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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO FULANO DE TAL

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DD RELATOR DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº. 000000/PR
4ª TURMA

FRANCISCO DAS QUANTAS (“Agravante”), já


devidamente qualificado no Agravo em Recurso Especial (AResp), em razão de
despacho denegatório de Recurso Especial Cível , ora em destaque, vem, com o
devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que
abaixo firma, para, com supedâneo no art. 1.021 do Código de Processo Civil, na
quinzena legal (CPC, art. 1.003, § 5º), interpor o presente

AGRAVO INTERNO,

no qual os fundamenta por meio das Razões ora acostadas, tudo conforme as
linhas abaixo explicitadas.

Respeitosamente, pede deferimento.

Brasília (DF), 00 de janeiro de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB/PR 0000
RAZÕES DO AGRAVO INTERNO

AGRAVANTE: FRANCISCO DAS QUANTAS


Ref.: Agravo no Recurso Especial Cível (AREsp) nº 0000/PR

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PRECLARO RELATOR

1 - SÍNTESE DO PROCESSADO

O Agravante ajuizou Ação Revisional de Contrato, em


face de pacto de Cédula de Crédito Bancário celebrado com a Agravada. Referida
ação, no primeiro grau de jurisdição, fora julgada improcedente, sustentando o
magistrado que o acerto contratual em tablado não representava abusividade.
Reconheceu, assim, pertinente a cobrança de juros capitalizados, uma vez que
havia previsão contratual, assim como o limite de juros remuneratórios, não
afastando, por conseguinte, os efeitos da mora.

Inconformado, o Recorrente apelou ao Tribunal local, o


qual negou provimento ao recurso de apelação, evidenciando, quanto à questão ora
trazida à baila, que a multiplicação da taxa mensal contratada por doze, superando
a taxa anual pactuada, configura pacto dos juros capitalizados na periodicidade
mensal. Assim, a cobrança de juros capitalizados, em periodicidade mensal, fora
expressamente pactuada, o que ocorreu quando a taxa anual de juros
ultrapassarem o duodécuplo da taxa mensal. Afirmou-se, mais, ainda da referida
decisão hostilizada, que, mesmo tratando-se de capitalização com periodicidade
mensal, essa abrangeria igualmente a capitalização diária.
Diante disso, o Agravante interpôs Recurso Especial
sob a égide do art. 105, inc. III, “a”, da Carta Política , contra a decisão do Tribunal
de origem que, como afirmado, ratificou a sentença proferida pelo juízo
monocrático.

Mencionado Recurso Especial tivera negado seu


seguimento pelo Tribunal local, sob o enfoque de que a pretensão do recurso
implicava colisão ao preceito contido na Súmula 07 desta Egrégia Corte. Para
aquele Tribunal, o debate, que girava em torno da análise de exame de
periodicidade de capitalização, implicava no reexame de fatos, o que não teria
guarida pela via recursal eleita.

Em face da negativa de seguimento do Recurso


Especial em tablado, o ora Recorrente interpusera Agravo (CPC, art. 1.042)

Todavia, a decisão, ora guerreada, fora rechaçada,


quando a relatoria conheceu e negou provimento ao Agravo em Recurso Especial,
no qual destacamos a seguinte passagem de ênfase:

“ Esta Corte possui o entendimento de que há previsão expressa


de cobrança de juros capitalizados em periodicidade mensal quando
a taxa de juros anual ultrapassa o duodécuplo da taxa mensal.
Embora tenha havido capitalização diária, como antes frisado, em
nada isso colide com o entendimento retromencionado.
Nesse contexto, CONHEÇO do agravo e NEGO-LHE
PROVIMENTO.
Publique-se. Intimem-se. “
Entrementes, concessa venia, a decisão monocrática
vergastada se dissocia do caso levado à baila.

2 - EQUÍVOCO DA R. DECISÃO ORA GUERREADA


NÃO HOUVE PACTO DOS JUROS CAPITALIZADOS DIÁRIOS

O nobre Relator entendeu que a cobrança de juros


capitalizados, “em periodicidade mensal”, fora expressamente pactuada, o que
ocorreu quando a taxa anual de juros ultrapassarem o duodécuplo da taxa mensal.
E, mais, isso abrangeria a capitalização de juros na periodicidade diária.

Todavia, em pese a tese defendida pelo Tribunal de


piso tenha sido pelo enquadramento da Súmula 541 desta Egrégia Corte, houvera,
na verdade, cobrança de juros capitalizados diários. E isso ficou evidente tanto na
decisão de piso, como também na presente decisão monocrática guerreada.

Porém, segundo entendimento desta Corte, a


capitalização diária é possível, todavia reclama cláusula expressa nesse sentido, o
que não ocorrera no caso em vertente.

Com efeito, urge evidenciar o seguinte julgado originário


desta Casa:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CÉDULA DE CRÉDITO


BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA. TAXA NÃO INFORMADA.
DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS.
DESCABIMENTO.
1. Controvérsia acerca da capitalização diária em contrato bancário.
2. Comparação entre os efeitos da capitalização anual, mensal e diária de
uma dívida, havendo viabilidade matemática de se calcular taxas de juros
equivalentes para a capitalização em qualquer periodicidade (cf. RESP
973.827/rs).
3. Discutível a legalidade de cláusula de capitalização diária de juros, em
que pese a norma permissiva do art. 5º da Medida Provisória nº 2.170-
36/2001. Precedentes do STJ.
4. Necessidade, de todo modo, de fornecimento pela instituição
financeira de informações claras ao consumidor acerca da forma de
capitalização dos juros adotada.
5. Insuficiência da informação a respeito das taxas equivalentes sem a
efetiva ciência do devedor acerca da taxa efetiva aplicada decorrente da
periodicidade de capitalização pactuada.
6. Necessidade de se garantir ao consumidor a possibilidade de controle
a priori do contrato, mediante o cotejo das taxas previstas, não
bastando a possibilidade de controle a posteriori.
7. Violação do direito do consumidor à informação adequada.
8. Aplicação do disposto no art. 6º, inciso III, combinado com os artigos
46 e 52, do código de defesa do consumidor(cdc).
9. Reconhecimento da abusividade da cláusula contratual no caso
concreto em que houve previsão de taxas efetivas anual e mensal, mas
não da taxa diária. 10. Recurso Especial desprovido. (STJ; REsp 1.568.290;
Proc. 2014/0093374-7; RS; Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino; DJE 02/02/2016)

Nesse compasso, máxime sob a égide da orientação


contida na decisão supra-aludida, o pacto de mútuo, à luz do princípio consumerista
da transparência, pede informação clara, correta e precisa acerca dos encargos a
serem pagos.

Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a


ilegalidade da cláusula que prevê a capitalização diária dos juros, esses não
poderão ser cobrados em qualquer outra periodicidade ( mensal, bimestral,
semestral, anual). É que, lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do
contrário, haveria nítida interpretação extensiva ao acerto entabulado
contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém


ressaltar os ditames estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se
transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.

Diante disso, conclui-se que a decisão em


espécie contraria o que reza o art. 6º, inciso III c/c art. 46 e art. 52, todos
do Código de Defesa do Consumidor.

3 – PEDIDOS

Posto isso, o presente Agravo Interno merece ser


conhecido e provido, maiormente quando foram comprovados os pressupostos de
sua admissibilidade, razão qual se pede que:
a) seja intimada a parte recorrida para manifestar-se sobre
o presente recurso, no prazo de 15 dias (CPC, art. 1.021,
§ 2º);

b) requer que Vossa Excelência, na qualidade de Relator,


dê provimento ao presente recurso, ofertando juízo de
retratação , e, em face dos fundamentos levantados neste
Agravo Interno, determine o processamento do mesmo,
acolhendo-o para determinar o regular seguimento ao
Recurso Especial, ou, passe análise do mérito do Agravo
no Recurso Especial, acolhendo-o por violação aos arts.
6º, inciso III c/c art. 46 e art. 52, todos do Código de
Defesa do Consumidor. Via reflexa, pede-se seja
reconhecida a abusividade em espécie e, por conseguinte,
sejam afastados os efeitos da mora;

b) inexistindo retratação, ad argumentandum, pede-se a


que o presente recurso seja submetido a julgamento
pelo colegiado (CPC, art. 1.021, § 2º, in fine), de sorte
que requer o reconhecimento da cobrança indevida de
juros capitalizados mensais, afastando-se os efeitos da
mora, inclusive extinguindo, por tal motivo, a ação
aforada contra o Agravante (Proc. nº.
33.555.2013.01.444-5 -- 00ª Vara Cível de
Curitiba/PR).
Respeitosamente, pede deferimento.

Brasília (DF), 00 de janeiro de 0000.

Beltra de Tal
Advogado – OAB/PR 0000

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