Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Beatriz, criança representada pela mãe, iniciou execução de alimentos contra o pai, na
qual cobrou parcelas pretéritas dos alimentos que não tinham sido pagas pelo genitor.
Sendo mais detalhado: o débito era de R$ 3.270,00. O pai quitou R$ 2 mil e ficou
liberado de pagar R$ 1.270,00. Além disso, passou a pagar regularmente a pensão
alimentícia dos meses subsequentes.
1/3
O Ministério Público, atuando como fiscal da ordem jurídica, interpôs recurso de
apelação, no qual argumentou que a obrigação alimentar possuía caráter irrenunciável e
personalíssimo, motivo pelo qual não poderia ter sido objeto de transação.
CPC
(...)
ECA
CC
Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o
do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.
NÃO.
É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros (art. 1.707 do Código Civil).
2/3
Contudo, o credor pode renunciar aos alimentos pretéritos devidos e não prestados. Isso
porque a irrenunciabilidade atinge o direito, e não o seu exercício.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.529.532-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
09/06/2020 (Info 673).
O simples fato de haver entre os genitores acordo sobre as parcelas pretéritas dos
alimentos devidos ao menor não configura, por si, conflito de interesses, devendo
sempre serem analisadas as peculiaridades do caso concreto.
Em reforço, cabe salientar que, no presente caso, não se identifica grave prejuízo a
alimentada, na medida em que, ao que se percebe, sua genitora proveu seu sustento no
período em que o pai permaneceu inadimplente.
Em suma:
STJ. 4ª Turma. Processo em segredo de justiça, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 20/6/2023 (Info 12 – Edição Extraordinária).
3/3