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Universal Design for Learning

O termo Universal Design (UD) foi inicialmente formulado por um grupo de arquitetos como uma
proposta de sete princípios de designs de prédios que resultariam em estruturas acessíveis a todos as
pessoas. Posteriormente, na década de 1990, a organização de pesquisa e desenvolvimento educacional
CAST criou o termo Universal Design for Learning (UDL) para ajudar a remover as barreiras no ambiente
de aprendizagem. Neste sentido, a autora Loui Lord Nelson define o UDL como um “framework that
guides the shift from designing learning environments and lessons with potential barriers to designing
barrier-free, instructionally rich learning environments and lessons” (Nelson, 2014, citado por Ralabate,
2016, p. 15).

Tendo como base pesquisas em neurociência sobre a aprendizagem humana, O UDL tem três
princípios a partir dos quais se fundamenta:

1. Proporcionar múltiplos meios de engajamento: Este princípio busca refletir sobre como
despertar a atenção e o interesse dos estudantes e sobre como mantê-los envolvidos e motivados durante
a aula. Segundo o website do CAST, o afeto é um elemento central para a aprendizagem e cada aluno
pode ter uma forma diferente para ser engajado a aprender, podendo estar relacionada à relevância
pessoal, à subjetividade, ao conhecimento prévio, dentre outros. Assim, para motivar todos os
estudantes, é fundamental variar as atividades e fontes de informação para que possam ser
personalizadas e contextualizadas para a vida dos estudantes; culturalmente relevantes e responsivas;
socialmente relevantes; apropriadas para a idade e capacidade dos jovens; adequadas para diferentes
grupos raciais, culturais, éticos e de género. Considero que uma boa alternativa para promover o
engajamento em sala de aula seja feita através do que David Ausubel conceituou como Aprendizagem
Significativa. Neste sentido, o professor deve promover a interação entre o novo conhecimento que irá
lecionar com o conhecimento prévio dos alunos.

2. Proporcionar múltiplos meios de representação: Os alunos diferem na forma como percebem


as informações que lhes são apresentadas. Portanto é preciso que o professor saiba se há estudantes
com deficiências sensoriais, com dificuldades de aprendizagem, ou com diferenças culturais e
linguísticas em sua turma, e reflita se a forma como apresenta o conteúdo é acessível a todos os
estudantes. Para alunos com deficiências sensoriais, o professor deve considerar, por exemplo, o
tamanho do texto, imagens e gráficos que utiliza nos materiais impressos e digitais, e também deve
fornecer descrições (textuais ou orais) para as imagens, vídeos e animações, caso necessário.
3. Proporcionar múltiplos meios de ação e de expressão: Os alunos possuem diferentes maneiras
de expressar o que sabem. Alguns podem escrever um texto muito bem, mas não ter o mesmo potencial
em uma apresentação oral ou musical. Da mesma forma, jovens com dificuldades cognitivas que não
desenvolveram competência leitora e escritora podem expressar-se melhor através de um desenho, por
exemplo. Portanto não há um meio de ação e expressão que seja ideal para todos, e é de extrema
importância que o professor forneça opções diversas para seus alunos. Neste sentido, o professor pode
explorar a Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Garder, para propor atividades que atendam a
todas as formas de ação e expressão dos alunos, proporcionando uma diferenciação pedagógica que vai
ao encontro do que é proposto pelo UDL.

Exemplo de atividade adequada ao UDL

Em História, uma das atividades mais recorrentes é o debate realizado em sala de aula e, com
algumas pequenas alterações na forma de condução desta atividade, podemos torná-la adequada ao
UDL (Ralabate, 2016).

Em relação ao primeiro princípio do UDL, podemos garantir o engajamento dos nossos alunos
ao conectar o tema do debate com assuntos relevantes para eles. Podemos, por exemplo, pedir para
que os estudantes escolham qual parte do tema eles preferem debater ou ainda qual papel eles desejam
desempenhar naquela atividade. Ademais, para dinamizar o processo, o professor pode variar a forma
como o debate é feito: em pares, pequenos grupos, grande grupo; além de estabelecer funções e
responsabilidades definidas para os alunos. É interessante, ainda, fornecer de antemão uma rubrica com
os critérios de avaliação daquela atividade e, posteriormente, um feedback orientado ou outras
ferramentas de autoavaliação para que os estudantes monitorem seu aprendizado.

Para garantir uma representação adequada ao UDL, podemos fornecer aos alunos um guião
sobre o debate, com questões-chave ou tópicos para apoiar a compreensão das informações. É
importante, também, que o professor esteja atento e esclareça a linguagem abstrata (como metáforas e
analogias) com exemplos visuais e concretos. Ao fim do debate, o professor pode utilizar os recursos
multimédia para resumir novos conteúdos, tirar conclusões e identificar semelhanças e diferenças.

Quando pensamos sobre as estratégias para a ação e a expressão, podemos oferecer um


problema específico, bem delimitado, para evitar discussões sem foco. Ademais, o professor deve
estabelecer e explicitar as regras do debate, tais como aguardar o momento da fala e controlar o volume
da voz. Devemos, ainda, oferecer alternativas de informações verbais/auditivas para permitir a
participação de todos os alunos, incluindo acesso a tecnologias assistivas.

Conclusão

O UDL é uma proposta muito interessante de como é possível criar um ambiente em sala de
aula que permite a participação e o engajamento de todos os alunos, retirando todas as barreiras para
a aprendizagem. Ademais, ressalta-se a aplicabilidade desta proposta tanto em salas que disponibilizam
tecnologias digitais, quanto em salas que não possuem tais recursos, o que torna o UDL mais
democrático e acessível para diversos contextos escolares. Destacamos também a articulação do UDL
com outras teorias de aprendizagem, tais como a Aprendizagem Significativa e a Teoria das Inteligências
Múltiplas, gerando um importante embasamento pedagógico para o que é defendido pelo UDL.

Bibliografia

Ralabate, P. K. (2016). Your UDL Lesson Planner: The Step-by-Step Guide for Teaching All Learners.

CAST (s.d). The UDL Guidelines. https://udlguidelines.cast.org/.

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