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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE CARAPICUÍBA
FORO DE CARAPICUÍBA
4ª VARA CÍVEL
AVENIDA DESEMBARGADOR DOUTOR EDUARDO CUNHA DE
ABREU, 215, Carapicuiba - SP - CEP 06328-330
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1010738-47.2017.8.26.0127 e código 29E04E7.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1010738-47.2017.8.26.0127


Classe - Assunto Procedimento Comum - Oferta e Publicidade
Requerente: Vitor Vieira Carlos
Requerido: Gmr Osasco Empreendimentos Imobiliarios Spe Ltda

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROSSANA LUIZA MAZZONI DE FARIA, liberado nos autos em 04/04/2018 às 15:55 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Rossana Luiza Mazzoni de Faria

Vistos.

VÍTOR VIEIRA CARLOS propôs ação pelo rito comum em face de GMR
OSASCO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS SPE LTDA sustentando, em síntese, que
em 09 de novembro de 2015 firmou contrato particular de promessa de compra e
venda da unidade n. 1714 do 17º andar da Torre Royal do empreendimento "Piscine
Home Resort", na Avenida Franz Voegeli, n. 900, Parque Continental, Osasco, nesta
cidade e comarca; na cláusula 3.1 do contrato há previsão de que o autor teria direito
a uma vaga de garagem indeterminada, contudo, a ré a época da celebração do
contrato se comprometeu a fornecer uma vaga de garagem coberta e livre conforme
fôlder veiculado; recentemente o autor soube que a ré estaria comercializando vagas
livres pelo valor de R$ 22.200,00 e instada a respeito do direito do autor, foi-lhe
informado que sua vaga de estacionamento não seria necessariamente livre pois
dependeria de sorteio e embora reiterada instada a ré, não houve o cumprimento do
prometido. Assim, pleiteou a condenação da ré a entrega de uma vaga de garagem
livre e coberta sem qualquer custo adicional, alternativamente pleiteou a condenação
da ré à indenização pela desvalorização do imóvel no valor de R$ 22.200,00.

A liminar foi rejeitada (fls. 65).

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COMARCA DE CARAPICUÍBA
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A ré apresentou contestação alegando preliminarmente a falta de
interesse processual, pois há previsão contratual sobre a aquisição de uma vaga de
garagem indeterminada sendo que a distribuição e demarcação estão sujeitas a sorteio
ainda não realizado, assim, seria necessário anteriormente aguardar o sorteio e avaliar
se houve ou não algum prejuízo e da narração dos fatos não decorre logicamente o

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROSSANA LUIZA MAZZONI DE FARIA, liberado nos autos em 04/04/2018 às 15:55 .
pedido de indenização. No mérito sustentou que não houve propaganda enganosa, pois
embora tenha sido veiculado a existência de vagas de garagem livres, tal previsão não
exclui a previsão da existência de vagas presas; todas as vagas do empreendimento
são cobertas, havendo vagas livres e vagas presas e que serão atribuídas aos
moradores por ocasião do sorteio; impugnou o pedido alternativo pois traria um
enriquecimento sem causa. Assim, pleiteou a improcedência da ação.

Sobreveio réplica e impugnação aos documentos que instruíram a peça


supracitada.

É o breve relatório.
Fundamento e decido.

Prescinde o feito de dilação probatória comportando pronto julgamento.

De início, afasto os argumentos sobre a inépcia da inicial, eis que o


pedido alternativo é baseado no valor de venda das vagas de garagem, conforme
causa de pedir.

Ainda, afasto a preliminar de falta de interesse processual, pois por


óbvio, se há mais vagas descobertas do que cobertas, sendo que muitas dessas
últimas foram comercializadas posteriormente, restam poucas vagas e certamente a
probabilidade de ser beneficiado com alguma vaga coberta é pífia.

No mérito, a pretensão inicial é procedente.

Trata-se de ação na qual se busca o cumprimento do contrato de


compromisso de compra e venda celebrado entre as partes, mais precisamente a vaga
de garagem livre e coberta com base na publicidade veiculada pela ré.

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Pois bem.

A ré em contestação sustenta que realmente houve a veiculação da


propaganda anunciando "fuja dos projetos com vagas descobertas e presas!" (fls. 72),

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROSSANA LUIZA MAZZONI DE FARIA, liberado nos autos em 04/04/2018 às 15:55 .
contudo, reconheceu que existem mil, duzentas e quarenta e cinco vagas de garagem
no setor residencial do empreendimento, contudo, apenas trezentas e oitenta e uma
são vagas livres.

Decerto, a cláusula 3.1.1 do contrato prevê: "A Unidade Autônoma tem o


direito de uso de 1 vaga(s) de garagem indeterminada(s) conforme memorial de
incorporação e convenção do condomínio." (fls. 11), contudo, segundo fôlder que
instrui a inicial, há duas menções anunciando: "fuja dos projetos com vagas
descobertas e presas!" (fls. 27) e mais a frente: "GARAGEM, Vagas cobertas,
demarcadas e livres" (fls. 30).

Consequentemente, a propaganda veiculada a respeito de vagas


cobertas e livres e sem ressalvas vincula a ré diante da responsabilidade pré-
contratual conforme estabelece o art. 30 do Código de Defesa do Consumidor: "Toda a
informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou
meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier
a ser celebrado

Logo, considerando o caráter vinculante da publicidade, a qual foi precisa


a respeito do anúncio de vagas de garagem cobertas e livres, sem qualquer
advertência ao consumidor sobre a existência de vagas presas, caberá à ré a entrega
de uma vaga coberta e livre ao autor.

Ante ao exposto, JULGO PROCEDENTE a pretensão inicial formulada


por VÍTOR VIEIRA CARLOS em face de GMR OSASCO EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS SPE LTDA e condeno a ré a entregar ao autor uma vaga de garagem
livre e coberta e desde já concedo a tutela de urgência devido ao risco de demora e
a fim de evitar eventual conversão em perdas e danos ante a comercialização de todas

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as vagas a terceiros.

Diante do princípio da sucumbência, condeno o réu no pagamento das


custas, das despesas processuais e honorários advocatícios que arbitro em 15% do
valor atualizado da causa.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ROSSANA LUIZA MAZZONI DE FARIA, liberado nos autos em 04/04/2018 às 15:55 .
P.R.I.

Carapicuiba, 03 de abril de 2018.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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