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O que é e como funciona o agronegócio?

O agronegócio se refere a todas as atividades econômicas relacionadas ao


comércio de produtos agrícolas.
É também conhecido pelo seu nome adotado internacionalmente:
agrobusiness.
Dessa forma, integram a cadeia do agronegócio os mais variados perfis,
incluindo:
• Empresas agrícolas
• Pecuária
• Fabricantes de defensivos agrícolas (como fertilizantes e herbicidas)
• Desenvolvedoras de sementes para plantio
• Fabricantes de máquinas e equipamentos rurais
• Produtoras de rações
• Frigoríficos
• Empresas de laticínios
• Fabricantes de sucos
• Moinhos
• Armazéns e silos
• Atacadistas
• Distribuidores
• Exportadores.
Trata-se, portanto, de um mercado gigante.
E os números confirmam isso, como a já citada 4ª posição do Brasil no ranking
mundial de produção de alimentos.
Mas o crescimento dela também é significativo.
Há dez anos, por exemplo, a safra de grãos no país alcançava pouco menos de
145 milhões de toneladas.
Isso quer dizer que, de lá para cá, cresceu quase 75%.
Não por acaso, o setor do agronegócio representa um componente
imprescindível para a saúde da nossa economia.
Em 2020, teve a maior participação no PIB (Produto Interno Bruto) da sua
história, com 26,6% do total, segundo a Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA).
E tem mais: 48% de tudo aquilo que é exportado para outros países tem
origem no agronegócio.
No ano passado, isso representou US$ 100,81 bilhões (mais de R$ 520
bilhões) na balança comercial brasileira.
Contribuição decisiva, não é mesmo?
Então, vamos explicar como funciona o agronegócio para que a razão de tanta
pujança fique mais clara.

Funcionamento do agronegócio
Muita gente resume o agronegócio à agricultura e a pecuária. É
compreensível que assim o façam, mas essa é uma análise limitada.
A cadeia agropecuária tem muitos outros participantes, como já listamos
anteriormente.
O correto, então, é definir o funcionamento do agronegócio em três níveis:
• No primeiro deles, estão os produtores rurais, seja de micro, pequeno,
médio ou grande porte
• No segundo, todos aqueles que fornecem insumos, como máquinas,
equipamentos, sementes e defensivos
• No terceiro, está a cadeia de distribuição, que é responsável por levar os
produtos até a mesa do consumidor, incluindo empresas distribuidoras,
atacadistas e supermercados.
Fica claro, então, que o agronegócio funciona por etapas.
É como uma rede, na qual cada integrante depende do outro para manter o
seu modelo de negócio ativo.
E, pelos números que já vimos neste artigo, parece que tem dado muito certo.
Vale dizer ainda que há outros setores da economia que se relacionam
direta e indiretamente com o agronegócio, a exemplo das indústrias:
• Financeira: bancos e agências de fomento para obtenção de crédito
agrícola e contratação de seguro rural
• Automotiva: fabricantes de tratores e outros
• Farmacêutica: desenvolvimento de vacinas utilizadas na pecuária.
O agronegócio no Brasil

A despeito da forte recessão provocada pela pandemia de coronavírus em


2020, esse foi mais um ano para celebrar no setor.
Um claro indicador disso foi o aumento na área semeada.
Segundo o Boletim Safra de Grãos, da Companhia Nacional de Abastecimento
(CONAB), ele foi de 65%, com uma produção recorde de 251 milhões de
toneladas.
Falaremos mais sobre a divergência entre ambientalistas e ruralistas mais à
frente, mas, em relação a esse aumento, quem defende o verde não pode
reclamar.
Afinal, segundo a CONAB, o incremento na área de semeadura não significou
a expansão da fronteira agrícola.
Pelo contrário, a entidade informa que foram poupados em 2020 mais de 100
milhões de hectares.
Uma explicação para isso é o avanço da tecnologia, da qual também
falaremos mais adiante.
Com recursos modernos, o agronegócio é hoje capaz de extrair o máximo
rendimento das terras cultiváveis, reduzindo assim a demanda por mais
áreas de semeadura.
A espectacular performance brasileira no segmento é também comprovada
pela liderança no ranking mundial de produtores para alguns produtos.
Hoje somos, por exemplo, responsáveis pela produção de nada menos que
58% do suco de laranja consumido em todo o mundo, de acordo com o
banco USDA Rural Development.
Números que só reforçam a enorme relevância do agronegócio, principal
responsável pelo superávit na balança comercial brasileira em um dos anos
mais difíceis dos últimos tempos.
A importância do setor do agronegócio

Como destacamos antes, nada menos que 26% do PIB brasileiro é composto
pelas divisas geradas pelo agronegócio.
A representatividade é tanta que o superávit do setor foi maior do que o da
própria balança comercial brasileira.
Enquanto o país registrou US$ 50,9 bilhões de dólares em receita líquida, o
agro ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões.
Voltando ao passado, não é difícil entender como e porque chegamos a um
nível de excelência tão destacado no setor agro.
Afinal, como já dizia Pero Vaz de Caminha nos primórdios do país, no Brasil
“em se plantando, tudo dá”.
Desde o descobrimento, ficou notória a vocação brasileira para a
agricultura.
Por muito tempo, fomos líderes mundiais em produção de café, gênero que
ajudou a sustentar a economia do país como hoje acontece com a laranja e a
soja.
Características do agronegócio no Brasil

Não é à toa que o agronegócio no Brasil registra números de destaques.


Em boa parte, os resultados são explicados por peculiaridades existentes por
aqui, que passam pelas características do clima e do sistema implantado.
Abaixo, selecionamos os principais pontos que marcam o segmento em nosso
país:
• Disponibilidade: menos de 10%¨do território brasileiro é utilizado
como área de cultivo
• Ambiente favorável: o que inclui abundância de água, solo propício ao
plantio e boa luminosidade natural
• Clima difícil: apesar do ambiente favorável, o agronegócio brasileiro
enfrenta desafios com chuvas, estiagem, pragas e doenças nas lavouras
• Complexidade: longas distâncias de distribuição da produção são um
entrave logístico
• Diversificação: há um número bastante expressivo de produtos, como
frutas, flores, hortaliças, açúcar, café, soja, algodão, cacau, madeira,
borracha, carnes e ovos
• Empresas familiares: a característica na maioria dos negócios rurais é
de sucessão de pai para filhos
• Mercado voltado à exportação: embora importe 75% dos fertilizantes
que utiliza, o Brasil negocia boa parte da sua produção para outros
países. Em 2020, foram exportadas 82,97 milhões de toneladas de grãos
de soja e 32,5 milhões de toneladas de milho
• Tecnologia em expansão: com o avanço da agricultura de precisão,
propriedades brasileiras estão cada vez mais aparelhadas e conectadas,
fazendo uso de aplicativos e até drones
• Concentração em grandes players: mercado é dominado por poucas
empresas de porte gigante, o que por vezes remete a um sistema de
oligopólio, com menor oferta de preços e condições de pagamento e
recebimento.
Setores do Agronegócio

Ao explicarmos como funciona o agronegócio, falamos sobre os diferentes


níveis nos quais se encaixam os seus atores.
Também podemos chamá-los de setores, sendo assim definidos:
• Primário: produtores rurais, agricultores e pecuaristas
• Secundário: agroindústrias e fabricantes de insumos
• Terciário: transportadoras, distribuidores e comerciantes de produtos
agrícolas.
Mas há ainda outra forma de definir os setores, que é de acordo com a
atividade desenvolvida.
Nesse caso, temos um número maior de representantes.
Como exemplo, podemos citar os 11 segmentos destacados pela Revista
Exame na distinção Maiores e Melhores:
1. Açúcar e álcool
2. Adubos e defensivos
3. Algodão e grãos
4. Café
5. Carne bovina
6. Leite e derivados
7. Madeira e celulose
8. Máquinas e equipamentos
9. Óleos, farinhas e conservas
10.Revenda de máquinas
11.Têxtil.
A grande quantidade de setores reforça o que falamos antes sobre a
diversificação como uma das características do agronegócio.
Ela aparece também ao analisarmos os diferentes tipos de produtores que
participam da cadeia, como veremos no próximo tópico.
Tipos de produtores

O agronegócio brasileiro é formado, basicamente, por dois tipos de


produtores, que variam conforme o porte.
São eles:
• Pequenos e médios: são os chamados minifundiários, que possuem
pequenas áreas de produção. Entre eles, predomina a agricultura
familiar, cuja mão de obra se concentra em seus proprietários
• Grandes: são os latifundiários, representados por proprietários e
arrendatários de grandes extensões de terra, em geral utilizadas para a
monocultura de commodities (com oferta e procura determinadas pelo
mercado internacional), como soja, milho e algodão.
Vale destacar a preocupação dos produtores quanto à crescente fusão entre
grandes empresas, formando verdadeiras gigantes no agronegócio.
A queixa é que a concentração do mercado em poucos expoentes acaba
encarecendo os insumos, reduzindo o poder de negociação e colocando em
risco a viabilidade das lavouras.
O principal exemplo vem da indústria de fertilizantes e defensivos agrícolas.
Há dois anos, eram sete as grandes empresas nesse setor. Hoje, elas se
tornaram quatro: Monsanto (mais Bayer), Dupont (mais Dow), Syngenta (mais
ChemChina) e Basf.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), os
preços dos defensivos agrícolas têm subido entre 30% e 35% a cada nova
safra.
O uso da tecnologia e sua importância no
agronegócio

Já dizia a propaganda “o Agro é pop, o Agro é tech”.


O uso da tecnologia só se intensificou nos últimos anos, em parte por
causa da atuação dos grandes conglomerados do agronegócio, como vimos no
tópico anterior.
De fato, já vai longe o tempo em que as lavouras, silos, armazéns e a cadeia de
distribuição agrícola dependiam apenas de mão de obra barata e veículos
pesados.
Hoje, os gestores mais antenados têm o controle de suas ordens de compra via
aplicativos medindo em tempo real os níveis de seus estoques e de
insumos.
Apps também são usados como canal de relacionamento com fornecedores,
ajudando a desenvolver uma visão ainda mais ampla da cadeia produtiva
envolvida no agronegócio.
A robótica também já se faz presente, por meio de Robotic Process
Automation (RPA), em que tarefas repetitivas podem ser automatizadas.
Robôs têm ajudado, por exemplo, na emissão de notas fiscais e até no
controle do fluxo de produtos em estoque.
Aliás, o uso de equipamentos autônomos é uma forte tendência, com o uso
intensivo de máquinas agrícolas controladas por GPS e até mesmo por
celulares.

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