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Definição:

A Laringite é uma doença comum da infância, caracterizada por estridor


inspiratório e tosse geralmente ladrante resultante de um processo inflamatório das
vias aéreas superiores, causada principalmente por vírus.
Principais agentes etiológicos:
• O vírus Parainfluenza (tipos 1,2 e 3), Influenza A e B e Vírus Sincicial
Respiratório são os principais agentes.
Epidemiologia:
• Acomete principalmente crianças de 3 meses a 5 anos de idade, com pico de
incidência entre 18 e 24 meses e maior prevalência no sexo masculino.
• Embora a maioria dos casos ocorra no outono e inverno, a laringite viral se
manifesta durante todo o ano.
Transmissão:
• A transmissão ocorre através de gotículas
• Incubação de 1 a 3 dias
• Resolução da doença ocorre geralmente em até 6 dias
Diagnóstico:
Achados clínicos:
• Estridor inspiratório, tosse (ladrante ou não) e rouquidão
• Início com quadro tipicamente viral (rinorreia clara, faringite, tosse leve e febre
baixa)
• Após 12 - 48h, iniciam-se os sintomas de obstrução das vias aéreas superiores,
caracterizados por estridor inspiratório. O estridor pode ser acompanhado de
taquipneia com prolongamento da fase inspiratória, principalmente em crianças
menores
Evolução:
• Normalmente é autolimitado e se resolve em 3 a 7 dias
• Deve-se atentar para o risco de falência respiratória (principalmente em < 6 meses,
na presença de estridor em repouso, em paciente com alteração do nível de
consciência e apresentando hipercapnia
ATENÇÃO!!! Crianças menores de seis meses de idade, pacientes com estridor em
repouso ou alteração do nível de consciência e detecção de hipercapnia indicam potencial
risco de desenvolvimento de falência respiratória.
A oximetria de pulso deve ser realizada em todas as crianças com estridor,
PORÉM saturação normal de oxigênio pode gerar impressão falsa de baixo risco
associado à doença.
Classificação da gravidade:
Classificação de laringite aguda
Sinal 0 1 2 3
Estridor Ausente Com agitação Leve em Grave em
repouso repouso
Retração Ausente Leve Moderada Grave
Entrada de ar Normal Normal Diminuída Muito
diminuída
Cor Normal Normal Cianótica com Cianótico em
agitação repouso
Nível de Normal Agitação sob Agitação Letárgico
consciência estímulo
Escore Total: ≤ 6 leve; 7 – 8 moderada; ≥ 8 grave

Diagnóstico diferencial:
• Crupe diftérico:
• Aspiração de corpo estranho
• Edema angioneurótico
• Traqueíte bacteriana
• Abscesso retrofaríngeo ou peritonsilar
• Mononucleose infecciosa
• Traqueíte bacteriana
• Supraglotite infecciosa
Tratamento
• Objetivo: manutenção das vias aéreas pérvias
• Evitar a manipulação e exames desnecessários, pois o choro aumenta a pressão
torácica negativa, podendo gerar maior colapso das vias aéreas
• Tratamento com corticoide e para os casos moderados a graves é indicada
nebulização com adrenalina na emergência
o Corticoide:
▪ Dexametasona (escolha)
• 0,15mg/kg (laringite leve) até 0,6mg/kg (laringite grave),
dose máxima de 16mg, em dose única
• Deve ser oferecida pela via menos invasiva possível: via
oral, intravenosa ou intramuscular (se o paciente estiver
vomitando e sem acesso venoso).
▪ A prednisolona oral (dose única de 1mg/kg) é uma alternativa para
os casos de laringite leve
o Nebulização com adrenalina (efeito por 2 horas - obrigatório manter o
paciente em observação por 2 a 4 horas)
▪ Indicações: laringite moderada ou grave e crianças com
procedimento ou manipulação prévias da via aérea superior
▪ Dose: 0,5 mL/kg por dose de epinefrina até dose máxima de 5mL
(5 ampolas). É utilizada a forma L- epinefrina na diluição
(1:1.000).
▪ Pode ser repetida a cada 15-20 minutos.
▪ Se houver necessidade de administrar 3 ou mais doses em um
período de 2 a 3 horas deve ser iniciada a monitorização cardíaca
Indicações de internação:
• Laringite grave com alteração de consciência ou insuficiência respiratória
iminente
• Disfunção respiratória persistente após tratamento com corticoide e adrenalina
• Sinais de toxemia, desidratação ou necessidade de oxigênio complementar
Intubação:
• Se insuficiência respiratória progressiva, a intubação deve ser indicada.
• Deve ser realizado em um ambiente controlado e por um profissional experiente
• Cânula traqueal deve ter 0,5 a 1 mm a menos de diâmetro interno do que o
diâmetro ideal calculado para a idade da criança

Residente: Preceptor: Data:


Emanuelle Bernardi Mozzer Dra Marina Heinzen Maio 2021

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