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FITOTERAPIA NAS DESCORRENCIA ORGÂNICAS

Sumário

Fitoterapia nas Desordens Orgânicas ............................................................. 4

Desordens gástricas - Gastrite e úlcera ....................................................... 4


Espinheira Santa (May tenus ilicifolia e May tenus aquifolia Mart.) .......... 5

Camomila (Matricaria chamomilla L.) ....................................................... 7

Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra) ..................................................................... 8

Chá verde (Camellia sinensis) .................................................................. 9

Cominho (Cumunum cyminum L .) ......................................................... 10

loe Vera (Aloe barbadensi BC) ............................................................... 10

Gengibre (Zingiber officinale) ................................................................. 11

Desordens cardiovasculares - Doenças cardiovasculares degenerativas . 11


Espinheiro - branco (Crataegus laevigata - Crataegus monogyna) ....... 13

Desordens cardiovasculares - Doenças vasculares cerebrais e periféricas


.............................................................................................................................. 15
Alho ( A llium sativum) ............................................................................ 16

Ginkgo (Ginkgo biloba) ........................................................................... 19

Desordens do sistema nervoso e psique ................................................... 21


Valeriana (Valeriana officinalis L.) .......................................................... 23

Maracujá (Passiflora incamata L.) .......................................................... 25

2
Mulungu (Ery thrina velutinal) ................................................................. 26

Camomila (Matricaria chamomilla) ......................................................... 27

Erva-cidreira/Melissa (Melissa officinalis L .) .......................................... 28

Chá verde e preto (Camellia sinenis) ..................................................... 29

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 31

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FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo


de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Fitoterapia nas Desordens Orgânicas

A fitoterapia e os seus fitomedicamentos apresentam um amplo espectro


de indicações para as doenças orgânicas e vem se firmando como uma
estratégia terapêutica de prevenção e tratamento de diversas desordens. As
vantagens do uso da fototerapia nessas desordens são inúmeras. Dentre elas o
alto custo dos medicamentos alopáticos, além de apresentarem maiores efeitos
adverso.

Desordens gástricas - Gastrite e úlcera

Gastrite é uma inflamação da mucosa gástrica que pode ser desencadeada


pelo uso de medicamentos, ingestão de bebidas alcoólicas, fumo, situações de
estresse. Geralmente tem curta duração e desaparece, na maioria das vezes, sem
deixar sequelas. Porém a gastrite também pode se apresentar de forma crônica sendo
caracterizada por atrofia crônica progressiva da mucosa gástrica.

A úlcera péptica é uma doença de evolução crônica, com surtos de ativação


e períodos de remissão, caracterizada por perda de tecido nas áreas do tubo
digestório, que entram em contato com a secreção de ácido péptico do
estômago. O desenvolvimento
de úlcera gastrointestinal está
associado com alta ingestão de
álcool, avanço da idade, uso
de tabaco ou
relacionada com a presença de
outras patologias.

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Na gastrite e na úlcera ocorre um desequilíbrio entre fatores que agridem a
mucosa e

outros que protegem, gerando uma lesão da mucosa. Outro fator importante é a
presença de Helicobacter pylori, uma bactéria gram-negativa que apresenta ação
mucolítica, presente em grande parte das úlceras gástricas. A colonização da mucosa
gástrica com Helicobacter pylori resulta em no desenvolvimento de gastrite crônica
evoluindo para complicações como úlcera, neoplasia gástrica e algumas
enfermidades extra gástricas.

Estudos sugerem que o risco de desenvolver câncer está associado ao


alto consumo de alimentos preservados em sal e baixo consumo de vegetais e
frutas em especial, supostamente devido ao seu conteúdo de Vitamina C, que agiriam
como agentes protetores. Estudo em ratos e humanos mostra que a H.pylori estimula
a proliferação de células epiteliais gástricas e sua apoptose.

O adequado fluxo de sangue e secreção de bicarbonato com tamponamento


da superfície epitelial são fatores fisiológicos protetores da mucosa gástrica. Uma
vez lesionado, há uma secreção fisiológica de prostaglandinas juntamente com a
secreção de alguns hormônios e fatores de crescimento como gastrina,
colecistoquinina, secreção de células parietais, TNF-alfa e fator de crescimento
epidérmico (EGF), que promovem a recuperação da úlcera.

Diversos fitoterápicos atuam na prevenção e no tratamento da gastrite e


úlceras por possuir efeito gastroprotetor, antibacteriano, anti-inflamatório,
analgésico e antioxidante, isolados ou em combinação, garantindo a proteção da
mucosa.

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Espinheira Santa (May tenus ilicifolia e May tenus aquifolia Mart.)

Originária da mata atlântica brasileira, da família Celastrácea, a espinheira


santa (folhas) é usada tradicionalmente como
analgésica, antiinflamatória e antiulcerogênica.
Estudos em ratos relatam efeito protetor contra
lesões gástricas e ação reparadora quando ratos
eram submetidos ao estresse. As substâncias
mais

relacionadas a esses efeitos da planta são:


os triterpenos, flavonoides – catequinas,
epicatequinas, e taninos condensados e
polissacarídeos (metabólitos primários).
Acredita-se que sua atividade
antiulcerosa e anti-inflamatória está
relacionada ao conteúdo de polissacarídeos (arabinogalactanos), liberados
durante a infusão e à presença de compostos fenólicos, como os taninos,
flavonoides e triterpenos. Estudos mostraram que o uso oral da espinheira santa
exerce atividade

citoprotetora por ter capacidade de se ligar a superfície da mucosa funcionando


como uma camada de proteção por aumentar a síntese de muco e combater radicais
livres. A presença de taninos e sua ação antioxidante protegem as células
contra a oxidação celular, incluindo a peroxidação lipídica e conferem à
Espinheira Santa seus efeitos anticarcinogênicos e mutagênicos. Os tipos de
câncer em eu melhor se conhecem os benefícios preventivos são o melanoma,
carcinoma, adenocarcinoma, linfoma e leucemia.

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Os principais responsáveis pelo efeito gastroprotetor das folhas de espinheira
santa são os flavonoides tri e tetra glicosídeos 1 e 3. Estes constituintes fenólicos são
os responsáveis pela interrupção da secreção ácida por inibir a bomba NA-KATPase
e modulação da produção de óxido nítrico (NO) pelos seus constituintes. A presença
de flavonoides confere, também, à espinheira santa efeitos na redução do
esvaziamento gástrico e tempo de trânsito intestinal, que podem ser mediados por
antagonismo muscarínico.

Doses recomendadas: para adultos na forma de tintura são 10ml, três vezes
ao dia diluído em meio copo de água ou na forma de infusão utilizar 2 g da erva em
infusão até três vezes ao dia.

Contraindicações: pacientes com câncer estrogênio dependentes e mulheres


fazendo tratamento para engravidar ou que desejam engravidar, pois podem ter ação
estrogênio-símile. Contraindicado também para gestantes e lactantes, pois reduz a
produção láctea.

Camomila (Matricaria chamomilla L.)

A Matricaria chamomilla L. pertence à família Compositae. Seus capítulos


florais são muito utilizados para tratar desordens gastrintestinais como
flatulência, diarreia nervosa, espasmos, colite, gastrite e hemorroidas.
Acreditase que a camomila deva suas
propriedades terapêuticas a três grupos
de princípios ativos: óleos voláteis
terpenoides (0,25% a 1%)
especialmente bisabolol e chamazuleno,
que mostram ambos uma atividade anti-
inflamatória; os flavonoides (2,4%) com

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a apigeina mostrando uma atividade particular como agente antiespasmódico;
as flores de camomila contêm mucilagens semelhantes à pectina (5% a 10%).
Essas substâncias são liberadas preferencialmente durante o processo de
infusão e estudos revelam que agem amenizando a irritação da
mucosa gástrica.

Mc Kay e Blumberg (2006), em


estudo clínico realizado com 98 pacientes recebendo radioterapia e quimioterapia o
uso oral de solução de camomila, mostrou prevenir a mucosite secundária ao uso de
radioterapia e algumas medicações quimioterápicas como asparaginase, cisplatina,
ciclofosfamida, metotrexato e vincristina.

Em estudo realizado em ratos com ulcerações gástricas foi utilizado um


extrato aquoso de camomila em diferentes concentrações e os resultados
revelaram que houve redução do índice ulcerogênico proporcional à dose de
camomila utilizada e houve aumento dos níveis de glutationa após a
administração das doses mais altas de
extrato aquoso de camomila. Outro
estudo concluiu que o extrato
hidroalcoólico de camomila pode ter
efeitos nas lesões mucosas pelo menos
em parte devido ao seu efeito na
redução da peroxidação lipídica e
aumento da atividade antioxidante.
»Dose recomendada: infusão de flores de camomila, 1 xícara três ou
quatro vezes ao dia; extratos líquidos, 30 gotas em uma xícara de água morna .

»Reações adversas e contraindicações: reações alérgicas incluindo reações


severas de hipersensibilidade e anafilaxia em indivíduos sensíveis já foram

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relatadas com o uso de infusão de camomila . Por conter coumarinas é sugerida
uma interação entre a camomila e a varfarina, potencializando processos
hemorrágicos. A superdosagem está relacionada com excitação nervosa e
insônia. Além disso, os óleos essenciais contidos na camomila podem inibir as
enzimas do citocromo p450, especialmente CYP1A2, por isso a interação negativa
com medicamentos que utilizam essa via de eliminação são possíveis.

Alcaçuz (Glycyrrhiza glabra)

Pertencente à família Fabaceae, a raiz e rizoma


do alcaçuz contêm dois principais tipos de princípios
ativos: a glicirrizina (5% a 15%) e os flavonoides
liquiritina e isoliquiritina. As principais propriedades
das raízes de alcaçuz são: anti-inflamatórias,
antiúlcera, expectorante, atimicrobiana e ansiolítica,
além de ser utilizada como ativador de memória,
possivelmente pela melhoria da transmissão colinérgica no cérebro.

O Alcaçuz, na forma de extrato aquoso, é muito utilizado no tratamento


de úceras, pois reduz a adesão da H.pylori no tecido estomacal, P. gengivalis
no tecido oral e seu efeito anti-inflamatório também favorece o tratamento.

A fração anti-inflamatória é a 12-keto triterpenosaponinas. Alguns estudos


relatam ainda que a Glycyrrhiza glabra apresenta atividade inibitória sobre a bactéria

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em função da presença dos flavonoides glabridina e glabreno . As frações de
ácido cafeico (eisosanil cafeato e docosil cafeato), presentes no alcaçuz, pode
ser responsável por sua atividade antiúlcera, pois inibem a atividade da elastase e
apresentam ação antioxidante. Além disso, esse efeito pode ser potencializado
quando em associação a outros fitoterápicos.

Khayyal et al. (2001) utilizaram em estudo realizado em ratos uma


associação da Glycyrrhiza glabra com Iberis amara, Melissa officinalis, Matricaria
recutita, Carum carvi, Mentha piperita,
Angelica archangelica, Silybum marianum
e Chelidonium majus. Os

resultados indicam que os efeitos são


ainda melhores do que quando os
fitoterápicos foram testados
isoladamente. Os ratos apresentaram uma
redução da produção de ácido, aumento da
produção de mucina, um aumento da liberação
de prostaglandinas E2 e uma redução dos
leucotrientos. Os autores associam os efeitos
citoprotetores observados nos animais ao seu
conteúdo de flavonoides e as suas propriedades antioxidantes.

Chá verde (Camellia sinensis)

Uma das bebidas mais populares do mundo, o chá verde pertence à


família Thaeceae e suas folhas são utilizadas para preparação de uma infusão
utilizada em grande parte do mundo. Seus efeitos antiulcerogênicos
estão associados à presença de catequinas, que são capazes de inibir o
crescimento in vitro de uma série de micro-organismos como Staphylococcus

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aureus, Staphylococcus epidermidis, Vibrio cholerae O1, V.cholerae non-O1, Vibro
parahaemolyticus, Vibrio mimicus, Campylobacter jejuni e Plesiomonas shigelloides
e apresenta atividade antibacteriana contra o S. aureus.

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Dentre as bactérias que ele possui espectro de ação, está a H.pylori. Estudos
sugerem que o consumo do chá previamente à infecção pela bactéria pode prevenir a
inflamação da mucosa gástrica e quando o
chá é ingerido após a infecção pode reduzir
a magnitude da gastrite. Parte desses efeitos
se dá à presença de polifenóis que
apresentam atividade antitumoral e
propriedades bactericidas.

Cominho (Cumunum cyminum L .)

O Cumunum cyminum L. pertence à família Apiaceae e o óleo essencial


extraído das suas folhas já mostrou, em estudos realizados em humanos, que é
capaz de inibir o crescimento de diversas bactérias patogênicas responsáveis por
infecções. A sua eficácia é comparável ou superior a de antibióticos, com uso de
doses bem pequenas.

adesão leucicitária bem como menores níveis de NKκ-B, mostrando efeito positivo na
redução do processo inflamatório presente nas infecções pela bactéria H.pylori.
Adicionalmente, outro grupo de pesquisadores mostram que o Aloe Vera possui
também efeito antiaderente sobre a H.pylori in vitro.

Gengibre (Zingiber officinale)

Pertencente a família Zingibiraceae, o Zingiber officinale é uma das plantas mais


estudas no mundo. Trata-se de um rizoma que produz um estimulo ao trato
gastrintestinal, aumentando o peristaltismo e tônus do músculo intestinal. Uma revisão
da literatura científica conclui que o Gengibre apresenta também atividade antiemética
no tratamento de enjôos, além de atividade estimulante sobre enzimas digestivas
como, lípase pancreática, lípase intestinal, dissacaridases e mantases.

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O gengibre também é um potente inibidor da bomba de prótons ATPase,
ajudando no combate a úlcera e problemas gástricos. Shukla e Sing (2006) em uma
revisão da literatura concluíram que diversos estudos apontam que o uso de gengibre
está relacionado à morte da bactéria H.pylori.

Outros efeitos relacionados ao uso do rizoma são: antipirético, analgésico,


hipotensor, antioxidante, anti-inflamatorio devido à supressão da ciclooxigenase
(COX2), lipoxigenase (LOX5) e ácido araquidônico (AA) e, também, antitumoral.Os
gingeróis são os compostos ativos mais conhecidos sendo que o principal é o 6
gingerol.

Desordens cardiovasculares - Doenças cardiovasculares


degenerativas

Atualmente as doenças cardiovasculares representam uma das causas mais


frequente de morte no mundo industrializado. Apesar dos avanços da medicina

loe Vera (Aloe barbadensi BC)

Aloe Vera pertence à família Liliaceae, e a


seiva das suas folhas têm sido testada por
diversos pesquisadores no combate à bactéria
H.pylori, com resultados positivos. Prabjone et al.
(2006) mostraram que ratos tratados com uma
solução de Aloe Vera apresentaram uma redução na

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moderna, ainda há reflexos sobra a
melhora na morbidade. Isto se deve,
sobretudo, no fato de a prevenção não
merecer a devida atenção durante
décadas e, apenas recentemente, vir
sendo discutida de maneira mais
frequente. Estimular medidas e estilos de
vida que previnam o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares é a melhor e mais eficiente conduta.

Doenças cardiovasculares degenerativas são distúrbios

cardiovasculares não inflamatórios, relacionados com o desenvolvimento de doenças


crônicas prevalentes na idade avançada. A degeneração do miocárdio, por exemplo,
tem como consequência tardia a insuficiência cardíaca, e a degeneração
arteriosclerótica das artérias coronárias com sintomatologia da angina pectoris e
do infarto do miocárdio é considerada doença cardíaca coronariana.

A degeneração das artérias, a arteriosclerose, manifesta-se perifericamente na


doença arterial obstrutiva, enquanto, no âmbito do sistema nervoso central, ela afeta
os vasos que suprem o cérebro, tendo como consequência a insuficiência vascular
cerebral e a apoplexia.

Atualmente, a doença coronariana é a forma mais frequente dentre todas as


doenças cardíacas. Principalmente no mundo ocidental civilizado, ela tem um
significado de destaque e é quase uma expressão da vida moderna. A
insuficiência cardíaca é normalmente consequência de doenças cardíacas
degenerativas, em especial da doença cardíaca coronariana.

As miocardiopatias ocupam as causas principais de insuficiência cardíaca,


as quais podem ser decorrentes de inflamações ou cardiotoxicidade. A dedaleira
(Digitalis purpurea L.) é uma planta medicinal de elevada atividade; porém não

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é mais utilizada como fitoterápico. Atualmente é utilizada a substância ativa
isolada, em sua maior parte obtida por semissíntese, como a digitoxina ou a digoxina
e raramente as substâncias ativas da dedaleira são obtidas a partir da própria planta.

Espinheiro - branco (Crataegus laevigata - Crataegus monogyna)

Crataegus pertence à família das rosáceas e é um dos fitoterápicos mais


pesquisados pela comunidade científica e sua eficácia, sob o ponto de vista
farmacológico, é comprovada por diversos estudos científicos. Entre os principais
constituintes estão as procianidinas oligoméricas (tatinos), flavonoides
monoméricos, como, por exemplo, o hiperosídeo, a quercetina e a ramnovitexina. Além
de conter aminas biogênicas, ácidos triterpênicos, esteroides, purinas e taninos
catéquicos. Os flavonoides e as

procianidinas oligoméricas são os constituintes


mais importantes para a atividade do
espinheirobranco. Os flavonoides exercem
influência maior sobre o metabolismo do
miocárdio, enquanto as procianidinas oligoméricas
são responsáveis, principalmente, pelo grau de
irrigação nas artérias coronárias. Diversos estudos
relatam os seguintes efeitos relacionados ao
Crataegus:

»aumento do fluxo sanguíneo coronariano e da irrigação do miocárdio;

»melhora da contratilidade do músculo cardíaco (leve efeito inotrópico


positivo);

»regulação do ritmo cardíaco em determinadas formas de instabilidade


elétrica cardíaca;

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»aumento da tolerância do miocárdio em relação à hipóxia;

»elevação do débito cardíaco, redução da resistência vascular periférica (como


uma grandeza de medida da pressão diastólica), aumento do desempenho do
músculo cardíaco.

A monografia da Comissão E, do ano de 1983, descreve a ampla eficácia


do espinheiro-branco. As indicações formuladas na ocasião são as seguintes:
1. redução da capacidade de trabalho cardíaco com relação aos estágios I e
II, segundo a NYHA (New York Heart Association);

2. sensação de opressão no precórdio; 3. coração senil, sem indicação


imediata para a prescrição de digitálicos;

4. formas leves de arritmias bradicárdicas. Diversos estudos foram focalizados


no uso do Crataegus no tratamento da insuficiência cardíaca, em parte também
sobre a melhora da perfusão sanguínea coronariana.

A partir destes dados a Comissão E, que já havia emitido em 1983 seu


primeiro parecer sobre o espinheiro-branco, o qual foi revisado em 1988,
reformulou e limitou suas indicações para os casos de insuficiência cardíaca do
tipo II, de acordo com a NYHA.

Muitas pesquisas in vitro e in vivo comprovaram uma atividade do extrato de


crataego no aumento do fluxo sanguíneo coronariano estimulante da irrigação
coronariana, redução da pressão sanguínea, aumento do fluxo sanguíneo periférico
(cabeça, músculo esquelético e rins) e resistência periférica.

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Ao contrário dos glicosídeos digitálicos, as pesquisas demonstram que o
espinheiro-branco não afeta o sistema contrátil do miocárdio, mas influencia seu
metabolismo energético. Foram observadas ações cronotrópicas negativas e
inotrópicas positivas (in vivo) atribuídas às frações flavonoídicas e
proantocianidínicas. Ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos e controlados por
placebo avaliaram efeito de um extrato seco etanólico 45% de folhas com flores de
Crataegus (WS-1442; proporção de droga-extrato 4 a 6:1; contendo 18,8% de
procianidinas oligoméricas) ou outro extrato semelhante (LI-132; padronizado para
2,2% de flavonoides) comparando com placebos ou com

inibidor da enzima conversora de angiotensina


(ECA).

Quatro estudos concluíram que a


carga máxima no trabalho foi superior no
grupo tratado com Crataegus quando
comparado ao grupo placebo e outros seis
ensaios observaram redução da pressão arterial sistólica e frequência cardíaca
associada ao uso do fitoterápico.

Revisões sistemáticas na literatura concluem que os extratos de Crataegus


são benéficos como tratamento adjuvante em pacientes com insuficiência cardíaca,
mas não existem dados suficientes para justificar seu uso isolado para o tratamento
da doença.

Doses citadas na literatura de referência (BRITISH HERBAL PHARMACOPEIA,


1983):

»fruto seco de 0,3 a 1,0g na forma de infuso, três vezes ao dia; »extrato líquido
0,5 a 1,0ml (1:1 em álcool a 25%), 3 vezes ao dia;

»tintura de 1 a 2 ml (1:5 em álcool a 45%), 3 vezes ao dia.

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A folha com flor pode ser utilizada para o tratamento de insuficiência
cardíaca correspondendo ao estágio funcional II da New York Heart Association
(nyha), 160 a 900 mg de extrato hidroalcólico (etanol 45% v/v ou mentol 70% v/v;
proporção droga-extrato 4 a 7:1, com teor definido de flavonoides, calculados como
hiperosídeo, e 30 a 168,7mg de procianidins , calculadas como epicatequinas),
diariamente, em 2 a 3 doses divididas ao dia..

»Contraindicações e advertências: na gestação e lactação por apresentar


atividade sobre o tecido uterino, reduzindo tônus e motilidade em estudos in vitro e in
vivo.

Desordens cardiovasculares - Doenças vasculares cerebrais e


periféricas

Além das doenças cardíacas degenerativas, as


doenças vasculares cerebrais e periféricas constituem outro
grande grupo de doenças do mundo moderno.

Alho ( A llium sativum)

O alho pertence à família liliaceae e ao gênero allium. Há relatos da utilização


do alho como planta medicinal já no ano 3000 a.C., uma receita à base de alho
foi encontrada em inscrições rupestres (escrita cunciforme). O uso do alho é
justificado pela literatura científica atual que o relaciona com efeitos anti-
hipertensivos, antiaterogênicos, antitrombóticos, antimicrobianos, fibrinolítico,
prevenção de câncer e redutor de lipídeos (barners, livro).

O bulbo do alho é composto por folhas espessadas e carnudas na parte


inferior do caule, denominadas gomos do bulbo. O que o diferencia em relação à

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cebola consiste no fato de o alho ser constituído
por 6-15 bulbos parciais, chamados de “dentes”
que, juntos, formam a cabeça do alho,
apoiados sobre uma base axial de
brotamento. A cebola é o representante mais
conhecido do gênero

Allium, muito utilizada em culinária ( Allium


cepa). Assim como a cebolinha (Allium
schoenoprasum) e o alho-poró (Allium porrum) também pertencem a esse gênero.

Diversos efeitos benéficos sobre a saúde também estão relacionados ao


uso da cebola, os quais, no entanto, diferem parcialmente daqueles do alho, de modo
que ambos se complementam. A sua utilização é indicada principalmente nos estágios
iniciais da arteriosclerose agindo tanto na prevenção quanto em estágios finais da
arteriosclerose. Em monografia elaborada
pela Comissão E especifica relaciona
o uso do alho como auxiliar nos casos de
hiperlipidemias e para prevenção
de alterações vasculares causadas pelo
envelhecimento.
Estudos científicos in vitro e in vivo
atribuem ao alho e suas bases de enxofre efeitos sobre a biossíntese de colesterol. O
mecanismo dessa ação ainda não foi totalmente esclarecido, porém algumas
etapas dessa rota já foram propostas, como, por exemplo: inibição da atividade
das enzimas envolvidas na síntese de colesterol hidroximetilglutaril-CoA (HMG-CoA)
redutase e lanosterol14-demetilase; redução na biossíntese de triacilglicerol através
da redução da concentração de NADPH nos tecidos; Aumento da atividade da enzima
lípase resultando em aumento da lipólise.

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Gupta e Porter (2001 – REF 32), demonstraram que o extrato de alho
fresco e os compostos S-alilcisteína, dialil trissulfeto e adialil dissulfeto inibem a
esqualeno monoxigenase humana, enzima que está envolvida na síntese de
colesterol. Além disso, a atividade antitrombótica do alho já está bem
documentada. É conhecido que um aumento na concentração sérica de
fibrinogênio, juntamente com uma redução no tempo de coagulação do sangue
está relacionado aoefeito trombótico.

O alho 3

A alicina e o ajoeno (produto secundário da degradação da aliina) são os


componentes químicos do alho relacionados à inibição da agregação plaquetária. Além
disso, as propriedades antioxidantes do alho são amplamente reconhecidas em
diversos estudos científicos .

O alho é capaz de inibir a formação de radicais livres e potencializa


enzimas antioxidantes celulares, tais como superóxido dismutase, catalase e
glutationa peroxidase, protegendo lipoproteínas de baixa densidade (LDL) da
oxidação. Outro efeito relacionado ao alho é a inibição da ativação do fator de
transcrição nuclear kappa B (NF-κB), responsável pela indução da transcrição e
tradução de citocinas inflamatórias.

Diversos estudos clínicos realizados em pacientes com doenças cardíacas


coronarianas, hiperlipidemia e hipercolesterolemia, além de indivíduos saudáveis,
documentam o efeito fibrinolítico das formulações contendo alho. Grande parte dos
estudos placebo-controlados utilizou 20 mg de óleo de alho extraído com éter,
diariamente por até 90 dias, ou 600 a 1.500mg de alho em pó por até 28 dias.

Os resultados da maior parte desses estudos, mas não todos, foi um


aumento significativo da atividade fibrinolítica entre os indivíduos que receberam alho.
As doses mais comuns para adultos indicadas pela literatura científica são:

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»Bulbo seco de 2 a 4g, 3 vezes ao dia ou alho fresco, 4g ao dia;

»Tintura de 2 a 4 mL (1:5 em álcool 45%), 3 vezes ao dia;

»Óleo de 0,03 0,12 mL, 3 vezes ao dia;

Os ensaios clínicos que investigaram o efeito do alho sob diversos


parâmetros relacionados ao desenvolvimento de doenças vasculares cerebrais e
cardiovasculares degenerativas, utilizaram doses de 600-900mg ao dia por um período
de 4 a 24 semanas.

Efeitos adversos e contra indicações

Efeitos colaterais sobre o trato


gastrointestinal, incluindo sensação de
queimação na boca e trato gastrintestinal,
náuseas, vômitos e diarreia, assim como reações alérgicas, são raros mas já
foram documentados. Todavia, o odor desagradável incomoda alguns pacientes,
motivo pelo qual doses suficientes de um preparado eficaz à base de alho ou
o próprio alho fresco raramente são ingeridos regularmente por um período de tempo
prolongado.

O alho é considerado abortivo, além de afetar o ciclo menstrual e exercer efeito


na contração uterina. Portanto, preparações fitoterápicas que contenham alho são
contraindicadas durante a gestação e lactação.

Ginkgo (Ginkgo biloba)

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O Ginkgo pertence à família das
Ginkgoáceas e suas folhas, Ginkgo biloba
folium, são usadas como droga vegetal. De
modo similar ao espinheiro-branco e ao alho,
o interesse científico sobre os efeitos dos
extratos de Ginkgo biloba tem crescido
nas últimas décadas. Existem relatos do
seu uso antes de 2800 a.C. pela medicina tradicional chinesa. Atualmente sua
principal aplicação terapêutica é para deficiência cognitiva, claudicação intermitente
(em geral resultante de doença arterial oclusiva periférica), vertigem e zumbido de
origem vascular.

Os principais constituintes do Ginkgo biloba são: flavonoides, procianidinas,


diterpenoides, ginkgolídeos e bilobalida. Devido aos flavonoides, a eficácia do
EGB como capturador de radicais livres é muito reconhecida. Em casos de
isquemias, hipóxias e outros distúrbios metabólicos, a produção de radicais livres
encontra-se aumentada. Pesquisas in vitro e in vivo indicam que, a capacidade de
fluidez do sangue é melhorada através do uso de EGB, além de proteger a
membrana dos eritrócitos contra a hemólise Muitos estudos de revisão da
literatura confirmam seus efeitos neuroprotetores e tem se mostrado como uma
importante planta medicinal para o tratamento de distúrbios circulatórios,
especialmente do cérebro. Um estudo duplo-cego randomizado em 60 pacientes com
demência degenerativa primária de grau leve a moderadamente grave realizado
por Weitbrecht e Jansen em um estudo, revelou que o tratamento com EGB
produzia melhora significativa nas condições clínicas e nos resultados de testes
psicométricos, após um tratamento com duração de 4 a 12 semanas, em
comparação ao placebo.

Outro grupo de pesquisadores, Halama e cols, em estudo realizado com 40


pacientes ambulatoriais com diagnóstico de insuficiência vascular cerebral, de

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grau leve a moderado, com base em um
estudo duplo-cego randomizado e
controlado por placebo, a eficácia do
EGB sobre

os sintomas dessa doença,


demonstrado um efeito superior em
distúrbios de memória de curta duração
e de vigília mental, além do efeito
observado em vertigens.

Além disso, o extrato padrozinado de Ginkgo (EGb-761 – veja Posologia),


exerce efeito de vasorregulação (vasodilatação e vasoconstrição) cardioprotetor (23),
inibição competitiva a ligação do fator de ativação de plaqueta (PAF) ao seu
receptor de membrana As principais referências científicas sobre plantas medicinais
sugerem as seguintes doses:

»As doses mais utilizadas para deficiência cognitiva são de 120 a 240 mg
de extrato seco da folha, via oral, dividido em 2 ou 3 doses

»Em casos de doença arterial oclusiva periférica e vertigem/zumbido a


dosagem mais utilizada fica 120 a 160 mg de extrato seco, via oral, dividido em
2 ou 3 doses diárias.

Geralmente, os ensaios clínicos utilizam o extrato padronizado de folhas de


Ginkgo biloba EGb-761 (glicosídeos flavonoídicos de 22 a 27% determinados como
quercetina, campferol e isorramnetina; lactonas terpênicas de 5 a 7%, incluindo
de 2,8 a 3,4% de ginkoglídeos A, B e C; 2,6 a 3,2% de bilobadina, emenos de
5 ppm de ácidos ginkgólicos) De acordo com a farmacopéia britânica e européia,
o ginkgo consiste de folhas secas da planta, contendo não menos que 0,5% de
flavonoides expressos como glicosídeos da favona.

24
Desordens do sistema nervoso e psique

As desordens do sistema nervoso e doenças


emocionais ocupam cada vez mais espaço nas
pesquisas médicas, devido, principalmente,
ao aumento de sua incidência na população adulta.
Os principais sintomas físicos, mentais e
problemas sociais que acometem os indivíduos que
apresenta doenças psicossomáticas são:
taquicardia, insônia, irritação, ansiedade,
intolerância, isolamento social e fobias.

A tensão nervosa extrema está associada ao aumento da frequência


cardíaca, elevação da pressão arterial, distúrbios gastrointestinais e tônus muscular
em excesso. A palpitação também é um distúrbio psicossomático muito, causada por
excitação, ansiedade ou outros estados emocionais. Além disso, os efeitos
psicossomáticos também podem desencadear anormalidades no funcionamento de
um órgão de forma isolada como, por exemplo, a estimulação simpática pode
deprimir a atividade gastrointestinal, que resulta na obstipação.

Em contraste, uma estimulação parassimpática excessiva pode aumentar a


atividade gastrointestinal, levando à diarreia grave. Transtornos do humor são
classificados como unipolar ou bipolar. Indivíduos com transtorno unipolar
apresentam episódios de depressão, enquanto aqueles com transtorno bipolar
apresentam episódios alternados de mania e depressão. Estas doenças geralmente
surgem na segunda década de vida, embora possam começar mais cedo. A depressão
unipolar é mais comum na meia-idade e entre os idosos.

25
Os medicamentos mais prescritos em casos de depressão grave são os
inibidores da monoamina oxidase (MAO), que são capazes de aliviar os sintomas.
Por outro lado, episódios maníacos são tratados com lítio e medicações
antipsicóticas. Porém, o lítio altera a tolerância à glicose e pode aumentar a
sensibilidade à insulina, consequentemente, a maioria dos pacientes que recebe esse
tratamento ganha peso.

Outra condição psiquiátrica que vem chamando a atenção de especialistas


ultimamente é o transtorno de déficit de atenção-hiperatividade. Esse distúrbio
afeta de 3% a 9% das crianças, sendo responsável por um terço dos
encaminhamentos de crianças americanas a unidades de saúde mental. Este
transtorno é caracterizado por níveis de atividade evolutivamente inadequados, baixa
tolerância à frustração, impulsividade, organização do comportamento
insatisfatória, distração e incapacidade de manter a atenção e concentração.

Outro distúrbio muito conhecido é a Síndrome do Pânico, que é nitidamente


diferente de outros tipos de ansiedade, caracterizando-se por crises súbitas, sem
fatores desencadeantes aparentes e, frequentemente, incapacitantes. A síndrome
ocorre como uma manifestação orgânica contra um gatilho externo que gera sinais
de medo, sendo ele evidente ou não. Os mecanismos de fuga são acionados,
com aumento no fluxo sanguíneo cerebral e liberação de adrenalina, provocando
elevação da frequência cardíaca e respiratória e o aumento da frequência
respiratória (hiperventilação).

O tratamento do transtorno tradicional do pânico inclui medicamentos


antidepressivos, ansiolíticos e estimulação magnética transcraniana repetitiva, além
de psicoterapia. As classes de antidepressivos comumente utilizados são inibidores
seletivos da recaptação de serotonina e inibidores da MAO.

Atualmente, há uma grande busca de novos agentes terapêuticos para


doenças psiquiátricas, sobretudo devido aos efeitos colaterais provocados por

26
medicamentos tradicionalmente utilizados. Diversas plantas medicinais têm
historicidade de emprego para transtornos de ansiedade, fobia e depressão na
medicina popular. Porém, como ocorre em outras áreas, os trabalhos com
humanos ainda são escassos, nesse caso por dificuldades em manter alguns
pacientes sem medicação de uso tradicional.

No Brasil diversas plantas têm sido usadas tradicionalmente por seus efeitos
sedativos e calmantes, por exemplo, Passiflora incarnata, Valeriana officinalis,
Humulus lupulus, Matricaria chamomilla, entre outras, que serão abordadas a seguir.

Valeriana (Valeriana officinalis L.)

A Valeriana, da família Valerianaceae, tem


seu rizoma e raízes conhecidos por seus efeitos
ansiolíticos, sedativos, hipnóticos,
antiespasmódicos, carminativos e
hipotensores. Seu uso tradicional se aplica a
estados histéricos, excitabilidade, insônia,
enxaqueca, cólica intestinal, dores reumáticas,
dismenorreia.

Seus principais constituintes são alcaloides, iridoides (valepotriatos), esteroides,


óleos voláteis (0,5 a 2%), além de aminoácidos (arginina, ácido γaminobutirico,
glutamina, entre outros), ácido cafeico e clorogênico, colina, taninos, entre outros.
São mais de 150 constituintes identificados, porém nenhum deles apresenta os
efeitos da Valeriana isoladamente, sugerindo que seus compostos atuam
sinergicamente.

Estudos indicam que a Valeriana officinalis interage com neurotransmissores


como o Ácido Gama Aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor inibitório

27
no nosso organismo, e inibe a degradação da enzima que degrada o GABA no
cérebro, aumentando sua disponibilidade. Um estudo duplo-cego realizado com
48 adultos colocados em uma situação social de estresse, a valeriana reduziu
as sensações subjetivas de ansiedade e não causou sedação.

Outro estudo transversal, duplo-cego, randomizado e placebo controlado foi


realizado com 16 indivíduos que apresentavam insônia psicofisiológica estabelecida
de acordo com critérios de Classificação Internacional de Transtornos de Sono
(ICSD) e confirmada por polissonografia. Os pacientes receberam 600mg de
extrato etanólico a 70% de raiz de valeriana, ou placebo, 1 hora antes de dormir
por 14 dias. Os resultados revelaram uma diferença estatisticamente significativa
no parâmetro de sono de ondas lentas, em comparação com valores basais, o que não
ocorreu com o grupo placebo. Porém, não houve efeitos estatisticamente
significativos sobre os parâmetros objetivos nem subjetivos do sono após a
administração única de valeriana.

Por outro lado, outro ensaio duplocego e


randomizado, realizado com 75 indivíduos com
insônia não orgânica ou psiquiátrica,
utilizando 600mg de do extrato de raiz de
valeriana (razão droga vegetal e extrato 5:1)
ou oxazepam 10mg, administrados 30
minutos antes de dormir durante 28 dias. Ao
final do tratamento a

qualidade do sono havia melhorado significativamente em ambos os grupos, em


comparação com valores basais. Outro estudo que comparou Diazepam® (2,5mg
três vezes ao dia) e uma preparação de Valeriana (50 mg três vezes ao dia,
padronizado a 80%) mostrou uma significante redução nos sintomas de ansiedade
após 4 semanas .

28
As evidências permitem considerar a Valeriana officinalis como alternativa
potencial para ansiolíticos tradicionais. Doses citadas na literatura de referência
(MILLS e BONE, 2000; BLUMENTHAL et al., 1998).

»Rizoma/raiz secos de 1 a 3g na forma de infusão ou decocção, até 3 vezes ao


dia.

»Tintura de 3 a 5 ml (1:5; etanol 70%),


até 3 vezes ao dia (g6, g50); ou 1 a 3 ml de
uma a várias vezes ao dia.

»Extratos equivalentes a 2 a 3g de
droga vegetal, de uma a várias vezes ao
dia (G3); ou 2 a 6 ml de extrato líquido,
diariamente. A dose usualmente utilizada em
estudos clínicos que avaliam o efeito dos extratos de raiz de valeriana sobre os
parâmetros do sono é de 400mg/dia (razão 3:1) e 1215 mg/dia (razão 5 a 6:1).

Maracujá (Passiflora incamata L.)

O maracujá pertence à família Passifl


frutos e sementes são utilizados como droga vegetal empregadas na fitoterapia.
Suas principais propriedades são sedativas, hipnóticas, antiespasmódicas e anódinas.

Seu uso tradicional é voltado para o tratamento da ansiedade, nervosismo,


Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), sintomas de abstinência de opiáceos,
insônia, nevralgias, convulsões, asma espasmódica, ADHD, palpitações, anomalias
do ritmo cardíaco, hipertensão, disfunção sexual e menopausa. A German
Commission E aprovou seu uso interno para inquietação nervosa.

29
Estudo realizado com ratos avaliando os
efeitos in vitro de um extrato seco de Passiflora
incarnata (Pascoflair® 425 mg) sobre o sistema
gabaérgico, concluiu que o extrato inibia a
recaptação do GABA, aumentando a sua
disponibilidade na fenda sináptica, mas alterou sua
liberação.

Em um experimento, durante quatro semanas,


36 pacientes (18 em cada grupo) com transtorno de ansiedade geral foram
designados para receber 45 gotas/dia de Passiflora mais um comprimido de placebo
ou 30mg/dia de Oxazepam® mais gotas de placebo. Ao final do estudo os participantes
dos dois grupos apresentaram redução significativa na pontuação de ansiedade
(Escala de Ansiedade Hamilton) em comparação com os valores basais. Contudo,
talvez o referido estudo não tenha amplitude suficiente para detectar diferenças
entre os dois grupos de tratamento.
Outros estudos clínicos realizados com semelhantes estruturas
metodológicas revelaram resultados parecidos, porém muitos não realizaram cálculo
formal do tamanho da amostra, fragilizando os dados obtidos (BARNES, 2012).
Portanto, há a necessidade de novos estudos com extrato de P incarnata com um
melhor delineamento metodológico, mas já podemos considerar que esse
fitoterápico é capaz de modular o sistema gabaérgico.

Doses citadas na literatura de referência para inquietação, irritação e insônia:

»0,5 a 1g do equivalente ao vegetal seco, 3 vezes ao dia ou 4 a 8g da


planta ao dia;

30
»0,5 a 2g da droga vegetal, 3 a 4 vezes ao dia ou 1 a 4 ml da tintura (1:8),
3 a 4 vezes ao dia;

»Contraindicações e advertências:
Alguns relatos de efeitos adversos ao uso da
Valeriana officinalis foram documentados,
principalmente em distúrbios do
sistema gastrintestinal como náuseas,
agitação, transtorno do sono e distúrbios
hepáticos.

Mulungu (Ery thrina velutinal)

A Erythrina velutina pertence à família


Fabaceae e suas cascas e folhas
apresentam propriedades calmantes, contra
insônia e outras desordens de sistema nervoso
central. Os principais constituintes são
flavonoides (homohesp eretina), faseolidina e
alcaloides. Em estudos revisão que utilizou o
extrato hidroalcoólico

em modelo de ratos verificou bons resultados ansiolíticos. Porém, existem


evidências de efeito amnésico quando seu uso se dá de modo crônico e em
altas doses pode apresentar efeito sedativo e ações bloqueadoras musculares
quando em altas doses. Na prática clínica, apesar de não haver trabalhos bem
conduzidos em humanos, seu uso é bastante adequado para casos de ansiedade
generalizada, porém sem uso crônico.

Doses citadas na literatura de referência:

31
»Decocção de 4 a 6g em 150ml de água, 3 vezes ao dia.

»Contraindicações e advertências: Não utilizar durante a gestação e lactação.

Camomila (Matricaria chamomilla)

A camomila pertence à família Asteraceae e a parte utilizando como droga


vegetal são os capítulos secos. As espécies de camomila geralmente utilizadas em
fitoterapia tradicional são: Matricaria chamomilla (camomila recutita; camomila
alemã, camomila húngara) e Chamaemelum nobile (camomila romana), sendo a
camomila alemã mais utilizada. Suas
propriedades fitoterápicas são: como
sedativo leve (inclusive para crianças)
atividade carminativa e anti-inflamatória
(para distúrbios gastrointestinais).

Seus principais constituintes são


cumarinas, flavonoides (apigenina,
luteolina, quercetina, rutina e outros), óleos voláteis ((-)-α bisabolol – até 50% - e
chamazuleno de 1 a 15%).

Em estudo que examinou seu efeito sedativo (Matricaria chamomilla) a


apigenina foi capaz de inibir competitivamente a ligação de flunitrazepam ao
receptor benzodiazepínico, resultando em efeitos ansiolíticos e levemente
sedativos. Em outro estudo uma infusão liofilizada de camomila, administrada
intraperitonealmente em camundongos promoveu efeitos depressores no SNC.

São necessários ensaios clínicos randomizados e controlados para avaliar os


efeitos da camomila, pois atualmente estudos em humanos são limitados, assim
como ensaios clínicos analisando suas propriedades sedativas. Apesar disso, seu

32
uso tradicional tem demonstrado ser uma planta segura, indicada na primeira infância
e idosos.

Doses citadas na literatura de referência (BRITISH HERBAL PHARMACOPEIA,


1983):

»Capítulos secos de 2 a 8g na forma de infuso, 3 vezes ao dia;

»Extrato líquido de 1 a 4ml (1:1 em álcool a 45%), 3 vezes ao dia.

»Contraindicações e advertências: Pode ser fotossensibilizante e causar


dermatite de contato. Cautela ao associar com sedativos, etanol, ansiolíticos e
anticoagulantes. Seu uso excessivo deve ser evitado na gestação e lactação

Erva-cidreira/Melissa (Melissa officinalis L .)

Pertencente à família Lamiaceae, suas partes aéreas de óleo essencial são


utilizados, tradicionalmente, devido suas propriedades sedativas, espasmolíticas e
sedativas (G54). A Commission German E afirma que a Melissa pode ser usada
para transtornos do sono e problemas gastrintestinais funcionais. Um estudo
utilizando a Melissa officinalis in vitro demonstrou inibição de
GABAtransaminase, enzima responsável pela degradação do GABA. Outras
pesquisas identificaram o ácido
rosmarínico como principal constituinte
responsável por essa inibição.

Um estudo clínico realizado com 24


voluntários saudáveis, examinou o efeito de
uma dose única (600 mg, 1200 mg ou

33
1800 mg) de uma combinação de
Melissa/Valeriana (80 mg Melissa/120 mg de Valeriana por comprimido) ou
placebo em dias separados por um período de sete dias sem a administração.
Os resultados indicam efeitos sobre o humor e
a ansiedade, avaliados antes de receberem a
droga, e após uma, três e seis horas da
administração. Além disso, foi constatado que
enquanto a dose de 600mg melhorou o estresse,
a dose de 1.800mg parecia aumentar a
ansiedade.

Um estudo realizado em crianças com


inquietação e problemas de sono examinou a ação da Valeriana e Melissa. No início
do estudo, 61,7% das crianças relataram sintomas. Após quatro semanas de
administração da combinação de plantas, os sintomas estavam ausentes ou
classificados como leves na maioria das crianças. Doses citadas na literatura de
referência:

»Erva seca de 1,5 a 4,5g na forma de infusão, com 150ml de água, várias vezes
ao dia.

»Contraindicações e advertências: Nenhuma documentada. O uso tópico da


melissa durante a gravidez e lactação tem pouca probabilidade de apresentar
problemas, porém devido a falta de estudos clínicos durante a gestação e lactação
abordando o uso oral da planta nesse período, o uso por gestantes e lactantes deve
ser evitado.

Chá verde e preto (Camellia sinenis)

34
O verde e preto (Camellia sinensis) contém em
suas folhas o aminoácido L-theanina, que apresentam
uma estrutura química similar ao glutamato,
neurotransmissor relacionado à memória. Um copo
de chá preto contém aproximadamente 20mg de
theanina e seu efeito no cérebro é o aumento a
dopamina a serotonina, e o neurotransmissor inibitório glicina. A Camellia sinenis
apresenta mais cafeína do que o café, porém a Ltheanina aparentemente
contrabalança esse efeito estimulante.

Estudos realizados em ratos com a administração intravenosa de Ltheanina


após a administração de cafeína, na mesma dose, diminuiu o efeito estimulante da
cafeína. Porém ao administrarem a theanina em dose menor (2040% da dose
original) obtiveram efeitos excitatórios, sugerindo um efeito duplo, dose-dependente.
Em um estudo clínico realizado com idosos que apresentavam disfunção cognitiva leve,
foi administrado o chá verde em pó contendo uma concentração alta de theanina
(equivalente a 47,5mg/dia). Os resultados apontaram um declínio significativamente
menor na função cognitiva em comparação ao grupo placebo, sugerindo que a
theanina pode ter melhorado a disfunção
cognitiva leve em pessoas idosas.

Outros estudos realizados em animais


indicam que a administração de theanina facilita
a neurogênese no hipocampo em
desenvolvimento e aumento da memória de
reconhecimento, sugerindo que sua ingestão

possa ser benéfica para o desenvolvimento da função do hipocampo pós-nata, uma


região considerada a principal sede da memória e importante componente do sistema
límbico.

35
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