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TRIBUNAL PLENO

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 0800514-66.2020.8.10.0000

Impetrante: Bruno Lúcio Meneses Nascimento

Advogados: Joel Dantas dos Santos (OAB/MA 4.405) e outro

Impetrado: Governador do Estado do Maranhão

Relator: Des. José de Ribamar Castro

DECISÃO
Cuida-se de Mandado de Segurança, com pedido de liminar, impetrado por Bruno Lúcio Meneses
Nascimento, contra ato supostamente ilegal praticado pelo Governador do Estado do Maranhão.

Alega o impetrante que participou do concurso público de provas promovido pela Universidade
Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL), conforme edital nº 007/2018 - GR/UEMASUL, tendo
concorrido à 01 vaga para o cargo de Professor Assistente na área/subárea de Engenharia Ambiental/Sanitária, no
Campus Açailândia - MA, e que, apesar de ter sido aprovado e classificado no 1º lugar, não teria sido, até o presente
momento, nomeado, mesmo estando ainda no prazo de validade.

Sustenta que estaria sendo preterido pela autoridade coatora em razão da contratação precária de
funcionários terceirizados em áreas diversas, inclusive a de Engenharia Ambiental/Sanitaria, mediante processo
seletivo simplificado, sob a égide do edital nº 043/2019 – PROGESA/UEMASU.

Acrescenta que ninguém foi aprovado para a vaga oferecida no processo seletivo, tendo sido
contratado outro professor para desempenhar as mesmas funções para as quais foi aprovado no concurso público.

Aduz, também, que tais medidas configuram sua preterição ao cargo público e, por consequência,
transformam a mera expectativa de direito, em direito líquido e certo a nomeação.

Sob tais argumentos, e ainda alegando se fazerem presentes o fumus boni iuris e periculum in mora,
pugna o impetrante pelo deferimento de medida liminar, a fim de que seja imediatamente nomeado e empossado no
cargo para qual foi aprovado. Ao fim, requer a concessão definitiva do mandamus, depois de adotadas as
providências de estilo.

Juntou documentação que entende necessária.

É o relato do essencial, DECIDO.

Com efeito, o artigo 1°, da Lei n° 12.016/2009, determina que: “ conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpusou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.”
Nesse particular, quando da impetração, o titular deverá fazer a prova do seu direito líquido e
certo e a violação dele,em momento único, salvo se o documento necessário à prova se ache em repartição ou
estabelecimento público, ou em poder de autoridade que recuse fornecê-lo por certidão, hipótese em que o juiz
ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica.

O direito líquido e certo, segundo ensinamento do jurista Hely Lopes Meirelles, é o "direito
comprovado de plano", ou seja, de imediato, no ato da impetração. A ritualística do remédio heróico não se
compadece com a dilação probatória.
Assim, a petição inicial do mandamus deve preencher os requisitos dos arts. 319 e 320, ambos do
Novo Código de Processo Civil, sob pena de indeferimento, incidindo, pois, na cominação do art. 10º, da Lei
1
12.016/2009 .

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https://pje2.tjma.jus.br:443/pje2g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20013108184707200000005254505
Número do documento: 20013108184707200000005254505
No caso concreto, analisando os autos digitais, verifico que oimpetrante deixou de fazer prova
inequívoca das alegações contidas no writ.

É que muito embora afirme ter sido preterido por funcionários terceirizados, não há nos autos
qualquer documentação apta a comprovar a efetiva existência de contratos precários para o desempenho do mesmo
cargo para o qual foi aprovado no concurso público.

O impetrante sequer comprovou, de plano, que a administração pública ofertou processo seletivo
para contratação de professor na Área/Subárea: Engenharia Ambiental/Sanitária. Em verdade, os documentos
acostados, dão conta de que o seletivo foi para o preenchimento de cargos de professor na Área/Subárea:
Engenharia Civil/Mecânica das Estruturas.

Tenho, assim, que a documentação instrutiva do pedido não se presta para comprovar, de
plano, sem dilação probatória aprofundada, o alegado na inicial.

Logo, à míngua de comprovação do direito alegado no ato da impetração do writ of mandamus, deve
o processo ser extinto pela ausência de condição especial ao ajuizamento da ação mandamental.

Nessa linha é o entendimento trilhado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. POLICIAL MILITAR. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DILAÇ

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PREVENÇÃO. INOCORRÊNCIA. DILAÇÃO PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Pre

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ART. 489 DO CPC/2015. NULIDADE. INEX

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM


MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO PARA A FORMAÇÃO DE CADASTRO DE RESERVA.
SURGIMENTO DE VACÂNCIA. CRIAÇÃO LEGISLATIVA. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. AUSÊNCIA DE
PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. 1. É vetusta a lição de que o processo mandamental constrói-se mediante
rito angusto, destituído de dilação probatória, de sorte que o demandante deve necessariamente
alicerçar a sua causa de pedir em prova pré-constituída por si próprio.2. No caso concreto, os
agravantes não comprovaram o surgimento posterior de número de vagas que lhe alcançassem a
classificação, tampouco que a criação legislativa de contingente adicional de cargos havia sido implementada
por interposto ato administrativo do Tribunal de Justiça, como impunha a mesma lei, nem ainda que havia
reserva dessas novas vagas para a comarca para a qual haviam sido aprovados.3. Agravo regimental não
provido. (STJ; AgRg no RMS 49960 / MG; Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES; DJe 15/04/2016)

CONCURSO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO.


INEXISTÊNCIA. 1. Na estreita via do mandado de segurança, não se admite alegações desprovidas de
comprovação, ante a impossibilidade de dilação probatória. 2. O mandado de segurança sob exame não
foi instruído com acervo probatório apto a comprovar as alegadas contratações temporárias que implicariam a
preterição por parte da Administração Pública de nomear a impetrante para o cargo para o qual fora aprovada
em concurso público.3. Recurso ordinário improvido. (STJ; RMS 26742 RS 2008/0080629-0; Rel. Min.
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR; T6; DJe 11/04/2012)

“ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ALEGADAPRETERIÇÃO


EM NOMEAÇÃO. “RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PARIDADE. PENSÃO POR MORTE.
DIREITOLÍQUIDO E CERTO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1 - O rito
do Mandado de Segurança pressupõe comprovação initio litisdo fatos em que se funda o direito
líquido e certo invocado pelo impetrante.(RMS 19844/RJ; Rel. Min. FELIX FISCHER, DJ26.09.2005;
RMS-8.647, Ministro Hamilton Carvalhido, DJ de 21.6.04.) 2. A documentação colacionada aos autos é
insuficiente para atestara certeza e liquidez do direito alegado, diante da contradição entre as
alegações da impetrante e as informações da autoridade coatora.3 - Agravo regimental a que se nega
provimento.” (STJ; AgRg no RMS 22418 RJ 2006/0148181-0; Rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS); T6; DJe 18/04/2012)

Diante do exposto, e ante a inequívoca ausência de prova pré-constituída, com fundamento no artigo
10, caput, da Lei 12.016/2009, indefiro a inicial.

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Número do documento: 20013108184707200000005254505
Comunique-se, de imediato, a autoridade impetrada, encaminhando-lhe o inteiro teor desta decisão,
que servirá de ofício para todos os fins de direito.

Publique-see, uma vez certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se.

Cumpra-se.

São Luís, data do sistema.

Desembargador José de Ribamar Castro

Relator

1 Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos
legais ou quando decorrido o prazo legal para a impetração.

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