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AO/À EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 9º

UNIDADE DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

ANTÔNIO HIGO NOGUEIRA ARAÚJO (“PROMOVENTE”), brasileiro, em união estável, inscrito no


CPF sob o número 014.066.723-78, residente e domiciliado à Rua Gontran Giffoni 100,
apartamento 704, torre 02, Bairro Luciano Cavalcante, Fortaleza/Ce, CEP 60.810-220, vem,
com o máximo respeito, propor

AÇÃO CÍVEL POR CRIMES CONTRA A HONRA C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C
PEDIDO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER em face de

AFRÂNIO DE SOUSA MELO NETO (“PROMOVIDO” ou “RÉU” ou “AFRÂNIO”), brasileiro, casado,


inscrito no CPF de número 024.392.753-36, residente e domiciliado à Rua Gontran Giffoni
100, Apartamento 1906, Torre 03, Luciano Cavalcante, CEP 60.810-220.

I DOS FATOS.
I.1 – DAS PRELIMINARES.

i. Insta relatar que, este Promovente é residente do Condomínio


Manhattan Summer Park, (“CONDOMÍNIO” ou “SUMMER PARK”) desde janeiro de 2019, tendo
conquistado diversas amizades que possibilitou ampliar meu ciclo social, razão pela qual
fui alçado à função de síndico – com ampla maioria dos votos - em eleição realizada no dia
31 de outubro daquele mesmo ano (“ATA EM ANEXO”).

ii. Fruto de uma excelente gestão à frente do Condomínio, fui


novamente eleito à mesma função em 20 de julho de 2021, em sessão assemblear ordinária
(“AGO 1”) presidida pelo ora Promovido, oportunidade em que se candidatou à função de
conselheiro, utilizando-se de meios fraudulentos, passando-se por proprietário (condômino)

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do apartamento 1906 T3 ao passo que, trata-se um mero representante do promitente
comprador, com procuração outorgada, porque a função é restrita a condômino a teor da
Convenção do Condomínio.1

iii. Diga-se de passagem, que, pertinente ao exercício ilegal da função


de conselheiro pelo Réu, há uma Ação Judicial em marcha no 9º Juizado Especial Cível de
Fortaleza(“JEC”), tombada sob o número 3000955-94.2022.8.06.0024.

iv. Consectariamente, tais indícios de autoria e materialidade


relacionados aos crimes de estelionato e falsidade ideológica foram devidamente noticiados
ao Ministério Público do Estado do Ceará, (“MPCE”) sob o número 09.2022.00035538-0,
que, por sua vez, determinou a abertura de inquérito, tombado no 4º DP Civil de Fortaleza.

v. Ocorre que, impelido em alçar à função de síndico do Summer Park,


o Réu passou a perseguir este Promovente disseminando diversas informações levianas
acerca da gestão condominial, incluindo várias de cunho difamatório, dentre elas a que
compõe o objeto da presente lide, vide alguns exemplos abaixo;

vi. Necessário esclarecer que a presente ação NÃO tem o condão


de discutir matéria relacionada às questões que ensejaram a destituição porque,
conforme narrado acima, já está sub judice.

vii. Em observância ao previsto tanto no Código Civil Pátrio vigente como


na Convenção do Condomínio, o Réu, agora síndico do condomínio em comento, convocou
uma Assembleia Geral Ordinária (“AGO 2”) para prestação de contas e eleição de síndico,
para o dia 16 de março de 2023.

viii. O Afrânio, ao tomar conhecimento da minha candidatura, passou a


tecer comentários em grupo de WhatsApp com 286 (duzentos e oitenta e seis) moradores
daquele condomínio edilício, propagando diversas informações falsas que ferem a minha

1 Art. 23 – De dois em dois anos, com mandato coincidindo com o do síndico será eleito o conselho consultivo,
composto de 03(três) membros efetivos e 03(três) suplentes, os quais acolherão o presidente, vice-presidente e o
secretário, todos condôminos, que exercerão gratuitamente suas funções, podendo ser reeleitos.)

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honra tanto pessoal, como profissional, que por sua vez, foram replicadas em outros grupos
ligados ao condomínio, por outros moradores.

ix. Inicialmente ressalta-se que, não participo do aludido grupo de


WhatsApp porque sou impedido, portanto o meu direito de resposta é obstruído.

x. Tal atitude ultrapassou o limite da simples crítica à minha gestão


quando, alguns dias antes da eleição convocada em edital da aludida assembleia geral
ordinária, o Réu, em resposta à um “questionário de perguntas e respostas” elaborado por
um morador questionando as suas principais propostas para a gestão condominial, afirmou
expressamente que havia recebido quebrado financeiramente, insinuando uma falência,
deste Promovente quando destituído. Vejamos;

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xi. Ora, Excelência! Dispensa-se o exercício de valoração para chegar
à conclusão de que, tal desinformação (porque leviana) compartilhada em grupo de
moradores, dias antes do certamente eleitoral, atinge diretamente a minha honra objetiva,
uma vez que, dificilmente alguém confiaria votos à um gestor condominial que tenha falido
um condomínio como imputa falsamente o Réu. Vejamos alguns destes ataques ora
denunciados.

Figura 1 - Afrânio induzindo moradores ao erro alegando que recebeu o condomínio em


situação financeira precária.

xii. Ato contínuo, analisando as conversas ocorridas no grupo de


WhatsApp oficial do condomínio com mais de 280 participantes, percebe-se que o Réu
teceu diversos comentários difamatórios e injuriosos em face deste promovente,
desqualificando a minha competência para gerir um condomínio, assim vejamos;

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xiii. Noutro momento, à sequência, informou levianamente que eu havia
denunciado o condomínio por crimes ambientais, na polícia ambiental. Muito embora
fosse verdade, se trataria de um dever, na condição de cidadão, de combater e denunciar
qualquer ilicitude, não devendo ser utilizado como informação difamatória para ter a sua
honra manchada perante àquela comunidade. A bem da verdade, a denúncia foi contra o
próprio Afrânio, e não contra o condomínio, por ter orientado os funcionários a “mentirem”
para uma fiscalização da Cagece que ocorreria no condomínio.

xiv. Destaca-se que a denúncia foi feita perante o MPCE que, por sua vez,
determinou diligencias perante à Delegacia de Polícia Ambiental para apurar os fatos
noticiados na Noticia de Fato de número 01.2022.00021659-0, assim vejamos;

xv. Em outra oportunidade, o suficiente para comprovar o dolo do réu,


que tenta, a qualquer custo, manchar a reputação deste promovente, dentre as conversas
ocorridas no grupo de WhatsApp, ele chegou a suscitar um processo judicial que o
condômino moveu contra mim, alegando que as minhas contas tinham sido
REPROVADAS.

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xvi. Em verdade, as contas sequer chegaram a ser apreciadas pelo
conselho consultivo, tampouco foram votadas em assembleia, razão pela qual NUNCA
FORAM REPROVADAS. Com efeito, havia sido autorizado em assembleia geral ordinária
ocorrida em 16 de março de 2021(“ATA EM ANEXO”) a contratação de uma empresa para
auditar as contas, que nunca foi realizada.

xvii. Deste modo, ante a falta de interesse de agir para a propositura do


aludido processo, não restam dúvidas de que será extinto liminarmente, uma vez que,
conforme dito a) não tem parecer do conselho consultivo, b) não tem deliberação
assemblear reprovando as contas, c) não tem parecer de auditoria apontando
“inconsistências, porque sequer foi realizada. Vejamos;

xviii. Vejamos que durante uma outra assembleia geral extraordinária


ocorrida em 21 de maio de 2022 (“EM ANEXO”), o próprio réu afirmou que não havia se
atentado ao valor da auditoria, razão pela qual se tornaria inviável a sua contratação. E que
a atual gestão (ou seja, ele mesmo) havia identificado “irregularidades” na monta de
R$20.000,00 (vinte mil reais). Inclusive, reforça em sua fala que “em nenhum momento foi
alegado ou identificado desvio de dinheiro.

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xix. De mais a mais, Excelentíssimo, o Réu sequer deveria ter ajuizado
uma ação a) sem o amparo do Conselho Consultivo, b) sem reprovação expressa das
contas por uma assembleia, tampouco o assunto deveria estar sendo suscitado com
cunho difamatório porque sequer chegou a ocorrer a audiência de conciliação no
aludido processo, então ainda não foi julgado, comprovando que, fatalmente, a tal lide
em comento tem o condão de ferir a minha honra.

xx. No mais, protesto afirmar que os trechos de conversas colacionados


acima foram retirados a partir de um documento contendo todas as conversas ocorridas no
grupo de WhatsApp denominado “SUMMER PARK | RESIDENCE” (“EM ANEXO"), exportada na
íntegra por um morador, sendo tudo absolutamente verdadeiro e, em caso de uma eventual
arguição de veracidade me comprometo a lavrar uma ata notarial dos trechos aludidos aqui.

I.2 – DA IMPUTAÇÃO DE FALÊNCIA DO CONDOMÍNIO.

xxi. Ab Initio, insta ressaltar que muito embora a destituição do


Promovente tenha sido consumada no dia 10 de novembro de 2021, a Ata daquela reunião
só foi registrada em cartório no dia 16 de novembro de 2021 iniciando, a partir de então, a
legitimidade para o novo síndico, ora réu, assumir o condomínio perante à terceiros como
bancos, repartições públicas, fornecedores, poder judiciário etc.

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xxii. No azo, desafio ao réu comprovar qualquer ato de gestão
praticado por ele, representando legitimamente o condomínio perante à terceiros
nesse interstício compreendido entre o dia 10 de novembro de 2021 e 16 de novembro
de 2021.

xxiii. Todavia, houve a extensão tácita do meu mandato até aquela data,
uma vez que, àquela época, o edilício estava completamente desprovido de Conselheiros
Consultivos porque tinham renunciado à função, em um movimento liderado pelo Réu,
também conselheiro(ilegal) à época.

xxiv. Desta feita, considerando que o mandato do síndico se inicia de


direito quando do registro da Ata em cartório de notas, não há que se falar em ter ‘recebido’
o condomínio falido contando com apenas R$400,00 (quatrocentos reais) em conta, haja
vista que i) havia R$ 180.000,00 em aplicações e ii) no dia 15 de novembro de 2021 o
condomínio recebeu R$248.705,77 à título de repasse integral das receitas ordinárias
proveniente das taxas condominiais, vide o print do comprovante abaixo;

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xxv. Por seu turno, observado o aludido no ITEM XV supra, quando o Réu
assumiu de fato e de direito a gestão do condomínio, no dia 16 de março de 2023, aquele
residencial contava com caixa de R$430.000,00 (quatrocentos e trinta mil reais) em caixa,
ao passo as dívidas em aberto somavam apenas R$ 69.000,00(sessenta e nove mil reais)
conforme informado pelo Réu em assembleia geral extraordinária realizada em dezembro
de 2021, então, caixa líquido de R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), a saber;

FIGURA 2 - AFRÂNIO EM ASSEMBLEIA DE CONDÔMINOS DANDO FÉ ACERCA DA MONTA DA DÍVIDA EM ABERTO À ÉPOCA .

xxvi. Outrossim, além do caixa pujante, o condomínio conta com uma


garantidora das receitas (“RECEITA GARANTIDA”) que deposita integralmente, todos os
meses, aos 15 dias, toda a receita ordinária arrecadada dos condôminos independente da
inadimplência conferida, conforme contrato em anexo, bem como comprovantes dos
depósitos em conta corrente do condomínio, assim vejamos o colacionado infra.

xxvii. Destarte, o residencial sequer sofre com problemas relacionados a


inadimplência, contando, todos os meses, com a sua arrecadação integral para suprir as
despesas ordinárias mensais conforme dão fé os comprovantes de deposito em conta do
condomínio, por parte da garantidora (“EM ANEXO”).

xxviii. Como se não bastasse, é de se notar, ainda, que em sede do infame


questionário de perguntas e respostas, mirando a honra do Promovente, o Réu chegou

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publicar outro fato desonroso consistente na afirmação de “ter recebido o condomínio
sucateado”.

xxix. Não requer esforço para provar que a informação disseminada por
ele é absolutamente dolosa e falsa, uma vez que, quando da realização da “AGO 1”, que
resultou em minha eleição pela segunda vez por votos da ampla maioria dos presentes, os
Conselheiros Consultivos presentes teceram elogios tanto à minha gestão como a às
minhas contas.

xxx. Frisa-se que, sequer o Afrânio pode alegar uma eventual “falta de
conhecimento” acerca das informações inerentes à minha gestão, haja vista que, foi
exatamente na assembleia ocorrida em 20 de julho de 2021 que ele participou da daquela
assembleia, quando “brotou” pela primeira vez no residencial, passando-se por proprietário
de uma unidade enganando todos que estavam presentes para angariar votos tanto para
exercer a presidência da mesa como para candidatar-se à Conselheiro Consultivo, esta
última restrita à proprietários, conforme dito alhures.

xxxi. Deveras, houvesse o sucateamento, certamente o condomínio teria


pautado diversas taxas extras para as devidas regularizações, de modo que refletiria no
padrão da gastos com manutenção, contudo, conforme dito, não ocorreu, uma vez que, foi
mantido a mesma média mensal de gastos. Assim vejamos;

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xxxii. Pois bem. De regresso à acusação de negligência da gestão da coisa
alheia, por bem hei de suscitar a definição de “falência” conforme o Art.75 da Lei 11.101/05,
in verbis;

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do


devedor de suas atividades, visa a: (Redação dada
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência).

I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens,


dos ativos e dos recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa; (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência).

II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com


vistas à realocação eficiente de recursos na economia;
e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência).

III - fomentar o empreendedorismo, inclusive por meio da


viabilização do retorno célere do empreendedor falido à
atividade econômica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência).

§ 1º O processo de falência atenderá aos princípios da


celeridade e da economia processual, sem prejuízo do
contraditório, da ampla defesa e dos demais princípios
previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência).

§ 2º A falência é mecanismo de preservação de benefícios


econômicos e sociais decorrentes da atividade
empresarial, por meio da liquidação imediata do devedor e
da rápida realocação útil de ativos na
economia. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência).

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xxxiii. No mesmo sentido, a lei define os critérios para decretação da
falência, a teor do Art. 94, I, II da Lei 11.101/05, in verbis;

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:

I – sem relevante razão de direito, não paga, no


vencimento, obrigação líquida materializada em título ou
títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do
pedido de falência;

II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não


deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro
do prazo legal;

xxxiv. É de substancial clarividência a situação financeira do condomínio à


época da troca da gestão, sendo totalmente diferente da que o Réu insiste em propagar
em grupos de moradores, sustentando - embora sabendo a verdade - que o
condomínio estava falido, comprovando, pois, o dolo das suas insinuações,
simplesmente almejando atingir a honra do Promovente.

xxxv. Quando ciente da gravíssima acusação proferida pelo Afrânio, o


Promovente, de boa-fé, o notificou pedindo ele que procedesse com uma simples retratação
de modo a evitar uma eventual persecução penal por crime contra a honra, de sorte que o
fato imputado a este Promovente fere diretamente a minha reputação, caracterizando o
crime de difamação tipificado no Art.139 e Art.141, III, ambos do CP 2.

xxxvi. A almejada retratação foi negada. Todavia, ao passo que o Promovido


negou a retratação confessou ter conhecimento da real situação financeira do condomínio
ao afirmar que recebeu o edilício com R$ 185.000,00 (cento e oitenta e cinco mil reais) em
aplicações. Portanto, ante o manifesto dolo não resta alternativa à judicialização. Assim
vejamos;

2 Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:


Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.

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xxxvii. Como se não bastassem os efeitos danosos pelas informações
publicadas no “questionário de perguntas e respostas” porque difamatório, analisando os
registros das últimas assembleias realizadas pelo condomínio, encontrei uma ata de uma
reunião assemblear, em que o réu procede com as mesmas imputações mentirosas e
difamatórias em face deste Promovente, perante à dezenas de condôminos, comprovando
a constância da prática difamatória. Assim vejamos;

FIGURA 3 - ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA OCORRIDA EM 2022, OCASIÃO EM QUE O AFRÂNIO AFIRMOU DE FORMA
LEVIANA E DOLOSA QUE ASSUMIU O CONDOMÍNIO COM R$ 414,00 EM CAIXA, AO PASSO QUE, A BEM DA VERDADE, ÀQUELE
RESIDENCIAL POSSUÍA MAIS DE R$ 430.000,00 À DISPOSIÇÃO.

xxxviii. À mensurar o alcance das informações difamatórias, tomemos em


consideração a assembleia geral ordinária ocorrida em 2022, denunciado imediatamente
acima, que contou com a presença de pelo menos 33 (trinta e três) condôminos,
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considerando apenas os votantes, desconsiderando os “telespectadores”, conforme
ilustrado abaixo;

xxxix. Excelência, este Promovente atua como gestor condominial desde


2019, tendo sido diplomado pela ‘GÁBOR RH’ para tal função. Razão pela qual, afirmações
da estirpe das que foram propagadas pelo Réu em diversos grupos de WhatsApp com
participação de moradores, ex-moradores, prestadores de serviços etc. todos com mais de
200 pessoas, maculam tanto a honra pessoal como a honra especial do Promovente,
haja vista que, além do exercício profissional é morador daquele condomínio que
possui 414 apartamentos.

xl. De modo a conferir verdade ao alegado pertinente à saúde financeira


do condomínio quando da troca da gestão ocorrida em 16 de novembro de 2021, data em
que foi de fato registrada a Ata da primeira eleição do Réu em cartório conferindo-lhe
legítimos poderes para representar o condomínio, faço constar em anexo o extrato bancário
do mês da troca de gestão contendo, além das movimentações, valores em aplicações
financeiras comprovando que o edilício gozava de liquidez suficiente para quitar todos os
débitos em aberto à época.

xli. Por fim, protesto afirmar que enquanto gestor daquele condomínio
edilício, qual seja o MANHATTAN SUMMER PARK, fui responsável pela movimentação
financeira na monta de R$5.400.000,00 (CINCO MILHÕES E QUATROCENTOS MIL
REAIS).

xlii. À conclusão, as gravíssimas acusações, com imputações de fatos


levianos e difamatórios por parte do Réu, consistente em ter “recebido o condomínio
quebrado financeira e sucateado”, agridem por completo a reputação deste que agora

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demanda a presente lide, dado que, fixa no Requerente a imagem de incompetente,
negligente com a coisa alheia perante os demais condôminos daquela comunidade
residencial, bem como perante à terceiros, podendo, inclusive, atrapalhar a concorrência
em certames em outros condomínios.

xliii. Afinal, quem confiaria um condomínio à um síndico que i) geriu mais


de cinco milhões de reais e, ainda assim, entregou um condomínio sucateado e quebrado
financeiramente (“Falido”), teve suas contas reprovadas e, por fim, denunciou o próprio
condomínio por supostos crimes ambientais?

II DO CRIME CONTRA A HONRA.

xliv. Conforme as melhores doutrinas, tem-se que o crime contra a honra


trata-se de que crime que agride a honra objetiva. E, na difamação, do mesmo modo que
na calúnia, depende da imputação de algum fato a alguém, conferido no caso em tela,
mormente no que toca à saúde financeira e estado de conservação do condomínio em
questão.

xlv. Este fato, todavia, não precisa ser criminoso. Basta haver
capacidade para macular a reputação da vítima, isto é, o bom conceito que ela
desfruta na coletividade, pouco importando se verdadeiro ou falso, consistente, pois,
em desacreditar publicamente uma pessoa, destruindo os atributos que a tornam
merecedora de respeito no convívio social.

xlvi. No que toca à consumação, ela consagra-se quando terceira pessoa


toma conhecimento da ofensa dirigida à vítima, como no caso em tela, que foram
disseminadas em grupos de WhatsApp.

xlvii. Em linha com o aqui alegado, a inteligência da JURISPRUDÊNCIA


pátria, assim vejamos;

CONDOMÍNIO – AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS MATERIAIS,


MORAIS E LUCROS CESSANTES MOVIDA POR EX-SÍNDICO, JULGADA
PARCIALMENTE PROCEDENTE – Recurso apenas da corré -
Cerceamento de defesa alegado genericamente e inocorrente –

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Respeito ao devido processo legal, exercício do contraditório e
ampla defesa – Valor da causa que corresponde à somatória da
pretensão inicial, não verificada desproporção – Interesse
processual presente - Mensagens de WhatsApp acostadas aos
autos por ambas as partes e amplamente utilizadas como meio
de prova seguro, não se tratando de provas obtidas por meios
ilícitos, mas mensagens fornecidas espontaneamente por
integrante de grupo de WhatsApp criado pela corré e entregues
também por outro condômino, que foi conselheiro na gestão em
que o autor foi síndico e sentiu-se prejudicado e ofendido pela
condução do processo de destituição do síndico e membros do
conselho, com especulações sobre supostas irregularidades
verificadas nas contas da gestão, imputação de condutas
criminosas, sem prova e ataque à integridade dos gestores -
Documentos com valor probante, obtidos licitamente, não se
havendo falar em desentranhamento, oportunizada ciência aos
réus e amplo exercício do contraditório e ampla defesa – Prova
documental e testemunhal amplamente produzida - CONDUTA DA
RECORRENTE QUE ULTRAPASSOU O SIMPLES INTUITO DE CRITICAR A
GESTÃO DO AUTOR – EXISTÊNCIA DE MECANISMOS E VIAS
APROPRIADAS DE QUESTIONAMENTO RELATIVO A EVENTUAL
DISCORDÂNCIA E PEDIDO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS, CASO
ENTENDIDO NÃO PRESTADAS E DEVIDAS, O QUE DIFERE DE OFENSAS
DE CUNHO PESSOAL, À IMAGEM, DIFAMAÇÃO, DÚVIDA QUANTO À
INTEGRIDADE, EXPOSIÇÃO E ESPECULAÇÕES DESABONADORAS À
PESSOA DO AUTOR, PERANTE OS OUTROS CONDÔMINOS – ATITUDE
QUE ULTRAPASSA O DIREITO À LIVRE EXPRESSÃO E DE
PENSAMENTO, DIREITOS SABIDAMENTE CONSTITUCIONAIS, MAS QUE
NÃO CONCEDEM PODER ABSOLUTO, DEVENDO SER EXERCIDOS COM
RESPONSABILIDADE, OBSTADAS, TAMBÉM POR PROTEÇÃO
CONSTITUCIONAL, CONDUTAS OFENSIVAS AOS DIREITOS DA
PERSONALIDADE, ATINGINDO A HONRA, O QUE NÃO PODE SER
TOLERADO E DEVE SER PUNIDO COM RIGOR - CORRÉ QUE COLOCA
EM DÚVIDA A HONRA, A HONESTIDADE E A REPUTAÇÃO DO AUTOR
PERANTE OS OUTROS CONDÔMINOS, SEM PROVA DE
IRREGULARIDADES COMETIDAS E SEM JUSTIFICATIVA
JURIDICAMENTE LEGÍTIMA - DANOS MORAIS MANTIDOS - FIXAÇÃO
EM R$ 20.000,00 INALTERADA, MONTANTE ENTENDIDO ADEQUADO
AO CASO, A FIM DE SE ATINGIR À DÚPLICE FINALIDADE DO INSTITUTO
DO DANO MORAL, PUNITIVA E COMPENSATÓRIA - SENTENÇA
MANTIDA - Honorários advocatícios majorados, na forma do art.
85, § 11 do CPC - Apelo improvido, rejeitadas as preliminares.

(TJSP; Apelação Cível 1052320-77.2018.8.26.0002; Relator


(a): José Augusto Genofre Martins; Órgão Julgador: 29ª Câmara
de Direito Privado; Foro Central Cível - 12ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 29/06/2022; Data de Registro: 29/06/2022)

RESPONSABILIDADE CIVIL – Agressões verbais de condômino


contra síndico de condomínio – Pedido de indenização por dano
moral desacolhido em sentença – O réu espalhou nos diversos
blocos do condomínio post-its, em mais de uma oportunidade,
informando que o síndico "não trabalha" – A ação não foi
contestada e estes fatos devem ser tidos como ofensivos à

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honra do autor, pois são presumidos verdadeiros – REFORMA DA
SENTENÇA PARA A FIXAÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL,
COM OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE, POIS REALMENTE SE VERIFICOU ALGUM
EXCESSO NA CONDUTA RELATADA NA PETIÇÃO INICIAL – Recurso
parcialmente provido.

(TJSP; Apelação Cível 1013841-81.2021.8.26.0625; Relator


(a): Caio Marcelo Mendes de Oliveira; Órgão Julgador: 32ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Taubaté - 5ª Vara Cível; Data
do Julgamento: 22/03/2023; Data de Registro: 22/03/2023)

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. REDE SOCIAL. Ofensa


propalada contra síndico de condomínio em grupo de conversas
por meio de aplicativo. ABUSO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
MANIFESTA LESÃO A DIREITO DA PERSONALIDADE. ARBITRAMENTO
DA INDENIZAÇÃO ADEQUADO. Litigância de má-fé, entretanto, não
caracterizada. Recurso improvido.

(TJSP; Apelação Cível 1005282-31.2018.8.26.0047; Relator


(a): Augusto Rezende; Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Assis - 2ª Vara Cível; Data do Julgamento:
17/11/2021; Data de Registro: 17/11/2021)

xlviii. Ante o exposto, não há dúvidas quanto ao dano suportado pelo


Promovente decorrentes das graves imputações à honra deste, deflagradas pelo Sr
Afrânio de Sousa de Melo Neto.

III DO DANO MORAL.

xlix. A Reparação do dano moral integrou-se definitivamente ao nosso


ordenamento jurídico por ocasião da promulgação da CF/88, que consagrou
expressamente o dever de indenizar por prejuízos de ordem moral. Assim, observemos o
disposto nos incisos V e X do Art.5º da Carta Magna;3

3 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação;

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l. Sem dúvidas, tratou-se de grande avanço jurídico, pois passaram a
ser tutelados bens jurídicos de natureza não patrimonial, como a dignidade, a honra, a
imagem e a intimidade, buscando o legislador com isto encontrar uma forma de
compensação para as vítimas de padecimento profundo injustamente causado.

li. A indenização, além de representar um alento, uma compensação


para quem foi vítima de um tratamento desumano e pejorativo, que provocou abalo
psicológico e grande preocupação, possui cunho educativo, visto que inibe o fornecedor
que adotou a atitude abusiva, de repetir este comportamento.

lii. Além da previsão constitucional, o código civil, em seus Art. 186,


impõe a responsabilidade civil e o consequente dever de indenizar àquele que causar danos
a outrem, ainda que de natureza moral. Da mesma forma, o Art. 927 do mesmo Codex reza
que “Aquele que, por ilícito (art.186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-
lo”.

liii. Daí extrai-se que, conquanto as responsabilidades civil e criminal,


quando do ilícito penal resultarem prejuízos de ordem material ou moral para a vítima,
consuma-se o dever de indenizar.

IV DOS PEDIDOS.

liv. EX EXPOSITIS, requer, este Promovente, que o este Douto Juízo se


digne a;

a. DETERMINAR A CITAÇÃO DO RÉU no endereço registrado


preambularmente, para comparecer à audiência de conciliação, sob
pena de revelia e confissão;

b. NO MÉRITO, julgar procedente o pedido para CONDENAR o Réu


em indenização por danos morais em face do crime contra a honra
consistentes nas gravíssimas e danosas difamações promovidas
contra o Promovente.

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c. NO MÉRITO, julgar procedente o pedido para CONDENAR o Réu
ao pagamento de uma indenização de cunho compensatório e
punitivo, pelos DANOS MORAIS causados ao requerente, tudo
conforme fundamentado, em valor pecuniário justo e condizente com
o apresentado em tela, o que entendo o valor de R$25.000,00 (vinte
e cinco mil reais) considerando a gravidade das imputações
consistentes em ter recebido o condomínio “quebrado financeira
(falido) e sucateado, dando a entender incompetência com a gestão
do patrimônio alheio”. Ao mais, o valor mostra-se razoável tomando
como base que, durante a minha gestão, fui responsável pela
movimentação de mais de R$ 5.400.000,00 (cinco milhões e
quatrocentos mil reais) à título de receitas e pagamentos das
despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio. Portanto, a
pretendida indenização representa meros 0,5% (um porcento) da
responsabilidade financeira que me foi confiada, posta em xeque pelo
réu perante àquela comunidade residencial com suas imputações
difamatórias.

d. NO MÉRITO, CONDENAR o Réu em obrigação de fazer, de modo


a determinar a publicação de uma retratação retirando toda a
imputação que concerne ao caixa do condomínio Manhattan Summer
Park quando da transição da gestão, em 16 de novembro de 2021,
retratando as informações de que aquele residencial estava falido à
época, inclusive informando os valores em conta corrente e aplicação
financeira quando o Réu assumiu de direito o edilício, de sorte que as
honras especial e pessoal do Promovente possa ser restabelecida
perante aquela comunidade residencial em que reside, bem como
perante à terceiros que, por ventura, tenham tido acesso à informação
leviana. Evitando, desta forma, qualquer dano em outros pleitos que
este Promovente porventura venha a concorrer quer seja no
condomínio em comento quer seja noutro.

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Protesto e requeiro provar o alegado por todos os meios de prova em
Direito admitidos, em especial a oitiva de testemunhas, juntada de documentos, bem como
demais providências que Vossa Excelência considerar necessárias à elucidação dos fatos
e ao julgamento do feito.

Dá-se à causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

N. Termos,
P. Espera deferimento.

Fortaleza, 27 de março de 2023.

ANTÔNIO HIGO NOGUEIRA ARAÚJO

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V MEMORIAL DE DOCUMENTOS EM ANEXO.

1. ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA REALIZADA EM 31 DE OUTUBRO DE 2019 COM A

PRIMEIRA ELEIÇÃO DO PROMOVENTE À SÍNDICO.

2. ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA REALIZADA EM 20 DE JULHO DE 2021 (“AGO 1”),


OUTORGANDO NOVO MANDATO À FUNÇÃO DE SÍNDICO.

3. ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DE DESTITUIÇÃO DO PROMOVENTE E ELEIÇÃO


DO RÉU À FUNÇÃO DE SÍNDICO.

4. ATA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA REALIZADA EM 16 DE MARÇO DE 2022, CONTENDO

IMPUTAÇÕES DIFAMATÓRIAS RELACIONADAS ÀS FALSAS INFORMAÇÕES PERTINENTES A POSIÇÃO

FINANCEIRA DO CONDOMÍNIO.

5. ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA OCORRIDA EM 21 DE MAIO DE 2022

6. BALANCETE FINANCEIRO COMPLETO DO MÊS DE NOVEMBRO DE 2021, MÊS EM QUE O

AFRÂNIO ASSUMIU O CONDOMÍNIO, COMPROVANDO A SAÚDE FINANCEIRA DO “SUMMER PARK” À

ÉPOCA.

7. EXTRATO BANCÁRIO E PRINCIPAIS MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS DO MÊS DE NOVEMBRO DE


2021, COMPROVANDO QUE TODAS AS DESPESAS DO REFERIDO MÊS FORAM QUITADAS COM A RECEITA
ORDINÁRIA REPASSADAS PELA EMPRESA GARANTIDORA, SOBRANDO, INCLUSIVE, SALDO FINANCEIRO.

8. RELATÓRIO FINANCEIRO SINTÉTICO ABARCANDO DESPESAS ENTRE MARÇO/21 A

JANEIRO/2023

9. CÓPIA DO E-MAIL NOTIFICANDO O RÉU REQUERENDO A RETRATAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

DIFAMATÓRIAS PUBLICADAS, BEM COMO A SUA NEGATIVA.

10. DOCUMENTOS PESSOAIS E COMPROVANTE DE ENDEREÇO DO PROMOVENTE.

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11. RELATÓRIOS DE FOLHA DE ROSTO DOS REPASSES DAS RECEITAS GARANTIDAS DE MODO A

COMPROVAR O VOLUME FINANCEIRO MOVIMENTADO PELO PROMOVENTE.

12. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DA RECEITA GARANTIDA COM A EMPRESA NEWPRED.

13. CONVERSAS DO GRUPO DE WHATSAPP “SUMMER PARK | RESIDENCE”

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