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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA
Disciplina Estágio Supervisionado VI - Período: 2022.1
Professora: Mariana Lins Escarpinete

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO VI


UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA
Disciplina: Estágio Supervisionado VI - Período: 2022.1
Professora: Mariana Lins Escarpinete

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO VI

Alunos: Ivila Karen Pereira da Silva


Jurandir Barboza da Silva Filho

João Pessoa/2022

Ivila Karen Pereira da Silva


Jurandir Barboza da Silva Filho
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO VI

Relatório final de Estágio Supervisionado VI, orientado


pela professora Mariana Lins Escarpinete.

João Pessoa/2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

2 ATIVIDADES REALIZADAS: APRESENTAÇÃO E REFLEXÃO


TEÓRICO-METODOLÓGICA 7

2.1 Observação das aulas 7

2.2 Aulas ministradas 10

3 ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O ESTÁGIO 14

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 15

5 REFERÊNCIAS 16

6 ANEXOS 16

6.1 IMAGEM 1 — AMBIENTE DA SALA DE AULA 16

6.2 IMAGEM 2 — ALUNOS REALIZANDO A ETAPA MOTIVAÇÃO, SOB


MEDIAÇÃO DE IVILA. 17

6.3 IMAGEM 3 — LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE POEMAS, SOB MEDIAÇÃO


DE JURANDIR. 18

6.4 IMAGEM 4 — IDENTIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS VOCÁBULOS


ENCONTRADOS NO CAÇA-PALAVRAS 19

6.5 IMAGEM 5 — CONTROLE DE FREQUÊNCIA 20

6.5 IMAGEM 6 — CONTROLE DE FREQUÊNCIA 21

7 APÊNDICES 22

7.1 APÊNDICE A — QUESTIONÁRIO 22

7.2 APÊNDICE B — RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO 22

7.3 APÊNDICE C — MATERIAL DIDÁTICO 22

7.4 APÊNDICE D — VÍDEO DE INTRODUÇÃO 22


1 INTRODUÇÃO
O componente curricular Estágio Supervisionado VI abrange língua portuguesa,
destina-se sobretudo à vivência do (a) discente no contexto escolar, mas também a encontros
para discussões teóricas, orientações e compartilhamentos das experiências na escola.
Ao longo da disciplina tivemos três encontros na UFPB. No primeiro deles, a
professora apresenta a ementa da disciplina e orienta quanto aos procedimentos burocráticos
de escolha da Escola-campo de estágio, entrega da Carta de recomendação e preenchimento e
submissão do Termo de Compromisso de Estágio (TCE). No segundo encontro, houve um
momento para tratar do andamento dos procedimentos do estágio. O último encontro foi
destinado à compartilhamentos sobre as experiências vividas na Escola-campo pelos
discentes.
Realizamos o estágio na Escola Cidadã Integral Pedro Lins Vieira de Melo, que de
acordo com a professora supervisora está no terceiro ano de suas atividades como escola de
Educação Integral, contemplando 05 turmas do Ensino Médio. A escola, atualmente, possui
140 alunos com média de idade de 15,6 anos; localiza-se no bairro de Mangabeira I e possui
alunos de toda Mangabeira, além de bairros circunvizinhos, como Bancários, Valentina e
Jacarapé. As turmas estão assim distribuídas: uma turma de primeiro ano com 35 alunos; duas
turmas de segundos anos, sendo 25 alunos no 2º A e 27 no 2º B; e duas turmas de terceiros
anos, sendo 27 alunos no 3º A e 26 no 3º B.
O horário de funcionamento da escola é das 7h30min às 17h:00, uma vez que se trata
de uma escola que funciona em regime integral. Os alunos permanecem nela por 9h30min, e
lhes são ofertados 2 lanches e um almoço.
Em relação à estrutura física, a escola possui 11 salas de aula, 1 laboratório de
informática, 1 laboratório de ciências e 1 quadra poliesportiva. Quanto ao número de
professores, possui um quadro docente de 14.
A escola oferece o ensino de nível médio durante o dia, e à noite ocorre o Ensino de
Jovens e Adultos (EJA).
O ingresso na escola se dá através do sistema de matrícula do Estado; o aluno acessa o
sistema, preenche a inscrição e, posteriormente, recebe a lista de escolas para fazer sua
escolha.
O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola foi construído de forma colaborativa,
com a participação de uma tri-gestão (diretor, coordenador pedagógico, coordenador
administrativo-financeiro) e do corpo docente. O PPP é revisitado anualmente, com o intuito
de atualizá-lo.
No momento, a escola encontra-se sem diretor, pois a diretora anterior, Maria José
Pinto Costa (Rosinha), que dirigiu a escola por 35 anos, faleceu em setembro deste ano. A
escola também está sem coordenador pedagógico, estando a tri-gestão atualmente reduzida à
coordenadora administrativa financeira, que junto aos coordenadores de área têm trabalhado
de forma articulada com a equipe docente.
Em relação ao uso do livro didático, a escola adota esse recurso. Na disciplina de
língua portuguesa, a professora o utiliza fazendo recortes de aspectos que considera mais
relevantes para os seus alunos, e costuma levar material extra como proposta de atividades e
pesquisas.
O plano de ensino construído na escola segue um modelo disponibilizado pela
Secretaria de Educação, o qual contempla conteúdos, objetivos, propostas de atividades
prévias e atividades complementares. Em relação ao conteúdo, a escola segue a Proposta
Curricular da Paraíba para o novo Ensino Médio.
A professora que foi a nossa supervisora no estágio chama-se Sandra Lopes Rodrigues
Souza Dantas. Ela ingressou no curso de Letras - Português e Espanhol na Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) no ano de 2014, sendo a sua forma de ingresso o
ENEM, e colou grau no período 2018.2. Em 2019, prestou o concurso para o Estado da
Paraíba. Ingressou no ensino público da Paraíba no ano de 2020, na escola Pedro Lins Vieira
de Melo, instituição na qual segue como professora de Português dos 1ª e 2ª anos, e como
coordenadora da Área de Linguagens.
Em relação ao desenvolvimento de projetos, a professora informou ter realizado neste
ano projetos com literatura, abordando Romantismo, Literatura gótica, e realizando a leitura
de Noite na Taverna. Ao final do projeto, foi realizado um show gótico, sob a perspectiva de
socializar com toda a escola o que foi vivenciado em sala de aula.
Um outro projeto mencionado teve como repertório "Trovas Burlescas", de Luiz
Gama. Poemas foram lidos, a biografia de Luiz Gama foi abordada, o filme Doutor Gama foi
apresentado e, por fim, as vivências foram socializadas com toda a comunidade escolar.
Acompanhamos a professora no 2⁰ B, que atualmente é composto por 22 alunos.

2 ATIVIDADES REALIZADAS: APRESENTAÇÃO E REFLEXÃO


TEÓRICO-METODOLÓGICA
Inicialmente, para cumprir com a primeira etapa prescrita no estágio, realizamos duas
visitas à escola a fim de nos apresentarmos e conhecermos o ambiente escolar. A primeira
visita ocorreu no dia 23 de agosto de 2022, e foi marcada por uma conversa simpática que
tivemos com o então coordenador pedagógico, que nos recepcionou agradavelmente e
dedicou-se em apresentar informações sobre o funcionamento da escola, as ações
desenvolvidas e as atividades previstas para o ano letivo. Nesse primeiro contato, não foi
possível conversar com a professora que viria a ser a nossa supervisora.
Ainda na primeira visita, para que pudéssemos conhecer um pouco dos ambientes do
espaço físico da escola, além da sala da coordenação, fomos ao pátio e à biblioteca. Esta,
segundo nos disse uma funcionária presente no local, não possuía bibliotecária, e observando
brevemente o acervo e a forma como os livros estavam dispostos, percebemos uma
necessidade de organização. A biblioteca continha livros variados, contemporâneos e
clássicos, de gêneros igualmente variados. No ambiente havia quatro grandes mesas redondas
com cadeiras em volta, duas estantes médias que recebiam uma parte do acervo, enquanto a
outra, estava distribuída em pilhas de livros diversos — didáticos, literários, gramáticas etc.
—, toda essa outra parte estava disposta em carteiras escolares substituindo estantes que,
segundo a mesma funcionária, ainda não haviam sido entregues à escola.
A segunda visita ocorreu no dia 30 de agosto de 2022, quando tivemos o primeiro
contato com a professora que seria a nossa supervisora ao longo do estágio. Desde essa
ocasião, ela se mostrou colaborativa e nos disponibilizou seu horário de aulas, permitindo que
escolhêssemos a turma para acompanharmos.

2.1 Observação das aulas


A primeira observação de aulas só ocorreu após quase 1 mês da primeira visita à
escola, infelizmente, em decorrência do falecimento da diretora. As aulas presenciais foram
então suspensas por alguns dias. A escola, enlutada, aguardava a nomeação de alguém para
desempenhar a função, o que não ocorreu, mesmo com o retorno das aulas. Dessa forma, a
primeira aula observada aconteceu na modalidade remota, no dia 21 de setembro de 2022, na
plataforma do Google Meet com as turmas do 2º ano A e B, no horário das 07h30 até às
09h10. Todos os encontros ocorreram nas quartas-feiras, como acordamos, em conversa com
a professora-supervisora na segunda visita à escola. Apenas o horário, a partir do segundo dia
de observação, no entanto, foi alterado, passando a ser das 9h30 às 11h10, e seguimos
acompanhando apenas a turma do 2º ano B.
Nessa primeira ocasião em que estivemos virtualmente com os alunos, nos
apresentamos, a professora apresentou a turma e, em seguida, indicou o conteúdo que seria
trabalhado naquele dia. Através de uma apresentação em slides, a professora iniciou a aula
destacando que o conteúdo planejado exploraria questões relacionadas à redação do Enem,
especificamente, a etapa de construção de uma introdução, pensando desde a contextualização
até a elaboração da tese. Observamos que no início da aula a professora realizou um momento
de retomada de conteúdos da aula anterior (atitude que também se repetiu nas outras aulas).
Em relação a esse tratamento didático, Libâneo (1999) esquematiza em seus estudos uma
metodologia que trata da assimilação entre a matéria velha e a matéria nova, que ocorre por
meio de retomadas de conteúdos abordados na aula anterior, resultando, assim, na assimilação
dos conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos. A aula foi
conduzida de modo expositivo, com poucos momentos de interação por parte da turma.
Trechos de algumas redações Nota Mil que abordavam temas distintos da seção
introdução foram exibidos nos slides. Nos trechos, alguns segmentos estavam realçados para
facilitar a localização de competências abordadas pela professora. Os apontamentos feitos
focalizavam, especificamente, as competências 2 e 31 dos critérios de avaliação, cujas
competências estão presentes na Cartilha do Participante, material desenvolvido pelo Inep.
Com frequência algumas definições eram relembradas e sua relevância à redação era
reforçada, como as de tese, tema, repertório sociocultural e proposta de intervenção. Cada
vez que o assunto surgia, havia exemplificações variadas, a depender da temática em que a
proposta estava circunscrita.
A segunda observação aconteceu no dia 28 de setembro de 2022, no formato
presencial, quando efetivamente conhecemos o espaço e o funcionamento da sala de aula. A
turma do 2º ano B, segundo a lista de matriculados, continha cerca de 27 alunos, embora,
infelizmente, a frequência média é de apenas 15 alunos; em algumas aulas esse número foi a
quantidade máxima. A faixa etária dos alunos era de 16 e 17 anos de idade e o perfil da turma

1
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para
desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em
defesa de um ponto de vista.
mostrou-se ao longo da vivência na escola como sendo diversos. Os interesses demonstrados
foram verificados tanto na rotina escolar como através da aplicação de um questionário de
diagnóstico, por meio do qual pudemos identificar alguns interesses pessoais de cada um
deles de forma mais objetiva, e obter informações relevantes para a etapa interventiva do
estágio. Esse questionário (Apêndice A) foi gerado no Google forms e encaminhado pela
professora aos alunos. Obtivemos 13 respostas (Apêndice B).
Na segunda aula observada, a professora deu continuidade ao conteúdo que havia sido
explorado na semana anterior, se utilizando do recurso da televisão para apresentar o mesmo
material de slides. Desse modo, deu prosseguimento à análise de trechos de redações. Em
dado momento, iniciou-se uma discussão acerca do tema xenofobia, através de perguntas
feitas pela professora que buscavam, talvez, propiciar condições de reflexão sobre a
problemática. Em seguida, ainda no eixo temático, uma videoaula que tratava da xenofobia
em âmbito internacional, foi exibida para a turma. Essa videoaula, ministrada pelo professor
de Sociologia, João Gabriel, foi retirada do canal educativo Brasil Escola2. O assunto
abordado compreende uma perspectiva histórica bastante interessante, apontando
cronologicamente diversas informações de interesse público. A utilização de ferramentas
próprias do ambiente digital em sala de aula é orientada pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) na Competência Específica 7, sob a justificativa de

mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as


dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para
expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas
autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência,
cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva. (Brasil, 2018,
p. 489)

Houve um enriquecimento do tema abordado, em função da articulação entre as


disciplinas de Língua Portuguesa e Sociologia, sendo praticada, portanto, a
interdisciplinaridade recomendada nos PCN, onde consta que “A perspectiva de desenvolver
conteúdos educacionais com contexto e de maneira interdisciplinar, envolvendo uma ou mais
áreas, não precisa necessariamente de uma reunião de disciplinas, mas pode ser realizada
numa mesma disciplina.” (Brasil, 2006, p. 17).
Além dos ganhos para a qualidade da aula, a prática da interdisciplinaridade também
permite que os alunos percebam como as diversas áreas do conhecimento estão imbricadas, o

2
ESCOLA, Brasil. Xenofobia - Brasil Escola. YouTube, 20 de dezembro de 2019. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=xbZPsaNdT7A&ab_channel=BrasilEscola
que pode repercutir tanto em maior interesse pelo aprendizado da língua portuguesa e das
demais disciplinas, como na maneira de estudarem.
Infelizmente, não tivemos a oportunidade de observar aulas de ensino de literatura,
nem de análise linguística. Todas as aulas que observamos foram em torno da produção
textual, mais especificamente voltada para a redação do Enem.
Apesar da dedicação da professora na ministração das aulas, percebemos em alguns
alunos falta de interesse pela aula ministrada, e muitos ficavam dispersos, utilizando celular,
ouvindo música, desenhando ou fazendo outra atividade qualquer. A disposição das cadeiras
não favorecia uma maior interação e concentração dos alunos na sala, pois alguns alunos
sentavam-se em pequenos grupos, outros isoladamente. A professora solicitava a participação
dos alunos, mas não chamava a atenção dos que estavam dispersos. Dessa forma, poucos
alunos interagiam. Percebemos também uma baixa frequência dos alunos nas aulas, fato que
poderia estar relacionado à aproximação do final de ano letivo, como também à falta de
interesse dos alunos, conforme percebemos durante a etapa de intervenção pedagógica.

2.2 Aulas ministradas


As ministrações ocorreram no mês de novembro, um mês após a última observação
(19/10/22). Embora prevíssemos um período de recesso para a preparação e planejamento da
intervenção, tivemos imprevistos que inevitavelmente atrasaram a ministração das aulas.
Além do fechamento da escola em decorrência do segundo turno das eleições (30/10/22),
feriados e pontos facultativos inviabilizaram a intervenção prevista para o final de outubro e
início de novembro. Além disso, no mês de novembro ambos estivemos doentes (Ivila testou
positivo para Covid-19), e nosso calendário precisou novamente ser replanejado.
A fim de conhecermos um pouco acerca do repertório cultural e interesses dos alunos,
elaboramos um questionário. Em decorrência das circunstâncias supracitadas, o questionário
precisou ser aplicado de forma online por meio da ferramenta do Google Forms3. O
questionário contém 11 questões referentes aos interesses pessoais dos alunos, hábitos de
leitura, gêneros preferidos, a dificuldades com algum conteúdo, à variedade de suportes que
eles têm acesso, e habilidades artísticas que possuem. Obtivemos 13 respostas, as quais
avaliamos individualmente. Por meio delas, conseguimos mapear um perfil da turma e, assim,
alinhar com o que vínhamos planejando.

3
Disponível em: https://docs.google.com/forms/d/1oAbM2kskrVIzJpcbR4-_kFRK2oVj0zJ8AzunGqoXcPQ/edit
A partir dos dados recolhidos, iniciamos a composição de uma sequência didática
orientada pelo trabalho com língua e literatura, privilegiando a fruição, análise e apreciação
estética do texto literário. Para embasar a proposta, como fundamentação
teórico-metodológica, utilizamos a Sequência Básica desenvolvida por Cosson (2009), que é
composta por quatro etapas: motivação, introdução, leitura e interpretação. Segundo o autor, a
sequência é uma proposta exemplar, não modelar, em que as possibilidades de intervenção se
multiplicam de acordo com os interesses, texto e contexto da comunicação de leitores
(COSSON, 2009). Assim, mesmo seguindo a esquematização e pressupostos do teórico,
adequamos os materiais e a sistematização da prática em consonância com nosso contexto
experienciado em sala de aula.
Seguindo a estrutura proposta na Sequência Básica, elaboramos as aulas pensando na
organização dos conteúdos e no período de tempo que necessitaríamos para contemplar a
explanação do material. Para a ministração das aulas, a professora além de ceder o turno da
manhã, no horário em que vínhamos acompanhando a turma no período de observações, isto
é, das 9h30 às 11h10, a nosso pedido, aceitou que fizéssemos intervenção também no turno da
tarde, no horário das 15h20 às 17h00, totalizando quatro aulas, sendo duas aulas de manhã e
duas à tarde.
A escolha do autor e seleção dos textos justificam-se em três nuances: nos guiamos
pela devolutiva apresentada nas respostas do questionário — que demonstrou o escasso
interesse pelo gênero poesia —, pelo gosto particular e apreciação que temos da obra poética
de João Cabral de Melo Neto, e pela expectativa de que o contato dos alunos com alguns
poemas desse autor pudesse despertar neles um maior interesse por poesia, tendo em vista a
importância desse gênero, de um modo geral, costumeiramente pouco prestigiado,
subestimado ou até ignorado nas aulas de português, conforme observa Pinheiro (2018).
Considerando o ensino em torno do gênero poesia, selecionamos poemas metalinguísticos,
nos quais João Cabral trata sobre a construção do texto poético.
Elaboramos um material didático4 (Apêndice C) e o levamos impresso para que
pudéssemos distribuir aos alunos e utilizá-lo desde a primeira aula. Inicialmente, nos
apresentamos como professores em formação e explicamos sobre as condições circunscritas
àquela mediação, circunstanciada pelo momento interventivo da disciplina Estágio
Supervisionado. Em seguida, solicitamos que cada um deles se apresentassem, dizendo seu
nome e sua idade. Alguns alunos estavam sentados em grupos, outros em duplas e outros

4
Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1kbgvUcoN-VnNWCPkcKa5l2Hr7D12-eYS/view?usp=sharing
isolados, de modo que estavam conversando bastante e estávamos tendo dificuldades em
ouvi-los e ser ouvidos. Propomos, então, a organização das cadeiras na disposição de um
semicírculo para facilitar a interação, e assim foi feito. Apenas um aluno e uma aluna (que
pareciam namorados) ficaram mais distantes, e acabavam em alguns momentos se
dispersando da aula.
Como estratégia para estabelecermos silêncio e gerar interação, fazíamos perguntas e
pedíamos para que os colegas prestassem atenção no que estava sendo dito por algum aluno.
Considerando o ensino em torno do gênero textual, conforme discutem Schneuwly e
Dolz (2004), bem como orienta a BNCC (BRASIL, 2018), iniciamos a aula conversando
brevemente com os alunos sobre os interesses apontados por eles no questionário.
Direcionamos os nossos comentários para o baixo interesse que demonstraram pelo gênero
poesia. Após ouvir a percepção deles sobre esse gênero, dissemos que ele seria abordado por
nós.
Distribuímos o material para a turma e expusemos a dinâmica da primeira atividade,
em conformidade com a motivação, primeira etapa da sequência e momento em que o aluno é
preparado para o texto literário.
Destinamos 15 minutos para a resolução do caça-palavras, informamos que havia um
total de 20 palavras distribuídas nas posições vertical, horizontal e diagonal, as quais eram:
lápis, papel, borracha, arquivos, máquina, pedra, cimento, poço, evaporação, densidade,
fluviante, congelada, urinando, fome, sede, sopro, monstros, fantasmas, morte e susto. Em
sequência, solicitamos que eles dispusessem as palavras encontradas nas categorias em que
eles achassem relação, sentido. Elencamos cinco categorias: Escritório; Canteiro de obras;
Propriedades físico-química da água; Processos fisiológicos; Terror/horror. Todas as palavras
do caça-palavras foram retiradas dos poemas que viriam a ser lidos na etapa de Leitura. Com
essa atividade (de caráter semântico), objetivamos que os alunos tivessem um primeiro
contato com as palavras que iriam se deparar em breve, e promover uma reflexão sobre os
sentidos usuais das palavras e aqueles que elas podem assumir, de acordo com o contexto que
são utilizadas.
Por meio de exemplificações esclarecemos a terceira questão da dinâmica. Solicitamos
que eles escolhessem algumas palavras dentre as 20 encontradas no caça-palavras, para
formarem novas palavras. Sem muitas dificuldades, todos conseguiram criar novas palavras.
Pedimos que cada um citasse uma palavra escolhida e a palavra formada a partir dela, sem
que repetissem palavras já ditas por seus colegas. Foram citadas palavras como maquinário,
fantasmagórico, esfomeado, monstruoso etc. Em todas as etapas da motivação os alunos
participaram com bastante entusiasmo.
Em seguida, iniciando a etapa de introdução, fizemos uma breve apresentação sobre
João Cabral de Melo Neto (p. 3, Material didático) e direcionamos algumas perguntas como:
“Você conhece ou já ouviu falar algo sobre o autor ou sua obra?” Os alunos demonstraram
desconhecimento desse poeta, até mesmo de sua obra mais popularizada, Morte e vida
severina. Também utilizamos esse momento para retomar as discussões da aula anterior sobre
o gênero poesia, com o intuito de contrastar a visão mais corrente sobre esse gênero com a
perspectiva do fazer poético e da função da poesia de João Cabral. Na terceira aula, já no
turno da tarde, demos continuidade à etapa de Introdução exibindo um vídeo5 (Apêndice D),
constituído por trechos de entrevistas dadas entre 1977 e 1998, em que o autor tece vários
comentários sobre sua escrita, e aponta uma propriedade de caráter metodológico presente em
seus poemas.
Infelizmente, devido ao atraso que tivemos para organizarmos a sala — quanto ao
deslocamento da televisão utilizada para exibição do material, transmissão dos dados entre
dispositivos e impressão de cópias para dois alunos — o tempo foi encurtado, logo, não
conseguimos aplicar a última atividade de produção e trabalharmos com o poema “O
funcionário”, primeiro poema da antologia. Priorizamos, estrategicamente, a escolha dos
outros três poemas (O poema, Lição de poesia e Catar feijão) para que se mantivesse a lógica
entre os sentidos e significados concatenados nas discussões, além de que o recurso da
intertextualidade estava bem nítido neles.
As etapas de Leitura e Interpretação, se deram de maneira associada. Baseando-nos
em Pinheiro (2018) para a abordagem do texto poético em sala de aula, começamos fazendo a
leitura integral de cada poema abordado. Em seguida, chamamos a atenção dos alunos para
versos específicos, solicitando a interpretação deles, bem como para as palavras que tínhamos
trabalhado na etapa motivação. Os alunos expuseram oralmente suas interpretações, e
dialogamos sobre o aspecto metafórico da linguagem e sobre o concebimento de novos
sentidos e imagens, mesmo de palavras tão comuns. Nesse momento, alguns alunos
manifestaram mais interesse e colaboração do que outros, inclusive alguns alunos se
ofereceram para ler um dos poemas. Após uma primeira leitura de “A lição de poesia”, cada
uma das três partes do poema foi responsabilizada a três alunos que se ofereceram para
declamá-lo. Recebemos a informação de que os alunos costumavam ser liberados 10 minutos

5
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tcZPr28QwC4&ab_channel=IvilaKaren
antes do horário previsto, devido a questões de segurança, assim, logo nos adiantamos para
encerrar a aula. Apontando brevemente o tema e estrutura do poema, encerramos a aula com
os versos de “Catar feijão”.
Infelizmente, nem todos os alunos retornaram para as aulas da tarde e perderam a
continuação da sequência didática. Muitos ficaram fora da sala de aula. Lamentamos pelo fato
das aulas que deixaram de participar, e pela consequente diminuição que houve na interação
da turma.

3 ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O ESTÁGIO


As aulas realizadas na UFPB tiveram um importante papel de orientar os discentes
sobre os processos burocráticos de estabelecimento de vínculo com a escola-campo, mas
também sobre a experiência que envolve o estágio como um todo. Pudemos compartilhar e
refletir sobre as diversas nuances que enfrentamos nos estágios (desafios, frustrações,
aprendizados etc.). Nessa ocasião, as diversas experiências compartilhadas pelos colegas de
turma enriqueceram as discussões.
Acreditamos que as aulas podem se tornar mais significativas se houver um foco maior
na elaboração de materiais para aplicarmos na escola; uma produção que aconteça tanto de
forma individual como coletiva, preferencialmente depois do período de observações, pois
podemos diante das nossas percepções da realidade escolar, planejar algo mais efetivo, sob
uma participação conjunta entre discentes e docentes.
O estabelecimento do vínculo com a escola-campo se deu rapidamente e de forma
cordial, no entanto, não foi possível iniciarmos as observações imediatamente em decorrência
do falecimento da diretora. Além disso, não foi possível realizar um número maior de
observações devido a adoecimentos, feriados, eleições e ao tempo previsto para planejamento
da intervenção.
Para a elaboração do projeto, inicialmente as principais dificuldades foram a definição
dos conteúdos (que fossem adequados ao perfil da turma) e das atividades a serem realizadas
pelos alunos, tendo em vista o caráter pontual da intervenção. Pensamos em várias
possibilidades de conteúdos, até que definimos o gênero textual e passamos a selecionar os
textos. Realizamos várias discussões presenciais e via Google meet para a realização do
planejamento, e então, construímos o material da sequência didática. Essas etapas foram
desafiadoras por terem requerido criatividade, empenho, tempo, e vários reajustes. Além
disso, tivemos que lidar com um prazo quase limite para a realização da intervenção, em
decorrência dos percalços supracitados.
Em relação à intervenção na escola, tivemos facilidades quanto ao dia de realização e à
quantidade de aulas cedidas pela professora supervisora. Ela também nos deu liberdade para a
escolha do conteúdo a ser trabalhado em sala. Antes de iniciarmos a aula, a professora optou
por nos deixar a sós com os alunos, apesar de termos dito que ela poderia participar.
Antes do início da aula, tivemos dificuldades com a preparação dos recursos didáticos
(notebook, TV e internet), o que acarretou em uma perda do tempo de aula. Dessa forma, não
conseguimos concluir o planejamento para as duas primeiras aulas, inviabilizando ao final das
últimas aulas a realização das produções dos alunos, infelizmente. Também sentimos um
pouco de dificuldade de interação com a turma, tanto por termos tido poucas oportunidades de
interagir com os alunos durante o período de observações, como pelo desinteresse
demonstrado por alguns alunos pela aula.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estágio é um momento fundamental e decisivo para a nossa formação. É nele que
começamos a compreender o desafio de transpor as teorias que aprendemos ao longo da
graduação para a árdua realidade da sala de aula. Para que isso seja facilitado e realizado de
forma mais eficaz é indispensável que as disciplinas do curso de Letras - língua portuguesa
sejam saturadas por uma perspectiva robusta de ensino. Além disso, sabe-se que a formação
teórica que recebemos é insuficiente tendo em vista os diversos fatores que englobam o
ensino-aprendizagem, e que variam de acordo com o contexto escolar. Daí a necessidade de
seguirmos sempre estudando e pesquisando, bem como investigando a realidade da sala de
aula.
O desinteresse pelo aprendizado que percebemos em alguns alunos (que ficou
evidenciado principalmente nas ausências de alunos que estiveram nas primeiras aulas e não
retornaram para as últimas) não apenas nos provocou um nível de frustração como nos fez
refletir sobre o que tem levado os alunos a desenvolverem tal comportamento, que se trata de
um problema complexo inserido em vários âmbitos. Apesar disso, saímos da escola
valorizando a experiência que tivemos; aquilo que conseguimos proporcionar aos alunos e
receber deles, mas também com um sentimento de inconformismo, e determinação para
contribuir com a melhoria do atual cenário da educação pública, em nossas futuras práticas
como professores.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares


Nacionais (PCN+). Linguagens, Códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 2006.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


A redação no Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, 2022

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

COSSON, Rildo. Letramento Literário: Teoria e Prática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2009.
PINHEIRO, Hélder. Poesia na sala de aula. 1. ed. - São Paulo: Parábola,
2018.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola.
São Paulo: Mercado de Letras, 2004.

ANEXOS

Imagem 1: ambiente da sala de aula.

Fonte: autoria nossa.


Imagem 2: alunos realizando a etapa motivação, sob mediação de Ivila.

Fonte: autoria nossa.


Imagem 3: leitura e interpretação de poemas, sob mediação de Jurandir.

Fonte: autoria nossa.


Imagem 4: identificação e organização dos vocábulos encontrados no caça-palavras (a
organização em conjunto confere às categorias pré-definidas e indicadas pelos alunos).

Fonte: autoria nossa.


Imagem 5: controle de frequência
Imagem 6: controle de frequência
APÊNDICES:

Apêndice A - Disponível em:


<https://docs.google.com/forms/d/1oAbM2kskrVIzJpcbR4-_kFRK2oVj0zJ8AzunGqoXcPQ/e
dit> Acesso em: 12/12/2022.
Apêndice B - Disponível em:
<https://docs.google.com/spreadsheets/d/1d-noe5jrjXHC62qS5KWdqOHlqsEk6Thezg3iU7e6
PE4/edit#gid=676680937> Acesso em: 12/12/2022.
Apêndice C - Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/1kbgvUcoN-VnNWCPkcKa5l2Hr7D12-eYS/view?usp=shari
ng> Acesso em: 12/12/2022.
Apêndice D - Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=tcZPr28QwC4&ab_channel=IvilaKaren> Acesso em:
12/12/2022.

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