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Linguagem Oral e
Escrita
Aprendizagem da Linguagem Escrita sob o olhar da Psicologia
Cognitiva
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Unidade Aprendizagem da Linguagem Escrita sob o olhar da
Psicologia Cognitiva
Fonte
• Sistemas de Escrita
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Unidade: Aprendizagem da Linguagem Escrita sob o olhar da Psicologia Cognitiva
Contextualização
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Sistemas de Escrita
A literatura que trata da história da escrita mostra que as letras e os algarismos utilizados por
nós, nos dias atuais, passaram por muitas transformações durante vários séculos até chegarem
à forma que utilizamos hoje em dia. A história demonstra que a escrita teve início na Suméria,
por volta do ano de 3100 a. C, local onde hoje se localizam o Irã e o Iraque - região conhecida
por Mesopotâmia (Morais, 1996).
Segundo Cagliari (1999), a ideia de escrever se espalhou rapidamente pelo mundo e como
as línguas eram muito diferentes, os sistemas de escrita também foram surgindo de forma
diferente. A linguagem escrita, comparada com a linguagem falada, é uma forma recente de
comunicação. Os primeiros traços de escrita têm apenas seis mil anos e os registros desses traços
eram feitos para a contagem dos escravos, de empregados e de cabeças de gado.
De acordo com Morais (1996), a escrita que representa a linguagem oral é bem mais recente
do que outros tipos de escrita. O autor destaca que aprender a falar é possível a todas as
crianças, exceto para aquelas que são portadoras de alguma patologia ou que sejam impedidas
de conviver linguisticamente nos ambientes dos quais participa.
Ao pronunciar uma palavra produzimos sons que podem ser representados pelas letras
do alfabeto formando palavras que, consequentemente, despertam para um sentido. As
representações semânticas, fonológicas e ortográficas das palavras comunicam-se interativamente
na mente. Analisando a escrita sob o ângulo das capacidades cognitivas, a escrita e a fala não
são adversárias, pelo contrário, elas são colaboradoras muito eficazes. (Morais, 1996).
A história da escrita demonstra a existência de diferentes sistemas de escrita: o pictográfico, o
ideográfico, o logográfico, o silábico e o alfabético (Morais, 1996).
Pictográfico
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Ideográfico
O sistema ideográfico, mostrado no exemplo acima, representa uma ideia e não um objeto,
como no sistema pictográfico. Essa é a diferença entre esses dois sistemas. Por exemplo, no
sistema pictográfico, o sol é representado por um círculo com pequenos traços que irradiam
a partir dele. Esse exemplo do sol demonstra com maior clareza que o sistema pictográfico
representa um objeto e o sistema ideográfico representa uma ideia.
Glossário
Léxico: conjunto das unidades significativas de uma dada língua, num determinado
momento da sua história. Pode ser considerado sinônimo de vocabulário.
Tanto a escrita chinesa quanto a japonesa são compostas por muitos logogramas. A nossa
escrita também possui alguns logogramas, como por exemplo: & (e) ou % (porcentagem).
As capacidades linguísticas exigidas de cada sistema de escrita são diferentes em função dos
sistemas de escrita serem também diferentes. A escrita alfabética exige competências próprias
do sistema de escrita alfabético, a serem abordadas mais adiante.
De acordo com Morais (1996), o nosso sistema de escrita representa a língua e possui como
representante o alfabeto. Independente da complexidade de suas estruturas fonológicas, a aprendizagem
da leitura e da escrita exige uma capacidade de análise da língua em fonemas e de síntese de fonemas,
o que não acontece com a aprendizagem da leitura e escrita em outros sistemas.
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Sobre isso diz Morais:
“Para compreender a aprendizagem do sistema alfabético, é preciso saber
exatamente o que é o alfabeto, como ele se tornou capaz de representar a
linguagem no nível dos fonemas, de que capacidades nós precisamos para
aprender essa relação, e como a representação alfabética pode ser modulada
por convenções ortográficas” (Morais, 1996, p. 50).
O objetivo do alfabeto foi a escrita das palavras por meio dos sons das vogais e das consoantes.
As palavras representadas permitem a formação do significado da linguagem. A pronúncia das
palavras pode variar de um dialeto para outro, mas possuem o mesmo significado (1999).
Então, para resolver questões de escrita padronizada, não importando o dialeto local, foi
elaborada uma convenção para a escrita das línguas: a ortografia.
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Por volta dos 18 aos 24 meses, os bebês conseguem combinar fonemas, tanto vogais, quanto
consoantes, o que possibilita a produção e identificação de qualquer palavra pronunciada em
torno deles. De acordo com Morais (1996), nesse período, eles estão começando a produzir
a linguagem, isto é, os bebês utilizam os fonemas para se expressar oralmente e, mais tarde,
utilizarão os fonemas para escrever qualquer palavra, conhecida ou desconhecida.
Fonemas
(sons)
Sistema de
Escrita Alfabeto Letras
Alfabético
Palavras
Ortografia
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É importante destacar que o conhecimento dos fonemas não ocorre sem uma instrução
explícita. Por qual motivo? Pelo fato de os fonemas não serem percebidos na fala contínua, já
que são co-articulados. De acordo com a literatura da área da Psicologia Cognitiva, parece que
aí reside uma das dificuldades que a criança pode encontrar para aprender a ler e a escrever: o
conhecimento e a manipulação dos fonemas da língua.
Thinkstock/Getty Images
Reconhecimento
de palavras escritas
Compreensão da Compreensão da
linguagem falada linguagem escrita
Agora que já vimos sobre a invenção do alfabeto, vamos conhecer a relação da Psicologia
Cognitiva com a aprendizagem da linguagem escrita.
A área da Psicologia Cognitiva pertence a uma grande área: a área da Ciência Cognitiva
“que procura descrever e explicar o conjunto das capacidades cognitivas”. Essa área
procura entender as capacidades mentais de “processamento da informação”. O nosso sistema
cognitivo é bastante complexo, pois processa as informações e compreende os conhecimentos,
que são as representações e ainda procura entender os meios para operar esses conhecimentos
– os processos (Morais, 1996, p.37).
A Psicologia Cognitiva estuda vários domínios, como por exemplo, a memória, a atenção, a
percepção, a representação de conhecimento, o raciocínio, a criatividade, o reconhecimento, a
linguagem, a seleção, a aquisição, a organização, a avaliação, a atribuição de conhecimentos
e a resolução de problemas. Esses domínios podem até ser estudados separadamente pelos
estudiosos cognitivos, mas são considerados indissociáveis, ou seja, na maioria das vezes
ocorrem simultaneamente.
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Um aspecto importante que os psicólogos cognitivos destacam refere-se aos aspectos não cognitivos
porque eles interagem com os aspectos cognitivos. Como exemplo disso podemos citar a motivação,
ou seja, uma pessoa aprende melhor quando está motivada a aprender, mas se a motivação não
estiver presente a aprendizagem pode ficar comprometida (Sternberg, 2010).
Vamos acompanhar na ilustração abaixo como a Psicologia Cognitiva está inserida na grande
área da Ciência Cognitiva e o que cada uma se propõe a estudar (Siccherino, 2013).
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Jean-Émile Gombert, um psicólogo francês, foi quem estudou e escreveu sobre esse
enfoque. A expressão “metalinguagem” diz respeito à reflexão e consciência da estrutura da
linguagem oral. Segundo Maluf e Gombert (2008, p. 125), o termo metalinguístico se refere “às
capacidades de reflexão e autocontrole intencional dos tratamentos linguísticos”. A utilização do
termo metalinguístico teve origem na área da Linguística, entretanto, essa utilização também é
feita pela Psicologia. Ambas as áreas se complementam.
Barrera (2003, p. 65) destaca:
“A aprendizagem da leitura e da escrita em um sistema alfabético, isto é, que
se utiliza de símbolos gráficos para representar os sons da fala, pressupõe que
esta última, utilizada de forma natural e eficiente pela criança nas situações
comunicativas do dia-a-dia, passe a ser objeto de uma reflexão deliberada, ou
seja, que a criança desenvolva o que se costuma denominar consciência ou
capacidade metalinguística.”
Na visão de Barrera e Maluf (2003), o termo metalinguagem pode ser utilizado de forma
genérica para representar diferentes tipos de habilidades, tais como: habilidade para segmentar
e manipular palavras, sílabas e fonemas; para ter a capacidade de perceber os sons das palavras
e para perceber e avaliar se uma sentença apresenta coerência semântica e sintática.
A metalinguagem requer reflexão e consciência da estrutura formal da linguagem oral, bem
como o manuseio feito pelo aprendiz, ou seja, a metalinguagem é caracterizada pela reflexão
intencional da linguagem. Para as crianças que estão iniciando o processo de aprendizagem da
leitura e da escrita é fundamental o trabalho com a reflexão sobre a linguagem.
Por isso, na próxima unidade daremos continuidade à importância da metalinguagem para
a aprendizagem da linguagem escrita e como podemos intervir no trabalho sobre a reflexão
sobre a linguagem.
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Material Complementar
2) Entrevista
Ler: um ato de revolução cerebral
O neurocientista Stanislas Dehaene mostra que ler não é algo natural para o cérebro.
»» http://www.revistaquanta.com.br
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Referências
MALUF, M.R. & Gombert, J.E. (2008). Habilidades Implícitas e Controle Cognitivo
na Aprendizagem da Linguagem Escrita. In M.R Maluf & S.R.K. Guimarães (Orgs.),
Desenvolvimento da Linguagem Oral e Escrita. Curitiba, PR: Ed. UFPR.
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Anotações
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