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HIIT | ENDOCRINOPEDIATRIA – Diabetes e Cetoacidose 1

DIABETES E CETOACIDOSE
Diabetes Mellitus Na Criança o Critérios:
§ Sintomas clássicos com glicemia ≥ 200 mg/dL;
è Tipos de diabetes: § Glicemia de jejum (de 8h) ≥ 126 mg/dL;
o Ilhota pancreática: § TTOG 2h ≥ 200 mg/dL;
§ Célula beta  produz insulina; § HbA1c ≥ 6,5%.
§ Célula alfa  produz glucagon. o Sintomas:
§ Poliúria,
§ Polidipsia;
§ Noctúria;
§ Enurese;
§ Perda ponderal.
o A intolerância à glicose e glicemia de jejum
alteradas já configuram estágios intermediários
entre o normal e o diabetes.
§ Sendo assim, apresentam alto risco de diabetes
e têm maior risco cardiovascular.

o DM1:
è Tratamento:
§ É marcada por um processo de
autoimunidade contra as células β; o Princípios da insulinoterapia:
§ Nesse sentido, há um defeito absoluto na § Basal:
secreção de insulina; • Insulina idealmente sem pico, para manter
§ Tratamento: insulina. normoglicemia nos períodos de jejum;
o DM2: • NPH ou análogo lento.
§ Resistência à insulina; § Bolus para refeição;
§ Falência progressiva das células beta; • Insulina regular ou rápida  para
§ Obesidade; promover pico e evitar hiperglicemia pós-
§ Apresenta progressão e complicações mais prandial.
rápidas do que no adulto; § Bolus para correção;
§ Tratamento: • Insulina regular ou rápida  para
• Metformina; promover pico e reduzir glicemia que ja
• Insulina, se necessário. está alta;
• Fator de sensibilidade  refere-se a quanto
è Diagnóstico:
a glicemia reduz em virtude do uso
o Se baseia na glicemia + presença de sintomas:
da insulina.

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o Desidratação e taquicardia;
o Taquipneia, respiração de Kussmaul;
§ Hiperventilação alveolar para compensar a
acidose metabólica.

Cetoacidose Diabética

è Fisiopatologia:
o Há uma deficiência de insulina (absoluta ou
relativa): o Hálito cetônico;
§ Fatores de descompensação: o Náuseas, vômitos
• Primo-descompensação; o Dor abdominal;
• Omissão de doses; o Confusão mental, rebaixamento do nível
• Transgressão alimentar; de consciência.
• Infecção, trauma; è Diagnóstico:
• Puberdade; o Cetonemia (beta-hidroxibutirato > 3 mmol/L);
• Medicamentos. o Moderada cetonúria (> 3+);
§ Aumento dos hormônios contrarreguladores. o pH venoso < 7,3;
• Catecolaminas; o Bicarbonato < 15 mmol/L;
• Glucagon; o Hiperglicemia > 200 mg/dL.
• Cortisol;
• GH.
o Nesse sentido, pela ação dos hormônios
contrarreguladores, há uma redução da formação
de glicogênio juntamente com um aumento
da quebra de glicogênio. Tal fato favorece
o mecanismo de lipólise com formação de
cetoácidos, através da cetogênese. Ainda, há
menor captação de glicose na periferia;
o A hiperglicemia > 180 mg/dl  favorece a è Exames diagnósticos:
diurese osmótica  desidratação e perda de o Gasometria arterial  avaliar pH e bicarbonato;
eletrólitos (agravada por vômitos); o Glicemia
§ O débito urinário permanece elevado devido
o Cetonemia ou cetonúria (colher urina);
à glicosúria.
o Outros:
o A hipercetonemia é responsável pela acidose.
§ ECG;
è Clínica: § Eletrólitos;

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§ Ureia;
§ Creatinina.
è Tratamento:
o Objetivos do tratamento:
§ Corrigir:
• Desidratação;
• Acidose;
• Cetose;
• Osmolaridade;
• Glicemia;
• Precipitante da descompensação.
§ Evitar:
• Complicações da doença;
• Complicações do tratamento.
o 1° hora:
§ Estabilização hemodinâmica – PALS;
§ Reidratação (soro fisiológico);
• Expandir, se choque (20 ml/kg);
• Se estiver estável, iniciar 10 ml/kg em 1
hora.
§ Não iniciar insulina.
• Piora o desfecho do paciente, pois o Sódio:
promove queda acentuada da glicemia, § Hiponatremia dilucional por alta
favorecendo o desenvolvimento do edema osmolaridade;
cerebral. § Sódio corrigido: Na + (2x glicemia/100).
o Após a 1° hora: o Fósforo:
§ Iniciar insulina  manter até resolução da § Após início da administração de insulina, seus
acidose; valores tendem a cair (em virtude da entrada
• Regular EV: 0,1 U/kg/hora; na célula);
• Ultrarrápida SC: 0,15 UI/kg de 2 em 2 § Logo, considera-se repor em algumas
horas. situações:
§ Continuar hidratação; • Anemia;
§ Potássio: • ICC;
• Déficit majoritariamente intracelular; • Fraqueza muscular;
1. Dá-se através de • Fosfatemia < 1 mg/dL.
perdas urinárias;
2. Acidose promove shift
do meio intra para
o extracelular.

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Questões
è Resolução da CAD  após resolução, iniciar
insulina NPH: 1) (UNICAMP - 2022) Criança de 3 anos de idade,
o pH > 7,3; pesando 15 kg, com diabetes tipo 1 diagnosticado há
o Bicarbonato > 15 mmol/L; 1 ano, vem em uso de insulina NPH 12U cedo e 8U
o Cetonemia < 1+. antes do jantar, mais insulina Regular 2U se glicemia
OBS.: Cetonúria demora mais para negativas. maior que 200 mg/dl. Traz uma Hemoglobina
è Complicações: glicada de 8% e mãe refere controles muito variados
o Edema cerebral com hipoglicemias entre as refeições e madrugada
§ É a principal causa de mortalidade; principalmente. Glicemias dos últimos três dias:
§ Geralmente ocorre nas primeiras 12 horas Jejum: 145, 200, 274
de tratamento; Pós-café: 250, 190, 275
Pré-almoço: 110, 45, 60
Pós-almoço: 330, 270, 180
Pré-jantar: 280, 56, 71
Ceia: 185, 198, 220
Madrugada: 50, 128, 135
Os seguintes reajustes deveriam ser feitos, exceto:
A- Reduzir a dose total de insulina e distribuir a
dose de modo que a insulina basal varie entre 30
o Outras complicações:
e 50% da dose total.
§ Hipocalemia;
B- Definir um “bolus alimentação” de acordo com a
§ Acidose hiperclorêmica;
dieta programada e a razão insulina/carboidrato
§ Hipoglicemia;
pré-estabelecida.
§ Tromboses (em SNC, venosa profunda, TEP).
C- Calcular o fator de sensibilidade e estipular as
metas glicêmicas para cálculo do” bolus” correção.
D- Aumentar a dose de NPH da manhã de
modo a cobrir melhor o almoço e impedir as
hiperglicemias pós prandiais e reforçar o lanche
da manhã e ceia para evitar as hipoglicemias.

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2) (USP-RP-2022) Um paciente com 2 anos e 9 E- Deve-se prescrever hidratação, bicarbonato


meses de idade, previamente eutrófico, passou a e antibiótico.
apresentar vômitos e dor abdominal há 2 dias.
Pais notaram que perdeu peso, negam diarreia e 4) (FAMERP-2022) Paciente em tratamento com
hoje houve piora do estado geral e ele se encontra bomba de insulina endovenosa devido à cetoacidose
sonolento. Apresentou quadro de febre, coriza e diabética. Dentre os critérios, em qual você NÃO
tosse há três semanas. Ao exame físico está afebril, deveria suspender a bomba de insulina e continuaria
taquipneico, desidratado e sonolento. À ausculta seguindo protocolo para cetoacidose diabética:
respiratória não se evidenciam ruídos adventícios. A- BIC > 18 e anion-gap entre 8 e 12.
No exame abdominal os ruídos hidroaéreos estão B- Glicemia = 180, pH = 7,3 e BIC > 18.
presentes, há leve distensão abdominal, porém não
C- Glicemia =120 e pH = 7,2 e cetonemia +.
há dor à palpação profunda nem à descompressão
D- pH > 7,3 e paciente em condições de alimentar-
brusca. Durante o exame físico apresentou
se e cetonúria +.
diurese abundante. Baseado na principal hipótese
diagnóstica de acordo com as informações clínicas,
qual alternativa contém o conjunto de exames mais 5) (UFPR 2022) Em relação ao edema cerebral
indicados para este paciente neste momento? na cetoacidose diabética na infância, assinale a
A- Hemograma, PCR e Rx de tórax. alternativa correta.
B- Hemograma, PCR, coprocultura e urocultura. A- Sua fisiopatologia é pouco conhecida e pode
C- Eletrólitos, glicemia e gasometria. incluir a influência de osmóis idiogênicos, da
D- Hemograma e exame ultrassonográfico hipoperfusão cerebral e efeitos diretos das cetonas.
do abdômen. B- Necessita ser confirmado por exames de
imagem, pois frequentemente não apresenta
manifestações clínicas.
3) (SUS-SP-2022) Uma adolescente de treze anos de
C- Pode ser evitado com a administração rápida de
idade, previamente hígida, deu entrada no serviço
bicarbonato, pois sua fisiopatologia encontra-se
de emergência no fim da tarde de um dia de Natal,
relacionada à acidose.
com história de dor abdominal de forte intensidade,
D- A hiperventilação terapêutica, após o paciente
vômitos (seis episódios) e sonolência há duas horas.
ser intubado, tem sido associada a melhores
Sua mãe nega outras queixas. Ao exame: regular estado
prognósticos.
geral; afebril; desidratada; FR de 30 ipm; FC de 120
bpm; PA de 90 x 60 mmHg; ausculta pulmonar E- É a segunda causa de mortalidade em
sem ruídos adventícios; ausculta cardíaca com bulhas cetoacidose diabética, após a sepse.
rítmicas, em dois tempos e sem sopros; abdome sem
visceromegalias, DB negativo; e tempo de enchimento 6) (UNIFESP – 2022) Menino, 12 anos de idade,
capilar de 3 segundos. Exames admissionais: pH 7.18; procura o PS com queixa de febre e dor de garganta.
pCO2 24 mmHg; bic 10 mEq/L; glicemia 370 mg/ Faz uso regular de insulina por diabetes mellitus tipo
dL; Na 134 mEq/L; K 3,4 mEq/L; ureia 48; creatinina 1. Exame físico: desidratado, taquidispneico, com
0,6; e urina I com 2+ de corpos cetônicos. hiperemia e pontos purulentos nas amígdalas. Exames
Com base nesse caso hipotético, assinale a laboratoriais: glicemia = 600 mg/dL; pH = 7,15;
alternativa correta. HCO3 = 6,0 mEq/L. Assinale a alternativa correta.
A- Deve-se prescrever hidratação, lavagem gástrica e A- O glucagon não participa desse processo
carvão ativado para a paciente. metabólico por ser um hormônio
B- Deve-se prescrever hidratação e bicarbonato. contrarregulador.
C- Deve-se prescrever insulina, hidratação e potássio. B- A hiperglicemia resulta da maior produção
D- Deve-se prescrever hidratação e antibiótico. hepática de glicose tanto pela glicogenólise
quanto pela neoglicogênese.

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C- A acidose metabólica é resultado do aumento


dos ácidos graxos livres, lactato e ácidos
orgânicos.
D- A hiponatremia e o edema cerebral são
complicações frequentes dessa descompensação
metabólica.

Gabarito

1- D
2- C
3- C
4- C
5- A
6- B

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