Você está na página 1de 2

1

Perspectivas humanísticas e filosóficas

O movimento filosófico actual reporta-se ao motivo de auto-afirmação como


componente essencial do comportamento humano. O humanismo visa restaurar o
seu Eu, como pessoa, reconhecendo-o como participante e não como espectador ou
produto da vida. Ao contrário do tecnicismo que trata o homem como objecto, e o
anula na sua individualidade.

Para estas perspectivas, o encontro existencial é a situação educativa ou terapêutica,


de pessoa para pessoa, e cada uma com seus valores e seu Eu. Não se busca impingir
ou modelar comportamentos, mas vivenciar o que existe dentro de cada um. É o ser
no mundo que prevalece.

Segundo (SANTOS, 1982), o humanismo na Psicologia é bem o reflexo do homem que


se revolta e se desajusta quando se vê alienado de si mesmo; quando é ignorado ou
“coisificado” ou, ainda, e principalmente, quando perde o autoconceito, a auto-
estima, resultante de depreciação externa aceita como válida e assim introjectada e
incorporada ao “self”.

Quando se facilita à pessoa a questionar a si própria, no seu em-si e para-si, pode ela
retomar a uma visão de si mesma, a se avaliar face a seus alvos e aspirações, a se
reconhecer como um ente próprio, como seu Eu subjectivo, todo único e pessoal.
Reabre-se, assim, o caminho da tranquilidade e do bem-estar individual e pode-se
constatar quanto é decisivo no ajustamento humano a retomada do valor pessoal, do
sentimento de que, apesar dos conflitos e frustrações, a pessoa ainda é capaz de
sentir-se a si mesma, de ter a consciência de existir e de com ela seleccionar seus
valores e seus alvos. A essência, do homem é a percepção de si mesmo, como pessoa,
capaz de sentir, pensar e agir dentro da sua individualidade.

Muito frequentemente observa-se, na assistência terapêutica, que o cliente coloca


duas imagens, o “dever ser” e o “ser”, as quais entram em conflito e geram angústia. E
quanto mais se enfatiza uma ou outra imagem, mais se acentua a dissonância pessoal
e o conflito, pois que a pessoa se vê mais profundamente atingida pelos “seus” valores
e pelos valores externos.
2

O humanismo em psicologia visa reduzir a imposição existencial, retomando o Eu, o


“ser” como o aspecto importante, não como soma ou função de partes, mas como um
todo capaz, inclusive, de superar as deficiências parciais avaliadas isoladamente.
Reduz-se, assim, a distância entre as duas imagens, o “dever ser” e o “ser” e a pessoa
entra na plenitude de si mesma e assim sentindo usa toda sua potencialidade da qual
é biologicamente dotada. O humanismo é, no fundo, um retorno parcial da
Psicologia, a Filosofia e a Biologia sem, contudo, abdicar do seu campo próprio (Ibid).

Referencia Bibliográfica

Rosenberg, R. L. (1972), “Um estudo da percepção de condições psicoterápicas em grupos de


Aconselhamento Psicológico”. Tese de Doutoramento. São Paulo: Universidade de São Paulo.

Santos, O.B. (1982), Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia. São Paulo: Livraria


Pioneira Editora.

Você também pode gostar