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As ligações sigmas formadas entre os carbonos sp3 favorecem o fenômeno da torção em torno da ligação carbono-
carbono, A projeção denominada cavalete, coloca os ligantes de cada carbono em varias posições entre si. Grupos
unidos pelas ligações simples giram de modo relativamente livre à temperatura ambiente. Vamos voltar a atenção
para o etano e para o butano descobrir as possíveis possibilidades de torção na ligação carbono-carbono e relacionar
cada conformação obtida com a energia.
A projeção em cavalete ou cela, mostra a posição espacial dos ligantes de dois carbonos conectados entre si. Essa
projeção pode ser escrita de forma a coincidir a posição espacial desses ligantes, e de forma a colocar esses ligantes
em oposição.
Note que, a projeção em cavalete denominada de alternada permite aos ligantes um maior afastamento espacial,
pelo fato destes hidrogênios se encontrarem em posições contrárias. Esta conformação é por este motivo a mais
estável. Já a projeção em cavalete eclipsada, coloca os hidrogênios muito próximos no espaço, ocasionando na
estrutura o chamado impedimentoestérico ou tensão esteríca.
Para a estrutura do butano ocorre a possibilidade de dois tipos de torção A primeira pode ser efetuada entre os
carbonos C1 e C2 enquanto que a segunda pode ocorrer entre os carbonos C2 e C3.
A projeção cela denominada de anti não apresenta bloqueio espacial pois os ligantes se encontram em posições
opostas. A projeção cela denominada de gauche apresenta interação espacial entre as duas metilas posicionadas do
mesmo lado na projeção.
Projeção estrelada Projeção eclipsada Projeção eclipsada W=0º Projeção gauche W=60º
Partindo da projeção eclipsda do butano e, realizando a torção entre os carbonos C 2 e C3, se obtém a projeção
gauche, onde as metilas formam um ângulo diedro de 60o gerando a projeção denominada de gauche. Vários
confômeros do butano são obtidos, quando a torção é realizada entre os carbonos C2 e C3. O ângulo diedro
segue uma variação de zero graus até 360o , sendo os confômeros com ângulo diedro de zero e trezentos e
sessenta graus idênticos.
A projeção de Newman, coloca os ligantes de dois carbonos de um encadeamento em sobreposição. Essa
sobreposição pode ser de forma eclipsada e de forma estrelada.
A estrutura do butano colocada em projeção cela, pode ser escrita em projeção de Newman, para isso, basta
sobrepor os carbonos C-2 e C-3 em forma eclipsada e estrelada.
A projeção de Newman tem o carbono C-2 representado pelo círculo e o carbono C-3 representado pelo ponto,
como é mostrado a seguir.
As formas moleculares temporárias apresentadas pelo butano, que resultam das rotações dos grupos
em torno de ligações simples C2 C3, são chamadas de conformações da molécula do butano.
Conformações do butano observadas em projeções de Newman.
Para estudarmos mais profundamente a química dos compostos cíclicos, temos de recorrer à análise
conformacional, que por mostrar a disposição espacial dos carbonos e dos seus respectivos ligantes, torna
evidente o desvio dos ângulos entre os orbitais hibridados.
O ângulo entre os orbitais sp3, do carbono, é de 109,5º, este ângulo é desviado para 60 o na formação do
ciclopropano, este desvio angular é denominado de tensão angular.
A disposição espacial dos ligantes de carbonos tetraédricos vicinais é representada em forma estrelada para
garantir uma maior estabilidade, sendo assim, qualquer desvio do arranjo estrelado vem acompanhado de
tensão torcional ou tensão de torção (tensão de van der waals). A aproximação de grupos ligantes volumosos
em uma estrutura, origina um tipo de tensão denominada de tensão estérica ou impedimento espacial.
Cicloexanos
Os ângulos C-C-C do ciclo-hexano podem assumir uma configuração do tetraedro livre de tensão, se o anel adotar a
conformação em cadeira. Assim chamada devido a sua semelhança com uma espreguiçadeira – um encosto, um
assento e um descanso para as pernas. A maneira mais fácil de visualizar o ciclo-hexano em cadeira é pela
construção de um modelo molecular.
A conformação cadeira está isenta não só de tensão angular, como também de tensão torcional. Corresponde
a um mínimo de energia e constitui a conformação mais estável do ciclo-hexano e, na realidade, de quase
todos os derivados do ciclohexano.
Pelas rotações parciais em torno das ligações carbono-carbono simples do anel, a conformação em cadeira
pode assumir outra forma, chamada de conformação em “bote”. A conformação em bote (barco) do
cicloexano se forma quando uma extremidade da forma em cadeira sobe (ou desce). Este movimento envolve
somente rotações em torno de ligações simples carbono- carbono.
Os dados de combustão demonstram que o ciclo-hexano não tem tensão angular, nem de torção. De que
modo isso se dá?
A resposta foi sugerida inicialmente por Hermann Sachs, em 1980, e mais tarde desenvolvida por Ernest
Mohr. Ao contrário da concepção de Baeyer, o ciclo-hexano não é plano, e ocorre em conformações
tridimensionais que não tem tensão.
Olhando qualquer ligação carbono-carbono na projeção de Newman, é fácil verificar que o ciclo-hexano na
conformação em cadeira não possui tensão de torção: todas as ligações C-H adjacentes estão em oposição.
É importante lembrar que, quando se desenha o ciclo-hexano em cadeira, as ligações inferiores estão na frente e as
superiores atrás. Caso não se defina esta convenção, uma ilusão de ótica pode fazer o inverso parecer verdadeiro.
Os ciclo-hexanos substituídos são os ciclos alcanos mais comuns na natureza. Um grande número de compostos,
incluindo muitos agentes farmacêuticos importantes, contém anéis de cicloexano. Embora os anéis de cicloexano se
interconvertam rapidamente à temperatura normal, os dois isômeros conformacionais de um cicloexano
monossubstituído não são igualmente estáveis.
No metil-cicloexano, por exemplo, o isômero conformacional com o grupo metila equatorial é mais estável do
que o axial por 8,0 KJ/mol (1,8 kcal/mol). O mesmo ocorre para outros ciclo-hexanos monossubstituídos: o
isômero com o substituinte equatorial é quase sempre mais estável do que o isômero com o substituinte na
posição axial.
A diferença de energia entre os isômeros conformacionais axial e equatorial é decorrente da tensão estérica
está muito próximo dos hidrogênios axiais dos carbonos em C3 e C5 resultando em 7,6 KJ/mol (1.8 kcal/mol) de
tensão estérica. A aglutinação mais pronunciada verifica-se entre átomos unidos por ligações axiais do mesmo
lado do anel; a interação que daí resulta chama-se interação diaxial-1,3, e ocorre com os hidrogênios axiais dos
carbonos 3 e 5 e a metila.
.
As interações 1,3-diaxial (interferências estéricas) estão ausentes no metilciclo-hexano
equatorial e, por isso encontramos uma diferença de energia de 7,6 KJ/mol entre as duas formas.
O que é verdadeiro para o metil-ciclo-hexano também é para outros ciclo- hexanos
monossubstituídos: o confôrmero com o substituinte axial terá maior energia.
A figura a seguir, mostra a interferência estérica (interação 1,3-diaxial) em um cicloexano
trissubstituído.
A maior ou menor tensão estérica 1,3-diaxial de um composto específico, depende, é claro, da natureza e
do tamanho do grupamento axial. A tabela 5.03 relaciona os valores de tensão estimados para alguns
substituintes comuns. Como se deveria esperar, a tensão estérica aumenta na série; CH3 CH3CH 2
(CH3 ) 2 CH (CH3 )3 C em acordo com tamanho dos grupamentos alquilas.
Abaixo, algumas conformações cadeira com moléculas substituintes na posição axial. Perceba
que conforme aumenta o volume do substituinte aumenta a tensão estérica (impedimento espacial)
e conseqüentemente a energia da molécula.
Uma forma de reconhecer um cicloexano dissubstituído em trans é notar que um grupo está
preso pela ligação de cima (entre as duas do seu carbono) e o outro pela ligação de baixo. No
cicloexano dissubstituído em cis, os dois grupos estão presos por ligações de cima, ou por ligação de
baixo.