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ser

educacional
gente criando o futuro
LIBRAS
Língua Brasileira
de Sinais
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autorização, por escrito, da Editora Telesapiens.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

N7541 Nobre, Etna Paloma.

Libras: Língua brasileira de sinais [recurso eletrônico]/ Etna


Paloma Nobre. - Recife: Telesapiens, 2019.

116 p. : pdf

ISBN 978-85-54921-15-6

l.Educação 2. Libras I. Título.

CDU 81 '221.24

(Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva - CRB 10/854)


LIBRAS
Língua Brasileira de Sinais

Créditos Institucionais

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Janguiê Diniz
Diretor-presidente:
Jânio Diniz
Diretoria Executiva de Ensino:
Adriano Azevedo
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos:
Joaldo Diniz
Diretoria de Ensino a Distância:
Enzo Moreira

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Todos os direitos reservados
AAUTORA
ETNA PALO MA NOBRE
Olá. Meu nome é Etna Paloma Nobre. Sou formada
em Letras com Especialização Lato Sensu em Educação de
Surdos, com uma experiência técnico-profissional na área
de Libras e Educação a Distância de mais de cinco anos. As
minhas experiências são todas em Instituições de Ensino.
Sou apaixonada pelo que faço e gosto de transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz
em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho.
Conte comigo!
,
ICONOGRAFICOS
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem
significam:
OBJETIVO NOTA
Breve descrição Uma nota explicativa
do objetivo de sobre o que acaba de
aprendizagem; ser dito;

CD
CITAÇÃO
Parte retirada de um
texto;
hD{ RESUMINDO
Uma síntese das
últimas abordagens;

DEFINIÇÃO
Definição de um
conceito;

A
IMPORTANTE ACESSE

...
O conteúdo em destaque Links úteis para
precisa ser priorizado; fixação do conteúdo;

,.,, DICA SAIBA MAIS


-, ..- Um atalho para resolver Informações adicionais

- algo que foi introduzido


no conteúdo;
EXPLICANDO
sobre o conteúdo e
temas afins;

SOLUÇÃO
+ MELHOR Resolução passo a
Um jeito diferente e mais
passo de um problema
simples de explicar o que ou exercício;
acaba de ser explicado;

EXEMPLO , , VOCÊ SABIA?

Íx Explicação do conteúdo
ou conceito partindo de
um caso prático;
.,.

Indicação de curiosidades
e futos para reflexão sobre
o tema em estudo;

PALAVRA DO
REFLITA
AUTOR
Uma opinião pessoal e O texto destacado
particular do autor da deve ser alvo de
obra; reflexão.
- -
,
SUMARIO
UNIDADE01
O surdo no contexto histórico das sociedades, a aceitação da
língua de sinais como língua natural da comunidade surda,
culturas e identidades surdas ................................................ 12
A cultura dos surdos ................................................................ 15
Mundo solitário ........................................................................ 18
Acesso e conhecimento ............................................................ 19
Identidade surda ....................................................................... 23
Conceito sobre Surdez e surdez na visão clinica e sócio-
antropológica .........................................................................25
Aspectos filosófico e legal na educação do surdo .................29
O bilinguismo na educação de surdos ..................................32
Escolas bilíngues na Determinação Federal nº 5.626/2005 ..... 33
UNIDADE 02
Entendimentos Gerais Sobre a Língua de Sinais .............. .42
Os parâmetros da Libras ....................................................... .45
A fonologia das Línguas de Sinais .......................................... .49
Língua de Sinais e Classificadores ........................................... 57
Intensificadores no discurso da Libras ..................................... 58
Alfabeto manual e números (cardinais e quantidades);
condições climáticas, ano sideral e calendário .................... 61
Números ................................................................................... 62
Valores ..................................................................................... 63
Calendário - Dias da Semana ................................................... 64
Meses do ano ............................................................................ 65
Condições Climáticas ............................................................... 66
Advérbios de tempo e flexões de frases na negativa,
inten·ogativa e exclamativa ................................................... 66
Estrutura Sintática .................................................................... 66
Sinais de verbos e suas negativas .......................................... 68
UNIDADE 03
Espaço, Direção e Perspectiva............................................... 72
Parâmetros e Componentes ...................................................... 73
Espaço na Libras ..................................................................... 75
Perspectiva na Educação dos Surdos ....................................... 78
Tempo e Numerais Ordinais ................................................. 80
Tempo na Libras ...................................................................... 81
Pronomes e expressões interrogativas: Quando-Passado,Quando-
Futuro, D-I-A, Que Hora, Quanta-Hora........................................ 84
Pronomes Pessoais ................................................................... 85
Quando e D-I-A........................................................................ 86
Que-Horas e Quantas-Horas .................................................... 87
Sinais do verbo PROCURAR e suas variações .................. 88
UNIDADE 04
Sinais de Diversas Profissões ................................................. 94
Influenciadores da Profissão ................................................... 94
Surdos x Profissões .................................................. ................ 95
Profissão de Intérprete de Libras ............................................. 97
Sinais de Diversas Profissões ................................................... 98
Sinais de Diferentes Meios de Comunicação ..................... 100
Sistema de Transição .............................................................. 102
Libras e a Escrita de Sinais .................................................... 103
Oralismo e Língua de Sinais .................................................. 105
A escrita de sinais ................................................................... 106
Módulos da Libras Conversação - Encenações Teatrais ...... 109
Teatro em Libras ................................................................... 109
Aspectos Cenográficos ......................................................... 112
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (. .9. _

UNIDADE

O SURDO NA SOCIEDADE
10 J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-
----~

INTRODUÇAO
A LIBRAS foi idealizada para que estudantes tenham
contato com a cultura surda e a Língua Brasileira de Sinais, que
envolve os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e,
também, as Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos.
A Língua de Sinais é a língua materna dos surdos,
reconhecida como um meio de comunicação legal, reconhecida
pela Lei 10.436 de 2002. É a partir dessa lei que os profissionais da
área da pedagogia, fonoaudiologia e licenciaturas têm a garantia
do contato com disciplina de Libras para a sua formação, o que é
um avanço relevante tantos para esses profissionais quanto para
a comunidade surda.
O que você receberá aqui são informações que, com
certeza, irão lhe auxiliar na tomada de decisões em seu percurso
profissional, caso em sua rotina diária você encontre pessoas
surdas ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas.
O contexto histórico de lutas e exigências quanto a Educação
dos Surdos no Brasil é cheio de acontecimentos, proibições e
conquistas, será feito um retrospecto d esses fatos. A partir da
convivência com os Surdos, conforme estudarmos, perceberemos
que é uma comunidade que lida em sua maioria com "guetos",
geralmente optam por parceiros com características em comum.
Muitos se mostram inseguros com a aproximação e presença de
ouvintes, por conta da incompreensão, este comportamento é
resultado das ações que perduram por muitos anos, o que ainda
perdura até hoje, porém, as dificuldades que foram vista no
passado serviu para se chegar a um momento mais pertinente
e acessível. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar neste universo!
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
11

OBJETIVOS
Olá! Se bem-vindo a nossa Unidade 1, e o nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término desta etapa de estudos:

1 Compreender as diferenças à respeito do surdo.

2 Aplicar as técnicas de comurúcação.

3 Identificar e solucionar problemas relacionados a


convivência.

4 Executar os procedimentos que envolvem o


aprendizado e aspectos da cultura surda.

Preparado para urna viagem sem volta mrno ao


conhecimento? Ao trabalho!
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
O surdo no contexto histórico das
sociedades, a aceitação da língua de sinais
como língua natural da comunidade surda,
culturas e identidades surdas
Quais conhecimentos você tem sobre deficiência auditiva?
Com certeza já ouviu falar a respeito dos surdos, deve ter visto
pessoas dizendo: "todo surdo é mudo", "são muito agitados,
se irritam fácil", "leem nossos lábios". Mas, a maioria das
informações que adquirimos através do senso comum sobre esse
assunto não são reais.
Então, o objetivo deste estudo é esclarecer tais informações
equivocadas e mostrar a realidade sobre a comunidade surda.
A deficiência auditiva é uma diferença de atuação na
sociedade entre um indivíduo e a sua capacidade para a retenção
dos sons.
A deficiência auditiva exibe uma abrangência no Brasil
e, segundo os Decretos nº 3.298/99 e nº 5.5296/04, art. 4°, inc.
II (BRASIL, 1999), é considerada "a perda ambilateral, restrito
ou na totalidade, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500 Hertz (Hz), 1.000 Hz, 2.000
Hz e 3.000 Hz".
[ ... ] considera-se pessoa surda aquela que, por ter
perda auditiva, compreende e interage com o mundo
por meio de experiências visuais, manifestando
sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único.
Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,
parcial ou total, de quarenta e um decibéis ( dB) ou
mais, aferida por audiograma nas freqüências de
500Hz, l.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Decreto nº
5.626 de 22 de Dezembro de 2005.)
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
13

Saber diferenciar a pessoa surda, entender que a surdez


é a perda da audição que em muitos casos ocasiona a perda
congênita, o que por consequência surge a necessidade de
comunicar-se pela língua de sinais, porque quem nasce surdo,
não capta som nenhum, e por isso não adquiri a língua falada
como forma de expressão.
Crianças que nascem com a audição intacta podem ter
a audição comprometida, a dificuldade pode acontecer por
doença que causa a inutilidade da audição ou até traumatismos
e/ou lesões. Na maioria das situações, a pessoa que aprendeu a
expressar-se, após o ocorrido da lesão que ocasionou a perda
auditiva, adquirirá outra forma de comunicação. Já os surdos
de nascença, eles não são considerados deficientes porque já
se adaptaram a outros meios compensatórios de interação e
comunicação.
Em ambas, mesmo com as dificuldades é importante o
convívio na sociedade, porque em vários ambientes as duas
caracteristicas de dificuldade auditiva estão presentes.

++ SAIBAMAIS

Segundo Quadros (2004), o hemisfério esquerdo do cérebro


estabelece a linguagem, e o direito processa as informações no
âmbito espacial. Você sabia? Isso porque a Libras é organizada
de maneira onde a informação seja captada através de uma
mensagem visual. Você acredita que esta língua encontra-se
no hemisfério direito do cérebro? Negativo! Como a língua
de sinais tem uma estrutura semelhante à língua expressa,
neurologicamente está submissa ao hemisfério esquerdo do
cérebro, o responsável pela linguagem.
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Deixar claro essa diferença já é um bom começo para o
entendimento da cultura surda, porque ela é bem vivenciada
no ambiente da comunidade.
Pertencem à cultura surda aqueles que não tem audição
e se apropriam da língua de sinais para se expressar. Os
deficientes auditivos, que por alguma lesão ou trauma em
algum momento da vida, adquiriram a surdez aprenderão e
se beneficiarão da nova forma de comunicação.
Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de
história visto por duas expectativas, que é o olhar doutrinário
e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por
pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e
no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos,
que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos
com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária,
religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os
surdos não ouviam se comunicavam pela fala, não poderiam
ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados
ao inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os
membros do clero na prática da assistência a essa pessoas
surdas, assim, os padres e demais religiosos tornaram-se
responsáveis, zelando e cuidando da educação dos surdos.
E diante desse olhar, antes de entender que nem todo
surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas
situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação
com a surdez, como ainda não havia motivação para que
os surdos desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que
"todo surdo é mudo" que na verdade não deve ser usada.
As terapias de fala auxiliaram nessa quebra de mito,
porque desenvolvem a fala dos surdos e isso é um estímulo,
se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente
não é mudo. Porém, provavelmente não obteve orientações
para o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam
a comunicação oral.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 15
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Figura 1 - Mudez x Surdez.

Fonte: PublicDomainPictures/Pixabay

A cultura dos surdos


As crenças criadas por falta de entendimento possibilitaram
que muitos mitos se disseminassem, mas a partir do momento
que foi aberto o acesso à comunicação para o surdo ele passou
a interagir socialmente em vários ambientes dando origem
a formação de grupos sociais, nos dando a oportunidade de
identificar a sua cultura e peculiaridades.
16 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
----~
Figura 2 - Cultura Surda

Fonte:Ivanovgood/Pixabay

++ SAIBAMAIS

Vamos refletir juntos sobre como se dá a cultura surda: vamos nos


fazer algumas perguntas, como por exemplo, o que é cultura? ela
está relacionada apenas aquilo que é retratado por meio da arte?
Do conhecimento? Não, não podemos nos prender somente a isso,
existem várias formas de expressão e entendimento do conceito
de cultura. Muitos significados indicam o que é a cultura, mas
vamos considerar como uma linha de comportamento que traz
uma percepção de um grupo social, no caso, os surdos.

Para dar uma definição de cultura surda, é coerente partir


do senso que existe uma separação que parte de ouvintes e
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
17____
próprios surdos que não compartilham de urna mesma cultura.
Observe o que dizem Santana e Bergarno (2005, p. 574).
Um outro modo de discutir a questão da cultura
surda é bem mais complexo. Desse lado, não vale a
pena entrar em jogos teóricos corno, por exemplo,
se existe ou não cultura surda e seu oposto, a
cultura ouvinte [ .. .]. Em outras palavras, seria
preciso entender por que persistem as opiniões
em favor da cultura surda e entender quais as
vantagens em adotar (e defender) essa ideia.
Assim, não parece interessante partir de urna ideia
rígida e preconcebida do que seja ou não cultura.(
SANTANA; BERGAMO,. 2005, p. 574)
A história da cultura surda supera séculos, concordava-se
que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada, por
isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a oralização não
trazia sentido, o vocabulário não remetia a nenhum significado
e, a partir da introdução da língua de sinais, foi possível a
compreensão da linguagem e de tudo que lhe rodeava.

++ SAIBAMAIS

Diante de todo o estudo, indico o link http://culturasurda.net/


culturas-no-plural/ para leitura do artigo Culturas, no plural,
em que o autor, Hugo Eiji, destaca a diversidade da cultura
surda em vários países. A coleção online de aitefatos culturais
das comunidades surdas carregam informações que contempla
artes plásticas, literatura, teatro, música e dança. Disponível em:
http: //culturasurda.net/.
18
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

Mundo solitário
O livro chamado O voo da gaivota, que é a autobiografia
de uma autora surda chamada Emanuelle Laborit, relata a sua
rotina solitária, que por orientação médica foi recomendada não
relacionar-se com nenhum surdo, porque deveria ter em mente
o aprendizado da língua oral. Mesmo fazendo uso do aparelho
auditivo, as palavras expressadas oralmente não faziam sentido:
"Quero entender o que dizem. Estou enjoada de ser prisioneira
desse silêncio que eles não procuram romper. Esforço-me o
tempo todo, eles não muito. Os ouvintes não se esforçam. Queria
que se esforçassem" (LABORIT, 1994, p. 39).

Figura 3 - Surdo com aparelho auditivo.

Fonte :Kalhh/Pixabay

Por volta dos seus 7 anos de idade, seu pai ouviu no


rádio uma notícia que envolvia a surdez e a língua de sinais, se
interessou e pensou que sugeriu que para ela seria uma esperança
de forma de comunicação. Após esse dia, a autora relata a
importância da língua de sinais para a sua vida, seu cotidiano.
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19

A esperança de um novo nascimento, o irúcio da vida


novamente. O primeiro muro caiu. Havia ainda outros em tomo
de mim, mas foi aberta a primeira brecha em minha prisão, iria
compreender o mundo com os olhos e com as mãos. Sonhava.
Estava tão impaciente! Diante de mim, havia aquele homem
maravilhoso que me ensinava o mundo. O nome das pessoas
e das coisas; há um sinal para Bill, um para Alfredo, um para
Jacques, meu pai, minha mãe, minha irmã, para a casa, a mesa,
o gato... Vivia! E tinha tantas pe1guntas a fazer! Tantas e tantas.
Estava ávida, sedenta de respostas,já que podiam me responder!
(LABORIT, 1994, p. 48).
Após esse relato, atesta-se que a língua de sinais auxilia
em um novo sentido corno surda, abrindo os caminhos para a
comunicação e compreensão daquilo que ainda era desconhecido,
possibilitando a comunicação.

Acesso e conhecimento
A língua de sinais abriu caminhos e ajudou no
desenvolvimentos dos surdos, possibilitando o acesso a novas
culturas. Segundo Santana e Bergamo (2005, p. 572), "a língua e
a cultura são dois artefatos que caminham juntos, e mais, é urna
ferramenta na construção da cultura".
É bem normal relacionarmos a palavra cultura à língua
de sinais, corno se a cultura fosse formada apenas pela
representação linguística. A língua de sinais foi urna estratégia
de relacionamento com o mundo, ajudou a tirá-lo do isolamento
que o cercava.
A língua de sinais propiciou a formação de grupos sociais
que interage e participa de urna comunidade surda.
É notória a diferença entre a comunidade e a cultura surda,
segundo Padden (1989, p. 5 apud FELIPE, 2007, p. 45), urna
estudiosa linguista surda:
20 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
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[... ] uma cultura é um conjunto de comportamentos
aprendidos de um grupo de pessoas que possuem sua
própria língua, valores, regras de comportamento
e tradições'. Ao passo que 'uma comunidade é
um sistema social geral, no qual pessoas vivem
juntas, compartilham metas comuns e partilham
certas responsabilidades umas com as outras'.
A comunidade surda é formada regionalmente por pessoas
que moram em determinadas localizações, que buscam as
mesmas metas, portanto, uma comunidade surda também pode
ter ouvintes, enquanto que a cultura surda é compartilhada de
forma universal somente pelos surdos, pois os membros da
cultura surda comportam-se como pessoas surdas, utilizam a
língua de sinais e compartilham de crenças de pessoas surdas
(FELIPE; 2007, pág.45).
Para falar sobre a comunidade surda, precisamos entender
que ela é regional, ou seja, formada por pessoas que moram em
determinadas regiões, que almejam os mesmos objetivos e ela
também pode ter ouvintes, já a cultura surda é compartilhada
de forma mais ampla, universal, aceita somente surdos, pois
os membros da cultura surda demonstram um comportamento

Figura 4 - Interação e Comunicação.

Fonte: Sasint/Pixabay
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
21

singular comportam-se corno surdos, comunicam-se através da


língua de sinais e repartem experiências e crenças.
É importante compreender e considerá-los corno um grupo
social, que pratica interação, se expressa e produz conhecimento
corno qualquer outro cidadão, não entendem corno problema a
deficiência, valorizam o uso da língua de sinais que sobrepõe a
capacidade de expressão verbal.
Dessa forma, quando se pensar em cultura, deve-se ter
um conceito de um conjunto de práticas simbólicas de um
determinado grupo: que usa a língua, as artes O.iteratura, música,
dança, teatro), a religião, o sentimento, as ideias, as ações, o
modo de vestir, de falar, entre tantas outras (SANTANA;
BERGAMO, 2005, p.130).
Esse debate de conceitos, de estudos não finda de forma
fácil, segundo Laraia (2008, p. 63), ''provavelmente nunca
terminará, pois urna compreensão exata do conceito de cultura
significa a compreensão da própria natureza humana, terna
perene da incansável reflexão humana".
Existe urna cultura para o surdo, é a comunidade onde
ele está inserido, onde se comunica e desenvolve signos para
expressar interação na língua que é de sua propriedade.
Esse reconhecimento traz urna bagagem de perseverança,
persistência e a diversidade e aquisição pelo respeito à língua
dos surdos.
Há muitas realizações a se concretizarem com o
crescimento regular da comunidade surda:
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

P0 OBSERVAÇÃO

Anular o passado e requerer o presente se mostrou como artefato


cultural para os surdos. Um passado imerso na obrigação
de serem ouvintes e, em função disto, aceitar que os outros
fizessem a sua história, os dominassem, se tornou a marca
mais deprimente. Diante disto, surgem novos feitos e novas
interpretações no cotidiano. Neste sentido, se prosseguirmos
com as velhas realidades, narradas como que no tempo colonial,
perigamos escrever uma história de holocausto, de dominação,
de lamentos. Mas não é por aí. .. Temos outros caminhos que,
mesmo desconhecidos, merecem ser trazidos à tona, vivenciados
e narrados por constituírem a genuína história natural e cultural
dos surdos. De fato, temos nossas lutas de significação quais
sejam: a busca por educação bilíngue, por políticas para a língua
de sinais no Brasil, pela abertura das portas das universidades,
por posições de igualdade, por ter intérpretes de língua de sinais
e por serem válidos os nossos direitos. Além desses, há muitos
espaços que possibilitam novos signos e significados que nos
motivam, estando presentes em nosso cotidiano e que nos trazem
algo mais desejado- encarnar essas possibilidades' como pessoas
completamente diferentes' (PERLIM; STROBEL, 2014, p.20).

~ ACESSE

Indico o filme "O milagre de Anne Sullivan" (The Miracle Worker,


2000), dirigido por Nadia Tass, que traz a história da escritora Helen
Adams Keller, surda e cega, como ela venceu as suas dificuldades.
O auxilio e compartilhamento da Mestre Anne Sullivan, deficiente
visual que lhe instruiu a língua dos sinais ainda na sua fase infantil,
Helen Keller veio a ser uma filósofa e jornalista excelente. Para
assistir, acesse http://culturasurda.net/filmes/.
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23

Identidade surda
A história de Ernanuelle Laborit (1994) traz informações
sobre a sociedade surda e a língua de sinais.
[ ... ] Lugar de vida, de recreação, de aprendizado
para os surdos. Lugar de encontro com os pais
emedados nas mesmas dificuldades, com os
profissionais da surdez, que colocam em causa as
informações e as práticas do corpo médico. Pois
eles estavam decididos a ensinar urna língua, a
língua de sinais. Não um código, um jargão~ mas
urna verdadeira língua. Lembrando-se da primeira
vez em Vincennes, mamãe conta: - Senti um medo
terrível. Confrontava-me com a realidade. Era
corno um segundo diagnóstico. As pessoas eram
calorosas, mas ouvi histórias sobre o sofrimento de
crianças, o isolamento terrível que tinham vivido
antes. Suas dificuldades de adultos, seus combates
permanentes. Vomitei tudo aquilo. Havia me
enganado. Tinham me enganado dizendo: 'com a
reeducação, com o aparelho, ela vai falar. .. '. Meu
pai conta: - Era corno se até então não houvesse
escutado, ou não houvesse desejado escutar 'um
dia, ela FALARÁ'. Vincennes é um outro mundo,
o da realidade dos surdos, sem indulgência
inútil, mas também o da esperança dos surdos.
Certamente, o surdo chega a falar, bem ou mal,
mas trata-se apenas de urna técnica incompleta
para muitos deles, os surdos profundos. Com a
língua de sinais, mais a oralização e a vontade
voraz de comunicação que sentia em mim, iria
fazer progressos espantosos. O primeiro, o imenso
progresso em sete anos de existência acabara de
acontecer: eu me chamo 'EU'. (LABORIT, 1994,
p. 52-53),
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Laborit, retrata o quanto conseguiu se encontrar, a
proximidade com surdos e com a língua de sinais proporcionou
uma releitura de sua identidade e a sentir-se pertencente a alguém.
A identidade relatada foi buscada com a ajuda da
cultura surda, que opera de maneira individual no âmbito da
aprendizagem, diferente da vivência anterior.
Reconhecer a si mesma pode ser chamada de uma
identidade, há uma autenticidade para o surdo que é diferente do
ouvinte, e até entre os próprios surdos. Há 5 possibilidades de
identidade para o surdo:
■ Identidade surda-Geralmente, a identidade relaciona-
se aos filhos surdos de pais surdos, instruídos a conviver com a
percepção visual. Uma autenticidade que se destaca na atuação
pelos direitos do surdo, que necessita da língua de sinais para
desenvolver uma linguagem.
■ Identidade surda híbrida - É uma percepção evidente
nos surdos que nasceram com a audição intacta e lidam com a
língua portuguesa e a língua de sinais. É uma analogia peculiar
em diferentes momentos, porque são conhecedores da estrutura
do português verbalizado.
■ Identidade de transição - Os surdos mantidos em
cárcere na igualdade de ouvinte, viveram parte da sua vida
contatando pessoas que expressavam-se verbalmente e não
relacionaram-se com surdos. Essa mudança acontece ao conhecer
a comunidade surda e daí passarem pelo processo de "des-
ouvintização" comumente, grande número de surdos passa por
esse estágio, posto que são filhos de ouvintes.
■ Identidade surda incompleta - Nessa identidade, o
surdo encontra dificuldade para assumir-se, para ingressar na
comunidade surda por não fazer talvez uso total da língua de
sinais, persiste percorrer ambientes que fazem parte da rotina
dos ouvintes, não compreende e não fala na mesma simetria do
ouvinte e por isso não está inserido em nenhum dos grupos.
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
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■ Identidade flutuante - São surdos que se expõe a


partir do dorrúnio dos ouvintes. Retratado pelo surdo que tem
ciência ou não, que é surdo, mas a sua postura é de um ouvinte
e insistem nisso a qualquer custo, assimilam que são surdos,
se esforçam e pensam que a vida seria melhor corno ouvintes.
Nessa identidade, o surdo despreza ou não tem compromisso
com a cultura surda e vive em urna situação de conformidade
(PERLIN, 1998).

++ SAIBA lVIAIS

É possível um ouvinte demonstrar urna autenticidade surda,


em farrúlias quando os pais são surdos e os filhos ouvintes, é
comum, o uso da língua de sinais corno língua materna, para
apenas após um tempo adquirirem a língua pmtuguesa.

Conceito sobre Surdez e surdez na visão


clínica e sócio-antropológica
Além dos mitos que ouvimos sobre a cultura surda,
existem outras crenças sobre a língua de sinais que é
importante sabermos ao ce1to, corno por exemplo, a mímica
pode ser considerada sinais, a língua de sinais expressa
pensamentos, percepções, opiniões, possibilita a discussão
e resolução de assuntos e convicções complexos, porém,
importante corno assuntos relacionados a nação.
A expressão que a língua de sinais é universal também
é mito, e essa afirmação incoerente porque não é possível
ter urna comunicação gestual igualitária, com entendimento
geral, para todos, da mesma maneira que existe as
26
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
diversidades na língua falada, também a língua sinais sofre
diferenças, ela respeita fatores gramaticais, geográficos e
culturais.
Há tempos que o estudo da linguística se limitava
apenas às línguas orais, mas o advento do reconhecimento
da língua de sinais trouxe uma nova perspectiva de
abrangência que com o tempo vem ganhando espaço e se
estabelecendo. As abordagens orientadas a LIBRAS vêm
com alcance específico educacional na defesa da cultura
surda. Essas variações não se resumem apenas à comparação
dos processos que promove um enriquecimento do
vocabulário, mas estão relacionadas à percepção de mundo
e à condição de complexidade em decorrência do processo
de aquisição da língua, aspectos culturais e até impacto
político e social na vida dos surdos. É importante apontar
para aspectos relacionados à organização da gramática e seu
funcionamento. Há uma delimitação entre gesto, língua de
sinais e aprendizado de uma segunda língua, o que gera,
muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que, por
não terem orientação, não se identificam com outros surdos
quando se cria um sinal determinado.
As escolas de surdos que adotam uma proposta
bilíngue, proporciona a interação do surdo com outros, o
que incentiva aquisição da língua por parte das crianças,
jovens e adultos.
Para o surdo, o significado de cultura é compreender
o mundo ao redor e torná-lo ao alcance e habitável, adequar
com as suas impressões visuais, que colabora para o sentido
das identidades surdas (STROBEL, 2008, p. 30), que
contempla a língua, e hábitos.
Ainda sobre os mitos que envolve a relação dos surdos,
mesmo após a conquista da inserção da língua de sinais,
enfrentaram impedimentos que dificultavam a aceitação por
parte da sociedade, presença de intolerância no ambiente
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
27

familiar e escolar. Segundo Strobel (2008), nas décadas de


1970 e 1980, a aquisição de aprendizagem era indiferente,
de controle e de disciplinarnento, as crianças surdas eram
proibidas de se articular gestualrnente, as consequências era
serem comparadas aos macacos, eram obrigadas a expressar-
se oralmente para serem respeitados.
Os surdos viam-se obrigados a todo custo a desenvolver
a expressão oral e a leitura labial, o que gera o mito, que é
o de que os surdos compreendem as demonstrações orais.
Witkoski (2009) desmistifica esse mito ao expor
que os surdos na sua maioria não fazem leitura labial,
vários fatores envolvem o sucesso nessa técnica, corno a
articulação, a proximidade, são fatores que colabora ou
atrapalha a leitura labial, que para obter habilidade deve ser
aprendido, depende muito da postura do locutor, não é urna
prática simples, o sujeito deve estar de frente com os lábios
do receptor, a similaridade nas articulações específicas
letras e o conhecimento anterior das palavras proferidas
influência no processo de leitura labial.
[ ... ] o ambiente de conversação usual não se
constitui num ideal de apreensão visual ao surdo;
ao contrário. Em geral este é caracterizado pela
presença de um falante distante, em permanente
movimento (quando não está inclusive ausente do
seu foco visual), que realiza trocas verbais com
outras pessoas as quais não poderão ser observadas
concomitantemente. Estas são as características
mais comuns do diálogo entre ouvintes, sendo
inclusive também as da sala de aula no ensmo
regular (WITKOSKI, 2009, p. 569).
28
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
A autora ainda ressalta que:
Não é possível realizar leitura labial em toda situação,
até porque a leitura não supre a falta de audição por conta do
acesso às palavras expressas oralmente e identificadas pela
leitura labial, essa ação não garante a compreensão de tudo
o que é verbalizado.
Essa ideia equivocada da leitura labial, que motiva
o surdo a interagir de forma falada com um ouvinte, traz
a tona outro mito, que os surdos ouvem algumas coisas
que são do interesse próprio, e ainda que consigam e se
esforcem para compreender uma informação, é muito difícil
assimilar o diálogo na sua totalidade, até com o uso do
aparelho auditivo existe a dificuldade em adaptar-se com os
ruídos que o aparelho capta, o que dificulta a recepção da
mensagem, e se o receptor não entende a língua de sinais, é
possível que não se estabeleça uma interação.
Veja a seguir o relato da experiência de Witkoski
(2009, p. 571).
Em relação a essa caracterização do comportamento do
surdo como patológica, resgato a situação de uma linda menina
surda, de sete anos, que conheci. Estava numa escola de surdos
de Curitiba conversando com a professora da turma, enquanto
acompanhava a harmonia com que os alunos interagiam através
da língua de sinais. Nessa hora chegou a mãe de uma das alunas,
que estava visivelmente feliz junto a seus colegas conversando
em Libras. Vendo o comportamento da filha, a mãe fez o seguinte
comentário: 'Engraçado como aqui ela se comporta bem. Em
casa ela não faz nada. Se não mandar tomar banho, não vai;
ficar só deitada no sofá assistindo à televisão. O pior é que às
vezes ela começa a gritar, cada grito, que chega a doer os meus
ouvidos!'. Perguntei se ela sabia a língua de sinais. Respondeu:
'Não, não tive tempo ainda, tenho a casa para cuidar, muito
trabalho'. (Witkoski; Surdez e preconceito. A norma da fala e o
mito da leitura da palavra falada; 2009, p. 571)
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 29
--------
Na situação apresentada a filha não atende ao pedido
da mãe, que relaciona-se apenas com amigos da escola, em
casa demonstra que é "surda", porém essa postura está
relacionada com a apreciação que a filha tem pelo o uso da
língua de sinais.

Figura 6 - Língua de sinais

Fonte: Clker-Free-Vector-Images/Pixabay

Aspectos filosófico e legal na educação do


surdo
A identidade surda está ligada à língua de sinais, essa
relação depende de como a língua de sinais é inserida como uma
possibilidade de comunicação.
Santana e Bergamo (2005), diz que essa relação de que a
identidade do surdo é ligada à língua de sinais vem de pesquisas
mostram: do contato do surdo com outro surdo que faz uso da
língua de sinais expandem-se novas possibilidades de interação
e compreensão, que não acontece por meio da língua oral.
30 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-----
Figura 7 - Criança aprende a língua de sinais.

Fonte: OpenClipart-Vectors/Pixabay

Vygotsky ( 1991 ), cita que as ações cognitivas essenciais


de um ser humano tem relação direta com a sua história social,
que traz a memória da sociedade na qual a criança desenvolve-
se socialmente, o que é bem relevante para a formação do
pensamento, e no processo de aquisição de conhecimento,
a língua tem um papel fundamental na designação de como a
criança desenvolverá o seu aprendizado.
O contato da criança com a língua de sinais influencia na
capacidade da formação de pensamento, e o ambiente em que
ela está inserida deverá proporcionar o servir dessa língua.
Perlin ( 1998), chama a atenção para a aquisição de uma
identidade que é repelida ao indivíduo no ambiente em que ele
habita, um surdo que tem contato contínuo e direto com um
ouvinte irá ponderar a surdez como uma deficiência tratável, e
guiará a sua identidade sob essa perspectiva. Por outro lado, é
positivo o surdo que tem a oportunidade de conviver e vivenciar
uma comunidade de surdos com ouvintes, porque essa relação
desenvolverá uma identidade que favorece e evidencia a
diferença e não da deficiência.
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
31 ____
Para Felipe (2007, p. 82), é provável identificar
características do tipo:
■ A maioria das pessoas Surdas sentem-se mais a vontade
para ter relacionamento e dividir sentimentos e tal com outra
pessoa Surda;
■ As frases com gênero hmnorístico em tom de piadas afasta
o desejo de conhecimento sobre a língua de sinais e sua cultura;
■ A abordagem sobre assuntos de relacionamento, educação
e olhar de mundo, pode ser representado em cenas teatrais.
O surdo tem um olhar diferenciado de mundo, ele se identifica
com as expressões faciais e corporais que são representadas com
as mãos, que devem ser usada de forma necessária com agilidade
e fluência, dando sentido a mensagem transmitida.
O surdo possui urna identidade própria, independente do
seu acesso a língua ou não, a diferença é a sua própria aceitação
corno surdo junto com a língua de sinais, observe que aquele
que se aceita consegue desenvolver-se e interage com o mundo
positivamente, sob o olhar da sua comunidade e cultura surda.

++ SAIBAMAIS

O link abaixo exemplifica a linguística e a estrutura gramatical


da língua de sinais, confira o vídeo com o terna Estmtura
Gramatical da Libras, nele a estudiosa Ronice Quadros mostra
de forma objetiva, corno funciona o uso da língua. Disporúvel
em: https://bit.ly/2Vltxov.
32
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
O bilinguismo na educação de surdos
Quando pesquisamos Educação bilíngue para surdos
nos reportamos a um trabalho pedagógico que faz uso de
línguas no desenvolvimento do processo de aprendizagem,
de forma inclusiva.
■ Libras - Língua de Sinais;
■ Língua Portuguesa escrita.
Os surdos precisam e deve ter acesso a uma educação
bilíngue, que dê ênfase a língua de sinais como sua língua
natural, bem como o aprendizado da língua portuguesa, como
segunda língua" (BRASIL, 2006, p. 71).
O bilinguismo, porém, reconhecido como política pública
brasileira, surgiu a pouco tempo, mas já existe registro de ações
de sucesso.
Temos um exemplo real presente na administração
municipal de São Bernardo do Campo, na grande São Paulo.
Em 2012 o município de ensino da cidade criou as Escolas
Polo para priorizar a educação de alunos surdos. Essas instituições
escolares regulares são de educação básica, que possuem toda a
estrutura física e pedagógica para recepcionar e prestar atendimento
adequado aos alunos. Alguns professores tem habilidade regular
a Libras e são bilíngues, pois são os responsáveis pelas turmas e
realizam os encaminhamentos das disciplinas ativas, são também
os intérpretes de Libras. No horário oposto das aulas comuns, há
atividades complementares prática de Libras e quem ministra é
sempre um professor surdo. Essa é uma das iniciativas escolares
que prioriza a educação em duas línguas. Depoimento da
professora Nadia Aparecida Issa Pina.
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
33____

~ ACESSE

O Crnais, portal oficial da TV Cultura do Estado de São Paulo.


Lá você encontra um vídeo que representa o bilinguismo,
composto exatamente na EMEBS Professora Nadia Aparecida
Issa Pina. Confira, leia o texto e pense sobre o modo de educação
bilíngue exposto. Assista em: https://bit.ly/31 gl UQE.

A Determinação Federal nº 5.626, de 2005, e a Política


Nacional de Educação Especial no Panorama da Educação
Inclusiva, de 2008, são dois documentos essenciais que discone
do assunto: Já ouviu falar? Vamos tratar deles agora!

Escolas bilíngues na Determinação Federal


nº 5.626/2005
Mais adiante veremos os documentos oficiais, as leis e
decretos, vamos no momento conhecer a relevância do decreto
que apoia e estabelece o bilinguismo e a escola bilíngue no atual
contexto educativo brasileiro.
O Decreto Federal nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005,
que regulamentou a Lei nºl0.436/2002 (BRASIL, 2002),
tornando reconhecida a Língua Brasileira de Sinais corno meio
de comunicação da comunidade surda, de mesmo modo a
regulamentação do artigo 18 da Lei nº 10.098/2000 (BRASIL,
2000), que trata da realização da formação de profissionais
intérpretes para a Libras, para viabilizar a interação com os surdos.
Encontra-se em vigor após o reconhecimento da Libras,
em 2002, e sob a importância dos demais documentos que
tratavam da inclusão social e ambiente escolar para surdos.
34
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
A lei possui dizeres variados que garante a educação e a
conservação da Libras, no status de políticas pública que garanta
uma educação estirpe para aquisição de conhecimento que
beneficie o surdo. A língua de sinais como ensino mandatário
nas licenciaturas, formação específica de profissionais da área da
educação. Essas são ações onde se estendem longos tempos para
se solidificarem, existe a burocracia do poder público e não é só
isso, a ausência de profissionais por outro capacitados prejudica
a prática das diretrizes da lei.
O objetivo do decreto é a educação dos surdos, é ampará-
los, as primeiras tratativas referente ao reconhecimento e à
aprovação da língua de sinais e seu cumprimento de uso nos
espaços educacionais iniciaram no ano de 1996, quando da
execução da Câmara Técnica O Surdo e a Língua de Sinais.
O decreto foi desenvolvido em acordo com a academia e
com a cultura surda. O documento estabelece:
Intitula-se Escolas de Educação Bilíngue aquelas em
que a Libras e a escrita da Língua Portuguesa representam
línguas de instrução inseridas no desenvolvimento do processo
educativo. É um direito dos estudantes à escolarização em
um período oposto ao atendimento educacional especializado
para a complementação curricular, com aproveitamento de
equipamentos de tecnologias de informação (BRASIL, 2005).
Segundo o Decreto Federal (BRASIL, 2005), essa
educação está dividida seguindo os seguintes critérios:
■ Ensino infantil e Anos iniciais do fundamental:
formação obrigatória de professores bilíngues para atuação em
escolas e classes de educação.
■ Anos finais do ensino fundamental, Médio e no Técnico
Profissional: não se faz obrigatório que os professores sejam
bilíngues, porém, importante conhecer as especificidades linguísticas
e o processo de ensino-aprendizagem, dos alunos surdos.
Imprescindível a presença de Tradutores e Intérpretes
da Libras-Língua Portuguesa, embora, que nessas fases não se
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
35

torna obrigatório que as escolas e/ou classes sejam bilíngues:


esses rúveis de ensino também pode se realizar em escolas de
ensino básico comum, desde que atenda as condições expostas.
Segundo Lodi (2013, p. 54), para que a língua inicial
de ins1Iução escolar seja a Libras, é necessário mudanças e
reivindicações, urna vez que até mesmo a escrita das duas
línguas é diferente.
A presença da escrita do português nos processos
educacionais é inerente à estruturação pedagógica, que insere
e garante status de língua de instrução, o desenvolvimento
de linguagem/apropriação da Libras pelos alunos surdos nos
primeiros anos escolares é garantido e, consequentemente
adquire-se urna base educacional.
Após aquisição da língua materna, a Língua de Sinais,
os alunos podem praticar com professores nativos da Língua
Portuguesa, com o auxilio de um tradutor intérprete.
O ensino infantil e os primeiros anos do fundamental
deve ser cursado obrigatoriamente em escolas bilíngues, os
demais níveis, podem ser frequentado em escolas comuns,
sob a orientação de professores com o perfil conhecedor da
língua e intérpretes contratados, objetivando facilitar o acesso
aos conteúdos curriculares, em todas as atribuições didático-
pedagógicas e no auxilio e facilidade às atividades institucionais.
Embora a escolarização do aluno surdo possa aconteça por
intermédio de docentes que entendam as particularidades
do ensino de surdos, fica notório que essa organização não
descaracteriza urna escola bilíngue.
O instrumento ao informar que as instituições federais de
ensino devem abastar específicas constituições, também detalha
os papéis dos agentes docentes inseridos nas escolas bilíngues:
professor ou instrutor de Libras; tradutor e intérprete da Libras
para a Portuguesa e vice-versa; professor para o ensino, corno
segunda língua para os surdos, do português; e professor
regente de classe geral, nas várias áreas de conhecimento,
com ciência da originalidade linguística dos alunos surdos.
36
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Frequentemente existe nas escolas, debates sobre os limites
entre a ação do professor na sala de aula e o intérprete, e fica
claro que o intérprete transmite a informação que é produzida
pelo professor sem interferência sobre o raciocínio do professor.
"É imprescindível ofertar, desde a educação infantil,
o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como
segunda língua para alunos surdos" (Decreto nº 5.626, de 22
de dezembro de 2005). E para que isso seja realidade deve-se
pensar em formas singulares de avaliação, que contemple o
ensino de Libras e Língua Portuguesa.
O decreto também define que se deve:
[... ] adotar mecanismos de avaliação coerentes com
aprendizado de segunda língua, na correção das
provas escritas, valorizando o aspecto semântico e
reconhecendo a singularidade linguística manifestada
no aspecto formal da Língua Portuguesa; desenvolver
e adotar mecanismos alternativos para a avaliação
de conhecimentos expressos em Libras, desde que
devidamente registrados em vídeo ou em outros meios
eletrônicos e tecnológicos (Fonte: Brasil, 2005. Decreto
nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.)
A formação de professores para o ensino de Libras é um
ponto importante dessa visão é que ela deve ser:
[ ... ] posta em diálogo com a formação necessária
para o ensino do português como segunda língua.No
que diz respeito ao ensino de Libras, o documento,
uma vez mais, relaciona essa formação à atuação
nos diferentes níveis educacionais e recomenda
que pessoas surdas tenham prioridade em todos os
processos formativos, visando garantir, assim, que
a apropriação dessa língua pelos alunos surdos ou
sua aprendizagem por ouvintes, seja realizada por
meio de seus usuários (LODI, 2013, p. 57).
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
37

~ ACESSE

É importante que você leia Decreto Federal para que você


tenha embasamento prático e teórico na escola. Acesse-o em:
https://bi t.ly/2MJ jx6b.
_ _ _ _3_s____,,J ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
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LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
39

UNIDADE

A CONSTRUÇÃO GRAMATICAL DA LIBRAS


40 J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-
----~

INTRODUÇAO
A disciplina de Libras foi idealizada para que estudantes
tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura
Surda, aos Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil e as
Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos.
A Libras é uma língua natural, reconhecida como um meio
de comunicação legal pela Lei 10.436 de 2002, é a partir dessa
lei que os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia
e licenciaturas têm a garantia do contato com a disciplina de
Libras para a sua formação, o que é um avanço relevante tanto
para esses profissionais como para a comunidade surda.
O que você receberá aqui são informações que certamente
irão lhe auxiliar na tomada de decisões, caso no seu percurso
profissional ou na sua rotina diária você encontre pessoas surdas
ou outros profissionais que trabalhem com pessoas surdas.
Acredito que você já tenha assimilado que a Língua de
Sinais Brasileira é uma língua usada nas comunidades surdas,
então agora estudaremos juntos a parte da linguística que
descreve a língua no âmbito da construção gramatical da Libras.
Este material fornece informações relevantes sobre os
fonemas na Língua de Sinais Brasileira, do ponto de vista de sua
função na língua, que é onde começa a estrutura da gramática,
entenderemos os parâmetros da Libras e as suas funções.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
41

OBJETIVOS
Olá! Se bem-vindo a nossa Unidade 2, e o nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término desta etapa de estudos:

1 Obter entendimento sobre os parâmetros da Libras.

2 Aprender e praticar os classificadores.

3 Identificar e solucionar problemas relacionados à


gramática da Libras.

4 Compreender o papel e a importância dos


intensificadores dentro do discurso.

Preparado para urna viagem sem volta turno ao


conhecimento? Ao trabalho!
42
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Entendimentos Gerais Sobre a Língua de Sinais
Conhecer a Língua de Sinais é de fundamental importância,
há inúmeras comunidade surdas espalhadas pelo país. A Libras
foi instituída como língua pelo Decreto nº 5.626/2005. E qual é
peso desse reconhecimento? Porque pelo que já vimos foi com o
reconhecimento que passou a ser obrigatório o uso em todos os
órgãos públicos, como em escolas, hospitais, prefeituras e outros
ambientes. É possível perceber uma melhora do atendimento às
pessoas surdas.
Apesar da legalização ter acontecido a pouco tempo, a
dificuldade na comunicação vem de muitos anos. Foi necessária
uma verdadeira revolução para a aceitação da Língua de Sinais,
pois até então, ela era tida apenas como uma linguagem expressa
através do movimento do corpo e encarada como mímicas.
As pesquisas da Língua de Sinais sob o olhar da linguística,
começou a ocorrer no ano de 1957 com o observador norte-
americano William Stokoe. Em 1960, os resultados da análise
foram notados sobre a Língua Americana de Sinais (STOKOE,
1960) e desse momento em diante as Línguas de Sinais passaram
a ser objeto de estudos, a linguística considerou a presença
gramatical assim como as Línguas Orais.
[ ... ] considera-se pessoa surda aquela que, por ter
perda auditiva, compreende e interage com o mundo
por meio de experiências visuais, manifestando sua
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira
de Sinais - Libras. Parágrafo único. Considera-se
deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total,
de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas freqüências de 500Hz, l.000Hz,
2.000Hz e 3.000Hz (Art. 2° do Decreto nº 5.626, de
22 de dezembro de 2005 BRASIL, 2005)
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
43

Há alguns anos, os estudos sobre linguística se limitavam


às Línguas Orais, mas desde o início do reconhecimento da
Língua de Sinais, um novo olhar vem sendo estabelecido. As
pesquisas direcionadas a Libras vêm com abordagens específicas
educacionais na defesa da cultura surda. Essas variações não
se resumem apenas à comparação dos processos que promove
um enriquecimento do vocabulário, mas estão relacionadas
à percepção de mundo e à condição de complexidade em
decorrência do processo de aquisição da língua, aspectos
culturais e até impacto político e social na vida dos surdos. É
importante apontar para aspectos relacionados à organização da
gramática e seu funcionamento. Há urna delimitação entre gesto,
Língua de Sinais e aprendizado de urna segunda língua, o que
gera, muitas vezes, incompreensão por parte dos surdos, que,
por não terem orientação, não se identificam com outros surdos
quando se cria um sinal determinado.

++ SAIBAMAIS

O entendimento dos parâmetros contempla o perceber da fonética


e fonologia, elas se complementam por estarem inseridas na
linguística. O estudo da Linguística analisa as línguas nativas
humanas, é urna ciência que estuda diferentes línguas, não se
detém a urna análise restrita.
44
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

Segundo Strobel (2008), os surdos tiveram um início de


história mediados por duas expectativas, que é o olhar doutrinário
e medicinal, onde as pessoas surdas eram representadas por
pessoas com anomalias nos ouvidos, na composição vocal e
no cérebro. Esses pacientes tinham o empenho dos médicos,
que estudavam acerca da fala e da aprendizagem dos surdos
com expectativas de possibilidades. Já, na visão doutrinária,
religiosa, inicialmente a igreja tinha a crença que, como os
surdos não ouviam e se comunicavam pela fala, não poderiam
ser perdoados seus pecados e consequentemente condenados ao
inferno, para a salvação, a Igreja disponibilizava os membros do
clero na prática da assistência a essas pessoas surdas, assim, os
padres e demais religiosos tornavam-se responsáveis, zelando e
cuidando da educação dos surdos.
E diante desse olhar, antes de entender que nem todo
surdo é mudo, o termo surdo-mudo foi utilizada, em muitas
situações, incorretamente, porque a mudez não tem relação com
a surdez, como ainda não havia motivação para que os surdos
desenvolvessem a fala, surgiu essa expressão que "todo surdo é
mudo" que na verdade não deve ser usada.
As terapias de fala auxiliou nessa quebra de mito, porque
desenvolvem a oralização nas pessoas surdas, e isso é o estímulo,
se um surdo não se expressa através da fala, necessariamente
não é mudo; mas provavelmente não obteve orientações para
o seu desenvolvimento, como exercícios que estimulam a
comunicação oral.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 45
---------
Figura 1 - Língua de Sinais

Fonte: OpenClipart-Vectors / Pixabay

Os parâmetros da Libras
A linguística explora a língua enquanto processo, preza
pela coerência na atividade de expressar-se, a linguística é vista
como uma ciência com características de descrição própria,
descrever-se a si mesma, a linguística desnuda a língua, e a
mostra de maneira autêntica.
O estudo da linguística contempla a morfologia, a fonética,
a fonologia, a semântica e pragmática, além disso a linguística
tem relação com outras ciências, como a sociologia, por exemplo.
____4_6~) (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Figura 2 - Fonética e Fonologia

Fonte: GraphicMama-team / Pixabay

A fonética explora os sons isolados, descreve os sons usados


na linguagem humana, e a fonologia se detém a estudar sons que
altera o significado do sentido, como pares mínimos que ressignifica
alguma coisa, como um objeto, por exemplo, café, boné, cafuné,
então, enquanto a fonética descreve, a fonologia explica.
A morfologia examina os princípios internos da formação
das palavras, com o objetivo de compreender os ajustes
realizados entre eles (QUADROS, 2004). Essas palavras são
produzidas por morfemas, que são as identidades significativas.
Há morfemas que constitui vocábulo, outros são reclusos e não
tem capacidade de habilitar palavras insubordinadas de outras
(QUADROS, 2004).
A sintaxe é a competência da linguística que cria e
discorre a estrutura das sentenças de uma língua, as línguas
possuem variadas estruturas sintáticas e, por isso, existe no seu
desenvolvimento uma base estrutural. Quadros (2004) afirma
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
47

com intensidade que a Libras carrega urna gramática de sistema


básico que a Língua Portuguesa dominante no Brasil.

A ordem de sequência:
S (sujeito)+ V (verbo)+ O (objeto).

Apesar da apresentação dessa ordem ser essencial, não


quer dizer que as pessoas que as utiliza não se aproprie de outro
tipo de comunicação oral. (QUADROS, 2004).
De acordo com Quadros (2004, p. 21), "A semântica
analisa o significado do vocábulo e da sentença". Quer dizer que,
explora o sentido particular das palavras e também em grupos,
que muitas vezes apresentam urna interpretação diferenciada -
a exemplo do linguajar, que são línguas regionais inerentes. A
semântica examina os significados das sentenças, implícitos ou
não, corno as metáforas, ironias e outros. E sob o ponto de vista
clássico, a pragmática, que explora a linguagem na prática.

Figura 3 -Estrutura da Comunicação

Fonte: GraphícMama-team /Píxabay


48
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

~ ACESSE

Para melhor e entendimento e contribuição aos estudos,


dedique-se clicando no link referente ao tema Estrutura
Gramatical da Libras, onde a linguista Ronice Quadros expõe
de forma objetiva o funcionamento da língua. Disponível em:
https://bit. ly/2Vltxov.

O estudo científico da língua é como uma manifestação


natural, não delimita a análise de uma espécie de línguas, não é
o estudo isolado do português, da Língua de Sinais Americana
(ASL), da Língua Brasileira de Sinais, e também não se refere
ao estudo de um conjunto de línguas com características em
comum. Quanto mais estudarmos sobre as especificidades das
mais diversas línguas naturais, melhor o entendimento da língua.
A história da cultura surda supera séculos, concordava-
se que o surdo tinha habilidade de desenvolver a língua falada,
por isso ele foi obrigado a utilizar a língua oral, mas, a língua
verbalizada já expressava sentido, já que o vocabulário não
remetia a nenhum significado, e a partir da introdução da Língua
de Sinais, foi possível a compreensão da linguagem, e de tudo
que lhe rodeava.
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
49____

++ SAIBAMAIS

O artigo indicado auxilia no avanço dos estudos, acesse o link


http://culturasurda.net'culturas-no-plural/ e confira o artigo
Culturas, no plural, do autor, Hugo Eiji, que destaca as várias
definições da comunidade surda em diversos países. O repositório
online também é abastecido com produções de autoria da cultura
surda, carrega informações que envolve artes plásticas, literatura,
teatro, música e dança. Disponível em: http://culturasurda.net'.

Afonologia das Línguas de Sinais


O propósito inicial da fonologia na Língua de Sinais é
descrever as identidades mínimas da língua que são adequadas
a formação de sinais, é ter habilidade e conhecimento para as
normas de ajustes.
As primeiras análises linguísticas referentes à Língua de
Sinais deram início no periodo de 1957, no momento em que o
estudioso William Stokoe descreve um estudo de compreensão
da constituição dos sinais na Língua Americana de Sinais, a
ASL (Arnerican Signs Language). Com o objetivo de trazer
conhecimento dos sinais, ele os separou e indicou três parâmetros
básicos: configuração de mão (CM), ponto de articulação (PA)
e movimentos (M).
Depois desse momento iniciaram-se pesquisas quanto a
estrutura linguística da Libras. Autores corno Ferreira Brito (1995),
Quadros e Karnopp (2004) persistiram nas análises linguísticas da
Libras para descrever a composição de seus sinais.
Foram estabelecidos mais dois parâmetros: a orientação
de mãos e expressões não manuais (ENM).
50
---~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Os cinco parâmetros.
■ Configuração de mão: São 46 configurações de mão e
são elementos fundamentais para possibilitar a formação dos sinais.

Figura 4 - Configurações de Mão.

1 2 3 4 5 6

íl[B] ~[A] ~[G]


m[C] ~ 'T
[l ~[V]

~] ~[AJ ~G,] ~ê] ~]5,] .,-; (v·1

~ [Bb] . ~Ai,] ~Gg] f!,(s·1


Tui
7
~
8
[At] ~Gd]
9 10
1 11
[5]
12

fi"?ro1~[F] ~M ~ [H] ~ ] ~
~[Ô] ~[F,] cf1 {RJ ~
~3j

~bO] ~[FU [~ ~~ [3] 1,1


13 14 15 16 17 18 19

~ ~[K] ~ I ] ~RI ~t ~ ] ~[E]

~ .. 1~
~d
~.. 1Ll
Fonte: Ferreira Brito e Langevin, 1995
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
51____
Um dos parâmetros da Libras é a configuração de mãos, elas
forarn representadas a partir de infonnações coletadas nas irnpmtantes
capitais brasileiras, reunidas verticalmente segwido a similitude.
O bloco de CMs da figura refere-se somente às exposições
ao rúvel fonético, encontradas na Libras.
A CM pode permanecer a mesma durante a articulação de
um sinal, ou pode alterar-se de urna configuração para outra.
Quando acontece a alteração na configuração de mão, ocorre
deslocamento interno da mão, fundamental mudança que
interfere na configuração dos dedos selecionados.
■ Ponto de articulação (PA) ou Locação (L): Lugar
em que será realizado o sinal. O Ponto de Articulação pode se
localizar no rosto, cabeça, braços, troncos e até pernas, corno
acontece no sinal de "shorts".
Pode também representar um espaço neutro, corno
exemplifica a imagem 3. O PA exerce ação de influência no
significado do sinal, tanto que havendo mudança de lugar, há
também mudança de significado. Na Libras, assim corno em
outras Línguas de Sinais que até o momento foram objetos de
estudos, o espaço de enunciação é urna área que possui os pontos
dentro da esfera de alcance das mãos.

Figura 5 - Ponto de Articulação

Fonte: Baltison, 1978. P.49


52
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Nesse espaço interno de enunciação, define-se um número
limitado de pontos de articulação. Alguns são mais objetivos,
como a ponta do nariz, e outros são mais vastos, como a frente
do tórax.
■ Movimento (M): Este parâmetro contempla várias
formas de movimentos importantes nas Línguas de Sinais,
quando alterado, reflete no significado dos sinais, o que pode
ocasionar mudança secular, necessário ter objeto e espaço. As
mãos da pessoa que realiza o movimento representam o objeto,
enquanto o espaço de enunciação é o espaço que abrange o corpo
do indivíduo que enuncia. (Ferreira Brito e Langevin, 1995). O
movimento é determinado como um parâmetro incompreensível
por abranger um conjunto de direções, que vai de ações internas
da mão, os movimentos do pulso e os movimentos direcionais
no espaço (Klima e Bellugi 1979). Quanto ao movimento, há
estudos que orienta que o percurso pode estar nas mãos, pulsos e
antebraço. Os deslocamentos direcionais podem ter um sentido
único, duas direções ou mais.

Figura 6 - Movimento.

Fonte: Quadros; Karnopp. 2004.


LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ) (._s_3____

■ Orientação da mão: É um critério determinante no


significado do sinal. Na Libras, foram estipulados seis tipos de
movimentos: para cima, para baixo, para o corpo, para frente,
para a direita ou para a esquerda (QUADROS, 2004).
Figura 7 - Orientação das Mãos

(l'ARA 1'0RAJ

(PIO LADO
IPSO.AmALI

Fonte: Quadros: Kamopp, 2004

■ Expressões não manuais (ENM): São os movimentos de


cabeça, dos olhos, da face ou do tronco, expressam as proposições
indicativas interrogativas, relativas, topicalização, concordância.
54
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

++ SAIBAMAIS

Sobre as Expressões Manuais e Não Manuais dedique-se e


confira a aula em três vídeos produzidos pelo Instituto Nacional
de Educação de Surdos (Ines):
Gramática Libras - Parte 1: https://bit.ly/21Th1Jg.
Gramática Libras - Parte 2: https://bit.ly/2Bed0ev.
Gramática Libras - Parte 3: https://bit.ly/2oAoZR0.

O acesso a nova cultura é originário do acesso a Língua de


Sinais que possibilitou caminhos e auxiliou no desenvolvimento
dos surdos, a língua e a cultura são construções que se
complementam e acrescenta na ampliação da cultura.
Geralmente associamos o termo cultura à Língua de Sinais,
mas não podemos esquecer que a cultura não se resume somente
a um conceito linguístico.
A Língua de Sinais propiciou a formação de grupos
sociais que interagem por meio dessa língua, constituindo uma
coletividade surda.
Felipe (2002) cita que as línguas e, consequentemente as
culturas proporcionam novas sensações, por meio de sistemas
que carregam categorias que, em harmonia em seus contextos,
considera acontecimentos, qualidades, e outras situações que
proporciona significado.
Há línguas que fazem subclassificações apartando os
elementos em animados e inanimados, penetrando o gênero,
tamanho, o formato, a consistência, o número, o caso, o modo,
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
55

o tempo, o aspecto e o sistema de flexão para concordância


(FELIPE, 2002).
Os classificadores encaixam-se na Língua de Sinais e
nas Línguas Orais. Intitula-se classificador um afixo usado
especificamente nas Línguas Negro-africanas, para exemplificar
a classe nominal pertence de um vocábulo.
Assim corno em algumas Línguas Orais e várias Línguas
de Sinais, estão lá os classificadores, inclusive a Libras e esses
são urna espécie de morfema gramatical e lexical, que tem a
função de referir-se a classe a que pertence e descrever formas,
ações verbais, etc. (FERREIRA-BRITO, 1995).
Pizzio et al cita o linguistaAllan (1997), que aponta quatro
tipos de classificadores nas Línguas Orais, que constituem um
conjunto universal.
Confira a seguir:
Obrigatório
1. Línguas de classificador numeral: São línguas em que
um classificador é básico em muitas expressões quantitativas e
em personificações anafóricas;
2. Línguas de classificador concordante: São línguas
em que os classificadores caminham juntos aos nomes e seus
modificadores, predicados e pró-formas;
3. Línguas de classificador predicativo: São dominantes os
verbos classificadores, que diversifica o seu radical conforme as
caracteristicas das entidades que corrrunica argumentos do verbo.
4. Línguas de classificador intralocativo: Nela os
classificadores nominais são in1rnduzidos em expressões
locativas que forçadamente seguem nomes em muitos contextos.
Referente aos tipos de classificadores, pode-se acrescentar
e subdividir-se dentro de outras.
56
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
A categoria que se refere às pessoas e aos animais caracteriza
as relações naturais que se desenvolve entre o gênero feminino
e masculino e de adulto ou criança. As que não possuem vida
representa objetos, coisas como árvores, montanhas e outros.
■ O tipo de classificador que representa formato
exemplifica objetos longos, com formato arredondado que possui
variadas superfícies.
■ A terceira é a densidade e associa-se com material e forma.
■ A que reúne dois grupos, é a quarta: grandes e pequenos.
■ A quinta é a localidade, que se representa um lugar de
concentração, um ponto.
■ A sexta é o arranjo, que descreve um motivo específico.

E a sétima representa característica quantitativa, que
demonstra volume, por exemplo.

- REFLITA

Eliminar situações que já passaram e requisitar o presente para


a cultura surda se tornou objeto. Um passado mergulhado na
incumbência de tornarem ouvintes e, por conta disto, aceitar
o domínio da sua história os marcou de tristeza. Diante disto,
surgem novos feitos e novas interpretações no cotidiano. Por isso
é inaceitável prosseguirmos com as antigas realidades, contadas
como antigamente, no tempo da opressão. Há outros caminhos que,
mesmo ainda não percorridos precisam ser relembrados, vividos,
por contemplarem a autêntica história natural e cultural dos surdos.
Sim, temos nossas persistências de significação quais sejam: a
busca por uma Educação Bilíngue, de qualidade, por políticas
para a Língua de Sinais no Brasil, pela conquista do conhecimento
inserido nas universidades, e há muitos espaços que possibilitam
novas histórias e significados que nos alegra, vivenciados em nosso
cotidiano e que nos reporta a outras oportunidades.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
57

~ ACESSE

Não deixe de conferir o filme "O milagre de Anne Sullivan" (The


Miracle Worker, 2000), com direção de Nadia Tass. A escritora
Helen Adams Keller, surda e cega, graças à ajuda e motivação
da professoraAnne Sullivan, superou as suas dificuldades. Para
assistir, acesse https://bit.ly/2VJ1 EIR.

Língua de Sinais e Classificadores


Pizzio et al. (2008) cita que existem várias referências de
classificadores verbais e formas de representação. A opção por um
classificador é fundamentada no combinado lexical relacionado à
concordância gramatical, o que o subdivide em conjuntos.
Conforme Pizzio et al. (2008), os classificadores que
exercem a ação de descrever são visualmente entendidos
conforme a sua representação de imagem. Por meio deles é
possível entender os elementos essenciais, incorporar ações
usando os classificadores de acordo com a necessidade.
Essa especificidade de classificador abrange subgmpos:
o dimensional, que expõe as dimensões, a bidimensional, que
é o dobro das dimensões que se vê, e o tridimensional, que
demonstra todas essas dimensões que permitem registrar a
sensação de introdução da ênfase visual (PIZZIO et al., 2008).
Os classificadores dentro da Língua de Sinais são
configurações de mãos que sinalizam aquilo que se quer com
os objetos, interação com as pessoas e até mesmo com os
animais. Os classificadores expressam e auxilia na interação
em todos os ambientes.
Segundo Felipe (2007), sinalizam em concordância com
os marcadores substituindo e estabelecendo o sujeito, o objeto
em questão à ação verbalizada. Os classificadores auxiliam
58
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
na representação inclusive de expressões que exigem o uso do plural.
Alguns sinais são icônicos e confundem-se com os
classificadores, importante atentar-se para não substituir pelo
termo "classificadores", que são algumas configurações de
mãos incorporadas junto a tipos de verbos específicos e que
são exigidos, com os adjetivos que tem função de descrever
na Língua de Sinais, por serem gesto-visuais, representam
iconicamente qualidades de objetos (FELIPE, 2007, p. 173).

~ ACESSE

O texto Sistema de flexão verbal na Libras: os classificadores


considerados marcadores de flexão de gênero, Tanya A Felipe
trata de expor os classificadores de forma clara. Não deixe de
acessar: https://bit.ly/2HiOH2O.

lntensificadores no discurso da Libras


Os intensificadores são representados tanto pelos adjetivos
quanto verbos e intensificadores que conhecemos como
"rápido e muito". No caso dos verbos, incorporam advérbios
transparecendo as alterações de movimentos. Os intensificadores
estão presentes nas expressões não manuais, que são as faciais e
corporais (FELIPE, 2007).
Para intensificar uma ação repetimos o sinal que representa
a expressão corporal que é geralmente um movimento lento, até
por conta da própria interpretação.
Para obter sucesso na realização do sinal que demonstra
a intensificação rápida, a ação já deve ser incorporada por um
movimento acelerado repetido várias vezes seguidamente.
Um bom exemplo é o sinal de feio:
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..._
59

Figura 8 - Sinal de feio

Fonte: Quadros; Kamopp, 2004.

Perceba que no sinal de feio há uma expressão facial que


colabora com a interpretação, para dizer ''muito feio" é só repetir
o sinal algumas vezes seguidas para demonstrar intensidade.
Exemplo de Feliz:
Figura 8 - Sinal de feliz

Fonte: Quadros; Kamopp, 2004.

Perceba que no sinal de feliz há uma expressão facial que


colabora com a interpretação, para dizer ''muito feliz" é só repetir
o sinal algumas vezes seguidas para demonstrar intensidade.
Comum usar esses intensificadores em exposições
na Língua de Sinais, as marcas não manuais que são as
expressões faciais e corporais são bastante utilizadas pelos
60
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
surdos para argumentar ou explicitar na comunicação, dão
sentido intensificado.
As marcas morfológicas auxiliam no cumprimento desse
papel, vamos entender:
a) Morfema adjetivo: É o deslocar da cabeça e a direção
do olhar, ao mesmo tempo do sinal manual, expressa um
substantivo qualitativo.
b) Morfemas dêiticos: É a indicação do olhar e da cabeça,
ao mesmo tempo de um sinal relativo ao pronome, sinaliza uma
referência de espaço singular para os referentes.
c)Intensificador: Representa uma expressão facial
direcionada, e alguns deslocamentos auxilia na caracterização,
como o levantar das sobrancelhas, as bochechas cheias, os olhos
bem abertos como se estivesse arregalado, tudo concomitante
com o adjetivo, substantivo ou classificador.
d) Caso modal: É uma expressão facial específica, marcada
pela boca, simultânea com a marcação de um verbo, caracteriza um
caso modal.
e) Negação, reprovação: O Movimentação não manual
marca uma expressão particular, indicada pela movimentação
contínua da cabeça para os lados e testa enrugada, juntamente
com um determinado sinal; a cabeça sutilmente inclinada.
f) Morfema para grau de adjetivo: A proporção pode ser
marcada no olhar com o movimento de dilatar ou diminuir as
pálpebras em ação com o erguer das sobrancelhas e ao contrair
as bochechas, tudo isso marca os graus aumentativo ou grau
diminutivo e o superlativo.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
61

~ ACESSE

A leitura de "O discurso verbo-visual na Língua Brasileira de


Sinais - Libras, de Tanya A Felipe, traz o discurso verbo-visual
na Libras. Você pode acompanhar mais exemplos do uso do
intensificador no discurso da Língua Brasileira de Sinais, com
imagens, situações e referências de pesquisadores do terna.
Saiba mais em: https://bit.ly/2VxMXLK.

Alfabeto manual e números (cardinais e


quantidades); condições climáticas, ano
sideral e calendário
Encontrarmos pessoas que associam a Língua de Sinais ao
alfabeto manual, e isto é um grande equívoco, que acontece por
falta de informação.
Utiliza-se o alfabeto manual em três situações:
■ N ornes de pessoas e/ou lugares
■ Palavras que desconhecemos os sinais específicos.
■ Configurar um determinado sinal. Ex.: sinal
DESCULPAR configuração da mão em y.
■ Soletração rítmica, trata-se de um empréstimo da
Língua Portuguesa, sendo expressa com um ritmo próprio e em
situações específicas.
A-C-H-O, M-Ã-E, N-Ã-O, V-A-1.
62
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
O alfabeto manual pode ser feito com qualquer uma das
mãos, só o que não é possível acontecer é trocar as mãos durante
a sinalização.
3- Os primeiros movimentos são doloridos por conta da
falta de prática.
4- Na datilologia usa-se o espaço ao término da 1.ª palavra
(lembrando o espaço da antiga máquina de escrever manual).
A-N-A (espaço) M-A-R-1-A

++ SAIBAMAIS

O alfabeto manual não é universal, difere de país para país.


Existem apenas alguns que são semelhantes.

Números
Os numerais ordinais do PRIMEIRO até o NONO têm a
mesma forma dos cardinais, mas aqueles possuem movimentos
enquanto estes não possuem. Os ordinais do PRIMEIRO até o
QUARTO têm movimentos para cima e para baixo e os ordinais
do QUINTO até o NONO têm movimentos para os lados. A
partir do numeral DEZ, não há mais diferença entre os cardinais
e ordinais".
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) (,.__6_3_ _ __

Figma 8 - Números O a 9.

3oc 4oc

~
-- ~--
-
'-' -
.
'-'

5oc 60< 7oc 80< goc

~ ~~ ((~))
-
.._,. "-.:: -
'-'
Fonte: Quadros; Kamopp, 2004.

Valores
Representam regras para valores.
Os sinais em valores de R$ 1,00 a 4,00 por exemplo são
realizados de forma de rotação avançando os números para
quantidade. Observe o exemplo:

-- -- ~-- Figma 9 - Valores de 1 a 4

6 ~- - -
~ '-'
~
'-' '-'

Não é necessário usar o sinal de real pois o mesmo já está


subentendido no contexto do movimento de rotação da mão.
Os sinais para valores à partir de 6,00 deverão ser feitos
com sinais de números cardinais:
Figma 10 - Valores de 5 a 9
64 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
----~

Calendário - Dias da Semana


Figura 11 - Sinal de Semana

Figura 12 - Sinais de Dias Específicos

DEZ DIAS VINTE OIAS SOLETRAR DIAS

Figura 13 - Sinais de Domingo a Sábado

S'feira 6' feira Sábado Domingo


LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais J (~6_5 _ __

Meses do ano
Figura 14: Sinal de cada mês do ano

~~ MÊS JANElRO FEVEREIRO (1}

~~ ~
FEVEREIRO (2) ABIHL

i 4w MAIO JUNHO JULHO

í &~ AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO

~& NOVEMBRO DEZEMBRO


66
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Condições Climáticas
Figura 15: Sinal de todas as estações do ano

PS ESTAÇôES DO ANO
li
sio:

l i~
PRIMAVERA, QUE TEM MUITPS FLORES;

~, i~~
vml>D, QUE SEMPRE É MUrTO QUENTE:

~ lw~ ~
OUTONO, OUANDO PS FOLHAS CAEM;

~~~~
E INIIERNO, QUANDO SEMPRE É MUrTO FRIO.

~ ~~
Advérbios de tempo e flexões de frases
na negativa, interrogativa e exclamativa

Estrutura Sintática
A estrutura gramatical da Libras não é a mesma da Língua
Portuguesa, porque ela tem gramática diferenciada, independente
da Língua Oral.
A ordem dos sinais na movimentação de um enunciado
segue regras próprias que obedece a toda uma percepção visual-
espacial da realidade.
Perceba como as estruturas são independentes:
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
67

Íx EXEMPLO

Libras: EU IR PARQUE
(Verbo direcional)
Português: " Eu irei para parque. "
''para" - não se usa em Libras porque está incorporado ao verbo
Libras: FLOR EU-DAR MULHERABENÇÃO
(Verbo direcional)
Português: "Eu dei a flor para a vovó."
Libras: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação)
Português: "Para que serve isto?"
Há alguns casos de omissão de verbos na Libras:
Libras: "CINEMAO-M-E-U-H-E-R-O-I MUITO-BO@"
Português: "O filme Meu herói é maravilhoso!" Exclamação
Libras: PORQUE PESSOA FELIZ-PULAR
Português: "... porque as pessoas estão felizes demais!"
Exclamação

P0 OBSERVAÇÃO

Exclamação
Na estruturação da Libras observa-se que a mesma possui regras
próprias; não são usados artigos, preposições, conjunções,
porque esses conectivos estão incorporados ao sinal.
68 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
----~
Sinais de verbos e suas negativas
Tratando da sintaxe, as sinalizações não-manuais indicam
tipos de construções específicos, como acontece nas sentenças
interrogativas, afirmativas, condicionais, negativas.
No caso vamos focar na negativa:
■ Sentenças negativas traz um elemento de negação
explícito, como o "não" o "nada", a expressão "nunca".
■ Segundo Arrotéia (2005), existem duas formas de
expressar a negação não-manual em Libras.
■ Realizar o deslocamento da cabeça de um lado para o
outro indicando a negação, lembrando que ele não é obrigatório,
apenas está relacionado a questões discursivas.
1º A utilização de expressões faciais de negação
onde a característica facial em que há o abaixamento
dos cantos da boca ou arredondamento dos lábios,
sempre agregada ao abaixamento das sobrancelhas
e ao discreto abaixamento da cabeça.
É obrigatório o movimento de negação da cabeça por estar
relacionadas a questões sintáticas.
Figura 16: Sinal de Expressão negativa

Fonte: Freepik
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 69
...__

UNIDADE

COLOQUIAL
70 J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-
----~

INTRODUÇAO
A Libras é uma disciplina idealizada para que estudantes
tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura
Surda e os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil; As
Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos.
A Libras é uma língua natural reconhecida como um meio de
comunicação legal reconhecida pela Lei 10.436 de 2002, é a partir
dessa lei que os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia
e licenciaturas tem a garantia do contato com disciplina de Libras
para a sua formação, o que é um avanço relevante tantos para
esses profissionais como para a comunidade surda.
O que você receberá aqui são informações que com certeza
irão lhe auxiliar na tomada de decisões caso no seu percurso
profissional, na sua rotina diária você encontre pessoas surdas
ou outros profissionais que trabalhe com pessoas surdas.
Você já sabe qual é a Língua usada nas comunidades surdas?
Sim, então agora estudaremos juntos a parte da linguística que
descrevem a língua no âmbito da construção gramatical da Libras.
Este material dará trará informações relevantes referentes à
fonética e à fonologia, que é onde começa a estrutura da gramática,
entenderemos os parâmetros da Libras e as suas funções.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
71

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem - vindo a nossa Unidade 3, e o nosso
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes
competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1 Entender os parâmetros
perspectiva;
espaço, direção e

2 Aprender os sinais que representam o tempo e


números ordinais;

3 Identificar pronomes e expressões que fazem parte


do cotidiano;

4 Compreender verbos específicos e as suas variações.

Então? Preparado para urna viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
72
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Espaço, Direção e Perspectiva
ALínguaBrasileira de Sinais, como estudado anteriormente
possui uma estrutura gramatical própria, como qualquer outra
língua. Não são apenas gestos ou mímicas, todas as marcações
e sinalizações realizadas constituem um sentido de expressão.
Existem os níveis linguísticos, morfológicos que é a parte da
gramática que analisa os vocábulos de forma independente, a
análise do sistema sonoro de cada idioma, nível sintático que
estuda a construção da oração, e semântico que nos leva ao
entendimento do significado das palavras.
O que vai refletir a variação da Libras em comparação com
as outras que também conhecemos é sua modalidade visual-
espacial que é representada por sinais diferentes da Língua Oral
auditiva que utiliza a palavra. Os gestos e expressões faciais e
corporais estabelecem uma relação de compreensão entre os
participantes do diálogo. A Língua de Sinais não é única em
todos os lugares do mundo, ela sofre variações regionais.
[.. ]considera-se pessoa surda aquela que, por ter
perda auditiva, compreende e interage com o mundo
por meio de experiências visuais, manifestando
sua cultura principalmente pelo uso da Língua
Brasileira de Sinais - Libras. Parágrafo único.
Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,
parcial ou total, de quarenta e um decibéis ( dB) ou
mais, aferida por audiograma nas freqüências de
500Hz, l.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Art. 2° do
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005)
A Língua de Sinais é baseada e desenvolvida no âmbito
de maior percepção do surdo, que é a dimensão espacial,
com estrutura semântica, sintática e gramatical mesmo sendo
basicamente diferente das línguas escritas e expressadas
verbalmente. Quando tratamos de uma língua que não possui
sonoridade ficamos mais atentos a perceber de forma singular
os processos de sentido, o uso da Libras no cotidiano do
surdo minimiza as dificuldades de aprendizagem que ocorre
continuamente em ambientes onde a Língua Oral é imposta.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
73

T SAIBA MAIS

Estudiosos da ciência que estuda conflitos linguísticos, cientes


da essencialidade da Língua de Sinais, apontam as divergências
vivenciados pelos surdos nas situações de inclusão escolar,
dadas as razões concernentes à forma peculiar de comunicação e
de compreensão do mundo.

Parâmetros e Componentes
Quando mencionamos a respeito dos articuladores da
Língua de Sinais, afirmativamente pensamos no movimento das
mãos, juntamente com outras partes do corpo que compõem o
movimento, corno a cabeça, face e tronco.
Vamos relembrar os parâmetros que formam os sinais em Libras.
São cinco:
■ A configuração da mão:
A representação seguida pela mão, resulta na posição dos
dedos, cada idioma tem seu próprio repertório de configurações,
algumas são mais cowrnplexas que exige treinamento,
alongamento dos dedos e outros mais simples por não exigir
movimento e articulação.
■ Ponto ou local de articulação:
O ponto ou local de articulação orienta onde é possível
o toque no corpo ou no espaço. Ele é demarcado pela extensão
dos braços e acontece acima da cabeça ou também para frente
do corpo, geralmente o tamanho do sinal pode ser comparado
à emoção, intensidade da voz, ritmo, tudo isso para que
visualmente fique mais perceptível.
74
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
■ Orientação/direcionalidade:
Existem sinais que possui a mesma configuração, são
comuns no ponto de articulação e movimento, se diferencia
apenas na orientação da mão, o que já altera por completo o
sinal e o seu movimento.
■ O movimento:
É comum que não haja sinais estáticos em um local, porém,
não livres de movimento, o parâmetro de movimento é maneira
como a mão se desloca, pode ser de forma linear, arqueada,
circular, simultânea ou alternada com ambas as mãos, que pode
ir para a frente, em direção a direita, esquerda etc.
■ Expressão facial e/ou corporal:
Também chamados de componentes não manuais: as
fisionomias faciais e corporais, vocalizações parciais de palavras
e movimentos dos olhos, cabeça e corpo, eles têm um papel
importante na produção dos sinais, porque complementam o
sentido do que está sendo expressado.
É através desse parâmetro que inserimos todas as marcas
necessárias para articular o sinal, pensar no que é correto em
termos de parâmetro para expressar a palavra na qual nos
referimos na língua de sons.
Componente oral: são os movimentos realizados com a boca
e bochechas que complementam a descrição fonológica do sinal.
Posição de sobrancelha e testa: A expressão das sobrancelhas
pode ser enrugada, levantada ou manter a posição neutra.
Mais alguns aspectos importantes da expressão facial e/
ou corporal é a direção do olhar, posição do corpo, posição e/ou
movimento da cabeça, expressão facial global.
Todos esses parâmetros desempenham uma função
diferente, cada um tem o seu lugar, possibilitando a origem a um
sinal variado.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 75
-----
A observação a todos os movimentos e desenvolvimento
dos sinais contribui muito para a aprendizagem, entender os
parâmetros auxilia na prática e assimilação da língua.

Espaço na Libras
Figira 1 : Parâmetros na Libras

Os Parâmetros na

Fonte: Editorial Telesapiens

As relações gramaticais são verificadas quando observamos


o manuseio dos sinais no espaço, as proposições acontecem no
interior de um espaço delimitado na frente do corpo, contempla
uma área que vai da extremidade da cabeça até os quadris.
A finalização da sentença na Libras é orientada por
um intervalo.
A ilustração abaixo, demonstra o espaço de efetivação
dos sinais:

Figura 2 - Espaço na Libras

TRABALHAR SÁBADO
Movimento Movimento

Mão"

Fonte: Editorial Telesapiens


76
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
O local em que se identifica o ponto de articulação
é o espaço no corpo em que o sinal é realizado. O espaço de
enunciação é o campo que contém todos os pontos inseridos
no quadrante de extensão das mãos. Como qualquer Língua
de Sinais, a organização visual-espacial é uma característica
fundamental e está evidente em todos as situações de análise.
Referente ao nível fonológico, um mesmo sinal pode ser
realizado em diferentes locais, inclusive no espaço neutro, que é
a dimensão localizada na frente do comunicador.
A variação do ponto requerido na área para a execução
de um sinal, pode gerar sinais com referentes diferentes. Veja
alguns exemplos:

Figura 3: Espaço na Libras

Aquela
casa ali

Aquela Esta casa


casa lá do lado
direito

Fonte: Editorial Telesapiens

Na figura 3 é possível notar que o desenvolvimento de


um sinal em um específico ponto na área origina alterações de
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais J (,_1_1____
sentido relacionados a questões semânticas. Para especificar um
referente, é praticável produzir um sinal em urna estabelecida
localização; se o mesmo sinal for imitado em distintos pontos
do espaço, estaremos no domínio morfológico, por conta dos
movimentos que aponta urna marcação múltipla e flexão verbal.
No estado sintático, a escolha do espaço é examinada para definir
combinações gramaticais entre os referentes.
Figura4: Direção na Libras

Engano Desculpas

Fonte: Editorial Telesapiens

Os sinais transmitem uma direção, quando invertidos pode


acontecer de representar um significado contrário.
As mãos se deslocam em movimentos internos de mão,
pulso e também direcionais no espaço.

Figura 5: Mãos na altura do peito e cabeça

Fonte: Editorial Telesapiens


78
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

~ ACESSE

A história presente no filme O milagre de Anne Sullivan (The


Miracle Worker, 2000), sob direção de Nadia Tass, expõe como
a escritora Helen Adams Keller, surda e cega, ultrapassou as suas
limitações. Os ensinamentos da professoraAnne Sullivan, deficiente
visual a auxiliou, ainda na infância, Helen Keller tomou-se filósofa
e jornalista de sucesso. Confira em https://bit.ly/2VJIEIR.

Perspectiva na Educação dos Surdos


Tratando da perspectiva no âmbito educacional que inclui
as pessoas com surdez, a educação bilíngue é aquela que motiva
o aluno a se expressar e sentir-se participante do ambiente
escolar auxiliando-o no exercício cognitivo e treinando as suas
habilidades que proporcionarão interação no meio do grupo
social no qual pertence.
Infelizmente a insistência no embate entre a relação no
uso individual da Libras e/ou da Língua Portuguesa mantém os
alunos surdos longe das escolas, afasta intenções que parte de
iniciativas escolares de reconhecimento inclusivo.
O decreto de 5 de dezembro de 2005, sob nº 5.626 garante
que as pessoas com surdez tem por direito a uma educação
formadora em que a Língua de Sinais e a Língua Portuguesa
sejam contempladas no ensino de forma simultânea porque isso
auxilia no processo de desenvolvimento escolar.
Um ambiente que favoreça a aprendizagem a todos os
alunos, que estimule a capacidade de idealização de novos
pensamentos, conceitos e aprendizagem em sala de aula parte de
uma busca de recursos variados, uma metodologia que pratique
a vivência onde jutos, alunos e professores desenvolvam um
raciocínio e chegem as respostas de seus questionamento, essa
postura faz com que o aluno desenvolva as suas habilidades.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ) ( 79
------ - - -
As aulas devem ser elaboradas por professores das áreas
que compõe o quadro de disciplinas da instituição para que
construam conhecimentos diferentes.
A confiança no professor é um dos fatores que garantirá o
êxito na aprendizagem, dependendo da forma que o profissional
o acolhe, o aluno se sentirá respeitado e acatará as informações
e aprendizado transmitido, gerando assim uma relação de troca.

Figura 6: Crianças aprendendo linguagem de sinais.

Fonte: http://bit.ly/335hw1e

A naturalidade das Línguas de Sinais e também a sua


complexidade por ser identificada como um canal visual-
espacial, utilizando da articulação manual, fisionomias faciais
e expressões corporais compõem a sua estrutura. As línguas
são independentes umas das outras, a Língua de Sinais possuí
uma estrutura gramatical própria sendo possível notar aspectos
linguísticos presentes na fon o1ogia, na m orfo lo gia, características
sintáticas e semânticas. É possível assim como em outras
línguas, um diálogo fluente e discussões que comtemplem temas
relacionados a contexto específico e variado.
80
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Ela não é universal, possui diversas variações regionais,
aqui no Brasil é reconhecida pelo decreto de lei nº 10.436/2002
como legítimo meio de comunicação e expressão.
Ultimamente diversas manifestações pedagógicas
promoveram o uso da Libras nas escolas, propiciando o ensino
já que não é uma língua usual na maioria dos ambientes sociais,
por isso que a construção de ambientes educacionais é um desafio
pertencente às políticas públicas de inclusão nas escolas no Brasil.

t SATBAMATS

Aniquilar o passado e quererviver o presente éum trunfo para a cultura


surda. Uma vivência na obrigação de aceitar que outros fossem
protagonistas de sua história, a opressão que viveram marcou-os de
forma triste. Agora, surgem novas conquistas e significações no dia
a dia. Se persistirmos com a realidade da época colonial, corremos
o risco de registrar uma história de renúncia, de dominação, de
lamentos. Há outros caminhos a serem percorridos que estamos a
descobrir e que serão vivenciados e narrados por produzirem uma
autentica história cultural. São lutas de significação que persiste na
busca por uma educação bilíngue, por políticas que contemple e
ampare a Libras, por posições igualitárias para profissionais da área.
E muitos outros espaços que propicie novos sentidos.

Tempo e Numerais Ordinais


As expressões que envolve os numerais ordinais são
expostas do primeiro até o nono, configura-se como os cardinais,
o que os diferencia são apenas alguns movimentos. Os ordinais
que representam do primeiro até o quarto realizam movimentos
para cima e para baixo e os ordinais do quinto até o nono
desloca-se para os lados. No numeral "dez" não existe alteração
intervalar nos ordinais e cardinais.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) (..._8_1_ _ __

Figura 7: Números ordinais

10
Fonte: Editorial Telesapiens

Tempo na Libras
A Libras não contempla variações verbais como na Língua
Portuguesa, para representar o verbo no tempo passado, futuro
ou presente, a ação é quem vai determinar, por exemplo, a
inserção dos advérbios hoje, amanhã, ontem, semana-passada.
Até aparecer no diálogo um sinal que represente outro
tempo além do passado, tudo é interpretado como acontecimento
82 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-----~
que já ocorreu, ou seja, tempo passado, assim, não acontece da
comunicação possuir um sentido ambíguo.
Os sinais que representam uma especificação temporal,
geralmente, acompanham uma marcação de passado, futuro
ou presente:

Figura 8: Sinal de passado

FUTURO
PASSADO PRESENTE

Fonte: Editorial Telesapiens

Poucos desses sinais introduz essa marca de tempo não


demandando uma sinalização separada como ocorre nos sinais
de ontem e anteontem.
Figura 9: Ontem e Anteontem

ONTEM ANTEONTEM

Fonte: Editorial Telesapiens

Outros sinais como ano exige o acompanhamento de uma


sinalização que represente o futuro ou presente, mas importante
observar que quando mencionamos o passado ele sofre uma
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais J ( 83
---- - - -
mudança na direção do movimento "para frente" e "para trás" o
que já significa 'ano passado'.
Figura 10: Sinal de Ano Passado
...passado

Fonte: Editorial Telesapiens

Figura 11 : Sinal de Próximo Ano

Fonte: Editorial Telesapiens

Para a marcação de tempo, são usados locais no espaço


para a articulação dos movimentos. Como pode se observar
na figura que representa o sinal de passado, a orientação de
movimento é para traz, já o futuro, o movimento é para frente
e quando refere-se ao presente, a movimentação é direcionada
para à frente do corpo do sinalizador.
84 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-------

T SAIBA MAIS

Uma base significativamente diferente do tempo foi examinada na


Língua de Sinais Urubu-Kaapor, Língua de Sinais da cultura indígena
Urubu morador da Floresta Amazônica, para expressar o tempo verbal
no futuro utilizam-se de configurações para cima e o presente no tronco.

Pronomes e expressões interrogativas: Quando-


Passado,Quando-Futuro, D-1-A, Que Hora,
Quanta-Hora
A Libras abrange um sistema pronominal que representa as
pessoas que fazem parte do discurso, interessante que não existe
sinalização de gênero. A facilidade é que quando o pronome está
marcado no singular, o sinal que se usa é o mesmo para todos,
o que vai orientar a diferença de gênero é a orientação da mão:

....,
■ Singular, Dual(mão no formato do numeral 2).


- (

Trial (Mão no formato do numeral 3).


LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 85
- ----

■ Quadrial (mão no formato do numeral 4).

■ Plural (fazer o sinal de grupo ou com a mão em


configuração e "D" fazendo um semicírculo à frente do
sinalizador, apontado para as 2ºs ou 3ºs pessoas do discurso).

Pronomes Pessoais

Representa a 1ª pessoa do singular a marcação que aponta


para o peito do próprio emissor, que é a pessoa que se expressa:
Para representar a 2ª pessoa do singular a marcação que
aponta para o receptor da mensagem, que é a pessoa na qual se
interage no momento:
86 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
----~

Para referir-se a 3ª pessoa do singular há o apontamento


para a pessoa que não faz parte do diálogo mas se encontra em
algum ambiente próximo.
Expressões Interrogativas
■ QUE e QUEM são pronomes usados quando se inicia
uma frase.
■ ONDE e QUEM representa um significado de QUEM-É
ou DE QUEM É e são inseridos no final da frase.

Que Quem Onde

As expressões interrogativas são acompanhadas de uma


expressão facial que na verdade é o que indica que está se
fazendo uma pergunta:

Quando e D-1-A
Vamos aos exemplos para facilitar o entendimento:
■ Quando passado
Irmão mudar de casa quando-passado?
■ Quando futuro
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais ) ( 87
-----
Ele passear Fortaleza quando-futuro?
D-1-A
Eu aprender Libras escola sua. Você poder D-1-A?

Que-Horas e Quantas-Horas
Usa-se dois sinais para verificar as horas.
Podemos usar conforme as ilustrações abaixo:

■ Hora nessa imagem representa um tempo cronológico


e para completar o entendimento observa-se a expressão
interrogativa no rosto.

■ Que hora? O arqueado da sobrancelha induz a pergunta


interrogativa, a expressão é essencial, ela define muitas vezes o
sentido a ser ao diálogo.
■ Horas do dia - indica-se os numerais que representa
quantidade, após as 12 horas, a contagem inicia-se novamente:
HORA 1, HORA 2, inserindo o sinal TARDE, geralmente o
88
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
sinalizador já entende que a marcação refere-se ao período da
manhã, tarde, noite ou madrugada.
HORA - com sentido de tempo de duração, são feitos
formato de círculos em volta da face.
QUANTAS-HORAS - A expressão facial determina a
característica interrogativa. Essa pergunta quer dizer quanto
tempo se gastará para a execução e uma tarefa.
■ Filme começar que-hora lá?
■ Você dormir que hora?
■ Assistir filme quantas-horas noite?
■ Caminhar escola até parque quantas-horas?

Sinais do verbo PROCURAR e suas variações


Há variação entre o verbo com e sem flexão:

ESTOU PROCURANDO
O RELÓGIO.

Fonte: Editorial Telesapiens


LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 89
-------

;
.,,. .,,.. - - ........ ... continuidade ...
EU PROCURAR EMPREGO.
Eu procurando emprego

MAIORIA PESSOA PROFISSÃO-TRABALHO

........ -
... - .,,...,
COMPUTADOR A-N-A-L-1-S-T-A MAIS PROCURAR .
A PROFISSÃO ANALISTA DE SISTEMA
É O EMPREGO QUE TODOS PROCURAM.

\
35 PROCURARls VER S-l lsAJUDAR3s
CONSEGUIR EMPREGO DEL@
'.... ... - .,,.. ,"Y Ele me preocurou para ver se eu ajudava a arrumar
um emprego para ele

, -- - 'Ã
... continuidade ...
EU PROCURAR LÁPIS.
# "' Eu procurando o lápis.

EU PROCURAR DINHEIRO VOCÊ JÁ ACHAR?


' .... - - ...... Você achou o dinheiro que estava procurando?

\ EU JÁ PROCURAR, PROCURAR MAS ACHA

' ' .... - _, ;f NÃO CARRO!


Procurei, procurei, mas não achei o carro!

... continuidade ...


EU PROCURAR VOCÊ!
estava procurando você!

.,,. .,,.. - - ...... EL@ QUERER EU PROCURAR


M-A-R-1-A DELE@
Ela quer que eu procure Maria para ela!

\
IH! CHEFE JÁVIR AQUI PROCURAR VOCÊ ••.
Ih! O chefe veio aqui te procurar...
____9_o_,,) (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais

EMPREGO/ PROFISSÃO OBJETO PESSOA


1 1
... continuidade ... ... continuidade ... ... continuidade ...
eu procurar emprego. EU PROCURAR LÁPIS EU PROCURAR VOCÊ!

Estou procurando emprego Eu procurando o lápis. Eu procurando você!

libras- maioria pessoa EU PROCURAR EL@QUERER EU PROCURAR


profissão - trabalho DINHEIRO VOCÊjÁ MA-R-1-A DEL@.
computador a-n-a-1-i-s-t-a ACHAR?
mais procurar.

A profissão Analista de Sistema éo Você achou o dinheiro que Ela quer que eu procure
emprego que todos procuram. estava procurando? Maria para ela!!!

3s PROCURAR ls VER S-1 EU JÁ PROCURAR, IH! CHEFE JÁVIR AQUI


lsAJUDAR3s PROCURAR MAS ACHAR PROCURAR VOCÊ ...
CONSEGUIR EMPREGO DEL@ NÃO CARRO

Ele me procurou para ver se eu Procurei, procurei, mas não Ih! O chege veio aqui te
ajudava a arrumar um emprego achei o carro! procurar...
para ele.
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) ( 91
...__

UNIDADE

APLICADAS
92 J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-
----~

INTRODUÇAO
A Libras é uma disciplina idealizada para que estudantes
tenham contato relacionado a Língua de Sinais, a Cultura
Surda e os Preconceitos Linguísticos existentes no Brasil; As
Abordagens de Ensino para a Educação de Surdos.
A Libras é uma língua natural reconhecida como um meio de
comunicação legal reconhecida pela Lei 10.436 de 2002, é a partir
dessa lei que os profissionais da área da pedagogia, fonoaudiologia
e licenciaturas tem a garantia do contato com disciplina de Libras
para a sua formação, o que é um avanço relevante tantos para
esses profissionais como para a comunidade surda.
O que você receberá aqui são informações que com certeza
irão lhe auxiliar na tomada de decisões caso no seu percurso
profissional, na sua rotina diária você encontre pessoas surdas
ou outros profissionais que trabalhe com pessoas surdas.
Você já sabe qual é a Língua usada nas comunidades surdas?
Sim, então agora estudaremos juntos a parte da linguística que
descrevem a língua no âmbito da construção gramatical da Libras.
Este material dará trará informações relevantes referentes à
fonética e à fonologia, que é onde começa a estrutura da gramática,
entenderemos os parâmetros da Libras e as suas funções.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
93

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem - vindo a nossa Unidade 4, e o nosso
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes
competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1 Conhecer os sinais de diversas profissões e associar


o seu significado;

2 Aprender os principais sinais dos meios de


comunicação mais usados;

3 Conhecer os parâmetros dos sistemas de transcrição


da Libras;

4 Identificar a arte corno urna ponte de interação entre


surdos e ouvintes.

Então? Preparado para urna viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!
94
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Sinais de Diversas Profissões
O momento da escolha da profissão é uma fase de dilema
na vida de muitos jovens, inúmeros fatores influenciam nessa
decisão que é tão importante e define o futuro de muitos.
Afeta mais aqueles que já estão prestes a concluir o ensino
médio, ou que tem a necessidade de interromper os estudos por conta
de alguma circunstância que interfere na vida financeira familiar.
A imaturidade por conta da idade e falta de experiência na
vida, faz com que a decisão se torne ainda mais difícil, e por isso
algumas pessoas sentem-se confusas com influência externa que
vem por parte da família, da escola, dos amigos.

Influenciadores da Profissão
■ Família: Sem dúvida, os pais têm o poder de auxiliar os
filhos na decisão da profissão, e como é uma fase delicada, deve
haver bastante diálogo para que não se sintam incompreendidos
e desencorajados.
■ Vislumbre da profissão: Algumas profissões são vistas
como perfeitas por conta do reconhecimento do mercado.
■ Amigos influenciadores: Geralmente na fase da
escolha da profissão a amizade entre um grupo está intensa o
que causa influência de uma escolha ou outra porque a intenção
a princípio é estarem sempre juntos.
■ Profissão tendência: Anualmente, uma nova profissão
surge, mas é preciso agir com cautela e jamais por empolgação
do momento, porque o que é tendência hoje, amanhã não será
mais, daí o arrependimento futuro.
■ Remuneração: Sempre pensar no que vale a pena, se a
satisfação do dia a dia e trabalhar com algo que dá prazer ou os
ganhos de remuneração. Conciliar a satisfação profissional e o
sucesso financeiro é o ideal.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
95

■ Conclusões imaturas: Apreciar urna disciplina não


indica vocação profissional.
■ Preconceito: Existe e atinge a maioria das mulheres
que decidem se profissionalizar em áreas predominantemente
masculinas e há homens que não optam por áreas relacionadas a
ala feminina por receio do preconceito.

Surdos x Profissões
Os surdos são cidadãos que almejam por urna qualificação
assim corno os ouvintes, alcançar urna posição profissional bem
sucedido ou dar os primeiros passos para inserção no mercado é
urna situação que também acontece com eles.
Existem alguns trabalhos mais acessíveis aos surdos
que vêm ganhando espaço, são atribuições corno serviços
de digitação, tarefas administrativas, e até à docência, não
apenas serviço braçal corno geralmente associamos, é porque
há áreas que não exigem titulações e formações específicas
e que com trabalho braçal é possível executar, e essa oferta
de trabalho representa a Lei nº 7.853 de 1989 relacionada ao
Decreto 3.298 de Dezembro de 1999, que sustém a inserção
no mercado de trabalho.
As instituições que possui um quadro com mais de 100
funcionários, a Lei nº 8.213/91 preconiza que estas organizações
obrigam-se a ocupar de 2% a 5% dos seus cargos com pessoas
com deficiência.
Empresas com até 200 funcionários, a ocupação é de 2%;
de 201 até 500 empregados, 3%; de 501 a 1.000, 4%, e de 1001
em diante, 5%.
96
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
A área relacionada à informática oferece formações que
auxiliam na profissionalização do surdo, por exemplo, o curso
de informática ministrado pelo Ministério das Comunicações
em Brasília, já formou 22 jovens ouvintes e 8 surdos.
A docência é um segmento bem visto pelos surdos onde
eles também adquirem visibilidade profissional. A quantidade
significativa de docentes que ministram aulas no nível de ensino
fundamental, médio e universitário contribui para a função de
instrutor da Federação Nacional de Educação e Integração de
Surdos (FENEIS) ou das Secretarias de Educação dos Estados e
Municípios, seja como contratado ou por nomeação.

t SATBAMATS

O relato de Geraldo, que além de exercer a função de instrutor


no Instituto Pedagógico de Apoio a Educação dos Surdos de
Sergipe (Ipaese), ajusta computadores em domicílio e é aluno
do primeiro ano do nível médio no mesmo instituto, expõe uma
excelente situação de trabalho. Link: https://bit.ly/2ghgf2B.

Nestas organizações, executam a função de docentes dos


cursos de Libras, atividades de desenvolvimento, que tem por
objetivo a obtenção da língua pelas crianças surdas e atividades
que iniciam na Pré-Escola e vai até o Ensino Superior, que
proporciona o aprendizado por parte de todos os alunos que
desejam aprender, surdos ou ouvintes.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 97
- ----
Profissão de Intérprete de Libras
Figura 1 -Aula de libras na UnB

Fonte: Flickr

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), o Brasil conta com 1O milhões de surdos. A elaboração
de leis que garante o acesso, tem proporcionado a inserção de
surdos além de ambientes universitários, também a eventos
sociais e por isso a necessidade do profissional de Libras,
denominado profissionalmente como intérprete de Libras está
com visibilidade acentuada e é requisitado cada vez mais.
O curso de formação em Letras com habilitação em
Libras oferecido nas titulações de licenciatura e bacharelado
já é ministrado em algumas universidades do Brasil e tem
como objetivo capacitar profissionais no domínio da língua, a
composição curricular inclui disciplinas básicas. A principal
formação por parte dos intérpretes acontece em escolas e
universidades, porém a área é crescente e promissora.
Leis tem garantido a integração dos deficientes, em
decorrência as empresas de grande porte, disponibilizam
98 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
----~
parte das vagas a pessoas com deficiência. Além disso, nas
campanhas eleitorais é obrigatório nas transmissões, a tradução
por meio do profissional tradutor intérprete de Libras.

Sinais de Diversas Profissões


O sinal de Jornalismo para aquele profissional que exerce
função na área de comunicação, desenvolve entrevistas, traz
fatos, elabora matérias, artigos para divulgar em jornais, revistas
e outros veículos de comunicação.
Figura 2 - Sinal de Jornalista

Fonte: Editorial Telesapiens

Figura 3 - Sinal de Juiz

Fonte: Editorial Telesapiens

O sinal da profissão de professor que é aquele que instrui, ensina


disciplinas, auxilia os estudantes na aquisição de conhecimentos.
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) ( 99
~ -----
Figura 4 - Sinal de Professor

Fonte: Editorial Telesapiens

O sinal de instrutor designado para aquele que usa seus


conhecimentos em prol da educação, exercendo a função de
orientar, instruir estudantes, em ambientes escolares, diversos
cursos e instituições.
Figura 5 - Sinal de Instrutor

Fonte: Editorial Telesapiens

Sinal de diretor para o que comanda; pessoa que exerce


uma das funções de mais responsabilidade na administração de
instituições, organizações hospitalares e outras.
Figura 6 - Sinal de Diretor

Fonte: Editorial Telesapiens


100 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-------~
Figura 7 - Sinais de Profissões em Libras

~
,,
FOTÓGRAFO MÉDICO

Qr

~
MOTORISTA

~~-.
PILOTO

-.
PINTOR

~ ~
~
-
POLICIAL
-
PROFESSOR VETERINÁRIO

Fonte: Editorial Telesapiens

Sinais de Diferentes Meios de Comunicação


Figura 8 - Sinais de Meios de Comunicação

Aparelho de som Agenda de endereços

Agenda de telefones Bip


Fonte: Editorial Telesapiens
LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais) (,__10_1_ _ __

Figura 9 - Sinais de Meios de Comunicação

Carta

CD Comunicação

Filme Fita de video

Fones de ouvido Internet

Jornal Leitura labial

Lista telefônica Mímica

Fonte: Editorial Telesapiens


102 ) ( LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
-----~
Figura 10 - Sinais de Meios de Comunicação

Telefone celular Telefone público (orelhão)

Telegrama

Telejornal Televisão

Fax1 Fax2
Fonte: Editorial Telesapiens

Sistema de Transição
A transcrição da Libras para a Língua Portuguesa conta
com especificidades que viabiliza o entendimento no contato
com a língua.
Diferente da Escrita de Sinais, nas palavras da Língua
Portuguesa, os itens lexicais são representados em letras maiúsculas.
Vamos aprender com exemplos:
Se um sinal relaciona-se a duas palavras compostas
na Língua Portuguesa deve-se fazer a divisão com hífen.
Ex.: GUARDA-CHUVA.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
103

Se dois omnais sinais fazem referência a urna única palavra


na Língua Portuguesa deve-se usar o sinal de igualdade, para dar
o entendimento de que a junção das duas palavras deve dar o
sentido de apenas urna e o acento circunflexo que une ambas
cumprem essa função. Ex.: CAVALOALISTRA= ZEBRA.
Na cabeça do surdo ele vai associar que a zebra é um
cavalo com listras.
Nas condições em que existe transcrição de palavras em
no modelo do alfabeto manual, a representação deve ocorrer
separadamente por hlfen.
Por exemplo:
C-o-t-o-n-e-t-e
Se ocorrer um suprimento da Língua Portuguesa para a
Língua Brasileira de Sinais a palavra deve ser destacada em itálico.
Por exemplo:
NÃO
A Libras não apresenta termos que representa gênero e
número, neste caso usa-se o@ (arroba) no lugar do teimo.
Por exemplo:
EL@ - ela ou ele
ME@ - meu ou minha
O recurso de Transcrição da Libras é compreendido quarido
dispensamos atenção, porque assim é possível eliminar equívocos
por conta dos sinônimos presentes na Língua Portuguesa.

Libras e a Escrita de Sinais


No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais - Libras
é reconhecida legalmente corno meio de comunicação e
expressão entre os cidadãos (LEI Nº 10.436, DE 24 DE
ABRIL DE 2002).
104
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
Reconhecemos a Língua Brasileira de Sinais como um
meio de interação, comunicação e expressão tanto corporal como
facial onde o recurso linguístico de origem visual-motora, com
uma organização gramatical peculiar, participa de um sistema
linguístico que transfere conceitos e fatos originários de culturas
na qual pessoas surdas pertencem.
Foi regulamentado em 2005, o Decreto nº 5.626 que abarca
a Lei nº 10.436/02, que descreve como "pessoa surda aquela
que, por falta de capacidade auditiva, interage e se comunica
com a sociedade por meio de experimentações visuais, expondo
sua cultura e costumes essencialmente pelo uso da Libras".
A Libras é a língua materna do surdo, é a primeira língua
usada por ele, se para nós ouvintes é a Língua Portuguesa, para
o surdo é a Libras e sua relevância se dá pelo fato de ser possível
a comunicação com as pessoas em circunstâncias parecidas.
Analisando a escrita da Língua de Sinais, uma criança surda
não tem habilidade para desenvolver as características da escrita
da Língua Portuguesa preponderante à qual está envolvendo
formas da oralidade com a da escrita. A Língua Portuguesa é a
segunda língua de uso para o surdo, e ela é importante para que
o surdo se relacione e conheça a cultura dos ouvintes, essa é uma
das circunstâncias que os leva ao bilinguismo.
Dizeu e Caporali (2005, p. 2) referenciam os novos
aspectos ligados ao tema ao afirmar que "a discussão sobre
surdez, educação e língua de sinais vem sendo ampliada nos
últimos anos por profissionais envolvidos com a educação de
surdos, como também pela própria comunidade surda". Silva
(2009), cita que a educação de surdos tem vivido constantes
alterações pedagógicas e linguísticas no decorrer da história
humana. (A língua de sinais constituindo o surdo como sujeito.
Educ. Soe., Campinas, v. 26, nº 91, p. 583-597, maio/ago. 2005.)
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
105

Oralismo e Lmgua de Sinais


Registros datam o século XVIII na Europa, corno
surgimento do oralisrno progredindo para a Língua de Sinais
para pessoa surda. Nessa perspectiva, o Surdo era estimulado a
oralizar para assim incluir-se na sociedade; mas, a metodologia
do Oralisrno Estrito tido corno forma singular de o Surdo interagir
não mostrava resultados eficiente, o que propiciou julgamentos
por parte dos que os rodeava.
A comunicação imposta os deixava em urna condição frágil
perante a sociedade, por isso da persistência por reconhecimento
e inúmeras reivindicações por parte da comunidade surda,
reaquisições quanto a sua linguagem, acesso e interação de
forma adequada e sem distinção em sociedade.
O irúcio do século XIX data o reconhecimento dos sinais
que representam a comunicação entre pessoas surdas e ouvintes,
um periodo longo de 100 anos para obter progresso, sempre
amparados por outros modelos de outros países, até chegar,
em 1974, ao SignWriting (SW), com toda sua complexidade
gramatical, que envolve o significado das palavras, e outros
aspectos, evoluindo para o desenvolvimento da sua escrita.
Dificuldade e qualidades cercam qualquer cidadão,
inclusive pessoas surdas, há urna especificidade de linguagem
entre os surdos que infelizrnente não é considerada ao se
mencionar sobre a escrita dos símbolos representados na
conversação, o que obriga a adaptação a urna linguagem que
não é espontânea.
Urna realidade a ser enfatizada é que surdez é diferente
de outras deficiências não pela incapacidade auditiva, mas pela
complexidade de fixar interação, as dificuldades de comunicação
no dia a dia dos surdos é urna circunstância que gera graves
efeitos na sua desenvoltura emocional e cognitivo.
106
----~
J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
A escrita de sinais
A educação de surdos no Brasil, assim como nosso
processo instrutivo acompanha visões mundiais, debatidas em
eventos e congressos por todo o mundo sobre os princípios e
metodologias de ensino.
A escrita de sinais pode ser elaborada de forma manual pelo
surdo ou através do uso de sistema digital. A Universidade Católica
de Pelotas (UCPel) construiu um software para esse fim (SW-
Edit). O projeto SignNet foi suspendo e o software não está mais
acessível para download. Para a comunidade surda é atualmente
uma perda, por conta da indisponibilidade do programa.
Figura 11 - Escrita de Sinais

1 abeto Manual

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3 4 7 8 9 O

Fonte: Sturnp. 2005

A educação dos surdos passar por momentos de progresso


linguístico singular quanto ao formato de escrita da linguagem.
Um número significativo de surdos é julgado de maneira
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107

inadequada, rotulados de iletrados, por não fazerem uso da


escrita e da oralidade da Língua Portuguesa e da Língua de
Sinais. É necessário cogitar que essa falta de conhecimento não
se deve a quesitos individuais, porque no Brasil, a maior paite
dos surdos adultos não desbrava a Língua Portuguesa.

Figura 12 - Escrita de Sinais

Fonte: Stump, 2005

Compreende que a Língua de Sinais é a língua atingível


para o Surdo por não representar empecilhos sensoriais e a
sua aquisição ser por meio de imersão linguística em ambiente
apropriado, ou seja, no convívio natural desse fmmatolinguístico.
Gesueli (2006, p. 4) esclarece que:
A questão da língua de sinais, portanto, está
intimamente relacionada à cultura surda. Esta,
por sua vez, remete à identidade do sujeito
que convive, quase sempre, com as duas
comunidades (surda e ouvinte). Nesse contexto,
importa analisar o modo corno os sujeitos
inseridos em escolas bilíngues se narram
108
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
como sujeitos da comunidade surda. Assim, o papel
do professor surdo e da língua de sinais no ambiente
escolar é essencial para que haja construção da
identidade surda e, consequentemente, para
chegarmos a uma educação eficiente. (GESUELI,
Z.M. A criança surda e o conhecimento construído
na interlocução em língua de sinais).
Segundo Peixoto (2006, p. 3),
Dentre esses processos relacionados à escola
e à aprendizagem, a escrita e a leitura parecem
ser os que mais demandam essas novas
reflexões, principalmente porque ( e às vezes
exclusivamente) é por meio desses dois processos
que a condição bilíngue do surdo se constrói e
se revela. (PEIXOTO, Renata Castelo. Algumas
considerações sobre a interface entre a Língua
Brasileira de Sinais (Libras) e a língua portuguesa
na construção inicial da escrita pela criança surda.
Cad. Cedes, Campinas, v. 26, nº 69, p. 205-229,
maio/ago. 2006.
O recurso de escrita SignWriting é complexo mas adequável
a estrutura gramatical da Língua de Sinais. O que conhecemos como
alfabeto na língua expressa é estabelecido com configurações de
mão na Libras. Sua divulgação é recente no Brasil, especialmente,
as organizações de ensino superior, em análises de grupos de
pesquisa, prospectas científicos e de extensão.
Os recursos educacionais, além de introduzir a língua
em seu processo de aprendizagem como recurso de inclusão,
proporciona interação entre surdos e ouvintes, e o ensino da
escrita de sinais é inserido como elemento particular à sua
comunidade e à sua cultura.
____
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..__
109

Módulos da libras Conversação- Encenações


Teatrais
Há tempos que o teatro segue discussões humanas das
questões mais especificas até de âmbito mais preponderante.
Problematizações tem gerado soluções para diferentes maneiras
de se ver o que rodeia o mundo, pensar e agir.
O teatro é um dos recursos de disseminação cultural
relevante, porque traz conceitos e discussões de um grupo que
faz parte de um específico contexto histórico, social e político.
Por isso, "o teatro está mais aí para enviar urna imagem global
e uniforme do seu gosto pelo divertimento, mas ele se afirma
corno obra de arte, corno obra estética [... ]." LACERDA, Cristina
Broglia Feitosa de; GURGEL, Tais Margutti do Amaral . Perfil
de tradutores-intérpretes de Libras (fILS) que atuam no ensino
superior no Brasil. Revista Brasileira de Educação Especial, v.
17, p. 481-496, 2011
Um grupo majoritário da população não tem aproximação
com esse artefato de produção, onde a própria comunidade surda
está na direção, na escrita e desenvolvendo as suas próprias
encenações. Essas atividades têm alcançado sucesso com atores
surdos e excelentes estruturas. Há um número significativo de
produções elaboradas e apresentadas pela comunidade ouvinte,
com discussões variadas e diferentes maneiras de declarações e
estéticas, as quais os surdos até pouco tempo atrás, não acessavam
nenhum tipo de mecanismo inclusivo que viabilizasse o acesso a
peças teatrais.
As leis estão mudando com a intenção de resguardar a
aproximação da comunidade, inclusive referente a formação dos
intérpretes de Libras para realizar esse oficio, por conta da falta
formação especifica.

Teatro em Libras
A palavra teatro origina-se no grego em theatron, e o
sentido direciona para urna "propriedade deixada de lado",
porém essencial. É o ambiente onde os que assistem observam
11 O
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J (LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais
uma influência apresentada de outro lugar. Pensando assim,
é um ponto de visão no qual há um certo movimento entre os
observadores da representação.
O autor fortalece o seu ponto de vista a partir de Barthes,
que afirma:
O denominador comum a tudo o que se
costuma chamar ,,teatro" em nossa civilização
é o seguinte: de um ponto de vista estático, um
espaço de atuação (palco) e um espaço onde se
pode olhar (sala), um ator (gestual, voz) no palco
e espectadores na sala. De um ponto de vista
dinâmico, a constituição de um mundo ,,real" no
palco em oposição ao mundo ,,real" da sala e, ao
mesmo tempo, o estabelecimento de uma corrente
de ,,comunicação" entre o ator e o espectador
(PAVIS, Patrice. Dicionário de Teatro. São Paulo:
Perspectiva, 2005).
É este o conceito de teatro adotado, para refletirmos uma
tradução de Libras em um específico espaço cênico.
Importante pensar em outro conceito com objetivo de
complementar o entendimento.
Barthes, conforme citado por Pavis, propõe a discussão da
qualidade de teatro quando se fala em teatralidade. Diz que sem
o conceito de teatralidade, o entendimento deste universo sofre
porque as "espessuras de signos e sensações" representadas na
cena em virtude do argumento escrito assemelham-se a uma
"espécie de percepção ecumênica dos artifícios sensuais, gestos,
tons, distâncias, substâncias, luzes, que submerge o texto sob
a plenitude de sua linguagem exterior" (BARTHES, Roland.
Como viver junto. São Paulo: Martins Fontes, 2003 a.).
Assim, "teatralidade no texto dramático é aquilo que, na
representação ou no texto dramático, é especificamente teatral
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111

(ou cênico) no sentido que o entende ... " 44 (PAVIS, Patrice.


Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 2009).
Desta forma, podemos admitir que a teatralidade
está relacionada à expressividade, ao espaço, ao visual e
à especificidade da enunciação teatral, a qual define corno
"a projeção, no mundo sensível dos estados e imagens que
constituem suas molas ocultas [... ] a manifestação do conteúdo
oculto, latente, que acoita os germes do drama" (PAVIS, Patrice.
Dicionário de teatro. São Paulo: Perspectiva, 1999).
No entanto, ainda percebemos a ocorrência de urna
confusão entre dois conceitos próximos e do mesmo campo
epistemológico, mas de maneira alguma sinônimos. A fim de
sanar essa confusão conceitual, Pavis segmenta e explicita as
diferenças entre teatralizar e dramatizar. Para o autor: "teatralizar
um acontecimento ou um texto é interpretar cenicamente usando
cenas e atores para construir a situação. O elemento visual da
cena e a colocação dos discursos são as marcas da teatralização"
(PAVIS, Patrice. Espaço (No Teatro). ln. Dicionário de Teatro.
São Paulo: Ed. Perspectiva, 2008, p. 132-138).
Já a dramatização faz referência deslocamento contrário, o
da manutenção do foco na estrutura textual: inclusão e inserção
em diálogos, criação de urna tensão dramática e de conflitos entre
as personagens, dinâmica da ação (dramática ou épica). Tendo
em mente essas distinções, propomos discuti-las nas próximas
partes por entendê-las corno pertinentes às problematizações
para tradução de peças teatrais. Assim, compreende-se a
dramatização a partir de urna análise sobre as particularidades
do texto dramático; a cena e o aspecto visual que relaciona-se
tanto ao teatro quanto a Libras; Nessa perspectiva, o conceito
de teatralidade e dramatização são de muita relevância para
o tradutor de Libras que representará no teatro, pois, a partir
desses, ele poderá perceber que direção deverá conduzir, em
momentos específicos, o seu projeto de tradução.
112
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Aspectos Cenográficos
O espaço cenográfico é um fator importante de
compreensão para atuação em um contexto cênico do tradutor
de Libras, porque o cenário guia o ponto de vista mimético e
pictórica da base decorativa. O ensaio de alteração do termo
para cenografia, em parte, ocorre fato da primeira palavra trazer
a inocência de um telão de fundo ou de transportar um estigma
de uma aspiração ilusionista.
Atualmente, o cenário não possui a incumbência mimética,
mas toma lugar na sua própria totalidade, transparecendo
flexibilidade, expansivo eco-extensivo à interpretação do ator e
à recepção do público. Com a intenção de exemplificar a questão
e facilitar o entendimento segue incumbências cênicas de um
número específico de cenários.
■ A iluminação - Design de luz: modifica o ambiente
do palco, ao flexibilizar, proporcionar texturas, aumentar ou
diminuir os espaços, sombrear o palco, a alegria das cores,
dá expressividade ao momento. A luz tem uma capacidade
de influência como a música, complementa lacunas, altera
espaços, e é o único recurso externo que não traz desatenção
para os espectadores, agindo objetivamente em sua imaginação,
assumindo uma extensão quase metafísica, modalizando e
gerando sutilezas. Para o tradutor de Libras, a luz é um fator
de suma importância que deve ser levado em consideração no
projeto de tradução. A Libras por ser visual precisa da luz para
ser percebida visualmente, uma iluminação estratégica, em
posição de evidência pode substanciar um projeto de tradução.
■ Figurino: Atribui uma característica ao ator com a
evolução da estética viva, esse é o papel inicial desse elemento,
é aquele que anuncia o personagem, aproximando-se a outros
figurinos pelos tons das cores, das formas, dos cortes, dos
materiais, proporciona texturas e padronagens. Todo o figurino
deve ser sempre visível ao público e que: "a dificuldade está
no fato de tornar dinâmico o figurino: fazer com que ele se
LIBRAS - LmguaBrasileira de Sinais) (..______
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transforme, que não se esgote após um exame inicial de alguns


minutos, mas que "emita signos" por um bom tempo, em função
da ação e da evolução das relações actanciais" (PAVIS, Patrice.
Dicionário de teatro. São Paulo -Perspectiva, 2011.).
O figurino não acontece apenas com a pretensão
de beleza, e sim transmitir significado, contando com a
semelhança estética da obra, fazendo com que os seus
elementos carreguem conceitos da personagem e enuncie-
os ao público. Assim, devemos problematizar o figurino do
tradutor de Libras, o qual, costumeiramente, sugere-se que
seja preto - para se dizer neutro, fato que por si só apresenta
urna concepção de tradução bastante anacrônica, haja vista
que as discussões contemporâneas da tradução apontam para
o caráter intersubjetivo e discursivo do traduzir. Dessa forma,
pensar o figurino do tradutor, seja para assumi-lo ou para
apaga-lo, talvez deva passar por urna reflexão mais profunda,
ligada aos outros aspectos teatrais. Percebendo a estética do
cenário, do figurino e dos personagens, bem corno o projeto
de iluminação, é possível que o figurino do tradutor tenha por
objetivo destaca-lo ou apaga-lo, mas não meramente omiti-lo
por busca da neutralidade. E sim por urna concepção estética.
114
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REFERENCIAS
CULTURA SURDA. Repositório on-line de produções
culturais das comunidades surdas. Disponível em: <http://
culturasurda.net/>. Acesso em: 6 jul. 2018.

QUADROS, R. M. Língua de Sinais Brasileiras: estudo


linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

STROBEL, K. L. Surdos: vestígios culturais não


registrados na história. 2008. Tese (Doutorado em Educação) -
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo


-Perspectiva, 2011.

PERLIN, G.; STROBEL, K. História cultural dos surdos:


desafio contemporâneo. Educar em revista, Curitiba,
edição especial n. 2, p. 17-31, 2014. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/ er/nspe-2/03.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2018.
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