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Meningite

Meningite é uma inflamação das meninges (revestimento • A irritação meníngea resulta em vários outros sinais
existente em torno do encéfalo e da medula espinal) cau- bem conhecidos, que são comuns a todos os tipos de
sada por infecções por bactérias, vírus ou fungos. A me- meningite:
ningite é classificada em asséptica ou séptica. A forma
• Rigidez de nuca (pescoço rígido) constitui um sinal pre-
asséptica pode ser viral ou secundária ao comprometi-
coce
mento do sistema imune, como linfoma, leucemia ou ví-
rus da imunodeficiência humana (HIV). A forma séptica é • Sinal de Kernig positivo: quando o paciente está deitado
causada por bactérias, como Streptococcus pneumoniae com a coxa em flexão sobre o abdome, ele não conse-
e Neisseria meningitidis. O risco aumentado de meningite gue estender a perna por completo
bacteriana está associado ao uso de tabaco, infecções
• Sinal de Brudzinski positivo (um indicador mais sensível
virais das vias respiratórias superiores, otite média, mas-
de irritação meníngea do que o sinal de Kernig): a flexão
toidite e deficiência do sistema imune.
do pescoço do paciente produz flexão dos joelhos e dos
Fisiopatologia quadris; a flexão passiva do membro inferior de um lado
produz um movimento semelhante no membro oposto
Em geral, as infecções meníngeas originam-se de duas
maneiras: através da corrente sanguínea, em consequên- • Fotofobia (sensibilidade extrema à luz) é comum
cia de infecções (celulite) ou por extensão direta (após
• Exantema (N. meningitidis): varia desde uma erupção
lesão traumática dos ossos faciais). O microrganismo cau-
petequial com lesões purpúricas, até grandes áreas de
sador entra na corrente sanguínea, atravessa a barreira
equimose
hematencefálica e desencadeia uma reação inflamatória
nas meninges. Independentemente do agente etiológico, • Desorientação e comprometimento da memória; as
ocorre inflamação do espaço subaracnóideo e da pia- manifestações comportamentais também são comuns.
máter. Em consequência, ocorre elevação da pressão Com a evolução da doença, pode-se verificar o desen-
intracraniana (PIC). A meningite bacteriana, ou meningo- volvimento de letargia, ausência de resposta e coma
cócica, também ocorre com infecção oportunista em pa-
cientes com síndrome de imunodeficiência adquirida • Podem ocorrer convulsões, que resultam de áreas de
(AIDS) e como complicação da doença de Lyme. A me- irritabilidade no cérebro; a PIC aumenta secundariamente
ningite bacteriana é a forma mais significativa. As bactérias ao edema cerebral difuso ou hidrocefalia; os sinais iniciais
patogênicas mais comuns consistem em N. meningitidis de elevação da PIC incluem nível diminuído de consciên-
(meningite meningocócica) e S. pneumoniae, respon- cia e déficits motores focais
dendo por 80% dos casos de meningite nos adultos. Ha- • Ocorre infecção fulminante aguda em cerca de 10%
emophilus influenzae era, antigamente, uma causa co- dos pacientes com meningite meningocócica, produzindo
mum de meningite em crianças; todavia, devido à vaci- sinais de septicemia fulminante: início abrupto de febre
nação, a infecção por esse microrganismo tornou-se, alta, lesões purpúricas extensas (na face e nos membros),
atualmente, rara nos países desenvolvidos choque e sinais de coagulação intravascular disseminada
Manifestações clínicas (CID); pode ocorrer morte em poucas horas após o início
da infecção.
• Cefaleia e febre constituem, com frequência, os sinto-
mas iniciais; a febre tende a permanecer alta durante
toda a evolução da doença; a cefaleia é constante, pulsátil
e muito intensa, em consequência da irritação meníngea
• Dexametasona, que demonstrou ser benéfica como te-
rapia adjuvante no tratamento da meningite bacteriana
aguda e meningite pneumocócica
• Desidratação e choque são tratados com expansores
do volume de líquidos
• As convulsões, que podem ocorrer precocemente na
evolução da doença, são controladas com fenitoína.
Diagnostico de enfermagem
• Dor aguda relacionada ao processo infeccioso;
• Náuseas relacionada à meningite devido à pressão in-
tracraniana aumentada, fármacos e irritação gástrica
• Hipertemia relacionada ao processo infeccioso da do-
ença.
• Conforto prejudicado
• Conhecimento deficiente sobre a sua condição/doença

Manejo clínico Manejo de enfermagem

A administração precoce de antibióticos (idealmente em • Instituir precauções para o controle das infecções até
30 minutos após a chegada do paciente ao hospital) que 24 horas após o início da antibioticoterapia (as secreções
atravessam a barreira hematencefálica interrompe a mul- oral e nasal são consideradas infecciosas)
tiplicação das bactérias. A desidratação e o choque são • Avaliar constantemente o estado neurológico e os sinais
tratados com expansores do volume de líquidos. As con- vitais. Determinar a oxigenação a partir dos valores da
vulsões, que podem ocorrer precocemente na evolução gasometria arterial e oximetria de pulso
da doença, são controladas com fenitoína. A PIC aumen-
tada é tratada, quando necessário. • Auxiliar na inserção de um tubo endotraqueal com ba-
inha (ou traqueostomia) e posicionar o paciente na ven-
Avaliação e achados diagnósticos tilação mecânica, conforme prescrição
• A tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância • Avaliar a pressão arterial (habitualmente monitorada uti-
magnética (RM) devem ser realizadas para detectar um lizando uma linha arterial) quanto à ocorrência de choque,
deslocamento do conteúdo cerebral (que pode levar à que precede a insuficiência cardíaca ou respiratória
herniação) antes de uma punção lombar
• Pode-se prescrever rápida reposição de líquidos IV,
mas é preciso ter cuidado para não hiper-hidratar o pa-
• Os exames complementares essenciais incluem cultura ciente em razão do risco de edema cerebral
bacteriana e coloração de Gram do líquido cerebrospinal • Reduzir a febre alta para diminuir a carga das demandas
(LCS) e sangue. de oxigênio sobre o coração e o cérebro
Terapia farmacológica • Proteger o paciente de lesão secundária à atividade
A escolha do antibiótico baseia-se no antibiograma; toda- convulsivante ou alteração do nível de consciência (NC)
via, pode-se instituir um tratamento empírico inicial antes • Proporcionar analgesia para manejo da dor
da obtenção dos resultados de cultura, incluindo:
• Promover repouso ao providenciar quarto tranquilo e
• Penicilina G em combinação com uma das cefalospori- escuro
nas (p. ex., ceftriaxona sódica, cefotaxima sódica) é em
geral administrada por via intravenosa (IV), de preferência • Monitorar diariamente o peso corporal; os eletrólitos
dentro de 30 minutos após a chegada no hospital séricos; e o volume, a densidade específica e a osmolali-
dade da urina, particularmente se houver suspeita da
síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiu-
rético (SIADH)
• Evitar as complicações associadas à imobilidade, como
úlceras de pressão e pneumonia
• Informar a família sobre a condição do paciente e pro-
mover a visita dos familiares a intervalos apropriados.

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