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Ascite

É o acúmulo de fluido na cavidade peritoneal (acúmulo +25ml). Não é uma doença primária,
frequentemente manifestação/complicação de outras patologias. É a complicação mais comum de cirrose
(no paciente cirrótico não existe ascite sem hipertensão portal)

Patogênese

O fígado está transudando líquido dos capilares sinusoides fenestrados (alguns foram capilarizados então
não transudam líquidos) para dentro da cavidade peritoneal. Isso acontece porque o paciente tem uma
retenção hidrosalina oriunda de uma vasodilatação esplâncnica (vários órgãos estão vasodilatados), logo
há uma vasodilatação periférica que prejudica a chegada de sangue no rim, que interpreta essa baixa
oferta de sangue como hipovolemia. Então para reverter o processo ele ativa a cascata renina-
angiotensina-aldosterona e faz com que haja retenção de água e sal (tentativa de aumentar a volemia) e
isso caracteriza o paciente edemaciado com transudação para a cavidade peritoneal

No paciente cirrótico há pouca proteína e isso reduz a pressão oncótica dentro do vaso, então a água sai
com facilidade do vaso.

E tudo isso somado ao processo de fibrose causado no fígado que diminui a drenagem linfática, então a
linfa também se acumula e escoa para dentro da cavidade peritoneal.

Líquido ascitíco com sangue – ascite hemorrágica

Líquido ascítico com infecção – ascite infectada

NÃO CARACTERIZA ASCITE – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Sangue na cavidade peritoneal – hemoperitônio

Pus na cavidade peritoneal - pioperitônio

Teorias de formação da ascite

Teoria clássica – aumento da pressão

Teoria do transbordamento – retenção de água e sal

Teoria da vasodilatação arterial – vasodilatação do leito esplâncnico

Etiologias

Aumento da pressão hidrostática

 Cirrose
 Insuficiência cardíaca
 Pericardite constritiva
 Obstrução de veia cava
 Síndrome de budd-chiari – trombose de veia hepática

Redução da pressão oncótica (pouca proteína no vaso)

 Síndrome nefrítica
 Enteropatia perdedora de proteína
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 Desnutrição – pouca ingesta de proteina
 Cirrose – fabrica pouca proteina

Produção excessiva de fluido (com alguma dificuldade na absorção)

 Infecção
 Neoplasia
 Pancreatopatia – pancreatite aguda com pseudocisto que pode drenar para cavidade peritoneal
 Gastroenterite eosinofílica

Obstrução da drenangem linfática – ascite quilosa

 Tumor
 Trauma
 Anomalia congênita
 Filariose
 Tuberculose

Algumas causas gerais

 Hipertensão portal  Ascite biliar

 Tumores malignos do abdome  Ascite quilosa

 Congestões hepáticas  Hipoalbuminemia

 Infecções peritoneais  Doenças ovarianas

 Ascite pancreática  Ascite urinária

 Ascite nefrogência  Vasculites

Semiologia

Anamnese

Alteração do volume abdominal (tempo, fatores de risco para as doenças das etiologias – para saber se
ascite é decorrente de cirrose-, saber se tem dor – geralmente não tem dor -, peso – esperado que
aumente devido a ascite -)

Inspeção

Abdome

 protuso com protusão umbilical - importante saber se o paciente já


tinha umbigo para fora antes da ascite, pois é possível detectar
ascite no início
 batráquio
 avental ou pendulo

Distância xifo-umbilical, maior que a distância pubo-umbilical

Presença de pele lisa e brilhante

Presença de circulação colateral


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Presença de diástase dos músculos reto-abdominais

Hérnia umbilical

Acentuação da lordose lombar

Palpação

Onda de fluido – sinal de piparote (mão de anteparo no flanco e do outro lado gera-se uma onda a partir
de um peteleco e no meio da barriga deve estar a parte ulnar da mão do paciente para ajudar a
reverberação da onda. se houver ascite você irá sentir a reverberação na mão que está no flanco – exame
pouco sensível pois precisa de muito acúmulo de líquido) → Falso positivo em grandes obesos e massas
císticas

Sinal do rechaço

Percussão

Hiperresonância periumbilical (ao fazer a percussão periumbilical se houver ascite haverá alteração
sonora)

Macicez móvel (alteração do padrão sonoro - o líquido ascítico encontra-


se livre na cavidade peritoneal. Para verificar se há macicez móvel,
posiciona-se o paciente em decúbito lateral e percute-se o flanco sobre o
qual ele está apoiado, obtém-se um som maciço; a seguir, sem retirar o
dedo do local, solicita-se que o paciente vire apoiando-se no decúbito
contralateral e realiza-se nova percussão, obtém-se o som timpânico) → padrão ouro

Semicírculo de skoda (alteração do padrão sonoro - o líquido ascítico ocupam as áreas de declive do
abdome, em hipogástrio e flancos, ao se percutir o abdome a partir do andar superior, delimita-se uma
linha circular na transição entre o timpanismo e macicez das áreas de maior declive; a concavidade estará
voltada para a região epigástrica, fazendo diagnóstico diferencial com cisto gigante de ovário, que tem
sua concavidade voltada para o púbis - consiste em deixar o paciente em decúbito dorsal, em que ao
percutir a região central do abdome obtém-se som timpânico, enquanto na periferia há som maciço pela
presença do líquido ascítico. É uma técnica para verificação de uma ascite um pouco mais grave.)

Ausculta

Sinal da poça (pedir que o paciente fique na posição genopeitoral por alguns minutos, para permitir que o
líquido se acumule pela gravidade. Percutir a área umbilical para observar um som maciço para determinar
presença de líquido)

Sinais associados

 Amento de peso
 Aumento da circunferência abdominal
 Edema meleolar (de MMII)
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