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João Pessoa/2022
João Pessoa/2022
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 5
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 15
5 REFERÊNCIAS 16
6 ANEXOS 16
7 APÊNDICES 22
1
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista.
mostrou-se ao longo da vivência na escola como sendo diversos. Os interesses demonstrados
foram verificados tanto na rotina escolar como através da aplicação de um questionário de
diagnóstico, por meio do qual pudemos identificar alguns interesses pessoais de cada um
deles de forma mais objetiva, e obter informações relevantes para a etapa interventiva do
estágio. Esse questionário (Apêndice A) foi gerado no Google forms e encaminhado pela
professora aos alunos. Obtivemos 13 respostas (Apêndice B).
Na segunda aula observada, a professora deu continuidade ao conteúdo que havia sido
explorado na semana anterior, se utilizando do recurso da televisão para apresentar o mesmo
material de slides. Desse modo, deu prosseguimento à análise de trechos de redações. Em
dado momento, iniciou-se uma discussão acerca do tema xenofobia, através de perguntas
feitas pela professora que buscavam, talvez, propiciar condições de reflexão sobre a
problemática. Em seguida, ainda no eixo temático, uma videoaula que tratava da xenofobia
em âmbito internacional, foi exibida para a turma. Essa videoaula, ministrada pelo professor
de Sociologia, João Gabriel, foi retirada do canal educativo Brasil Escola2. O assunto
abordado compreende uma perspectiva histórica bastante interessante, apontando
cronologicamente diversas informações de interesse público. A utilização de ferramentas
próprias do ambiente digital em sala de aula é orientada pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) na Competência Específica 7, sob a justificativa de
2
ESCOLA, Brasil. Xenofobia - Brasil Escola. YouTube, 20 de dezembro de 2019. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=xbZPsaNdT7A&ab_channel=BrasilEscola
que pode repercutir tanto em maior interesse pelo aprendizado da língua portuguesa e das
demais disciplinas, como na maneira de estudarem.
Infelizmente, não tivemos a oportunidade de observar aulas de ensino de literatura,
nem de análise linguística. Todas as aulas que observamos foram em torno da produção
textual, mais especificamente voltada para a redação do Enem.
Apesar da dedicação da professora na ministração das aulas, percebemos em alguns
alunos falta de interesse pela aula ministrada, e muitos ficavam dispersos, utilizando celular,
ouvindo música, desenhando ou fazendo outra atividade qualquer. A disposição das cadeiras
não favorecia uma maior interação e concentração dos alunos na sala, pois alguns alunos
sentavam-se em pequenos grupos, outros isoladamente. A professora solicitava a participação
dos alunos, mas não chamava a atenção dos que estavam dispersos. Dessa forma, poucos
alunos interagiam. Percebemos também uma baixa frequência dos alunos nas aulas, fato que
poderia estar relacionado à aproximação do final de ano letivo, como também à falta de
interesse dos alunos, conforme percebemos durante a etapa de intervenção pedagógica.
3
Disponível em: https://docs.google.com/forms/d/1oAbM2kskrVIzJpcbR4-_kFRK2oVj0zJ8AzunGqoXcPQ/edit
A partir dos dados recolhidos, iniciamos a composição de uma sequência didática
orientada pelo trabalho com língua e literatura, privilegiando a fruição, análise e apreciação
estética do texto literário. Para embasar a proposta, como fundamentação
teórico-metodológica, utilizamos a Sequência Básica desenvolvida por Cosson (2009), que é
composta por quatro etapas: motivação, introdução, leitura e interpretação. Segundo o autor, a
sequência é uma proposta exemplar, não modelar, em que as possibilidades de intervenção se
multiplicam de acordo com os interesses, texto e contexto da comunicação de leitores
(COSSON, 2009). Assim, mesmo seguindo a esquematização e pressupostos do teórico,
adequamos os materiais e a sistematização da prática em consonância com nosso contexto
experienciado em sala de aula.
Seguindo a estrutura proposta na Sequência Básica, elaboramos as aulas pensando na
organização dos conteúdos e no período de tempo que necessitaríamos para contemplar a
explanação do material. Para a ministração das aulas, a professora além de ceder o turno da
manhã, no horário em que vínhamos acompanhando a turma no período de observações, isto
é, das 9h30 às 11h10, a nosso pedido, aceitou que fizéssemos intervenção também no turno da
tarde, no horário das 15h20 às 17h00, totalizando quatro aulas, sendo duas aulas de manhã e
duas à tarde.
A escolha do autor e seleção dos textos justificam-se em três nuances: nos guiamos
pela devolutiva apresentada nas respostas do questionário — que demonstrou o escasso
interesse pelo gênero poesia —, pelo gosto particular e apreciação que temos da obra poética
de João Cabral de Melo Neto, e pela expectativa de que o contato dos alunos com alguns
poemas desse autor pudesse despertar neles um maior interesse por poesia, tendo em vista a
importância desse gênero, de um modo geral, costumeiramente pouco prestigiado,
subestimado ou até ignorado nas aulas de português, conforme observa Pinheiro (2018).
Considerando o ensino em torno do gênero poesia, selecionamos poemas metalinguísticos,
nos quais João Cabral trata sobre a construção do texto poético.
Elaboramos um material didático4 (Apêndice C) e o levamos impresso para que
pudéssemos distribuir aos alunos e utilizá-lo desde a primeira aula. Inicialmente, nos
apresentamos como professores em formação e explicamos sobre as condições circunscritas
àquela mediação, circunstanciada pelo momento interventivo da disciplina Estágio
Supervisionado. Em seguida, solicitamos que cada um deles se apresentassem, dizendo seu
nome e sua idade. Alguns alunos estavam sentados em grupos, outros em duplas e outros
4
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1kbgvUcoN-VnNWCPkcKa5l2Hr7D12-eYS/view?usp=sharing
isolados, de modo que estavam conversando bastante e estávamos tendo dificuldades em
ouvi-los e ser ouvidos. Propomos, então, a organização das cadeiras na disposição de um
semicírculo para facilitar a interação, e assim foi feito. Apenas um aluno e uma aluna (que
pareciam namorados) ficaram mais distantes, e acabavam em alguns momentos se
dispersando da aula.
Como estratégia para estabelecermos silêncio e gerar interação, fazíamos perguntas e
pedíamos para que os colegas prestassem atenção no que estava sendo dito por algum aluno.
Considerando o ensino em torno do gênero textual, conforme discutem Schneuwly e
Dolz (2004), bem como orienta a BNCC (BRASIL, 2018), iniciamos a aula conversando
brevemente com os alunos sobre os interesses apontados por eles no questionário.
Direcionamos os nossos comentários para o baixo interesse que demonstraram pelo gênero
poesia. Após ouvir a percepção deles sobre esse gênero, dissemos que ele seria abordado por
nós.
Distribuímos o material para a turma e expusemos a dinâmica da primeira atividade,
em conformidade com a motivação, primeira etapa da sequência e momento em que o aluno é
preparado para o texto literário.
Destinamos 15 minutos para a resolução do caça-palavras, informamos que havia um
total de 20 palavras distribuídas nas posições vertical, horizontal e diagonal, as quais eram:
lápis, papel, borracha, arquivos, máquina, pedra, cimento, poço, evaporação, densidade,
fluviante, congelada, urinando, fome, sede, sopro, monstros, fantasmas, morte e susto. Em
sequência, solicitamos que eles dispusessem as palavras encontradas nas categorias em que
eles achassem relação, sentido. Elencamos cinco categorias: Escritório; Canteiro de obras;
Propriedades físico-química da água; Processos fisiológicos; Terror/horror. Todas as palavras
do caça-palavras foram retiradas dos poemas que viriam a ser lidos na etapa de Leitura. Com
essa atividade (de caráter semântico), objetivamos que os alunos tivessem um primeiro
contato com as palavras que iriam se deparar em breve, e promover uma reflexão sobre os
sentidos usuais das palavras e aqueles que elas podem assumir, de acordo com o contexto que
são utilizadas.
Por meio de exemplificações esclarecemos a terceira questão da dinâmica. Solicitamos
que eles escolhessem algumas palavras dentre as 20 encontradas no caça-palavras, para
formarem novas palavras. Sem muitas dificuldades, todos conseguiram criar novas palavras.
Pedimos que cada um citasse uma palavra escolhida e a palavra formada a partir dela, sem
que repetissem palavras já ditas por seus colegas. Foram citadas palavras como maquinário,
fantasmagórico, esfomeado, monstruoso etc. Em todas as etapas da motivação os alunos
participaram com bastante entusiasmo.
Em seguida, iniciando a etapa de introdução, fizemos uma breve apresentação sobre
João Cabral de Melo Neto (p. 3, Material didático) e direcionamos algumas perguntas como:
“Você conhece ou já ouviu falar algo sobre o autor ou sua obra?” Os alunos demonstraram
desconhecimento desse poeta, até mesmo de sua obra mais popularizada, Morte e vida
severina. Também utilizamos esse momento para retomar as discussões da aula anterior sobre
o gênero poesia, com o intuito de contrastar a visão mais corrente sobre esse gênero com a
perspectiva do fazer poético e da função da poesia de João Cabral. Na terceira aula, já no
turno da tarde, demos continuidade à etapa de Introdução exibindo um vídeo5 (Apêndice D),
constituído por trechos de entrevistas dadas entre 1977 e 1998, em que o autor tece vários
comentários sobre sua escrita, e aponta uma propriedade de caráter metodológico presente em
seus poemas.
Infelizmente, devido ao atraso que tivemos para organizarmos a sala — quanto ao
deslocamento da televisão utilizada para exibição do material, transmissão dos dados entre
dispositivos e impressão de cópias para dois alunos — o tempo foi encurtado, logo, não
conseguimos aplicar a última atividade de produção e trabalharmos com o poema “O
funcionário”, primeiro poema da antologia. Priorizamos, estrategicamente, a escolha dos
outros três poemas (O poema, Lição de poesia e Catar feijão) para que se mantivesse a lógica
entre os sentidos e significados concatenados nas discussões, além de que o recurso da
intertextualidade estava bem nítido neles.
As etapas de Leitura e Interpretação, se deram de maneira associada. Baseando-nos
em Pinheiro (2018) para a abordagem do texto poético em sala de aula, começamos fazendo a
leitura integral de cada poema abordado. Em seguida, chamamos a atenção dos alunos para
versos específicos, solicitando a interpretação deles, bem como para as palavras que tínhamos
trabalhado na etapa motivação. Os alunos expuseram oralmente suas interpretações, e
dialogamos sobre o aspecto metafórico da linguagem e sobre o concebimento de novos
sentidos e imagens, mesmo de palavras tão comuns. Nesse momento, alguns alunos
manifestaram mais interesse e colaboração do que outros, inclusive alguns alunos se
ofereceram para ler um dos poemas. Após uma primeira leitura de “A lição de poesia”, cada
uma das três partes do poema foi responsabilizada a três alunos que se ofereceram para
declamá-lo. Recebemos a informação de que os alunos costumavam ser liberados 10 minutos
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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tcZPr28QwC4&ab_channel=IvilaKaren
antes do horário previsto, devido a questões de segurança, assim, logo nos adiantamos para
encerrar a aula. Apontando brevemente o tema e estrutura do poema, encerramos a aula com
os versos de “Catar feijão”.
Infelizmente, nem todos os alunos retornaram para as aulas da tarde e perderam a
continuação da sequência didática. Muitos ficaram fora da sala de aula. Lamentamos pelo fato
das aulas que deixaram de participar, e pela consequente diminuição que houve na interação
da turma.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estágio é um momento fundamental e decisivo para a nossa formação. É nele que
começamos a compreender o desafio de transpor as teorias que aprendemos ao longo da
graduação para a árdua realidade da sala de aula. Para que isso seja facilitado e realizado de
forma mais eficaz é indispensável que as disciplinas do curso de Letras - língua portuguesa
sejam saturadas por uma perspectiva robusta de ensino. Além disso, sabe-se que a formação
teórica que recebemos é insuficiente tendo em vista os diversos fatores que englobam o
ensino-aprendizagem, e que variam de acordo com o contexto escolar. Daí a necessidade de
seguirmos sempre estudando e pesquisando, bem como investigando a realidade da sala de
aula.
O desinteresse pelo aprendizado que percebemos em alguns alunos (que ficou
evidenciado principalmente nas ausências de alunos que estiveram nas primeiras aulas e não
retornaram para as últimas) não apenas nos provocou um nível de frustração como nos fez
refletir sobre o que tem levado os alunos a desenvolverem tal comportamento, que se trata de
um problema complexo inserido em vários âmbitos. Apesar disso, saímos da escola
valorizando a experiência que tivemos; aquilo que conseguimos proporcionar aos alunos e
receber deles, mas também com um sentimento de inconformismo, e determinação para
contribuir com a melhoria do atual cenário da educação pública, em nossas futuras práticas
como professores.
REFERÊNCIAS
COSSON, Rildo. Letramento Literário: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2009.
PINHEIRO, Hélder. Poesia na sala de aula. 1. ed. - São Paulo: Parábola,
2018.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola.
São Paulo: Mercado de Letras, 2004.
ANEXOS