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Bioquímica clínica:

Diabetes Mellitus:
▪ O diabetes mellitus (DM) consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia
persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os
mecanismos.
▪ No estado alimentado e no estado de jejum há
dois hormônios que atuam, a insulina e o
glucagon.
▪ No estado alimentado teremos a insulina.
▪ No estado em jejum teremos o glucagon.
Obs.: A alta taxa de glicose é um sinal para o
pâncreas pra ele liberar insulina, já quando
estamos em jejum, temos uma baixa taxa de
glicose, portanto, a insulina é inibida e o
glucagon é liberado.
▪ Insulina: É um hormônio produzido pelas células β das ilhotas de Langerhans do pâncreas. A
função primordial da insulina é transportar glicose para dentro das células, a qual será usada para
produção de energia. Com isso, também a insulina é fundamental para o controle do nível da
glicemia sanguínea. Além disso, ela reduz a produção de glicose pelo fígado e aumenta a captação
desse hormônio nos tecidos adiposo e muscular. Isso significa que a insulina é responsável por
controlar o nível de glicose (açúcar) no sangue.

▪ Esquema abaixo mostra as células B-pancreáticas, que têm transportadores de glicose, alguns
desses GLUT precisam do receptor de insulina acoplado pra receber a insulina e a glicose passar.
Nesse exemplo da B-pancreática não é necessário, pois ela tem o GLUT 2. Então a insulina migra
através desse canal, então quando ela chega dentro
da célula ela faz todo o processo e isso vai fazer
com que a grande quantidade de ATP gerado
bloqueie os canais de K+ (esse bloqueio vai causar
uma despolarização de membrana,). Essa
despolarização abre os canais de Ca+ (cálcio é
essencial para a contração), e é justamente essa
saída da cálcio pra fora da célula que faz a célula
secretar a insulina.
▪ Altas taxas de glicose chegam nas células B-
pancreáticas, entram por GLUT2.
▪ A Glicose vira glicose-6-fosfato e segue para o seu
metabolismo (respiração celular) para gerar ATP.
▪ Essa grande quantidade de ATP causa um bloqueio nos canais de K+ (que são sensíveis aos níveis
de ATP).
▪ Esse bloqueio causa despolarização da membrana plasmática.
▪ Abrindo os canais de Ca+
▪ Esse influxo de Ca+ é o sinal para acontecer a secreção de insulina.

▪ Dentro da célula B-pancreática teremos a


pré-pró-insulina, é uma molécula grande
que, quando for necessário secretar insulina,
essa molécula será crivada.
▪ Após ser crivada ela se transforma em pré-
insulina.
▪ A pré-insulina perde o peptídeo C e vira a
insulina madura, que é o tipo que pode ser
secretada.

Caracterização da doença:
▪ Cérebro: temos a
neuropatia diabética, dores no
corpo e nos nervos. Além da
propensão a desenvolver
demência muito mais cedo do
que uma pessoa não-
diabética.
▪ Olhos: antes de chegar a
cegueira, temos o
desenvolvimento de
retinopatias, glaucoma,
edemas, derrames
intraoculares, etc…

▪ Sistema cardiovascular: tem uma maior propensão a desenvolver Aterosclerose devido a taxa de
triglicerídeos elevados com glicêmia elevada.
▪ Rins: esse paciente terá maior propensão à falência dos rins do que um paciente não-diabético.
▪ Membros: ferimentos e úlceras que podem ser desenvolvidas e mais difíceis de cicatrizar, que
acabam se tornando persistentes podendo causar amputações.
Obs.: Não tem cura, pode-se apenas melhorar a qualidade e sua expectativa de vida. Devido ao alto
número de doenças secundárias que essa condição acarreta acaba abaixando as expectativas de vida.

Causa e classificação:
▪ DM1: que é subdividido em dois, 1A e 1B.
1A: O paciente tinha as células B-pancreáticas e em algum momento da vida desenvolveu auto-
anticorpos contra essas células e por isso elas foram destruídas. Isso é comprovado através de
exames laboratoriais, é possível dosar os auto-anticorpos.
1B: Deficiência de insulina com natureza desconhecida.
Obs.1: Existem auto-anticorpos direcionados a insulina, células B-pancreáticas, etc…
Obs.2: Pode-se passar boa parte a vida sem nenhum sintoma da doença, e aleatoriamente
desenvolver sintomas da diabetes tipo 1, que são:
- Fome frequente - Tomar muitos líquidos - Fraqueza e fadiga
- Vontade de urinar diversas - Perda de peso - Náusea e vômito

▪ DM2: Vem do estilo de vida, geralmente são pacientes com sobrepeso. Além disso, é uma
doença progressiva, tem estágios. Geralmente o paciente se encontra em pré-diabetes por 3 ou 4
anos, caso não se trate, desenvolve a diabetes tipo 2.
Esse paciente vai perdendo a secreção de insulina e ganhando uma resistência insulínica junto.
Portanto, esse paciente tem insulina mas não consegue encaixá-la no seu receptor, pois ele está
resistente. Logo, se não é possível encaixar esse receptor, a insulina fica alta mas em compensação,
se não é mandando o sinal para o GLUT4 abrir, a glicose também fica alta. Portanto, fica insulina e
glicose alta no sangue.

5% a 10%

90% a 95%
Estágios de DM1:
Aqui o paciente vai ter 3 estágios:

▪ 1º estágio: paciente tem anticorpos positivos, o índice glicêmico é normal e nenhum sintoma.
▪ 2º estágio: o estágio de pré-diabetes, aqui não há sintomas, por isso é caracterizado como uma
doença silenciosa. Aqui, a pessoa apresenta um estado de hiperglicemia evidente de início recente.
Além de ter os exames típicos de um DM2:
- Jejum > 126 mg/dL
- 2 horas após TOTG > 200 mg/dL
- Hemoglobina glicada (HbA1c) > 6,5 mg/dL
▪ 3º estágio: Aqui ele vai expressar seus sintomas de forma visível, bem como a perda de peso, isso
por conta da desidratação contínua, pela incapacidade de utilizar a glicose como fonte de energia
(por isso faz cetogênese). Além da sede excessiva, etc…

Anticorpos dosados para a DM1:

▪ IAA: Anticorpo anti-insulina


▪ ICA: Anticorpo anti-ilhotas (células Beta)
Rastreamento de DM2:
▪ O principal fator de risco é o pré-diabetes, mas fatores como o sobrepeso e a obesidade também
influenciam bastante.
Obs.1: O obeso/sobrepeso já tem uma resistência insulínica.
Obs.2: A resistência à insulina é uma condição em que as células do corpo não respondem
adequadamente ao hormônio insulina. Isso significa que há um desequilíbrio entre a quantidade de
insulina produzida pelo pâncreas e o real funcionamento desta substância no corpo. Em outras
palavras, é preciso uma quantidade maior de insulina para ajustar a glicose no corpo.
A principal causa da resistência à insulina é o ganho de peso. Com o ganho de peso e o aumento
do tecido adiposo (gordura no corpo), há maior necessidade do pâncreas produzir insulina e, com
isso, o ciclo da resistência insulínica se inicia. Quanto mais insulina é produzida, mais as células
tendem a se proteger do excesso dela, e mais aumenta a resistência. Em determinado momento, o
pâncreas não consegue produzir mais insulina, e é nesse ponto que os níveis de açúcar no sangue
começam a ficar elevados e o diabetes tipo 2 pode surgir.

▪ HDL: High Density Lipoproteins, chamado popularmente de “colesterol bom”, precisa estar
acima de 35 ou 45 (dependendo de algumas literaturas).

Sinais de alerta:
- Perda de peso sem motivo prévio. Se o paciente não muda sua alimentação e ainda sim perde
muito peso, isso ocorre devido o consumo de massa magra, essa pessoa primeiro vai consumir
massa magra, depois é que vai consumir a gordura.
- Insônia, cansaço, fagida.
- Sede excessiva
- Urinar em excesso: ocorre devido a alta concentração de glicose no sangue (isso puxa água do
tecido pra corrente sanguínea).
Obs.1: É muito raro um paciente DM2 entrar em cetoacidose diabética, o que ocorre com ele é a
hiperosmolaridade (desidrata muito rápido pela alta concentração de glicose no sangue).
Obs.2: A cetoacidose é uma complicação da diabetes que pode ser fatal. Acontece quando o corpo
utiliza alternativas como suprimento energético, e neste caso, os estoques de gordura. O processo
resulta no acúmulo de corpos cetônicos, componentes que deixam o sangue ácido. O pH abaixo de
7 é extremamente ruim para o organismo, pois grande parte das reações químicas que acontecem
no sangue necessitam de um ambiente com pH mais próximo de 7. Resumidamente, durante a
cetoacidose o corpo consome muita gordura e libera muitos ácidos graxos e corpos cetônicos.
Obs.3: Os corpos cetônicos são três substâncias solúveis em água que são produtos derivados da
quebra dos ácidos graxos, a quebra ocorre no fígado durante períodos de baixa ingestão de
alimentos (jejum), dieta de restrição de carboidratos, exercícios intensos prolongados, alcoolismo
ou em diabetes mellitus tipo 1 não tratada1. Os corpos cetônicos fazem referência ao acetoacetato,
beta-hidroxibutirato e acetona, que agem como uma fonte de energia alternativa quando o corpo
está em jejum ou resistindo ao exercício prolongado. A presença de corpos cetônicos no sangue é
denominada cetose e na urina é chamada de cetonúria. Pessoas saudáveis podem induzir a cetose
através da dieta e pelo jejum. Porém, ela também pode ser causada por inanição ou diabetes, uma
condição conhecida como cetoacidose diabética, e que pode ser prejudicial para a saúde.

DMG: Diabetes Mellitus Gestacional


▪ A grávida pode ter esse estado de hiperglicemia durante o período gestacional, isso ocorre devido
alguns fatores:

▪ Placenta produz hormônios hiperglicemiantes: principalmente hormônio lactogênico placentário,


mais o cortisol, estrogênio, progesterona e prolactina também estão envolvidos.
Obs.: O normal para o peso de uma criança ao nascer seja de 3 quilos.
Rastreamento da DMG:

▪ Primeiramente tem-se 3 casos:


- A que inicia o pré-natal antes das 20 semanas.
- A que inicia entre 20 e 28 semanas
- E finalmente a que só inicia após as 28 semanas.
▪ É necessário, antes de qualquer coisa, que o obstetra peça os exames de ISTs, check up completo,
colesterol, glicemia, hemoglobina glicada, etc…
Exemplo 1: Se a glicemia der menos de 92, está normal (importante ressaltar que aqui já é diferente
o valor de referencia, ao invés de ser até 99). Até chegar as 24 semanas, é importante pedir o TOTG
(Teste oral de tolerância à glicose).
Obs.: O exame de curva glicêmica é recomendado entre as 24 e 28 semanas de gestação. É um
acompanhamento de 30 em 30 minutos. Já o TOTG é acompanhado de 1 em 1 hora.
Exemplo 2: No caso de uma paciente com glicemia entre 92 e 125, ao invés de categorizar como
pré-diabetes, diz-se que é uma gestante com DMG.
Exemplo 3: Se der maior que 126, provavelmente a paciente já era diabética antes da gestação, só
que ela não sabia. Chama-se de “overt diabetes”. É a paciente que não teve acesso ao diagnóstico
antes da gestação. Podendo ser DM1 ou DM2.
Diagnóstico para DM2

Exemplo 1:
1º exame: jejum = 106 e HbA1c = 7,2 → não fecha diagnóstico
2º exame: jejum = 112 e HbA1c = 6,7 → não fecha diagnóstico
3º exame: jejum = 113 e TOTG 2 h de sobrecarga = 240 →diabetes estabelecido
Obs.1: Após a 1ª tentativa, se não fechar o diagnóstico correto, é necessário repetir pela 2ª vez. Caso
a segunda coleta continue incompetível é necessário pedir um confirmatório, o TOTG.
Obs.2: Nesse exemplo acima, o jejum sempre dá próximo ao normal devido ao jejum que ajuda a
manter os níveis de glicose no sangue mais baixos.

Metas glicêmicas:
▪ Ao tratar um paciente, é indispensável que ele mantenha seus níveis glicêmicos adequados (de
acordo com os valores de referência).
Br: SBD *jejum *pós-alimentação

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