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Noção:
Arts. 414º e 423º do CC
Convenção nos termos da qual uma das partes assume a obrigação de, em igualdades de
condições, dar preferência à outra na celebração de um determinado contrato, a obrigação
de escolher uma determinada pessoa como contraente, caso decida celebrar um
determinado negócio.
A preferência não recai apenas sobre o contrato de compra e venda, mas sobre qualquer outro
contrato compatível;
Inicialmente a lei previa apenas a possibilidade de se convencionar a preferência na venda,
mas hoje a obrigação de preferência pode ter por objecto outros contratos (preferência no
arrendamento, na empreitada, no mandato, etc.)
PACTO DE PREFERÊNCIA
Obrigação que nasce do Pacto de Preferência tem dupla face:
Non facere – de não contratar com outros;
Facere – de escolher preferencialmente a contraparte;
O pacto de preferência relativo a contrato para o qual a lei exija documento, quer
autêntico, quer particular, só vale se constar de documento assinado pelo obrigado a
dar preferência.
Precisamos saber a forma do contrato objecto da preferência para determinar a forma do
pacto de preferência.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Forma do Pacto de Preferência – Arts. 415º + 410º, n.º 2, do CC
Se ao contrato objecto da preferência a lei exigir documento escrito (autêntico ou
particular), a forma do pacto de preferência será documento escrito particular, assinado pelo
obrigado a dar preferência.
Se ao contrato objecto da preferência a lei exigir escritura pública, a forma do pacto de
preferência será documento escrito particular, assinado pelo obrigado a dar preferência;
Se ao contrato objecto da preferência a lei exigir documento particular, a forma do pacto de
preferência será documento particular, assinado pelo obrigado a dar preferência;
Se ao contrato objecto da preferência a lei não exigir documento escrito, a forma do pacto de
preferência será igualmente livre.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Forma do Pacto de Preferência – Arts. 415º + 410º, n.º 2, do CC
Nos casos em que lei exige que o contrato seja celebrado por escrito particular assinado pelos
promitentes,
Art. 410º, n.º 2 do CC - Promitentes = partes que se vinculam a celebrar o contrato prometido
Pacto de preferência = contrato unilateral = apenas uma das partes está obrigada
Significa que no pacto de preferência que tem de ser celebrado por escrito apenas o obrigado
a dar preferência tem de assinar o documento.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Forma do Pacto de Preferência – Arts. 415º + 410º, n.º 2, do CC
A recusa ou aceitação pode ser verbal – forma livre, nos termos do art. 219º do CC
PACTO DE PREFERÊNCIA
Em caso de caducidade do direito de preferência, se o obrigado decidir celebrar o contrato com
terceiro em condições diferentes, está obrigado ou não a notificar novamente o preferente?
Depende:
Se as condições forem mais onerosas (ex.: preço superior) – Não há lugar a nova notificação;
Se as condições forem mais favoráveis ou vantajosas (ex.: preço mais baixo) – Obrigado a realizar nova
notificação.
Se o obrigado decidir celebrar o contrato, nas mesmas condições anteriormente notificadas, mas
com outra pessoa distinta da inicial, deve notificar novamente o preferente?
Depende
Se o nome de terceiro tinha sido comunicado ao preferente – Deve haver nova notificação;
Se o nome de terceiro não constava da primeira notificação – Não há lugar a nova notificação.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Pacto de Preferência com Eficácia Real
Regra geral, o pacto de preferência tem eficácia relativa (produz efeitos apenas entre
os contratantes). Entretanto, é possível opor determinados pactos de ppreferência a
terceiros. É possível atribuir eficácia real a um pacto de preferência, atribuir-lhe efeitos
erga omnes (característicos dos direitos reais).
Eficácia real do pacto de preferência:
Significa que o pacto de preferência é oponível a terceiros adquirentes do bem
objecto do pacto;
Significa que o direito do preferente prevalece sobre todos os direitos reais que
tenham registo posterior ao pacto de preferência;
PACTO DE PREFERÊNCIA
Requisitos cumulativos – a falta de um determina que o pacto não tenha eficácia real
– só produza efeitos entre as partes.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Ex.: A celebra um pacto de preferência com B, dando-lhe primazia na venda de uma casa. A
falece antes de vender o imóvel e o seu filho C é seu herdeiro universal. ,C herda o imóvel,
mas não fica adstrito à obrigação de dar preferência a B na venda da casa. A obrigação de
preferência de A não se transmite para C, salvo convenção em contrário.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Violação do direito de preferência
Celebração do contrato com terceiro sem dar primazia ao preferente (incumprimento
do dever de notificação ou de preferência)
Se o pacto tiver eficácia real (o direito de preferência é oponível a terceiro
adquirente) – Acção de Preferência (arts. 421º, n.º 2, e 1390º do CC), sem
prejuízo do direito a indemnização, nos termos gerais do art. 798º do CC;
Acção de Preferência
Depósito do preço devido no prazo de 8 dias ….
Em caso de preço simulado, qual o preço que o preferente é obrigado a depositar? Preço real
ou o preço simulado?
Se o preço real pago por terceiro for 20 mil, mas o preço que consta do contrato for 30 mil, o
preferente deve depositar 20 ou 30 mil?
Se o preço real pago por terceiro for 30 mil, mas o preço que consta do contrato for 20 mil, o
preferente deve depositar 30 ou 20 mil?
PACTO DE PREFERÊNCIA
Alienação da coisa juntamente com outra(s) – art. 417º do CC
Venda pelo preço global do bem objecto do pacto juntamente com outra coisa (Ex.: A atribuiu a B direito de
preferência na venda de uma vivenda. A decide vender a vivenda e um pequeno lote de terreno contíguo pelo
preço global de 20 mil contos.)
O preferente mantem a possibilidade de exercer o direito de preferência apenas em relação ao bem
objecto de pacto de preferência (vivenda). Não é obrigado a adquirir a outra coisa (terreno contíguo). O
direito de preferência será exercido pelo preço proporcionalmente atribuído à casa. Em último caso,
caberá ao tribunal fixar o valor proporcional, através de uma acção de arbitramento.
Esta possibilidade existe não só no âmbito do exercício extrajudicial do direito de preferência, como no
quadro de uma acção de preferência, em que a coisa já foi vendida a um terceiro juntamente com outra.
O obrigado pode opor-se ao exercício do direito de preferência apenas em relação ao bem objecto do
pacto, exigindo que a preferência abranja ambas as coisas, se provar que não é possível a separação
das duas coisas sem um prejuízo apreciável ou significativo.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Prestação Acessória – art. 418º do CC
Se o terceiro com o qual o obrigado pretende contratar oferecer, em contrapartida, uma prestação
acessória que o preferente não possa satisfazer (Ex.: o C oferecer a A, pela venda da vivenda, o
preço e a pintura de um quadro ou uma antiguidade)
Se tiver intuito fraudulento (para afastar a preferência), a prestação acessória não produz efeitos, não
deve ser considerada, e o preferente exerce o seu direito só pela prestação principal (paga o preço);
Se não tiver intuito fraudulento e for avaliável em dinheiro, o preferente compensa a prestação acessória
em dinheiro (sobre o preço acrescenta-se o valor pecuniário correspondente à prestação acessória);
Se não tiver intuito fraudulento, não for avaliável em dinheiro e não for essencial, a prestação acessória
não produz efeitos, não deve ser considerada, e o preferente exerce o seu direito só pela prestação
principal (paga o preço);
Se não tiver intuito fraudulento e não for avaliável em dinheiro, mas é essencial – fica afastado o direito
de preferência.
PACTO DE PREFERÊNCIA