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ª Aula de Direito Penal I

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL

1.1. Noções de Direito Criminal – O Crime e a Pena

1.1.1. Noções Fundamentais de Direito Criminal

O Direito Criminal (ou “DC”) é o conjunto de normas que fixam os pressupostos ou


requisitos da aplicação das reacções criminais que abarcam as penas e medidas de
segurança, tratamento e correcção.

O DC é um meio de controle social tal como o são: a igreja, a família e a escola (meios
de controle informais) por contraposição aos meios formais nomeadamente a polícia, os
tribunais, etc. Cada um dos ramos do Direito participa na garantia do controle social em
vista de uma sã convivência social.

A expressão Direito Penal pode ser entendida em dois sentidos, à saber:

 Sentido subjectivo – é o direito do Estado de exercer o ius puniendi ou direito


de punir.1

 Sentido objectivo – é o conjunto de normas jurídicas que ligam uma pena ao


cometimento de um certo facto, ou seja é o conjunto de normas que fixam os
limites e as formas pelas quais o Estado vai exercer o seu ius puniendi.

Em termos doutrinais, o Direito Penal divide-se em duas partes: uma parte geral e
uma especial. A parte geral compreende os fundamentos e os limites comuns a toda a
punição de todo e qualquer delito ou crime. A parte especial estuda a protecção de certos
bens jurídicos concretos que se encontram inseridos nos diversos tipos legais de crime,
nos quais se mencionam as respectivas penas. A nossa cadeira vai se debruçar sobre a
primeira parte do Direito Penal ou DC.

1.1.2. Designação da disciplina

Se atentarmos ao curriculum académico do curso de Direito das outras universidades


do país constataremos que a designação da nossa cadeira não é coincidente em todas
elas, sendo algumas vezes tratada por Direito Criminal e outras por Direito Penal. Esta
divergência doutrinária, traduz-se em duas correntes doutrinárias opostas:

 A primeira corrente (defendida pelo Prof. Eduardo Correia) parte da ideia de


que o Direito Penal gira em torno do crime, este é, pois, o centro em redor do
qual gravita o nosso ramo do direito. Com efeito:

1 Recordemos que estamos perante um direito subjectivo naquelas situações em que a lei atribui a alguém a faculdade de exercer
certo direito.
o o crime é o ponto de partida para a aplicação das reacções criminais,
ou seja, é o pressuposto para a aplicação destas.

o a designação Direito Penal não reflecte exaustivamente objecto do


Direito criminal, pois, não abarca as medidas de segurança.

 A segunda corrente (de que a Prof. Teresa Beleza é apologista) diz que, o
elemento fundamental é a pena e não o crime. O crime é um facto típico ilícito
e culposo. No entanto, o Direito criminal se ocupa também de factos típicos,
ilícitos mas não culposos, aplicando medidas de segurança. É este o caso do
demente que é recolhido para uma instituição hospitalar a fim de receber os
devidos tratamentos. O demente é um inimputável, isto é não pode cometer
crime senão em sentido objectivo. As suas acções embora possam ser típicas
e ilícitas não são culposas.

Esta é uma discussão em aberto e o estudante, em função das suas preferências,


pode optar por uma ou outra designação, desde que fundamente devidamente a sua
posição.

Resumindo:
Conjunto de normas que fixam os pressupostos da aplicação das reacções criminais (Penas e medidas de
segurança).
Sentidos:
 subjectivo (ius puniendi do Estado); e
 objectivo (conjunto de normas que relacionam a aplicação da pena a comissão de um facto jurídico-
criminalmente relevante).
Subdivide-se em duas partes:
 geral (fixa os fundamentos e limites comuns a punição de todo e qualquer delito ou crime); e
 especial (protecção de diversos bens jurídicos inseridos nos TLCs, através de penas.
Designação da disciplina:
 Prof. Eduardo Correia é DC porque o crime é o elemento central, pressuposto para aplicação das reacções
criminais e a designação DP não abarca as medidas de segurança;
 Para a prof. Teresa Beleza é DP porque o elemento fundamental é a pena e a designação DC não abarca os
factos típicos, ilícitos, mas não culposos.

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