nova não é permitida por
consubstanciarem indubitavelmente uma
violação ao princípio da legalidade.

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