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DENGUE  Transmissão vertical do vírus

Uma gestante doente pode passar o


O vírus da dengue é um arbovírus, do gênero vírus para o recém-nato, que pode desenvolver
Flavivirus, família Flaviviridae – a mesma do uma forma grave de “dengue neonatal”.
vírus da febre amarela (o prefixo flavi signifi-  Transfusão sanguínea
ca “amarelo”). É um vírus RNA de filamento É possível, caso um indivíduo infectado doe seu
único, esférico, envelopado, medindo aproxi- sangue na fase virêmica.
madamente 60 nm. Existem quatro sorotipos,
denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e Não há transmissão pessoa a pessoa, nem por
DENV-4. contato com secreções de um individuo doente.

O conceito importante é: É importante enfatizar o papel dos sorotipos na


a dengue acompanha de perto a distribuição do epidemiologia. Sabemos que as formas graves
mosquito transmissor e, por conseguinte, sua são mais comuns em pacientes com história
incidência tende a ser maior no verão (período prévia de dengue que se infectam novamente
quente e úmido, que favorece a proliferação do com um vírus de sorotipo diferente!
vetor).
1. Princípios Gerais
 Após a inoculação pela picada do A.
Transmissão: aegypti,o vírus se replica inicialmente
O principal transmissor é o Aedes aegypti, nas células mononucleares dos
adquire o vírus se alimentando do sangue de um linfonodos locais ou nas células
indivíduo infectado, na fase de viremia, que musculares esqueléticas, produzindo
começa um dia antes do aparecimento da febre e viremia.
vai até o sexto dia de doença. Após 8-12 dias  No sangue, o vírus penetra nos
(período no qual o vírus se multiplica nas monócitos, onde sofre a segunda onda
glândulas salivares da fêmea do mosquito), surge de replicação. No interior dessas
a capacidade de transmissão. Seus hábitos são células ou livre no plasma, ele se
diurnos (início da manhã) e vespertinos (final da dissemina por todo o organismo.
tarde). O mosquito tem autonomia de voo  Seu tropismo celular (capacidade de
limitada, afastando-se não mais de 200 m do local infectar) predomina sobre o
de oviposição. macrófago/monócito e, em segundo
Outro mosquito, o Aedes albopictus, também é lugar, sobre as células musculares
capaz de transmitir a dengue esqueléticas – justificando a intensa
mialgia.
 Nesse momento, a replicação passa a
ocorrer nos macrófagos presentes no
sistema reticuloendotelial, mantendo
a viremia.

Febre:
A replicação viral estimula a produção de
citocinas pelos macrófagos e, indiretamente,
pelos linfócitos T helper específicos que
interagem com o HLA classe II dessas células. A
síndrome febril da dengue provavelmente
depende da liberação dessas substâncias, sendo
as mais importantes o TNF-alfa e a IL-6.
Anticorpos:
Tanto a imunidade humoral quanto a celular
participam do controle da infecção. Os linfócitos T
CD8+ citotóxicos são capazes de destruir as células
infectadas pelo vírus, por intermédio da ação de
anticorpos específicos (citotoxicidade anticorpo-
dependente). Os vírus também podem ser
neutralizados diretamente pelos anticorpos.

 IgM: A partir do sexto dia de doença, o IgM


antidengue começa a ser detectado,
atingindo o pico no final da primeira
semana e persistindo no soro por alguns
meses.
 IgG: surgem na primeira semana e atingem
o pico no final da segunda semana,
mantendo-se positivos por vários anos e
conferindo imunidade sorotipo-específica,
provavelmente por toda a vida.  Choque circulatório: corre quando um
volume crítico de plasma sai do espaço intra
vascular, resultando em hipovolemia
Forma Grave: (redução do volume circulante efetivo) e má
Geralmente. pacientes que já se infectaram por perfusão tecidual generalizada. O intervalo
algum sorotipo do vírus e, anos depois, voltam a se de tempo entre o início do extravasamento
infectar por outro sorotipo. plasmático e a conflagração do estado de
A chance de dengue grave é maior quando a choque varia de 24 a 48 horas (na maior
segunda infecção é pelo sorotipo 2. parte das vezes o choque é evidente entre
A virulência, em ordem decrescente temos os os dias 4 e 5 após o início da doença). Uma
sorotipos 2, 3, 4 e 1. vez instalado, sem tratamento, o choque
leva o paciente ao óbito em questão de 12 a
24 horas, por falência orgânica múltipla.
Fases evolutivas da  Hemorragias vultuosas e/ou lesões de
doença : órgãos específicos.
 Hemorragia digestiva
1. Fase Febril:  Miocardite se expressa por alterações
 Febre alta (39°C a 40°C), de início do ritmo cardíaco
súbito, com duração entre dois e sete  Hepatite grave
dias.  Diversas manifestações neurológicas
 Adinamia,(falta de força física) como irritabilidade, crises convulsivas,
 Cefaleia meningite linfomonocítica, síndrome de
Reye, polirradiculoneurite (síndrome de
 Dor Retrorbitária (dor ao redor dos
Guillain-Barré) e encefalite
olhos)
 Insuficiência renal aguda
 Mialgia (dor muscular)
 Artralgia (dor nas articulações)
3. Fase de Recuperação:
 Queixas gastrointestinais (anorexia,
Pacientes que recebem terapia apropriada
náuseas, vômitos e diarreia)
durante a fase crítica atingem a fase de
 exantema maculopapular (áreas
recuperação dentro de poucos dias
vermelhas no corpo)
2. Fase Crítica:
(entre o 3° e o 7° dia após o início dos Diagnóstico Diferencial
sintomas)  A presença de leucocitose significativa,
 Extravasamento plasmático especialmente com “desvio à esquerda”,
 Observar sinais de alarme: praticamente afasta o diagnóstico de dengue
 Tais sinais são de grande importância prática,  Presença de anemia moderada a grave, achado
uma vez que prenunciam a possibilidade de não esperado na dengue.
rápida evolução para o estado de choque  Um dado que fala bastante contra o diagnóstico
circulatório! NÃO DEVEMOS NEGLIGENCIÁ- de dengue é a icterícia, mais comum na malária,
LOS!!!
leptospirose, hepatite viral, sepse e febre
amarela
 À meningococcemia é que nesta última as
petéquias ou equimoses podem aparecer desde
o primeiro dia da síndrome febril! Já na dengue
só são vistas após o terceiro ou quarto dia

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